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CONTABILIDADE GERAL I

Apontamentos e casos práticos


 Cursos: Contabilidade & Finanças,;
Gestão Bancária & Seguros;
Informática & Gestão Financeira.

 Estudante nº 212574
 Curso: Contabilidade & Finanças
 Turma: T1/1º ano
 Contacto: +244947094214
 Correio electrónico: rodriguesjay794@gmail.com

Por: RODRIGUES PACIOLI


Elaborado por: Rodrigues Pacioli 1

CARO (A) LEITOR (A)

Enquanto formador e estudante de Contabilidade, eu, JODEL V.


RODRIGUES ou, como por muitos conhecido, RODRIGUES PACIOLI,
pude corrobar grandes dificuldades por parte daqueles que buscam o
aprendizado e, sobretudo, o aperfeiçoamento em matéria contabilística.
Outrossim, aos materiais disponíveis, este visa facilitar a percepção
instigando o gosto sobre a disciplina supracitada. Ademais, este material foi
por mim elaborado, exclusivamente, para estudantes do INSTITUTO
SUPERIOR DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS (ISAF), conquanto
todo e qualquer que se interesse possa fazer o uso.

“Para todo débito, deverá existir um crédito de igual valor.” – Lucas Pacioli

O autor
Jodel Vasco Rodrigues
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1. Empresas
1.1 Conceitos e definições
As empresas são organismos doptados de autonomia financeira que, portanto, tendem
a combinar factores de produção (capital e trabalho), mediante certos custos, obtendo os
proveitos possíveis.

Actualmente, diz-se “Empresa”, ao conjunto de actividades humanas, colectivas e


organizadas, regidas por um centro regulador, com a função de adaptar constantemente
os meios disponíveis aos objectivos predeterminados, tendo em vista a produção de bens
ou a prestação de serviços.

O seu objectivo essencial é a produção ou prestação de serviços e a sua finalidade


principal é a obtenção de proveitos.

1.2 Constituição das empresas


A constituição de uma empresa pode ser efectuada por pessoa singular ou por
pessoa colectiva (sociedade comercial).
As empresas constituídas por pessoa singular podem organizar-se sob a forma de
empresário em nome individual (ENI) ou de estabelecimento individual de
responsabilidade limitada (EIRL).
Os ENI devem adoptar uma firma, efetuar escrituração mercantil, inscrever no
registo comercial os atos a ele sujeitos e estão sujeitos ao cumprimento das obrigações
anuais de declaração de rendimentos. A firma deverá ser composta pelo nome do
empresário, completo ou abreviado, podendo ser-lhe acrescida uma alcunha ou expressão
relativa à atividade exercida.
Caso o empresário decida constituir um EIRL, é necessário definir qual será a
atividade da empresa (o seu objeto) e qual o montante do capital e bens afectos a essa
actividade.
Nos casos de constituição de empresa através de sociedade comercial, é necessário, entre
o mais, definir o seu objecto social (actividade) e quem são os sócios.
A delimitação do objecto social deverá ser cuidadosamente ponderada uma vez
que este restringe as atividades a que a empresa se pode dedicar. Por exemplo, uma
sociedade comercial constituída para edição e publicação de livros não pode dedicar-se à
actividade hoteleira.
Os sócios são normalmente as pessoas que desenvolveram o projecto e os seus
financiadores. Em regra, as sociedades têm mais que dois sócios. Mas é também possível
que uma sociedade por quotas tenha apenas um sócio. Nesse caso, chama-se sociedade
unipessoal por quotas. A sociedade unipessoal por quotas é uma alternativa à empresa
individual.
O capital social é constituído pelos meios que os sócios entregam à sociedade para
desenvolver a sua atividade e corresponde ao património inicial da sociedade. Ao
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conjunto de bens que cada sócio entrega (dinheiro ou bens móveis e imóveis) chama-se
entrada.
Mesmo que o capital social da empresa seja reduzido, o importante é que ele
permita o desenvolvimento da atividade. Apesar de uma sociedade por quotas poder ser
constituída com apenas dois euros, poucas sociedades conseguem desenvolver uma
atividade com esse montante. Se o capital social se revelar insuficiente, será necessário
um aumento de capital logo após a sua constituição.
A repartição do capital entre os sócios irá refletir a futura divisão de lucros ou de
perdas. Esta repartição tem também implicações no dia-a-dia da empresa, pois os direitos
de voto são atribuídos em função da participação de cada sócio no capital social.
Todos estes aspetos vão estar previstos no contrato de sociedade e nos estatutos
da sociedade. O contrato de sociedade (também conhecido como pacto social) traduz-se
no acordo entre as pessoas que vão ser sócias da sociedade. Os estatutos, que estão
anexados ao contrato, funcionam como uma espécie de regulamento interno da sociedade.
Os estatutos podem ser alterados, ao longo do tempo, quando os sócios assim
decidam; por exemplo, para aumentar o capital social.
Os futuros sócios podem escolher entre um contracto de sociedade previamente
elaborado ou a elaboração de um contrato de sociedade que reflita as opções dos sócios
relativamente à forma como a sociedade vai ser gerida.
A opção entre estas duas alternativas deve ter em atenção que a alteração posterior
do contracto de sociedade, ainda que possível, implica o acordo da maioria qualificada
do capital social. Nalgumas situações pode ser prudente recorrer a aconselhamento
especializado antes da celebração do contracto, para precaver potenciais conflitos futuros.

1.3 Classificação das empresas


Actualmente, a Contabilidade procura registar todos os factos patrimoniais quer
dos organismos públicos quer privados, facto a que esta disciplina se vem dedicando ao
longo dos tempos.
A palavra latina “pater” é definida pelo conjunto de bens do Pai. Este conceito
restrito alargou-se ao longo dos séculos, pelo que na actualidade se define por conjunto
dos bens, dos direitos e das obrigações de qualquer organismo, nomeadamente das
empresas. Existem vários critérios para classificação das empresas, mas entretanto,
descrevi apenas cinco (5).

1.3.1 Quanto à forma jurídica


Trata-se de uma classificação bastante importante porque nos dá a conhecer quais
os direitos e as obrigações das pessoas ligadas à propriedade da empresa. No entanto,
podem ser:
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1. Empresa em nome individual

Nestas empresas apenas existe uma pessoa que é detentora do património da empresa
e que, tendo capacidade para praticar actos de comércio, faz desse profissão.

Numa empresa em nome individual, a responsabilidade do detentor do património é


ilimitada, o que quer dizer que se os bens ligados à actividade comercial não chegarem
para o pagamento das dívidas, os credores podem fazer-se pagar com os bens patrimoniais
do comerciante. Esta tem que ter um nome pela qual é conhecida e referenciada no
mercado, o qual denominamos por “firma”.

Em nome individual, a firma pode revestir as seguintes formas:

- O nome civil completo, por exemplo, “Luís Tavares Ngola”.


- O nome civil abreviado, por exemplo, “L. T. Ngola”.
- O nome civil completo ou abreviado seguido da actividade comercial que
exerce, por exemplo, “L. T. Ngola – Informática”.

Em determinados países, a lei permite que o empresário possa optar pela forma
jurídica de Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada (EIRL). O
objectivo da lei foi proteger o património cultural do comerciante indvidual, na medida
em que o património deste tipo de empresas já não responde perante terceiros, o que
acontece apenas com os bens afectos à actividade comercial. A firma deve apresentar o
nome civil ou abreviado do comerciante, seguido ou não da actividade a que se dedica.

Exemplo: “André Pipas, EIRI; A. PIPAS – Auditoria, EIRI”.

2. Sociedades Comerciais

Nas sociedades comerciais existem dois ou mais sócios (pessoas que juntam para
constituir uma sociedade) que colocam em comum bens, tendo em vista explorar uma
determinada actividade. Estas sociedades constituem por escritura pública.

Tradicionalmente, existem quatro tipos de sociedades comerciais:

a) Sociedade em comandita
b) Sociedade em nome colectivo
c) Sociedade por quota
d) Sociedade anónima

Das sociedades referidas anteriormente, as colectivas e as em comandita caíram em


desuso porque eram lesivas para os bens particulares dos sócios. Assim sendo,
abordaremos um pouco sobre os (4) quatro tipos de sociedades comerciais:
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a) Sociedade em comandita

Neste tipo de sociedade existem dois tipos de sócios- os sócios comanditários que
entram para a sociedade com o capital necessário para poder funcionar; os sócios
comanditados, que não entram com capital para a sociedade, mas põem o seu trabalho ao
serviço da empresa.

Os sócios comanditários têm responsabilidade limitada enquanto que os sócios


comanditados têm responsabilidade ilimitada.

