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CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013

PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 01

Olá, caro(a) concurseiro(a)! Aqui estamos novamente com a Aula 01 de


Direito Comercial para os concursos de AFRFB e AFT 2013. Espero que
tenham gostado da aula demonstrativa e que aproveitem bastante esse curso.

Caro aluno separe um tempo para planejar seus estudos. Foco, garra e
determinação. Tenha em mãos um bom material e faça exercícios, são dicas
que servem para todas as matérias.

Aproveite o curso, tire dúvidas e estude bastante, pois com a autorização


para o concurso de AFT esse é um excelente momento para aprender o
conteúdo de maneira adequada. Estamos juntos nessa empreitada, torço pelo
seu sucesso.

Em relação ao Direito Comercial digo que mesmo sendo uma matéria de


peso 1, peço a você que dê bastante atenção, pois esse será um concurso
bastante disputado e cada ponto será diferencial na nota final.

Quando chegarmos ao final do curso, se você estudar bem, ler e


entender os exercícios, sei que estará bem preparado para a prova de Direito
Comercial, afinal esse é o nosso objetivo, certo?

Hoje falaremos do item 4 do edital:

4. Conceito de sociedades. Sociedades não personificadas e


personificadas. Sociedade simples.

Pronto(a) para a aula? Então vamos lá.

1 – CONCEITO DE SOCIEDADES

As sociedades (arts. 981 e seg. do CC/2002) são pessoas jurídicas de


direito privado formadas pela união de pessoas (universitas personarum),
cuja finalidade é a obtenção de lucro (fim econômico) e que se juntam
devido ao affectio societatis que é a vontade de se associar e de se manter
assim. Nesse sentido, as sociedades diferenciam-se das associações, que são
entidades também formadas pela união de pessoas, mas sem fins lucrativos,
e das fundações, entidades formadas pela personificação de um
patrimônio (universitas rerum), também sem fins econômicos.

Você não precisa decorar os termos em latim, mas é importante saber


que eles existem, pois de vez em quando eles aparecem em prova. Beleza?

As sociedades podem ser classificadas, quanto à atividade que exercem,


em simples e empresárias (art. 983). No primeiro caso, desenvolvem

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atividade civil; no segundo, exercem atividade de empresa, cujas


características foram estudadas na aula passada.

Atenção: Na vigência do antigo Código Civil de 1916, essas sociedades


eram classificadas, respectivamente, como civis e comerciais, denominações
que, portanto, podem aparecer em algumas questões de concursos com as
quais você se deparar pela frente em seus estudos, que tenham sido
elaboradas antes da vigência do novo Código Civil de 2002, que adotou a nova
nomenclatura. Fique atento(a) quando for estudar questões de concursos
anteriores, OK? Se a questão for vista aqui no nosso curso, não se preocupe
que faremos o devido comentário, porém se for em outro estudo, cuidado...

Assim, como regra, considera-se empresária a sociedade que tem por


objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro e
sociedade simples, as demais, certo? Todavia, você deve saber que há casos
em que a sociedade será classificada como simples ou empresária
independentemente de desenvolver atividade de empresa ou não. É isso
mesmo.

ESSE PARÁGRAFO É IMPORTANTÍSSIMO - Por exemplo, as sociedades


anônimas e as sociedades em comandita por ações (as duas espécies de
sociedades por ações), independentemente de seu objeto, serão sempre
empresárias; e as sociedades cooperativas serão sempre simples (art.
982, par. único). Também as sociedades de advogados são sempre
consideradas simples (art. 15 da Lei 8.906/1994). Não se esqueça disso!

Veja como a Esaf tem cobrado o assunto:

1 - (ESAF/AUDITOR DO TESOURO MUNICIPAL/RECIFE/2003) Nos termos


do Código Civil, as sociedades são classificadas:
a) empresárias e simples.
b) de pessoas e de capitais.
c) unipessoais e pluripessoais.
d) grupadas e isoladas.
e) com finalidade econômica e com finalidade religiosa ou cultural.

A classificação das sociedades que consta do Código Civil é a que as


divide em simples e empresárias (letra A). A letra B apresenta a
classificação das sociedades quanto à possibilidade de ingresso de novos
sócios na entidade. As sociedades de pessoas são aquelas em que as
qualidades pessoais dos sócios são importantes para a admissão deles
nos quadros sociais da pessoa jurídica. Já as sociedades de capital
permitem o ingresso de qualquer pessoa interessada em contribuir com a
formação do capital da entidade. Comentaremos mais sobre essa forma

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de classificar as sociedades futuramente. A letra C apresenta a


qualificação quanto ao número de sócios da sociedade. Como regra, uma
sociedade deve possuir mais de um sócio para existir (sociedade
pluripessoal), mas se admite, em alguns casos excepcionais, a
existência de uma sociedade que possua apenas um sócio (sociedade
unipessoal). Esses casos excepcionais também serão vistos mais tarde,
OK? CUIDADO, NÃO CONFUNDA – sociedade unipessoal é diferente de
empresário individual... veremos os casos legais depois...
Na letra D, sociedades grupadas são as que compõem um grupo de
sociedades, geralmente constituído, mediante acordo das entidades, para
combinar recursos ou esforços para a realização dos respectivos objetos
sociais ou participar de atividades ou empreendimentos comuns.
Sociedades isoladas são as que não participam de nenhum grupo. Por
fim, a letra E não apresenta uma classificação válida para as sociedades,
pois a nota característica desse tipo de entidade é possuir finalidade
econômica (lucrativa), sendo as associações e fundações as entidades
que desenvolvem atividades de cunho não lucrativo, como as de caráter
religioso ou cultural. Viu ? é assim mesmo que cai em prova, tranquilo
né?

Gabarito: A

2 - (ESAF/AUDITOR DO TESOURO MUNICIPAL/FORTALEZA/2003)


Sociedades empresárias são as que:
a) têm como objeto atividade econômica organizada para mercados.
b) têm como objeto atividade mercantil.
c) têm como objeto a prestação de serviços em estabelecimentos
especiais.
d) exercem atividade de intermediação na circulação de serviços.
e) foram organizadas para atividades econômicas.

A letra B é a correta porque, como visto, sociedades empresárias são as


que desenvolvem atividade de empresa (mercantil), em oposição às
sociedades simples, que exercem atividade civil. As letras A e E não
respondem adequadamente à questão, pois as sociedades simples
também desenvolvem atividade econômica voltada para o mercado. E as
letras C e D limitam indevidamente a atividade da sociedade empresária
ao mercado de serviços, pois a empresa pode se dar também com a
venda de mercadorias e produtos, além de outras atividades em que
esteja caracterizado o elemento de empresa. Essa questão usou termos
que pode nos confundir na hora da prova, mas, ao se preparar
adequadamente, você consegue acertar...

Gabarito: B

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Contrato de Sociedade

Quando você vê uma loja de roupas ou uma oficina mecânica, você se


pergunta: Se eu quiser ser o “dono” de um estabelecimento comercial, como
eu devo proceder? Quais são os primeiros passos? Por onde eu começo?
Sei que alguns aqui que já são sócios de alguma sociedade e sabem
muito bem como funciona, mas quem não tem essa experiência talvez não
tenha a mínima ideia de como funciona.
As pessoas interessadas em formar uma sociedade se juntam, entram
em um acordo e para não ficar só na promessa verbal, elas assinam um
contrato que futuramente será registrado para que se dê publicidade ao que foi
acordado. Deu pra entender? Vamos ver como está na lei?

A formação das sociedades tem início com a celebração do contrato de


sociedade (art. 981), em que duas ou mais pessoas físicas ou jurídicas
reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício
de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Trata-se de
um contrato plurilateral (porque ele tem várias partes). As pessoas que o
celebram se tornam sócios da nova entidade. Além disso, o contrato de
sociedade possui estrutura aberta, pois permite a participação de um
número ilimitado de sócios.

Note, assim, que o objeto de uma sociedade é sempre de fim lucrativo


e os resultados obtidos (lucros ou dividendos) devem ser repartidos entre os
sócios. A atividade da sociedade pode restringir-se à realização de um ou mais
negócios determinados. A sociedade adquire personalidade jurídica (isto é,
nasce, passa a ter existência) com a inscrição dos seus atos constitutivos na
Junta Comercial, se empresária, ou no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, se
simples (arts. 985 e 1.150).

Agora, atenção: não se admite uma sociedade em cujo contrato haja


cláusula que estabeleça que um ou mais sócios serão excluídos da repartição
dos lucros ou exonerados de contribuição para a formação do capital da
entidade, a chamada cláusula leonina (com exceção das sociedades
simples, que podem ter sócios que participem da entidade somente com sua
força de trabalho, como veremos adiante).

BOA PEGADINHA DE PROVA:


Havendo tal regra, o contrato não será considerado nulo, mas apenas a
cláusula abusiva será invalidada (art. 1.008), certinho?

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3 - (FCC/AUDITOR FISCAL MUNICIPAL/SÃO PAULO/2012) O contrato


social pode excluir o sócio de participar dos lucros e das perdas.

Gabarito: INCORRETO - Art. 1.008. É nula a estipulação contratual que


exclua qualquer sócio de participar dos lucros e das perdas.

O contrato de sociedade pode tomar a forma de contrato social ou


estatuto social. Adotam o contrato social as sociedades simples, em nome
coletivo, em comandita simples e limitadas. São chamadas, por essa razão, de
sociedades contratuais. Por outro lado, utilizam o estatuto social as
sociedades por ações (anônimas e em comandita por ações) e as cooperativas,
sendo, por isso, denominadas sociedades estatutárias ou institucionais
(fácil, não é?).

Aí você me pergunta, mas na associação que eu participo tem um


estatuto? O que você disse? Associação? Cuidado para não confundir...
Associação e Sociedade são tipos de pessoas jurídicas diferentes... Estamos
falando aqui de sociedade e a grande diferença é que esta é uma atividade
econômica que visa o lucro... Ufa, quase que você confunde hein...

Se liga: Tanto o contrato como o estatuto podem ser constituídos por


instrumento público ou particular, a ser arquivado no registro próprio. Já as
alterações contratuais ou estatutárias posteriores poderão ser efetivadas por
escritura pública ou particular, independentemente da forma adotada no ato
constitutivo inicial.

Eis uma questão da Esaf sobre contrato de sociedade:

4 - (ESAF/AUDITOR TCE-PR/2003) O negócio constitutivo de sociedades


é o denominado contrato plurilateral que se caracteriza por:
a) ser contrato de estrutura aberta.
b) ser contrato cuja tipificação é apenas social.
c) não se aplicar às companhias ou sociedades por ações.
d) produzir separação entre patrimônios dos sócios e o da sociedade.
e) determinar a regularidade do exercício de atividades econômicas.

A letra A é o gabarito, pois o contato de sociedade é um contrato


plurilateral (admite mais de duas partes) que permite a adesão de novos
contratantes (sócios), daí a sua característica de contrato de estrutura
aberta, poia a lei não restringe o número de sócios de uma sociedade. A
letra B é errada porque existem outros exemplos de contratos
plurilaterais, além do contrato de sociedade, como o contrato de
consórcio. A letra C é incorreta, já que as companhias e as sociedades
por ações também têm seu contrato de sociedade, embora sob a forma

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de estatuto. As letras D e E são falsas porque o que determina a


regularidade da empresa e a efetiva separação entre o patrimônio dos
sócios e o da sociedade é o registro da entidade na Junta Comercial.
A letra C pode confundir algumas pessoas. Mas é assim... O acordo entre
as partes que dará início a uma sociedade é o CONTRATO, esse pode ser
de dois tipos : CONTRATO SOCIAL OU ESTATUTO. Sacou?

