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CORPORATIVA
G721 Governança Corporativa [recurso eletrônico] / Giancarlo
Giacomelli... [et al.] ; [revisão técnica: Gisele Lozada]. –
Porto Alegre : SAGAH, 2017.
CDU 336.773
2017
© SAGAH EDUCAÇÃO S.A., 2017
São Paulo
Rua Doutor Cesário Mota Jr., 63 – Vila Buarque
01221-020 São Paulo SP
Fone: (11) 3221-9033
REVISÃO TÉCNICA
Gisele Lozada – Graduada em Administração de Empresas. Especialista em
Controladoria e Finanças.
AUTORES
Giancarlo Giacomelli – Graduado em Administração de Empresas.
Especialista em Educação Profissional. MBA em Gestão da Inovação.
Janguiê Diniz
APRESENTAÇÃO
Alerta sobre alguma informação não explicitada no texto ou acrescenta dados sobre
determinado assunto.
Mostra um exemplo sobre o tema estudado, para que você possa compreendê-lo
de maneira mais eficaz.
https://goo.gl/Z7ooFu
Bons estudos!
SUMÁRIO
Unidade 1
Governança corporativa..........................................................................17
Lucianne Canto
O que é a governança corporativa?................................................................................................. 17
Princípios básicos da governança.....................................................................................................22
Razões da governança.............................................................................................................................25
Governança estratégica...........................................................................45
Lucianne Canto
Relação entre governança e estratégia.........................................................................................45
Os atores sociais e a implementação da estratégia..............................................................48
Envolvendo as pessoas na estratégia – a melhor forma de gerir a
cadeia de governança.........................................................................................................................52
Rentabilidade...............................................................................................97
Giancarlo Giacomelli
Governança e a percepção de valor pelos acionistas..........................................................97
Governança e desempenho empresarial................................................................................. 100
Governança traduzida em ações que geram resultados................................................ 105
Unidade 2
A importância da governança corporativa.....................................141
Giancarlo Giacomelli
Governança e performance organizacional..............................................................................142
Governança corporativa e estratégia empresarial...............................................................145
Governança corporativa e a relação com os stakeholders...............................................147
Unidade 3
Transparência............................................................................................ 239
Jéfferson Colombo
A transparência e o ambiente de governança das organizações............................. 239
O papel da transparência na evolução da governança corporativa ...................... 242
Os benefícios de práticas rigorosas de transparência......................................................244
Unidade 4
Fraudes contábeis....................................................................................415
Jéfferson Colombo
O que são fraudes contábeis?...........................................................................................................415
Contabilidade criativa: uma linha tênue entre a fraude e a norma contábil...... 420
Afinal, quem são os fraudadores e o que eles perseguem?......................................... 425
Introdução
A governança corporativa é um sistema fundamental para as empresas
que pretendem aprimorar o seu valor econômico e o relacionamento
com os públicos interno e externo, trazendo perenidade à companhia.
Neste texto, você terá uma visão geral sobre a governança corporativa,
seus princípios básicos e sua utilidade.
Conselho
de Família Governança
Sócios
Auditoria
interna C. Auditoria Comitês
Diretor-
presidente
Diretores
Administradores
Gestão
Figura 2. O sistema de governança corporativa.
Fonte: adaptada de Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (2016, p. 19).
Por fim, temos a estrutura de gestão da empresa, que é composta pela dire-
toria executiva – liderada pelo diretor presidente. Neste sentido, o presidente
(CEO, do inglês chief executive officer) é responsável por liderar a gestão da
empresa, enquanto o presidente do conselho (chairman) é responsável por
liderar a estrutura de conselho e manter a governança da organização. Diante
disso é possível entender que há uma liderança do conselho da empresa (re-
presentado pelo seu presidente do conselho) em relação à estrutura de gestão
(representada pelo presidente executivo). É importante que essa hierarquia
exista e seja mantida para que o conselho de administração possa cumprir
efetivamente o seu papel de direcionar a gestão da empresa.
Conflito de agência
A teoria de agência, que explica o conflito de agência, tem sua origem na dispersão
de capital e resulta no surgimento da governança corporativa. Por ser uma das teorias
que dá base à GC, é importante entender como ela ocorre. A relação de agência é
desenvolvida como uma equalização entre os interesses do principal (acionistas)
e do agente (gestores). O problema dessa relação surge, de acordo com a teoria,
quando os acionistas estão concentrados em decisões que aumentam o valor do
negócio, a riqueza dos proprietários e o retorno dos investimentos, enquanto os
gestores tomam decisões mais centradas em seus próprios interesses (resultados de
curto prazo, comissionamentos, etc.). O conflito de agência surge em torno dessa
relação com divergência de interesses. A governança e, principalmente, o conselho
de administração, são os responsáveis por minimizar os efeitos dessa divergência e
priorizar os interesses da organização. Leia mais sobre o conflito de agência no clássico
artigo de Jensen e Meckling (1976).
Transparência
O primeiro princípio da governança é o da transparência. Por meio dele,
espera-se que a empresa garanta o acesso às informações a cada um dos seus
stakeholders. Ou seja, cada pessoa relacionada com a empresa deve receber
as informações que dizem respeito à atuação desta. Essas informações não
devem ser apenas econômico-financeiras; podem ser informações estratégi-
cas, de gestão, de pessoas, etc. Uma empresa que cumpre bem o princípio da
transparência tem informações e dados claros sendo enviados com periodi-
cidade e frequência definida aos interessados. Neste sentido, também deve
ser considerado o público externo à empresa; ou seja, clientes, fornecedores
e demais envolvidos precisam receber as informações que são pertinentes.
Em relação às informações não financeiras, destaca-se a transparência
sobre o próprio modelo de governança, seu funcionamento, a sistemática da
estrutura de propriedade, as principais políticas da empresa, as perspectivas e
decisões estratégicas, as políticas de incentivos, as avaliações de desempenho,
as políticas socioambientais, entre outros. Sobre as informações financeiras, é
importante que as empresas tenham um bom desenvolvimento da controladoria
para que as informações sejam estratégicas, claras e bem alocadas.
24 Governança corporativa
Equidade
O princípio da equidade, por sua vez, se caracteriza pelo tratamento justo
e igualitário entre todos os sócios – minoritários e majoritários – e demais
stakeholders da empresa. Ou seja, esse princípio trata de promover uma igual-
dade a todos os acionistas – independente do seu tipo e sua relevância para a
empresa. Neste sentido, as empresas devem buscar a igualdade de direitos para
um acionista que tenha pouca participação na empresa em relação a um que
tenha uma relevante participação, por exemplo. A empresa precisa estabelecer
uma boa comunicação entre seus acionistas e incentivar, ao máximo, a sua
participação nas assembleias, de modo que possam acompanhar o andamento
da organização. O tratamento aos acionistas deve ser imparcial; deve-se evitar
tratamentos particulares e informações privilegiadas.
Prestação de contas
Este princípio sugere que os envolvidos com a governança façam uma presta-
ção de contas frequente, objetiva e transparente de sua atuação – assumindo
a responsabilidade sobre suas ações e decisões. Também é importante que a
estrutura de prestação de contas seja organizada, com responsáveis, prazos
e formatos padrões de relatórios, de modo a facilitar o entendimento das
informações.
Responsabilidade corporativa
Por fim, o princípio da responsabilidade corporativa diz que os agentes de
governança devem zelar pela viabilidade econômico-financeira da organização,
de modo a tornar a operação da empresa segura e sustentável. Neste sentido,
deve-se buscar reduzir qualquer externalidade negativa de ações, inclusive com
os públicos externos. Ou seja, os agentes devem se responsabilizar pelos atos da
organização e pela sua relação com clientes, funcionários e com a comunidade
em geral. A governança deve estar focada no modo como a organização está
se relacionando e contribuindo com cada um de seus stakeholders.
Governança corporativa 25
https://goo.gl/NXXeWn
Razões da governança
Por fim, é importante esclarecer quais as principais utilidades da governança
e evidenciar as razões pelas quais as empresas devem investir na otimização
do seu sistema de GC. A primeira razão é a redução dos conflitos entre as
estruturas de poder da empresa. Uma empresa com boa estrutura de governança
fica menos “refém” de um líder narcisista, de decisões baseadas em ego pessoal
ou de conflitos de interesses pessoais. Além disso, cria-se uma estrutura que
está além das pessoas que estão ocupando as funções. Assim como a empresa
deve ter um modelo de gestão para ser mais bem gerida, ela deve também ter
um bom modelo de governança para ter maior sustentabilidade.
Outra importante razão para a governança é justamente o direcionamento
estratégico que o conselho pode dar em relação à gestão da empresa. Aqui é
importante lembrar de que o conselho tem como objetivos avaliar, monitorar
e direcionar a estratégia, enquanto a gestão é responsável por colocá-la em
prática. Uma vez que tem-se um órgão composto por pessoas de alto nível
e com independência em relação à gestão da empresa, tem-se um ganho na
tomada de decisões estratégicas – tendo em vista que as decisões ficam mais
isentas, analíticas e direcionadas.
O conselho de administração visa, ainda, preservar os objetivos de longo
prazo da empresa, fazendo com que a mesma aumente o seu valor de mercado
com o passar dos anos. A teoria de agência, já citada anteriormente, sugere que,
geralmente, os gestores acabam ficando focados em objetivos de curto prazo
que, muitas vezes, são conflitantes com a estratégia de longo prazo. Sendo
26 Governança corporativa
Leituras recomendadas
CLARKE, T. Theories of corporate governance: the philosophical fundations of corporate
governance. Oxon: Routledge, 2004.
SILVEIRA, A. M. Governança corporativa no Brasil e no mundo: teoria e prática. Rio de
Janeiro: Elsevier Brasil, 2015.
O controle como função
da administração pública
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
As práticas de governança corporativa surgiram como uma alternativa
para proteger os interesses dos acionistas e da empresa no longo prazo,
protegendo-a de desvios e falhas decorrentes da busca por ganhos no
curto prazo que podem comprometer o futuro do negócio. Esses desafios
se assemelham muito aos enfrentados pela gestão pública, em especial
no Brasil, em que os principais gestores dependem das eleições a cada
4 anos e podem buscar ganhos ilegítimos nesse período.
Nesse sentido, inovações legislativas trouxeram importantes ferramen-
tas para o gestor público, que conta com o auxílio dos demais poderes
para que haja transparência na administração pública.
Neste texto você vai aprender que, para a boa gestão pública, pro-
cessos internos e externos de controle são fundamentais para que os
princípios prescritos na legislação vigente sejam aplicados.
Controle legislativo
O controle legislativo é aquele realizado no âmbito dos órgãos auxiliares e dos
parlamentos do Poder Legislativo. Ele abrange o controle político do próprio
exercício da função administrativa e o controle financeiro da gestão dos gastos
públicos dos três Poderes.
Os instrumentos de controle legislativo mais relevantes estão previstos nos
seguintes dispositivos constitucionais (BRASIL, 1988):
a) art. 48, X: “Cabe ao Congresso Nacional legislar sobre criação e extinção
de Ministérios e órgãos da administração pública”;
b) art. 49, V: “É da competência exclusiva do Congresso Nacional sustar
os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regu-
lamentar ou dos limites de delegação legislativa”;
O controle como função da administração pública 35
https://goo.gl/wcWQ
https://goo.gl/Xk4co
36 O controle como função da administração pública
Estabelecer objetivos
e padrões de
desempenho
Comparar o
desempenho atual com
os objetivos ou padrões
Figura 2. Lei de responsabilidade fiscal e suas regras para o controle interno de despesas
públicas.
Fonte: Monólitos (2016).
42 O controle como função da administração pública
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF, 1988. Dis-
ponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>.
Acesso em: 31 out. 2017.
BRASIL. Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. Brasília, DF, 2011. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm>. Acesso em: 29
out. 2017.
BRASIL. Lei de Responsabilidade Fiscal. Tesouro Nacional, Brasília, DF, 2000. Disponível
em: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/pt_PT/lei-de-responsabilidade-fiscal>.
Acesso em: 31 out. 2017.
BRASIL. Portal da Transparência. Brasília, DF, 2017. Disponível em: <http://www.por-
taltransparencia.gov.br/>. Acesso em; 31 out. 2017.
DUARTE, L. Administrar bem, lucrar sempre. Controle: a quarta função da adminis-
tração. IDEAGRI, Belo Horizonte, 2012. Disponível em: <http://ideagri.com.br/plus/
modulos/noticias/ler.php?cdnoticia=561>. Acesso em: 31 out. 2017.
MEIRELLES, H. L. Direito Administrativo Brasileiro, 17. ed. São Paulo: Malheiros, 1990.
MONÓLITOS. Lei de Responsabilidade Fiscal é alvo de desprezo em gestões de prefei-
turas no Sertão Central. Monólitos POST, Quixadá, 2016. Disponível em: <http://www.
monolitospost.com/2016/10/24/lei-de-responsabilidade-fiscal-e-alvo-de-desprezo-
-em-gestoes-de-prefeituras-no-sertao-central/>. Acesso em: 31 out. 2017.
RAMIS, D. D. Controle da administração pública. Âmbito Jurídico, Rio Grande, v. 6, n.
108, jan 2013. Disponível em: <http://ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_ar-
tigos_leitura&artigo_id=12667>. Acesso em: out . 2017.
TAKEDA, T. Diferenças entre controles interno e externo. Jurisway, 2009. Disponível
em: <https://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=1136>. Acesso em: 13 ago. 2017.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Governança pública: referencial básico de gover-
nança aplicável a órgãos e entidades da administração pública e ações indutoras
44 O controle como função da administração pública
Leituras recomendadas
MAZZA, A. Curso de Direito Administrativo. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
MOREIRA NETO, D. F. Curso de Direito Administrativo. 16. ed. São Paulo: Forense, 2014.
Governança estratégica
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar sobre a aplicação da governança cor-
porativa no contexto estratégico, entendendo os processos e atores que
relacionam a governança e a gestão empresarial.
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
Definição de propósitos, contribuição na definição de guidelines para gestão, emissão de
expectativas de resultados alinhados às demandas dos grupos acionários
DIRETORIA EXECUTIVA
Planejamento estratégico, planejamento de negócios, planejamento orçamentário e execução
Uma empresa de direito público carece tanto de uma boa governança quanto
uma empresa de direito privado, porém, no caso da pública, é importante
considerar no sistema de governança a participação de pessoas da sociedade.
Ou seja, basicamente, a principal diferença entre esses dois tipos de empresa é
que, enquanto as companhias privadas pertencem a sócios e/ou acionistas, as
empresas públicas pertencem ao governo e às sociedades. Por isso os projetos
participativos são o caminho para o fortalecimento da governança pública:
quanto mais as pessoas participarem e se envolverem com a estratégia das
organizações que são do governo, mais assertivos serão os resultados destas.
Nesse sentido, você pode perceber que, ao invés da estrutura de propriedade
“tradicional” (composta por acionistas), a empresa pública terá todos os mem-
bros da sociedade como seus “sócios”– e ela precisa se organizar para conseguir
que a empresa atenda a maioria desses “sócios” em suas ações.
Implementação da estratégia
O foco da governança estratégica é o exercício de garantir que a empresa
consiga atingir seus objetivos por meio da execução e implementação do
planejamento. Hrebiniak (2006, p. 1) faz uma simples e direta afirmação sobre
isso: “formular estratégias é difícil. Fazer a estratégia funcionar, implementando
ou executando ela através de toda a organização, é ainda mais difícil”. É com
base nessa provocação que você vai entender como ocorre – de maneira mais
detalhada – a implementação da estratégia, e como o ambiente da governança
pode fazer esse processo ser mais efetivo.
Para compreender a implementação da estratégia é importante entender por
que ela é ainda mais complexa que o seu planejamento. A razão mais direta e
simples para isso é o fato de que a estratégia somente irá gerar resultados se for
implementada. Ou seja, nada é garantido quando o planejamento está apenas
no papel e ainda não foi para a prática. Além disso, também é importante
considerar que a implementação leva muito mais tempo para ser concluída do
que o planejamento – assim como envolve um número muito maior de pessoas.
O contexto, a cultura, a motivação das pessoas, a qualidade das informações
e muitos outros fatores podem vir a ser, nesse cenário, aliados ou ofensores
do processo de execução.
50 Governança estratégica
Estratégia
corporativa
Estrutura/
integração corporativa
Estratégia de negócio
e objetivos de
curto prazo
Estrutura
de negócio
Controles
e incentivos
fim, deve ser considerado um sistema de incentivos ligados aos objetivos que
foram traçados. É muito importante que a empresa saiba trabalhar com uma
política de recompensas que seja justa e transparente.
https://goo.gl/fxwjQC
FAMA, E. F.; JENSEN, M. C. Separation of ownership and control. Journal of Law and
Economics, Chicago, v. 26, n. 2, p. 301–25, Jun. 1983.
HREBINIAK, L. G. Obstacles to effective strategy implementation. Organizational
dynamics, Amsterdam, v. 35, n. 1, p. 12-31, 2006.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA. Boas práticas de governança
corporativa para sociedades de economia mista. São Paulo: IBGC, 2015. Disponível em:
<http://www.ibgc.org.br/userfiles/files/2014/files/Arquivos_Site/Caderno14.PDF>.
Acesso em: 11 out. 2017.
Leituras recomendadas
CHARAN, R. Governança corporativa que produz resultados: como integrar conselhos
de administração e diretorias para gerar vantagem competitiva. Rio de Janeiro:
Elsevier Brasil, 2005.
Governança estratégica 55
Introdução
Organizações são arranjos humanos complexos em busca de objetivos e
resultados. Porém, nem sempre os objetivos são compartilhados ou en-
tendidos de maneira similar entre todas as partes que compõem o sistema
organizacional. Algumas lideranças podem ter objetivos conflitantes com
os da organização e utilizar os recursos da organização em busca destes
objetivos. A governança se apresenta como uma poderosa ferramenta
para assegurar que os objetivos das principais partes interessadas – sócios
e investidores – não sejam preteridos frente a objetivos de curto prazo.
Neste texto você vai estudar a empresa como um sistema e suas
inter-relações com o ambiente, identificando como os controles podem
ser úteis para a dinâmica organizacional e servir como uma fonte de
informação crucial para as práticas de governança.
58 A empresa como sistema e seu ambiente
Quanto mais o seu negócio cresce, maior a necessidade de pessoas. Um bom exemplo
disso é o Walmart, uma rede de varejo com atuação em diversos países do mundo.
O Walmart é reconhecido por sua eficiência logística e seus preços baixos: oferece
produtos dos mais diversos tipos, de alimentos a roupas e materiais de escritório,
para milhões de pessoas, gerando praticidade e tornando a vida dessas pessoas mais
agradável. Para isso, em 2016, o Walmart contava com 2 milhões e 100 mil colaboradores
diretos, sem contar fornecedores e parceiros. É praticamente quatro vezes a população
de Miami, por exemplo.
