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ADMINISTRAÇÃO
Introdução
Ford levou os princípios da administração científica para o ambiente
industrial de uma forma inédita. Ele implantou a divisão do trabalho,
definiu que era necessário escolher o trabalhador certo para cada tarefa
e criou a linha de montagem móvel, em que os produtos se movem
enquanto as estações de trabalho permanecem estáticas. Com isso,
conseguiu aumentar a produtividade e, adotando a padronização de
tarefas, alcançar a tão sonhada eficiência.
Neste capítulo, você vai estudar os níveis de planejamento e execução,
segundo Ford. Também vai conhecer os princípios da produtividade, da
intensificação e da economicidade. Por fim, vai ver como o conceito de
eficiência se relaciona ao bem-estar do trabalhador.
Planejamento e execução
Na passagem do século XIX para o século XX, a Revolução Industrial
representou um marco na administração, fazendo com que ela avançasse
significativamente e mudasse a realidade das organizações. Para você ter uma
ideia, em 1880 existiam cerca de 2,7 milhões de trabalhadores na indústria
americana; em 1900, esse número cresceu para 4,5 milhões. Neste mesmo
ano, existiam fábricas que empregavam 500, mil e mais de mil pessoas.
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Henry Ford foi um empresário com visão prática. Ele buscou solidificar o conceito de
eficiência em uma fábrica de automóveis por meio do desenvolvimento de novas
metodologias de produção e de trabalho (SILVA, 2013).
Ford projetou o Modelo T para ser fabricado em linhas de montagem. Seu intuito
era vender carros a preços populares, garantindo assistência técnica. Ou seja, sua
intenção era popularizar um produto que antes era fabricado artesanalmente e
destinado a milionários. Isso gerou uma revolução comercial estratégica na época
(SOUZA, 2015).
Princípios de Ford
Como você já deve ter notado, Ford era um visionário e possuía bom faro
para o mercado. Ele revolucionou a indústria automotiva no início do século
XX, aperfeiçoando o sistema produtivo de Taylor. Além disso, foi ele quem
colocou os dois princípios da produção em massa — a padronização de peças
e a especialização do trabalhador — no mais alto patamar da indústria.
Fordismo 7
Em 1908, Ford lançou o seu Modelo T, que fez muito sucesso entre os
americanos, com venda de 15 milhões de unidades entre 1908 e 1927, quando
parou de ser fabricado. Nesse processo, a produção de um carro levava em
média 514 minutos. Não satisfeito com o desperdício de tempo na produção,
Ford decidiu que os trabalhadores não sairiam mais de seus postos de trabalho
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para apanhar peças no estoque. As peças iriam até eles. Decidiu também que
cada trabalhador iria realizar apenas uma tarefa específica e que os funcionários
desenvolveriam suas atividades próximos uns dos outros, evitando o deslo-
camento, minimizando seus movimentos e, consequentemente, aumentando
a produção (CORRÊA, 2003).
Pensando em diminuir ainda mais o tempo de produção, ele adotou a
linha de montagem móvel para fabricar seus motores e, em 1914, para montar
os chassis, fazendo com que o tempo médio de produção caísse para apro-
ximadamente 84 minutos. Ou seja, ao permitir que o trabalho chegasse ao
trabalhador numa posição fixa, conseguiu aumentar significativamente a sua
produtividade. Na Figura 4, a seguir, você pode ver uma linha de montagem
da Ford do início do século XX.
Ford exigia uma qualificação diferente da requisitada por outras indústrias. O traba-
lho era penoso e cansativo, aspectos que o salário, em alguns casos, não conseguia
minimizar (GRAMSCI, 1976).
Ford queria uma empresa eficiente; e a eficiência para ele estava além de
produção e minimização de custos e preços, motivação e salário. Dessa forma,
resolveu dar aos empregados uma participação nos lucros da empresa, reduziu
a jornada de trabalho para 8 horas diárias (na época, o usual eram de 10 a 12
horas) e aumentou o salário mínimo para 5 dólares por dia (o valor habitual
era de 2,34 dólares). Ou seja, foi a maior revolução de salários já vista pelo
mundo industrial da época. Essas medidas fizeram com que o nome de Ford
ficasse falado no mundo todo (CORRÊA, 2003).
Veja que interessante: Ford achava que seus operários deveriam ganhar
o suficiente para comprar os automóveis que fabricavam, para aproveitar a
vida com a família. Será que esse pensamento existe nos dias atuais? Você
concorda que essa foi uma visão inovadora para aquele tempo? Com o aumento
da produção obtido com a linha de montagem móvel e agora com o salário
duplicado dos operários, os custos caíam e os preços de venda também, o que
fazia com que as vendas crescessem e os custos de produção diminuíssem.
Durante muitos anos, as alterações no Modelo T, fabricado exclusivamente
na cor preta, foram pouquíssimas. Ford considerava a repetição e a padroni-
zação elementos capazes de aumentar a eficiência. Por isso, manteve seu foco
na melhoria contínua dos processos de produção de um único produto, cujo
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design se manteve estável por quase 20 anos. Com isso, além de ser eficiente,
alcançou um sucesso empresarial excepcional (CORRÊA, 2003).
AGÊNCIA ESTADO. Apesar de o lucro da Ford cair, supera a previsão. Época Negócios, 27
abr. 2012. Disponível em: <https://epocanegocios.globo.com/Informacao/Resultados/
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