Gabarito: A

Requisitos da Sociedade

Muito bem! Para se formar uma sociedade, é preciso haver mais de um


sócio (pluralidade de sócios) e a intenção desses sócios de formarem uma
nova pessoa jurídica (affectio societatis) (a empresa realizada por uma só
pessoa deve ser feita sob a forma de empresário individual). É necessário
ainda haver a formação de um capital social e, além disso, todos devem
participar dos lucros e dos prejuízos da entidade. Assim, podemos elencar
como requisitos fundamentais das sociedades empresárias os seguintes:

TEM QUE SABER:


- pluralidade de sócios;
- affectio societatis (intenção de associar-se);
- formação do capital social; e
- participação nos resultados.

Beleza? Veja então esta questão de concurso:

5 - (CESPE/OAB-SP/136.º EXAME DE ORDEM/2008) Não constitui


elemento do contrato de sociedade referido no Código Civil
A) o exercício de atividade econômica.
B) a partilha dos resultados.
C) a contribuição dos sócios consistente apenas em bens.
D) a affectio societatis.

Na letra A, toda sociedade tem por objeto desenvolver atividade


econômica (lucrativa). Nas letras B e D, são requisitos fundamentais das
sociedades a participação nos resultados e a affectio societatis. A letra C
é o gabarito porque a contribuição dos sócios para o capital social pode
ser em dinheiro, bens ou créditos, e não apenas em bens.

Gabarito: C

Olha essa questão bem interessante que abordou com maestria esse
assunto:

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6 - (ESAF/AFRFB/2012) São elementos do conceito de sociedade, exceto:


a) pluralidade de partes.
b) exercício de atividade econômica.
c) personalidade jurídica.
d) affectio societatis.
e) co-participação dos sócios nos resultados

A questão pede os elementos que compõem o conceito de sociedade, ou


seja, quais as características presentes em todos os tipos de sociedades
que juntas formam o conceito de sociedade. A pluralidade de partes é
uma característica das sociedades, pois como regra geral toda sociedade
será composta por mais de uma pessoa. O exercício de atividade
econômica também é uma característica das sociedades, afinal é o que
diferencia sociedade dos demais tipos de pessoas jurídicas, como a
associação por exemplo. O affectio societatis é a intenção dos sócios de
formarem e manterem a sociedade, quando não há mais essa condição
os sócios, geralmente, desfazem a sociedade. A co-participação nos
resultados é uma característica primordial para a formação de uma
sociedade, a lei, inclusive, proíbe a cláusula que exclua algum dos sócios
da repartição dos lucros. Já a personalidade jurídica não é uma
característica que ajuda a definir o conceito de sociedade, pois há outros
tipos de pessoas jurídicas que não são sociedades e ainda, podemos ver
no código civil que temos tipos de sociedades que não possuem
personalidade jurídica, como a sociedade em comum e a sociedade em
conta de participação.

Gabarito: Letra C

AS BANCAS GOSTAM: Quanto à pluralidade de sócios, fique


esperto(a), porque existem algumas exceções (se não, concurso seria fácil,
não é?...rs). A primeira é a chamada unipessoalidade incidental
temporária (eita nome pomposo!), em que a sociedade permanece, de forma
excepcional e temporária, com apenas um sócio. Isso ocorre quando, por
alguma razão (ex.: falecimento de outros sócios), a entidade remanesce com
apenas um sócio. Nesse caso, para evitar descontinuidade da empresa, a Lei
concede o prazo de 180 dias para que a sociedade consiga novos sócios para
recompor a pluralidade (art. 1.033, IV). Caso não seja possível, o sócio
remanescente poderá ainda requerer à Junta Comercial a transformação do
registro da sociedade para empresário individual ou empresário individual de
responsabilidade limitada, a fim de evitar o fim da atividade.

Veja outra questão sobre o assunto:

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7 - (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO/DPG-CE/2007) Considere


que José e João sejam os únicos sócios da empresa MT Produtos e
Serviços de Informática Ltda. e que, em razão da quebra da affectio
societatis, José tenha decidido se retirar da sociedade. Nesse caso, a
falta de pluralidade de sócios, se não for reconstituída no prazo de 180
dias, acarretará a dissolução da MT Produtos e Serviços de Informática
Ltda.

O item é correto porque, como visto, o prazo máximo da unipessoalidade


incidental temporária da limitada é de 180 dias, nos termos do art.
1.033, IV, do CC/2002.

Gabarito: Correto

Outra exceção à pluralidade de sócios é a chamada subsidiária


integral, prevista no art. 251 da Lei 6.404/1976 (Lei das Sociedades por
Ações). Nesse caso, temos uma companhia constituída, mediante escritura
pública, por um único acionista, que deve ser uma sociedade brasileira.

O capital social da entidade pode ser dividido em ações, nas


sociedades por ações, ou em cotas (quotas), nas demais. Veremos melhor
esse assunto quando estudarmos especificamente os diversos tipos de
sociedades, OK?

Vejamos mais uma do que vimos até aqui:

8 - (ESAF/PFN/2012) São sociedades empresárias, independentemente


do objeto, exceto:
a) sociedades em comandita por ações.
b) companhias de economia mista.
c) subsidiárias integrais.
d) sociedades anônimas.
e) sociedades limitadas.

Código Civil - Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se


empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade
própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as
demais.
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se
empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.

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Podemos descartar de cara as SOCIEDADES ANÔNIMAS e as


SOCIEDADES EM COMANDITA POR AÇÕES, pois essas duas são
sociedades por ações.
As SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA ou COMPANHIA DE ECONOMIA
MISTA devem ter a forma de Sociedade Anônima, sendo regidas pela Lei
6404/76 e por isso mesmo sempre serão consideradas sociedades
empresárias.
SUBSIDIÁRIA INTEGRAL é um tipo de sociedade anônima ou companhia
que tem como único acionista uma sociedade brasileira e é constituída
mediante escritura pública. Por ser uma S/A sempre será uma sociedade
empresária.
A SOCIEDADE LIMITADA pode ser empresária ou simples, quem definirá
será o tipo de atividade exercida se de empresa ou simples. Por isso é o
gabarito da nossa questão.

Gabarito: E

2 – SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS

O próprio Código Civil classificou as sociedades em NÃO-


PERSONIFICADAS e PERSONIFICADAS. Vejamos quais as características que
as diferenciam e os detalhes importantes dos tipos de sociedades não-
personificadas.

Como visto, para adquirir personalidade jurídica, a sociedade precisa


registrar seus atos constitutivos na Junta Comercial, se for empresária, ou
no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, se for simples (art. 985).

Antes do citado registro, a sociedade não possui personalidade


jurídica (sociedade não-personificada), ficando sujeita a uma série de
restrições no desempenho da atividade, por exemplo:

- Não poderá requerer recuperação judicial, nos termos do art. 48 da Lei


de Falências (Lei 11.101/2005);
- Não poderá requerer a falência de um devedor seu (art. 97, § 1.º, Lei
11.101/2005), embora possa ser sujeito passivo da falência e mesmo
requerer a autofalência (estudaremos o instituto da falência
detalhadamente em aula própria);
- Os livros empresariais não poderão ser autenticados (art. 1.181, par.
único), não tendo eficácia probatória em favor da sociedade, já que a
autenticação é considerada requisito extrínseco de regularidade dos
livros (art. 226);

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- Não poderá participar de licitações públicas, nem contratar com o Poder


Público;
- Seus sócios responderão de forma solidária e ilimitada pelas obrigações
contraídas pela sociedade, não se aplicando o chamado benefício de
ordem, que reza que os bens particulares dos sócios só podem ser
executados por dívidas da sociedade depois de executados os bens
sociais (art. 1.024);
- Não poderá ter CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica), ficando
impedida de cumprir as obrigações fiscais, como emissão de nota fiscal;
- Não poderá se cadastrar junto ao INSS, deixando de cumprir as normas
previdenciárias;
- Não haverá autonomia patrimonial entre os bens da sociedade e dos
sócios, sendo os bens e as dívidas sociais considerados patrimônio
comum dos sócios, que responderão ilimitadamente, como visto acima;
- Não poderá adotar a forma de microempresa ou empresa de pequeno
porte (art. 3.º da Lei Complementar 123/2006).

Esses são apenas alguns exemplos de restrições a que a sociedade que


não for regularmente constituída está sujeita. Veja como é extensa a lista.

As sociedades não-personificadas, segundo o Código Civil, são a


sociedade em comum (arts. 986 a 990) e a sociedade em conta de
participação (arts. 991 a 996). Além do seu regramento próprio no Código,
aplicam-se a elas, subsidiariamente e no que couber, as normas da sociedade
simples (que serão estudadas à frente).

Sociedade em Comum

As sociedades em comum podem ser divididas em sociedades


irregulares e sociedades de fato. Essa classificação da sociedade em
comum não está expressamente na lei, mas foi feita pelos doutrinadores.
Veremos como Fábio Ulhôa define o assunto.

As SOCIEDADES IRREGULARES possuem um ato constitutivo, embora


não registrado; AS SOCIEDADES DE FATO não possuem nenhum contrato ou
estatuto social. Esses dois tipos são classificadas como “sociedade em
comum”. Entenderam a diferença principal? Só pra fixar. Uma possui o
contrato e não registra esse contrato (irregular) enquanto a outra nem possui
contrato, mas funciona de fato, ou seja, existe uma atividade econômica sendo
exercida de fato, porém sem nenhuma documentação que a legalize (de fato).

Enquanto não estiverem devidamente registradas na Junta Comercial, as


sociedades recém-constituídas serão regidas pelas regras aplicáveis às
sociedades em comum, com exceção das sociedades por ações, que, mesmo

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sem o estatuto social arquivado, serão regidas pelas disposições da Lei


6.404/1976, como será visto em aula futura.

Na sociedade em comum, os sócios, nas relações entre si ou com


terceiros, somente podem provar a existência da sociedade por escrito, o que
é facilitado nas sociedades irregulares, pela existência do ato constitutivo não
registrado (ao contrário das sociedades de fato, que nenhum ato de
constituição possuem). Já os terceiros podem provar a existência da sociedade
por qualquer modo (art. 987).

Você pode estar se perguntando, como assim? Não entendi o que quer
dizer esse artigo? Vou explicar. Pense em um litígio judicial envolvendo uma
“sociedade em comum”. No tribunal algum sócio que queira pedir alguma
indenização ou queira provar alguma coisa precisa apresentar o contrato
social, pois mesmo sem o registro, o contrato faz acordo entre as partes. Se
não tiver contrato, o sócio não vai conseguir fazer prova que o favoreça. Esse
artigo da lei serve para ajudar a parte mais fraca da relação. O consumidor.
Um consumidor chega no estabelecimento para comprar e não tem como saber
se aquela loja é uma sociedade regularmente constituída, (até tem como
saber, é só ir à junta comercial e pedir um contrato social, tem como fazer isso
em todo lugar que você vai? Não tem) você vai lá e compra a mercadoria,
pois aparentemente aquele estabelecimento é legal. Depois de comprar, o
produto dá um defeito, você volta na loja e eles não querem trocar, você entra
na justiça para ver seu direito assegurado. No tribunal o “dono da loja” diz que
não é empresa nem sociedade pois não possui contrato nem registro e aí ?...
ele se safa? Claro que não, a lei é clara, o terceiro (o consumidor) pode provar
a existência da sociedade por qualquer modo. Nesse caso, apresenta uma foto
do local, leva testemunhas, um recibo qualquer com o nome fantasia do
estabelecimento. Pegou?

Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os


sócios são titulares em comum (art. 988), ou seja, não há real separação
entre o patrimônio dos sócios e da sociedade (pois não há verdadeiramente
uma sociedade constituída que possa ser titular do patrimônio). Além disso,
todos os sócios são responsáveis solidária e ilimitadamente pelas
obrigações sociais (art. 990). O conceito de solidariedade significa que a
dívida pode ser cobrada de qualquer um dos sócios em sua integralidade, e
não apenas de forma proporcional à sua parcela de contribuição para o capital
social. Havendo ressarcimento por um dos devedores solidários, ele poderá,
após pagar a dívida, voltar-se contra os demais coobrigados (direito de
regresso) para se ressarcir das parcelas que excedam a proporção de sua
participação na sociedade. Além disso, o patrimônio pessoal dos sócios fica
integralmente (ilimitadamente) sujeito a execução para reparação dos

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danos causados a terceiros, ainda que a dívida seja maior do que a respectiva
participação do sócio no capital social.

A título de esclarecimento, o processo de execução é um instituto do


Direito Processual Civil utilizado para a cobrança judicial de dívidas e outras
obrigações, quando o devedor não as cumpre espontaneamente, com a
penhora (apreensão) e alienação judicial dos seus bens, para subsequente
pagamento ao credor com o valor apurado com a venda do patrimônio do
devedor.

Os bens da sociedade (entenda-se: aplicados na atividade empresarial)


respondem pelos atos de gestão praticados por qualquer dos sócios,
representantes ou não da sociedade, salvo pacto expresso de limitação de
poderes, que somente terá eficácia contra terceiros que conheçam ou devam
conhecer (tenham plena possibilidade de conhecer, não se admitindo alegação
de desconhecimento) tal pacto (art. 989).

Aqueles que contratam com a sociedade podem demandar os sócios


diretamente em juízo, executando seu patrimônio pessoal, para se
ressarcirem de eventuais danos sofridos nas contratações. Vale destacar que
os sócios que tenham contratado em nome da sociedade (isto é, tenham se
apresentado perante terceiros nas negociações, como representantes da
sociedade) têm seus bens executados em primeiro lugar (art. 990, 2.ª parte).
Já os sócios que não contrataram em nome da sociedade, embora respondam
também de forma solidária e ilimitada, só terão seu patrimônio atingido de
forma subsidiária (benefício de ordem), isto é, após os bens da sociedade
em comum e dos sócios responsáveis pela contratação terem se esgotado.

Acho que deu pra entender o objetivo principal desse regramento legal
para esse tipo de sociedade. Ninguém se junta e pensa: “Vamos ser uma
sociedade em comum”, não mesmo. O que acontece é que pessoas não fazem
questão de formalizar o “negócio” e vão exercendo atividade econômica fora
dos padrões legais. O Código Civil aborda essa classificação exatamente para
poder definir qual as regras para esse tipo de sociedade.

Sociedade em Conta de Participação

As sociedades em conta de participação decorrem da celebração de


um pacto entre empreendedores, para a realização de determinada atividade
econômica.

FICA A DICA: Não há real formação de uma sociedade, ainda que esse
pacto seja levado a registro (art. 993). Como assim? Pode registrar? No caso
da sociedade em conta de participação o contrato pode ser registrado

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para melhor assegurar os interesses dos contratantes, porém ESSE REGISTRO


NÃO CONFERE PARSONALIDADE JURÍDICA À ESSE TIPO DE SOCIEDADE.
Como não possui personalidade, esse tipo de sociedade não tem, tampouco,
nome empresarial, capital, patrimônio ou estabelecimento. Alguns
doutrinadores nem chegam a classificá-la como uma sociedade, mas apenas
como um simples contrato. Sua constituição independe de qualquer
formalidade e pode provar-se por todos os meios admitidos pelo direito (art.
992).

Nas sociedades em conta de participação há dois tipos de sócios: os


ostensivos e os participantes, estes chamados também de ocultos. O sócio
ostensivo é quem exerce a atividade efetivamente, em seu próprio nome e sob
sua inteira responsabilidade. O sócio participante, ao ficar oculto, não se
responsabiliza perante terceiros que negociem com a sociedade (art. 991).
Apesar disso, o contrato celebrado entre o sócio participante e o sócio
ostensivo deve definir a responsabilidade daquele no negócio, que pode ser
nenhuma, limitada ou ilimitada, mas apenas perante o sócio ostensivo (o
sócio participante não responde perante terceiros). Note, assim, que o
contrato social que os sócios celebram produz efeito somente entre eles, não
junto a terceiros (art. 993).

O participante não interfere na administração do negócio, mas se o fizer


passará a responder ilimitadamente com seu patrimônio pelas dívidas
sociais, como ocorre com o sócio ostensivo (art. 993, par. único).

Assim, os sócios participantes não administram o negócio, apenas


recebem sua parcela dos lucros (art. 991, in fine). Todavia, eles têm o direito
de fiscalizar a gestão dos negócios sociais desenvolvidos pelo sócio ostensivo
(art. 993, par. único), que fica obrigado perante os terceiros pelos
negócios realizados. Destaque-se ainda que, salvo estipulação em contrário,
o sócio ostensivo não pode admitir novo sócio sem o consentimento expresso
dos demais (art. 995).

Importante ter em mente a diferença de responsabilidade perante


terceiro dos dois tipos de sócio, por isso deixei sublinhado nos parágrafos
acima.

A contribuição do sócio participante constitui, juntamente com a do sócio


ostensivo, patrimônio especial, objeto da conta de participação relativa aos
negócios sociais, sendo que essa especialização patrimonial somente produz
efeitos em relação aos sócios (art. 994).

É possível que ocorra a falência do sócio ostensivo, que é empresário


(já os sócios participantes não precisam ser empresários), o que acarretará a

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dissolução da sociedade e a liquidação da respectiva conta. O eventual saldo


constituirá crédito quirografário no processo de falência (art. 994, § 2.º)
(veremos os vários tipos de créditos falimentares quando estudarmos a
classificação creditória em aula própria sobre falências). É possível também
que o sócio participante venha a falir (se for empresário). Nesse caso, o
contrato social entre ele e o sócio ostensivo ficará sujeito às normas
falimentares quanto aos contratos bilaterais do falido (art. 994, § 3.º) (normas
estas que serão estudadas na aula de falências).

A liquidação da sociedade em conta de participação rege-se pelas


normas relativas à ação de prestação de contas, na forma da lei processual
(art. 996, 2.ª parte) (uma das ações que segue procedimento especial no
Direito Processual Civil e cujas regras não nos interessam no momento).
Havendo mais de um sócio ostensivo, as respectivas contas serão prestadas e
julgadas no mesmo processo de prestação de contas.

Aplica-se à sociedade em conta de participação, subsidiariamente e no


que com ela for compatível, o disposto para a sociedade simples (art. 996,
1.ª parte), que será estudada adiante.

Veja como a Esaf já cobrou a matéria referente às sociedades não-


personificadas:

9 - (ESAF/DEFENSOR PÚBLICO/CE/2002) Sobre a sociedade irregular,


sem personalidade jurídica, assinale a alternativa verdadeira:
A) os sócios não são responsáveis pelas obrigações sociais porque são
distintos o patrimônio dos sócios e o da sociedade.
B) para tornar-se regular e adquirir personalidade jurídica, é
imprescindível que registre o contrato social na Junta Comercial.
C) não se sujeitam ao instituto da falência.
D) a irregularidade invalida os atos de comércio praticados.

A letra A é errada porque não há distinção entre o patrimônio dos sócios


e o da sociedade irregular, já que esta, por não possuir personalidade
jurídica, não pode ser titular de patrimônio. Os bens e as dívidas sociais
constituem, como visto acima, patrimônio especial, do qual os sócios
são titulares em comum. A letra C peca porque as sociedades
irregulares também estão sujeitas à falência. A letra D é incorreta, pois a
irregularidade da sociedade não torna inválidos os atos que praticou,
cujas obrigações decorrentes devem ser honradas junto a terceiros.

Gabarito: B

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Eis mais uma questão sobre o assunto que já caiu em prova:

10 - (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA/MPE-RO/2008/ADAPTADA) Com


base no Código Civil, julgue os itens seguintes.
I É permitido à sociedade não-personificada, em seu nome, figurar como
parte em contrato de compra e venda de imóvel.
II A sociedade em conta de participação poderá ter firma ou
denominação.

O item I é errado porque a sociedade não-personificada, por não ter


personalidade jurídica, não pode ser parte em um contrato. O item II é
incorreto, já que a sociedade em conta de participação, sendo
despersonificada, não pode ter nome empresarial.

Gabarito: Errado-Errado

E uma questão bem abrangente sobre a em conta de participação:

11 - (ESAF/AFRFB/2012) A propósito da sociedade em conta de


participação, assinale a opção incorreta.

a) O contrato da sociedade em conta de participação produz efeito


somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em
qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade.
b) A contribuição do sócio participante constitui, com a do sócio
ostensivo, patrimônio especial, objeto da conta de participação relativa
aos negócios sociais.
c) A falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da sociedade e a
liquidação da respectiva conta, cujo saldo constituirá crédito
quirografário.
d) Salvo estipulação em contrário, o sócio ostensivo não pode admitir
novo sócio sem o consentimento expresso dos demais.
e) Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito
podem provar a existência da sociedade em conta de participação, mas
os terceiros podem prová-la de qualquer modo.

Letra a) CORRETA – A sociedade em conta de participação é um tipo de


sociedade que não possui personalidade jurídica mesmo que venha a
registrar seus atos nos devidos registros.

Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a


eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere
personalidade jurídica à sociedade.

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Letra b) CORRETA – A lei atribuiu que o patrimônio da sociedade em


conta de participação será denominado PATRIMÔNIO ESPECIAL.

Art. 994. A contribuição do sócio participante constitui, com a do sócio


ostensivo, patrimônio especial, objeto da conta de participação relativa
aos negócios sociais.

Letra c) CORRETA – Na sociedade em conta de participação o sócio


ostensivo é quem exerce a atividade, em seu nome e sob sua
responsabilidade, por isso caso esse tipo de sócio venha a falir a
sociedade será dissolvida e liquidada.

Art. 994 § 2o A falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da


sociedade e a liquidação da respectiva conta, cujo saldo constituirá
crédito quirografário.

Letra d) CORRETA – O sócio que exerce a atividade não pode


delibaradamente admitir sócio novo na sociedade.

Art. 995. Salvo estipulação em contrário, o sócio ostensivo não pode


admitir novo sócio sem o consentimento expresso dos demais.

Letra e) INCORRETA – Essa questão foi uma pegadinha da banca. Essa


alternativa é a repetição do artigo 987 do Código Civil, porém esse artigo
é regulamentador das Sociedades em Comum e não das Sociedades em
Conta de Participação e por isso essa regra não é válida para esse tipo
de sociedade.

Art. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por
escrito podem provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem
prová-la de qualquer modo.

Gabarito: Letra E

3 – SOCIEDADES PERSONIFICADAS

As sociedades personificadas (arts. 997 e seg.) são as que possuem


personalidade jurídica, o que ocorre com a inscrição (registro) de seus atos
constitutivos no Registro Público de Empresas Mercantis, a cargo das
Juntas Comerciais, se for uma sociedade empresária, ou no Registro
Civil das Pessoas Jurídicas, se se tratar de uma sociedade simples.
ATENÇÃO AQUI: Portanto, a existência legal das pessoas jurídicas de direito
privado começa com a inscrição do respectivo ato constitutivo no respectivo

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registro, devendo ser averbadas também nesse registro todas as alterações do


ato inicial (art. 45).

A sociedade empresária tem o prazo de trinta dias para efetuar o


registro dos atos constitutivos, a partir de sua lavratura (elaboração,
preenchimento). Em caso de omissão ou demora, os sócios ou quaisquer
outros interessados poderão requerer o registro. Efetuada a inscrição no prazo
acima, os efeitos serão contados a partir da lavratura. Caso contrário, o
registro somente produzirá efeito a partir da data de sua concessão (art.
1.151), considerando-se que, durante o período anterior, a sociedade era
irregular (sociedade em comum). Em caso de omissão ou demora, as pessoas
obrigadas a requerer o registro responderão por perdas e danos.

