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Tópicos Avançados

em Administração
UNIDADE I
TÓPICOS AVANÇADOS

EM ADMINISTRAÇÃO

UNIDADE 1

PARA INÍCIO DE CONVERSA

Olá, caro(a) aluno(a)! Tudo bem?


Seja muito bem-vindo(a) a mais uma jornada de conhecimento!
Acredito que até aqui você já aprendeu muito, conheceu a Administração desde seus primórdios até os
dias atuais. Viu também que é possível atuar em várias áreas estratégicas, como: finanças, marketing,
recursos humanos e operações. Aposto que já percebeu que a Administração não é uma disciplina estática,
ao contrário, passa bem longe disso. Por isso, estamos aqui, na disciplina de Tópicos Avançados em
Administração. Justamente por essa característica dinâmica trazemos a você os assuntos mais relevantes
e recentes em cada uma das áreas estratégicas.

ORIENTAÇÕES DA DISCIPLINA

Nesta disciplina iremos conversar sobre assuntos chaves e vitais da atualidade, assim você irá usar todo
seu conhecimento acumulado como um olhar crítico e se atualizando ao mesmo tempo. Aqui também,
pode estar a sua oportunidade de escolher uma área de preferência para o trabalho de conclusão de curso
e até, quem sabe, da sua futura área de atuação profissional.
Para isso, vamos usar cada uma das quatro unidades para falar um pouco de cada área, assim:
ü Primeira unidade, começaremos com a área de finanças.
ü Segunda unidade, falaremos sobre recursos humanos.
ü Terceira unidade, o assunto será sobre operações.
ü Quarta unidade, falaremos sobre o marketing.
Aluno(a), como você já sabe, é muito importante que todas as atividades sugeridas sejam realizadas, pois
foram feitas pensando em complementar a aprendizagem. Textos, artigos, filmes e reportagens foram
cuidadosamente escolhidos no intuito de ilustrar o cotidiano relacionando com tudo que aprendemos no
texto.
Então, não perca essa oportunidade de aprender, atualizar e interagir.
Vamos começar?

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PALAVRAS DO PROFESSOR

Como dito anteriormente, vamos começar nossos estudos avançados com a disciplina de Finanças. O
assunto é relevante tanto para os amantes dos cálculos como para aqueles não muito empolgados com
as contas.
Garanto a você que toda empresa precisa (e muito) pensar sobre esse assunto, e em todas as repercussões
possíveis que sua falta pode gerar.
Ok, sem mais suspense! Vamos falar sobre Governança Corporativa.
Já ouviu falar? Sabe o que é? Pronto para começar? Avante!

GOVERNANÇA CORPORATIVA - GC
Querido(a) estudante, começaremos com a seguinte pergunta:
O que é Governança Corporativa?
Pois bem, se você vive no planeta Terra, com certeza, já deve ter visto algum caso de uma grande empresa
envolvida em escândalo econômico por sonegação ou alguma atividade antiética. Infelizmente, essa não é
uma realidade atual, muito menos exclusiva do nosso país. A preocupação com idoneidade das empresas
vem desde o século 20, onde as organizações começaram a crescer e a palavra do proprietário não era a
única que importava. As empresas começavam a fazer negócios fora do seu território de origem onde as
partes mal se conheciam, o nome da empresa começava a se tornar mais importante que o nome do dono.
Então, uma separação entre a propriedade e a gestão começou a ser necessária, aquela velha fala: “a
empresa é minha e eu faço o que quiser” não era bem recebida pelos investidores.
A gestão das empresas começou a ser feita por profissionais contratados pelos proprietários que, por sua
vez, delegava o poder a esse profissional nos termos das leis vigentes. Você pode estar se perguntando:
“Mas, professora, as leis não variam conforme a localidade?”. Sim, você está certo! Por isso, se fez
necessário criar um código de conduta, regras básicas que todas as empresas possam cumprir.
Ou seja, a preocupação da Governança Corporativa é criar um conjunto de parâmetros que possam ser
utilizados igualmente, por todas as empresas e que busque uma uniformidade nas ações. Assim, todos
irão ter a mesma base para saber se estão agindo de forma coerente com o mercado que está inserido.
Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) a definição para Governança Corporativa
é:
“Governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas,
monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração,
diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas.”
Ou seja, a Governança Corporativa promove o alinhamento entre os interesses individuais da empresa
com a sua reputação (e sustentabilidade financeira) em um longo prazo.

