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INTRODUÇÃO À GOVERNANÇA CORPORATIVA

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Samuel Gonçalves da Silva

seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.

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CONVITE AO ESTUDO
Olá, aluno! Seja muito bem-vindo à primeira unidade da disciplina de Governança
Corporativa. Nesta unidade você será capaz de compreender de forma simples e
objetiva os conceitos de governança corporativa, identificando sua importância,
seus mecanismos e suas práticas. Você entenderá como colocar em prática a
governança corporativa nas organizações, bem como suas estratégias e
mecanismos de avaliação, e compreenderá os objetivos centrais de governança e
suas relações com os diversos tipos de empresas e de seus líderes.
É necessário reforçar que a governança corporativa pode estar presente dentro da
organização que você trabalha independentemente do seu tamanho e, portanto, o
meu convite é para que sempre, ao longo dos seus estudos, associe os conceitos
elucidados à sua realidade.

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Se você já vivenciou ou conhece uma empresa em que as contas dos sócios

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(proprietários) e da empresa se misturam, se muitas pessoas da família atuam na
empresa sem estarem preparadas, se não há um plano de quem assumirá e quem
de fato é responsável pela empresa, com certeza essa temática muito lhe
interessa.

Agora, se você trabalha em uma grande companhia, multinacional e todas as


situações apontadas no parágrafo anterior são muito bem resolvidas, ainda há
muito para ser aprofundado no que tange a gestão e transparência com os
acionistas.

Vamos iniciar a nossa jornada pela primeira seção, Introdução à Governança


Corporativa, que tratará os conceitos introdutórios básicos, princípios, práticas e
mecanismos de Governança Corporativa.

Passando por esses pontos, você estará pronto para seguir adiante e aprofundar
ainda mais seus conhecimentos, pois a fundamentação básica necessária ao
entendimento de governança você já terá adquirido.

Na segunda seção, Governança Corporativa nas Empresas, traremos à tona uma


abordagem de relacionamento entre a Governança Corporativa e as estratégias da
organização, a determinação da avaliação e o monitoramento das estratégias.

Na última seção desta primeira unidade, Organização da liderança na visão


Corporativa, falaremos sobre os objetivos centrais de governança, o papel dos
investidores no processo de Governança Corporativa e a aplicação da Governança
nos diversos tipos de empresas existentes.

Para um melhor entendimento e aplicação dos conceitos, serão tratados casos


práticos ao longo da disciplina a fim de que seja possível uma maior absorção e
compreensão para aplicação desse conhecimento no seu dia a dia.
Vamos ao estudo!

PRATICAR PARA APRENDER


Caro aluno!

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É chegada a hora de iniciarmos o processo de conhecimento acerca da temática de

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Governança Corporativa.

No seu dia a dia, você pensa, planeja e executa práticas de Governança


Corporativa. Para Oliveira (2015), essas práticas estão relacionadas à forma de
gestão do negócio e como as informações e a condução do negócio acontecem.

Rossetti e Andrade (2014) corroboram enfatizando que o objetivo central é alinhar


as expectativas dos proprietários do negócio com as dos administradores do
negócio e garantir que as estratégias estejam sendo seguidas conforme planejado.

Mas como funciona quando o proprietário e o administrador são a mesma pessoa?

Nesse caso, entra em ação o conselho administrativo, tema que em breve será
aprofundado.

O tema é deveras relevante para que as organizações se mantenham vivas e


competitivas no mercado, pois um processo de Governança Corporativo adequado
contribui para que fraudes sejam evitadas e, por consequência, a saúde financeira
da empresa se mantenha satisfatória.

Independentemente da área de atuação profissional, compreender os conceitos e


o funcionamento da Governança Corporativa pode contribuir para uma posição de
destaque no mercado de trabalho e, ainda, podem fazer com que você amplie sua
visão organizacional e contribua para o crescimento da empresa que faz parte.