Acontece assim: duas pessoas se reúnem, entram em acordo e assinam


o contrato social, vão lá e reconhecem a firma no cartório. Um deles entrega
ao despachante que deverá levar o contrato para registro na junta comercial.
Passam 10 dias e nada, 15 dias, 20 dias, no vigésimo nono dia o despachante
dá entrada no registro na junta comercial, pronto está feito o registro com
data retroativa à data da assinatura, 29 dias atrás... porém caso o
despachante só leve à registro com 32 dias, a data de registro será a do dia
que deu entrada no registro, ou seja, durante 32 dias a sociedade funcionaou
irregularmente.

Cabe à autoridade competente, antes de efetivar o registro, verificar a


autenticidade e a legitimidade do signatário do requerimento, bem como
fiscalizar a observância das prescrições legais concernentes ao ato ou aos
documentos apresentados. Se forem encontradas irregularidades, o requerente
deve ser notificado para saná-las, sob pena de não se efetuar o registro (art.
1.153).

Uma vez registrados, os atos constitutivos podem ser opostos a


terceiros, já que, com o registro, eles se tornam públicos e ninguém poderá
mais alegar que não tinha conhecimento deles (art. 1.154). Por exemplo, caso
alguém tente registrar uma sociedade com o mesmo nome empresarial de
outra, já registrado, não poderá alegar que não sabia do fato. Qualquer pessoa
tem acesso às informações de sociedades registradas na junta comercial. Mas
tem que pagar pela certidão, esse é o problema...rs...

A inscrição do empresário e dos atos constitutivos das pessoas jurídicas,


bem como as respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso
exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado (princípio da
exclusividade), podendo essa exclusividade estender-se a todo o território
nacional, se o registro ocorrer na forma prevista em lei especial (art. 1.166).

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As sociedades personificadas previstas no CC e em outras leis são:


- sociedade simples – S/S (arts. 997 a 1.038);
- sociedade em nome coletivo – N/C (arts. 1.039 a 1.044);
- sociedade em comandita simples – C/S (arts. 1.045 a 1.051);
- sociedade limitada – Ltda. (arts. 1.052 a 1.087);
- sociedade anônima ou companhia – S.A. ou Cia. (arts. 1.088 e
1.089 do CC/2002 e Lei 6.404/1976);
- sociedade em comandita por ações – C/A (arts. 1.090 a 1.092 do
CC/2002 e arts. 280 a 284 da Lei 6.404/1976); e
- sociedade cooperativa (arts. 1.093 a 1.096 e Lei 5.764/1971).

Vejamos uma questão de personificação ou não da sociedade:

12 - (ESAF/FISCAL DE RENDAS/SMF-RJ/2010) Para o direito empresarial,


assinale abaixo a opção que contém uma sociedade empresária
personificada.
a) Sociedade anônima.
b) Sociedade em conta de participação.
c) Sociedade simples.
d) Sociedade em comum.
e) Sociedade cooperativa.

A letra A é a correta porque a sociedade anônima é uma das sociedades


empresárias personificadas previstas no CC/2002. Considera-se
sociedade personificada aquela que possui personalidade jurídica, obtida
mediante registro de seus atos constitutivos no órgão competente. A
sociedade anônima está prevista nos arts. 1.088 e 1.089 do Código e são
regidas pela Lei 6.404/1976. As letras B e D estão erradas porque a
sociedade em comum e a sociedade em conta de participação são
sociedades não personificadas, segundo o Código Civil (arts. 986 a 990 e
991 a 996, respectivamente). A letra C é incorreta porque as sociedades
simples são aquelas que exploram atividade econômica não empresarial,
apesar de possuírem personalidade jurídica. E a letra E é falsa porque as
cooperativas são consideradas sociedades simples, independentemente
de seu objeto de funcionamento, conforme o art. 982, par. único, do
CC/2002.

Gabarito: A

A primeira e a última são sociedades simples; as demais, sociedades


empresárias. Constam expressamente do edital de Auditor Fiscal:
-a sociedade simples,
-a sociedade limitada,
-a sociedade por ações (anônima e comandita por ações)

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-e a cooperativa.

Não foram citadas textualmente as sociedades em nome coletivo e em


comandita simples. Não obstante, vou apresentar nesta aula, por precaução,
as regras dessas duas sociedades, após falar das sociedades simples. Como diz
o ditado, é melhor errar para mais do que errar para menos. Além disso, a
matéria sobre elas é curtinha, como você vai ver. Veremos as demais
sociedades nas próximas aulas.

Veja agora uma questão sobre o assunto:

13 - (CESPE/PROCURADOR DO ESTADO/PGE-CE/2007) As sociedades


simples e as empresárias têm por objeto social a exploração e o
desenvolvimento de atividade econômica com organização profissional,
voltada à produção ou circulação de bens ou serviços. Essas sociedades
podem ou não ter personalidade jurídica.

O erro desse item foi dizer que as sociedades simples e as empresárias


podem ou não ter personalidade jurídica, já que ambas são modalidades de
sociedades personificadas. Além disso, a sociedade simples, como regra, não
desenvolve atividade de empresa.

Gabarito: Errado

4 – SOCIEDADE SIMPLES

Vamos tratar agora das sociedades simples (arts. 997 a 1.038).

IMPORTANTE: como regra, toda sociedade que não desenvolva atividade


de empresa é considerada simples (art. 982, in fine), com as exceções já
vistas anteriormente, quais sejam, as sociedades cooperativas e as de
advogados, que são sempre simples, e as sociedades por ações, que são
sempre empresárias.

As sociedades simples possuem natureza contratual (art. 997) e


desenvolvem atividades de natureza científica, literária ou artística, que não
são consideradas empresariais, salvo se o exercício dessas atividades constituir
elemento de empresa, conforme visto na aula anterior (art. 966, par. único).
Nos trinta dias subsequentes à sua constituição, a sociedade deverá requerer
a inscrição do contrato social no Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de
sua sede (art. 998). Atenção que até aqui eu dei exemplos de registro na

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JUNTA COMERCIAL, porém é importante você saber que a sociedade simples é


registrada no REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS JURÍDICAS.

Caso deseje instituir sucursal, filial ou agência na circunscrição de


outro Registro Civil das Pessoas Jurídicas, a sociedade simples deverá
inscrevê-la neste registro, com a prova da inscrição originária da sede. E a
constituição da sucursal, filial ou agência deverá ser averbada no Registro Civil
da respectiva sede (art. 1.000).

Segundo o Código Civil, a sociedade simples pode adotar um dos tipos de


sociedade empresária (N/C, C/S ou Ltda.), devendo, neste caso, obedecer às
normas fixadas para esses tipos societários. Não o fazendo, ela será
subordinada às normas próprias das sociedades simples (art. 983).

Esse artigo causa muita confusão, e é considerado mal formulado por


alguns doutrinadores, porém até hoje não foi cobrado em prova, mesmo
porque na prática isso não acontece. Um exemplo seria uma sociedade simples
só que limitada... Estranho né ? Fazer o que, encontramos esse tipo de coisa
em muitas legislações.

A sociedade simples será constituída por meio de contrato escrito,


particular ou público. Os sócios podem estipular os termos do contrato, mas
são consideradas cláusulas obrigatórias as seguintes (art. 997):

- nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios


pessoas naturais; e firma ou denominação, nacionalidade e sede dos
sócios pessoas jurídicas;
- denominação, objeto, sede e prazo de duração (se for o caso) da
sociedade;
- capital da sociedade, expresso em moeda corrente;
- a quota de cada sócio no capital e o modo de realizá-la;
- as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, seus
poderes e atribuições;
- a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas (resultados);
- se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações
sociais; e
- as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em
serviços. (ATENÇÃO)

Note que a última cláusula acima refere-se à possibilidade de um ou


mais sócios da sociedade simples contribuir apenas com serviços, o que é
vedado na sociedade empresária, em que todos devem contribuir para a
formação do capital social. O sócio da sociedade simples cuja contribuição seja
em serviços não pode, salvo convenção em contrário, empregar-se em

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atividade estranha à sociedade, sob pena de ser privado de seus lucros e dela
excluído (art. 1.006).

A sociedade simples opera sob denominação (art. 997, II), com


acréscimo do termo S/S, à qual a lei confere a proteção de que goza o nome
empresarial (art. 1.155, par. único).

Caso haja ausência de alguma das cláusulas contratuais obrigatórias, o


registro será negado, salvo quanto às pessoas naturais incumbidas da
administração da sociedade, seus poderes e atribuições, pois se admite que os
administradores sejam nomeados por instrumento em separado, o qual
deve ser averbado à margem da inscrição da sociedade (art. 1.012). É possível
ainda que não haja qualquer disposição a respeito dos administradores, caso
em que a administração da sociedade competirá separadamente a cada um
dos sócios (administração disjuntiva), sendo que cada um poderá
impugnar a operação pretendida por outro, cabendo a decisão aos sócios, por
maioria de votos (art. 1.013).

SABER ESSES QUORUNS: Qualquer modificação posterior das cláusulas


obrigatórias do contrato social (acima citadas) depende do consentimento de
todos os sócios (unanimidade). Para as demais, as mudanças podem ser
decididas por maioria absoluta de votos, exceto se o contrato determinar a
necessidade de deliberação unânime. Toda modificação do contrato social deve
ser averbada no registro (art. 999).

Como a modificação do quadro social exige aprovação dos demais sócios


(de forma unânime, como visto acima), a sociedade simples, assim como as
em nome coletivo e em comandita simples, é uma sociedade de pessoas,
em que são levados em conta os atributos pessoais dos sócios. Como já foi
visto, as sociedades de pessoas se opõem às chamadas sociedades de
capital, em que a pessoa do sócio não é importante para a formação do
quadro social, bastando que ele seja um contribuinte do capital, financiando a
empresa, como ocorre nas sociedades por ações. Já a limitada é, em regra,
uma sociedade de pessoas, mas seu ato constitutivo pode dispor que ela seja
uma sociedade de capital.

Veja uma questão cobrada pela Esaf sobre as sociedades simples:

14 - (ESAF/PFN/2004) A sociedade simples do Código Civil de 2002


a) destina-se a permitir a separação de atividades econômicas em dois
grupos: as comerciais e as civis.
b) inova na estruturação de sociedades que exercem atividades
econômicas.

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c) facilita extremar sociedades de associações no que concerne à


disciplina jurídica.
d) foi concebida como modelo de organização ao qual se deu função
supletiva.
e) serve para recepcionar as sociedades prestadoras de serviços.

A letra D é a correta porque as regras que regem as sociedades simples


aplicam-se subsidiariamente (supletivamente) aos demais tipos de
sociedades, quando não houver norma específica que as regulem. Por
isso é tão importante estudar as normas das sociedades simples, ainda
que elas não se enquadrem no universo da atividade de empresa.
A letra A é equívoca, pois as sociedades simples não se destinam a
separar as atividades econômicas em comerciais e as civis. Essa
separação sempre existiu e é inerente à própria natureza das atividades,
que serão exercidas por sociedades simples ou empresárias, conforme o
caso, como antes eram desenvolvidas pelas antigas sociedades civis e
comerciais, sob a vigência do antigo Código Civil.
A letra B erra ao dizer que as sociedades simples inovam a estrutura de
sociedades, visto que são apenas uma nova roupagem das antigas
sociedades civis do Código Civil de 1916. Tampouco têm as sociedades
simples a função de extremar (separar) sociedades de associações (letra
C), pois estas são entidades sem fins lucrativos, de natureza diversa,
portanto, das sociedades em geral, sejam simples ou empresárias. Por
fim, na letra E, não se pode dizer que as sociedades simples servem para
recepcionar as sociedades prestadoras de serviços, pois estas podem se
constituir também sob a forma de sociedades empresárias, se exercerem
atividade de empresa.