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??? VOCÊ SABIA?

Estudante, você conhece o termo Stakeholders?


Para darmos continuidade, gostaria de reforçar o conceito de: Partes Interessadas ou Stakeholders. Os
stakeholders de uma organização podem ser definidos como qualquer pessoa ou grupo que tenha algum
interesse na empresa. O termo vem do inglês: STAKE - Interesse, participação, risco + HOLDER - aquele
que possui. Perceba que interesse! Aqui não tem conotação, essencialmente, financeira.
O stakeholder não precisa ser um investidor, e sim, os seus funcionários, gestores, gerentes, proprietários,
fornecedores, concorrentes, ONG’s, clientes, o Estado, credores, sindicatos e diversas outras pessoas ou
empresas que estejam relacionadas com uma determinada ação ou projeto.

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O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) é uma organização sem
fins lucrativos referência no Brasil para o desenvolvimento de melhores práticas de
Governança. Acesse o site e conheça a Biblioteca Digital, oportunidades para eventos
e cursos.

Princípios Básicos da Governança Corporativa

Agora que já sabemos o que é Governança Corporativa (vamos usar a sigla GC, ok?), precisamos entender
quais são os seus princípios básicos e como funciona.
Os princípios fazem parte (em maior ou menor grau) de todas as boas práticas para uma empresa bem
governada e com bom relacionamento com seus stakeholders, devendo ser seguidos para aumentar as
chances de sobrevivência e a eficiência administrativa.
São quatro os princípios básicos. Vamos conhecer um a um!
1. TRANSPARÊNCIA
Nada mais é que disponibilizar para todos os stakeholders as informações que sejam de seu interesse,
querem dizer, não só as obrigatórias por lei. Essa divulgação deve ocorrer de forma clara e honesta, de
todo material financeiro e não financeiro do negócio para os públicos internos e externos à organização.
A transparência só existe quando é verdadeira. Não adianta mascarar resultados ou esconder informações.
Os investidores sentem mais segurança quando a empresa demonstra que sabe quais são seus problemas
e está trabalhando neles. Esse é o principio básico da Governança Corporativa, entender a empresa em
todos seus aspectos para que o investimento seja seguro para ambas as partes.
Hoje, quando um relatório anual é divulgado, os aspectos negativos já são esperados, um informe que
só tenha dados positivos é considerado suspeito imediatamente, visto que não existem planejamento e
execuções estratégicas perfeitas. Todas as empresas enfrentam obstáculos e isso é comum, fazer parecer
que a empresa vive em um mar de rosas, além de ser muito mal interpretado foge completamente do
principio da transparência.
2. EQUIDADE
Este princípio fala sobre o tratamento justo e isonômico de todos os stakeholders, de acordo com seus
direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas. Lembrando que equidade não é o mesmo