Dessa forma, cada pessoa dentro da empresa passa a ter uma função que
vai além do seu cargo: é fundamentalmente uma razão de estarem ali, todos
eles; desde o funcionário que foi recém contratado para uma tarefa simples e
manual (como um repositor de prateleiras, no exemplo de um supermercado),
até o executivo chefe (CEO). Todos recebem atribuições e metas, que precisam
ser previstas e monitoradas. Afinal, essas tarefas representam interesses e ob-
jetivos que necessitam estar alinhados, garantindo a prevalência do interesse da
organização ao invés dos objetivos individuais das pessoas ou departamentos.
Como resultado, o avanço nas práticas de departamentalização e controle
administrativos levaram ao surgimento do gerenciamento de processos.
Gerenciamento de processos
Inicialmente é importante estabelecer a diferença entre gestão de processos e
gestão por processos, conforme as definições de Ferreira (2013):
Conflito de agentes
Fatores como a crescente internacionalização das atividades empresariais têm pro-
movido uma maior dispersão da propriedade e, portanto, uma nítida separação desta
com a direção da empresa.
Essa contraposição de interesses cria o chamado “conflito de agentes”, definido pela
disparidade de acesso às informações do negócio existente entre os proprietários,
dispersos e, por isso, débeis, e os administradores, possuidores de total acesso a
informações privilegiadas. Essa situação transforma o proprietário na parte fraca e o
administrador na parte forte do negócio.
Enquanto os administradores estão mais preocupados em maximizar os resultados
das avaliações de gestão dos períodos correspondentes à sua atuação, os investidores
acionistas estão preocupados com o longo prazo e desejam que as condições de
benefícios sejam mantidas ao longo do tempo (AVALOS, 2009).
Para conhecer mais sobre as boas práticas de governança, você pode acessar a íntegra
do “Código de melhores práticas de governança corporativa” (INSTITUTO BRASILEIRO
DE GOVERNANÇA CORPORATIVA, 2015).
1. entorno do controle;
2. avaliação de riscos;
3. atividades de controle;
4. informação e comunicação;
5. supervisão.
Introdução
Os investidores procuram aumentar seus lucros e fugir das possíveis perdas
perguntando-se, de forma recorrente: qual é o melhor investimento? A
resposta vai depender dos objetivos de cada investidor e do seu perfil
de risco (conservador, moderado ou arrojado).
Neste texto, você vai aprender sobre os objetivos dos investidores
(que podem ser gerais ou específicos), conhecer os perfis de risco mais
utilizados e descobrir como minimizar os riscos de investimento em
empresas, a partir das boas práticas de governança corporativa.
A tendência natural é que você queira aumentar os seus lucros e fugir das
possíveis perdas:
PERDA
LUCRO
Objetivos específicos
Você já deve ter ouvido a expressão “não sei se caso ou compro uma bicicleta”.
Isso expressa bem como são delimitados os objetivos específicos dos inves-
tidores: dependem do seu momento de vida, de como o capital investido será
utilizado no futuro e do prazo em que o valor poderá permanecer aplicado.
Suponha que você tenha o objetivo específico de utilizar o capital investido
em uma viagem de férias, que irá acontecer daqui a quatro meses. Certamente
é mais interessante você usar o seu capital em uma aplicação de curto prazo.
Objetivo dos investidores 75
Digamos que daqui a quatro anos você queira comprar um carro. Com um
pouco mais de tempo, o investidor tem mais opções. É possível, por exemplo,
abrir mão da liquidez diária para obter uma rentabilidade maior.
76 Objetivo dos investidores
https://goo.gl/CtQqxZ
https://goo.gl/znPS9L
80 Objetivo dos investidores
Novo mercado
Conheça algumas regras do Novo Mercado relacionadas à estrutura de go-
vernança e direitos dos investidores:
https://goo.gl/bnxCPq
82 Objetivo dos investidores
A Operação Lava Jato (maior investigação sobre corrupção conduzida até hoje no Brasil)
descobriu a existência de um vasto esquema de corrupção na Petrobras, empresa que
tinha várias práticas de boa governança descritas em seu relatório de sustentabilidade.
ÁVILA, L. Perfil Investidor: análise de perfil de investidor – API. Clube dos Poupadores,
2017. Disponível em: <www.clubedospoupadores.com/perfil-investidor
BM&FBOVESPA. Ações. B3, São Paulo, 2017. Disponível em: <http://www.bmfbovespa.
com.br/pt_br/produtos/listados-a-vista-e-derivativos/renda-variavel/empresas-lista-
das.htm#>. Acesso em: 2 out. 2017.
FRAN, R. Conheça os significados diferentes de sonhar com casa. Astrocentro, São Paulo,
2017. Disponível em: <https://www.astrocentro.com.br/blog/sonhos/significados-
-sonhar-com-casa/>. Acesso em: 02 out. 2017.
84 Objetivo dos investidores
HARADA, E. Perfil de Investidor: qual é o seu? Tudo sobre investimentos, 2016. Dispo-
nível em: <http://tudosobreinvestimentos.com/perfil-de-investidor/>. Acesso em:
02 out. 2017.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA. Código das melhores práticas
de governança corporativa. 5. ed. São Paulo: IBGC, 2015.
IVENS. Lista de Prioridades. Ivens Miranda, 2013. Disponível em: <https://ivensmiranda.
wordpress.com/2013/08/>. Acesso em: 02 out. 2017.
MESSEM. Saiba qual é a melhor aplicação financeira para o seu perfil. Messem Educa-
ção Financeira, São Paulo, 2017. Disponível em: <http://blog.messem.com.br/saiba-
-qual-e-a-melhor-aplicacao-financeira-para-o-seu-perfil/>. Acesso em: 02 out. 2017.
NAVARRO, C. 4 Hábitos Presentes em Todo Investidor de Sucesso. Dinheirama, Itajubá,
2014. Disponível em: <http://dinheirama.com/blog/2014/05/26/habitos-investidor-
-de-sucesso/>. Acesso em: 02 out. 2017.
ROHIM, A. Carro vermelho engraçado dos desenhos animados. Dreamstime, Brentwood,
2017. Disponível em: <https://pt.dreamstime.com/ilustra%C3%A7%C3%A3o-stock-
-carro-vermelho-engra%C3%A7ado-dos-desenhos-animados-image76886687>.
Acesso em: 02 out. 2017.
VERS CONTABILIDADE. Férias síndico. Belo Horizonte, 2017. Disponível em: <http://
www.verscontabilidade.com.br/wp-content/uploads/2016/12/F%C3%A9rias-
s%C3%ADndico.png>. Acesso em: 02 out. 2017.
Leituras recomendadas
BREALEY, R. A.; MYERS, S. C.; ALLEN, F. Princípios de finanças corporativas. 10. ed. Porto
Alegre: AMGH, 2013. 904 p.
BRITO, N. R. O. Alocação de ativos. Porto Alegre: Bookman, 2006.
EITEMAN, D. K.; STONEHILL, A. I.; MOFFETT, M. H. Administração financeira internacional.
12. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. 624 p.
GAMBLE, J. E.; THOMPSON JR., A. A. Fundamentos da administração estratégica: a busca
pela vantagem competitiva. 2. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. 376 p.
GARRISON, R. H.; NOREEN, E. W. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Ltc, 2001.
GHILLYER, A. W. Ética nos negócios. 4. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. 240 p. (Série A).
HUBBARD, R. G.; O’BRIEN, A. P. Introdução a economia. 2. ed. Porto Alegre: Bookman,
2010.
JACOBS, F. R.; CHASE, R. B. Administração de operações e da cadeia de suprimentos. 13.
ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. 750 p.
Objetivo dos investidores 85
Introdução
A análise do que uma empresa gasta em suas atividades é necessária
para que as entidades cheguem mais perto de um dos mais comuns
objetivos, que é a obtenção de lucro.
Neste capítulo, você vai conhecer a análise do lucro-alvo e a análise do
ponto de equilíbrio. Tais análises são usadas para responder perguntas a
respeito de, por exemplo, quanto seria necessário vender para obter um
lucro de US$10 mil por mês, ou quanto seria preciso vender para evitar
incorrer em prejuízo.
Lucro-alvo
Lucro-alvo é o lucro que se deseja atingir na produção de um bem ou serviço.
“Na análise do lucro-alvo, estimamos qual volume de vendas é necessário
para alcançar determinado lucro-alvo” (GARRISON; NOREEN; BREWER,
2013, p. 198). Por exemplo, digamos que a Vinícola Aurora deseja saber qual
o nível de vendas necessário do Vinho Aurora Millésime Cabernet Sauvignon
2012 para atingir um lucro-alvo de R$500 mil por ano. Para responder a essa
questão, podemos utilizar o método da equação ou o método da fórmula
(GARRISON; NOREEN; BREWER, 2013, p. 198).
Antes de você conhecer os cálculos, precisa saber um conceito muito
importante, que é o da margem de contribuição.
88 Análise do lucro-alvo e do ponto de equilíbrio
Margem de contribuição
Imagine que você vai a uma pizzaria e pede uma pizza de oito fatias ao preço
de R$100,00. A pizza é excelente, o lugar é bem frequentado, tem um bom
ambiente, e o dono da pizzaria é um grande amigo seu. Apesar de o dono ser
seu amigo e você realmente apreciar o produto, você acha que o valor cobrado
é elevado. Ao final da noite, pede uma explicação para saber que cálculo é feito
para chegar ao preço de R$ 100,00 pela pizza. O dono do estabelecimento faz
um pequeno esboço, que pode ser visto no Quadro 1.
Margem de
contribuição
Materiais
diretos
Tributos
Mão de obra
direta
Figura 1. Representação gráfica da margem de contribuição no
exemplo da pizzaria.
Os gastos variáveis totais podem ser escritos como gastos variáveis uni-
tários multiplicados pela quantidade vendida, e os custos fixos totais serão
deslocados para o lado da equação que contém o lucro, pois ambos são as
necessidades da empresa. Logo:
(Preço × Quantidade) – (Gastos var. unit. × Quantidade) = Gastos fixos totais + Lucro
Abreviando:
Q × Mc = GF totais + L
Aplicamos a equação:
Q = 340 pizzas
Ponto de equilíbrio
Você aprendeu que toda empresa tem gastos fixos e gastos variáveis na sua
atividade, e a soma desses gastos resulta nos gastos totais com sua operação.
Se representássemos graficamente os gastos da empresa, poderíamos ver
que os gastos fixos têm comportamento “horizontal”, ou seja, não variam
com o aumento do nível de atividades ou com o volume de vendas. Já os
gastos variáveis oscilam de acordo com o volume de atividade, ou seja, um
aumento no volume de vendas aumentará os gastos variáveis. A Figura 2 traz
a representação gráfica dos gastos fixos, dos variáveis e do gasto total.
Gasto Total
Gasto
(R$)
Gasto Variável
Gasto Fixo
Receitas
Valor
(R$) Gasto Total
Q × Mc = GF total + L
Q × R$ 25,00 = R$ 3.500,00 + 0
×
Leia mais sobre ponto de equilíbrio no livro: Custos, uma abordagem prática, de René
Gomes Dutra (capítulo 7, “Análise custo-lucro-volume”).
Margem de segurança
A margem de segurança, segundo Dutra (2010), é a diferença que existe entre
o nível de atividade considerado normal e o ponto de equilíbrio, ou seja, é o
“espaço” existente entre eles. Quanto maior a distância do ponto de operação
normal e o ponto de equilíbrio, menor é o risco de a empresa ter prejuízo por
redução no seu volume de produção ou de vendas.
94 Análise do lucro-alvo e do ponto de equilíbrio
Considere que a pizzaria vende, em média, 200 pizzas por mês ao valor de
R$ 100,00. Como vimos, seu ponto de equilíbrio é de 140 unidades. A margem
de segurança (MS) da pizzaria pode ser expressa em quantidade, em valor ou
em percentual, como podemos ver a seguir (exemplo adaptado de Dutra (2010):
COELHO, F. S. Gestão estratégica de custos. Rio de Janeiro: FGV, 2007. Disponível em:
< http://fabianocoelho.com.br/material-academico.html >. Acesso em: 04 abr. 2017.
Apostila elaborada para o MBA em Gestão Empresarial.
DUTRA. R. G. Custos: uma abordagem prática. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
GARRISON, R. H.; NOREEN, E. W.; BREWER, P. C. Contabilidade gerencial. 14. ed. Porto
Alegre: AMGH, 2013.
Rentabilidade
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A governança corporativa é fruto de novos arranjos organizacionais. Com
o avanço na especialização das atividades internas de uma empresa e a
expansão de suas atividades, seja geograficamente, seja no escopo de
bens e serviços ofertados, aumenta também a complexidade da gestão,
o que torna necessária a existência de estruturas de governança.
Estas estruturas são bastante populares atualmente, pois conduzem
a melhores desempenhos organizacionais. O objetivo deste capítulo
é compreender como as práticas de governança se relacionam com a
geração de valor e a rentabilidade dos negócios.
como uma filosofia de controle, que zela para que sejam coibidas ações que
comprometam o futuro da empresa.
Essa interpretação está diretamente atrelada à recente disseminação da
necessidade da governança, extremamente ligada a casos de graves desvios
éticos. Um dos casos de maior destaque é o escândalo da Enron, em 2001, uma
companhia de energia americana que escondia bilhões de dólares em despesas
nos seus balancetes, emitindo balanços públicos nos quais apresentava grandes
lucros, que na prática não existiam. O desvio impactou milhares de pequenos
acionistas que apostavam na solidez da empresa como uma alternativa para
seus investimentos.
Porém, ainda que a governança esteja relacionada com o controle, há um
compromisso ainda maior com o futuro do negócio. Esse cuidado envolve
desde as decisões estratégicas do conselho de administração que visem ex-
plorar oportunidades de negócios rentáveis até a busca pela sustentabilidade
operacional e financeira nas operações atuais da empresa.
Assim, fica evidente que o foco da governança corporativa não é cercear
as ações de diretores e gerentes por meio de medidas de controle, e sim a
implantação de procedimentos que contribuam de maneira mais significativa
para que as decisões tomadas hoje no negócio sejam as melhores para o seu
futuro. Esse compromisso com a criação de valor se reflete na percepção
dos acionistas e investidores sobre o negócio, gerando um ciclo positivo de
crescimento.
Conforme Silva (2014), um dos estudos mais conhecidos sobre o valor da
governança corporativa foi produzido pela McKinsey Company. Na pesquisa,
foram entrevistados diversos investidores da Europa, Ásia e América Latina,
com o objetivo de determinar se eles estariam dispostos a pagar mais por uma
empresa com boas práticas de governança corporativa e avaliar quanto valeria
o “prêmio” pela boa governança. De acordo com os resultados, mais de 80%
dos entrevistados estariam dispostos a pagar mais por uma empresa com
boas práticas de governança corporativa, e 75% dos investidores afirmaram
considerar a governança tão importante quanto o desempenho financeiro
(SILVA, 2014).
Na Figura 1, é possível ver o “prêmio” que os investidores de cada país
estariam dispostos a pagar pela governança. Importante reforçar que, quando
nos referimos a prêmio neste contexto, estamos nos referindo a uma compara-
ção, como se fosse dado ao investidor a opção de escolher entre duas empresas
hipotéticas do mesmo segmento, com a mesma receita, a mesma performance
e iguais expectativas futuras, sendo que a única diferença entre elas seria que
uma possui práticas de governança corporativa instauradas, e a outra não.
Rentabilidade 99
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24 24 24 23 23 22 21 20 19 18 16 14 14
5 12
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https://goo.gl/UDAeUY
https://goo.gl/1ue6m2
Esta é apenas uma das razões para que negócios com boas práticas de
governança tenham melhor performance. Além dela, ficam evidentes mais
alguns aspectos, listados a seguir.
Estas são apenas algumas razões pelas quais a governança está direta-
mente ligada à melhoria no desempenho empresarial. Esse fato pode ainda
ser verificado, por exemplo, na pesquisa realizada pelo banco francês Credit
Lyonnais, que comparou o desempenho de 115 empresas ao longo de cinco
anos. Para a análise, as empresas foram segmentadas em diferentes grupos,
segundo parâmetros do que seria considerado um padrão de boas práticas,
conforme consta a seguir:
Bovespa
Mais (a
Novo partir de
Mercado Nível 2 Nível 1 23/5/2014) Tradicional
Transparência
1. A empresa publica seus relatórios financeiros no prazo estabelecido pela lei?
2. A empresa adota padrões internacionais de contabilidade (USGAAP ou IASB)?
3. A empresa contrata firmas de auditoria com reputação global?
4. A empresa divulga a remuneração do CEO e dos conselheiros?
Conselho de Administração
5. O presidente do conselho e o CEO são pessoas diferentes?
6. O conselho é formado claramente por membros independentes?
7. O conselho tem comitês especializados (auditoria, remuneração, etc.)?
8. Existe um conselho fiscal permanente?
Conflitos
9. A razão entre o percentual no capital votante e o percentual no capital total detido
pelo acionista controlador é menor ou igual a um?
10. A CVM nunca condenou ou investigou a empresa por más práticas de governança
corporativa ou por violação à legislação do mercado de capitais?
11. A empresa utiliza arbitragem para resolver conflitos societários?
Direitos dos Acionistas
12. A empresa facilita o processo de votação além do exigido pela lei?
13. A empresa concede direitos adicionais de voto aos acionistas além do exigido pela lei?
14. A empresa concede direitos adicionais de tag along além do exigido pela lei?
15. Os acordos entre acionistas, se existirem, diminuem o poder dos acionistas
controladores?
Transparência
Neste bloco são computadas pontuações de acordo com a transparência do
negócio quanto aos seus números. A divulgação dos dados financeiros dentro
dos requisitos e prazos legais, a adequação às mais modernas normas contá-
beis – como USGAAP –, a abertura para auditorias externas e a divulgação
da remuneração dos principais diretores são os aspectos determinantes para
uma boa pontuação neste bloco.
USGAAP é a sigla para United States Generally Accepted Accounting Principles, que são
os princípios de contabilidade geralmente aceitos nos Estados Unidos. É um padrão
contábil adotado mundialmente, o que facilita a prática de auditorias independentes
e confere mais credibilidade aos relatórios contábeis.
Conselho de administração
O conselho de administração é um dos principais determinantes do sucesso da
implantação de práticas de governança. A constituição inadequada do conselho
pode comprometer todo um trabalho de normatização. Assim, neste bloco o
índice investiga se o presidente do conselho e o CEO são figuras diferentes,
o que diminui os conflitos de interesse. Verifica também se os membros do
conselho têm independência para participar de forma isenta das decisões,
além de incentivar a existência de comitês especializados e um conselho fiscal
permanente para controle do conselho.