Este tipo de sociedade acabou fundamentalmente devido ao facto de o sócio


comanditário ter responsabilidade limitada e o sócio comanditado ter responsabilidade
ilimitada pondo em risco os seus bens particulares.

b) Sociedade em nome colectivo

Neste tipo de sociedade, a responsabilidade de todos os sócios é ilimitada, o que quer


dizer que no caso de existirem dívidas pelos bens da sociedade e os valores afectos à
actividade comercial não chegarem para pagar respondem subsidiariamente os bens
particulares de cada um dos sócios indiferentemente.

Se os bens colocados pelos sócios na sociedade não forem suficientes para o


pagamento de todas as dívidas aos credores, estes podem exigir o pagamento da dívida a
um dos sócios indiferentemente. Depois deste pagar as dívidas tem o direito de pedir aos
outros o que pagou a mais e a isto chama-se o direito de regresso.

c) Sociedade por quotas

Neste tipo de sociedade, a responsabilidade dos sócios é limitada ao valor com que
cada entrou para a sociedade. Assim, chama-se quota ao capital subscrito e realizado por
cada um dos sócios.

O Capital social está divido por quotas e não pode ser inferior ao valor
correspondente, em moeda nacional a USD 1.000.

De considerar que:

 Capital subscrito – é o que consta da escritura de constituição.


 Capital realizado – verifica-se quando os sócios efectivamente põem o
capital subscrito à disposição da sociedade.
A firma deste tipo de sociedade pode revestir duas formas:

 Firma propriamente dita – quando na firma constam os nomes dos


respectivos sócios por extenso ou abreviado, seguidos da expressão
limitada e por extenso ou abreviado, novamente.
Ex: “NEDJJANGOL, Lda”.
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 Denominação particular – quando do nome da firma apenas constar o


objecto da sociedade, seguido da expressão limitada por extenso ou
abreviado.
Ex: “CONTABIL, Lda”.

d) Sociedade Anónima

Esta sociedade é designada anónima pois, por vezes, têm um elevado número de
sócios que não se conhecem uns aos outros. O capital deste tipo de sociedade está dividido
em acções. O número de sócios não pode ser inferior a cinco. E o capital social não pode
ser inferior a um valor expresso em moeda nacional equivalente a USD 20.000. A
responsabilidade de cada sócio é limitada ao valor das acções que cada sócio é titular.

A firma deste tipo de sociedade deverá revestir a forma de denominação particular.


Pode, no entanto, incluir o nome de um ou mais sócios que estes autorizem.

Ex: “COCA-COLA, S.A”.

1.3.2 Quanto ao sector de atividade


De forma objectiva, podemos dizer, que as empresas quanto ao sector de
actividade são classificadas conforme a natureza e origem dos produtos fabricados ou
serviços prestados à sociedade. Logo, temos:
1. Sector primário - fazem parte deste sector as empresas que extraem produtos
vindo directamente da natureza. As empresas que se dedicam a agricultura, pesca
e a pecuária ou a atividade extractiva.
2. Sector secundário - constituem esse sector, todas as empresas que se dedicam
às activiades transformadoras, como: electricidade, gás, água, construção civil e obras
públicas.
3. Sector terciário – este sector é constituído pelas empresas dedicadas ao comércio,
transportes e comunicação, e ainda as restantes prestadoras de serviços.

1.3.3 Quanto à dimensão


Este critério gira em torno da capacidade de emprego e facturação bruta anual
por parte das empresas. Portanto, quanto à dimensão as empresas classificam-se em:
1. Micro empresas – são empresas cujo número de trabalhadores não excede ao
limite de 10. É importante referir que, a sua facturação bruta anual tem o limite de
até 250.000 USD (valor equivalente em akz).
2. Pequenas Empresas – diferente das micro, estas, têm a capacidade de empregar
até 100 trabalhadores e é necessário, porém, que tenham uma facturação bruta
anual superior a 250.000 USD e igual ou inferior à 3.000.000 USD (valor
equivalente em akz).
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3. Médias empresas – empregam mais de 100 até ao limite de 200 trabalhadores.


No entanto, a facturação bruta anual deverá exceder os 3.000.000 USD até ao
limite de 10.000.000 USD (valor equivalente em akz).
4. Grandes empresas – empresas de grande porte, como o nome faz referência, têm
a capacidade de empregar mais de 200 trabalhadores, inclusive uma facturação
bruta anual superior à 10.000.000 USD (valor equivalente akz).

1.3.4 Quanto à propriedade do capital


Quanto à forma de propriedade as empresas classificam-se por:
1. Empresas Públicas – são aqueles tipos de empresas em que o estado é
detentor do capital que a constitui. Estás empresas constituem o sector
Empresarial do Estado.
2. Empresas Privadas – todo tipo de empresa em que o capital investido na
empresa pertence a entidades privadas ou pessoas singulares. Estás empresas
constituem o sector Empresarial Privado.
3. Empresas Mistas – são todas as empresas em que a detenção do capital está
repartida, ou seja, uma parte do capital pertence a determinada privadas ou
pessoa singular e a outra parte ao Estado.
1.3.5 Quanto a atividade económica

1. Empresas comercias: são aquelas que adquirem e vendem os bens no mesmo


estado em que adquiriram, sem sofrerem qualquer transformação em termo físico.

Empresa comercial

Compra de Venda de
Fornecedores Armazém da Clientes
Mercadoria empresa Mercadoria

2. Empresas industriais: são aquelas que adquirem as matérias-primas e as


transformam em produtos acabados, que posteriormente são vendidos á terceiros.

Empresa industrial

Fornecedores de Armazém de Fábrica Armazém de Clientes


matérias matérias (transformação) produtos
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3. Empresas prestadoras de serviço: limitam-se na prestação de serviços úteis na


sociedade.

2. A Contabilidade

Contabilidade é a ciência que tem por objectivo o estudo das variações quantitativas
e qualitativas ocorridas no património (conjunto de bens, direitos e obrigações) das
entidades (qualquer pessoa física ou jurídica que possui um património).
Através dela é fornecido o máximo de informações úteis para as tomadas de decisões,
tanto dentro quanto fora da empresa, estudando, registrando e controlando o patrimônio.
Em resumo, a Contabilidade abrange um conjunto de técnicas para controlar o
património das organizações mediante a aplicação do seu grupo de princípios, técnicas,
normas e procedimentos próprios, medindo, interpretando e informando os factos
contabilísticos aos donos das empresas.
Todas as movimentações existentes no patrimônio de uma entidade são registradas
pela Contabilidade, que resume os factos em forma de relatórios e entrega-os aos
interessados em saber como está indo à situação da empresa.
Através destes relatórios são analisados os resultados alcançados e a partir daí são
tomadas decisões em relação aos acontecimentos futuros. No entanto, a Contabilidade é
a responsável pela escrituração (registro em livros próprios) e apuração destes resultados
e é só através dela que há condições para se apurar o resultado obtido em determinado
exercício (lucro ou prejuízo), ou período, se quisermos.

2.1 Conceitos e definições


Alguns autores definem a Contabilidade como ciência, técnica e até mesmo método
que permite controlar o património.

A Contabilidade é a ciência que estuda e controla o património, objectivando


representa-lo graficamente, evidenciado suas variações, estabelecendo normas para a sua
interpretação e análise e auditagem e servir de base para tomada de decisões de todos os
sectores ligados directa ou indirectamente à empresa.

Partindo do pressuposto de que, para que determinada área do saber seja considerada
ciência, antes porém, é crucial que se tenha um objecto de estudo. Ora, com a
Contabilidade não é diferente, pois ela estuda as variações, quer quantitativas ou
qualitativas que ocorrem no património de determinada entidade (pessoa física ou
jurídica). Ademais, isto implica representar, ou seja, quantificar toda a informação para
que auxilie na tomada de decisões.

Entretanto, podemos dizer, que a Contabilidade, enquanto sistema de informação,


transforma informações em números, dando o devido tratamento, para que seus utentes
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percebam as alterações que os factos ocorridos e consequentemente registados causaram,


causam e causarão (relativamente ao futuro) no património, isto é, na empresa. Como
toda ciência, a Contabilidade, deveras, é munida de técnicas, regras e princípios que
permitem chegar à tais resultados. E como tal, constitui, portanto, uma ferramenta
importante, se não, a mais importante para a gestão de qualquer empresa ou organização.

2.2 Objecto de estudo da Contabilidade


Tem-se por objecto de estudo o património das entidades (pessoa jurídica) ou das
pessoas (pessoa física). Este património é administrável e está sempre em constante
mudança.
Trata-se na Contabilidade a pessoa jurídica da entidade como distinta da pessoa
física do proprietário. Sendo assim, a Contabilidade é formada para a entidade e não para
seus respectivos donos, estando voltada para os estudos da empresa (pessoa jurídica).