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que igualdade. Cada stakeholder tem seu papel na organização, esse papel, envolve características
diferentes, com responsabilidades diferentes e atuações também diferentes, assim, cada um deve ser
tratado de acordo.
Atitudes ou políticas discriminatórias, sob qualquer forma, são inaceitáveis.
3. PRESTAÇÃO DE CONTAS (accountability)
Em relação à Prestação de Contas, todos os agentes da GC numa empresa (sócios, administradores,
conselheiros fiscais, auditores, conselho de administração, conselho fiscal e etc.) tem como dever prestar
contas, assumindo integralmente as consequências de seus atos e omissões.
4. RESPONSABILIDADE CORPORATIVA
Os agentes de governança devem zelar pela sustentabilidade da organização, visando a sua longevidade,
incorporando considerações de ordem social e ambiental nas definições dos negócios e operações.
A adoção desses princípios é voluntária e vai além das exigências legais. No caso das empresas de
capital aberto, que precisam prestar contas a seus acionistas publicamente, a estrutura organizacional é
pensada de maneira a respeitar esses quatro pilares.
Organizações que optam por estruturar esse sistema são mais bem vistas no mercado, já que demonstram
mais transparência, contam com mecanismos internos de conflitos, acompanham as tendências e mantêm
um controle mais efetivo de suas equipes e funcionários.

GUARDE ESSA IDEIA!

Prezado(a) aluno(a), quando falamos em sustentabilidade, às vezes, o primeiro pensamento é o ecológico.


Não está errado, mas está incompleto!
Sustentabilidade é uma tríade, ou seja, formada por três visões:
ü Meio Ambiente: Como meio ambiente devemos entender tudo que se refere à natureza e aos recursos
naturais, ou seja, água, ar, árvores, terra e etc.

ü Social: O social são as pessoas, suas interações, como vivem e o que precisam.

ü Financeira: A parte financeira é o dinheiro, os bens, as posses, ou seja, o material.

Então, para que uma empresa seja sustentável (se sustente, tenha uma vida longa) precisa ter
responsabilidade ambiental, responsabilidade social e ser financeiramente viável. Sem qualquer um
desses três pilares, não há sustentabilidade.

LEITURA COMPLEMENTAR
Caro(a) estudante, acredito que seja essencial a leitura do Código
das Melhores Práticas de Governança Corporativa, por isso, deixo
o link e a OBRIGATORIEDADE da leitura da página 15 a 21. Clique
aqui.

A partir de agora, você começará a entender sobre a estrutura do sistema de governança corporativa.

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Estrutura do Sistema de Governança Corporativa
Os princípios básicos são vistos como premissas norteadoras das ações dos agentes da GC. Como já vimos
esses agentes são os responsáveis por desenvolver e fazer com a GC exista e flua por toda a empresa.
Cada qual tem a sua responsabilidade para que o sistema funcione. Abaixo segue a representação,
segundo o IBGC, de como deve ser a estrutura dos agentes na gestão com GC.
Quer aprender um pouco sobre cada um desses agentes e suas atribuições? Prossiga!

Figura 1 - Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, 5ª edição, IBGC

Fonte: http://www.ibgc.org.br/userfiles/2014/images/codigo5edicao.png

Ø SÓCIOS

Sócios ou acionistas são as pessoas físicas ou jurídicas que detem uma parte do capital da empresa
sendo representada por ações. Existem dois tipos de ações, portanto de acionistas:

§ As ações preferenciais que dão prioridade aos acionistas no recebimento de dividendos, porém não
podem exercer o direito ao voto.

§ As ações ordinárias, o acionista tem um retorno menor, mas tem direito ao voto proporcional ao
número de ações que possui, ou seja, uma ação, um voto.

De fato, os sócios com direito a voto têm direitos e deveres para participarem das assembleias, devendo
ser anunciadas com prazo suficiente para a maioria dos acionistas participarem.

Algumas desses deveres e direitos são:

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ü As votações devem ser claras, criteriosas e permitir participação por procuração;

ü Caso exista conflito de interesse o sócio deve abster-se;

ü Acordos entre sócios são permitidos desde que acessíveis a todos os demais;

ü Conflitos de opiniões devem ser resolvidos amigavelmente, caso não ocorram devem ser resolvidos
por meio de arbitragem. Caso a divergência possa interferir no valor da empresa deve ser comunicada
aos stakeholders;

ü Nas assembleias gerais os administradores devem prestar contas aos sócios;

ü Toda empresa deve ter um contrato social onde são estipuladas todos os deveres e direitos dos
acionistas, bem como o valor da sua participação e o capital social da empresa.