Caro aluno, considerando o dinamismo do mercado atual, a competitividade cada


vez maior e um mercado cada vez mais aberto, é de suma importância avaliarmos
os cenários existentes para todas as estruturas organizacionais. Diante disso, você
deverá ter muita atenção e foco para solucionar o cenário a seguir.
O objeto de estudo desta unidade é uma indústria de sorvetes e você fará parte do
time que irá ajudá-la a equacionar todas as situações que a permeiam e que estão
relacionadas à Governança Corporativa. Os produtos que a empresa fabrica são:
sorvetes de massa, picolés e açaí em diversas embalagens. Os sorvetes de massa

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são comercializados em embalagens de 1 litro, 2 litros e 10 litros, já o açaí apenas

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em embalagem de 1,5 litros e 10 litros. Trata-se de uma empresa familiar que está
no mercado há 10 anos e atende 15 lojas em um raio de 100 Km da fábrica. O
fundador da empresa acaba de se afastar do negócio e pretende deixar tudo sob
os cuidados dos dois filhos (um na produção e outro na administração); um deles
sempre atuou próximo ao pai e o outro acaba de chegar na empresa. Atualmente a
gestão é realizada de forma mais amadora, pois os irmãos não possuem todo o
conhecimento necessário para gerenciar o negócio e ainda não contam com
software de gestão. Os irmãos têm a sensação de que, apesar de trabalharem
muito, não veem o retorno financeiro. Além da fábrica, eles possuem 3 lojas que
vendem os produtos e pretendem franquear a marca, pois o produto é de ótima
qualidade. Ao total, contam com 10 colaboradores na fábrica, sendo 8 na produção
e 2 na entrega e 12 colaboradores nas lojas, sendo 6 atendentes e 6 caixas.

A situação financeira pessoal dos irmãos não é equilibrada e eles enfatizam que se
trata de uma consequência de como vive a empresa.

A empresa está buscando uma consultoria para auxiliá-la a entender o que ocorre
e a implantar um processo de Governança Corporativa, e você e sua equipe foram
contratados para ajudar os irmãos com a empresa. Inicialmente, vocês deverão
realizar uma apresentação de Kick-Off (reunião inicial) do projeto que contemple a
importância da Governança para o setor de atuação da empresa, as vantagens e o
impacto que ela pode oferecer de forma detalhada, bem como os mecanismos e as
práticas de governança que deverão ser instituídos para assegurar que os
princípios de governança sejam respeitados. Em um segundo momento do projeto,
você deverá analisar quais são os stakeholders envolvidos no projeto e como os
mecanismos e as práticas de governança poderão ser instituídos na empresa. Por
último, você e sua equipe iniciarão o processo de implantação da Governança
Corporativa, assegurando que os princípios de governança sejam seguidos, e farão
o registro da documentação do projeto com as Lições Aprendidas.

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A partir do contexto apresentado, você e sua equipe devem apresentar uma
análise de pontos existentes na organização que vão de encontro às práticas de

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Governança Corporativa.

Em reunião com os irmãos que cuidam da gestão do negócio foi identificado que
há uma grande dificuldade em levantar informações na empresa por não se ter o
software de gestão implantado e que não existem metas e reuniões periódicas na
empresa. Está na hora de você se reunir com a equipe e definir como a
Governança Corporativa poderá auxiliar na busca de soluções para os problemas
apresentados. Elabore um relatório no qual você e sua equipe consigam
demonstrar para os dois irmãos a importância de se ter um planejamento
orçamentário, pois ele contribuirá para o planejamento de investimentos pessoais
e da empresa, determinando de forma clara as retiradas que podem ser
realizadas, e apresentando como todos esses aspectos estão entrelaçados com a
Governança Corporativa e podem gerar vantagens para os projetos futuros da
fábrica.

Todas as informações levantadas, bem como as respostas às questões


supracitadas devem ser registradas em um relatório e entregues aos irmãos em
uma linguagem simples e direta.