Rentabilidade 107
Conflito de interesses
No terceiro bloco é avaliado o equilíbrio de interesses entre as partes. O
objetivo é verificar se o controlador não possui interesses que possam ser
divergentes dos acionistas minoritários e, havendo estas divergências, iden-
tificar como elas são resolvidas. Aqui, a prática de arbitragem e a ausência
de investigação pela CVM se constituem em pontos positivos para o índice.
Tag along é uma garantia aos acionistas minoritários na eventual venda da empresa.
Ela garante que, caso o acionista minoritário queira vender suas ações em virtude da
troca dos controladores, ele receba o valor dessas ações na cotação anterior ao aviso
de venda, estando protegido assim de uma eventual queda nos preços de suas ações
pelo comunicado.
108 Rentabilidade
1 16,50% 0,75%
2 33% 1,50%
3 49,50% 2,25%
4 66% 3,00%
5 82,50% 3,75%
6 99% 4,50%
7 115,50% 5,25%
8 132% 6,00%
9 148,50% 6,75%
10 165% 7,50%
11 181,50% 8,25%
12 198% 9,00%
13 214,50% 9,75%
14 231% 10,50%
15 247,50% 11,25%
Leitura recomendada
GUERRA, S. A caixa preta da governança. Rio de Janeiro: Best Business, 2017.
Introdução ao
armazenamento e
gerenciamento de
informações
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Atualmente, com a facilidade de compartilhamento de materiais via web,
todas as pessoas e instituições estão muito preocupadas com a confia-
bilidade e segurança das suas informações, como vídeos, músicas, fotos,
documentos de texto ou outras fontes. Assim, no ambiente organizacional,
é indispensável o gerenciamento das informações para garantir a melhor
forma de controle e armazenamento dos dados.
Neste texto, você vai ver como funciona o armazenamento de dados
e o gerenciamento de informações em ambientes corporativos.
documentos de texto;
planilhas eletrônicas;
arquivos de som;
arquivos de imagem;
arquivos de vídeo;
códigos de programas;
bancos de dados.
116 Introdução ao armazenamento e gerenciamento de informações
Vale lembrar que existe uma infinidade de tipos de dados. Por isso, esteja
atento às tendências de mercado, bem como às necessidades da corporação.
Dessa forma, podemos pensar em um cenário fictício para ilustrar os tipos
de dados e fazer o levantamento das necessidades relacionadas ao armazena-
mento de dados em uma empresa. Neste exemplo, vamos tomar como base o
nicho de mercado de uma empresa de publicidade e propaganda.
Na empresa fictícia, a maior parte dos dados encontra-se atualmente em
formato digital e fica armazenada nos discos dos servidores da empresa. A
função destes servidores de armazenamento é prover um repositório de leitura
e gravação das informações. Se a empresa tiver um portfólio mais antigo de
clientes, os dados podem estar em formato bruto, como é o caso de fotos,
revistas, papéis e demais formas de conteúdo impresso não digitalizado.
Na empresa em questão, os dados digitais armazenados são músicas
(formato MP3), videoclipes (MPEG), imagens (JPEG), contratos (PDF) e
planilhas de custos (XLS). Esses arquivos devem ter um armazenamento de
Introdução ao armazenamento e gerenciamento de informações 117
longo prazo, pois podem servir para consultas posteriores. Com a facilidade
de acesso aos dados armazenados, ganha-se tempo, e os processos se tornam
mais dinâmicos. Logo, o administrador do sistema deverá se preocupar com
toda informação armazenada, seja ela bruta ou digital, bem como com o tempo
de armazenagem e espaço nas estruturas de armazenamento.
De uma forma geral, o nicho de mercado ao qual nossa empresa fictícia
pertence tende a consumir cada vez mais espaço de armazenamento de dados
digitais. Isso ocorre pelos fatores citados anteriormente, ou seja, o avanço con-
tínuo das tecnologias de processamento de dados, o menor custo das estruturas
de armazenamento, a facilidade no acesso aos dados armazenados e a rapidez
na comunicação, seja por meio da rede local da empresa, ou pela internet.
Existem ainda outros tipos de RAID. Vale lembrar que esta é uma estrutura
de evolução do armazenamento corporativo.
https://goo.gl/6EfIYd
https://goo.gl/y5Bo5Y
124 Introdução ao armazenamento e gerenciamento de informações
Referência
Introdução
O uso de indicadores financeiros é uma importante prática de governança
corporativa. Os indicadores expressam de maneira clara e mensurável uma
situação, evidenciando um determinado momento e apontando possíveis
ações. Podemos dizer que esses índices servem como termômetro para
avaliar a saúde financeira da organização e subsidiar a tomada de decisão.
A tomada de decisão é a escolha da melhor opção para o alcance de
um objetivo e se traduz em uma ação administrativa. Decidimos sobre
o processo produtivo, a alocação de recursos, o posicionamento de
mercado, as alternativas de crescimento. O ideal é o alcance do objetivo
de forma eficiente e eficaz, com o menor desperdício de dinheiro, tempo
e outros recursos.
Neste texto, você vai estudar os indicadores financeiros de saúde de
uma organização. Além de aprender sobre seus tipos e características,
você também relacionará esses indicadores à tomada de decisão e à
ação administrativa.
128 Principais indicadores da saúde financeira
Indicadores de liquidez
Liquidez corrente
Liquidez seca
Margem bruta
A margem bruta ou lucro bruto mede o percentual que sobrou das vendas, ou
o faturamento menos o custo das mercadorias vendidas. Representa o lucro
obtido em cada venda.
Margem líquida
Mede o percentual que sobrou das vendas menos o custo das mercadorias
vendidas (CMV) e despesas variáveis e fixas.
Despesas
Demonstra a eficiência da aplicação dos ativos, ou seja, quanto lucro eles estão
gerando por período. É um dos indicadores mais utilizados para a análise da
rentabilidade de investimentos.
Giro do ativo
Este indicador relaciona o total das vendas produzidas com o ativo da empresa.
Corresponde a um índice de eficiência no uso dos ativos.
Grau de endividamento
Grau de endividamento = (passivo circulante + passivo não circulante) × 100 ativo total
Composição de endividamento
Composição de endividamento = passivo circulante × 100 (passivo circulante + passivo não circulante)
Indicadores de atividade
Ciclo operacional
Outros indicadores podem ser utilizados para aferir a saúde financeira de uma organi-
zação. Entre eles, o Ebitda, o EVA e o MVA. Você pode saber mais sobre estes e outros
indicadores consultando o livro “Governança Corporativa nas Empresas”, de Edson
Cordeiro da Silva (2012b).
https://goo.gl/tSd7DV
Leitura recomendada
TÓFOLI, I. Administração financeira empresarial. São José do Rio Preto: Raízes, 2012.
U N I D A D E 2
A importância da
governança corporativa
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A globalização cada vez mais presente nas atividades de mercado tem
trazido desafios permanentes e intensos para as organizações de diferen-
tes portes e setores. Novas abordagens, processos e desafios de gestão
têm emergido para dar conta dessas alterações sociais e do mercado
e que tanto têm impactado o dia a dia da gestão das empresas. Nesse
sentido, o conceito de governança corporativa vem ganhando cada vez
mais destaque na seara acadêmica e do mercado. Tal notoriedade deve-se,
especialmente, aos escândalos financeiros em diversas empresas ameri-
canas e, mais recentemente, aos casos de corrupção no cenário brasileiro.
Este texto tem como desafio demonstrar a importância da governança
corporativa nos dias atuais para as organizações. Sua relevância para a
gestão, os acionistas e todas as partes envolvidas. Especificamente, será
abordada a importância da governança partindo de três vértices prin-
cipais: a importância da governança para a performance organizacional,
para a concepção da estratégica e para a relação com os stakeholders.
142 A importância da governança corporativa
O aprimoramento da performance
As organizações são desafiadas a atingir e superar suas metas de desempenho.
No entanto, para que elas consigam alcançar tais metas, é necessário que
definam padrões de desempenho por meio do gerenciamento. De acordo
com Kaplan e Norton (1997), a sobrevivência de uma organização depende
de um sistema de gestão e da medição de desempenho, fruto da definição de
estratégias; quando não ocorre a medição do desempenho, este não pode ser
gerenciado. Campos (1998, p. 15), por sua vez, declara que “o que você medir
é o que você terá. […] Não se pode administrar o que não se pode medir”.
Dias (2007) afirma que o gerenciamento de uma empresa por meio de um
sistema de mensuração de desempenho frequentemente é visto como essencial.
No entanto, essa medição é tratada de maneira reativa ou, ainda, com pouco
comprometimento por parte dos gestores. Apesar de os empresários consi-
derarem que os indicadores de desempenho e a mensuração de desempenho
são ferramentas importantes para a saúde de suas empresas, com frequência a
rotina de medição é negligenciada, tornando a gestão um processo de alto risco.
Rummler e Brache (1994) afirmam que o gerenciamento do desempenho só
pode ser realizado quando existe um processo de medição. Quando este estiver
ausente, o gerenciamento não permite identificar adequadamente os proble-
mas, não torna claro o que se espera de cada executante e, consequentemente,
inviabiliza a adequada tomada de decisão e a retroalimentação do processo,
crucial para o aprimoramento contínuo. Para os autores, o desempenho de uma
organização é verificado nos níveis organizacional, de processo e de execução.
A mensuração advém da necessidade de obtenção de resultados em um
cenário de mudanças ambientais e de crescente qualificação de competidores.
Nesse ambiente competitivo, torna-se fundamental gerenciar a organização
e seus processos a partir de indicadores capazes de refletir a performance da
corporação, indo ao encontro dos objetivos estratégicos estabelecidos.
Assim, os indicadores de desempenho se referem à forma como os resul-
tados são medidos e devem estar dentro de parâmetros aceitáveis, podendo ser
descritivos ou numéricos. Para Harrington (1993), essas medições devem ser
baseadas, principalmente, na eficiência e na eficácia. A eficiência se refere à
utilização dos recursos – por exemplo, tempo, pessoas e materiais – deman-
dados pela atividade para a geração da saída do processo. Ao se minimizar os
recursos necessários em um processo, aumenta-se a eficiência. Já a eficácia
indica o quanto a(s) saída(s) da(s) atividade(s) satisfaz(em) as expectativas do
cliente. A medição da eficácia deve contemplar o que o cliente deseja.
144 A importância da governança corporativa
Conselho
de Família Governança
Sócios
Auditoria
interna C. Auditoria Comitês
Diretor-
presidente
Diretores
Administradores
Gestão
Figura 1. Estrutura da governança corporativa.
Fonte: Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (2017).
https://goo.gl/1wjsLf
uma concepção da organização como uma rede formada por diversos atores
com interesses no funcionamento desta (DONALDSON; PRESTON, 1995).
Dessa forma, novas dimensões do pensamento sistêmico são incorporadas na
gestão das empresas (KATZ; KAHN, 1987).
Clarkson (1995) propõe uma divisão direta dos stakeholders com interesses,
demandas ou direitos similares em dois grupos: primários e secundários. O
critério para divisão é a existência ou não de contrato formal com a organização
(clientes, fornecedores e empregados) ou autoridade direta sobre a empresa
(proprietários e agências reguladoras). O autor defende que os stakeholders
primários são aqueles que possuem um elevado nível de interdependência com
a organização, compreendendo empregados, clientes, fornecedores e acionistas,
além do governo e das agências reguladoras, os quais são responsáveis pelas leis
e normas a que a empresa está submetida e que fornecem a infraestrutura para
seu funcionamento. Para o autor, estes grupos fazem parte da organização, e o
objetivo da empresa deve ser criar riqueza e valor para todos os stakeholders
primários em vez de exclusivamente para os acionistas e diretores.
Clarkson (1995) aponta como stakeholders secundários as organizações
religiosas, os grupos de advogados, as comunidades, os ativistas, os movi-
mentos sociais, os movimentos ambientalistas e outras organizações não
governamentais, entre outros.
Uma das missões da governança é garantir a simetria de informação entre
os diferentes stakeholders, ou seja, não permitir que algumas pessoas, em
virtude de suas posições e cargos, tenham acesso a informações privilegiadas
que possam lhes favorecer em detrimento de outros parceiros do negócio. Além
disso, a transparência (disclosure) no trato entre as partes deve fomentar um
ambiente de confiança que incentive a criação de valor para o negócio, seja por
meio do acesso facilitado ao capital financeiro, seja pela eficiência resultante
da busca por transparência nos processos.
https://goo.gl/tzT21a
150 A importância da governança corporativa
Leituras recomendadas
RODRIGUES, J. A.; MENDES, G. M. Governança Corporativa e Estratégia para Geração de
Valor. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004.
WOOD, D.; JONES, R. Stakeholders Mismatching: a theoretical problem in empirical
research on corporate social performance. The International Journal of Organizational
Analysis, Bingley, v. 3, n. 3, p.229-267, 1995.
Análise administrativa:
estruturas organizacionais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
O ordenamento, ou arranjo ótimo, dos recursos disponíveis é um processo
complexo que exige muita habilidade e competência dos administradores.
Uma das funções do administrador é a organização de uma empresa,
que consiste na definição de responsabilidades, poder, autoridade e
divisão do trabalho e no estabelecimento de mecanismos de interação.
Todas estas definições são frutos de decisões tomadas pelos adminis-
tradores com intuito de propiciar maior eficiência e eficácia à organi-
zação e, consequentemente, uma boa governança corporativa. A boa
governança corporativa está voltada para a criação de um ambiente de
negócios saudável e confiável, o que também é garantido pelo desenho
da estrutura organizacional.
Neste texto, você vai estudar as estruturas organizacionais. Você
irá aprender a identificar os elementos ligados às estruturas verticais e
horizontais das organizações, a reconhecer a função de organograma
e a diferenciar as características das organizações dos tipos funcional,
divisional, matricial e em rede.
154 Análise administrativa: estruturas organizacionais
Organizações verticais
Uma estrutura vertical apresenta diferentes níveis hierárquicos, iniciando-se,
na primeira linha, com o presidente da empresa, seguido pelo vice-presidente,
na segunda linha, os diretores, na terceira linha, os gerentes, na quarta linha e
assim seguindo, sucessivamente, até a base da pirâmide. O número de níveis
hierárquicos dependerá do tamanho da empresa. A quantidade de subordinados
diretos nesse tipo de estrutura é reduzida, devido a um maior número de níveis
hierárquicos (OLIVEIRA, 2002).
Já os postos de trabalho são agrupados por função, em departamentos,
promovendo assim uma maior especialização. O agrupamento por funções
promove a eficiência, principal objetivo das estruturas mecânicas, mas inibe
a inovação. Pessoas com as mesmas habilidades de conhecimento, em depar-
tamentos com baixa interação e autonomia, podem sacrificar os objetivos da
organização em prol dos objetivos dos departamentos ao limitar sua atuação.
Análise administrativa: estruturas organizacionais 155
Presidente
COMUNICAÇÃO
Diretores
Gerentes
Supervisores
Funcionários
Organizações horizontais
Segundo Ostroff (1999), a organização horizontal reduz níveis hierárquicos,
seja por eliminação de trabalhos que não agregam valor, seja pela transferência
de responsabilidades para os operadores de processos que possuem autonomia
de decisão sobre suas atividades. Os ocupantes dos cargos possuem, assim,
responsabilidades mais amplas, de acordo com as necessidades empresariais.
Em vez de especialistas, esta estrutura conta com grupos interdisciplinares
e autogeridos, em interação permanente. A comunicação ocorre no sentido
horizontal e vertical, facilitada pela livre circulação de informações. Com
156 Análise administrativa: estruturas organizacionais
Estrutura Estrutura
Vertical Horizontal
Henry Fayol, no início do século XX, descreveu o processo administrativo com a de-
finição de quatro funções: planejamento, organização, direção e controle. Planejar
abrange a definição de uma estratégia e também de metas e planos para alcançá-la.
Já a organização trata da definição das tarefas que devem ser realizadas, de quem
deve realizá-las, de como devem ser agrupadas, de quem se reporta a quem e de onde
as decisões devem ser tomadas. Direção abrange as atividades ligadas à gestão das
pessoas e de conflitos. E o controle envolve o processo de monitoração das atividades,
garantindo a realização do que foi planejado e a correção de rumos. Muito tempo se
passou, mas as funções administrativas são as mesmas ainda hoje.
Presidência
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https://goo.gl/vvFULQ
https://goo.gl/k45bC9
https://goo.gl/RioXU9
Estrutura funcional
Segundo Daft (2008), a estrutura funcional, também denominada estru-
tura tradicional ou clássica de organização, utiliza a função organizacional
como agrupamento. A organização se divide segundo diferentes funções,
como produção, finanças, recursos humanos, comercial, marketing, etc. Os
recursos alocados em cada departamento respondem a um único comando ou
autoridade. Além disso, cada área tem pessoas que possuem conhecimentos
e habilidades similares.
Análise administrativa: estruturas organizacionais 161
Presidência
Estrutura divisional
Com o crescimento e a diversificação das organizações, muitas vezes as
estruturas funcionais se reestruturam em estruturas divisionais, dada a difi-
culdade dos departamentos funcionais em gerenciar muitos produtos, clientes
ou regiões geográficas. Na estrutura divisional, as funções são agrupadas em
uma só divisão e multiplicadas em todas as divisões. Cada divisão contará
com um departamento de marketing, de finanças, de RH e assim por diante.
Esse tipo de estrutura é indicado para empresas que atuam em diferentes
mercados e, por isso, precisam de estratégias de comercialização específicas,
ou para organizações que possuem uma linha de produtos e uma carteira de
clientes diversificados. Na estrutura divisional, a empresa é segmentada em
unidades separadas e autossuficientes, e não por funções (DAFT, 2008).
O agrupamento da estrutura divisional pode ser feito por unidades de
produtos, de mercados ou de clientes. Todos os recursos necessários à produ-
ção são agrupados em uma unidade estabelecida de acordo com os objetivos
da organização. A Figura 6 mostra um exemplo de estrutura divisional com
unidades estabelecidas por área geográfica.
Análise administrativa: estruturas organizacionais 163
Presidência
RJ SP MG RS
Estrutura matricial
A estrutura matricial é utilizada por organizações que precisam focar em
funções e produtos ao mesmo tempo, maximizando os pontos fortes das
estruturas funcional e divisional. Um aspecto específico da estrutura matricial
é a dupla ou múltipla subordinação, em que o especialista responde aos
gerentes funcionais e aos gerentes de projetos simultaneamente, de acordo
com a atividade específica que desempenha em um determinado momento.
Essa dupla ou múltipla linha de comando pode causar conflitos de interesses
em relação a atividades, prioridades e tempo de dedicação a cada atividade,
por exemplo. A Figura 7 apresenta um exemplo de estrutura matricial.
