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O aluno que deixa de estudar e gravar os conceitos abaixo não terá condições
de compreender adequadamente uma única linha dos tópicos seguintes, muito menos de
assistir aulas. Será sempre um ignorante em Direito Empresarial.
1
O conceito de empresa no Código Civil de 2002, 2010, p. 95. O autor é Professor de Direito Empresarial
da FDUFMG, Procurador Federal de Categoria Especial/AGU e, em Direito Empresarial, mestre pela
FDUFMG e doutor pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FDUSP - Largo do São
Francisco),possuindo livro e diversos artigos publicados.
portanto, uma ‘atividade econômica, organizada e voltada para a produção ou circulação de
bens ou serviços”. No mesmo sentido, ensina o Professor Fábio Ulhoa Coelho: “Se
empresário é o exercente profissional de uma atividade econômica organizada, então
empresa é uma atividade; a de produção ou circulação de bens ou serviços”2. "A empresa é
a atividade econômica, que decorre da organização e do emprego de elementos de
produção pelo empresário (individual ou sociedade empresária), em caráter profissional,
para a produção ou à circulação de bens e de serviços, nos mercados."3
A empresa não é sujeito de direito, vez que ela não contrata, não paga tributos,
não é proprietária de bens, não é parte em processo e não pratica qualquer ato jurídico. "A
empresa, como se viu, não é sujeito de direito e, por isso, não pode ser titular de direitos e
2
Manual de Direito Comercial, 2016, p. 35.
3
WARDE JÚNIOR, Walfrido Jorge. Teoria geral da empresa. In: CARVALHOSA, Modesto (Coord.).
Tratado de Direito Empresarial. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, v. I, p. 95.
4
Como leciona Fábio Ulhoa Coelho “o valor básico prestigiado é o da conservação da atividade (e não do
empresário, do estabelecimento ou de uma sociedade), e em virtude da imensa gama de interesses que
transcendem os donos do negócio e gravitam em torno da continuidade deste”. (Manual de Direito
Comercial, 2016, p. 35) Em sentido diverso: Otávio Vieira Barbi.
5
“Lei n. 11.101/05 [...] Art. 50. Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação
pertinente a cada caso, dentre outros: [...] IV – a substituição total ou parcial dos administradores do
devedor ou modificação de seus órgãos administrativos; [...] XII – trespasse ou arrendamento de
estabelecimento, inclusive à sociedade constituída pelos próprios empregados; [...] X – a constituição de
sociedade de credores”.
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“Empresa (atividade), empresário (sujeito de direito) e estabelecimento (conjunto de bens organizados)
têm conceitos e funções jurídicas específicas e não devem ser confundidos entre si, sob pena de haver
prejuízo para a segurança jurídico-metodológica.” (PINHEIRO, Frederico Garcia. Empresa Individual de
Responsabilidade Limitada, 2011, p. 66).
de deveres. A empresa não tem bens. Não é titular, reitere-se, de qualquer direito,
tampouco de direitos reais."7 Fiquem atentos, muitas vezes o Legislador, inclusive o
Constituinte, usa a palavra empresa de forma divorciada de seu sentido técnico, ou seja,
como se ela fosse sujeita de direito, como se ela praticasse o ato jurídico, v. g. 8,
contratasse empregados, ajuizasse ações, adquirisse bens, pagasse tributos, fosse
proprietária de bens, etc...
7
WARDE JÚNIOR, Walfrido Jorge. Teoria geral da empresa. In: CARVALHOSA, Modesto (Coord.).
Tratado de Direito Empresarial. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, v. I, p. 149.
8
Por exemplo.
9
CORRÊA-LIMA, Osmar Brina. Sociedade limitada, 2006, p. 05.
10
“ O empresário individual exerce a atividade empresarial em nome próprio e, obviamente, não
possui personalidade jurídica, característica adstrita às sociedades empresárias.
No Direito brasileiro, o empresário individual não possui dupla personalidade, ou seja, uma
referente à sua pessoa natural e outra referente à pessoa que exerce a atividade empresarial.