Mãos à obra e boa sorte com o projeto!

Animado para receber informações sobre Governança Corporativa? Então vamos


seguir adiante, entender e levar esses conceitos para o dia a dia, pois com certeza
você poderá fazer a diferença na gestão de uma empresa!

CONCEITO-CHAVE
Para Gonzales (2012), a Governança Corporativa envolve regras, normas, definição
de procedimentos, atitudes que direcionam as ações daqueles que administram as
organizações a fim de atender os interesses do owners – aqueles que são
proprietários - em especial dos acionistas, com o objetivo de se atingir excelência

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em gestão e estratégia empresarial. Deve ser conduzida a partir de leis,

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respeitando os preceitos éticos que permeiam a sociedade e que contribuem para
fortalecer e criar valor à organização.

Historicamente, a Governança Corporativa surge para resolver os impasses


existentes entre acionistas e administradores e entre acionistas majoritários e
minoritários. O viés do processo envolve restringir as ações do administrador
oportunista e do acionista oportunista (GONZALES, 2012).

A Figura 1.1 apresenta em quatro quadrantes os possíveis cenários gerados em


função dos conflitos existentes entre os acionistas majoritários e minoritários, bem
como proprietários e gestores. A ideia é que haja uma separação dos papéis de
proprietário e gestor para que não ocorra um comportamento oportunista por
parte do gestor, situação que pode ocorrer quando há ausência dos acionistas
minoritários e majoritários. Em contrapartida, se não há presença do proprietário e
gestor, os acionistas minoritários e majoritários podem se aproveitar desse cenário
para defender apenas seus interesses, gerando assim o conceito de acionista
oportunista.

Figura 1.1 | A concepção restrita de governança: a harmonização dos conflitos derivados da


concentração da propriedade e dos derivados da dispersão
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Fonte: Rossetti e Andrade (2014, p. 132).

Para Rossetti e Andrade (2014) existem muitas possibilidades para definir a


Governança Corporativa, porém, as que mais se aproximam ao papel atual são
quatro:

Guardiã de direitos das partes com interesses em jogo nas empresas.

Sistema de relações pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas.

Estrutura de poder que se observa no interior das corporações.

Sistema normativo que rege as relações internas e externas das companhias.

De acordo com o IBGC (2009), os princípios de governança são: transparência,


equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa, e têm como
objetivo básico preservar o valor econômico da organização a longo prazo e
garantir sua longevidade, o que representa os princípios básicos das boas práticas
de governança corporativa.

Transparência

Divulgação de informações relevantes aos stakeholders, aqueles que têm interesse


na organização, mesmo que não sejam obrigatórias por leis ou regulamentos.
Equidade

Todos os stakeholders possuem direitos iguais independentemente do porte de


cada um, pois parte-se do princípio de que todos têm os mesmos interesses e as

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mesmas expectativas, além das responsabilidades que também representam o
papel de todos.

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Prestação de Contas (accountability)

Os responsáveis pela Governança (agentes) devem demonstrar as informações


organizacionais de forma clara, breve, dentro dos prazos esperados e de forma
igualitária, pois em caso de omissões serão responsabilizados com base nas
responsabilidades que foram atribuídas ao seu cargo.

Os responsáveis pela governança (agentes) devem acompanhar e trabalhar para


que a viabilidade econômico-financeira seja perpetuada na organização e que as
questões negativas sejam minimizadas, tanto no âmbito interno quanto externo,
com base no modelo de negócio desenhado, cuidando ainda dos ativos
organizacionais (financeiros e não financeiros).

Rossetti e Andrade (2014) mencionam que o termo “governança” tem seu uso
recente e foi utilizado pela primeira vez em 1991 por R. Monks nos Estados Unidos
da América (EUA).

O primeiro código surgiu apenas em 1992, na Inglaterra, e a primeira empresa a


divulgar seu código de Governança foi a General Motors (GM) no mesmo ano.