Gabarito: D

Direitos e Obrigações dos Sócios

Os direitos dos sócios são de duas espécies: pessoais e patrimoniais.

PESSOAIS: eles têm direito de fiscalizar os atos da sociedade, bem como de


participar da administração ou, ao menos, de tomar parte na escolha dos
administradores.

PATRIMONIAIS: referem-se à participação nos lucros gerados (arts. 1.007 e


1.008). A participação dos sócios nos resultados deve ser proporcional às
respectivas quotas, salvo se houver acordo em contrário. O sócio que participa
apenas com serviços, contudo, somente participa dos lucros na proporção da
média do valor das quotas (art. 1.007, 2.ª parte).

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Se, por alguma razão, houver distribuição de lucros ilícitos ou fictícios,


os administradores que a realizarem e os sócios que os receberem terão
responsabilidade solidária, caso tenham conhecimento da ilegitimidade ou
se comprove que tinham o dever (plena possibilidade) de conhecê-la (art.
1.009).

Em contrapartida ao direito de participar dos lucros, há a obrigação de


suportar os prejuízos sociais (art. 1.007 e 1.008). Claro né? Nem toda
atividade econômica resulta em lucro, algumas dão prejuízos...

Em função da autonomia patrimonial, a eventual responsabilidade dos


sócios pelas dívidas sociais, se houver (art. 997, VIII), é subsidiária, isto é,
tais obrigações devem ser saldadas inicialmente com o patrimônio da própria
sociedade e, apenas se este for insuficiente, os sócios são chamados a
responder com seu patrimônio pessoal (benefício de ordem – art. 1.024), o
que é feito de forma proporcional à respectiva participação nas perdas
sociais, salvo cláusula de responsabilidade solidária entre os sócios (art.
1.023).

15 - (FCC/AUDITOR FISCAL MUNICIPAL/SÃO PAULO/2012) Os bens


particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da
sociedade, senão depois de executados os bens sociais.

Gabarito: CORRETO. Conforme Artigo 1.024 do CC. Os bens particulares


dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão
depois de executados os bens sociais.

SABER BEM: Embora subsidiária, a responsabilidade eventualmente


existente é ilimitada, isto é, os sócios podem ser responsabilizados por
parcelas superiores à sua respectiva contribuição social. Se, no entanto, a
sociedade simples adotar uma das formas societárias empresariais, a
responsabilidade dos sócios se regerá pelas normas da respectiva forma
adotada.

Por exemplo, seja uma sociedade simples formada por cinco sócios de
responsabilidade ilimitada, cujas cotas são iguais e no valor de R$ 10.000. Se,
após a sociedade esgotar seu patrimônio, ainda houver uma dívida de R$
100.000, cada sócio ficará responsável por saldar o valor de R$ 20.000. Safou?

Portanto, a responsabilidade de cada sócio é, como regra, proporcional


à respectiva participação nas perdas sociais (art. 1.023) que, por sua vez, é
proporcional, salvo estipulação em contrário, à respectiva participação no
capital (art. 1.007).

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Não há, desse modo, em princípio, solidariedade entre os sócios. Isso,


porém, pode ser previsto no contrato social (art. 1.023), o que fará com que
qualquer deles possa ser demandado em juízo pela totalidade da dívida da
sociedade, passando aquele que saldar a obrigação a ter direito de regresso
contra os demais sócios, em relação às respectivas quotas. Destaque-se que a
solidariedade que pode ser estipulada é entre os sócios, não entre estes e a
sociedade, prevalecendo a subsidiariedade da responsabilidade deles em
relação à entidade social, como visto acima.

É dever dos sócios realizar as contribuições previstas no contrato social,


como a integralização de suas respectivas partes do capital ou os serviços que
devam realizar (se permitida a integralização em serviços), na forma e no
prazo previstos no ato constitutivo. Caso algum sócio não cumpra suas
obrigações (sócio remisso), será notificado formalmente pela sociedade, para
que as implemente em até trinta dias (art. 1.004). Após isso, será
considerado em mora (atraso) e responderá por eventuais danos decorrentes
disso. Em caso de mora, a maioria dos demais sócios poderá ainda decidir
excluir o remisso (inadimplente) da sociedade ou reduzir sua quota ao
montante já realizado (art. 1.004, par. único), ocorrendo, nesta última
hipótese, a correspondente redução do capital social, salvo se os demais sócios
suprirem o valor da quota do sócio excluído (art. 1.031, § 1.º).

Entenderam? Sócio remisso é aquele que “promete” no contrato que dará


10.000, por exemplo, para compor o capital social, sendo que esse dinheiro é
necessário para o início das atividades. Passados 30 dias o tal sócio não coloca
esse dinheiro na conta da sociedade e ela não consegue comprar os
equipamentos que precisa para começar a operar... A lei, nesse caso, tenta
proteger os outros sócios adimplentes com suas obrigações.

As obrigações dos sócios começam imediatamente com o contrato, se


este não fixar outra data, e terminam quando se extinguem as
responsabilidades sociais, após a liquidação da sociedade (art. 1.001). Frise-se
ainda que, na sociedade simples, o sócio admitido em sociedade já constituída
não se exime das dívidas sociais anteriores à admissão (art. 1.025).

Como se trata de uma sociedade de pessoas, a cessão total ou parcial


de quota, sem a correspondente modificação do contrato social com o
consentimento dos demais sócios, não terá eficácia nem quanto a estes, nem
quanto à sociedade (art. 1.003).

TEM QUE SABER: Averbada a modificação do contrato, o sócio que cedeu


suas quotas (sócio cedente) continua responsável solidariamente, perante
a sociedade e terceiros, com aquele que as adquiriu (sócio cessionário),
pelas obrigações sociais ocorridas até a averbação, por até dois anos após o

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registro da modificação (art. 1.003, par. único). Assim, em caso de alguém


processar a sociedade, para haver eventuais perdas e danos ocorridos nas
negociações, o ex-sócio ainda poderá ser acionado durante esse período. Foi?

Administração da Sociedade

O administrador da sociedade deverá ter, no exercício de suas funções, o


cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na
administração de seus próprios negócios (art. 1.011). Aplicam-se à atividade
dos administradores, no que couber, as disposições concernentes ao contrato
de mandato (art. 1.011, § 2.º) (cujas regras específicas fazem parte do
Direito Civil e não nos interessam no momento).

Apenas pessoas naturais (físicas) podem administrar a sociedade (art.


997, VI). Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei
especial, os condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o
acesso a cargos públicos, bem como os condenados por crime falimentar, de
prevaricação, peita (suborno), concussão ou peculato, e, ainda, os condenados
por crime contra a economia popular, o sistema financeiro nacional, as normas
de defesa da concorrência, as relações de consumo, a fé pública ou a
propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação (art. 1.011, §
1.º).

Os administradores dos negócios da sociedade podem ser sócios ou


não. Se a lei ou o contrato estipular que compete aos sócios decidir sobre os
negócios da sociedade, as deliberações serão tomadas por maioria de votos,
contados segundo o valor das quotas de cada um (art. 1.010) (isto é, essa
maioria corresponde a mais de metade do capital e não dos sócios).
Havendo empate, deve prevalecer a decisão tomada por maior número de
sócios. Persistindo o empate, o impasse será levado ao juiz, a quem caberá
decidir (art. 1.010, § 2.º).

Na sociedade simples, como regra, o sócio não pode ser substituído no


exercício das suas funções, sem o consentimento dos demais, devidamente
expresso em modificação do contrato social (art. 1.002). Assim, na sociedade
simples, são considerados irrevogáveis os poderes do sócio investido na
administração por cláusula expressa do contrato social (art. 1.019) (pois isso
exigiria a alteração do próprio contrato, por votação unânime dos sócios, o
que só seria possível se o próprio sócio administrador votasse a favor de sua
retirada da administração). Excetuam-se as hipóteses de justa causa,
reconhecida judicialmente, a pedido de qualquer dos sócios (art. 1.019, 2.ª
parte) (exceção à unanimidade). Por outro lado, se os poderes de
administração forem conferidos a sócio por ato separado, ou a qualquer um
que não seja sócio, ainda que no próprio contrato social, eles serão

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revogáveis a qualquer tempo (art. 1.019, par. único) (por maioria absoluta,
em regra – art. 999, 2.ª parte).

Caso algum sócio, em alguma operação social, tenha interesses pessoais


contrários aos da sociedade e participe da respectiva deliberação, a qual reste
aprovada em função de seu voto (isto é, a decisão não teria sido tomada se
ele tivesse votado a favor dos interesses da sociedade), ele ficará responsável
por eventuais perdas e danos decorrentes desse fato (art. 1.010, § 3.º). Por
exemplo, imagine que a sociedade pretenda selecionar um fornecedor de
equipamentos e um dos sócios vota pela contratação de determinada
sociedade, pertencente a um parente seu, que vende equipamentos
defeituosos, pois receberá uma comissão do parente por isso. Se o seu voto
tiver sido decisivo para a escolha da referida entidade fornecedora, ficará
sujeito a reparar os danos sofridos pela sociedade.

Conforme visto acima, admite-se que os administradores da sociedade


sejam nomeados não no contrato social, mas em instrumento em separado,
o qual deve ser averbado à margem da inscrição da sociedade. Antes dessa
averbação, o administrador responde pessoal e solidariamente com a
sociedade (art. 1.012, 2.ª parte).

No silêncio do contrato, os administradores podem praticar todos os


atos pertinentes à gestão da sociedade, exceto a venda ou a oneração
(ex.: hipoteca) de bens imóveis, que dependem da decisão da maioria dos
sócios, salvo, neste caso, se a operação com imóveis constituir o próprio
objeto da sociedade (art. 1.015). O administrador não pode fazer-se substituir
no exercício de suas funções, mas é lhe facultado, nos limites de seus poderes,
constituir mandatários da sociedade, especificando no instrumento do
mandato (procuração) os atos e operações que tais mandatários poderão
praticar (art. 1.018). Ressalte-se ainda que os administradores respondem
solidariamente perante a sociedade e os terceiros prejudicados, por culpa no
desempenho de suas funções (art. 1.016).

16 - (FCC/AUDITOR FISCAL MUNICIPAL/SÃO PAULO/2012) Os


administradores respondem solidariamente perante a sociedade e
terceiros prejudicados, independentemente de culpa, no desempenho de
suas funções.

Gabarito: INCORRETO – A questão não está de acordo com o Artigo


1.016 do CC. Os administradores respondem solidariamente perante a
sociedade e os terceiros prejudicados, por culpa no desempenho de suas
funções.

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Caso os administradores ajam com excesso de poderes, a sociedade


pode opor esse argumento a terceiros que a acionem para se ressarcirem de
eventuais danos, de modo a se eximir de indenizar os prejudicados (neste
caso, a responsabilidade será pessoal do administrador). Para que isso ocorra,
no entanto, a sociedade deve provar a ocorrência de pelo menos uma das
seguintes hipóteses (art. 1.015, par. único):

- a limitação de poderes do administrador estava inscrita ou averbada no


registro próprio da sociedade, situação em que os terceiros não poderão
alegar desconhecimento da exata extensão dos poderes do
administrador;
- foi provado que os terceiros conheciam a limitação de poderes, ainda
que não averbada; ou
- a transação entre os terceiros e a sociedade configurava operação
nitidamente estranha aos negócios da sociedade.