Análise administrativa: estruturas organizacionais 165
Presidência
RH RH RH RH
Bons exemplos de estrutura matricial são as empresas que atuam por projetos: uma
agência de publicidade, por exemplo. Ela atua simultaneamente em projetos para
diversos clientes, compartilhando seus profissionais. Essa configuração permite que um
mesmo recurso esteja subordinado a mais de uma pessoa, de acordo com o projeto
em que esteja atuando, eliminando a unidade de comando.
166 Análise administrativa: estruturas organizacionais
Estrutura em rede
Uma estrutura em rede promove a interligação de uma organização com
outras organizações visando a sinergia para o alcance de objetivos específicos
e comuns. Dessa forma, uma organização pode ter um fornecedor na China,
um distribuidor na Alemanha, parte da produção em Hong Kong, e assim por
diante (DAFT, 2008). A Figura 7 traz um exemplo desse tipo de estrutura.
Análise administrativa: estruturas organizacionais 167
Qualidade Marketing
Recursos
Presidência Finanças
Humanos
Engenharia Operações e
Logística
Leituras recomendadas
CURY, A. Organização e métodos: uma visão holística. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
STONER, J. A. F.; FREEMAN, R. E. Administração. 5. ed. Rio de Janeiro: PHB, 1992.
Áreas meio e áreas
fim, staff e linha
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A partir do momento em que uma empresa cresce, torna-se necessário
dividir e alocar as atividades desempenhadas de maneira que o dese-
nho organizacional colabore com o sucesso dos processos, visando ao
aumento da performance, à diminuição dos custos e ao atingimento dos
objetivos estratégicos.
Normalmente é possível distinguir, dentro da estrutura organizacional
de uma empresa, as áreas incumbidas de executar atividades que têm
ligação direta com o negócio da empresa e as áreas responsáveis pelo
apoio e suporte a essas atividades, que proporcionam o sucesso no
fluxo operacional.
Essa distinção possibilita a departamentalização da empresa de ma-
neira lógica, propicia maior visibilidade e eficiência organizacional e visa
ao cumprimento do planejamento estratégico.
Neste texto, você vai estudar a importância das áreas meio e fim
no cenário organizacional e os conceitos de órgãos de linha e staff, e
vai compreender a relevância da departamentalização para uma boa
governança.
172 Áreas meio e áreas fim, staff e linha
Quando uma empresa divide a sua estrutura nestas áreas funcionais, áreas
fim e áreas meio, o seu propósito principal é o de tornar mais claras as suas
estratégias e facilitar a sua organização. Essa divisão pode ainda servir para a
definição de quais áreas podem ser ocupadas por profissionais que não sejam
contratados diretamente pela companhia, e sim por uma empresa que fornece
serviços terceirizados.
Uma área fim é aquela que envolve as atividades essenciais que são o
propósito da constituição da empresa. Nessas áreas são desenvolvidas todas
as atividades que envolvem o ciclo de formação dos produtos e serviços e
também a sua disponibilização no mercado. O contrato social é o documento
que normalmente contém o ramo de atividade da empresa, que vem a ser
a sua atividade fim. As áreas fim são tão ligadas aos objetivos finalísticos
da empresa, que muitas vezes podem ser confundidas com eles, pois elas
Áreas meio e áreas fim, staff e linha 173
traduzem exatamente o que a empresa quer entregar aos seus clientes, seja
um produto ou um serviço.
A área meio é aquela que não se relaciona de maneira direta à atividade
fim, ou ao objetivo principal da organização. Ela colabora para que a atividade
fim aconteça, mas não a executa de maneira direta. As áreas meio envolvem
atividades que podem ser identificadas facilmente, mesmo que se encaixem
em áreas totalmente distintas na estrutura da empresa. Ou seja, toda e qualquer
atividade de apoio e que contribui para que os processos sejam executados de
forma satisfatória é uma atividade meio.
A execução das atividades meio da empresa pode ser realizada por meio
de um mecanismo chamado de terceirização, que consiste na transferência de
atividades da organização para uma empresa contratada por ela. Dessa forma,
é importante entender que, na empresa que presta serviços de terceirização,
essa é a sua atividade fim; ou seja, prestar serviços para as áreas meio de
outras empresas é a atividade fim de uma empresa terceirizada.
Como a terceirização de serviços tem se mostrado uma forte tendência para
as áreas meio, está cada vez mais complicado para um profissional da área meio
assumir um cargo de gestão dentro da empresa onde trabalha, uma vez que essa
atividade também passa a ser realizada fora da empresa. A gestão da empresa
tem passado, frequentemente, para aqueles que representam a empresa, como
um cliente da terceirizada. Esses gestores coordenam as atividades que são
realizadas pelos terceirizados ou controlam os produtos e serviços vindos de
fornecedores. Esses profissionais não servem diretamente como mão de obra
da atividade fim, mas colocam seu conhecimento à disposição para buscar os
objetivos estratégicos e defender o negócio da empresa.
Abaixo são listadas as características mais comuns para os profissionais
que atuam nas áreas meio, quando as atividades são desempenhadas por
colaboradores das próprias empresas (OLIVEIRA, 2013).
Os profissionais das áreas fim acabam ocupando posições com mais des-
taque ou prestígio, mas, ao mesmo tempo, enfrentam maior nível de cobrança.
Os melhores salários e as premiações por metas atingidas costumam ser
oferecidos a eles. Abaixo são listadas as características mais comuns para os
profissionais atuantes nas áreas fim das empresas (OLIVEIRA, 2013).
de separar, diferenciar e especializar cada um dos setores, para que fique mais
evidente o auxílio que pode ser prestado para cada órgão de linha da empresa.
Tanto o órgão de linha quanto o órgão de staff se referem à especialização
de atividades. A atividade do órgão de linha é aquela que está diretamente
relacionada aos objetivos do negócio da organização, envolvendo especialidades
voltadas para as atividades fim. A atividade do órgão de staff é aquela que está
ligada indiretamente aos objetivos organizacionais, envolvendo especialidades
diferentes das atividades fim, para que a equipe de linha fique liberada para
se concentrar somente nelas.
Podemos considerar então que os órgãos que executam atividades fim
em uma organização são considerados de linha, e os órgãos que executam
atividades meio são considerados de staff, pois as atividades dos órgãos de
staff normalmente estão ligadas à gestão de recursos humanos, controle de
gastos, compras, financiamentos, entre outros.
As principais características de uma estrutura organizacional do tipo
linha-staff (Figura 1) são (CHIAVENATO, 2006):
PRESIDÊNCIA
ASSESSORIA DE
PLANEJAMENTO
DIRETORIA
DIRETORIA DIRETORIA
ADMINISTRATIVA/
INDUSTRIAL COMERCIAL FINANCEIRA
ASSESSORIA DE
ORGANIZAÇÃO,
SISTEMAS & MÉTODOS
GERÊNCIA GERÊNCIA
ADMINISTRATIVA FINANCEIRA
Chefe Executivo
Diretoria
Diretoria
Diretoria
Diretoria
Gerência
Adultas Adultos
Figura 7. Departamentalização por clientes.
Fonte: Ávila (2015).
Diretoria
Colocação Montagem
Pintura
de motor da carcaça
Introdução
As decisões dentro das organizações podem ser classificadas quanto
à intenção da atividade administrativa e ao nível de hierarquia a que
ela pertence. Nesse sentido, as decisões podem ocorrer em três níveis:
estratégico, tático e operacional. Cada nível demanda um papel e, con-
sequentemente, uma ação administrativa diferente.
No exercício da governança corporativa, o entendimento dos papéis
dos agentes de governança é essencial para que sejam tomadas decisões
mais equilibradas, refletidas e assertivas.
Neste texto, você verá os diferentes níveis hierárquicos que compõem
a organização. Além disso, conhecerá os níveis operacional, tático e es-
tratégico e a importância do planejamento para a administração.
• Foco na organização
como um todo.
Nível Administradores • Forte orientação externa.
estratégico de topo • Orientação de longo prazo.
• Objetivos gerais e planos
genéricos.
• Foco em unidades ou
Nível departamentos da organização.
Gerentes • Orientação de médio prazo.
tático
• Definição das principais ações a
empreender para cada unidade.
• Foco em tarefas rotineiras.
• Definição dos procedimentos
Nível Supervisores e processos específicos.
operacional de 1ª linha • Objetivos que especificam os
resultados esperados de
grupos ou indivíduos.
Mapeamento ambiental,
avaliação das forças e
Nível PLANEJAMENTO limitações da organização.
institucional ESTRATÉGICO Incerteza e
imprevisibilidade.
Tradução e interpretação
Nível das decisões estratégicas
PLANEJAMENTO
intermediário em planos concretos ao
TÁTICO nível departamental.
Desdobramento dos
planos táticos de cada
PLANEJAMENTO departamento em planos
Nível
operacionais para cada
operacional OPERACIONAL
tarefa e atividade.
Certeza e previsibilidade.
A seguir estão algumas perguntas que devem ser realizadas pelo nível
estratégico da organização:
Quem somos?
O que fazemos?
Por que fazemos?
Onde estamos?
Onde queremos chegar?
Quais os nossos valores?
https://goo.gl/qVxHio
194 A administração em seus níveis operacional, tático e estratégico
https://goo.gl/e3JfW7
A seguir, algumas perguntas que devem ser realizadas pelo nível tático
da administração:
O que fazer?
É possível fazer?
Vale a pena fazer?
Como fazer?
Vai funcionar?
Quando vamos fazer?
O livro Execução, de Larry Bossidy e Ram Charan (2007), fala sobre empresas que
acabaram quebrando justamente porque não conseguiram executar bem as suas
atividades, ou seja, não conseguiram entender o que era realmente importante – o
que estava descrito em seu planejamento estratégico – e tiveram um desequilíbrio
entre aquilo que almejavam e o que realmente praticaram.
Como fazer?
Quem vai fazer?
Em qual prazo?
Quais as ferramentais e recursos necessários?
Quanto vai custar?
Quais as alternativas?
Uma ferramenta muito útil nesta etapa é o 5W2H que auxilia a empresa
a elaborar seus planos de ação. Essa ferramenta tem por base sete perguntas
essenciais iniciadas pelas letras W e H, em inglês:
5W:
2H:
BOSSIDY, L.; CHARAN, R. Execução: a disciplina para atingir resultados. Rio de Janeiro:
Elsevier Brasil, 2007.
CHIAVENATO, I. A administração em seus níveis operacional, tático e estratégico. Rio de
Janeiro: Elsevier Brasil, 2007. 411 p.
DOMINGOS, R. Administração: Processo Administrativo - Níveis Organizacionais.
YouTube, 2012. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=VjWS1N3NfzQ>.
Acesso em: 25 set. 2017.
A administração em seus níveis operacional, tático e estratégico 201
Leituras recomendadas
ARAUJO, L. C. G. Teoria geral da administração. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
OLIVEIRA, D. P. R. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia, práticas. 24. ed.
São Paulo: Atlas, 2007.
ORLICKAS, E. Modelos de gestão: das teorias da administração à gestão estratégica.
São Paulo: IBPEX, 2010.
Expectativa dos
stakeholders
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, veremos quem tem expectativas em torno de uma
empresa. A palavra stakeholder é em geral relacionada pelas pessoas à
propriedade de algo. Nossa intenção é mostrar neste texto toda a abran-
gência do termo e as distintas expectativas que afetam os envolvidos.
Donos/
Grupos acionistas
Comunidade
políticos financeira
Grupos
Governo
ativistas
Grupos de
Concorrentes defesa do
consumidor
Associações
Sindicatos
comerciais
Empregados
Nível de interesse
Baixo Alto
Alto
MANTER GERENCIAR
SATISFEITO DE PERTO
Poder
MONITORAR MANTER
INFORMADO
Baixo
Figura 2. Matriz de poder vs. interesse.
Fonte: adaptada de Slack et al. (2013, p. 530).
Como você pode ver na Figura 2, existe uma relação de poder e interesse
para identificar a influência de um stakeholder na organização. Os níveis
dessa influência também podem ser identificados por meio da matriz de
interesse versus influência (Figura 3). Essa análise diz respeito a quanto um
stakeholder pode ser a favor da organização (aliado ou membro da rede) ou
contra ela (bloqueador ou desacelerador), conforme seu nível de influência
e interesse. Assim, ele será um aliado se o seu interesse e a sua influência
forem altos e um bloqueador se a sua influência for alta e o seu interesse for
baixo, conforme a Figura 3.
Interesse
Baixo Alto
Alto
BLOQUEADORES ALIADOS
Influência
MEMBROS
DESACELERADORES
DA REDE
Baixo
Figura 3. Matriz de interesse vs. influência.
Fonte: adaptada de MATRIZ de interesse e influência. [2017].
Stakeholder Expectativas
Conflito de agência, também chamado teoria da agência, é uma expressão criada por
Jensen e Meckling em 1976 para referenciar os conflitos que surgem entre os donos
e os administradores profissionais que são contratados para gerenciar o negócio.
Estes conflitos surgem quando os interesses dos donos divergem dos interesses dos
administradores, como autobeneficiamento, gestão focada no curto prazo, etc.
Saiba mais sobre conflitos de agência no artigo “Conflitos de Agência e Governança
Corporativa” (NASSIFF; SOUZA, 2013).
Introdução
A evolução da governança corporativa no Brasil e nos Estados Unidos
(EUA) favoreceu e aperfeiçoou a contabilidade e a busca pelo modelo
adequado, visto que é uma importante ferramenta que garante aos
acionistas minoritários o controle das ações da organização, prevendo
possíveis distorções.
Neste texto, você irá estudar como ocorreu essa evolução, a impor-
tância da governança corporativa e sua ambientação com as Normas
Internacionais no Brasil.
A adoção das normas IFRS no Brasil deve facilitar o acesso aos mercados
de capitais e financeiros na Europa e EUA, principalmente para companhias
já acostumadas às rigorosas práticas de governança corporativa adotadas nos
EUA e na União Europeia. No campo da educação voltada à formação dos
profissionais da área contábil, deve-se ter em mente que há um longo caminho
a percorrer nas instituições de ensino superior no Brasil, em se tratando do
ensino da contabilidade.
A reformulação das grades curriculares, com as devidas adaptações da
teoria contábil às novas regras adotadas como padrão IFRS, demandam um
esforço muito maior das instituições de ensino superior. Necessário e urgente
é o preparo dos estudantes dos cursos de ciências contábeis para esse novo
status que a ciência contábil vem adquirindo. Os profissionais contábeis devem
desenvolver uma visão mais ampla da área como pré-requisito para atender às
novas demandas das organizações na elaboração e divulgação dos relatórios
contábeis nos padrões IFRS.
MARTINS, E.; et al. Manual de contabilidade societária. FIPECAFI. 2.ed. São Paulo: Atlas,
2013.
Princípios fundamentais e normas brasileiras de contabilidade/ Conselho Federal de
Contabilidade. 3.ed. Brasília: CFC, 2008.
Site da BMF Bovespa: http://www.bmfbovespa.com.br – Serviços – Governança
Corporativa.
Site do instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) - http://www.
ibgc.org.br.
U N I D A D E 3
Os pilares de sustentação
da governança corporativa
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Governança corporativa é um sistema de valores que rege as empresas,
tanto em suas relações internas como externas (ASSAF NETO, 2014). Em
um sentido mais amplo, ela determina como as empresas e demais orga-
nizações são geridas e monitoradas, visando o alinhamento permanente
de interesses entre sócios, diretoria, conselho de administração, órgãos
de fiscalização e demais partes interessadas.
Independentemente do sentido amplo ou restrito do termo gover-
nança corporativa, todo sistema eficaz de governança é alicerçado em
um conjunto de pilares ou princípios. São esses pilares que, de forma
integrada e complementar, irão balizar as ações dos agentes de gover-
nança e permitirão a introdução de mecanismos e práticas de governança
corporativa que preservem a sobrevivência da instituição e maximizem
seu valor de longo prazo.
Neste texto, você estudará cada um dos pilares de sustentação e verá
como eles podem transformar princípios básicos de boa governança em
recomendações objetivas no ambiente empresarial. Entenderá ainda
como os mecanismos de controle atuam no alinhamento de interesses e
226 Os pilares de sustentação da governança corporativa
1. transparência;
2. equidade;
Os pilares de sustentação da governança corporativa 227
Equidade
Governança
Transparência Prestação de contas
corporativa
Responsabilidade
corporativa
Pilar I: transparência
Transparência diz respeito à disponibilização para as partes interessadas – não
apenas para os acionistas, mas também para colaboradores, clientes, forne-
cedores ou credores – de informações completas, relevantes para o contexto
em que a empresa se insere. Conforme o Instituto Brasileiro de Governança
Corporativa (2015), a transparência envolve a divulgação de informações que
vão muito além daquelas exigidas por disposições de leis ou regulamento.
Por exemplo, quando uma empresa anuncia a aquisição ou compra de outra
empresa, deve informar ao mercado não apenas a ocorrência do evento em si,
mas como ele se encaixa dentro do planejamento estratégico e das ações que
visam a preservação e a otimização do valor da organização. Transparência,
neste caso, sinaliza que os atos de gestão estão alinhados aos desejos e expec-
tativas dos acionistas; representa o desejo genuíno da empresa em informar
Os pilares de sustentação da governança corporativa 229
Brasil, Bolsa e Balcão (ou simplesmente B3) é o nome que suplantou a antiga nomen-
clatura BM&FBovespa. Este novo nome para a bolsa de valores brasileira surgiu em
2017 após a fusão entre a BM&FBovespa e a Cetip.
Os pilares de sustentação da governança corporativa 233
Detalhes da amostra
Estudo analisada Conclusões principais
Corporate Governance 11.736 observações Melhor governança é
and firm performance (firma-ano) de índices de correlacionada com
Bhagat e Bolton (2011) qualidade de governança melhor desempenho
em empresas americanas, operacional das firmas
entre 1992 e 2004. tanto no presente
quanto em períodos
subsequentes. No
entanto, não foram
encontradas evidências
de que a melhor
governança está
associada a aumento
no preço das ações
em períodos futuros.
Corporate Governance 6.623 observações Associação fortemente
and firm value: de empresas de 22 positiva entre governança
international evidence países desenvolvidos, e valor. Estimativa de
Ammann, Oesch e de 2003 a 2007. que uma empresa
Schmidt (2011) que elevasse sua
nota de governança
do extremo inferior
(2,5%) para o extremo
superior aumentaria o
seu valor de mercado
em cerca de 15%.
Corporate Governance 13.389 observações Engajamento em práticas
and firm value: the (firma-ano) de 2.952 de responsabilidade
impact of corporate firmas, no período social corporativa
social responsibility de 1993 a 2004. (diversidade de
Jo e Harjoto (2011) empregados, relações
entre firma e seus
colaboradores, qualidade
do produto) influencia
positivamente o valor
das firmas comparado
a seus pares em um
mesmo setor de
atividade econômica.