No Brasil, a partir da abertura de mercado e das privatizações, o movimento de


Governança começou a se difundir, inclusive com a criação do Instituto Brasileiro
de Conselheiros de Administração (IBCA), em 1995, que passou a ser chamado
Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) em 1999, ano que foi lançado
o primeiro Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa.

Para o IBGC (2009), ao longo do século XX, a Governança teve seu início nos EUA e
na Inglaterra com o objetivo de superar o conflito de interesses entre os acionistas
(proprietários) e o administrador (agente decisor da organização perante a lei) no
que tange à compreensão do melhor para a empresa.

O objetivo da Governança Corporativa é criar um conjunto de mecanismos para


assegurar que os comportamentos dos administradores estejam em consonância

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com o que realmente é melhor para a empresa.

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Para Rossetti e Andrade (2014), as práticas de governança podem ser descritas a
partir de diversos pontos de vista, admitindo, assim, várias acepções: as
relacionadas a questões legais, como as que regem os direitos societário e
sucessório; as que enfatizam questões financeiras, como a geração de valor, a
criação de riqueza e a maximização do retorno dos investimentos; as que
envolvem decisões estratégicas, como a definição de propósitos empresariais e de
diretrizes corporativas para o desenvolvimento dos negócios; as acepções
relacionadas a modelos de gestão, como as que regem as relações entre os
acionistas, os conselhos de administração e a direção executiva das empresas.

ASSIMILE

A palavra Governança é derivada do termo Governo e significa ato de


governar, segundo o dicionário Michaelis. Governo vem do latim
GUBERNATOR, que significa líder, governador; originalmente timoneiro, do
grego KYBERNAN, dirigir ou pilotar leme de um navio.

Gonzales (2012) enfatiza que a Governança Corporativa surgiu na década de 1980,


nos Estados Unidos da América, por meio de um movimento de investidores e
acionistas que pretendiam criar mecanismos de proteção contra as administrações
oportunistas. Essa preocupação surgiu em função de casos de abusos realizados
pelas diretorias de empresas e pela inércia dos conselhos de administração.

Silva (2016) reforça que, no início dos anos 2000, casos de fraudes em grandes
companhias espalhadas pelo mundo fomentaram a importância das empresas se
apropriarem de forma mais séria da governança corporativa, visando
transparência, prestação de contas e responsabilidade corporativa. Essas
empresas fraudaram seus balanços para que pudessem parecer mais valiosas,
atraindo novos investidores.

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Rossetti e Andrade (2014) destacam que após a identificação dessas fraudes foi
apresentada ao congresso norte-americano a Lei Sarbanes-Oxley (SOX ou Sarbox),

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que aborda definições relevantes de governança corporativa. A lei recebeu esse
nome em homenagem aos seus criadores, o senador Paul Sarbanes e o deputado
Michael Oxley.

Um sistema de governança corporativa envolve o alinhamento entre os conceitos


abordados a seguir:

Ambiente legal, obrigatório ou voluntário: legislação, regulação, autorregulação,


boas práticas, cultura da organização.

Órgãos e agentes de governança: sócios/acionistas, conselho de administração,


conselho fiscal, comitês de apoio ao conselho, diretoria (presidente e diretores)
e órgãos de controle (conselho fiscal, auditoria interna e auditoria externa).

Documentos normativos: acordo de sócios-acionistas, estatuto social,


regimentos internos, políticas básicas e código de conduta.

Ferramentas e processos: calendário anual de eventos corporativos, agendas,


atas de reuniões, propostas de deliberações, canal de denúncias e portal de
governança.

E para o bom funcionamento desse sistema, é necessário que o processo de


comunicação entre o conselho de administração e a gestão funcione, conforme
podemos observar na Figura 1.2.

Figura 1.2 | Sistema de Comunicação entre Conselho e Gestão


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Fonte: Silva (2016, p. 40).