2.3 Finalidade da Contabilidade


A Ciência Contabilística desenvolve suas funções em torno do património como
meio para alcançar sua finalidade.
Tem por finalidade registrar factos e produzir informações que possibilitem ao
dono do património o controle (certificar-se de que a empresa ou organização está
actuando de acordo com os planos e políticas traçados) e planejamento (decidir qual curso
tomar para atingir com mais rapidez, eficiência e eficácia o objectivo proposto) de como
agir no seu património.

2.4 Funções da Contabilidade

Actualmente, a ciência contabilística tem três funções fundamentais:


a) Função de Registo – trata-se da função básica da Contabilidade, uma vez que
esta deve registar todos os factos que provocam alterações no seu património.
Para cumprir estes requisitos deve possuir quatro livros obrigatórios:
- Livro de Actas;
- Diário selado;
- Razão selado;
- Livro de Inventário e Balanço;

b) Função de Controlo – a Contabilidade deve possibilitar uma análise sobre a


maneira da obtenção do resultado da empresa no exercício, assim como uma
análise económica e financeira da empresa, comparando os resultados obtidos
pela mesma com os das outras empresas do mesmo ramo de actividade.

c) Função de Avaliação – esta função, em Contabilidade, deve permitir:


 Conhecer os custos pelos quais os bens ficaram à empresa:
 Calcular preços de venda com base nos preços de custos;
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Adquirir os bens necessários ao seu funcionamento no tempo


oportuno, qualidade e respectivo preço;
 Analisar a produtividade dos trabalhos da empresa;
d) Previsão - a previsão é feita com base os documentos chamados orçamentos
elaborados a partir de dados fornecidos pela contabilidade

2.5 Divisão da Contabilidade


Por sua vez, podemos dizer que a Contabilidade divide-se em:
1. Contabilidade Nacional – é o conjunto de quadros e mapas, para apurar os
valores da produção, despesas e rendimento do país, para isso recorre-se a serviços
de estatísticas.
2. Contabilidade Pública – consiste em registrar os valores atribuídos aos
organismos públicos devidamente especificado os gastos e despesas cobertas
pelas mesmas empresas.
3. Contabilidade Empresarial – é a contabilidade efectuada pelas empresas, que
por sua vez se divide em:
 Contabilidade Geral ou Financeira: consiste na relação da empresa com
terceiros, dá-nos uma visão geral do património, e é de carácter
obrigatório.
 Contabilidade Analítica ou Custo: é uma técnica de controlo e previsão
de custos, proveitos e resultados. Permite o controlo dos custos e proveitos
serve para a gestão interna.
 Contabilidade Orçamental: é feita com valores estimados antes de se
efectuar os factos, destinados ao planeamento dos gastos e resultados, e
análise dos desvios em relação aos planos iniciais.

2.6 Informação Financeira


2.6.1 Características da Informação financeira
A Contabilidade está assente em modelos contabilísticos. A Contabilidade
estabelece através de modelos contabilísticos, ou seja, por formas simples de representar
a realidade empresarial que se demonstra tão complexa. Assim, o Balanço e a
Demonstração de resultados, conjuntamente com o Anexo constituem os principais
Modelos contabilísticos.
Ainda referente aos modelos contabilísticos e para ser mais útil aos utentes, a
informação financeira ou contabilística deve apresentar três características que são:
 Relevância: tem a ver com a qualidade da informação, que influencia a
tomada de decisões e ajuda os utentes a avaliar os acontecimentos do
passado, presente e futuro. Só assim o analista da empresa consegue
confirmar ou corrigir suas decisões.
 Fiabilidade: informação que não contém erros materiais nem juízos de
valor.
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 Comparabilidade: característica que permite comparar os dados de uma


empresa, de um exercício para o outro e os dados entre empresas.

2.6.2 Utentes da Informação financeira


O Plano Geral de Contabilidade é um documento que interessa a muitas entidades,
fundamentalmente a investidores, financiadores, trabalhadores, fornecedores e outros
credores, clientes, administração pública e público em geral, na medida em que se destina
ajudar:
 Os preparadores das Demonstrações Financeiras na aplicação de normas
idênticas às internacionais;
 Os utentes na interpretação da informação contida nas Demonstrações
Financeiras;
 Os Auditores na formação de opinião sobre se as demonstrações
financeiras se encontram ou não em conformidade com princípios de
contabilidade geralmente aceites;
 A identificar assuntos que devem constituir alvo de interpretação
detalhada e aprofundamento em fases seguintes, para melhor se
conformarem com as necessidades do País sem ferirem os princípios
básicos internacionais;

2.7 Princípios Contabilísticos


Segundo preconizado pelo Plano Geral de Contabilidade (PGC) consideram-se os
seguintes princípios:

1) Princípio da consistência: a empresa não pode alterar as suas políticas


contabilísticas, ou seja, a sua maneira de proceder de um exercício para o seguinte,
a não ser por razões fortemente justificadas e devem ser explicadas no Anexo.

2) Princípio da materialidade: enquanto que a relevância tem a ver com qualidade


da informação, materialidade tem a ver com a quantidade da informação. A
relevância diz que para as peças contabilísticas darem uma imagem verdadeira e
fiel do património da empresa não pode falhar nenhum elemento.

3) Princípio da não compensação de saldos: reza o princípio de que, não devem


ser efectuadas compensações de saldos entre Activos e Passivos. A apresentação
de rubricas no Balanço pelo seu valor líquido de amortizações e provisões não é
considerada uma compensação de saldos.

4) Princípio da comparabilidade: as demonstrações financeiras devem permitir


efectuar comparação ao longo do tempo, a fim de identificar a posição patrimonial
e financeira no seu desempenho.
Elaborado por: Rodrigues Pacioli 12

É importante reiterar que, as demonstrações financeiras, segundo o Plano Geral


de Contabilidade (P.G.C), são elaborados tendo em conta dois regimes:

a. Continuidade – uma vez iniciada a sua actividade, a empresa opera de


forma contínua, isto é, a empresa tem uma duração ilimitada. A sua gestão
não possui limite de tempo, a não ser que haja intenção de liquidar a
empresa. Apesar da empresa apresentar contas, exercício a exercício estas
paragens são artificiais. Pelo que, esta mantém o seu funcionamento e
apenas avalia o trabalho executado durante o exercício económico.

b. Acréscimo - de acordo com este pressuposto os custos e os proveitos


devem ser tratados contabilisticamente no período em que ocorrem,
independemente do facto do seu recebimento ou pagamento, isto é, para
efeitos de registo contabilístico deve atender-se à data da realização da
operação e não à data de cobrança ou pagamento.

2.8 Documentos usados no processo contabilístico


Os documentos comummente utilizados para os registos contabilísticos são:
 Nota de encomenda
 Guia de remessa
 Factura
 Recibo
 Cheque
 Nota de débito
 Nota de crédito
 Nota de lançamento

a) Nota de encomenda: é um documento emitido pelo comprador em que este indica


ao vendedor qual a quantidade, qualidade, o preço unitário, condições de entrega
e de pagamento dos bens que se deseja adquirir.
b) Guia de remessa: é um documento emitido pelo vendedor (fornecedor). Este
documento acompanha os bens até o armazém do comprador e serve para verificar
se os bens que chegaram estão de acordo com os da nota de encomenda, o
comprador fica com a original e o vendedor (fornecedor) com a duplicada.
c) Factura: é um documento emitido pelo fornecedor destinado ao comprador
quando se efectua uma venda a prazo. Quando há sincronismo entre o fluxo real
e o fluxo financeiro, o fornecedor não emite uma factura mas sim uma factura-
recibo.
d) Recibo: é um documento emitido pelo fornecedor e que serve de prova de
pagamento dos bens adquiridos pelo comprador.
Elaborado por: Rodrigues Pacioli 13

e) Cheque: é uma forma do comprador pagar a sua dívida ao fornecedor, ao emitir


o cheque o comprador dá ordem ao banco para este pagar ao vendedor uma
determinada importância.
f) Nota de débito: tem por finalidade corrigir para mais (+) o valor da factura
quando o vendedor, por lapso, se esquece de mencionar alguma despesa por conta
do comprador ou errou nalgum cálculo.
g) Nota de crédito: tem por finalidade corrigir para menos (-) o valor da factura.
h) Nota de lançamento: é um documento que substitui a nota de débito e a nota de
crédito.