SABER BEM: As hipóteses acima decorrem da teoria dos atos ultra


vires, que exime a sociedade de responsabilidade pelos atos do administrador
que extrapolam os limites de seus poderes. Essa teoria é criticada por alguns
autores sob o argumento de que não é razoável exigir daqueles que
transacionam com a sociedade, de forma dinâmica e com boa-fé, a consulta
aos atos da sociedade para verificação dos exatos poderes do administrador,
que age com aparência de legitimidade (teoria da aparência). Volta e lê de
novo esses dois parágrafos acima... risos... Mesmo que a teoria seja criticada
por alguns, cia em prova... do jeitinho que está na lei...Então vamos aprender.

Nos atos de competência conjunta de vários administradores


(administração conjunta), é necessário o concurso de todos (isto é, que
todos participem da deliberação), salvo nos casos urgentes, em que a omissão
ou o retardamento das providências cabíveis possam ocasionar danos graves
ou irreparáveis (art. 1.014). Se, neste caso, o administrador realizar operações
sabendo ou devendo saber que estava agindo em desacordo com a maioria,
responderá perante a sociedade por perdas e danos (art. 1.013, § 2.º).

Imagine, por exemplo, uma sociedade simples que possua três


administradores, os quais devem assinar em conjunto os cheques da entidade.
Se, no dia do pagamento de determinada obrigação inadiável, como um crédito
tributário, um deles, por algum motivo, estiver ausente (viajando ou
hospitalizado, por exemplo), os outros administradores poderão assinar o
cheque sem ele, para evitar a inadimplência da sociedade e a incidência de
multa.

O administrador que tiver, em qualquer operação, interesse contrário ao


da sociedade e tomar parte na correspondente deliberação ficará sujeito a

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restituir à sociedade o eventual prejuízo decorrente da decisão (art. 1.017,


par. único). Também o administrador que, sem consentimento escrito dos
sócios, aplicar créditos ou bens sociais em proveito próprio ou de terceiros terá
de restituí-los à sociedade ou pagar o equivalente, com todos os lucros
resultantes da operação. Havendo prejuízo, por ele responderá também o
administrador (art. 1.017, caput).

Os administradores são obrigados a prestar contas justificadas de sua


administração aos sócios, e a apresentar-lhes o inventário anualmente, bem
como o balanço patrimonial e o balanço de resultado econômico (art.
1.020). O sócio pode, a qualquer tempo (salvo estipulação que determine
época própria), examinar os livros e documentos, bem como o estado da caixa
e da carteira da sociedade (art. 1.021). É a lei dando o direito de fiscalização
sobre os atos do administrador. BP e DRE, lembram? Da Contabilidade...

Veja mais uma questão da Esaf sobre as sociedades simples:

17 - (ESAF/AFT/MTE/2003) Ao instituir a sociedade simples, o Novo


Código Civil
a) adotou uma forma societária de estrutura menos complexa, própria
para a microempresa.
b) determinou que ela não pode ter filiais ou agências.
c) estabeleceu que o excesso de poderes dos administradores pode ser
oposto contra terceiro, provando-se que a limitação era conhecida deste.
d) permitiu que os poderes conferidos aos administradores pelo contrato
social poderão ser alterados por voto de dois terços dos sócios.
e) impediu que os bens particulares dos sócios possam ser executados
por dívidas sociais, exceto os créditos trabalhistas e fiscais.

A letra C é correta, pois, como vimos, uma das hipóteses que permite à
sociedade opor o excesso de poderes do administrador contra terceiros é
a prova de que estes conheciam a limitação de poderes, ainda que não
averbada. A letra A é errada, pois a sociedade simples pode ter ou não
estrutura mais complexa que a das sociedades empresárias, nada se
podendo afirmar quanto a isso. A diferença é quanto à atividade
desenvolvida (civil ou empresarial) e ao regime jurídico aplicável, não
quanto à complexidade da sociedade em si. Na letra B, já vimos que a
sociedade simples pode constituir sucursais, filiais ou agências,
devidamente registradas no respectivo Registro Civil das Pessoas
Jurídicas e com as suas inscrições averbadas no Registro Civil do local da
sede. A letra D é errada, pois não existe essa regra dos dois terços para
as sociedades simples (esse quórum especial é exigido para algumas
deliberações das sociedades limitadas, conforme estudaremos em aula
futura). Finalmente, a letra E é equívoca, já que os sócios da sociedade

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simples podem ter responsabilidade subsidiária pelas obrigações sociais


e, portanto, ter seus bens particulares executados em juízo.

Gabarito: C

Resolução da Sociedade em Relação a um Sócio

Entende-se como resolução da sociedade em relação a um sócio a


saída desse sócio da sociedade, por razões diversas, que serão vistas a seguir.
Trata-se, na verdade, da chamada dissolução parcial da sociedade, em
oposição à dissolução total, que será estudada em aula futura, quando se
dissolvem os vínculos sociais entre todos os sócios, com a consequente
extinção da sociedade.

Na dissolução parcial, ao contrário, a sociedade permanece


existindo, ocorrendo apenas o desligamento de um ou alguns dos sócios da
entidade. Assim, a matéria a seguir também pode ser cobrada a título de
dissolução da sociedade (parcial).

Salvo disposição contratual em contrário, nos casos em que a sociedade


se resolver em relação a um sócio, o valor da sua quota, considerado o
montante efetivamente realizado, será apurado (liquidação da quota), com
base na situação patrimonial da sociedade, à data da resolução, verificada em
balanço especialmente levantado para esse fim (art. 1.031). A quota liquidada
será paga em dinheiro, no prazo de noventa dias, a partir da liquidação,
salvo acordo, ou estipulação contratual em contrário (art. 1.031, § 2.º). O
capital social sofrerá a correspondente redução, a não ser que os demais
sócios supram o valor da quota, por meio de novas contribuições ao capital
social (aumentem sua participação na sociedade) (art. 1.031, § 1.º).
São várias regrinhas para a dissolução parcial, reparou?

No caso de morte de sócio, sua quota será liquidada (terá seu valor
patrimonial apurado), e seu valor será pago em dinheiro aos herdeiros,
ocorrendo, em consequência, a redução do capital social. Não se promoverá a
liquidação da quota, contudo, se (art. 1.028):
- o contrato dispuser diferentemente;
- os sócios remanescentes preferirem dissolver a sociedade; ou
- por acordo com os herdeiros, for regulada a substituição do sócio
falecido.

Os sócios são livres para se retirarem da sociedade (direito de recesso),


mesmo porque, segundo a Constituição Federal, ninguém pode ser obrigado a
se associar ou a permanecer associado a nenhuma entidade. Se o prazo de

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funcionamento da sociedade for indeterminado, o sócio que desejar se retirar


deverá efetuar notificação aos demais, com antecedência mínima de sessenta
dias. Caso se trate de sociedade com prazo determinado, no entanto, ele
deverá provar judicialmente justa causa para se retirar. Os demais sócios,
nos trinta dias subsequentes à notificação, poderão optar pela dissolução
da sociedade (art. 1.029).

Exclusão de sócio: sem prejuízo da possibilidade de exclusão do sócio


remisso em suas obrigações sociais (art. 1.004, par. único), pode o sócio
também ser excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos
demais sócios, por falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda,
por incapacidade superveniente (art. 1.030).

Já o sócio que venha a ser declarado falido (por atividade empresarial


estranha à sua condição de sócio) será excluído de pleno direito da
sociedade, assim como aquele cuja quota tenha sido liquidada por credor
pessoal seu, em processo de execução do qual o sócio seja o executado (art.
1.030, par. único).

Por fim, destaque-se que a retirada, exclusão ou morte do sócio não o


exime (ou seus sucessores) da responsabilidade pelas obrigações sociais
anteriores à sua saída, pelo prazo de até dois anos após a averbação da sua
resolução da sociedade. No caso de retirada e exclusão, se houver atraso
nesse registro, incluir-se-ão também as obrigações posteriores à sua
efetiva saída e anteriores à averbação (art. 1.032).

Terminamos aqui o assunto sobre sociedades simples, atentem para o


fato de que quase todas as sociedades são regidas por artigos específicos e
subsidiariamente pelos artigos sobre as sociedades simples. Então muita
atenção a esses artigos e comentários que fizemos acima.

5 – SOCIEDADE EM NOME COLETIVO

Na sociedade em nome coletivo, apenas pessoas físicas podem ser


sócias (art. 1.039). O contrato da sociedade em nome coletivo deve conter
todas as cláusulas obrigatórias do contrato da sociedade simples (ver acima),
substituindo-se a denominação pela firma social, que é a forma que adota o
nome empresarial desse tipo de sociedade (art. 1.041).

A firma social deve conter o nome de todos os sócios ou, se forem


muitos, a expressão “e companhia” ou “& Cia.”, conforme já estudado
anteriormente (ver aula passada).

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Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas


obrigações sociais (art. 1.039). Não obstante, os sócios podem limitar entre si
a responsabilidade de cada um (para efeitos de direito de regresso entre eles),
no ato constitutivo ou por convenção posterior unânime (art. 1.039, par.
único). Perante terceiros, contudo, a responsabilidade dos sócios continua
sendo ilimitada.

Lembre ainda que, embora ilimitada, a responsabilidade dos sócios é


subsidiária, pois surge somente após exaurido o patrimônio da sociedade
(benefício de ordem – art. 1.024). Vale ressaltar ainda que a responsabilidade
de cada sócio perante a sociedade limita-se à integralização da parcela do
capital que ele subscreveu (regra geral para todos os tipos de sociedade).
Apenas perante terceiros é que a responsabilidade dos sócios é ilimitada e
solidária.

Nesse sentido, veja a questão que já foi cobrada pelo Cespe/UnB:

18 - (CESPE/JUIZ FEDERAL TRF 5.ª REGIÃO/2006) Três irmãos são


sócios de determinada sociedade em nome coletivo. Lana,
administradora, contraiu consideráveis dívidas em nome da sociedade,
sem o consentimento dos demais irmãos sócios. Nessa situação, sendo a
responsabilidade de Lana solidária e ilimitada, ela pode responder pelas
referidas dívidas com suas quotas, mesmo antes de executados os bens
da sociedade.

O erro da assertiva é dizer que a responsabilidade de Lana ocorrerá


antes da execução dos bens da sociedade, pois, embora ilimitada, a
responsabilidade dos sócios das sociedades personificadas em geral só
surge de forma subsidiária, isto é, depois de esgotados os bens sociais.

Gabarito: Errado

Tendo em vista essa responsabilidade ilimitada dos sócios, a sociedade


em nome coletivo atualmente está em franco desuso (assim como a sociedade
em comandita simples, que também possui sócios com responsabilidade
ilimitada, como veremos a seguir). A forma societária preferida pelos
empresários tem sido a sociedade limitada e a sociedade anônima, em que a
responsabilidade dos sócios é limitada à integralização das respectivas quotas
ou ações (estudaremos as limitadas e as sociedades anônimas na próxima
aula).

Somente sócios podem ser administradores da sociedade em nome


coletivo. O uso da firma é privativo dos que tenham os necessários poderes,
nos limites do contrato (art. 1.042).

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Como regra, os credores particulares dos sócios não podem pedir a


liquidação da quota do devedor antes da dissolução da sociedade (art. 1.043)
(as regras específicas sobre dissolução e liquidação das sociedades serão
estudadas em aula própria). No entanto, poderão fazê-lo em dois casos:

- quando a sociedade tiver sido prorrogada tacitamente (que ocorre


quando a sociedade é por prazo determinado e não entra em liquidação
após o vencimento); e
- quando, após prorrogação por decisão dos sócios, for acolhida
judicialmente oposição do credor. Neste caso, o credor terá noventa dias,
a partir da publicação do ato dilatório, para se opor à prorrogação.

No mais, aplicam-se subsidiariamente à sociedade em nome coletivo as


normas das sociedades simples (art. 1.040).

