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DIREITO SOCIETÁRIO E

CONTRATOS MERCANTIS

Prof. Dr. Nelson Speranza Filho


Prof. Guilherme Bernardes Filho

Diretor Presidente

Prof. Aderbal Alfredo Calderari Bernardes

Diretor Tesoureiro

Prof. Frederico Ribeiro Simões

Reitor

UNISEPE – EaD

Prof. Me. Alexander Lopes Neves

Coordenador EaD de área

Prof. Dr. Renato de Araújo Cruz

Coordenador Núcleo de Ensino a distância (NEAD)

Material Didático – EaD

Equipe editorial:

Diego Macedo Pedroso

Fernanda Pereira de Castro - CRB-8/10395

Isis Gabriel Alves

Prof. Dr. Renato de Araújo Cruz – Editor Responsável

Prof.ª M.ª Rute Elisa Jorge Mendes

Apoio técnico:

Alexandre Meanda Neves

Anderson Francisco de Oliveira

Douglas Panta dos Santos Galdino

Fabiano de Oliveira Albers

Gustavo Batista Bardusco

Kelvin Komatsu de Andrade

Matheus Eduardo Souza Pedroso

Vinícius Capela de Souza

Revisão: Alessandra Ysabelle de França Pinto

Diagramação: Érica Alessandra Pedroso


SOBRE O AUTOR:

Advogado, professor universitário na Universidade Santa Cecília (UNISANTA) e na Faculdade UniBR


de São Vicente e Faculdade Bertioga (FABE). Doutor em Direito Ambiental Internacional, Mestre em
Direito Internacional, Especialista em Direito Processual Civil e em Direito Processual do Trabalho.
Bacharel em Direito pela Universidade Católica de Santos (UNISANTOS) e pesquisador do Centro
de Estudos em Direito do Mar Vicente Marotta Rangel da Universidade de São Paulo (CEDMAR-
VMR-USP).

SOBRE A DISCIPLINA:

A disciplina de Direito Societário e Contratos Mercantis é uma disciplina relacionada e de


continuidade do Direito Empresarial, porém com foco exclusivo nas operações societárias e no
funcionamento das sociedades empresárias.

Tem como ementa:

Conceito de Direito Societário. Objeto de estudo. Diferenciação de empresa e de empresário.


Classificação das sociedades. Capital social. Formação e extinção das sociedades empresárias.
Sociedade entre cônjuges. Tipos de sociedades personificadas. Tipos de sociedades não
personificadas. Sociedades de natureza simples. Empresário individual. EIRELI. Sociedade Limitada.
Sociedade anônima. Operações societárias: fusão, cisão, incorporação e transformação. Operações
societárias, a livre iniciativa e a liberdade de concorrência. Operações societárias e a
sustentabilidade empresarial. O CADE e sua atuação em relação às operações societárias.
Contratos mercantis: conceito e características. Contrato de compra e venda mercantil. Contratos
bancários. Contratos coligados. Redes contratuais. Contratos de Colaboração.
Os ÍCONES são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de linguagem
e facilitar a organização e a leitura hipertextual.
SUMÁRIO

UNIDADE I ................................................................................................05
1º Classificação das sociedades.........................................................05
2º Capital social, formação e extinção das sociedades..........................13
3º Operações societárias....................................................................21
UNIDADE I
CAPÍTULO 1 - CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES
No término deste capítulo, você deverá saber:

✓ Quanto à personificação;
✓ Quanto às condições de alienação da participação societária;
✓ Quanto à responsabilidade dos sócios;
✓ Quanto à natureza da atividade explorada;
✓ Quanto à natureza de seus atos constitutivos;
✓ Quanto ao porte;
✓ Quanto à nacionalidade.

Introdução

Olá, aluno(a) Unisepe!

Antes de iniciarmos os estudos sobre Direito Societário, é necessário relembrar alguns conceitos
bastante importantes para a perfeita compreensão da matéria, que são os de sociedade, empresa e
empresário.

Sociedades são pessoas jurídicas oriundas do agrupamento de pessoas, quer físicas ou jurídicas,
visando finalidade lucrativa. O art. 981 do Código Civil disciplina a matéria:

“Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se


obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica
e a partilha, entre si, dos resultados.
Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios
determinados.”

Empresa, conforme disciplina o art. 966 do Código Civil, é a atividade econômica organizada para
produção e circulação de bens ou serviços.

Já empresário, é aquele que, conforme o mesmo artigo citado no parágrafo anterior, exerce
profissionalmente a atividade econômica organizada para produção e circulação de bens ou serviços.
Resumindo, empresário é aquele que exerce a empresa.

Diante disso, podemos sistematizar os conceitos da seguinte forma:

Bons estudos!

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Lembre-se que a empresa é uma atividade e não uma pessoa, que é o empresário.

1.1 Quanto à personificação

A personificação diz respeito à presença de personalidade jurídica nas sociedades. Lembrando que
personalidade jurídica se refere à aptidão de ser sujeito de direitos e obrigações.

Desse modo, podemos dividir as sociedades em dois tipos conforme este critério:

• Não personificadas: (arts. 986 a 996, CC) também chamadas de despersonificadas, são
aquelas que não possuem personalidade jurídica. Só há duas espécies deste tipo de
sociedade: a sociedade em comum e a em conta de participação.
• Personificadas: (arts. 997 em diante, CC) são as sociedades que possuem personalidade
jurídica, tendo sido devidamente registradas. São exemplos: sociedade anônima, limitada,
simples pura, em nome coletivo, em comandita simples e por ações, e as sociedades
cooperativas.