O Conselho de Administração (CA) tem o papel de dar o direcionamento


estratégico, monitorar a gestão, aprovar as políticas e propostas de deliberação e
aconselhar e avaliar os dirigentes. Já a gestão deve elaborar o plano de negócios
com base nas diretrizes estabelecidas, acompanhar plano e orçamentos, submeter
políticas e propostas de deliberação à aprovação do conselho e prestar contas ao
CA.

O sistema de comunicação entre o Conselho e a Gestão, enquanto o plano de


negócios aprovado estiver em vigor, tem como foco principal o seu
acompanhamento (monitoramento), mas não se restringe a isso. São vários os
outros temas que a gestão precisa submeter à aprovação do CA, como código de
conduta, preceitos éticos da organização, conforme apresentado na Figura 1.2.

REFLITA
O CA e a Gestão trabalham juntos e possuem papel relevante para as
organizações e seus stakeholders. Dessa forma, se faz necessário refletir
sobre:

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Qual o papel de cada um desses órgãos?

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Qual a responsabilidade de cada um deles?

Por qual motivo é necessário que eles existam?

Como eles contribuem para o processo de Governança?

Segundo o IBGC (2009), Governança Corporativa é o sistema pelo qual as


sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre
acionistas/cotistas, conselho de administração, diretoria, auditoria independente e
conselho fiscal. As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de
aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para sua
perenidade.

Segundo Silva (2016), os mecanismos de governança devem existir para combater


alguns problemas relacionados à cúpula da empresa: vieses cognitivos, conflitos de
interesses e limitações técnicas individuais. Daí a importância de combinar
diferentes mecanismos de incentivo ou controle a fim de eliminar ou reduzir os
problemas encontrados.

As empresas que fazem uso das boas práticas de governança corporativa são
capazes de captar mais recursos e com maior qualidade.

Caso você vá realizar um investimento, sem sombra de dúvidas desejará investir


em algo sólido e duradouro e estará, inclusive, disposto a pagar mais por isso. Em
termos práticos, é exatamente isso que um processo de Governança Corporativa
sério permite, pois, a partir dele, é possível perceber que as ações e decisões
organizacionais não são realizadas apenas para atender seus donos ou acionistas
majoritários, mas sim para atender a demanda coletiva.
O IBGC lançou, em 1999, seu primeiro Código das Melhores Práticas de
Governança Corporativa. Em seu início, a Governança possuía uma atuação mais
voltada às grandes companhias que operavam com suas ações na bolsa de valores.
Com o passar do tempo, a governança passou a se tornar realidade para outras

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modalidades de empresas; as cooperativas e o terceiro setor passaram a fazer uso

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dos princípios e das práticas de governança.

Esse cenário acaba por se concretizar nessas modalidades de empresa a fim de


atender as diretrizes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), que diz que a governança corporativa deve evoluir do foco de
acionista para stakeholders (interessados na organização).

Para Gonzales (2012, p. 30), a OCDE reforça ainda que é papel do Estado criar
mecanismos regulatórios que favoreçam o fortalecimento da Governança
Corporativa, para que as empresas procurem atender aos interesses dos
acionistas e de outros públicos estratégicos.

O mesmo autor esclarece ainda que, para esse processo de evolução, a OCDE
propôs os seguintes objetivos:

Clara separação entre propriedade e gestão: o pertencimento e o


gerenciamento podem ser realizados por pessoas diferentes, porém, que
devem perseguir os objetivos estratégicos do negócio sem desviar do seu
caminho.

Abertura de espaços para a participação ativa dos não controladores:


independentemente do grau de participação, todos devem “ter voz” e direito a
participar da construção das estratégias organizacionais.

Definição clara das responsabilidades do Conselho de Administração e da


Direção: a clareza no papel das partes contribui para que as estratégias sejam
executadas de forma adequada. Vale ressaltar que o Conselho de
Administração tem por papel a manutenção das estratégias das companhias.