(Continua)
234 Os pilares de sustentação da governança corporativa
(Continuação)
Detalhes da amostra
Estudo analisada Conclusões principais
Does transparency pay 55 empresas de capital Adesões ao Novo
off? Evidence from stock aberto brasileiras que Mercado, que
Market segment switches migraram para algum dos exige aderência a
Moura (2017) segmentos especiais de regras adicionais de
governança corporativa transparência em relação
da B3 (Nível I, Nível 2 aos outros segmentos,
ou Novo Mercado) estão relacionadas
a retornos anormais
positivos nos preços em
uma janela de 10 dias ao
redor da data de anúncio
do evento. No entanto,
para janelas de tempo
maiores, não foram
encontradas evidências
de que a adesão
afeta positivamente
o preço das ações.
AMMANN, M.; OESCH, D.;SCHMID, M. M. Corporate governance and firm value: Inter-
national evidence. Journal of Empirical Finance, V. 18, n. 1, p. 36-55, 2011.
ASSAF NETO, A. Mercado Financeiro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
BHAGAT, S.; BOLTON, B. Corporate Governance and firm performance. Journal of
Corporate Finance, v. 13, p. 257-273, Jun. 2008.
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Cartilha de Governança: recomendações da
CVM sobre governança corporativa. Rio de Janeiro: CVM, 2002.
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Instrução CVM nº 586, de 8 de junho de 2017.
Rio de Janeiro: CVM, 2017.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA. Código das melhores práticas
de governança corporativa. 5. ed. São Paulo: IBGC, 2015.
JO, H.; HARJOTO, M. A. Corporate governance and firm value: the impact of corpo-
rate social responsibility. Journal of business ethics, Berlin, v. 103, n. 3, p. 351-383, 2011.
JOHNSON, S. et al. Tunneling. The American Economic Review, Nashville, v. 90, n. 2,
pp. 22-27, May 2000.
LEAL, R. P. C. A qualidade das práticas de Governança Corporativa afeta o valor da
empresa no Brasil? In: INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA COPORATIVA. Go-
vernança Corporativa e criação de valor. São Paulo: Saint Paul 2014.
LEAL, R. P. C; SILVA, A. L.C. Governança corporativa: evidências empíricas no Brasil.
São Paulo: Atlas, 2007.
MOURA, L. C. Does transparency pay off? Evidence from stock market segment switches.
52 f., 2017. Dissertação (Mestrado em Administração) – Fundação Getúlio Vargas, Rio
de Janeiro, 2017.
SILVEIRA, A. D. M. Governança Corporativa no Brasil e no mundo: teoria e prática. 2. ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
Transparência
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Com a abertura econômica mundial e o desenvolvimento das tecnologias
de comunicação, é imprescindível para o sucesso das organizações a
adoção de práticas rigorosas de transparência. A divulgação de informa-
ções precisas, completas e de maneira tempestiva não apenas reduz a
assimetria de informações entre as partes internas e externas à empresa,
mas também gera confiança e credibilidade a todo o mercado. Essa
valorização, no caso do setor privado, proporciona acesso a capital a um
custo mais baixo; no setor público, permite ao cidadão – o pagador de
impostos – ter a devida prestação de contas sobre o uso dos recursos
públicos.
Neste texto, você vai entender melhor o conceito de transparência, sua
importância para um sistema eficaz de governança corporativa e o efeito
da adoção de práticas focadas no pilar da transparência nas organizações.
entre os acionistas (que estão fora da gestão da empresa, ou seja, são outsiders)
e a diretoria executiva (que é a parte mais bem informada sobre o dia a dia
da empresa, ou seja, são insiders). Mas a questão da cultura de transparência
vai muito além da relação diretoria-acionistas. Transparência é um princípio
que faz aumentar a confiança de indivíduos, empresas e governo acerca de
determinada organização, fomentando o interesse de potenciais investidores
nela, o que acaba por reduzir o seu custo de capital. Por se tratar de um con-
ceito importante para a governança corporativa, algumas de suas dimensões
devem ser salientadas:
O desejo de informar que caracteriza a transparência nas empresas deve ir além das
questões econômico-financeiras. Por exemplo, a empresa deve avaliar seus progra-
mas de investimento à luz do seu plano estratégico, das metas organizacionais e
da consecução do objeto social. Informar ao mercado e detalhar como projetos de
expansão se encaixam nas metas e valores da empresa é passo importante para gerar
transparência a todas as partes interessadas.
Dentro desse prisma, a transparência pode ser entendida como uma fer-
ramenta que atua na solução de conflitos internos e externos, crucial para
o estabelecimento de confiança entre empresa e mercado e que é condição
necessária para um eficaz sistema de governança corporativa. É um princípio
que reforça não apenas a confiança dos financiadores e facilita o acesso a
recursos externos, mas também permite à empresa transacionar em melhores
condições com fornecedores, clientes, colaboradores e demais partes interes-
sadas (stakeholders).
242 Transparência
Para saber mais sobre a teoria da sinalização e a adesão voluntária a regras mais
restritivas de transparência, leia o capítulo “Casos internacionais”, escrito por Ricardo
Leal (LEAL; FERREIRA; SILVA, 2002).
https://goo.gl/3gmVZd
Transparência 247
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
BM&FBOVESPA. Companhias aprovam o Regulamento do Novo Mercado. B3, São
Paulo, 2017. Disponível em: <http://www.bmfbovespa.com.br/pt_br/institucional/
imprensa/ultimos-releases/companhias-aprovam-o-regulamento-do-novo-mercado.
htm#>. Acesso em: 25 set. 2017.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA. Código das melhores práticas
de governança corporativa. 5. ed. São Paulo: IBGC, 2015.
LEAL, R.; FERREIRA, V.; SILVA, A. (Org.). Governança corporativa no Brasil e no mundo.
Rio de Janeiro: IBGC, 2002.
NOVAS regras do Novo Mercado aprimoram a governança. Valor Econômico, São Paulo,
27 jun. 2017. Disponível em: <www.valor.com.br/opiniao/5017842/novas-regras-do-
-novo-mercado-aprimoram-governanca >. Acesso em: 28 ago. 2017.
ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. G20/OECD
Principles of Corporate Governance. Paris: OECD, 2015. Disponível em: <https://www.
oecd.org/daf/ca/Corporate-Governance-Principles-ENG.pdf>. Acesso em: 02 set. 2017.
ROSSETTI, J. P.; ANDRADE, A. Governança corporativa: fundamentos, desenvolvimento
e tendências. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
SILVEIRA, A. D. M. Governança corporativa no Brasil e no mundo: teoria e prática. 2. ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
Transparência 249
Leitura recomendada
KPMG. A governança corporativa e o mercado de capitais. 11. ed. Belo Horizonte: ACI
Institute, 2017. Disponível em: <https://assets.kpmg.com/content/dam/kpmg/br/
pdf/2016/12/br-estudo-governanca-corporativa-2016-2017-11a-edicao-final.pdf>.
Acesso em: 30 ago. 2017.
Prestação de contas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A prestação de contas é um dos pilares básicos de sustentação da gover-
nança corporativa. Ela é uma ferramenta essencial para o monitoramento
das atividades desenvolvidas pelos agentes de governança, permitindo
às partes interessadas avaliar os atos – e também as eventuais omissões
– dos gestores. Prestar contas é, portanto, uma prática de governança
indispensável às organizações, que permite um alinhamento de inte-
resses permanente entre aqueles que estão dentro e fora do ambiente
organizacional.
O dever de prestar contas é importante tanto na administração pública
quanto na iniciativa privada. No setor público, a prestação de contas
representa uma obrigação constitucional de todos os indivíduos que
tiveram arrecadação e dos que administram ou têm por responsabilidade
a gestão de dinheiro, bens e valores públicos. No setor privado, é um
instrumento de responsabilização de gestores por seus atos e omissões,
fazendo com que atuem de maneira responsável e diligente no âmbito
de seus papéis. O dever de prestar contas por si só gera um incentivo
para que as ações dos gestores estejam alinhadas com as expectativas
dos demais agentes.
Neste texto, você vai estudar o propósito de prestar contas e vai co-
nhecer a legislação que baliza as ações de prestação de contas no setor
público e que gera transparência aos contribuintes. Por último, você vai
conhecer os requisitos para a efetiva prestação de contas.
252 Prestação de contas
https://goo.gl/HwJ1Q
Prestação de contas 257
O Relatório de Gestão
Nas unidades da administração pública, o instrumento de prestação de contas
para a sociedade, exigido e analisado por órgãos de controle internos e externos,
é o Relatório de Gestão. O Tribunal de Contas da União, por meio da Instrução
Normativa – TCU Nº 63, de 1º de Setembro de 2010, em seu art. 1º, parágrafo
único, item II (BRASIL, 2010), definiu que o Relatório de Gestão considera
“documentos, informações e demonstrativos de natureza contábil, financeira,
orçamentária, operacional ou patrimonial, organizados para permitir a visão
sistêmica do desempenho e da conformidade da gestão dos responsáveis por
uma ou mais unidades jurisdicionadas durante um exercício financeiro”.
O Relatório de Gestão é elaborado de acordo com cada exercício financeiro.
Nele, são feitas demonstrações aos órgãos de controle interno e externo a
título de prestação de contas, as quais são ordinárias e em frequência anual.
Na administração pública federal, alguns desses relatórios de gestão, selecio-
nados segundo critérios de risco, materialidade e relevância, são apreciados
pelo TCU, sob a forma de tomadas e prestações de contas. Estas tomadas e
prestações de contas são analisadas sob os aspectos de legalidade, legitimidade,
economicidade, eficiência e eficácia, e a partir desses aspectos as contas são
julgadas regulares, regulares com ressalvas, irregulares ou iliquidáveis:
Se a prestação de contas não observar os requisitos básicos para sua eficácia, ela será
pouco ou nada informativa para as partes interessadas. Por isso, é importante que os
atos de prestação de contas de organizações públicas e privadas obedeçam a alguns
critérios, como a tempestividade, a clareza e a compreensibilidade.
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF, 1988. Dis-
ponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso
em: 29 set. 2017.
BRASIL. Decreto nº 93.872, de 23 de dezembro de 1986. Brasília, DF, 1986. Disponível
em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d93872.htm>. Acesso em: 15 ago. 2017.
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Instrução Normativa TCU nº 47, de 2004. Brasília, DF,
2004. Disponível em: <http://www.cgu.gov.br/sobre/legislacao/arquivos/instrucoes-
-normativas/in_tcu_47_2004.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2017.
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Instrução Normativa TCU Nº 63, de 1º de setembro
de 2010. Brasília, DF, 2010. Disponível em: <http://www.cgu.gov.br/sobre/legislacao/
arquivos/instrucoes-normativas/in-tcu-63-2010.pdf>. Acesso em: 11 out. 2017.
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Regimento Interno. Brasília, DF, 2015. Disponível
em: <http://portal.tcu.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A8182A24D
7BC0B4014D7E1FB1A622B4>. Acesso em: 19 ago. 2017.
264 Prestação de contas
CARREIRO, R. Prestação de contas. São Luís: TCU-Diálogo Público, 2014. Disponível em:
<http://portal.tcu.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A8182A24E990B
11014EB5F1B5284CCE>. Acesso em: 20 ago. 2017.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA. Boas práticas de governança
corporativa para sociedades de economia mista. São Paulo: IBGC, 2015. Disponível em:
<http://www.ibgc.org.br/userfiles/files/2014/files/Arquivos_Site/Caderno14.PDF>.
Acesso em: 11 out. 2017.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA. Código das Melhores Práticas
de Governança Corporativa. 5. ed. São Paulo: IBCG, 2016. Disponível em: <http://www.
ibgc.org.br/userfiles/files/2014/files/CMPGPT.pdf>. Acesso em: 01 ago. 2016.
ROSSETI, J. P.; ANDRADE, A. Governança corporativa: fundamentos, desenvolvimento
e tendências. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
Leitura recomendada
SILVEIRA, A. D. M. Governança corporativa no Brasil e no mundo: teoria e prática. 2. ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
A ética e a responsabilidade
corporativa
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Com frequência, nos deparamos com questões e dilemas éticos, seja no
trabalho ou na vida pessoal. No ambiente corporativo, algumas decisões
éticas são fundamentais para o bom andamento das relações. Assim, é
necessário que os profissionais estejam preparados para lidar com diversas
situações em que valores éticos estão envolvidos.
Neste texto, você vai estudar a ética no mundo dos negócios, bem
como temas relacionados à responsabilidade corporativa, que se com-
plementam à ética no trabalho.
Utilitarismo
O maior benefício para o maior
número possível de pessoas.
Egoísmo
Comportamento aceitável que
maximiza o benefício individual.
Universalismo
Princípios universais para
a existência numeral.
Relativismo
Com base nas opiniões e nos
comportamentos de outras
pessoas relevantes.
Ética da virtude
Com base no estágio de
“maturidade moral” de cada um.
O filme “Onde está segunda?” (2017) inicia-se no ano de 2043, mostrando dados assusta-
dores com relação ao crescimento mundial da população e a medida governamental
da chamada “Lei da Alocação Infantil”, em que o primeiro filho de cada família vive
normalmente, mas os demais são encaminhados para a hibernação. Isto é certo?
É errado? No contexto do filme, esta é uma decisão de governo necessária para a
continuidade da espécie humana, mas como se sentem as crianças que terão a sua
vida interrompida?
Determinar
Compreender todos os resultados
os padrões morais econômicos
Definir Propor uma
todo o Considerar solução
problema as exigências moral
Compreender todos os legais convicente
padrões morais moral
– Benefícios para alguns Avaliar os
– Prejuízos para outros deveres éticos
– Direitos exercidos
– Direitos negados
Problema moral
Padrão moral
Padrão moral
Figura 4. Infográfico
Fonte: China (2015).
270 A ética e a responsabilidade corporativa
FUNDAÇÃO MISSÃO
Para não cair nesta controvérsia, as empresas podem utilizar uma ferra-
menta chamada “matriz de materialidade” (GRI, 2017) para identificar temas
socioambientais relevantes para o negócio. Para tanto, a empresa precisa:
CHINA acaba com a política do filho único e permitirá 2 crianças por casal. G1, São
Paulo, 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/10/china-
-acaba-com-politica-do-filho-unico-e-permitira-dois-filhos-por-casal.html>. Acesso
em: 20 out. 2017.
FACULDADE UNIMED. A instituição. Belo Horizonte, 2013. Disponível em: <http://
www.faculdadeunimed.edu.br/paginas/a-instituicao.aspx>. Acesso em: 20 out. 2017.
FUNDAÇÃO GRUPO BOTICÁRIO. Quem somos. Curitiba, 2017. Disponível em: <http://
www.fundacaogrupoboticario.org.br/pt/quem-somos/pages/default.aspx>. Acesso
em: 20 out. 2017.
FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO. Rio de Janeiro, 2017. Disponível em: <http://www.
frm.org.br/a-fundacao/>. Acesso em: 20 out. 2017.
IBGC. Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Disponível em: Acesso em: 03
jul. 2007.
INSTITUTO RENNER. Sobre o Instituto. Porto Alegre, 2017. Disponível em: <http://www.
institutolojasrenner.org.br/instituto/>. Acesso em: 20 out. 2017.
GRI. Global Reporting Initiative. Amsterdam, 2017. Disponível em: <https://www.glo-
balreporting.org/Pages/default.aspx>. Acesso em: 20 out. 2017.
HOSMER, L. T. The ethics of management. 4. ed. New York: McGraw-Hill Education, 2003.
PAULA, G. B. Governança Corporativa: tudo que você precisa saber sobre o “fair play”
do mundo dos negócios! Treasy, Joinville, 2016. Disponível em: <https://www.treasy.
com.br/blog/governanca-corporativa>. Acesso em: 20 out. 2017.
TOP 3 questões éticas de um detetive particular. O Detetive Online, 2017. Disponível em:
<http://detetivesonline.com.br/top-3-questoes-eticas-de-um-detetive-particular>.
Acesso em: 20 out. 2017.
Leituras recomendadas
GELMAN, J. J.; PARENTE, J. Varejo Socialmente Responsável. Porto Alegre: Bookman, 2008.
GHILLYER, A. W. Ética nos Negócios. 4. ed. Porto Alegre: McGraw-Hill, 2015.
INSTITUTO ETHOS. Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. São Paulo,
2016. Disponível em: <https://www3.ethos.org.br/>. Acesso em: 20 out. 2017.
PINEDA, E. S.; MARROQUÍN, J. A. C. Ética nas Empresas. Porto Alegre: McGraw-Hill, 2009.
Gestão de conflitos no
ambiente organizacional
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Conflitos existem em qualquer ambiente de convivência, pois são ineren-
tes às relações humanas. São, portanto, inevitáveis. Quando não gerencia-
dos adequadamente, podem comprometer as relações profissionais e, por
consequência, os resultados da organização. Quando bem gerenciados,
podem contribuir para os resultados, transformando-se em uma impor-
tante fonte para atingimento de vantagem competitiva.
Neste texto, você aprenderá sobre as principais causas e os níveis de
conflito no ambiente organizacional, analisando o papel da gerência na
sua administração.
https://goo.gl/zlw8j7
282 Gestão de conflitos no ambiente organizacional
Para Quinn et al. (2003), outro fator importante para a geração de conflitos é
a comunicação deficiente, que cria dificuldades de integração, gera rivalidades
entre pessoas e equipes e reduz o moral e a produtividade. Segundo o autor,
a atitude de escuta e a emissão de feedbacks são habilidades de comunicação
da liderança que, quando ausentes, propiciam o surgimento do conflito.
A diversidade de pessoas em uma equipe pode gerar conflitos, mas, acima de tudo,
favorece a inovação. Pessoas com formações, vivências e valores diferentes têm pontos
de vista diferentes, que, quando somados, potencializam a inovação, considerada a
grande vantagem competitiva das organizações na sociedade globalizada e altamente
tecnológica.
Níveis de conflito
Nível 1 Discussão: é o momento inicial
do conflito, em que ele é
racional, aberto e objetivo.
Nível 2 Debate: neste nível, a objetividade
é reduzida e são adotados
padrões de comportamento
por meio de generalizações.
Nível 3 Façanha: ocorre desconfiança
sobre os caminhos ou alternativas
propostos entre as partes envolvidas.
Nível 4 Imagens fixas: imagens preconcebidas
são criadas, evidenciando preconceitos
sobre os envolvidos. A objetividade
é ainda mais reduzida, denotando
inflexibilidade e rigidez.
Nível 5 Loss of face (cara no chão): caracterizado
pela dificuldade que uma das partes
cria para se retirar da disputa, o que
inviabiliza a saída da outra parte.
Nível 6 Estratégias: a comunicação entre
as partes fica restrita a ameaças,
reclamações e punições.