Reflita em como a constituição correta de uma sociedade empresária pode ser importante para a manutenção
de sua atividade, sem lesar o interesse particular dos sócios.

1.2 Quanto às condições de alienação da participação societária

Todas as sociedades são compostas por 3 elementos: sócios, capital e estabelecimento. A presente
classificação se refere à preponderância entre dois desses elementos, as pessoas (sócios) e o
capital.

Nenhuma sociedade não terá capital ou mesmo sócios, sendo importante, para esta classificação, a
preponderância e a importância que cada um desses elementos influi na participação societária e na
sua alienação.

Diante disso, podemos classificar as sociedades em:

• De pessoas: aqui o que prepondera são as características pessoais de cada sócio. Dessa
forma, o ingresso de novos sócios sempre dependerá da aprovação dos demais.
• De capital: o aspecto mais importante aqui é o capital, ou seja, a contribuição financeira de
cada sócio para a sociedade. Por conta disso, tanto a alienação da participação societária
quanto o ingresso de novos sócios são processos facilitados, não dependendo da aprovação
dos demais sócios.

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A anotação de sociedade de pessoas ou de capital, não constará expressamente no ato constitutivo, mas dele
pode ser percebida pela interpretação de suas cláusulas.

1.3 Quanto à responsabilidade dos sócios

Este critério classificatório se refere à responsabilidade civil dos sócios pelas dívidas societárias,
podendo ser classificadas em 3 espécies de responsabilidade:

• Limitada: os sócios ou acionistas respondem somente pelo valor que estipularam entre si e
a sociedade a contribuir (capital social). Dessa forma, caso a sociedade não possua
patrimônio suficiente para arcar com todas as suas dívidas, seus sócios não responderão
pelas dívidas societárias além dos limites que se dispuseram a fazer. Os modelos
empresários com este tipo de responsabilidade são mais seguros para os sócios, por isso
são os comumente adotados. São exemplos: sociedade limitada, sociedade anônima.
• Ilimitada: os sócios respondem com seu patrimônio pessoal por todas as dívidas societárias.
Como são modelos altamente inseguros para os sócios, não são comumente utilizados. São
exemplos: sociedades simples pura e sociedade em nome coletivo.
• Mista: ou híbrida, são sociedades em que parte dos seus sócios é responsável
limitadamente, e outra parte ilimitadamente em relação às dívidas societárias. São exemplos
as sociedades em comandita, tanto simples quanto por ações.

Pesquise quais são as modalidades de responsabilidade mais comuns a serem utilizadas em âmbito nacional.

1.4 Quanto à natureza da atividade explorada

A natureza da atividade exercida por sociedades deve ser sempre uma atividade econômica,
conforme estudamos no art. 981, CC. Entretanto, compreende duas espécies:

• Simples: são as que exploram atividade de cunho exclusivamente intelectual, quer de


natureza científica, literária ou artística.
• Empresárias: como já estudamos, são aquelas que se enquadram no conceito previsto no
art. 966, CC, ou seja, a atividade econômica organizada para a produção e circulação de
bens ou serviços.

Um aspecto bastante importante em relação à natureza da atividade explorada é no sentido de haver


a exploração de objetos complexos, que envolvam tanto atividades de natureza intelectual, quanto
empresarial. Nesse caso, deve sempre preponderar a natureza empresarial da atividade.

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Algumas sociedades podem optar pela natureza que terão, enquanto outras não, mesmo que
desenvolvam outras atividades. Explico: as sociedades anônimas e em comandita por ações, terão
sempre natureza empresária, mesmo que na prática desenvolvam atividades de natureza simples;
ao contrário delas, as sociedades cooperativas terão sempre natureza simples, mesmo que
desenvolvam na prática atividades de cunho empresário. Isto se dá por disposição legal.

As sociedades limitadas, em nome coletivo e em comandita simples, poderão optar por sua natureza.
Já as sociedades simples puras terão sempre natureza simples, e somente poderão desenvolver
atividades de natureza simples.

Essa classificação ganha especial relevância quando tratamos do registro das sociedades e
consequentemente da sua personalidade jurídica, pois as sociedades empresárias devem ser
registradas na JUCESP para que produzam os devidos efeitos, enquanto as simples deverão ser
registradas no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas. O registo no órgão errado acarretará
sua nulidade e a sociedade será considerada como sociedade em comum.

1.5 Quanto à natureza de seus atos constitutivos

Os atos constitutivos são os documentos que formam toda a estrutura da sociedade, sendo
indispensáveis ao seu registro e podendo ser de duas espécies:

• Contratuais: aos atos constitutivos de natureza contratual é dado o nome de contrato social,
sendo regidos conforme o Direito Contratual, disposto no Código Civil. São sociedades
contratuais: limitadas, comandita simples e em nome coletivo.
• Institucionais: os atos constitutivos com natureza institucional são denominados de estatuto
social, sendo regidos por lei específica, no caso a Lei nº 6404/76 (Lei das Sociedades
Anônimas) e Lei nº 5764/71 (Política nacional do Cooperativismo), não possuindo, portanto,
natureza contratual. São sociedades institucionais: sociedades anônimas, comandita por
ações e cooperativas.