4. O Património
Toda a família possui um património que é constituído por bens, direitos e
obrigações num determinado momento. Este é denominado por património individual ou
próprio. O conceito de património individual pode ser analisado sob o ponto de vista:
- Estático, quando o referimos a uma determinada data e a um dado momento.
- Dinâmico, quando se estudam as movimentações permanentes que afectam o valor
patrimonial.
Tal como as famílias, as empresas são detentoras de um património. Assim,
podemos definir Património Empresarial como o conjunto dos bens, direitos e obrigações
de uma empresa referidos a uma determinada data e usados para atingir determinados
objectivos.
A palavra latina (pater) é definida pelo conjunto de bens do Pai. Este conceito
restrito alargou-se ao longo dos séculos, pelo que na actualidade se define por conjunto
dos bens, dos direitos e das obrigações de qualquer organismo, nomeadamente das
empresas.
Sendo o património constituído pelos bens, direitos e obrigações de uma empresa
numa determinada data, há que distinguir entre a parte positiva e a parte negativa do
mesmo. Como é lógico, os bens e os direitos constituem a parte positiva ou activa do
património constituindo assim o Activo da empresa. As obrigações constituem a parte
negativa ou passiva do património, logo o Passivo da empresa.

VALOR DO PATRIMÓNIO ACTIVO PASSIVO

3.1 Elementos patrimoniais


Elementos Patrimoniais são os elementos que compõe o património de uma entidade,
nomeadamente, bens e direitos (Activo) e obrigações (Passivo) da entidade. Podemos
caracterizá-los da seguinte forma:
Elaborado por: Rodrigues Pacioli 14

1) Bens - São os elementos que podem ser avaliados monetariamente e podem


ser destinados para uso, troca ou venda. Os bens possuem utilidade, pois são
eles que satisfazem as necessidades de seus proprietários.
Os bens podem ser classificados de diversas formas. De acordo com sua natureza
e finalidade, os bens podem ser assim classificados:
a) Quanto à natureza:
 Bens tangíveis: Bens corpóreos, que têm forma física, palpáveis. Exemplos:
veículos, máquinas, edificações, mercadorias, dinheiro etc.;
 Bens intangíveis: Bens incorpóreos, que não têm forma física. Exemplos:
marcas, patentes, softwares, direitos autorais etc.

b) Quanto à finalidade:
 Bens numerários: Bens que representam disponibilidades em dinheiro. Esses
bens são registrados na conta Caixa.
 Bens de venda: ativos que pertencem à entidade e que há a intenção de sua
venda. Normalmente, os bens de venda são aqueles registados na classe das
existências, como matéria-prima, mercadorias, produtos em elaboração,
produtos acabados.
 Bens de uso: Bens que pertencem à entidade, mas que não há intenção de
venda. Esses bens têm como finalidade gerar benefícios para a empresa
mediante o seu uso, mas não mediante sua venda. Exemplos: bens registrados
no ativo imobilizado (máquinas, edificações, veículos, hardwares, imóveis,
terrenos etc.) e no ativo intangível (marcas, patentes, softwares, direitos
autorais etc.);
 Bens de renda: Bens que pertencem à entidade e que geram benefícios
mediante sua valorização ou locação. Exemplos: participações societárias em
outras empresas, imóveis para locação etc.

2) Direitos – constituem todos os bens da empresa em posse de outrem, bem


como as divídas de terceiros para com a empresa. Geralmente, aparecem
acompanhados das expressões: “a receber”, “a compensar”, a “recuperar”, “a
creditar”, ou outra similar, indicando a promessa de recebimento ou que
permita recuperar parte do bem transferido. Tal como os bens, os direitos
também constituem a parte positiva do património.

3) Obrigações - é a responsabilidade, por parte da empresa, de pagamento por


bens adquiridos ou despesas realizadas. Também representam os bens de
terceiros que estão em poder da empresa e/ou dívidas contraídas em virtude
de despesas. Geralmente, aparecem acompanhadas da expressão: “a pagar”,
“a recolher”, “passivos”, “a liquidar” ou outra similar.
Elaborado por: Rodrigues Pacioli 15

3.2 Massas patrimoniais Gerais


Sendo o património constituído pelos bens, direitos e obrigações de uma empresa
numa determinada data, há que distinguir entre a parte positiva e a parte negativa do
mesmo. Como é lógico, os bens e os direitos constituem a parte positiva (Activo) do
património. As obrigações constituem a parte negativa (Passivo) do património.
1- Massas Patrimoniais Gerais:
a) Activo – são todos os recursos (bens ou direitos) controlados por uma
determinada entidade como resultado de acontecimentos passados e dos
acontecimentos económicos futuros.
b) Passivo – constituem as obrigações presentes da entidade provenientes de
acontecimentos passados, da liquidação dos quais se espera que resultem fluxos
de recurso da empresa incorporando benefícios económicos.
2 - Massas Patrimoniais Parciais:

a) Activos não correntes – é tudo aquilo que se espera que permaneçam na posse
da entidade por um período superior a um ano.
b) Activos correntes – são aqueles que se espera que permaneçam na posse da
entidade por um período até um ano.
c) Passivos não correntes – geralmente, são as dívidas que se espera ser liquidada
pela entidade, num período superior a um ano.
d) Passivos correntes – respeitam as dívidas que devem ser liquidas ou pagas pela
entidade, num período inferior ou igual a um ano.

3.3 Variações ou factos patrimoniais


De tudo abordado até agora, existe como resultado, todo um trabalho incubido ao
técnico de Contabilidade, que consiste na observação, classificação, registo e controlo, de
todos estes acontecimentos, a fim de responder às exigências do dia-a-dia, no
cumprimento do seu dever e que chamámos de trabalho contabilístico.
Por conseguinte, estes acontecimentos (normais ou anormais) podem ser classificados
por dois grandes grupos:
a) Variações patrimoniais permutativas: são aquelas que provocam apenas
provocam alteração na composição do património e não no seu valor. Ex: Compra
de mercadorias; depósito a prazo; compra de imobilizado; pagamento de dívidas,
etc.
b) Variações patrimoniais modificativas: são aqueles que além de provocarem
alterações na composição do património vêm alterar, de igual modo, o seu valor
(tanto para maior, quanto para menor). Ex: Venda de mercadorias; Pagamento de
energia e água; Custo com o pessoal; etc.
Logicamente, as variações modificativas alteram tanto a composição, quanto o valor
do património. Mas, entretanto, podemos logo entender que esta alteração (atendendo à
Elaborado por: Rodrigues Pacioli 16

cada operação) tende a modificar o valor para maior (rédito) ou para menor (despesas).
No entanto, as variações patrimoniais modificativas podem ser:
- Aumentativas: quando altera o valor do património para maior.
- Diminutivas: quando altera o valor do património para menor.

4. Processo Contabilístico
4.1 Etapas do processo contabilístico
1 - Colecta de dados (Factos contabilísticos com documentação idônea)
Consiste no processo de recolhimento de dados para pesquisas por meio de
técnicas específicas. Esses dados são utilizados para tarefas de pesquisa, planejamento,
estudo, desenvolvimento e experimentações. Para que os resultados sejam satisfatórios, o
ponto central é o planejamento para a execução da metodologia de apuração de dados.
A colecta de dados é o que define a direcção que o desenvolvimento do projecto
vai seguir. Todos os cuidados com esses dados são em função da qualidade das
informações a serem obtidas pela população em análise.
2 - Contabilidade
Toda empresa necessita de um profissional especializado em contabilidade durante
toda a sua existência. Atualmente, a contabilidade está alcançando uma dimensão bem
mais abrangente, oferecendo subsídios e resultados que vão além do próprio setor e
ajudam o gestor a tomar as melhores decisões (contabilidade gerencial).
De acordo aos temas anteriores, é muito evidente que as empresas cada vez mais têm
a necessidade de recorrer à contabilidade, já que, por si, constitui um instrumento de
gestão de tamanha importância. Não fora esse instrumento, qualquer Gestor, teria grande
dificuldade em saber, por exemplo:
 A composição e o valor do patrimônio da sua empresa;
 A posição da empresa perante os seus fornecedores – qual o grau depêndecia, para
avaliar a sua capacidade de endividamento;
 O montante dos créditos sobre seus clientes;
 O montante das vendas;
 Os resultados e suas respectivas natureza
 Em suma, a situação económico-financeira da empresa.
Logo, verifica-se que a Contabilidade fornece um conjunto de informações, com base
nos registos efectuados quotidianamente, que, além de influenciarem as decisões dos
gestores, vêm contribuir para um melhor conhecimento das empresas, pelas entidades
interessadas e possibilita a prestação de contas à Administração Geral Tributária.
Elaborado por: Rodrigues Pacioli 17

3 - Escrituração feita por profissionais habilitados


A escrituração contábil e a emissão de relatórios, peças, análises e mapas
demonstrativos e demonstrações contábeis são de atribuição e responsabilidade
exclusivas do Contabilista. Desde que legalmente habilitado para o exercício da profissão
como técnico em Contabilidade, o titular da empresa individual, o sócio, acionista ou
diretor da sociedade pode assinar as demonstrações financeiras da empresa e assumir a
responsabilidade pela escrituração.

