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Faculdade Anhanguera Belenzinho

Legislação Empresarial Aplicada

Professor: Prof. Dr. Gleder Maricato


prof.glederanhanguera@gmail.com

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Imagine que você, juntamente com dois amigos que estão
concluindo o curso de graduação, tiveram a ideia de
empreender em uma loja de suplementos alimentares
no centro da cidade de Belvedere, um local bastante
atrativo para comércio dessa natureza, tendo em vista a
existência de uma academia recém-instalada nas
proximidades. Cada um possui determinada quantia
em dinheiro para investimento. O problema é que seus
amigos não sabem ainda o que precisarão fazer para
conseguirem realizar a ideia da loja de suplementos.

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Não pensaram se precisarão ou não constituir uma empresa,
como ficará a questão do capital a ser oferecido por cada um
para o objetivo comum, eventual divisão de participação e
mesmo como será a administração. Também têm muitas
dúvidas sobre qual o tipo societário que deverão optar, até
mesmo visando, lá na frente, a um sistema de tributação que
seja mais favorável ao porte do negócio. Além disso, como
funcionará o relacionamento jurídico do negócio (da loja)
com a locação do ponto e com seus fornecedores? Como será
que isso funciona? Na hipótese de você, na qualidade de
administrador, ficar incumbido para resolver essas questões,
quais seriam suas orientações?

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 Fontes privilegiadas para que consultemos as normas básicas
da legislação empresarial:
- o Código Civil de 2002 (CC/02) e - possibilidade
inicial para que ocorra a organização das atividades econômicas
decorre da Constituição da República Federativa do Brasil de
1988 (CRFB/88);
Liberdades econômicas = há a garantia de princípios ligados às
liberdades econômicas e profissionais que, efetivamente, as
empresas existem e se organizam desta ou daquela maneira
- Liberdade econômica trata-se do direito de realizar
atividades econômicas sem interferência estatal.

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 A atividade empresarial, de um modo amplo, acha-se
conectada profundamente com os seguintes princípios: livre
iniciativa (CRFB/88, art. 1º, IV e art. 170, caput); liberdade de
concorrência (CRFB/88, art. 170, IV); função social da
empresa (CRFB/88, art. 5º, XXII e art. 170, III) e liberdade de
associação (CRFB/88, art. 5º, XVII e XX). Há também outros
tantos princípios elaborados pela doutrina especializada, como:
preservação da empresa; autonomia patrimonial da
sociedade empresária; subsidiariedade da responsabilidade
dos sócios pelas obrigações sociais e; limitação da
responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais.

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 Atividade empresarial - princípios:
 livre iniciativa
 liberdade de concorrência
 função social da empresa
 liberdade de associação
 preservação da empresa
 autonomia patrimonial da sociedade empresária; subsidiariedade
da responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais
 limitação da responsabilidade dos sócios pelas obrigações
sociais

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 Atividade empresarial - princípios:
 livre iniciativa (A livre iniciativa é um princípio que estabelece a possibilidade de um cidadão
comum participar do mercado sem a necessidade de autorização ou aprovação do Estado. Se você tem a
possibilidade de abrir uma empresa, vender um produto e negociar o preço que lhe for mais justo, deve isto ao
).
princípio da livre iniciativa

 liberdade de concorrência (A livre concorrência é um princípio constitucional, previsto no


artigo 170, inciso IV da Constituição Federal, que tem como pressuposto a justa concorrência, e não restrita
ou limitada apenas aos agentes econômicos com maior poder de mercado).

 função social da empresa (A função social da empresa consiste em um princípio importante


para o devido funcionamento da ordem econômica constitucional, além de contemplar diversas esferas da
sociedade, como o meio ambiente, a propriedade privada, o direito dos(as) trabalhadores(as) - criação
de empregos; pagamento de tributos; geração de riqueza; contribuição para o desenvolvimento
econômico social e cultural do entorno; adoção de práticas sustentáveis;
 respeito aos direitos dos consumidores).