A inscrição do empresário individual no CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas) é
apenas para fins tributários, uma vez que o fisco o equipara a pessoa jurídica para tratamento do
imposto de renda e para conferir-lhe os benefícios do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa
de Pequeno Porte. (FERNANDES, Jean Carlos. Direito empresarial aplicado, 2007, p. 14)
"Logo, a firma individual não é pessoa jurídica. Ela é equiparada, apenas, à pessoa jurídica, única e
exclusivamente, para efeitos fiscais." (ROCHA FILHO, José Maria. Curso de direito comercial, 1999, p.
51)
“Empresário individual é a própria pessoa física ou natural, respondendo os seus bens pelas
obrigações que assumiu, quer civis quer comerciais” (STJ, Terceira Turma, REsp. 594.832/RO,
Relatora: Ministra Nancy Andrighi, Joseni Salviano da Silva e outros versus Associação Cultural e Bíblica
Unidade do Reino)
Observação: as duas citações acima são anteriores à Lei n. 12.441/11, que alterou o Código Civil e
passou a estabelecer a possibilidade de existência do empresário individual pessoa jurídica, neste caso
denominado de Empresa Individual de Responsabilidade Limitada.
11
“Código Civil [...] Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: [...] VI – as empresas individuais de
responsabilidade limitada.”
No Livro II do Código Civil, o empresário individual pessoa física é previsto
pelo Título I, denominado “Do Empresário”, enquanto que o empresário individual pessoa
jurídica é previsto pelo Título I-A, denominado “Da Empresa Individual de
Responsabilidade Limitada” (EIRELI). São as subespécies da espécie denominada de
empresário individual.
“5. A pessoa física, por meio de quem o ente jurídico pratica a mercancia, por óbvio,
não adquire a personalidade desta. Nesse caso, comerciante é somente a pessoa
jurídica, mas não o civil, sócio ou preposto, que a representa em suas relações
comerciais. Em suma, não se há confundir a pessoa, física ou jurídica, que pratica
objetiva e habitualmente atos de comércio, com aquela em nome da qual estes são
praticados. O sócio de sociedade empresarial não é comerciante, uma vez que a
prática de atos nessa qualidade são imputados à pessoa jurídica à qual está
vinculada, esta sim, detentora de personalidade jurídica própria. Com efeito,
deverá aquele sujeitar-se ao Direito Civil comum e não ao Direito Comercial, sendo
possível, portanto, a decretação de sua insolvência civil.” (REsp 785101 / MG -
2005/0157147-3 - 4ª Turma, Relator: Ministro Luis Felipe Salomão, DJe
01/06/2009)15 (G. N.)
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Observe abaixo que o art. 45 do Código Civil estabelece que a existência da pessoa jurídica de direito
privado inicia-se com a inscrição do seu ato constitutivo (contrato social ou estatuto) no registro próprio,
sendo que o art. 105, IV, da Lei 11.101/05, permite a falência de sociedade que sequer possua um
contrato social ou estatuto, ou seja, que não seja pessoa jurídica.
“Código Civil [...] Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou
aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato
constitutivo.”
“Lei n. 11.101/05 [...] Art. 105. O devedor em crise econômico-financeira que julgue não atender aos
requisitos para pleitear sua recuperação judicial deverá requerer ao juízo sua falência, expondo as razões
da impossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial, acompanhadas dos seguintes
documentos:[...] IV– prova da condição de empresário, contrato social ou estatuto em vigor ou, se não
houver, a indicação de todos os sócios, seus endereços e a relação de seus bens pessoais”.(G. N.)
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"O sujeito ativo da atividade empresarial, aquele que - sob o aspecto criativo - apresenta-se como seu
protagonista, é, o organizador dos vários fatores de produção." [WARDE JÚNIOR, Walfrido Jorge. Teoria
geral da empresa. In: CARVALHOSA, Modesto (Coord.). Tratado de Direito Empresarial. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2016, v. I, p. 96]
14
A empresa é objeto de direito. (FERNANDES, Jean Carlo. Direito empresarial aplicado, 2007, p. 12)
15
Anteriormente, o comerciante e a sociedade comercial eram os sujeitos do Direito Empresarial. Com o
Código Civil de 2002, os sujeitos passaram a ser o empresário e a sociedade empresária.