Viu... essa parte da matéria é bem pequena... vale a pena dar uma
olhada. E olha só como foi cobrado:

19 - (ESAF/AFRFB/2012) Na SOCIEDADE EM NOME COLETIVO, somente


pessoas físicas podem tomar parte na sociedade, respondendo todos os
sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais.

Gabarito: CORRETA – A sociedade em nome coletivo é um tipo de


sociedade que não aceita nenhum sócio que seja pessoa jurídica. Apenas
pessoas físicas podem fazer parte desse tipo de sociedade. Todos os seus
sócios respondem solidária e ilimitadamente pels obrigações sociais. A
alternativa praticamente repetiu o que está previsto no artigo 1.039 do
Código Civil. Vejamos:

Código Civil - Art. 1.039. Somente pessoas físicas podem tomar parte na
sociedade em nome coletivo, respondendo todos os sócios, solidária e
ilimitadamente, pelas obrigações sociais.

6 – SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES

Na sociedade em comandita simples existem dois tipos de sócios: os


comanditados, que devem ser pessoas físicas e são responsáveis solidária
e ilimitadamente pelas obrigações sociais; e os comanditários, pessoas
físicas ou jurídicas, que se obrigam somente pelo valor de sua quota
(responsabilidade limitada). TENTEM DECORAR ESSA DIFERENÇA.

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O contrato da sociedade deve discriminar quem são os comanditados e


os comanditários (art. 1.045).

O nome empresarial adota a forma de firma social, da qual deve


constar apenas os nomes de um ou mais sócios comanditados, acrescidos da
expressão “e companhia” ou “& Cia.”, para indicar a ausência dos demais
sócios do nome da sociedade (art. 1.047).

No caso de morte de sócio comanditário, a sociedade, salvo disposição


do contrato, poderá continuar com os seus sucessores, que designarão quem
os represente (art. 1.050). Falecendo o comanditado, aplica-se a regra já
vista para os sócios da sociedade simples (art. 1.028).

Os sócios comanditados possuem os mesmos direitos e obrigações dos


sócios da sociedade em nome coletivo (art. 1.046, par. único). Já os
comanditários são simples prestadores de capitais, não possuindo nenhuma
ingerência na administração da sociedade.

Se o sócio comanditário praticar qualquer ato de gestão ou mesmo ter


seu nome incluído na firma social, ficará sujeito às mesmas
responsabilidades do sócio comanditado (art. 1.047). Não obstante, o
comanditário pode ser nomeado procurador da sociedade, desde que para
negócio determinado e com poderes especiais (específicos para o negócio)
(art. 1.047, par. único).

O sócio comanditário não é obrigado à reposição de lucros recebidos de


boa-fé e de acordo com o balanço. Todavia, se houver redução do capital por
perdas supervenientes, não poderá o comanditário receber quaisquer lucros,
antes da reintegração do capital (art. 1.049). E se, em razão da redução,
houver diminuição da quota do sócio comanditário, essa redução só terá
efeitos quanto a terceiros após a averbação da modificação, sem prejuízo dos
credores preexistentes (art. 1.048).

No mais, aplicam-se à sociedade em comandita simples as normas da


sociedade em nome coletivo, que, por sua vez, segue subsidiariamente as
regras da sociedade simples (art. 1.046).

Eis uma questão sobre o assunto que já caiu em concurso:

20 - (CESPE/ANALISTA TÉCNICO/AUDITORIA/SEBRAE-BA/2008)
Sociedade em comandita simples é o tipo societário em que um ou
alguns dos sócios, denominados comanditados, têm responsabilidade
limitada pelas obrigações sociais.

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O erro do item é que os sócios comanditados são responsáveis


ilimitadamente pelas obrigações sociais. Os comanditários é que
possuem responsabilidade limitada ao valor de suas respectivas quotas.

Gabarito: Errado

Antes de finalizar nossa aula, resolva mais estas 2 questões de concurso,


englobando vários assuntos tratados nesta aula:

21 - (CESPE/TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO/TCE-TO/2009) Quanto


ao direito societário, assinale a opção correta.
A) Independentemente de seu objeto, considera-se simples a sociedade
cooperativa.
B) Nas sociedades de capitais, a responsabilidade e a atuação dos sócios
constituem fator preponderante na vida empresarial da sociedade.
C) A sociedade anônima e a limitada constituem sociedades
despersonificadas.
D) A administração das sociedades simples compete a pessoas físicas ou
jurídicas.
E) É lícita a estipulação, no contrato social de sociedade limitada, de
cláusula que exclua sócio de participar das perdas da sociedade.

A letra A é o gabarito, pois, como vimos, a sociedade cooperativa é


sempre uma sociedade simples, independentemente do seu objeto. A
letra B é errada, pois, nas sociedades de capitais, as características
pessoais dos sócios não são importantes para seu ingresso ou
permanência na sociedade, ao contrário do que ocorre nas sociedades de
pessoas. A letra C é incorreta porque a sociedade anônima e a limitada
são sociedades que possuem personalidade jurídica.
A letra D também é falsa, já que somente pessoas físicas podem ser
administradoras das sociedades simples. Por fim, o erro da letra E é dizer
que o contrato social da limitada pode prever cláusula que exclua sócio
de participar das perdas da sociedade, pois esse tipo de cláusula,
chamada leonina, é vedado pelo Código Civil (art. 1.008).

Gabarito: A

Mais uma da Receita:

22 - (ESAF/AFRFB/2012) Na SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES, o


capital divide-se em ações, obrigando-se cada sócio ou acionista
somente pelo preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir

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Gabarito: INCORRETA – A questão descreve a caracterísitca da


Sociedade Anônima e não da Sociedade em Comandita Simples. Abaixo:

Art. 1.088. Na sociedade anônima ou companhia, o capital divide-se em


ações, obrigando-se cada sócio ou acionista somente pelo preço de
emissão das ações que subscrever ou adquirir.

Bem, pessoal, por hoje é só. Espero que tenham gostado desta segunda
aula. No nosso próximo encontro, trataremos das sociedades limitadas e das
sociedades por ações. Até lá!

Luciano Oliveira e Cadu Carrilho

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7 – RESUMO DESTA AULA

SOCIEDADES União de pessoas Fim econômico


(universitas personarum) (lucro)
ASSOCIAÇÕES União de pessoas Sem fim econômico
(universitas personarum)
FUNDAÇÕES Personificação de um patrimônio Sem fim econômico
(universitas rerum)

Sociedades anônimas Sempre empresárias


Sociedades em comandita por ações Sempre empresárias
Sociedades cooperativas Sempre simples
Sociedades de advogados Sempre simples

Sociedades de pessoas As qualidades pessoais dos sócios


são importantes para a admissão
nos quadros sociais. Ex.: S/S, N/C,
C/S, Ltda. (esta como regra) e
cooperativa.
Sociedades de capital Permitem o ingresso de qualquer
pessoa interessada em contribuir
com o capital da entidade. Ex.: S.A.
e C/A. A Ltda. pode ser de capital,
se o contrato assim estabelecer.
Sociedades pluripessoais Possuem mais de um sócio. É a
regra.
Sociedades unipessoais Possuem um único sócio. Surge em
situações excepcionais. Ex.:
unipessoalidade incidental
temporária e subsidiária integral.
Sociedades grupadas Compõem um grupo de sociedades.
Sociedades isoladas Não participam de nenhum grupo
de sociedades.
Sociedades contratuais Seu ato constitutivo é o contato
social. Ex.: S/S, N/C, C/S e Ltda.
Sociedades estatutárias (institucionais) Seu ato constitutivo é o estatuto
social. Ex.: S.A., C/A. e cooperativa.
Sociedades por quotas Têm o capital social dividido em
quotas. Ex.: S/S, N/C, C/S, Ltda. e
cooperativa.
Sociedades por ações Têm o capital social dividido em
ações. Ex.: S.A. e C/A.

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Pluralidade de sócios
REQUISITOS DA SOCIEDADE Affectio societatis
Formação do capital social
Participação nos resultados

Sociedade em comum:
- irregulares (ato constitutivo não
registrado) ou de fato (sem ato
constitutivo);
- sócios só provam a existência da
sociedade por escrito e terceiros provam
por qualquer modo;
- bens e dívidas sociais constituem
patrimônio especial, do qual os sócios
são titulares em comum;
- sócios respondem solidária e
ilimitadamente pelas obrigações sociais;
- sócios que contratam em nome da
sociedade não têm benefício de ordem;
- Segue subsidiariamente as regras da
sociedade simples.
Sociedade em conta de participação:
SOCIEDADES NÃO - pacto entre empreendedores para a
PERSONIFICADAS realização de atividade econômica;
- registro do pacto não confere
personalidade jurídica à sociedade;
- Sua constituição independe de
formalidade e prova-se por todos os
meios aceitos em direito;
- dois tipos de sócios: ostensivos e
participantes (ocultos);
- apenas o sócio ostensivo exerce a
empresa, em seu próprio nome e com
responsabilidade ilimitada;
- o sócio participante apenas participa
dos resultados e fiscaliza a empresa e se
praticar atos de gestão responde
ilimitadamente;
- em regra, o sócio ostensivo não pode
admitir novo sócio sem consentimento
dos demais
- contribuições dos sócios constituem
patrimônio especial;
- falência do sócio ostensivo gera a
dissolução da sociedade;
- falência do sócio participante sujeita o
contrato social às normas falimentares
quanto aos contratos bilaterais do falido;

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- Segue subsidiariamente as regras da


sociedade simples.

- Atividade civil de fins lucrativos;


- Sociedade contratual, de pessoas, e
por quotas;
- Pode adotar forma societária
empresarial para efeito de regramento;
- Adota denominação + S/S;
- Podem ser sócios pessoas físicas e
SOCIEDADE SIMPLES jurídicas;
- Há responsabilidade subsidiária dos
sócios ou não, conforme o contrato.
Havendo, é ilimitada;
- Admite contribuição de sócio apenas
em serviços;
- Modificação de cláusulas contratuais
obrigatórias por unanimidade.

- Direitos pessoais:
• fiscalizar os atos da sociedade;
• participar da administração;
- Direitos patrimoniais:
• participar dos resultados
(proporcional às quotas, salvo acordo
em contrário);
• sócio que participa apenas com
serviços participa dos resultados na
proporção da média das quotas;
DIREITOS E OBRIGAÇÕES DOS - Responsabilidade do sócio proporcional
SÓCIOS DA SOCIEDADE SIMPLES à participação nas perdas sociais, salvo
previsão de solidariedade;
- Sócio remisso e constituído em mora
(notificado) indeniza eventuais danos,
podendo ser excluído pelos demais;
- Novo sócio admitido não se exime das
dívidas sociais anteriores;
- cessão de quotas exige modificação do
contrato social;
- sócio cedente continua responsável
solidariamente com sócio cessionário
pelas obrigações sociais por dois anos.

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- Administrador deve ter o cuidado e a


diligência que todo homem ativo e probo
costuma empregar na administração de
seus próprios negócios;
- Aplicam-se à atividade dos
administradores, no que couber, as
disposições do mandato;
- Apenas pessoas naturais, sócios ou
não, podem ser administradores;
- Não podem ser administradores as
pessoas impedidas (art. 1.011, § 1.º);
- Em regra, as decisões são tomadas
pela maioria do capital. Havendo
empate, pela maioria dos sócios.
Persistindo o empate, pelo juiz;
- Administrador sócio nomeado no
contrato é irrevogável, salvo justa
ADMINISTRAÇÃO DA causa, em juízo;
SOCIEDADE SIMPLES - Administrador não sócio ou sócio
nomeado em ato separado é revogável a
qualquer tempo;
- Administrador que tenha interesse
pessoal e vote responde por perdas e
danos;
- Administrador pode praticar todos os
atos de gestão, salvo venda ou oneração
de imóveis, exceto se for o objeto da
sociedade;
- Administrador que age com excesso de
poderes não obriga a sociedade se (atos
ultra vires):
• a limitação de poderes estava
averbada;
• os terceiros conheciam a limitação
de poderes;
• a transação era operação
nitidamente estranha à sociedade;
- Nos atos de competência conjunta é
preciso o concurso de todos os
administradores, salvo em caso de
urgência;
- Administradores devem prestar contas
e apresentar anualmente o inventário, o

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balanço patrimonial e o de resultado


econômico.