1.6 Quanto ao porte

Há diversas classificações a respeito do porte das sociedades. Entretanto, para o Direito Societário,
a que é importante é a seguinte, sendo considerados os valores abaixo como rendimento bruto anual:

• MEI: apesar de não ser uma sociedade, é importante a inserção do Microempreendedor


Individual nesta classificação para o entendimento mais completo do contexto empresarial
em relação ao porte. Até R$ 81.000,00;
• ME: até R$ 360.000,00;
• EPP: de R$ 360.000,01 a R$4.800.000,00;
• Grande porte: de R$ 4.800.000,01 em diante.

Vale ressaltar que às micro e pequenas empresas é dispensado tratamento diferenciado pelo
legislador como forma de propiciar uma competição mais justa no mercado e a manutenção de
empreendedores locais, tão necessários ao exercício da função social da empresa e da cultura local.
Tal tratamento diferenciado é disciplinado pela LC nº 123/06 (Estatuto da Micro e Pequena Empresa).

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A indicação do porte do empresário deve ser inserida no final do nome empresarial.

A Instrução Normativa nº 36 de 2017 do Departamento de Registro Empresarial e Integração (DREI)


regulamenta o enquadramento e desenquadramento da microempresa e empresa de pequeno porte.

Saiba mais sobre o enquadramento dos portes de empresas. Acesse:

https://www.contabilizei.com.br/contabilidade-online/porte-de-empresa/

1.7 Quanto à nacionalidade

Em relação à nacionalidade, as sociedades se dividem em:

• Nacionais: são as sociedades com sede no Brasil e que se organizam conforme o nosso
ordenamento jurídico.
• Estrangeiras: (arts. 1.134 a 1.141, CC) são as sociedades com sede fora do Brasil ou, no
caso de possuírem filial no país, que não estão organizadas conforme nosso ordenamento.
As sociedades estrangeiras funcionam mediante a expedição de autorização conferida pelo
Poder Executivo Federal. Ressalta-se que tal ato é a título precário, podendo ser cassado a
qualquer tempo. Essas sociedades têm que inserir em seu nome empresarial a partícula “do
Brasil” ou “para o Brasil” ao final do nome empresarial.

As Instruções Normativas nº 6 e 7 de 2013 do Departamento de Registro Empresarial e Integração


(DREI) regulamentam, respectivamente, o arquivamento dos atos de empresas binacionais
brasileiro-argentinas e os pedidos de autorização para nacionalização ou instalação de sociedade
estrangeira no Brasil.

A nacionalidade dos sócios não influencia em nada a nacionalidade da sociedade, visto que são
pessoas diferentes, e com personalidades jurídicas diversas.

Considerações finais

A classificação das sociedades tem por fim facilitar o entendimento sobre suas regras e
funcionalidades.

Assim, observa-se que são diversas as classificações, mas que todas se referem a três bases
diversas no funcionamento das sociedades empresárias.

A primeira delas é referente a seus aspectos estruturais, funcionamento interno e formação de sua
personalidade jurídica.

Já o segundo aspecto diz respeito a reflexos tributários, sobremaneira quanto ao porte e


nacionalidade.

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Por fim, o terceiro e um dos mais relevantes aspectos, diz respeito à sua constituição e
reponsabilidade societária, ou seja, a forma como os sócios responderão pelos encargos assumidos
pela empresa.

Obra: COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial: direito de empresa. 26. ed. São Paulo: Saraiva,
2014.

Uma obra clássica. Marcada pela clareza de conceitos e objetividade quando do trato da disciplina.

É uma leitura bastante simples e didática. Trata-se de uma obra escrita em volume único, o que facilita bastante
o entendimento sobre o conteúdo geral do Direito Empresarial e, ainda, representa uma aquisição única para
aquele que deseja se aprofundar em seus estudos. Como manual, tem um trato da disciplina mais objetivo,
simplificado, tendo menor conteúdo científico e tratando o tema sob um enfoque mais prático.

Quanto à personificação

• Não personificadas
• Personificadas

Quanto às condições de alienação da participação societária

• De pessoas
• De capital.

Quanto à responsabilidade dos sócios

• Limitada
• Ilimitada
• Mista

Quanto à natureza da atividade explorada

• Simples
• Empresárias

Quanto à natureza de seus atos constitutivos

• Contratuais
• Institucionais

Quanto ao porte

• Microempresário Individual
• Microempresa

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• Empresa de pequeno porte
• Empresa de grande porte

Quanto à nacionalidade

• Nacionais
• Estrangeiras

É nacional a empresa que:

a) Ostenta sócios brasileiros


b) Detém sede no Brasil, independentemente de sua forma de constituição
c) É constituída pela lei nacional, ainda que não tenha sede no Brasil
d) Detém sede no Brasil e é constituída de acordo com a lei local, independente da nacionalidade de seus
sócios
e) Detém sede no Brasil, é constituída de acordo com a lei local, e possui apenas sócios brasileiros

Gabarito: D

Para o critério de nacionalidade, a pessoa jurídica deve ser nacional, ou seja, deve ser constituída com base
na legislação brasileira, bem como deter sede no Brasil.

Questão Objetiva

Quanto ao porte, assinale a alternativa que não contém uma classificação válida:

a) Microempresário individual
b) Microempresa
c) Empresa de pequeno porte
d) Empresa de grande porte
e) Empresa sem porte

Questão Discursiva

Diferencie sociedades contratuais de institucionais.