4 - Observação integral dos princípios contabilísticos


Para que a informação contabilística se torne credível, é extremamente necessário
que o registo das várias operações – base de toda a informação – se efectue, segundo
determinadas regras, a fim de garantir às várias entidades, a fidelidade daquela
informação. Por isso, os registos contabilísticos são efectuados tendo em atenção os
chamados Princípios Contabilísticos Geralmente Aceites, noutrora já mencionados.

4.1.1 O Inventário

O Inventário é um documento onde se encontram inscritos os elementos patrimoniais


de uma determinada empresa devidamente valorizados e referidos a uma determinada
data. Este documento goza de três características:
 É estático – porque apresenta a relação dos elementos patrimoniais em
determinado momento.
 É quantitativo porque os elementos estão valorizados em moeda.
 É qualitativo porque desta lista fazem parte todos os elementos patrimoniais
dessa empresa nesse momento.

4.1.1.1 Classificação do inventário

O Inventário pode ser classificado segundo cinco ópticas:


1 – Quanto à ordenação, podem ser:
 Simples ou corrido – quando os elementos patrimoniais não estão ordenados.
 Classificado ou selectivo – quando os elementos patrimoniais estão classificados
e agregados em contas devidamente ordenadas.
2 - Quanto ao conteúdo, podem ser:
 Total ou geral – quando no inventário constam os elementos patrimoniais da
empresa nesse momento.
 Parcial – quando no invetário apenas constam determinados elementos.
3 - Quanto à apresentação, podem ser:
Elaborado por: Rodrigues Pacioli 18

 Vertical – no inventário vertical ao Activo segue-se o Passivo


 Horizontal – no inventário horizontal o Passivo é escrito ao lado do Activo

4 – Quanto ao momento em que é elaborado:


 Inventário inicial – é o que é elaborado no momento em que a empresa inicia a
sua actividade.
 Inventário intercalar – é o que se realiza durante o exercício económico.
 Inventário extraordinário – é o que realiza-se por motivos imprevistos (roubo,
incêndio, etc.).
 Inventário final – é o que realiza-se no final do exercício económico.

4.1.1.2 Elaboração do inventário

DADOS DA EMPRESA: Valores em akz


DATA:

CÓD DESCRIÇÃO QTD P. UNIT VALOR


ACTIVO
Activo não Corrente
1 Meios fixos e investimentos
11 Imobilizações corpóreas
12 Imobilizações incorpóreas
13 Investimento financeiro
Outros activos não correntes
------- Subtotal do activo não corrente

Activo Corrente
2 Existências
26 Mercadorias
3 Terceiros
31 Clientes
37 Outros valores a receber (OVR)
4 Meios Monetários
42 Depósito à prazo
43 Depósito à ordem
45 Caixa
Outros activos correntes
------- Subtotal do activo corrente
Elaborado por: Rodrigues Pacioli 19

TOTAL DO ACTIVO

PASSIVO
Passivo não Corrente
33 Empréstimos M.L/Prazo
------- Subtotal do Passivo não corrente
Passivo Corrente
32 Forncedores
33 Empréstimo obtido (curto prazo)
34 Estado
36 Pessoal
37 Outros valores a pagar (OVP)
------- Subtotal do Passivo Corrente

TOTAL DO PASSIVO

Para a elaboração do inventário devemos, antes porém, levar em conta a sua


estrutura. Como podemos observvar no quadro acima, o inventário é composto por cinco
(5) colunas, dentre elas:
a) Código da conta;
b) Descrição;
c) Quantidade;
d) Preço unitário
e) Valor.
Elaborado por: Rodrigues Pacioli 20

4.1.2 O Balanço
É a demonstração que apresenta todos os bens e direitos da empresa (Activo),
assim como as obrigações (Passivo Exigível) em determinada data. A diferença entre
Activo e Passivo é chamada Património Líquido, ou seja, é o valor que resta depois que
a empresa paga as suas obrigações (Passivo exigível) e representa o capital investido pelos
proprietários (sócios) da empresa, quer através de recursos trazidos de fora da empresa,
quer gerado por esta em suas operações e retidos internamente.
Segundo Helfert (2000, pág. 30), o Balanço Patrimonial, preparado a partir de uma
data específica, registra as categorias e quantias de ativos empregados pelo negócio e as
obrigações devidas aos financiadores e proprietários. Também chamado de demonstração
da condição financeira ou demonstração da posição financeira, o balanço sempre tem que
igualar, por definição, o valor registrado dos recursos totais investidos naquele período
(ativos) com as obrigações exigidas (passivos) e o património líquido ou Capital próprio
que sustentam esses recursos.
Para Matarazzo (1998), o passivo Exigível e o Património Líquido mostram a
origem dos recursos que se acham investidos no Activo. Especificamente, o Património
Líquido não representa nada de concreto. Quando a empresa é constituída, os sócios
entregam-lhe determinado Capital representado por dinheiro ou bens. Nesse momento, a
empresa possui apenas esses bens e o numerário que recebeu dos sócios.
Acrescenta Helfert (2000, pág. 31), que os passivos exigíveis são obrigações
específicas que representam direitos dos financiadores sobre os activos do negócio e têm
prioridade de reembolso em relação aos proprietários. O património líquido registrado,
com efeito, representam uma quantia residual dos proprietários, sobre os activos
remanescentes, após subtraídas todas as obrigações exigíveis. Assim, as categorias
principais de activos, ou de fundos aplicados, são:
a) Activo não corrente (ou Activo fixo) – tais como terrenos, recursos minerais,
edifícios, equipamentos, maquinaria e veículos, marcas, patentes e vários outros
itens intangíveis, que possuem uma vida útil maior que um ano.
b) Activo corrente (ou Activo circulante) – constituem bens e direitos que possuem
um giro que acompanha o curso normal do negócio, dentro de um período de um
ano, tais como, caixa, títulos negociáveis, contas a receber e existências).
As fontes principais dos fundos obtidos são:
a) Passivos não corrente (exigíveis à médio e longo prazo) - que são uma
variedade de instrumentos de dívida pagos além do período de um ano, tais como
títulos de dívida, empréstimos e impostos diferidos.
b) Passivos correntes (exigíveis de curto prazo) - que são obrigações para com
fornecedores, impostos, trabalhadores e financiadores, a serem saldadas dentro de
um ano.
c) Património líquido ou Capital próprio - que representa a quantia líquida
registrada de capitais fornecidos por várias classes de proprietários do negócio,
como também os lucros retidos após a distribuição de dividendos.
Elaborado por: Rodrigues Pacioli 21

Em resumo, o Balanço patrimonial é um instrumento estático, como uma


fotografia, pois reflecte as condições da empresa na data de sua elaboração. Ele também
é cumulativo, porquanto representa os efeitos de todas as decisões e transações que
aconteceram desde o começo do negócio e foram sendo actualizados até a data do último
balanço apurado.

 EQUAÇÃO FUNDAMENTAL

ACTIVO CAPITAL PRÓPRIO PASSIVO

Logo,
A – P = CP
Ou
CP = A - P

4.1.2.1 Classificação do balanço

Este documento pode ser classificado por:


1- Balanço de fundação – é o que se estabelece no acto da fundação da empresa.
2 - Balanço de liquidação – é o que e estabelece no acto da extensão da empresa.
3 – Balanço ordinário – é o que se elabora no espaço de tempo determinado.
4 - Balanço extraordinário – realiza-se quando houver uma determinada irregularidade
na empresa.
5 - Balanço inicial – é aquele que se elabora no início da actvidade ou exercíco
económico.
6 – Balanço final – é aquele que elabora no fim da actividade económica.
Elaborado por: Rodrigues Pacioli 22

4.1.2.2 Elaboração do balanço


Elaborado por: Rodrigues Pacioli 23

DADOS DA EMPRESA: Valores em akz


DATA:

CÓD DESCRIÇÃO VALOR COD DESCRIÇÃO VALO


R
ACTIVO C. P e PASSIVO
Activo não Corrente CAPITAL PRÓPRIO
1 Meios fixos e investimentos 51 Capital
11 Imobilizações corpóreas ----- TOTAL DO C.PROP
12 Imobilizações incorpóreas
13 Investimento financeiro PASSIVO
Outros activos não correntes Passivo não Corrente
------- Subtotal do activo não 33 Empréstimos
corrente M.L/Prazo
------ Subtotal do P. não
- corrente
Activo Corrente Passivo Corrente
2 Existências 32 Forncedores
26 Mercadorias 33 Empréstimo obtido
(curto prazo)
3 Contas a receber 34 Estado
31 Clientes 36 Pessoal
37 Outros valores a receber 37 Outros valores a pagar
(OVR) (OVP)
4 Disponibilidades ---- Subtotal do P. Corrente
--
42 Depósito à prazo
43 Depósito à ordem
45 Caixa
Outros activos correntes
------- Subtotal do activo corrente