Nível 7 Falta de humildade: os
comportamentos se tornam
ainda mais destrutivos.
Nível 8 Ataque de nervos: indica
uma predisposição para
atacar e ser atacado.
Nível 9 Ataques generalizados: chega-se às vias
de fato, com vencedores e perdedores.
Características
Nível de Tipo de internas da Desempenho
Situação conflito conflito unidade da unidade
A Baixo ou Disfuncional Apática, Baixo
nenhum estagnada,
insensível às
mudanças;
ausência de
novas ideias
B Ótimo Funcional Viável, autocrítica, Alto
inovadora
C Alto Disfuncional Rompedora, Baixo
caótica, não
cooperativa
Fonte: Adaptado de ROBBINS, Stephen P. Comportamento organizacional. São Paulo: Pearson Prentice-
-Hall, 11ed., 2005, p343.
(...) envolvidos percebem que o conflito existe porque seus objetivos são
diferentes dos objetivos do outro ou dos outros indivíduos envolvidos,
apesar de não haver manifestação aberta sobre o conflito. É o denominado
conflito latente, quando não há uma clara consciência da existência do
conflito, mesmo pelas partes envolvidas.
Conflito experienciado: quando o conflito provoca sentimentos de
hostilidade, raiva, medo e/ou descrédito entre as partes, mas sem se
manifestar externamente com clareza. É o chamado conflito velado.
Conflito manifestado: quando o conflito é expresso por meio de um
comportamento hostil por pelo menos uma das partes. É o chamado
conflito aberto, que se manifesta sem dissimulação e é percebido
por terceiros. Quando não administrado, pode interferir na dinâmica
da organização.
https://goo.gl/X5mvR7
286 Gestão de conflitos no ambiente organizacional
Grau de
Não assertivo Assertivo
assertividade
Figura 2. Relação entre as estratégias para lidar com o conflito e seus resultados.
Fonte: Adaptada de Chiavenato (2008).
É importante ressaltar que não existe uma melhor estratégia para lidar
com o conflito. Cabe ao gerente escolher a mais apropriada, de acordo com
a situação e os objetivos (CHIAVENATO, 2008).
https://goo.gl/1bB342
Gestão de conflitos no ambiente organizacional 289
Leituras recomendadas
MARTINELLI, D. P; ALMEIDA, A. P. Negociação: como transformar confronto em coo-
peração. São Paulo: Atlas, 2009.
MARTINELLI, D. P; ALMEIDA, A. P. Negociação e solução de conflitos: do impasse ao
ganha-ganha através do melhor estilo. São Paulo: Atlas, 2011.
Tipos de conflito,
estruturação da governança
e sustentação legal
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Entre os distintos objetivos da governança corporativa, um merece des-
taque: equilibrar os diferentes interesses e oferecer mecanismos capazes
de tratar os conflitos entre as diversas partes interessadas no negócio,
sejam eles entre sócios, investidores, acionistas, fornecedores ou clientes.
A governança deve ser capaz de identificar esses conflitos e, por meio de
mecanismos instaurados e o devido apoio legal, conduzi-los para uma
conclusão que esteja alinhada aos objetivos estratégicos da organização.
Esses objetivos são defendidos em última instância pelo conselho de
administração e pela assembleia geral.
Neste texto, você vai estudar sobre os principais conflitos que atingem
as organizações, conhecer o papel das estruturas de governança para
sanar os conflitos e reconhecer os aspectos legais que legitimam as
práticas de governança.
294 Tipos de conflito, estruturação da governança e sustentação legal
Como você deve imaginar, essas três reinvindicações estão presentes na maioria
dos casos envolvendo conflitos corporativos entre sócios minoritários e o
conselho de administração até hoje.
A crise de 2008, outro marco na história da evolução das práticas de go-
vernança, expôs o modelo de remuneração dos CEOs, com bonificações
por desempenho, que foi uma das causas das concessões de créditos sem as
devidas garantias. Essa exposição gerou graves críticas aos modelos vigentes
de governança e exigiu a atualização de legislações e práticas.
Essa divergência entre os objetivos dos investidores e dos administradores
foi explicada formalmente por Jensen e Meckling em 1976, quando formularam
a teoria da agência.
O que mais falta nos CAs são posições mais equilibradas entre o excesso de
assertividade e a capacidade de flexibilizar. Também anda escassa a compe-
tência para negociar e lidar com conflitos. Durante as reuniões, antes de se
chegar a um impasse, é comum o presidente do conselho dizer: ‘Bom, então
vamos para a reunião por aqui, fazer um intervalo e daqui a pouco a gente
volta: vamos esfriar a cabeça.’ Aí, dois vão para um lado, três para outro e os
demais se fecham em outra sala por alguns minutos. Os assuntos não são tra-
tados às claras, porque se teme o conflito. A capacidade de antecipar posições
divergentes e de ter a habilidade de negociar, ver os pontos de convergência
em posições, às vezes, aparentemente antagônicas. Além de ser capaz de
negociar e resolver questionamentos, há falta de posicionamentos convictos
e, ao mesmo tempo, flexíveis.
Governança
corporativa
Cooperativo
Comportamento
variado dos
agentes
Podem gerar...
Características A ação do Agente
afeta ele e o Grau de
na relação cooperação
Principal
Assimetria
informacional
Conflito de
Possíveis custos nesse processo:
agência
- Contratação de auditoria independente
- Implementação de medidas de controle
- Estabelecimento de remuneração dos
agentes vinculados ao aumento de
riqueza dos acionistas
“Custo de Agência”
Figura 1. Origem dos conflitos de agência.
Fonte: adaptada de BLB Brasil (2017).
298 Tipos de conflito, estruturação da governança e sustentação legal
https://goo.gl/JdbcMy
a assembleia geral;
o conselho de administração;
o presidente do conselho;
o conselho fiscal;
os comitês.
Empresa A
60%
Empresa B 99%
70%
Acionista
Figura 2. Exemplo de estrutura societária indireta.
Fonte: Silva (2014).
302 Tipos de conflito, estruturação da governança e sustentação legal
https://goo.gl/u6SmR2
Os códigos de boas práticas não costumam ter peso de lei, mas orientam
as organizações na busca pela excelência em governança. No Brasil, o Instituto
Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) tem um código próprio, que
orienta os principais aspectos da governança nos negócios.
Quanto à legislação que sustenta a governança, merecem destaque a famosa
lei SOX e a recentemente atualizada Lei das S.A.
A Lei SOX – Sarbanes-Oxley foi promulgada em 2002 pelo governo
americano e tornou lei as práticas previstas nos relatórios da Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e no relatório Cadbury.
Ela é tida como a mais importante iniciativa legal desde a crise de 1929, e
passou a ser uma exigência para todas as empresas que têm negócios nas bolsas
de valores americanas. Isso vale para empresas de fora dos Estados Unidos
(como as brasileiras) que desejam negociar títulos no exterior, operando com
as chamadas ADRs.
https://goo.gl/hBPjkM
Tipos de conflito, estruturação da governança e sustentação legal 305
https://goo.gl/PyWn1J
A Lei das SAs foi promulgada um ano antes da Lei Sox, com o nome de Lei
das Sociedades Anônimas nº 10.303/01. (BRASIL, 2011). Ela tem o objetivo
central de proteger os acionistas minoritários, ampliando as responsabilida-
des dos gestores e exigindo a implantação de mecanismos que trazem mais
transparência para as relações societárias.
Esses institutos legais são a base para a implantação de uma cultura de
governança. No entanto, é válido destacar que a empresa não precisa se limitar
aos aspectos previstos em lei, e sim utilizar essas diretrizes como o patamar
mínimo na sua busca pela excelência, avançando sistematicamente rumo à
maior transparência e ao respeito e responsabilidade entre os acionistas.
306 Tipos de conflito, estruturação da governança e sustentação legal
Leituras recomendadas
ARECO, Y. Teoria da Agência: a evidenciação dos conflitos dentro do ambiente em-
presarial. 13 fev. 2017. Disponível em: <http://www.blbbrasil.com.br/artigos/teoria-
-da-agencia/>. Acesso em: 31 out. 2017.
DELOITTE TOUCHE TOHMATSU. Lei Sarbanes-Oxley: guia para melhorar a governança
corporativa através de eficazes controles internos. Disponível em: <http://www.ibgc.
org.br/index.php/biblioteca/193/Lei-Sarbanes-Oxley-guia-para-melhorar-a-gover-
nanca-corporativa-atraves-de-eficazes-controles-internos>. Acesso em: 31 out. 2017.
STENENBERG, L. Os principais acionistas das empresas listadas brasileiras: propriedade,
controle e acordo de acionistas. Disponível em: <http://www.coppead.ufrj.br/upload/
publicacoes/Lior_Sternberg.pdf>. Acesso em: 31 out. 2017.
Assembleia, conselho de
administração, presidência,
conselho fiscal, comitês
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A estrutura de governança é composta por diferentes órgãos que têm
como finalidade equilibrar os interesses entre as diferentes partes interes-
sadas. Assim, a assembleia geral representa a vontade dos acionistas, que
é comunicada ao CEO pelo conselho de administração, e os conselhos
fiscais e comitês buscam assegurar a veracidade nas informações e a
coerência das ações da direção com a vontade dos acionistas. Neste
texto você vai saber mais sobre cada um desses agentes.
Assembleia geral
A assembleia geral é a instância máxima da governança e consiste na reunião
dos acionistas para deliberações cruciais para a empresa. Salvo exceções
previstas em lei, a assembleia geral pode instalar-se, em primeira convocação,
com a presença de acionistas que representem, no mínimo, um quarto do
capital votante, o chamado quórum de instalação. Caso o quórum não seja
atingido, a assembleia será instalada em segunda convocação, com qualquer
número de acionistas presentes.
310 Assembleia, conselho de administração, presidência, conselho fiscal, comitês
https://goo.gl/kpvvu
Lei 10.406/02:
https://goo.gl/tB90g
https://goo.gl/UP6bX9
O fato é que, na prática, a imensa maioria das empresas que adota as práticas
de governança corporativa são sociedades anônimas – o que reforça ainda mais
a abrangência da Lei das SAs. Enquanto isso, as empresas de responsabilidade
limitada normalmente tratam de sócios, e não de acionistas, e, desse modo,
não costumam ter conselho de administração.
Uma sociedade de economia mista é uma empresa que resulta da união entre o Estado
e entes privados. Normalmente, mas não obrigatoriamente, o capital da companhia
é aberto, com ações negociadas em bolsa, e repartido entre acionistas individuais e/
ou pessoas jurídicas (ADMINISTRADORES.COM, 2014).
Capital autorizado corresponde a um limite estabelecido no Estatuto da empresa que
autoriza o Conselho de Administração a aumentar o capital social, independentemente
de reforma estatutária. Ou seja, se trata da parcela de capital autorizado ainda não
subscrito, que representa o montante que os acionistas se comprometeram em aplicar
na empresa. (SISTEMA, 2014).
É tarefa do PCA fazer com que o conselho seja eficaz e isso exige uma com-
preensão individual dos conselheiros e, acima de tudo, para viabilizar que
eles trabalhem juntos como um grupo. Como presidente do conselho, você
tem que ser perceptivo em relação à experiência e às habilidades de todos os
conselheiros. Tem que compreender o que cada um pode oferecer, quais são
suas motivações, de onde vêm. Então, tem que propiciar um fórum, realizar
reuniões nas quais cada um possa expressar suas visões e dar suas contribui-
ções. A capacidade de viabilizar que as pessoas deem o seu melhor requer a
habilidade pessoal de ouvir, de compreender os outros. O PCA tem ainda que
estar pronto a não trazer para si o papel de líder, mas assegurar que o conselho
como um todo assuma o crédito e isso, em última instância, depende das
pessoas que estão no conselho. Acima de tudo, o PCA deve ter a habilidade
para avaliar a contribuição de cada conselheiro e de suas contribuições como
um colegiado. (GUERRA, 2017, p.)
https://goo.gl/rZA7P6
https://goo.gl/nkbTJy
https://goo.gl/BQhky2
Leituras recomendadas
ADMINISTRADORES.COM. O que é uma sociedade de economia mista? MeuSucesso, Rio
de Janeiro, 2014. Disponível em: <https://meusucesso.com/artigos/direito/o-que-e-
-uma-sociedade-de-economia-mista-290/>. Acesso em: 27 out. 2017.
GUERRA, S. A Caixa preta da governança. Rio de Janeiro: Best Business, 2017.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA. Modelo de regimento interno
de conselho de administração. 2008. Disponível em: < https://goo.gl/rZA7P>. Acesso
em: 31 out. 2017.
LARRATE, M. Governança Corporativa e Remuneração de Gestores. São Paulo: Atlas, 2013.
PAULA, G. B. Governança Corporativa: tudo que você precisa saber sobre o “fair play”
do mundo dos negócios! Treasy, Joinville, 2016. Disponível em: <https://www.treasy.
com.br/blog/governanca-corporativa>. Acesso em: 27 out. 2017.
SISTEMA de Capital Autorizado (Area: Sociedades Anônimas). Tax Contabilidade,
Indaiatuba, 2014. Disponível em: <http://www.tax-contabilidade.com.br/matTecs/
matTecsIndex.php?idMatTec=276>. Acesso em: 27 out. 2017.
Objetivo e
responsabilidades do
conselho de administração
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
O conselho de administração é uma das estruturas mais estratégicas de
uma política de governança. Ele deve exercer de maneira equilibrada as
funções de fiscalizador e mediador, e também de aconselhamento. Isso
se dá por meio da fiscalização do CEO e dos diretores, da atuação na
mediação entre os investidores, a visão estratégica e o CEO, e da utilizando
da experiência profissional dos seus componentes para aconselhar os
profissionais que estão à frente da operação.
o conselho deve ser constituído por pelo menos três membros, eleitos pela
assembleia geral – dos acionistas – e destituíveis por ela a qualquer tempo.
Já no caso das sociedades de responsabilidade limitada (como as empresas
do tipo Ltda ou Eireli), não existe a obrigatoriedade da existência de um
conselho de administração, ainda que, conforme a Lei 10.406/02 (BRASIL,
2002), esse órgão possa ser constituído nesse tipo de sociedade.
Lei 10.406/02:
https://goo.gl/tB90g
Você encontra o Código das Melhores Práticas de Governança para Cooperativas do IBGC
no site do instituto:
https://goo.gl/EYLd73
Objetivo e responsabilidades do conselho de administração 327
https://goo.gl/wefFvp
estratégia;
identidade, valores e governança;
desempenho, riscos, controles e auditoria;
pessoas, organização e inovação.
De acordo com o site Significados, core business é um termo da língua inglesa que
significa a parte principal de um determinado negócio, ou de uma área de negócios.
Ele é o ponto forte da empresa e deve ser trabalhado de forma estratégica. O principal
objetivo do core business é explorar a maior vantagem competitiva da organização,
baseada em fatores importantes como clientes, produtos, tecnologia e mercado.
Quando posto em consideração o core business de uma empresa, a maior dificuldade
é encontrar o equilíbrio entre a amplitude e o foco, isto é, entre a oportunidade ideal
para expandir e o foco na estratégia competitiva da organização. É importante que a
empresa tenha controle sobre todos os seus processos: ela pode terceirizar a fabricação,
mas nunca a criação do produto, visando manter o foco em seu core business.
Veja a definição completa do termo core business no link a seguir:
https://goo.gl/HkVm4o
https://goo.gl/LQAxJP
ALLEN, J.; ZOOK, C. O poder dos modelos replicáveis. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
BM&FBOVESPA. Segmentos de listagem. São Paulo, 2016. Disponível em: <http://www.
bmfbovespa.com.br/pt_br/listagem/acoes/segmentos-de-listagem/sobre-segmen-
tos-de-listagem/>. Acesso em: 18 out. 2017.
BRASIL. Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por
Ações. Brasília, DF, 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
L6404consol.htm>. Acesso em: 25 out. 2017.
BRASIL. Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF, 2002.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso
em: 25 out. 2017.
GUERRA, S. A Caixa Preta da Governança. Rio de Janeiro: Best Business, 2017.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA. Guia das Melhores Práti-
cas de Governança para Cooperativas. São Paulo: IBGC, 2015. (Guias de Governança
Corporativa).
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA. Código das Melhores Práticas
de Governança Corporativa. 5. ed. São Paulo: IBCG, 2016. Disponível em: <http://www.
ibgc.org.br/userfiles/files/2014/files/CMPGPT.pdf>. Acesso em: 25 out. 2017.
SIGNIFICADO de Core Business. Significados, 2017. Disponível em: < https://www.
significados.com.br/core-business/>. Acesso em: 25 out. 2017.
Objetivo e responsabilidades do conselho de administração 337
Leituras recomendadas
MARIA, N. Governança corporativa: um aliado da gestão estratégica. Administradores.
com, Paraíba, 2009. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/producao-
-academica/governanca-corporativa-um-aliado-da-gestao-estrategica/2584/>.
Acesso em: 25 out. 207.
SILVA, A. L. C. Governança Corporativa e Sucesso Empresarial: melhores práticas para
aumentar o valor da Firma. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2014
Componentes e práticas
da governança
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Estruturar e implementar uma cultura organizacional direcionada pela
governança não é uma tarefa fácil. Várias estruturas e lideranças orga-
nizacionais são impactadas, a autonomia e a forma de trabalho da lide-
rança sofrem alterações, e as pessoas precisam ser mais transparentes
em diversas relações. Isso faz com que o processo de implantação da
governança leve algum tempo e que alguns ganhos e avanços só sejam
possíveis após o alcance de determinados estágios.
Neste texto, você vai estudar os componentes da governança que
auxiliam na gestão do processo estratégico, conhecer as principais prá-
ticas que viabilizam uma boa governança e identificar as formas mais
apropriadas para atuação dos órgãos de governança.
GOVERNANÇA GESTÃO
ex
ec
r
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ut
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Estratégia ar
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Accountability
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ag
nt
ir
co
monitorar
https://goo.gl/KRB4B7
deliberativos;
executivos;
controladores.
Os objetivos de cada uma das áreas são inter-relacionados, o que pode gerar conflitos.
Uma boa governança visa criar um ambiente onde todas as partes possam cumprir
suas atribuições com o menor nível de conflitos possível entre as áreas, afinal, conflitos
podem paralisar uma organização.
Órgãos deliberativos
Conselho de administração
Ainda que a assembleia geral de acionistas – quando existir – seja o órgão
máximo da organização, ela tem caráter temporal. Ou seja, ela não tem uma
constância de atividades que permita uma maior participação e acompanha-
mento da operação do negócio. Esse distanciamento é natural, afinal não é de
se esperar que um investidor ou um fundo de investimentos com participação
em diversos negócios queira se envolver diretamente na tomada de decisão de
um negócio de um setor do qual, por vezes, não seja um profundo conhecedor.