Critérios para marcos regulatórios: os marcos regulatórios compreendem um


conjunto de normas, leis e diretrizes que regem um determinado segmento ou
setor.

Algumas das agências regulatórias no Brasil são:

Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).

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Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

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ANP (Agência Nacional do Petróleo).

ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil).

Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários).

ANA (Agência Nacional das Águas).

ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre).

Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

ANS (Agência Nacional de Saúde).

Ancine (Agência Nacional do Cinema).

As agências regulatórias têm como papel regulamentar e fiscalizar setores


específicos da economia, e no caso do Mercados de Capitais a autarquia
responsável é a CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

A CVM tem papel relevante no processo de fortalecimento das práticas de


governança no mercado de capitais no Brasil, pois é ela quem altera as regras de
governança corporativa para as empresas de capital aberto.

Silva (2016) reforça que a CVM divulgou, em 2002, uma cartilha com as melhores
práticas de Governança Corporativa, em seguida lançou instruções acerca dos
processos de auditorias e mais adiante editou parecer sobre os deveres legais do
administrador. Já em 2009, ocorreu uma grande reforma nas leis de Governança
no Brasil, todas elas objetivando melhores controles e amplo fornecimento de
informações pelas empresas para o mercado, entre tantas outras ações realizadas.
Dessa forma, a CVM tem o papel de desenvolver, regulamentar e monitorar o
Mercado de Valores Mobiliários.
EXEMPLIFICANDO

O Conselho de Administrativo, como explicitado até o momento, tem papel


relevante para o bom andamento da gestão da organização e da
Governança Corporativa.

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Acesse o link que trata sobre o caso da IRB Brasil Resseguros S/A (IRBR),

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maior resseguradora do Brasil, que no ano de 2020 foi denunciada por
fraudes em seus demonstrativos contábeis. Disponível em:
https://bit.ly/39bUW5t. Acesso em: 29 out. 2020.

Vale ressaltar que apesar dos conceitos tratados até o presente momento não
abordarem as empresas familiares e de capital fechado, aquelas que não possuem
ações na bolsa de valores, todos os conceitos citados podem e devem ser usados
também nessas organizações, pois o elemento parental e de amizade presentes
nas empresas familiares e pequenas companhias geram uma enorme necessidade
de transparência e governança.

Caro aluno, busque conhecer cada vez mais essa temática, amplie suas
possibilidades de aplicações e, por consequência, tenha um currículo ainda mais
valorizado!

FAÇA VALER A PENA


Questão 1
A Governança é um sistema de relacionamento que envolve principalmente os
stakeholders da organização, acionistas, executivos e conselheiros. Ela envolve
processos, costumes, políticas e procedimentos que determinam como uma
empresa é administrada e surgiu em função dos escândalos nas empresas norte-
americanas e acabou sendo utilizada de forma global para mostrar não só a
eficácia das operações, mas também a transparência em que elas acontecem
(IBGC, online).

O texto acima contextualiza a Governança Corporativa e mostra que ela está


envolta a:

a. Regulamentação, que pode ser compulsória ou facultativa, os stakeholders e o meio ambiente.


b. Acionistas, executivos e conselheiros.

c. Processos, costumes, políticas e procedimentos.

d. Auditores independentes, auditores internos e conselho fiscal.

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e. Conselho de administração, comitês e diretorias.

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Questão 2
Para o IBCG, “os agentes de Governança devem zelar pela sustentabilidade das
organizações, visando a sua longevidade, incorporando considerações de ordem
social, ambiental, na definição dos negócios e operações”. Com base nessa
definição, é possível citar alguns exemplos de como a Responsabilidade
Corporativa pode se traduzir. O IBCG cita fatos como visão de longo prazo (tendo
foco em princípios de sustentabilidade), envolvimento em questões sociais,
comunitárias e ambientais, criação de riqueza, entre outros fatores (IBGC, 2010).

O texto-base demonstra a relevância da governança corporativa para as empresas


e enfatiza o tipo de envolvimento que ela deve possuir para que seja concretizada
como uma ação sustentável.