Devemos saber também, querido(a) discente, que muitas organizações são familiares e os limites entre o
familiar e o empresarial, muitas vezes se misturam. Para isso, faz-se necessário a criação de um Conselho
de Família (que não pode ser confundido com o conselho de administração). Nesse conselho são definidos
os limites de interesses, preservação dos valores familiares, planejamento da sucessão e de herança,
entre outros.

Ø CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
O Conselho de Administração é tido como um dos principais componentes da GC por fazer a ponte entre
os sócios (com interesse individuais de lucro) e a gestão da empresa (com interesse na empresa). Saiba
que o Conselho é responsável por equilibrar os desejos de todos os stakeholders, garantindo o retorno a
longo prazo, além de protejer e valorizar a organização.
O Conselho de Administração é o guardião da organização, tanto no aspecto de gestão quanto nos itens
da Governança Corporativa, assim, apesar de seus membros serem indicados pelos sócios, não deve
haver cobrança de fidelidade a estes. Uma vez parte do conselho de administração todo o foco deverá ser
em prol da organização como um todo.
Segundo o IBGC, dentre as responsabilidades do Conselho de Administração destacam-se a discussão,
aprovação e monitoramento de decisões, envolvendo:
ü Estratégia;
ü Estrutura de capital;
ü Apetite e tolerância a risco (perfil de risco);
ü Fusões e aquisições;
ü Contratação dispensa avaliação e remuneração do diretor-presidente e dos demais executivos, a
partir da proposta apresentada pelo diretor-presidente;
ü Escolha a avaliação da auditoria independente;
ü Processo sucessório dos conselheiros e executivos;
ü Práticas de Governança Corporativa;
ü Relacionamento com partes interessadas;
ü Sistema de controles internos (incluindo políticas e limites de alçada);
ü Política de gestão de pessoas;
ü Código de Conduta.
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A escolha dos membros do Conselho de Administração deve levar em consideração a heterogeneidade de
conhecimentos, experiências, comportamentos, aspectos culturais, faixa etária e de gênero, por isso deve
garantir que a diretoria estabeleça e divulgue políticas que assegurem igualdade de oportunidades para o
acesso de mulheres a posições de alta liderança na organização. Lembrando sempre que a quantidade de
membro é relativa muitas vezes ao tamanho da organização, porém é recomendável que seja em número
impar, para evitar empates em votações.
Outra caracteristica importante a ser mencionada é a recomendação que o presidente da empresa não
acumule o papel de presidente do conselho (isso ocorre em algumas empresas). Como o conselho de
administração exerce um papel de controle e monitora o desempenho da gestão da empresa, seria como
auditar o próprio desempenho.
Em empresas com alto indice de Governança Corpotativa, o Conselho de Administração é formado
exclusivamente de membros externos e independentes, justamente para evitar uma possível falta de
transparência ou interesses conflitantes (vamos falar desses interesses conflitantes detalhadamente em
breve).

VISITE A PÁGINA
Não deixe de entender um pouco mais sobre a importância
do Conselho de Administração no portal da Endeavor Brasil.
Esta matéria fala sobre o papel essencial de um bom conselho
administrativo para o crescimento de qualquer empresa. Clique
aqui.