• Oriundas - provenientes
• Visando - objetivando
• Prepondera - predomina
• Alienação - venda
• Cunho – caráter

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Respostas:

Questão Objetiva

Gabarito: E

Questão Discursiva

Resposta: Contratuais: aos atos constitutivos de natureza contratual é dado o nome de contrato social, sendo
regidos conforme o Direito Contratual, disposto no Código Civil. São sociedades contratuais: limitadas,
comandita simples e em nome coletivo.

Institucionais: os atos constitutivos com natureza institucional são denominados de estatuto social, sendo
regidos por lei específica, no caso a Lei nº 6404/76 (Lei das Sociedades Anônimas) e Lei nº 5764/71 (Política
nacional do Cooperativismo), não possuindo, portanto, natureza contratual. São sociedades institucionais:
sociedades anônimas, comandita por ações e cooperativas.

ALMEIDA, Amador Paes de. Manual das sociedades comerciais: direito de empresa. 20. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012.

BORBA, Jose Edwaldo Tavares. Direito societário. 14. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2015.

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial, direito de empresa: empresa e estabelecimento; títulos de
crédito. 19.ed. São Paulo: Saraiva, 2015 600 p.; v.1. E v.2.

MAMEDE, Gladston. Direito empresarial brasileiro: direito societário, sociedades simples e empresárias.
6.ed. v. 2. São Paulo: Atlas, 2012.

MAMEDE, Gladston; MAMEDE, Eduarda Cotta. Manual de redação de contratos sociais, estatutos e acordos
de sócios. São Paulo: Atlas, 204.

MARTINS, Fran. Comentários a Lei das sociedades anônimas: artigo por artigo. 4. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2014. 1228 p.

RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial: esquematizado. São Paulo: Método, 2015.

REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. 34.ed. v.1 e v.2. São Paulo: Saraiva, 2014.

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UNIDADE I
CAPÍTULO 2 - CAPITAL SOCIAL, FORMAÇÃO E EXTINÇÃO DAS
SOCIEDADES
No término deste capítulo, você deverá saber:

✓ Definição;
✓ Integralização do capital social;
✓ Formação das sociedades;
✓ Extinção das sociedades.

Introdução

Olá, aluno(a) Unisepe!

No presente capítulo abordaremos as questões relativas ao surgimento e à extinção das sociedades.

São procedimentos dotados de extrema burocracia, e marcados por uma sequência de requisitos e
atos bastante objetivos, que devem ser seguidos.

Recomenda-se acompanhar o presente conteúdo através da leitura da lei em conjunto, observando


que os conceitos e procedimentos estão todos definidos pelo legislador, e a transcrição de todos os
dispositivos no bojo do presente trabalho não se apresenta interessante para fins didáticos.

Relacionado à formação, abordaremos também o capital social como um dos componentes


necessários para a criação de uma sociedade empresária, ao passo que represente o primeiro capital
investido na sociedade para sua criação e desenvolvimento da atividade a que se propõe.

Bons estudos!

2.1 Definição

Capital social é o valor, a integralizar ou integralizado, correspondente à contrapartida do titular,


sócios ou acionistas de um empreendimento, para o início ou a manutenção dos negócios.

O capital social é requisito essencial para a formação de uma sociedade empresária, devendo
compor seu ato constitutivo, como se observa no disposto no Código Civil:

Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público,


que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:

[...]

III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender


qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária;

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É importante verificar que o capital social deve ser dividido entre os sócios em quotas representativas
de sua participação societária:

Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público,


que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:

[...]

IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;

O capital social poderá ser composto por bens, direitos ou moeda corrente.

De maneira esquematizada:

Reflita em como o capital social representa o primeiro investimento necessário ao desenvolvimento da atividade
empresarial.

O capital pode ser formado por bens, direitos e moeda, apenas.

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2.2 Integralização do capital social

Quando a integralização for em moeda, deve ser a corrente no Brasil, não sendo admitidas
integralizações em moedas estrangeiras.

No caso de bens, devem ser realizados os devidos registros de transferência nos órgãos
competentes, conforme natureza do bem e disposições legais, como a devida averbação no Cartório
de Registros de Imóveis, quando se tratar de bens imóveis.

Em relação a direitos, deve ser comprovada também a titularidade de tais direitos e a regularidade
de sua transferência. É bastante comum quotas de outras sociedades empresárias constarem como
capital social de outra sociedade empresária.

O valor investido pelos sócios, a título de contribuição para o capital social, pode ser utilizado
livremente na exploração da atividade econômica, não caracterizando uma reserva especial para
pagamento de dívidas, como muitos tendem a acreditar.

Assim, quando os sócios estabelecem um capital social de R$300.000,00, não quer dizer que a
sociedade necessariamente terá um patrimônio igual ou maior do que este valor. Isso porque o
capital social pode e deve ser utilizado na exploração da atividade.

Vale ressaltar que o capital social pode ser aumentado ou diminuído conforme a necessidade da
sociedade empresária, desde que sejam observados a legislação e os procedimentos internos de
cada sociedade, averbando-se as alterações realizadas na Junta Comercial

Não é possível integralizar o capital com serviços.

Estude um pouco mais sobre os procedimentos de aumento e redução de capital social. Acesse:
https://www.contabeis.com.br/artigos/5580/aumento-e-reducao-de-capital-social/

2.3 Formação das sociedades

O nascimento das sociedades dá-se com o registro válido dos seus atos constitutivos no órgão
competente (art. 985, CC):

Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro


próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150).