O empresário, seja ele individual, identificado pelo art. 966, do Código Civil 16,
ou social, caracterizado pelo art. 982 do mesmo diploma legal17, “exerce profissionalmente
atividade econômica organizada para produção ou circulação de bens ou serviços”, que não
constitua apenas “profissão intelectual de natureza científica, literária ou artística”.
16
“Código Civil [...] Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica,
literária ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da
profissão constituir elemento de empresa.”
17
“Código Civil [...] Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem
por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e simples, as
demais.”
18
“Código Civil [...] Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam
a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos
resultados.”
Vejam a lição da professora bandeirante, da FDUSP, Rachel Sztajn: “sociedade é um contrato em que
duas ou mais pessoas se ligam para, em conjunto, exercer atividade econômica, tendo em vista
um interesse comum.” (Comentários ao Código Civil, 2008, p. 79)
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“Código Civil [...] Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: [...] II – as sociedades; [...]
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato
constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder
Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.”
poderia ser outro, maior ou menor. Ele serve, inicialmente, como um impulso primeiro para
a sociedade exercer sua atividade, que é seu objeto social.
O capital social é dividido em: (i) ações, nas sociedades por ações: S/A e
SCPA, regidas por um estatuto social; ou (ii) cotas, nos outros tipos de sociedade
empresária personificada: Ltda., SNC e SCS, regidas por um contrato social.
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“Código Civil [...] Art. 1.172. Considera-se gerente o proposto permanente no exercício da empresa, na
sede desta, ou em sucursal, filial ou agência.”
ao registro no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas21, não havendo que se falar,
num primeiro momento, em condenação por crime falimentar.
21
“Código Civil [...] Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público
de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das
Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro se a sociedade
simples adotar um dos tipos de sociedade empresária.”
22
“Código Civil [...] Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para o
exercício da empresa, por empresário ou por sociedade empresária.”
23
“Código Civil [...] Art. 1.155. Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação adotada, de
conformidade com este Capítulo, para o exercício da empresa.”
empresário utiliza sua firma ou sua denominação para tanto24, uma ou outra, pois ninguém
pode possuir mais de um nome.
Dessa forma, é errado falar que a firma ou que a empresa “pegou fogo”,
podendo-se afirmar que ocorreu um incêndio no estabelecimento empresarial, que é um
conjunto de bens organizado...
Vale observar desde já que a firma social é também chamada de razão social,
ou seja, firma social e razão social significam a mesma coisa: espécie de nome empresarial
utilizado por sociedade. Todavia, o Código Civil de 2002 e a regulamentação pertinente não
utilizam a expressão razão social, conquanto seja comum a utilização deste verbete (razão
social) em contratos sociais arquivados em Juntas Comerciais.
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Instrução Normativa 104, do Departamento Nacional do Registro do Comércio (DNRC), com dispunha:
“Art. 1º Nome empresarial é aquele sob o qual o empresário e a sociedade empresária exercem suas
atividades e se obrigam nos atos a elas pertinentes.”
A instrução Normativa n. 15, do Departamento de Registro Empresarial e Integração (DREI), dispõe:
"Art. 1º Nome empresarial é aquele sob o qual o empresário individual, empresa individual de
responsabilidade Ltda – Eireli, as sociedades empresárias, as cooperativas exercem suas atividades e se
obrigam nos atos a elas pertinentes." Cooperativas são sociedades simples, não empresárias, sendo
lamentável a inclusão delas na referida Instrução Normativa.
25
“Lei n. 9.279/96 [...] Art. 5º Consideram-se bens móveis, para os efeitos legais, os direitos de
propriedade industrial.”