Ø DIRETORIA
A Diretoria Executiva é parte responsável pela gestão da organização. É na diretoria que são executados
as estratégias e os valores criados pelo conselho de administração. É a área onde estão o presidente
e todos os diretores que efetivamente conduzem os negócios e administram o dia a dia da empresa.
Também são responsáveis por deseminar as políticas, normas e ética por toda a organização.
Geralmente, o número de diretores é limitada as áreas estratégicas da empresa, mas não existe um
número exato a se seguir; e na diretoria executiva que são formulados todos os processos operacionais e
financeiros, inclusive os relacionados à gestão de riscos.
A partir deste momento, você começará a conhecer a gestão de risco. Ok?
§ Gestão de Risco
A Gestão de Risco é de responsabilidade da diretoria executiva e do conselho administrativo. O Conselho
de Administração deve assegurar que a Diretoria identifica preventivamente os principais riscos aos quais
a organização esta exposta, além da sua probabilidade de ocorrência, a exposição financeira consolidada
a esses riscos (considerando sua probabilidade de ocorrência, o impacto financeiro potencial e os aspectos
intangíveis) e as medidas e os procedimentos adotados para sua prevenção ou mitigação. Qualquer falha
nesse sentido a diretoria será responsabilizada.
São exemplos de riscos:
ü Estratégico: Mudanças no ambiente de negócios ou de decisões tomadas pela liderança;

ü Operacionais: Podem ser vários, mas todos de caráter operacional, como por exemplo: fraude, falha
humana, infraestrutura física, confidencialidade, terceirização, entre outros;

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ü Financeiros: Falta de liquidez, crédito e de mercado;

ü Legal: Mudança de leis, programas governamentais ou mudanças tributárias;

ü Concorrência: Entrada de novos concorrentes, novas alianças, guerra de preços;

ü Perda de valor com investimento: Problemas com aquisições, falha em desenvolvimento de novos
negócios;

ü Tecnológico: Falta de inovação tecnológica ou obsolescência;

ü Comportamental dos Stakeholders: Redução da confiança dos stakeholders, mudança de


comportamento dos clientes;

ü Imagem: Perda decorrente de algum escândalo ou notícia negativa sobre empresa;

ü Divulgação de informações externas: perda por informações incorretas.

Pois é, aluno(a), já pensou em responder por algum desses possíveis riscos?

Não é nada fácil estar no comando de uma organização. Por isso, a GC se faz tão importante, não é
verdade?

Ø ÓRGÃOS DE FISCALIZAÇÃO E CONTROLE

Até agora falamos bastante sobre o que cada área deve fazer, quais as responsabilidades e de como isso
é importante. Mas, você deve concordar comigo que falar é bem mais fácil do que fazer. Imagine garantir
que tudo visto até agora possa ser realmente cumprido.
Para isso, a GC estabelece a criação de órgãos de fiscalização e mecanismos de controle como:
§ Comitê de Auditoria
O Comitê de Auditoria tem o papel de assessorar o Conselho de Administração na análise das demonstrações
financeiras, no monitoramento interno, gerenciamento de riscos dos negócios e supervisão dos auditores
externos. Ou seja, é o braço de auxílio do Conselho de Administração para fiscalização das ações dos
gestores e no acompanhamento do desempenho da organização.
§ Conselho Fiscal
O conselho também tem um papel fiscalizador dos administradores, porém de forma independente para
reporte aos sócios. Ou seja, é instituido por decisão em assembleia geral, para preservar o valor da
organização em benefício dos acionistas.
§ Auditoria Independente
Nada mais é que uma auditoria externa contratada pela organização para verificar se as demonstrações
financeiras estão corretas e adequadas. Lembrando que a auditoria contratada não deve ter nenhum tipo
de vínculo com a empresa, sendo assim, isenta de qualquer conflito de interesse.
§ Auditoria Interna
Trata-se de um controle administrativo, cuja função é avaliar a eficiência e eficácia de outros controles.
Monitorar, avaliar e realizar recomendações visando a melhoria dos controles internos, as normas e
procedimentos estabelecidos pelos administradores.