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Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de
autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as
alterações por que passar o ato constitutivo.

Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público


de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao
Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para
aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade
empresária.

O registro no órgão errado faz com que a sociedade não possua personalidade jurídica, tornando-
se, para todos os efeitos, uma sociedade em comum ou irregular (arts. 986 a 990, CC), de modo que
todos os seus sócios sejam responsáveis ilimitadamente pelas dívidas oriundas da sociedade:

Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto
por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas,
subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade
simples.

Art. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito
podem provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de
qualquer modo.

Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios
são titulares em comum.

Art. 989. Os bens sociais respondem pelos atos de gestão praticados por qualquer
dos sócios, salvo pacto expresso limitativo de poderes, que somente terá eficácia
contra o terceiro que o conheça ou deva conhecer.

Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações


sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou
pela sociedade.

Evidentemente, a ausência do registro é extremamente prejudicial ao desenvolvimento das


atividades sociais, pois o risco de exercício da atividade recai inteiramente sobre o patrimônio dos
sócios, ainda que se mitigue a aplicabilidade do artigo 1.024 do Código Civil para os demais sócios
que não realizaram diretamente a contratação.

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2.4 Extinção das sociedades

A extinção da sociedade consiste no encerramento não somente da sua atividade, mas sim da sua
personalidade jurídica. Em relação à extinção das sociedades, há duas formas:

• Procedimento dissolutório regular: é o procedimento padrão, aplicável em casos em que


o ativo for maior ou igual ao passivo da sociedade;
• Falência: é utilizado este procedimento em casos de grave crise financeira da sociedade,
sendo, portanto, a última medida a ser utilizada para a extinção da sociedade. Será estudada
com maior profundidade em semestre posterior.

O procedimento dissolutório regular compreende as seguintes fases:

O procedimento de falência é uma exceção, dado o princípio da manutenção da atividade


empresarial em razão da função social da empresa (produção e circulação de riquezas e manutenção
de postos de trabalho). É regulado pela Lei nº 11.101/05 (Lei de Recuperação de Empresas e
Falência – LRE), e é utilizado quando a sociedade passa por grave crise econômica insanável, ou
seja, não sendo possível sua recuperação, quer judicial ou extrajudicial, restando somente como
alternativa a falência para seu devido encerramento.

A falência decorre da insolvência do devedor, que pode ser tanto de fato quanto jurídica (critério
adotado pela LRE em seu art. 94). A insolvência de fato ocorre quando o passivo da sociedade
supera seu ativo, sendo impossível a quitação de todas as suas dívidas. Já a insolvência jurídica
ocorre quando o devedor pratica algum dos atos elencados no art. 94 da LRE, não sendo necessária
a insolvência de fato para a decretação da falência da sociedade devedora.

Pesquise e leia a lei para entender como funciona o procedimento dissolutório regular.

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Considerações finais

Estudamos os requisitos para a formação e para a extinção de sociedades, bem como as questões
relativas à formação do capital social.

Quanto ao capital social, é importante mencionar que não é possível a sua integralização com
serviços, ou seja, não se pode assumir quota do capital com pagamento em trabalho, haja vista que
tal disposição iria de encontro à proteção constitucional contra a escravidão.

No mais, em relação formação das sociedades, é importante observar que cada tipo de sociedade
possuirá nuances próprios a serem observados quando de sua constituição. Contudo, em um
regramento geral, é sempre importante ter em mente que sociedades empresárias devem ser
registradas na Junta Comercial, sob pena de não nutrirem qualquer personalidade jurídica.

Quanto à extinção, observa-se que existem dois procedimentos distintos, sendo um deles relativo ao
mero exercício de vontade de dissolver, e o outro relativo ao perecimento econômico da empresa.

Nesse módulo apenas se estuda o procedimento voluntário, e não a falência, que fica direcionada a
módulo próprio.

MARTINS, Fran. Curso de direito comercial: empresa comercial, sociedades empresárias, comércio eletrônico,
lei de Anticorrupção empresarial, responsabilidade empresarial, registro de empresa, concorrência. 37. ed. Rio
de Janeiro: Forense, 2014

Obra de leitura aprofundada. Vale-se de uma linguagem mais complexa. Aborda conteúdos mais profundos e
específicos, que são de tamanha importância ao estudo do Direito Empresarial em sua completude. É uma
obra voltada para o trato do Direito Societário em si, com a abordagem dos conceitos básicos do Direito
Empresarial em seus primeiros capítulos. Interessante abordagem sobre a responsabilidade dos sócios que
será utilizada futuramente. Trata com aprofundamento os princípios da Ordem Econômica atinentes ao Direito
Empresarial.

Definição

• Capital social é o valor, a integralizar ou integralizado, correspondente à contrapartida do titular, sócios


ou acionistas de um empreendimento, para o início ou a manutenção dos negócios.
• O capital social é requisito essencial para a formação de uma sociedade empresária, devendo compor
seu ato constitutivo.
• O capital social deve ser dividido entre os sócios em quotas representativas de sua participação
societária.
• O capital social poderá ser composto por bens, direitos ou moeda corrente.