------- TOTAL DO ACTIVO ------ TOTAL C.PRÓPRIO


+
PASSIVO

Observando o quadro acima, podemos facilmente entender que o


balanço é composto por dois membros:
Elaborado por: Rodrigues Pacioli 24

1) Activo
2) Capital próprio e Passivo

CAPITAL
PRÓPRIO

ACTIVO

PASSIVO

4.2 A Conta
As empresas, sobretudo as maiores, possuem milhares de elementos patrimoniais.
Não seria útil fazer um inventário em que se descrevessem todos os elementos
patrimoniais, porque seria impossível apresentar e avaliar o património da empresa. O
único caminho consistiu em agrupar os elementos patrimoniais semelhantes. A este
agrupamento denomina-se por “Conta”.
Então, podemos entender que, conta consiste no conjunto de elementos
patrimoniais com características semelhantes, expressos em unidade de valor, em moeda.
Toda conta possui três características fundamentais:
 Titularidade – toda a conta deve ter um título que evidencie claramente
quais os elementos patrimoniais que dela fazem parte.
 Homogeneidade – cada conta deve conter os elementos patrimoniais com
características comuns.
 Integralidade – todos os elementos que apresentam características
semelhantes devem fazer parte da mesma conta.

4.2.1 Breves considerações


Quando nos referimos ao património considerámos que o património de qualquer
empresa era um conjunto de elementos heterogéneos e que são utilizados para um
determinado fim, de acordo com o objecto social de cada empresa.
Apesar da sua heterogeneidade, os elementos patrimoniais são passíveis de serem
comparados entre si. Isso é possível porque existe a faculdade de lhes atribuir um valor.
Elaborado por: Rodrigues Pacioli 25

Se de tal modo não fosse, no entanto, não seria possível, por exemplo,
compararmos um computador a uma estante e esta, por sua vez, aos próprios livros que
ostenta e ainda os livros entre si, já que eles podem ser, por hipótese, técnicos e não
técnicos. Desta forma, como cada elemento referido é de natureza diferente e com
características próprias, só é possível a sua comparabilidade, pelo facto de se poderem
traduzir numa unidade de valor comum, isto é, a moeda.
Entretanto, não só a comparação entre os vários elementos patrimoniais se torna
possível como também a sua quantificação. A não existir aquela faculdade, seria
impensável a concepção de uma técnica para registrar, quer a própria existência dos vários
elementos patrimoniais (em termos valorativos) quer a correlação que se estabelece entre
eles de uma forma dinâmica, ou seja, os factos patrimoniais.
Nesta ordem de ideia, a Contabilidade surge, literalmente, a desempenhar o seu
papel, cuja importância já foi realçada.
Porém, sendo a Contabilidade um conjunto de processos que tem como finalidade,
não só o registo dos elementos e dos factos patrimoniais como também a sua classificação
e o seu controlo, não seria coerente a adopção desta técnica aplicada à cada elemento em
particular. No entanto, surgiu a necessidade de agrupar em classes os vários valores
patrimoniais, com características comuns, existentes em cada empresa, tendo em conta,
por um lado a sua natureza, e por outro, a função que desempenham no conjunto a que
pertencem – o Património.
Assim, o conjunto de elementos patrimoniais agrupados e classificados, segundo
a sua natureza e função, com as mesmas características e expressas na mesma unidade de
valor (moeda), tem a denominação de conta.

4.2.2 Representação gráfica


Sendo a Contabilidade uma técnica de registos quantitativos e qualitativos dos
elementos patrimoniais e das suas variações, e dado que a conta goza de um estatuto
especial, permitindo a inclusão dos vários elementos com as mesmas características,
como vimos, ela (conta) é passível de ser representada graficamente, para melhor
compreensão, quer do conteúdo quer das variações ocorridas nos elementos que encerra.
Portanto, a conta, graficamente é representada em forma de (T).

(D) DEVE TÍTULO DA CONTA HAVER (C)

Lado esquerdo Lado Direito


Elaborado por: Rodrigues Pacioli 26

Como podemos observar, sobre a linha horizontal (centralmente) inscreve-se o título


da conta e há a considerar um lado esquerdo e um lado direito, abaixo da linha horizontal.
Qualquer valor lançado do lado esquerdo corresponde a um débito e, em
contrapartida, qualquer valor lançado do lado direito, corresponde a um crédito. Ao
débito está ainda associada a expressão – Deve – e ao crédito a expressão – Haver.
No final de cada exercício as contas deverão ser saldadas (fechadas), o que implica a
determinação do saldo – resulta da diferença entre a dedução do valor do saldo menor ao
maior, ou seja, a diferença entre os dois lados – débito e crédito. Depois de feito a
determinação do saldo, teremos:
a) Saldo devedor (D > C): quando a soma das importâncias registadas na coluna do
débito for maior do que a soma das importâncias registadas na coluna do crédito.

b) Saldo credor (D < C): quando a soma das importâncias registadas na coluna do
crédito for maior do que a soma das importâncias registadas na coluna do débito.

c) Saldo nulo (D = C): quando a soma das importâncias registadas na coluna do


débito for igual a soma das importâncias registadas na coluna do crédito.
Em resumo, o saldo recebe o nome do lado mais forte e registamos no lado mais fraco
para equilibrar a conta.

4.2.3 Regras de movimentação das Contas

Como já referi, a Contabilidade é uma ciência munida de princípios, regras e


convenções que permitem desempenhar uma das suas funções principais, o registo. Dizía
também que o registo dos factos que ocorrem no património devem ser registados em
contas próprias (partindo do conceito de contas) para que se tenha uma informação precisa
e detalhada. Para tal, é também necessário saber, de que modo é que as contas deverão
ser movimentadas, porquanto cada grupo tem as suas características, conquanto existam
algumas características semelhantes entre os mesmos.

 As Contas do Activo “debitam-se” pelos seus saldos inciais (SI) e aumentos


(+) e, por contrapartida, “creditam-se” pelas diminuições (-).
 As Contas do Capital Próprio e Passivo diferente das contas do Activo
“debitam-se” pelas diminuições (-) e, por contrapartida, “creditam-se” pelos
seus saldos iniciais (SI) e aumentos (+).
 As Contas de Proveitos e Ganhos “debitam-se” (em casos específicos) pelas
diminuições e “creditam-se” comumente pelos aumentos.
 As Contas de Custos e Perdas “debitam-se” pelos aumentos de custos e, por
contrapartida, “creditam-se” pela redução dos mesmos.
Elaborado por: Rodrigues Pacioli 27

Ademais, para facilitar uma melhor percepção sobre as regras a qual são
movimentadas as contas, acho melhor a visualização a do quadro a seguir:

CONTAS SI e (+) aumentos (-) diminuições NATUREZA


Activo DÉBITO CRÉDITO DEVEDORA
Passivo CRÉDITO DÉBITO CREDORA
Capital Próprio CRÉDITO DÉBITO CREDORA
Proveitos e CRÉDITO DÉBITO CREDORA
Ganhos
Custos e Perdas DÉBITO CRÉDITO DEVEDORA

4.2.4 Quadro e listas das contas

De acordo com o PGCA (Plano Geral de Contabilidade) as classes estão classificadas


da seguinte forma:

CÓDIGO CLASSES

0 Contas de ordem

1 Meios fixos e investimentos

2 Existências

3 Terceiros

4 Meios Monetários

5 Capital e Reservas

6 Proveitos e Ganhos por Natureza

7 Custos e Perdas por Natureza

8 Resultados

9 Contas de exploração
Elaborado por: Rodrigues Pacioli 28

O Quadro de Contas (PGC) é composto por uma relação das contas. As contas, por
sua vez, distribuem-se por 10 Classes, numeradas de 0 à 9. As contas das classes 1,2,3,4
e 5 são as integrantes do Balanço, enquanto que as classes 6 e 7 permitem a elaboração
da Demonstração de resultados (DR), fazendo as da classe 8 a ligação das contas das
classes 6 e 7.
Ora, as classes 1 e 8 estão destinadas à Contabilidade Financeira, a Classe 9 à
Contabilidade Analítica de exploração interna ou de custos, sendo de uso facultativo, é
recomendada para as empresas industriais com a finalidade de se apurarem os custos de
produção dos bens.
Por fim, a Classe 0 é de utilização livre, no entanto, embora seja designada como de
uso facultativo pelo PGC, destinar-se-ão, na prática, às chamadas "contas de ordem" ou
ainda "contas extrapatrimoniais”, como sejam no registo dos avales prestados pela
empresa a terceiros e a guarda, na empresa, de bens pertencentes a terceiros, ou seja,
sugere-se a sua utilização para registo de situações de direito e responsabilidades da
entidade para com terceiros e vice-versa, e que de momento não afectem o seu património,
ainda que possam vir a afectar no futuro.