- Em regra, a quota é liquidada e paga


em dinheiro ao ex-sócio ou ao sucessor
(herdeiro);
- Capital social sofre redução, salvo se
demais sócios suprirem o valor da
quota;
- Saída de sócio por morte não acarreta
liquidação da quota se:
• o contrato dispuser diferentemente;
• os sócios remanescentes quiserem
dissolver a sociedade;
RESOLUÇÃO DA SOCIEDADE • por acordo com os herdeiros, for
EM RELAÇÃO A UM SÓCIO regulada a substituição do sócio
(DISSOLUÇÃO PARCIAL) falecido;
- O sócio é livre para se retirar da
Saída do sócio da sociedade sociedade (direito de recesso), mediante
simples por razões diversas notificação aos demais (sociedade com
prazo indeterminado) ou prova judicial
de justa causa (sociedade com prazo
determinado). Notificados, os demais
podem optar por dissolver a sociedade;
- O sócio pode ser excluído judicialmente
por falta grave ou incapacidade
superveniente;
- O sócio falido ou cuja quota foi
liquidada (executada) é excluído de
pleno direito;
- A saída do sócio não o exime da
responsabilidade pelas obrigações
anteriores, por dois anos, a partir da
averbação.

- Apenas pessoas físicas podem ser


sócias;
- O contrato contém as cláusulas
obrigatórias do contrato da sociedade
simples, substituindo-se a denominação
pela razão social;
SOCIEDADE EM NOME COLETIVO - Todos os sócios respondem solidária e
ilimitadamente pelas obrigações sociais;

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- Os sócios podem limitar entre si a


responsabilidade de cada um;
- Somente sócios podem ser
administradores;
- Os credores dos sócios só podem pedir
liquidação de quota antes da dissolução
da sociedade se:
• a sociedade tiver sido prorrogada
tacitamente;
SOCIEDADE EM NOME COLETIVO • após prorrogação expressa, for
acolhida judicialmente oposição do
credor;
- Segue subsidiariamente as normas da
sociedade simples.

- Dois tipos de sócios: comanditados e


comanditários (definidos no contrato):
• Comanditados: pessoas físicas,
responsáveis solidária e
ilimitadamente pelas obrigações
sociais, com mesmos direitos e
obrigações dos sócios da sociedade em
nome coletivo;
• Comanditários: pessoas físicas ou
jurídicas, obrigados apenas pelo valor
de sua quota, sem ingerência na
SOCIEDADE EM administração;
COMANDITA SIMPLES - Firma social contém apenas nomes de
comanditados;
- Em regra, morrendo o comanditário, a
sociedade pode continuar com os
sucessores;
- Se o comanditário praticar ato de
gestão ou tiver seu nome na firma,
ficará sujeito às responsabilidades do
comanditado;
- Comanditário pode ser nomeado
procurador da sociedade;
- Segue subsidiariamente as normas da
sociedade simples.

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8 – EXERCÍCIOS COMENTADOS NESTA AULA

1 - (ESAF/AUDITOR DO TESOURO MUNICIPAL/RECIFE/2003) Nos termos


do Código Civil, as sociedades são classificadas:
a) empresárias e simples.
b) de pessoas e de capitais.
c) unipessoais e pluripessoais.
d) grupadas e isoladas.
e) com finalidade econômica e com finalidade religiosa ou cultural.

2 - (ESAF/AUDITOR DO TESOURO MUNICIPAL/ FORTALEZA/ 2003)


Sociedades empresárias são as que:
a) têm como objeto atividade econômica organizada para mercados.
b) têm como objeto atividade mercantil.
c) têm como objeto a prestação de serviços em estabelecimentos
especiais.
d) exercem atividade de intermediação na circulação de serviços.
e) foram organizadas para atividades econômicas.

3 - (FCC/AUDITOR FISCAL MUNICIPAL/SÃO PAULO/2012) O contrato


social pode excluir o sócio de participar dos lucros e das perdas.

4 - (ESAF/AUDITOR TCE-PR/2003) O negócio constitutivo de sociedades


é o denominado contrato plurilateral que se caracteriza por:
a) ser contrato de estrutura aberta.
b) ser contrato cuja tipificação é apenas social.
c) não se aplicar às companhias ou sociedades por ações.
d) produzir separação entre patrimônios dos sócios e o da sociedade.
e) determinar a regularidade do exercício de atividades econômicas.

5 - (CESPE/OAB-SP/136.º EXAME DE ORDEM/2008) Não constitui


elemento do contrato de sociedade referido no Código Civil
A) o exercício de atividade econômica.
B) a partilha dos resultados.
C) a contribuição dos sócios consistente apenas em bens.
D) a affectio societatis.

6 - (ESAF/AFRFB/2012) São elementos do conceito de sociedade, exceto:


a) pluralidade de partes.
b) exercício de atividade econômica.
c) personalidade jurídica.
d) affectio societatis.
e) co-participação dos sócios nos resultados

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7 - (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO/DPG-CE/2007) Considere


que José e João sejam os únicos sócios da empresa MT Produtos e
Serviços de Informática Ltda. e que, em razão da quebra da affectio
societatis, José tenha decidido se retirar da sociedade. Nesse caso, a
falta de pluralidade de sócios, se não for reconstituída no prazo de 180
dias, acarretará a dissolução da MT Produtos e Serviços de Informática
Ltda.

8 - (ESAF/PFN/2012) São sociedades empresárias, independentemente


do objeto, exceto:
a) sociedades em comandita por ações.
b) companhias de economia mista.
c) subsidiárias integrais.
d) sociedades anônimas.
e) sociedades limitadas.

9 - (ESAF/DEFENSOR PÚBLICO/CE/2002) Sobre a sociedade irregular,


sem personalidade jurídica, assinale a alternativa verdadeira:
A) os sócios não são responsáveis pelas obrigações sociais porque são
distintos o patrimônio dos sócios e o da sociedade.
B) para tornar-se regular e adquirir personalidade jurídica, é
imprescindível que registre o contrato social na Junta Comercial.
C) não se sujeitam ao instituto da falência.
D) a irregularidade invalida os atos de comércio praticados.

10 - (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA/MPE-RO/2008/ADAPTADA) Com


base no Código Civil, julgue os itens seguintes.
I É permitido à sociedade não-personificada, em seu nome, figurar como
parte em contrato de compra e venda de imóvel.
II A sociedade em conta de participação poderá ter firma ou
denominação

11 - (ESAF/AFRFB/2012) A propósito da sociedade em conta de


participação, assinale a opção incorreta.
a) O contrato da sociedade em conta de participação produz efeito
somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em
qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade.
b) A contribuição do sócio participante constitui, com a do sócio
ostensivo, patrimônio especial, objeto da conta de participação relativa
aos negócios sociais.
c) A falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da sociedade e a
liquidação da respectiva conta, cujo saldo constituirá crédito
quirografário.

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d) Salvo estipulação em contrário, o sócio ostensivo não pode admitir


novo sócio sem o consentimento expresso dos demais.
e) Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito
podem provar a existência da sociedade em conta de participação, mas
os terceiros podem prová-la de qualquer modo.

12 - (ESAF/FISCAL DE RENDAS/SMF-RJ/2010) Para o direito empresarial,


assinale abaixo a opção que contém uma sociedade empresária
personificada.
a) Sociedade anônima.
b) Sociedade em conta de participação.
c) Sociedade simples.
d) Sociedade em comum.
e) Sociedade cooperativa.

13 - (CESPE/PROCURADOR DO ESTADO/PGE-CE/2007) As sociedades


simples e as empresárias têm por objeto social a exploração e o
desenvolvimento de atividade econômica com organização profissional,
voltada à produção ou circulação de bens ou serviços. Essas sociedades
podem ou não ter personalidade jurídica.

14 - (ESAF/PFN/2004) A sociedade simples do Código Civil de 2002


a) destina-se a permitir a separação de atividades econômicas em dois
grupos: as comerciais e as civis.
b) inova na estruturação de sociedades que exercem atividades
econômicas.
c) facilita extremar sociedades de associações no que concerne à
disciplina jurídica.
d) foi concebida como modelo de organização ao qual se deu função
supletiva.
e) serve para recepcionar as sociedades prestadoras de serviços.

15 - (FCC/AUDITOR FISCAL MUNICIPAL/SÃO PAULO/2012) Os bens


particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da
sociedade, senão depois de executados os bens sociais.

16 - (FCC/AUDITOR FISCAL MUNICIPAL/SÃO PAULO/2012) Os


administradores respondem solidariamente perante a sociedade e
terceiros prejudicados, independentemente de culpa, no desempenho de
suas funções.

17 - (ESAF/AFT/MTE/2003) Ao instituir a sociedade simples, o Novo


Código Civil:

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a) adotou uma forma societária de estrutura menos complexa, própria


para a microempresa.
b) determinou que ela não pode ter filiais ou agências.
c) estabeleceu que o excesso de poderes dos administradores pode ser
oposto contra terceiro, provando-se que a limitação era conhecida deste.
d) permitiu que os poderes conferidos aos administradores pelo contrato
social poderão ser alterados por voto de dois terços dos sócios.
e) impediu que os bens particulares dos sócios possam ser executados
por dívidas sociais, exceto os créditos trabalhistas e fiscais.

18 - (CESPE/JUIZ FEDERAL TRF 5.ª REGIÃO/2006) Três irmãos são


sócios de determinada sociedade em nome coletivo. Lana,
administradora, contraiu consideráveis dívidas em nome da sociedade,
sem o consentimento dos demais irmãos sócios. Nessa situação, sendo a
responsabilidade de Lana solidária e ilimitada, ela pode responder pelas
referidas dívidas com suas quotas, mesmo antes de executados os bens
da sociedade.

19 - (ESAF/AFRFB/2012) Na SOCIEDADE EM NOME COLETIVO, somente


pessoas físicas podem tomar parte na sociedade, respondendo todos os
sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais.

20 - (CESPE/ANALISTA TÉCNICO/AUDITORIA/SEBRAE-BA/2008)
Sociedade em comandita simples é o tipo societário em que um ou
alguns dos sócios, denominados comanditados, têm responsabilidade
limitada pelas obrigações sociais.

21 - (CESPE/TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO/TCE-TO/2009) Quanto


ao direito societário, assinale a opção correta.
A) Independentemente de seu objeto, considera-se simples a sociedade
cooperativa.
B) Nas sociedades de capitais, a responsabilidade e a atuação dos sócios
constituem fator preponderante na vida empresarial da sociedade.
C) A sociedade anônima e a limitada constituem sociedades
despersonificadas.
D) A administração das sociedades simples compete a pessoas físicas ou
jurídicas.
E) É lícita a estipulação, no contrato social de sociedade limitada, de
cláusula que exclua sócio de participar das perdas da sociedade.

22 - (ESAF/AFRFB/2012) Na SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES, o


capital divide-se em ações, obrigando-se cada sócio ou acionista
somente pelo preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir

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Gabarito

01 –A 12 –A
02 –B 13 – ERRADO
03 – ERRADO 14 –D
04 –A 15 – CORRETO
05 –C 16 – ERRADO
06 –C 17 –C
07 – CORRETO 18 – ERRADO
08 –E 19 – CORRETO
09 –B 20 – ERRADO
10 – ERRADO/ERRADO 21 –A
11 -E 22 - ERRADO

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