Integralização do capital social

• A moeda deve ser a corrente no Brasil


• Aos bens devem ser realizados os devidos registros de transferência nos órgãos competentes

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• Aos direitos deve ser comprovada também a titularidade de tais direitos, e a regularidade de sua
transferência
• O capital social pode ser utilizado livremente na exploração da atividade econômica
• O capital social pode ser aumentado ou diminuído conforme a necessidade da sociedade empresária

Formação das sociedades

• O nascimento das sociedades dá-se com o registro válido dos seus atos constitutivos no órgão
competente
• O registro no órgão errado faz com que a sociedade não possua personalidade jurídica

Extinção das sociedades

• Procedimento dissolutório regular: é o procedimento padrão, aplicável em casos em que o ativo for
maior ou igual ao passivo da sociedade;
• Falência: é utilizado este procedimento em casos de grave crise financeira da sociedade, sendo,
portanto, a última medida a ser utilizada para a extinção da sociedade. Será estudada com maior
profundidade em semestre posterior.

O capital social pode ser integralizado de várias formas, exceto:

a) Por serviços
b) Por moeda nacional
c) Por bens
d) Por direitos
e) Por veículos

Gabarito: A

O capital social não pode ser formado por serviços, nos termos do artigo 1.055, §2º, do Código Civil.

Questão Objetiva

São fases do procedimento dissolutório regular:

a) Dissolução-ato; liquidação; partilha.


b) Dissolução-ato; liquidação; falência.
c) Falência; liquidação; partilha.
d) Dissolução-ato; falência; partilha.
e) Liquidação; partilha; pagamento.

Questão Discursiva

Quando se reputa formada uma sociedade empresária?

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• Dotados - gravados
• Suscetíveis - capazes
• Pecuniária – relativo a dinheiro
• Oriundas - provenientes
• Ativo – numerário positivo da empresa
• Passivo – dívidas da empresa

Respostas:

Questão Objetiva

Gabarito: A

Questão Discursiva

Resposta: O nascimento das sociedades dá-se com o registro válido dos seus atos constitutivos no órgão
competente

ALMEIDA, Amador Paes de. Manual das sociedades comerciais: direito de empresa. 20. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012.

BORBA, Jose Edwaldo Tavares. Direito societário. 14. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2015.

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial, direito de empresa: empresa e estabelecimento; títulos de
crédito. 19.ed. São Paulo: Saraiva, 2015 600 p.; v.1. E v.2.

MAMEDE, Gladston. Direito empresarial brasileiro: direito societário, sociedades simples e empresárias. 6.ed.
v. 2. São Paulo: Atlas, 2012.

MAMEDE, Gladston; MAMEDE, Eduarda Cotta. Manual de redação de contratos sociais, estatutos e acordos
de sócios. São Paulo: Atlas, 204.

MARTINS, Fran. Comentários a Lei das sociedades anônimas: artigo por artigo. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2014. 1228 p.

RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial: esquematizado. São Paulo: Método, 2015.

REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. 34.ed. v.1 e v.2. São Paulo: Saraiva, 2014.

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UNIDADE I
CAPÍTULO 3 - OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS
No término deste capítulo, você deverá saber:

✓ Conceito;
✓ Transformação;
✓ Fusão;
✓ Incorporação;
✓ Cisão;
✓ Responsabilidade;
✓ Atuação do cadê;

Introdução

Olá, aluno(a) Unisepe!

No capítulo anterior você estudou os aspectos de formação e extinção das sociedades. Contudo,
durante seu período de existência, muitas operações societárias podem ser realizadas.

Essas operações societárias modificam a estrutura das sociedades ou são desenvolvidas com vias
a realização de outros negócios, possibilitando o manejo de novas estruturas econômicas, o
crescimento ou até mesmo a divisão de atividades empresariais.

São inúmeras as operações, sendo que neste capítulo estudaremos as mais comumente vistas e
realizadas no meio societário.

Bons estudos!

3.1 Conceito

Operações societárias são modificações, muitas vezes, na estrutura das sociedades empresárias,
visando um aprimoramento de suas capacidades em relação à atividade empresária.

As principais operações societárias estão disciplinadas no Código Civil nos arts. 1.113 e seguintes,
sendo elas a transformação, fusão, incorporação e cisão.

Reflita em como as operações societárias se assemelham às modificações pelas quais as pessoas físicas
passam durante sua vida.

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3.2 Transformação

É a modificação do tipo societário adotado pela sociedade empresária.

A transformação das sociedades ocorrerá independentemente de sua dissolução, sendo realizada


por ato de vontade de seus sócios.

Art. 1.113. O ato de transformação independe de dissolução ou liquidação da


sociedade, e obedecerá aos preceitos reguladores da constituição e inscrição
próprios do tipo em que vai converter-se.

Art. 1.114. A transformação depende do consentimento de todos os sócios, salvo se


prevista no ato constitutivo, caso em que o dissidente poderá retirar-se da sociedade,
aplicando-se, no silêncio do estatuto ou do contrato social, o disposto no art. 1.031.

Veja que o dissidente, em caso de transformação da sociedade, pode desligar-se da mesma,


exercendo seu direito de retirada:

Art. 1.031. Nos casos em que a sociedade se resolver em relação a um sócio, o valor
da sua quota, considerada pelo montante efetivamente realizado, liquidar-se-á, salvo
disposição contratual em contrário, com base na situação patrimonial da sociedade,
à data da resolução, verificada em balanço especialmente levantado.