4.2.4.1 Classificação das Contas


4.2.4.1.1 Quanto à Natureza
De acordo a natureza dos bens elementos patrimoniais, as contas podem ser
classificadas em:
1) Contas do Activo – constituídas pelas contas que representam os bens e direitos
da empresa.
2) Contas do Passivo – constituídas pelas contas que representam os direitos de
outrem sobre a empresa, isto é, as dívidas que a empresa tem para com terceiros.
3) Contas do Capital Próprio ou Situação líquida – reflectem os resultados
obtidos e transitados de um exercício para o outro, bem como o capital e as
reservas efectuadas pela empresa.

4.2.4.1.2 Quanto à disposição das demonstrações financeiras


De acordo a maneira pela qual são elaboradas as principais demonstrações financeiras
e o respectivo apuramento do resultado referente a determinado exercício, as contas
classificam-se em três grandes grupos:

1) Contas do Balanço – são as contas que permitem a elaboração do balanço,


como o nome faz referência. No entanto, constituem este grupo as contas das
classes:

1 – Meios Fixos e Investimentos


2 - Existências
Elaborado por: Rodrigues Pacioli 29

3 - Terceiros
4 – Meios Monetários
5 – Capital e Reservas

2) Contas de Gestão – estas contas permitem a elaboração do apuramento de


resultado e, consequente, da Demonstração do resultado. No entanto, fazem
parte as contas das classes:

6 – Proveitos e Ganhos por Natureza


7 – Custos e Perdas por Natureza

3) Contas de Resultado – são as contas cujo objetivo é evidenciar os resultados


obtidos em contas próprias, no entanto, evidenciando o resultado líquido no final
do período. Para uma informação mais detalhada, este grupo é repartido pelas
seguintes contas da classe 8:

81 – Resultados Transitados
82 – Resultados Operacionais
83 – Resultados Financeiros
84 – Resultados em filiais e associadas
85 – Resultados não Operacionais
86 – Resultados Extraordinários
87 – Imposto Sobre Lucros
88 – Resultados não operacionais
89 – Dividendos antecipados

5. Métodos de escrituração contabilística


A palavra método vem do grego methodos (caminho) e se refere ao meio utilizado
para chegar a um fim. É o caminho pelo qual se atinge um objectivo. Método de
Escrituração é o meio pelo qual procedemos ao registro de factos que ocorrem no
património.

Embora haja diversas maneiras diferentes de escriturar os factos que ocorrem no


património, todas elas procedem de dois métodos fundamentais: o método das Partidas
Simples e o método das Partidas Dobradas.

5.1 Método das partidas simples ou unigrafia


Este método encontra-se em desuso por ser incompleto e deficiente. Nele, registramos
apenas as operações realizadas com pessoas, omitindo-se o registro de elementos do
património e do resultado.
Elaborado por: Rodrigues Pacioli 30

Todos os itens do património e do resultado como mercadorias, equipamentos,


edifícios, custos, proveitos, etc., são controlados extracontabilísticamente. Nele, apenas
uma das operações débito (D) ou crédito (C) é contabilizada.

5.2 Método das partidas dobradas ou digafria


Descrito pela primeira vez em 1494, na Itália, pelo frade Luca Pacioli no livro“Summa
de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalità” (Coleção de conhecimentos
de Aritmética, Geometria, Proporção e Proporcionalidade), no capítulo “Particulario de
computies et Scripturis” (Contabilidade por Partidas Dobradas), que fala sobre um tratado
da contabilidade. Neste capítulo, ele enfatiza que a teoria contabilística do débito e do
crédito corresponde à teoria dos números positivos e negativos. O método teve rápida
difusão e foi universalmente aceite e adoptado desde a época, sendo hoje considerado um
dos pilares da contabilidade moderna.

Este método reza que em cada lançamento, o valor total lançado nas contas a débito
deve ser sempre igual ao total do valor lançado nas contas a crédito.

Em síntese, não há devedor sem credor correspondente. A todo débito corresponde


um crédito de igual valor e vice-versa. Se aumentar de um lado, deve consequentemente
aumentar do outro lado também.

Como é mais comum uma transação conter somente duas entradas, sendo uma
entrada de crédito em uma conta e uma entrada de débito em outra conta, daí a origem do
nome "dobrada".

5.3.1 Classificação dos livros

Os livros de escrituração contabilísticas podem ser classificados da seguinte forma:

 Quanto à obrigatoriedade:

a) Obrigatórios: São os livros que por determinação legal são de


escrituração obrigatória para determinadas entidades. Exemplos: Diário,
Razão, Registro de Entradas e Registro de Saídas.

b) Facultativos: São os livros que não têm escrituração imposta por lei, mas
que podem ser elaborados para auxiliar o controle de determinados eventos
ou a preparação das informações contabilísticas. Exemplos: Fornecedores
e Clientes.

 Quanto à natureza:

a) Cronológicos: São os livros que apresentam como critério de registro a


ordem cronológica dos eventos. Exemplos: Diário e Caixa.
Elaborado por: Rodrigues Pacioli 31

b) Sistemáticos: São os livros que apresentam como critério de registo


qualquer outro que não a ordem cronológica dos eventos. Exemplo: Razão.

 Quanto à utilidade:

a) Principais: São os livros que registam todos os factos contabilísticos de


uma entidade em determinado período. Exemplos: Diário, Razão.
b) Auxiliares: São os livros que registram apenas determinados factos
contabilísticos de uma entidade em determinado período. Exemplos: Caixa
e Fornecedores.

5.3.1.1 Diário
No Diário, o registo das operações é feito através do método das Partidas Dobradas,
onde os lançamentos obedecem uma ordem cronológica (dia, mês e ano).
Quando adopta-se o sistema de lançamento pelo software, as folhas de formulário
do Diário são numeradas automaticamente pelo computador. No entanto, todas as
operações são registadas exclusiva e primordialmente no diário. Os elementos que servem
de base na escrituração (registo) no diário são:
a) Data do acontecimento (ou transação);
b) Título da conta - que será movimentada à débito e da conta que será
movimentada à crédito;
c) Valor do débito e do crédito;
d) Histórico: alguns dados fundamentais sobre a operação registada, tais como,
número do documento (cheque, factura, nota de crédito, etc), de modo a detalhar
a operação.
É importante reiterar que, inscreve-se primeiro a conta que será debitada e, de
seguida, a conta que será creditada.

LANÇAMENTO NO DIÁRIO

EXERCÍCIO Nº 03

A Empresa “ANGOLA & MALI, LDA”, com sede em Luanda, realizou no


mês de Março do corrente ano, dentre muitas, as seguintes operações:

1) (15/03) – N/Factura nº 001 à empresa “QUATRO À QUATRO, LDA”,


referente a venda de mercadorias no valor de 100.000,00.

Nota explicativa: Esta operação (nº 1) refere-se à uma venda de mercadorias. No entanto,
a empresa obteve um proveito. Mas, entretanto, esta venda foi feita a prazo (Factura nº
001), o que significa que, não obstante ao reconhecimento do proveito (regime do
acréscimo), o recebimento será posterior. Recorrendo a regra de movimentação das
Elaborado por: Rodrigues Pacioli 32

contas, podemos enfatizar que tendo um aumento de proveito ( a conta 61 – vendas deverá
ser creditada) e, por contrapartida, pelo reconhecimento (ou aumento) da dívida do cliente
e, por se tratar de uma conta do Activo ( a conta 31 – Clientes deverá ser debitada).

2) (21/03) – Factura nº 001 da empresa “NUM-STRAGOU-NADA, LDA”,


referente a aquisição de um computador no valor de 300.000,00.

Nota explicativa: Esta operação (nº 02) refere-se à aquisição de um imobilizado,


propriamente um computador. Tal facto implica que, os imobilizados terão um aumento
(débito na conta 11.5 – Equipamentos Administrativos), por ser uma conta do Activo. E,
em contrapartida, é necessário tipificar a forma que o pagamento deste bem será feito,
nesse caso, à prazo (Factura nº 001). Por se tratar de uma compra de “imobilizado” à
prazo (credita-se a conta 37.1 – Outros Valores a pagar – em compras de imobilizado),
significa que adquirimos um passivo, no entanto, as contas do passivo são creditadas pelos
aumentos (de dívida).