Para isso, a assembleia escolhe o conselho de administração, que será o
responsável pelas decisões estratégicas do negócio. Essa delegação de respon-
sabilidade – dos acionistas para os conselheiros – é fundamental para dar a
velocidade necessária para que uma organização consiga manter-se competitiva.
Assim, conforme a Lei das Sociedades Anônimas – 6.404/1976, “a admi-
nistração da companhia competirá, conforme dispuser o estatuto, ao conselho
de administração e à diretoria, ou somente à diretoria. O conselho de adminis-
tração somente será obrigatório em três tipos de sociedades: nas sociedades
de capital aberto, de economia mista e de capital autorizado. O conselho de
administração é órgão de deliberação colegiada composto por no mínimo,
três membros, eleitos pela assembleia geral e destituíveis por ela a qualquer
tempo” (BRASIL, 1976).
Componentes e práticas da governança 345
https://goo.gl/k9L1R
Órgãos executivos
Diretoria
Órgãos controladores
Conselho fiscal
Auditores independentes
Por fim, existe a figura dos auditores independentes. O papel principal destes
auditores é a validação e certificação de veracidade das informações apresen-
tadas pela empresa ao mercado.
Componentes e práticas da governança 347
Assembleia geral
Como já mencionado, a assembleia geral consiste em um importante instru-
mento deliberativo, que se constitui na autoridade máxima em uma sociedade
de ações. Desse modo, ainda que a assembleia em si corresponda a um evento,
acaba sendo também considerada como um importante órgão da estrutura de
governança.
A convocação para as assembleias segue normas e prazos específicos, de
acordo com o tipo de assembleia (AGO e AGE) e as características societárias
da empresa (por exemplo, sociedades anônimas, companhias de capital fechado
ou aberto. Neste último caso, as empresas podem ainda ter títulos no exterior).
As assembleias devem usar o princípio da boa-fé e fazer o mínimo de exi-
gências de ordem burocrática. Além disso, em caso de conflito de interesses,
o sócio envolvido deve se abster de votar.
Componentes e práticas da governança 349
Arbitragem
Os conflitos entre os sócios, e entre eles e a sociedade, devem ser resolvidos,
preferencialmente, por meio da arbitragem (busca da resolução do conflito
sem a via jurídica, por meio de órgãos independentes de arbitragem), evitando
morosos e caros processos judiciais. A adesão à arbitragem deve ser formal,
ou seja, precisa estar prevista em estatuto e assinada pelos acionistas, contro-
ladores, administradores e membros do conselho fiscal.
Informação privilegiada
A organização deve ter uma política de divulgação das informações relevan-
tes, além de regras claras para que pessoas, em razão de seus cargos, não se
beneficiem de informações privilegiadas.
Conselheiros independentes
A maioria do conselho deve ser formada por membros independentes, ou
seja, sem qualquer vínculo com a sociedade, nem mesmo com ex-diretores,
ex-funcionários ou sócios de empresas que tenham relação com o negócio.
Comitês
A utilização de comitês especializados como de auditoria, remuneração,
nomeação, governança e outros assuntos, deve ser estimulada. A coordenação
dos comitês deve ser feita por conselheiros independentes, podendo consultar
profissionais externos como advogados, auditores e consultores.
350 Componentes e práticas da governança
Remuneração
A remuneração dos gestores, diretores e conselheiros deve refletir o tempo,
esforço, experiência e retorno gerado para a organização. Além disso, esses
dados devem estar disponíveis para os demais sócios.
Transparência – disclosure
A organização deve disponibilizar informações de forma clara e objetiva para
todos os stakeholders. As informações que possam afetar decisões de negócio
devem ser comunicadas de forma imediata e simultânea a todos os interessados.
Código de conduta
A empresa deve implantar e disseminar um código de conduta próprio, ali-
nhando as ações de seus integrantes e envolvidos aos valores do negócio, de
modo que seja um norteador da atuação dos colaboradores e das principais
lideranças.
Bovespa
Mais (a
Novo partir de
Mercado Nível 2 Nível 1 23/5/2014) Tradicional
Leitura recomendada
SILVA, A. L. C. Governança corporativa e sucesso empresarial: melhores práticas para
aumentar o valor da Firma. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
U N I D A D E 4
Mensagens e
relatórios eficazes
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A governança tem uma relação íntima com a comunicação empresarial.
Na prática, a transparência, a assertividade e a eficácia no trato das in-
formações são ferramentas indispensáveis para uma boa governança. É
por meio de relatórios confiáveis e eficazes que os gestores conseguem
desempenhar adequadamente suas funções, podendo assim atuar em
prol da organização, buscando melhores resultados para o negócio.
Neste texto, você vai aprender sobre a importância das mensagens e
dos relatórios no contexto organizacional, bem como conhecer algumas
ferramentas que auxiliam no levantamento de dados e na construção
desses importantes condutores de informação e que proporcionam uma
comunicação mais assertiva.
https://goo.gl/AgShxc
Conheça mais sobre o IBGC e suas valiosas recomendações para a adoção das boas prá-
ticas de governança corporativa no site do instituto, especialmente na aba “Publicações”:
https://goo.gl/85ze4u
Assim, as etapas iniciais dos relatórios de gestão costumam ter como base
a coleta de dados provenientes do local em que os fatos geradores dos dados
ocorreram, ou seja, de fontes primárias. Um exemplo são as informações sobre
vendas, que são relatadas diretamente pelas equipes ou sistemas.
No entanto, os relatórios de fontes secundárias também são muito presentes
no contexto da governança. Eles servem como parâmetros comparativos,
permitindo avaliar o desempenho da organização e viabilizando a comparação
de desenvolvimento da empresa ao longo do tempo ou até mesmo com outras
empresas de seu segmento, ou com concorrentes.
É importante reforçar a preocupação da governança com relação à origem
dos dados. Casos relevantes de desvios éticos – como o famoso Caso Enron – só
foram possíveis pela adulteração e manipulação de dados pelos responsáveis,
de forma a enganar os investidores. Confira mais informações sobre o Caso
Enron e seu efeito na governança corporativa no box Saiba Mais.
Apesar de ter sido um escândalo causador de grandes prejuízos para muitos envolvidos,
o Caso Enron em muito colaborou para o despertar da importância da governança
corporativa. Confira a matéria do site Estadão no link a seguir para entender o caso
(AGENCIA ESTADO, 2002):
https://goo.gl/tDEFvE
No site Capital Consultoria, indicado no link a seguir, você pode conhecer melhor
a principal lei que norteia a contabilidade no Brasil, a Lei das Sociedades por Ações
(CAPITAL CONSULTORIA, 2014):
https://goo.gl/M1aDCU
Você também pode acessar diretamente a Lei das SAs no site do Planalto (BRASIL,
1979):
https://goo.gl/z6cikE
https://goo.gl/VX8xzZ
Leitura recomendada
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Referencial básico de governança aplicável a órgãos
e entidades da administração pública.Brasília, DF: TCU, 2014. Disponiivel em: <http://
portal.tcu.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?inline=1&fileId=8A8182A24F0A
728E014F0B34D331418D>. Acesso em: 27 out. 2017.
Bovespa e os níveis
de governança
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
O mercado de ações é uma das estruturas econômicas mais relevantes
para o desenvolvimento de uma economia sólida e dinâmica. É por
meio do mercado acionário que as empresas conquistam parceiros que
financiarão seus negócios, seja para a manutenção de uma operação, seja
para a expansão ou exploração de novas ideias e mercados. O mercado
acionário brasileiro ainda é pequeno se comparado a economias mais
desenvolvidas, e o incentivo à adoção de práticas de governança pelas
empresas que negociam suas ações na Bolsa de Valores é uma tentativa
de tornar este mercado mais atrativo para os investidores.
Neste texto, você vai conhecer um pouco mais sobre a Bovespa e as
suas iniciativas de fomento à governança corporativa.
Janeiro era considerada a maior bolsa do país. Com a quebra da Bolsa do Rio
nos anos 1970, a Bolsa de São Paulo começou a se consolidar como o mercado
mais importante do país, até tornar-se a bolsa brasileira oficial, reconhecida
pela CVM – Comissão de Valores Mobiliários.
Em 2008, a Bovespa se fundiu com a BM&F – Bolsa de Mercadorias e
Futuros –, uma bolsa especializada na negociação de ativos como contratos
de café, hedges cambiais (operações impactadas pelo dólar, por exemplo,
ou a compra dessa moeda para se proteger de flutuações), boi gordo, soja, e
outros ativos financeiros negociados em bolsa. Assim, a Bovespa se tornou a
BM&FBovespa – A Nova Bolsa – integrando as principais negociações de
ações e outros ativos, como fundos imobiliários e contratos futuros, em um
mesmo sistema de negociação. A Figura 1 mostra o logotipo da que era então
considerada a “nova” bolsa de valores brasileira.
São Paulo, 30 de março de 2017 – Nasce hoje a B3, que passa a ofe-
recer infraestrutura de mercado financeiro de classe mundial, com
vasta oferta de produtos e serviços que as tornam mais completa.
Resultado da combinação de atividades entre a BM&FBOVESPA,
uma das maiores bolsas do mundo em valor de mercado, e a Cetip, a
maior depositária de títulos privados de renda fixa da América Latina.
Juntas, BM&FBOVESPA e Cetip tornam-se uma empresa muito maior
do que a soma das partes, com substanciais benefícios para clientes e
parceiros de negócios. A B3, que está mais completa para enfrentar um
mercado dinâmico, desafiador e competitivo em escala global, dá início
à construção de cultura alinhada ao novo momento da empresa. [...]
Além da sinergia de escala e variedade de produtos, outra vantagem
relevante do novo negócio para o mercado será a maior eficiência de
capital para os clientes, dada a possibilidade de se utilizar, por exemplo,
derivativos de balcão e de bolsa em uma mesma contraparte central.
Sem contar a rígida segurança regulatória com apenas um custo de
observância, do ponto de vista da autorregulação.
A integração das atividades de BM&FBOVESPA e Cetip reforça signi-
ficativamente o modelo de negócio da B3, na medida em que amplia o
grau de diversificação de receitas, proporcionará, ao longo do tempo, às
instituições financeiras, custodiantes, agentes de escrituração, gestores
de recursos e corretoras a consolidação de seus processos e sistemas
de backup office e tesouraria, com significativa redução de custos e
de riscos operacionais para todo o sistema financeiro, além do ganho
de eficiência na interação com os órgãos de supervisão dos mercados.
(BM&FBOVESPA, 2017a), documento on-line.
https://goo.gl/eCxm6g
https://goo.gl/wefFvp
Existem dois tipos de ações disponíveis para negociação em Bolsa: as ações preferenciais
e as ações ordinárias. Sua distinção é a seguinte:
Ações preferenciais: dão preferência no recebimento de dividendos. No entanto,
não costumam dar direito a voto nas assembleias.
Ações ordinárias: dão direito a voto – ordem – nas assembleias gerais e extraordi-
nárias. No entanto, não dão preferência no recebimento de dividendos.
Em outubro de 2017, empresas como a AES Tiête, a Azul Linhas Aéreas, a Forja Taurus,
a Gol Linhas Aéreas, a Saraiva e a Sul América Seguros estavam listadas no Nível 2.
Empresas como a WEB, o Banco do Brasil, a B2W – dona dos sites Submarino, Americanas
e Shop Time –, a Companhia Hering, a CPFL Energia e a Embraer integravam a listagem
do Novo Mercado vigente em 2017.
https://goo.gl/dwzVdy
Bovespa e os níveis de governança 375
https://goo.gl/AhpdJQ
https://goo.gl/wefFvp
Bovespa e os níveis de governança 377
Leituras recomendadas
GUERRA, S. A Caixa Preta da Governança. Rio de Janeiro: Best Business, 2017.
LARRATE, M. Governança Corporativa e Remuneração de Gestores. São Paulo: Atlas, 2013.
SILVA, A. L. C. Governança Corporativa e Sucesso Empresarial: melhores práticas para
aumentar o valor da Firma. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2014
Os escândalos contábeis e
a Lei Sarbanes-Oxley (SOX)
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Os escândalos contábeis em algumas empresas multinacionais se torna-
ram públicos em 2001, causando instabilidade no mercado financeiro. As
fraudes, alterações de balanço, entre outros, foram as principais causas
de grandes prejuízos para essas empresas, que eram referência e repre-
sentavam equilíbrio financeiro no mercado internacional.
Neste texto, você conhecerá a Lei Sarbanes-Oxley, conhecida como
SOX, que foi criada para aumentar os controles internos e evitar maiores
riscos de fraudes.
Governança corporativa
Governança corporativa é o sistema de políticas, normas, regras, valores,
etc., que norteiam o gerenciamento e direcionamento das empresas. As boas
práticas de governança corporativa aumentam o valor da sociedade, facilitam
seu acesso ao capital e contribuem para a sua sustentabilidade.
A expressão governança corporativa é designada para abranger os assuntos
relativos ao gerenciamento e direção de uma empresa. Uma boa governança,
portanto, permite uma melhor administração, o que beneficia não só os acio-
nistas, mas também aqueles que estão ligados indiretamente à empresa.
382 Os escândalos contábeis e a Lei Sarbanes-Oxley (SOX)
Sarbanes-Oxley
Origem
A norma internacional Sarbanes-Oxley, mais conhecida como SOX ou Sarbox,
foi criada em 2002, nos Estados Unidos, por Oxley, um republicano de Ohio,
e Sarbanes, um democrata de Maryland. Tinha como objetivo promover uma
limpeza no mundo empresarial americano devido a escândalos financeiros
envolvendo empresas de grande porte.
Estrutura
A SOX é dividida em onze capítulos, com um total de 69 artigos. Essa lei força
as empresas a reestruturarem seus processos e a aumentarem seus controles,
segurança e transparência na administração dos negócios, na área financeira,
nos registros contábeis e na gestão e divulgação das informações. Torna
obrigatória uma série de medidas que já eram consideradas como forma de
gestão administrativa. Além disso, cria mecanismos de auditoria e segurança
confiáveis, criando comitês encarregados de supervisionar as atividades e
operações. Formados por profissionais independentes, esses comitês têm
como objetivo evitar fraudes e criar meios de identificá-las quando ocorrerem.
Finalidade
Essa norma envolve a alta direção, ou seja, Diretores Executivos e Diretores
Financeiros que se tornam responsáveis por estabelecer e monitorar a eficácia
dos controles internos financeiros e a divulgação dessas informações.
O Public Company Accounting Oversight Board (PCAOB – Conselho de
Auditores de Companhias Abertas) foi criado para supervisionar os processos
de auditoria das empresas sujeitas à SOX. Tem a missão de estabelecer as
normas de auditoria, controle de qualidade, ética e independência em relação
aos processos de inspeção e à emissão dos relatórios de auditoria. Os auditores
de empresas sujeitas à SOX deverão ser registrados no PCAOB.
Escândalos contábeis e Lei a Sarbanes-Oxley (Sox) 385
Ocorrências da época
Em dezembro de 2001, o mundo, ainda abalado pelos atentados terroristas
ocorridos em 11 de setembro, foi surpreendido por outro evento com proporções
globais: a descoberta de manipulações contábeis em uma das empresas mais
conceituadas dos Estados Unidos: a Enron.
Essa descoberta deu início a um efeito dominó, com a constatação de práti-
cas de manipulação em várias outras empresas, não só norte-americanas, mas
no resto do mundo. Isso resultou em uma crise de confiança em níveis inéditos,
desde a quebra da bolsa norte-americana em 1929; acarretou o enfraquecimento
do grau de confiança dos investidores, abalando o equilíbrio não apenas do
mercado daquele país, mas também dos demais mercados internacionais.
A legislação é abrangente e estabelece novos padrões e melhorias para
todas as companhias abertas norte-americanas, conselhos de administração,
diretorias e empresas de auditoria interna. A SOX possui 11 títulos, indo de
responsabilidades adicionais dos conselhos de administração das empresas
a penalidades criminais, e requer da Securities and Exchange Commission –
SEC – a implementação de regras definidas por essa lei (Quadro 2).
Escândalos contábeis
O impacto afetou as cotações na reabertura das bolsas na semana seguinte aos aconte-
cimentos. Os índices de ações principais sofreram perdas entre 15 e 18%, passando por
um período de grande volatilidade e de queda nas cotações, refletindo as alterações
nas expectativas quanto ao risco e à rentabilidade no futuro.
388 Os escândalos contábeis e a Lei Sarbanes-Oxley (SOX)
Referência
Leituras recomendadas
ALEXANDRE, R. Governança corporativa e os impactos da Lei Sarbanes-Oxley. Admi-
nistradores, 2009. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/producao-
-academica/governanca-corporativa-e-os-impactos-da-lei-sarbanes-oxley/2188>.
Acesso em: 16 set. 2016.
COUTO, B.; MARINHO, R. Contabilidade criativa x Lei Sarbanes-Oxley: um enfoque sobre
a credibilidade da auditoria – MEF13801 – IR. Disponível em: <http://www.etecnico.
com.br/paginas/mef13801>. Acesso em: 16 set. 2016.
PETERS, M. Implantando e gerenciando a Lei Sarbanes-Oxley. São Paulo: Atlas, 2007.
PORTAL DE AUDITORIA. Introdução à Lei Sarbanes-Oxley (SOX). Disponível em: <http://
www.portaldeauditoria.com.br/auditoria-interna/Introducao-a-lei-Sarbanes-Oxley-
-SOx.asp>. Acesso em: 16 set. 2016.
TV SÃO JUDAS. Empreendedor - Série Sustentável - A lei SOX. Youtube, 2012. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=XRjqbpA-T20>. Acesso em: 16 set. 2016.
Implicações da Lei Sox para
as empresas brasileiras
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A Lei Sarbanes-Oxley é reconhecida como o maior avanço em jurispru-
dência legal para o mercado acionário, desde a regulamentação do
mercado de capitais motivado pela quebra da bolsa norte-americana em
1929. A Lei Sox, como ficou conhecida, foi concebida e implementada
nos Estados Unidos, durante um período em que o mercado financeiro
e de capitais do país passava por um momento turbulento, marcado por
grandes episódios de fraudes corporativas. A lei, na verdade, surgiu como
resposta a tais acontecimentos, visando limpar os rastros e impedir novas
ocorrências. A intensidade da demanda que motivou o surgimento da Lei
fez como que seus impactos fossem muito além dos EUA, influenciando
as práticas corporativas e legislações de diversos outros países, entre
eles o Brasil.
Neste texto, você vai estudar as motivações para o surgimento da Lei
Sox e seus principais objetivos e efeitos no contexto organizacional e no
cenário corporativo brasileiro.