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§ Controles internos e conformidade (Compliance)
A origem da palavra compliance vem do inglês - to comply - que significa “agir de acordo com uma regra”;
quer dizer, estar em conformidade com leis e regulamentos internos e externos à organização.
A área de Compliance é relativamente nova e em seu início era atrelada ao setor jurídico (por sua natureza
de entender a legislação), porém hoje é vista como parte fundamental no controle da GC nas organizações.
Muitas empresas criaram área específicas de Compliance para que se responsabilizasse pela adequação
(conformidade) das normas internas e externas. Entre as ações do Compliance estão o aculturamento e
mecanismos de prevenção, detecção e solução de não conformidades.
Os controles internos não são apenas regras de conduta e comportamento, mas tudo o que envolve
as operações da empresa. Assim, a área de Compliance também dita verifica se os processos internos
estão sendo seguidos de acordo com a política interna da empresa. Devemos lembrar também, que
diferentemente do que muitos imaginam, sistema de controles internos não servem exclusivamente
para monitorar fatos passados, precisam atuar proativamente na antecipação de possíveis riscos para a
organização.

???
VOCÊ SABIA?
Querido(a) estudante, você sabia que o sonho de muitas empresas é entrar no concorrido
e rentável mercado de ações norte-americano?

Pois bem, para isso devem ser submetidas a legislação americana conhecida como SOx. A Lei Sarbanes
Oxley (SOx) foi sancionada em 30 de Julho de 2002 pelo então presidente dos Estados Unidos George
W.Bush, e seus idealizadores foram o senador Paul Sarbanes e o deputado Michael G.Oxley.
Essa legislação vem estabelecer novos padrões ou aperfeiçoar os já existentes para os conselhos de
administração, diretoria e empresas de auditoria externa no aprimoramento da Governança Corporativa. A
SOx é exigente e tem uma série de itens que precisam ser cumpridos para que a empresa possa negociar
suas ações nos EUA.

CONDUTA E CONFLITO DE INTERESSES


§ Código de Conduta
Além do respeito às leis, toda organização deve ter um Código de Conduta que comprometa administradores
e funcionários. O referido documento deve ser preparado pela Diretoria conforme os princípios e políticas
definidos pelo Conselho de Administração, tais como: princípios éticos, refletir a identidade e a cultura
organizacionais, responsabilidade, respeito, ética e considerações de ordem social e ambiental.
Todos os funcionários devem ter acesso (e serem treinados) ao código de conduta, para que este seja
efetivo, não só um monte de regras expostas em um mural. Além disso, a empresa deve possuir canais
próprios de comunicação para acolher opiniões, críticas, reclamações e denúncias.
O Código de Conduta deve ainda enquadrar como violação ao principio básico da equidade o uso de
informações privilegiadas para benefício próprio ou de terceiros. Esse tipo de ação, além das punições
internas (que devem ser severas) está sujeita a ação civil e criminal.
§ Conflito de Interesses
Como você pode ter percebido muitas das relações entre sócios, diretores, conselhos podem ser pessoais
(são indicados amigos, familiares e conhecidos). Todavia, o correto seria que nenhuma dessas relações

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fosse maior que a lealdade com a empresa, ou seja, o bem maior da empresa. Um indivíduo pode influenciar
facilmente o outro, por isso, dentro de uma relação de transparência e equidade, caso exista qualquer
conflito de interesse em tomar uma decisão, o mesmo deve manifestar essa condição e se abster. Caso,
não o faça, qualquer outra pessoa, que saiba da situação, poderá manifestar o conflito.
É preciso enfatizar a separação das funções de cada integrante da governança. Inclusive tempo de
duração dos mandatos e ações esperadas. Sempre levando em consideração que ao se definir claramente
os papéis esperados não haverá problemas de conflitos. Cada agente da governança deve realizar sua
função para o bem-estar geral da organização e seus stakeholders.

PARA REFLETIR

Já ouviu falar no experimento de Asch?