§ 1º O capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se os demais sócios


suprirem o valor da quota.

§ 2º A quota liquidada será paga em dinheiro, no prazo de noventa dias, a partir da


liquidação, salvo acordo, ou estipulação contratual em contrário.

Na transformação não há a extinção da sociedade, nem de parte dela.

3.3 Fusão

É a reunião de duas sociedades empresárias, que são extintas dando origem a uma terceira
sociedade empresária nova.

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No caso da fusão, observa-se um ponto diferenciado, haja vista que todas as sociedades fundidas
serão extintas, dando-se origem a uma nova sociedade, diferente do que ocorre com a
transformação.

“Art. 1.119. A fusão determina a extinção das sociedades que se unem, para formar sociedade nova,
que a elas sucederá nos direitos e obrigações.”

A fusão é decidida em assembleia por cada uma das sociedades, bem como serão planejadas todas
as distribuições novas do capital social e respectivas quotas:

Art. 1.120. A fusão será decidida, na forma estabelecida para os respectivos tipos,
pelas sociedades que pretendam unir-se.

§ 1º Em reunião ou assembleia dos sócios de cada sociedade, deliberada a fusão e


aprovado o projeto do ato constitutivo da nova sociedade, bem como o plano de
distribuição do capital social, serão nomeados os peritos para a avaliação do
patrimônio da sociedade.

§ 2º Apresentados os laudos, os administradores convocarão reunião ou assembleia


dos sócios para tomar conhecimento deles, decidindo sobre a constituição definitiva
da nova sociedade.

§ 3º É vedado aos sócios votar o laudo de avaliação do patrimônio da sociedade de


que façam parte.

Concluída a deliberação, caberá aos administradores da nova sociedade inscrever no registro todos
os atos relativos à fusão, criando a nova sociedade e extinguindo as anteriores.

Art. 1.121. Constituída a nova sociedade, aos administradores incumbe fazer


inscrever, no registro próprio da sede, os atos relativos à fusão.

A fusão implicará, necessariamente, na extinção das sociedades fundidas.

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3.4 Incorporação

É a reunião de duas sociedades empresárias, em que uma delas aglutina a outra por meio de sua
compra, deixando a empresa incorporada de existir.

A incorporação importará, então, na extinção apenas das incorporadas, enquanto a incorporadora


manterá sua substância e existência.

“Art. 1.121. Constituída a nova sociedade, aos administradores incumbe fazer inscrever, no registro
próprio da sede, os atos relativos à fusão.”

Quanto a aprovação, deverá a incorporadora alterar seus atos constitutivos, bem como promover
todas as anotações registrais necessárias ao esclarecimento da operação.

Art. 1.117. A deliberação dos sócios da sociedade incorporada deverá aprovar as


bases da operação e o projeto de reforma do ato constitutivo.

§ 1º A sociedade que houver de ser incorporada tomará conhecimento desse ato, e,


se o aprovar, autorizará os administradores a praticar o necessário à incorporação,
inclusive a subscrição em bens pelo valor da diferença que se verificar entre o ativo
e o passivo.

§ 2º A deliberação dos sócios da sociedade incorporadora compreenderá a


nomeação dos peritos para a avaliação do patrimônio líquido da sociedade, que tenha
de ser incorporada.

Art. 1.118. Aprovados os atos da incorporação, a incorporadora declarará extinta a


incorporada, e promoverá a respectiva averbação no registro próprio.

3.5 Cisão

É a divisão de uma sociedade empresária em outras, deixando de existir a sociedade cindida se for
vertido totalmente seu patrimônio para criação de outras sociedades, ou apenas reduzindo-o, caso
a cisão seja parcial.

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A cisão não possui previsão legal expressa no Código Civil, contudo, vale do regramento direcionado
à fusão, porém devendo ser entendido ao reverso, ou seja, a sociedade maior (cindida) deixa de
existir e dá origem às novas sociedades.

O que pode ocorrer, também, é uma cisão parcial, semelhante ao reverso de uma incorporação, em
que a sociedade cindida não deixa de existir, mas dela é destacada a parcela para a criação de outra,
importando-lhe a dissolução parcial.

Investigue sobre outras espécies de operações societárias, como a coligação, consórcios, entre outras.

3.6 Responsabilidade

Nos casos de fusão e incorporação, a sociedade que foi originada da fusão e a incorporadora são
responsáveis por todas as obrigações das sociedades fundidas e incorporadas.

Na cisão, as sociedades originadas pela cisão respondem solidariamente em relação às dívidas da


sociedade cindida, e separadamente em relação às suas próprias dívidas (as geradas por cada uma
delas após sua criação)

Na transformação, a sociedade empresária permanece responsável pelas suas dívidas, já que


apenas modificou sua estrutura jurídica.

3.7 Atuação do CADE

CADE é o Conselho Administrativo de Defesa Econômica, criado pela Lei nº 4.137/1962,


transformado em autarquia federal pela Lei nº 8.884/1994 e reestruturado pela Lei nº 12.529/2011.

Dependendo do faturamento bruto anual e volume de negócios no país (art. 88, da Lei nº 12.529/2011
atualizado pela Portaria Interministerial nº 994/2012) o CADE deverá avaliar e autorizar atos de
concentração econômica, dentre eles fusões e incorporações (art. 90, Lei nº 12.529/2011), com a
finalidade de impedir a formação de cartéis (oligopólios), visto que anticoncorrenciais.