3) (25/03) – Obtenção de um empréstimo de 3 anos pelo “Banco VAIS


GOSTAR, SA” no valor de 2.000.000,00.

Nota explicativa: Esta operação (nº 03) refere-se à obtenção de um empréstimo


(Passivo), o que reconhece (ou aumenta) uma dívida para com o banco. Por se tratar de
uma conta do passivo, para o efeito, devemos creditar a conta 33 – Empréstimos e, por
contrapartida, debitar a conta 43 – Depósito à ordem, pois, a recepção da quantia acima
irá aumentar as nossas disponibilidades (a conta 43 – depósito à ordem é uma conta do
Activo, no entanto, se há um aumento de extensão, há um débito).

RESOLUÇÃO NO DIÁRIO

Ao registar as operações no diário, devemos atender as requisitos supracitados e


ter em conta que os débitos deverão ser inscritos em primeiro, e também que as contas
que serão creditadas acompanhadas da preposição “a”. Logo, teremos o seguinte:

Data Código Título das contas e Débito Crédito


histórico
2022
Março
15/03 31.1 Clientes Correntes 100.000,00
61.3 a Venda de mercadorias 100.000,00
N/Factura referente a venda
21/03 11.5 Equip/ Administrativos 300.000,00
37.1 a Compra de imobilizado 300.000,00
Elaborado por: Rodrigues Pacioli 33

Factura nº 001, referente a


compra de um computador

25/03 43 Depósito à ordem 2.000.000,00


33 a Empréstimos 2.000.000,00
Obtenção de um empréstimo

5.3.1.2 Razão
O Razão é um livro fundamental ao processo contabilístico e em virtude de sua
eficiência, ele é indispensável em qualquer tipo de empresa.
Por meio do razão é possível controlar separadamente o movimento de todas as
contas. O controle individualizado das contas é importante para se conhecer os seus
saldos, possibilitando a apuração de resultados e elaboração de demonstrações contábeis,
como o balancete de verificação do razão, balanço patrimonial, etc.
Ou seja, é o resumo por contas individuais dos lançamentos realizados no diário,
sendo usado para resumir e totalizar, por conta ou subconta, estes lançamentos.
Este livro agrega as contas Patrimoniais (contas do Balanço e da Demonstração
do Resultado), compostas por activo, passivo e Capital Próprio; e por Proveitos e Custos.
Antigamente, o razão existia apenas em forma de livros, onde se atribuía o título
de uma conta para cada página. Desta forma, havia uma página para Caixa, outra para
Banco, outra para existências, e assim por diante. Com o passar do tempo, as folhas
avulsas foram substituindo as páginas do livro, sendo muito comum o uso das fichas
razão hoje em dia.É dispensada a autenticação ou registro do livro pelos órgãos
competentes, isto porque o Razão é cópia autêntica do que foi escriturado no Livro Diário.
Porém, na escrituração, deverão ser obedecidas as regras da legislação comercial e fiscal
aplicáveis aos lançamentos em geral.
Deve conter no mínimo as seguintes informações:
a) Título da conta
b) Contrapartida: é a conta que completa o lançamento de outra conta que está
sendo escriturada;
c) Histórico do lançamento: descrição do fato administrativo do evento registrável
na escrituração;
d) Débito e Crédito: indicação do valor que será acrescido e/ou diminuído do saldo
da conta;
e) Saldo: diferença entre o somatório do débito e somatório do crédito; e
f) D/C: indicação da natureza do saldo - D (devedor) e C (credor).
g)
Elaborado por: Rodrigues Pacioli 34

LANÇAMENTO NO RAZÃO

EXERCÍCIO Nº 03

A Empresa “ANGOLA & MALI, LDA”, com sede em Luanda, realizou no mês
de Março do corrente ano, dentre muitas, as seguintes operações:

1. (15/03) – N/Factura nº 001 à empresa “QUATRO À QUATRO, LDA”,


referente a venda de mercadorias no valor de 100.000,00.

D 61.3 – Venda de mercadorias C D 31.1 – Clientes Correntes C


100.000,00 1) 1) 100.000,00

Nota explicativa: Esta operação (nº 1) refere-se à uma venda de mercadorias. No entanto,
a empresa obteve um proveito. Mas, entretanto, esta venda foi feita a prazo (Factura nº
001), o que significa que, não obstante ao reconhecimento do proveito (regime do
acréscimo), o recebimento será posterior. Recorrendo a regra de movimentação das
contas, podemos enfatizar que tendo um aumento de proveito ( a conta 61 – vendas deverá
ser creditada) e, por contrapartida, pelo reconhecimento (ou aumento) da dívida do cliente
e, por se tratar de uma conta do Activo ( a conta 31 – Clientes deverá ser debitada).

2. (21/03) – Factura nº 001 da empresa “NUM-STRAGOU-NADA, LDA”,


referente a aquisição de um computador no valor de 300.000,00.

Contabilizando:

D 11.5 – Equip/Administrativo C D 37.1 – Compra de imobilizado C


2) 300.000,00 300.000,00 (2

Nota explicativa: Esta operação (nº 02) refere-se à aquisição de um imobilizado,


propriamente um computador. Tal facto implica que, os imobilizados terão um aumento
(débito na conta 11.5 – Equipamentos Administrativos), por ser uma conta do Activo. E,
em contrapartida, é necessário tipificar a forma que o pagamento deste bem será feito,
nesse caso, à prazo (Factura nº 001). Por se tratar de uma compra de “imobilizado” à
prazo (credita-se a conta 37.1 – Outros Valores a pagar – em compras de imobilizado),
significa que adquirimos um passivo, no entanto, as contas do passivo são creditadas pelos
aumentos (de dívida).

3. (25/03) – Obtenção de um empréstimo de 3 anos pelo “Banco VAIS


GOSTAR, SA” no valor de 2.000.000,00.
Elaborado por: Rodrigues Pacioli 35

Contabilizando:

D 43 – Depósito à ordem C D 33 – Empréstimos C


3) 2.000.000,00 2.000.000,00 (3

Nota explicativa: Esta operação (nº 03) refere-se à obtenção de um empréstimo


(Passivo), o que reconhece (ou aumenta) uma dívida para com o banco. Por se tratar de
uma conta do passivo, para o efeito, devemos creditar a conta 33 – Empréstimos e, por
contrapartida, debitar a conta 43 – Depósito à ordem, pois, a recepção da quantia acima
irá aumentar as nossas disponibilidades (a conta 43 – depósito à ordem é uma conta do
Activo, no entanto, se há um aumento de extensão, há um débito).

5.3.1.2.1 Classificação dos lançamentos


Atendendo a complexidade de cada operação, devemos ter em conta o seguinte:
a) Lançamento da 1ª formula: onde um débito equivale a um crédito.
b) Lançamento da 2ª formula: onde dois ou mais débitos equivale a um crédito.
c) Lançamento da 3ª formula: onde um débito equivale a dois ou mais créditos.
d) Lançamento da 4ª formula: onde dois ou mais débitos equivale a dois ou mais
créditos.

6. Existências
5.1 Sistemas de Inventário
6.1.1 Sistema de Inventário Permanente
6.1.2 Sistema de Inventário Interminente
6.2 Critérios de valorimetria
6.2.1 FIFO (First in, First out)
6.2.2 LIFO (Last in, First out)
6.2.3 CUMP (Custo Médio Ponderado)
6. Amortização
6.1 Cálculo da quota de amortização (Q.I)
6.1.1 Critérios rígidos
6.1.1.1 Método das quotas constantes ou linear
6.1.1.2 Método das quotas degressivas
7. Apuramento de resultado
7.1 Demonstração de resultado
Elaborado por: Rodrigues Pacioli 36
Elaborado por: Rodrigues Pacioli 37

8. CASOS PRÁTICOS (Lançamento de operações básicas)


8.1 Como fazer a contabilização de abertura dos saldos iniciais?
8.2 Como contabilizar uma compra de mercadorias?
8.2.1 Desconto comercial em compras (nota de crédito)
8.2.2 Devolução de compras
8.3 Como contabilizar uma venda de mercadorias?
8.3.1 Desconto comercial em vendas (nota de crédito)
8.3.2 Devolução de vendas
8.3.3 Como contabilizar um desconto financeiro?
8.4 Como contabilizar o pagamento de custos relativos ao fornecimento
e serviços de terceiros?
8.5 Como contabilizar a constituição de um depósito a prazo (curto e
médio prazo)?
8.6 Como contabilizar a obtenção de um empréstimo bancário?
8.7 Como contabilizar a compra de um imobilizado (à crédito)
8.6 Como contabilizar a subscrição e realização de Capital?
8.7 Como contabilizar a quota de amortização?
8.8 Como contabilizar o adiantamento (de clientes ou fornecedores)?

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