Nesse contexto e considerando os dados apresentados, avalie as afirmações que


se seguem:

I. Conselho Administrativo.

II. Equidade.

III. Prestação de contas.

IV. Transparência.

V. Responsabilidade Corporativa.

Considerando o contexto apresentado, é correto o que se afirma em:

a. I, II, III e IV, apenas.

b. I, III, IV e V, apenas.
c. II, III, IV e V, apenas.
d. I, II, IV e V, apenas.

e. I, II, III e V, apenas.

Questão 3

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Quando se trata de Governança Corporativa há uma diversidade extremamente

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ampla de conceitos relacionados à temática e alguns deles são: 1 - dimensões das
empresas; 2 - estruturas de propriedade; 3 - fontes de financiamento
predominantes – internas ou externas; 4 - tipologia dos conflitos de agência e
harmonização dos interesses em jogo; 5 - tipologia das empresas quanto ao
regime legal; 6 - tipologia das empresas quanto à origem dos grupos
controladores; 7 - ascendência das empresas, que se modificam por fusões e
aquisições; 8 - abrangência geográfica de atuação das empresas; 9 - traços
culturais das nações em que as empresas operam; 10 - instituições legais e marcos
regulatórios estabelecidos nas diferentes partes do mundo. (ROSSETTI; ANDRADE,
2014)

Como é possível perceber, a discussão sobre governança corporativa envolve a


criação de mecanismos internos e externos que devem:

a. Alavancar a venda de ações da empresa.

b. Melhorar a tomada de decisões e atender às necessidades dos investidores.

c. Criar práticas sustentáveis que projetem a organização no mercado e atraiam investidores.

d. Seguir um código de ética e conduta atendendo os atos regulatórios e as necessidades dos acionistas
majoritários.

e. Aproximar administrador e owner a fim de estabelecer acordos para manter os ganhos das partes.

REFERÊNCIAS
GONZALES, R. S. Governança Corporativa. 1ª edição. São Paulo: Editora Trevisan,
2012. 9788599519424. Disponível em: https://bit.ly/2X6fI0y. Acesso em: 23 out.
2020.

IBGC O éG C i O li Di í l
IBGC. O que é Governança Corporativa. Online. Disponível em:
https://bit.ly/3n8bDmX. Acesso em: 28 out. 2020.

IBGC. Código das melhores práticas de governança corporativa. 4. Ed. São


Paulo: IBGC, 2009. Disponível em: https://bit.ly/2LhWcve. Acesso em: 23 out 2020.

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IBGC. Governança Corporativa Internacionalização e Convergência - 1º edição

seõçatona reV
2010. São Paulo: Saint Paul Publishing (Brazil), 2010. 9788580040104. Disponível
em: https://bit.ly/3hBgRqq. Acesso em: 23 out. 2020.

MONKS, R. A. G; MINOW, N. Corporate Governance (English Edition). 4 ed.


England: John Wiley & Sons Inc., 2008.

OLIVEIRA, D. D. P. R. D. Governança Corporativa na Prática: Integrando


Acionistas, Conselho de Administração e Diretoria Executiva na Geração de
Resultados, 3ª edição. São Paulo: Grupo GEN, 2015. 9788522494569. Disponível
em: https://bit.ly/38TR3St. Acesso em: 30 out. 2020.

ROSSETTI, J. P.; ANDRADE, A. Governança Corporativa: Fundamentos,


Desenvolvimento e Tendências, 7ª edição. São Paulo: Grupo GEN, 2014.
9788522493067. Disponível em: https://bit.ly/38TR4G1. Acesso em: 23 out. 2020.

SILVA, E. C. Governança Corporativa nas Empresas. 4ª edição. São Paulo: Grupo


GEN, 2016. 9788597008920. Disponível em: https://bit.ly/3hBYn9j. Acesso em: 23
out. 2020.

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