Conheça mais sobre o CADE acessando seu sítio oficial. Acesse: https://www.gov.br/cade/pt-br

Considerações Finais

As operações societárias existem diante do constante dinamismo existente nas relações negociais e
empresariais, de tal sorte que, em decorrência de fatores econômicos e interesses mercadológicos,
as sociedades empresárias não permanecem estantes do seu surgimento até a sua eventual
extinção.

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Evidentemente, o rol de operações societárias é muito maior do que seria possível explicar no
presente material, assim, vale a pena o complemento dessas informações por estudos adicionais.

Em uma simples estrutura analógica, pense que as sociedades empresárias, assim como as
pessoais física, passam por constantes mudanças em seus estados ao longo de sua vida, como
casamentos, maioridades, empregos, entre outros.

ALMEIDA, Amador Paes de. Manual das sociedades comerciais: direito de empresa. 20. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012.

Uma obra moderna, marcada pela clareza de conceitos e objetividade quando do trato da disciplina. É uma
leitura bastante simples e didática. Como manual, tem um trato da disciplina mais objetivo, simplificado, tendo
menor conteúdo científico e tratando o tema sob um enfoque mais prático. Trata com aprofundamento os
princípios da ordem econômica atinentes ao Direito Empresarial.

Conceito

• Operações societárias são modificações, muitas vezes, na estrutura das sociedades empresárias,
visando um aprimoramento de suas capacidades em relação à atividade empresária.

Transformação

• É a modificação do tipo societário adotado pela sociedade empresária.


• A transformação das sociedades ocorrerá independentemente de sua dissolução, sendo realizada
por ato de vontade de seus sócios.

Fusão

• É a reunião de duas sociedades empresárias, que são extintas dando origem a uma terceira sociedade
empresária nova.
• No caso da fusão, observa-se um ponto diferenciado, haja vista que todas as sociedades fundidas
serão extintas, dando-se origem a uma nova sociedade, diferente do que ocorro com a transformação.

Incorporação

• É a reunião de duas sociedades empresárias, em que uma delas aglutina a outra por meio de sua
compra, deixando a empresa incorporada de existir.
• A incorporação importará, então, a extinção apenas das incorporadas, enquanto a incorporadora
manterá sua substância e existência, apenas maior.

Cisão

• É a divisão de uma sociedade empresária em outras, deixando de existir a sociedade cindida, se


verter totalmente seu patrimônio para criação de outras sociedades, ou apenas reduzindo-o caso
a cisão seja parcial.

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Responsabilidade

• Nos casos de fusão e incorporação, a sociedade que foi originada da fusão e a incorporadora são
responsáveis por todas as obrigações das sociedades fundidas e incorporadas.
• Na cisão, as sociedades originadas pela cisão respondem solidariamente em relação às dívidas
da sociedade cindida e separadamente em relação às suas próprias dívidas
• Na transformação, a sociedade empresária permanece responsável pelas suas dívidas

Atuação do CADE

• CADE é o Conselho Administrativo de Defesa Econômica e deverá avaliar e autorizar atos de


concentração econômica
• Tem a finalidade de impedir a formação de cartéis (oligopólios), visto que anticoncorrenciais

A operação societária que resulta na extinção de sociedade que se unem para formar uma nova é chama de:

a) Fusão
b) Incorporação
c) Transformação
d) Cisão
e) Aglutinação

GABARITO: A

A fusão é a responsável pela união de sociedades que se extinguem e formam uma nova, diferente da
incorporação em que uma sociedade se mantém, aglutinando as incorporadas.

Questão Objetiva

_______ é a reunião de duas sociedades empresárias em que uma delas aglutina a outra por meio de sua
compra, deixando a empresa incorporada de existir:

a) Fusão
b) Incorporação
c) Transformação
d) Cisão
e) Aglutinação

Questão Discursiva

Como funciona a responsabilidade civil quanto às dívidas existentes em caso de transformação?

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• Aprimoramento - melhoramento
• Dissolução – processo que extingue a sociedade
• Aglutina – unir no sentido de engolir
• Anticoncorrenciais – práticas que atentam contra a ordem econômica, à livre iniciativa e livre
concorrência.

Respostas:

Questão Objetiva

Gabarito: B

Questão Discursiva

Resposta: Na transformação, a sociedade empresária permanece responsável pelas suas dívidas, haja vista
que não houve qualquer extinção, apenas a modificação do tipo societário.

ALMEIDA, Amador Paes de. Manual das sociedades comerciais: direito de empresa. 20. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012.

BORBA, Jose Edwaldo Tavares. Direito societário. 14. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2015.

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial, direito de empresa: empresa e estabelecimento; títulos de
crédito. 19.ed. São Paulo: Saraiva, 2015 600 p.; v.1. E v.2.

MAMEDE, Gladston. Direito empresarial brasileiro: direito societário, sociedades simples e empresárias. 6.ed.
v. 2. São Paulo: Atlas, 2012.

MAMEDE, Gladston; MAMEDE, Eduarda Cotta. Manual de redação de contratos sociais, estatutos e acordos
de sócios. São Paulo: Atlas, 204.

MARTINS, Fran. Comentários a Lei das sociedades anônimas: artigo por artigo. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2014. 1228 p.

RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial: esquematizado. São Paulo: Método, 2015.

REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. 34.ed. v.1 e v.2. São Paulo: Saraiva, 2014.

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