394 Implicações da Lei Sox para as empresas brasileiras
A Lei Sarbanes-Oxley
A Lei Sarbanes-Oxley, mais conhecida como Sox ou Sarbox, foi criada em
2002, nos Estados Unidos, por Oxley, um republicano de Ohio, e Sarbanes,
um democrata de Maryland. Com o objetivo de promover uma limpeza no
cenário corporativo americano (devido a escândalos financeiros envolvendo
empresas de grande porte), a lei propunha a melhoraria dos procedimentos de
auditoria e segurança contábil nas empresas, instituindo novos mecanismos
de controle e responsabilização.
Dentre os referidos escândalos corporativos que motivaram o surgimento
da Lei Sox, três casos merecem destaque, tanto pelos seus impactos na elabo-
ração da lei, como pela sua relevância quanto às novas práticas de auditoria.
São eles: o caso Enron em 2001, o caso Arthur Andersen entre 2001 e 2002,
e o caso WorldCom em 2002.
A Enron, gigante do setor de energia, era considerada a quinta maior
empresa norte-americana em 2001. Contudo, na verdade, a empresa vinha
adotando práticas de contabilidade criativa, inflando suas demonstrações de
resultados em milhões de dólares deste 1997. Com os resultados maquiados, a
empresa tinha facilidade de conseguir crédito e promovia uma supervalorização
das suas ações. Porém, com a descoberta de tais práticas, as ações da compa-
nhia despencaram na bolsa, arrasando o patrimônio de diversos investidores.
A Arthur Andersen, por sua vez, era uma das maiores e mais renomadas
empresas de auditoria do mundo, e responsável por auditar a Enron. Embora
estivesse ciente das práticas de contabilidade criativa adotadas pela companhia,
a Andersen não somente foi conivente, mas também se beneficiou, recebendo
milhões de dólares em serviços de consultoria que, na verdade, correspondiam
ao repasse de sua participação no esquema.
Já a WorldCom, gigante do setor de telecomunicações, era reconhecida
como a segunda maior empresa de telefonia de longa distância dos Estados
Unidos, até seu pedido de falência em 2002. Durante os quatro anos que
antecederam esse episódio, a empresa manipulou suas demonstrações con-
tábeis, revisando e adequando seus números às estimativas dos analistas
independentes. Essas práticas permitiram que a empresa captasse bilhões
de dólares em lançamentos de notas ocorridos entre maio de 2000 e maio de
2001, classificando esse dinheiro como investimento enquanto, na verdade,
a empresa estava à beira da falência.
Estes e outros casos de fraude e manipulação de resultados causaram
enormes prejuízos aos investidores das respectivas companhias, mas não
somente a eles: o mercado financeiro americano (e, consequentemente, do
Implicações da Lei Sox para as empresas brasileiras 395
mundo inteiro), a partir daquele momento, passou a sofrer uma intensa crise
de confiança.
A saída para mudar esse cenário veio, então, com a criação e a implantação
da Lei Sox. A Lei Sarbanes-Oxley proporcionou o maior impacto já visto sobre
os mercados de capitais norte-americanos e mundiais, desde a legislação de
1933 e 1934 que criou a Securities and Exchange Commission (SEC), a Co-
missão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, dotada de amplos poderes
para regular e policiar o mercado norte-americano de capitais.
Com a Sox, os poderes da SEC foram ampliados, aumentando considera-
velmente a responsabilidade de administração das empresas e introduzindo
a regulamentação da profissão de auditor. As novas normas e a supervisão
do seu cumprimento pelos vários elementos do mercado de capitais passaram
a ser de responsabilidade do Public CompanyAccounting Oversight Board
(PCAOB, ou Conselho de Supervisão de Assuntos Contábeis das Companhias
Abertas, em português), com membros indicados pela SEC.
A Lei Sox é composta por onze capítulos e suas respectivas subdivisões,
que totalizam noventa e seis seções. Dentre os diversos aspectos tratados
pela lei, alguns merecem destaque, como é o caso dos controles internos, da
responsabilidade corporativa e da independência do auditor. Com relação a
este último, o caso da Arthur Andersen (empresa de auditoria envolvida no
escândalo da Enron) é um bom exemplo: a empresa prestava outros serviços
para as organizações que auditava, gerando um conflito de interesses que foi
determinante para a ocorrência dos desvios. Para tratar esse tipo de questão, a
Lei Sox instituiu normatização específica, orientando que a companhia audi-
tada não pode receber do mesmo auditor ou empresa de auditoria a prestação
de determinados serviços (como você verá mais detalhadamente a seguir).
Efeitos da Sox
O objetivo central da Lei Sox consiste na proteção dos acionistas das organi-
zações com ações negociadas em bolsa, exigindo dessas empresas o aprimo-
ramento de suas estruturas de controles internos financeiros, a melhoria nos
processos e a maior transparência das atividades.
Assim, a Lei visa à aplicação de exigências de governança corporativa,
permitindo evitar abusos, tranquilizar os investidores por meio da implemen-
tação de mudanças efetivas e sustentáveis, além de aumentar a transparência
nas informações disponibilizadas pelas empresas, bem como exigir respon-
sabilidade dos executivos sobre atividades duvidosas.
396 Implicações da Lei Sox para as empresas brasileiras
As empresas de auditoria externa, por sua vez, caso desejassem ter seu
parecer de auditoria aceito pela SEC, passaram a ser obrigadas a se cadastrar
no PCAOB e aceitar a revisão dos seus trabalhos e as regras de independência
estabelecidas por esse Conselho. As regras de independência contidas na lei
incluem ainda uma lista de serviços proibidos por estarem fora do escopo da
auditoria (os chamados non-auditservices), e também a necessidade de obter
aprovação prévia do comitê de auditoria para outros serviços que não fazem
parte da auditoria.
Assim, o auditor externo, responsável pela auditoria das demonstrações
financeiras, fica proibido de prestar, simultaneamente, qualquer um dos se-
guintes serviços à própria empresa:
https://goo.gl/pzcy5v
Implicações da Lei Sox para as empresas brasileiras 399
ADRs (American Depositary Receipt) são recibos de ações de empresas de fora dos EUA
negociados na Bolsa de Nova York. Leia mais sobre ADRs em (TRADUZINDO, 2011):
https://goo.gl/hBPjkM
A Petrobras e a Vale são exemplos de empresas brasileiras que possuem títulos ne-
gociados em bolsas de valores americanas e, desse modo, estão sujeitas à Lei Sox.
No link a seguir, você pode acessar a Lei 11.638 na íntegra (BRASIL, 2007). Confira!
https://goo.gl/llE6o
Leia mais sobre a Lei 11.638 e seus impactos na legislação brasileira no artigo “As
principais mudanças da Lei 11.638/07 e as normas internacionais de contabilidade
– um estudo de caso em uma sociedade anônima” (AS PRINCIPAIS, 2008), indicado
no link a seguir:
https://goo.gl/oFKaku
Leia mais sobre a Lei 11.941 e seus impactos na legislação brasileira no artigo “A Lei
11.941/09 e a responsabilidade tributária dos sócios e administradores” (PESSOA, 2017).
https://goo.gl/SosXVX
402 Implicações da Lei Sox para as empresas brasileiras
No link a seguir, você pode acessar a Lei 11.941 (BRASIL, 2009) na íntegra. Confira!
https://goo.gl/hILe1
https://goo.gl/XytIot
O Grupo EBX era formado por diversas empresas de variados segmentos, como
a OGX (petrolífera), a OSX (naval), a CCX (carbonífera) e a MMX (minera-
dora), e constituía o império do empresário Eike Batista. O grupo começou
a ruir em 2012, quando suas empresas deixaram de cumprir cronogramas e
atingir metas. A ausência de resultados e o pessimismo em relação ao futuro
do grupo preocupavam os investidores, e com isso as ações começaram a
cair na bolsa.
O ponto decisivo ocorreu em meados de 2013, quando a petrolífera OGX
(a mais importante empresa do grupo) anunciou que não prosseguiria com
uma de suas principais atividades de exploração de petróleo, antes considerada
promissora. Com isso, vieram sucessivas frustrações com o nível de produção
da empresa, que agravaram muito a situação. As agências de risco, então,
rebaixaram a nota da OGX a níveis próximos de empresas em situação de
calote, fazendo despencar o preço de suas ações. Então, em outubro do mesmo
ano, confirmou-se o tão temido episódio: a empresa confirmou um calote de
US$ 44,5 milhões a credores estrangeiros – tanto que o pouco que restou das
empresas X está nas mãos de credores.
O fato é que o empresário prometeu muito e entregou pouco. Mostrando
grandes projeções de lucro, Eike convenceu investidores (e até mesmo o go-
verno, por meio de recursos do BNDES) a abrirem o bolso. Porém, as projeções
não se mostraram verdadeiras, grande parte disso em razão de apostas muito
expressivas em um único negócio: o petróleo.
Implicações da Lei Sox para as empresas brasileiras 405
Petrobras (2014)
Leia mais sobre o escândalo da Petrobras e outros casos impactantes no artigo “Os
grandes escândalos empresariais dos últimos 20 anos” (SUSPIRO, 2015), indicado no
link a seguir:
https://goo.gl/VFY8Gj
https://goo.gl/T8cgFt
A empresa de auditoria Deloitte, por exemplo, foi contratada pela empresa brasileira
Aracruz para exercer essa função de gap analysis.
408 Implicações da Lei Sox para as empresas brasileiras
https://goo.gl/6FoFo7
Implicações da Lei Sox para as empresas brasileiras 409
https://goo.gl/5PyTFg
410 Implicações da Lei Sox para as empresas brasileiras
Leituras recomendadas
ALMEIDA, A.; YOSHIDA, N. O caso Petrobras e seus feitos sobre a governança cor-
porativa. Migalhas, São Paulo, 2015. Disponível em: <http://www.migalhas.com.br/
dePeso/16,MI215565,91041-O+caso+Petrobras+e+seus+feitos+sobre+a+governan
ca+corporativa>. Acesso em: 29 out. 2017.
GRADILONE, C. A Sarbanes nas empresas do país. Exame, São Paulo, 2005. Disponível
em: <http://www.bivirloc.com/ejournals/EXAME/2005/num%20851%202005.pdf>.
Acesso em: 29 out. 2017.
PECK, P. Quais são os impactos legais da Sarbanes-Oxley no Brasil? TecHoje, Belo Ho-
rizonte, [2017]. Disponível em: <http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/
detalhe_artigo/862>. Acesso em: 29 out. 2017.
RODRIGUEZ, D. A. O que aconteceu com Eike Batista. Galileu, São Paulo, 2013. Dispo-
nível em: <http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI345718-18579,00-
O+QUE+ACONTECEU+COM+EIKE+BATISTA.html>. Acesso em: 29 out. 2017.
UOL. Quer entender o que acontece na Petrobrás? Veja este resumo. UOL Econo-
mia, São Paulo, 2015. Disponível em: <https://economia.uol.com.br/noticias/reda-
cao/2015/02/05/quer-entender-o-que-acontece-na-petrobras-veja-este-resumo.
htm>. Acesso em: 29 out. 2017.
Fraudes contábeis
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Fraudes são um problema comum desde os primórdios da sociedade. Há
registros de fraudes realizadas já na antiga civilização egípcia, por volta
de 500 a.C. No mundo moderno, ações fraudulentas permanecem uma
ameaça constante, atingindo indistintamente todas as organizações:
públicas ou privadas, grandes ou pequenas, com ou sem fins lucrativos.
As fraudes contábeis, em especial, ganharam atenção em razão de es-
cândalos recentes, no Brasil e no mundo.
Neste capítulo, você vai entender o que são fraudes contábeis e quais
são as motivações por trás dessas ações. Você vai aprender o que é a
contabilidade criativa, que está em uma linha tênue que separa fraude e
aderência às normas contábeis. Por fim, você vai identificar as caracterís-
ticas dos fraudadores, sejam elas pessoais, profissionais ou relacionadas
à forma de ação.
Oportunidade
• Fatores relacionados ao ambiente
• Características da vítima
Capacidade
Motivação • Conhecimento sobre
• Pressão por resultados governança corporativa/
• Ganhos monetários instituições econômicas
• Atingimento de metas • Habilidade para manipular
• Manipulação terceiros
• Conhecimento técnico
para roubar identidade
de vítimas ou explorar
Racionalidade fragilidades de software
• Crença de que a violação de
regras é conduta aceitável
• Desdenho ou desprezo
por terceiros
No link a seguir, você pode conferir uma reportagem da Revista Veja sobre o caso
do Banco Santos.
https://goo.gl/LXp5d4
https://goo.gl/uu23Ct
Um último ponto para ser discutido nesta seção: afinal, é só a empresa alvo
da fraude contábil que sofre perdas diante de um episódio dessa natureza?
A resposta é não. Do ponto de vista macroeconômico, além de prejudicar
sócios (muitas vezes minoritários), colaboradores, clientes e toda a cadeia
de fornecedores da empresa onde a fraude é executada, as ações de cunho
fraudulento geram efeitos adversos sobre a confiança dos agentes, e por isso
têm efeitos sobre o mercado como um todo. Quando ocorre um escândalo de
fraude contábil, os agentes tornam-se mais reticentes em investir não apenas
naquela empresa, mas também em outras entidades dentro daquele país – seja
porque a fraude gera desconfiança sobre os serviços das empresas de auditoria
independente, seja porque o episódio fraudulento pode acarretar em prejuízos
também para outras empresas (contágio). De encontro a essa ideia, Silveira
(2015) argumenta que a adoção de boas práticas de governança corporativa
no ambiente empresarial traz benefícios em níveis micro e macroeconômico.
Neste, destaca-se a diminuição nos riscos de fraudes contábeis e de ocorrên-
cia de crises financeiras sistêmicas, que se traduzem em grandes prejuízos
econômicos e sociais.
420 Fraudes contábeis
Há uma linha tênue que separa a contabilidade criativa da fraude contábil. O enten-
dimento sobre as normas e as lacunas existentes na legislação, que abrem margem
para a contabilidade criativa, possui um componente subjetivo inerente.
Fraudes contábeis 421
Do comportamento
Dos princípios e normas contábeis humano e social
http://www.coso.org/ic.htm
Fraudes contábeis 425
Leitura recomendada
KPMG. A governança corporativa e o mercado de capitais. 11. ed. Belo Horizonte: ACI
Institute, 2017. Disponível em: <https://assets.kpmg.com/content/dam/kpmg/br/
pdf/2016/12/br-estudo-governanca-corporativa-2016-2017-11a-edicao-final.pdf>.
Acesso em: 30 ago. 2017.
Ética e moral nas
organizações
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Você sabia que a ética profissional é um conjunto de atitudes e valores
positivos aplicados no ambiente de trabalho? A ética no ambiente de
trabalho é de fundamental importância para o bom funcionamento das
atividades da empresa e das relações de trabalho entre os colaboradores.
Ética e moral andam juntas e se diferenciam em suas problemáticas.
Neste texto, você vai estudar a ética e a moral nas organizações,
reconhecendo seus efeitos e suas transformações ao longo do tempo.
Uma vez que a ética tem relação direta com a teoria e a reflexão, e a moral tem relação
direta com a prática e a ação, temos que:
problema teórico-ético é o que acontece quando um líder avalia se um subordinado
pode escolher entre várias alternativas de ação.
problema prático-moral é o que acontece quando um líder está diante de uma
decisão de agir numa situação concreta.
A ética é uma reflexão sobre aquilo que está acima das regras da cultura
de um povo; é uma teoria da moral, uma reflexão sobre as regras e sobre as
relações do indivíduo consigo mesmo e com os outros. Ela pode ser definida
como uma prática reflexiva, pois está muito ligada à constituição de um ser
humano capaz de refletir com liberdade sobre os destinos que quer para a
sua vida. Ela deve ser pensada como uma reflexão sobre a maneira de viver
(BITENCOURT, 2010).
Ética e moral nas organizações 433
um princípio;
de caráter permanente;
universal;
uma regra;
teoria;
reflexão.
434 Ética e moral nas organizações
https://goo.gl/XJVPkm
O grau de liberdade para a reflexão ética vai depender dos valores morais
que envolvem as formas de gestão e a cultura das empresas, bem como as
restrições que são impostas pelo mercado de trabalho.
Ética e moral nas organizações 437
valores que existia está, hoje, desestabilizado. Essa crise cultural provoca nos
indivíduos mais jovens uma reflexão sobre as melhores formas de existir. Ela
passa a ser uma crise da própria identidade do indivíduo, que se vê em uma
situação de indefinição, uma vez que a liberdade existente para as escolhas
quanto ao modo de viver – como relacionamentos amorosos, lazer, amizades,
divertimentos, produtos de consumo, entre outros – não existe no trabalho e
no mundo profissional. Até mesmo a escolha do próprio trabalho é limitada
pelas imposições estabelecidas pelo mercado (BITENCOURT, 2010).
A saída para os indivíduos mais jovens poderia ser, então, a transferência
da sua realização pessoal para a vida fora do trabalho, pois esta não seria
moderada por regras e princípios morais. A consequência disso, a longo prazo,
pode ser o surgimento de um indivíduo contemporâneo completamente desco-
nectado do que é social, alguém que não vê sentido na sociedade, que ignora
o fato de fazer parte de uma sociedade e que, por isso, não possui senso de
responsabilidade para com as regras sociais. O individualismo exagerado
pode conduzir o indivíduo a achar que não é nada, e que não está ou não
pertence a qualquer lugar.
O código moral referente ao trabalho na sociedade atual vai se trans-
formando à medida que o capitalismo muda suas estratégias para dominar,
cada vez mais, o mundo. A ética, então, volta a se tornar essencial na nossa
sociedade, pois o aumento do individualismo, que se revela sob a forma de
narcisismo, resulta da impossibilidade de se pensar em um futuro, o que
traz uma vontade incontrolável de aproveitar os momentos do presente da
forma mais intensa possível. A perspectiva desse tempo presente, que pede
essa pressa dos indivíduos, traduz a ausência de princípios que possibilitem
enxergar um sentido para a vida em comunidade, o que denota uma fragilidade
nos laços sociais e um fortalecimento do individualismo, consequência da
destruição dos valores e da dissolução dos laços centrados no trabalho, sem
que eles tenham sido substituídos por quaisquer outros que não sejam apenas
aqueles que valorizam a própria existência. Somente o respeito pelo outro e
o reconhecimento de que temos limites e somos finitos é que podem acabar
com o individualismo e possibilitar um retorno à solidariedade.
A ética profissional é um conjunto de padrões de conduta que normalmente
está estabelecido nos códigos normativos das empresas, mas é também um
elemento de reconhecimento e identificação da sociedade. A transformação
dos códigos morais e a consequente mudança na ética do trabalho dependem
do grau de liberdade existente para uma prática reflexiva, indispensável para
se pensar a ética (BITENCOURT, 2010).
442 Ética e moral nas organizações
Gabarito
Para ver as respostas de todos os exercícios deste
livro, acesse o link abaixo ou utilize o código QR
ao lado.
https://goo.gl/Z7ooFu