Os experimentos de conformidade de Asch foram uma série de experimentos realizados em 1951 que
demonstraram significativamente o poder da conformidade nos grupos, ou seja, visava verificar o poder
da pressão social em indivíduos.
O experimento funcionava da seguinte forma: uma série de linhas era mostrada para um grupo de pessoas
para que estas comparassem e dissessem quais tinham o mesmo tamanho, porém, apenas uma pessoa no
grupo estava sendo analisada, as demais eram atores que respondiam todos da mesma forma a resposta
errada. Com o passar do tempo era verificado que individuo estudado acabava por concordar com os
demais, mesmo visivelmente errados. O estudo trouxe resultados perturbadores, demonstrando que pelo
menos uma vez 75% dos estudados seguiu o padrão do grupo mesmo estando completamente errado.
Será que nunca somos influenciados?
Pensem nisso!
Mas afinal, quais as vantagens da Governança Corporativa?
Caro(a) aluno(a), com certeza, você viu que não é nada fácil empregar com sucesso a Governança
Corporativa em uma empresa, não é verdade?
Você pode estar se perguntando se vale a pena.
A resposta é: Sim! Principalmente se o objetivo da organização for crescer, pois com GC a imagem da
empresa perante os stakeholders é melhorada; ocorre um alinhamento entre os acionistas e executivos,
reduzindo os atritos e, não menos importante, as questões familiares e organizacionais são separadas
e analisadas em seus devidos lugares. Além de todas essas vantagens, a valorização das ações ocorre
de forma natural, visto que o mercado recebe muito bem empresas com gestão mais profissional e ética.

VEJA O VÍDEO!
Esse vídeo é OBRIGATÓRIO. São quarenta e quatro minutos que
você irá reservar para assistir a conversa do diretor-presidente da
BM&F Bovespa, Edemir Pinto com o presidente da CPFL Energia,
Wilson Ferreira sobre o crescimento das suas empresas e como
lidam de perto com a governança corporativa. Clique aqui.

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ACESSE SUA BIBLIOTECA VIRTUAL
Acesse a sua Biblioteca Virtual e leia mais sobre Governança no livro: Governança,
Gestão Responsável e Ética nos Negócios de Mario Sergio Cunha Alencastro e Osnei
Francisco Alves, editora Intersaberes.
Leitura fácil e com linguagem contemporânea que aborda um pouco mais dos assuntos
tratados nessa unidade.

DICA

Sem saber o que vai assistir no final de semana?

Que tal aliar um pouco do que você aprendeu com um excelente documentário ganhador do Oscar de
2011?

Importante e obrigatório: Trabalho Interno (Inside Job - 2010), dirigido por Charles H. Ferguson e com
narração de Matt Damon. Fala sobre a crise financeira global de 2008. Imperdível!

Figura 2
Fonte - http://images1.folha.com.br/livraria/images/c/8/1167320-350x360-253588.png

PALAVRAS FINAIS

Pois é, querido(a) estudante, chegamos ao fim da nossa primeira unidade!


Espero que você tenha aprendido e gostado do assunto. Viu como adotar práticas de Governança
Corporativa é um passo importantíssimo na trajetória de toda empresa?
Independentemente do porte, natureza jurídica e forma de constituição, assumir o compromisso da GC
significa diminuir suas principais fragilidades e melhorar o sistema de gestão da organização, adaptando-

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se à realidade do mercado, que a cada dia demanda um ambiente corporativo mais transparente, justo e
responsável.
Não deixe de acessar o material que indiquei no decorrer do guia. São vitais para o entendimento dessa
unidade. Lembrando que o questionário da unidade e o fórum da disciplina são sobre GC. Então, não perda
tempo e acesse o AVA para respondê-los.
Aguardo você na próxima unidade (2), em que falaremos sobre uma da mais recente tendência da
Administração para a área de Recursos Humanos.
Ficou curioso(a)? Você saberá na próxima unidade!
Bons estudos e nos encontramos em breve!
“A responsabilidade social corporativa é fonte de oportunidades, inovação e de vantagem competitiva.”
Michael Porter

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALENCASTRO, M. S. C.; ALVES, O. F. Governança, gestão responsável e ética nos negócios. Ed. Intersaberes,
2017.
CÓDIGO DAS MELHORES PRÁTICAS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA. 5ª ed. Instituto Brasileiro de
Governança Corporativa. São Paulo, SP: IBGC, 2015.

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