O título de estabelecimento, vulgarmente denominado de nome de fantasia, é
uma expressão lingüística que identifica o estabelecimento empresarial, não configurando
direito autônomo ou de propriedade industrial, como a marca e a patente. Não existe um
órgão para registrar o título de estabelecimento. Contudo, muitos títulos de estabelecimento
são denominados de "nome de fantasia" em contratos sociais registrados em Juntas
Comerciais, impedindo que sejam usados como marca e/ou nome empresarial por parte de
terceiros.
Muitas vezes, por razões de marketing, a sociedade tem como marca o seu
título de estabelecimento ou a sua insígnia, o que, apesar de aconselhável, não é
obrigatório.
“O art. 195, I, da Constituição estabelece que a seguridade social será custeada por contribuições sociais
‘do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei’. De acordo com a
terminologia empregada pelo Código Civil, a palavra “empresa”, no texto constitucional, está usada de
modo:
a) correto.
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Resposta: letra b. Prova de 2004.
“I. SUCESSÃO EMPRESARIAL. CARACTERIZAÇÃO. CONSEQUÊNCIAS. A prática das empresas de
efetuar rescisões contratuais e anotações na CTPS do empregado sobre o suposto desligamento da
""antiga empresa"" e a imediata admissão pela ""nova empresa"", como se fossem dois contratos de
trabalho distintos, não as livra dos efeitos da sucessão empresarial e da unicidade contratual. Há que se
ter em mente que para o Direito do Trabalho o empregador é a empresa (art. 2º da CLT), a qual não
se confunde com a pessoa física ou jurídica proprietária ou titular dessa empresa, LEMBRANDO-SE
QUE ""EMPRESA"" SIGNIFICA ATIVIDADE EMPRESARIAL E NÃO PESSOA JURÍDICA. O empregado vincula-se à
empresa (atividade empresarial), pouco importando se houve alteração de seus proprietários ou de sua
estrutura jurídica, conforme dispõem os arts. 10 e 448 da CLT. Além disso, vigoram no Direito do
Trabalho os princípios da continuidade do vínculo empregatício e o da despersonalização do
empregador. A sucessão trabalhista provoca a automática transferência de direitos e obrigações
contratuais do antigo titular do empreendimento para o novo titular da empresa empregadora. Opera-se,
desse modo, a imediata e automática assunção dos contratos trabalhistas pelo novo titular da
organização empresarial ou de sua parcela transferida. Irrelevante a circunstância de o sucedido
continuar existindo. Importante é o fato objetivo da transferência da administração da atividade com
continuação da prestação de serviços. Tanto que ocorre sucessão pela transferência unicamente do
estabelecimento comercial, considerado como universalidade de bens ou unidade econômico-produtiva,
ainda que a empresa da qual o estabelecimento se desgarrou continue existindo, pois para a ocorrência
da sucessão não é necessário que uma empresa desapareça e outra ocupe seu lugar, mas sim basta
que ocorra a transferência do estabelecimento com a continuidade da prestação dos serviços
desenvolvida pelo novo titular da empresa empregadora. Comprovada a sucessão trabalhista, resta
evidente que a imediata readmissão do trabalhador após a despedida, revela-se como fraudatória aos
direitos deste (art. 9º da CLT), com a tentativa da sucessora de desonerar-se da responsabilidade pelos
direitos trabalhistas do autor referentes ao contrato de trabalho firmado com a sucedida. Correta a
sentença ao declarar a sucessão de empregadores e a unicidade do contrato de trabalho. Recurso
ordinário da ré, ao qual se nega provimento, no particular. [...] (TRT 9ª R.; Proc. 01134-2007-091-09-00-5;
Ac. 18080-2009; Primeira Turma; Rel. Des. Edmilson Antonio de Lima; DJPR 09/06/2009)
Eles são casados com duas irmãs, Maria Vanderley e Joana Vanderley, agora
preocupadas com os esposos em casa e sem maiores ocupações.
Assim, resolveram que iriam se tornar sócios uns dos outros, mediante a
contratação de uma sociedade.