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 Atividade empresarial - princípios:
 liberdade de associação (A liberdade de associação é garantida no inciso XVII do Artigo 5º
da Constituição, que determina que somos livres para criar ou participar de associações desde que seus
fins sejam lícitos e que não tenham caráter paramilitar ). Paramilitar: que possui as características
de uma força militar; que tem a estrutura e a organização de uma tropa ou exército, sem sê-lo.
 preservação da empresa (protege o núcleo da atividade econômica e, portanto, da fonte
produtora de serviços ou mercadorias, da sociedade empresária, refletindo diretamente em seu objeto social
).
e direcionando-a, sempre, na busca do lucro

 autonomia patrimonial da sociedade empresária (consiste na não confusão


do patrimônio dos sócios com o da pessoa jurídica, sendo assim, o patrimônio dos sócios, desde que sempre
agindo dentro da legalidade, nunca será atingido por dívidas da empresa, dando, assim, uma segurança
jurídica para os empreendedores );

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 Atividade empresarial - princípios:
 subsidiariedade da responsabilidade dos sócios pelas obrigações
sociais (deriva do Princípio da Autonomia Patrimonial, citado anteriormente, no qual só autoriza a
execução dos bens dos sócios, para o adimplemento de dívida da sociedade, depois de executados os bens
do patrimônio desta ).

 limitação da responsabilidade dos sócios pelas obrigações


sociais = Regras Gerais da Responsabilidade Limitada Isso significa que, em regra geral, se
integralizado totalmente o capital social da empresa, o sócio não terá responsabilidade perante terceiros
(ou seja, responde só pelo valor de suas cotas, as quais já foram integralizadas, pagas à sociedade).

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 Empresário:
art. 966 do CC/02, empresário é quem exerce profissionalmente
atividade econômica organizada para a produção ou a
circulação de bens e serviços. Importante atentar para o fato de
que algumas atividades estão expressamente excluídas do
conceito de empresário, como aquelas referidas no parágrafo
único do art. 966 do CC/02 em comento, que são os seguintes
casos: quem exerce profissão intelectual, de natureza científica,
literária ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou
colaboradores. Tais atividades, como visto, estão excluídas. No
entanto, se tais atividades constituírem elemento de empresa,
poderão estar incluídas no conceito de empresário.

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 O conceito de empresário é aplicado tanto para a pessoa
física quanto para a pessoa jurídica. Porém, caso a pessoa
física esteja inserida na definição
apresentada segundo o art. 966 do CC/02, isto é, que exerça
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção
ou a circulação de
bens e serviços, o nome recebido será o de empresário individual.

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Caso seja uma pessoa jurídica que atue do mesmo modo, será
chamada de sociedade empresária (que é gênero e comporta
várias espécies ou uma empresa individual de responsabilidade
limitada (EIRELI). Assim, temos que o conceito de empresário é,
na verdade, um gênero, que comporta as seguintes espécies:
empresário individual, sociedade empresária e EIRELI.
O art. 966 do Código Civil analisa o empresário por
um critério subjetivo, considerando, portanto, a atividade
organizada para a circulação de bens ou serviços.

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Elementos formadores do critério legal para uma atividade
empresária:
PRIMEIRO LUGAR = Profissionalismo: que tem como
característica a habitualidade, isto é, a continuidade da
atividade.
SEGUNDO LUGAR = a atividade econômica, ou seja, a
finalidade lucrativa do negócio (não se exige o lucro real, mas
apenas a intenção de lucrar).
TERCEIRO LUGAR = a organização, que se consubstancia na
reunião articular dos chamados fatores de produção, sendo eles:
mão de obra, capital, matéria-prima e tecnologia.
QUARTO LUGAR = a produção ou circulação de bens e
serviços.

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Empresa é a atividade econômica organizada para produção ou
circulação de bens e serviços, que é realizada, como vimos, pelo
empresário individual,
pela sociedade empresária ou pela empresa individual de
responsabilidade limitada (EIRELI).
- O Empresário Individual nada mais é do que aquele que exerce
em nome próprio atividade empresarial.
A empresa individual atua sem a separação de seus bens do CPF e
CNPJ semelhante ao MEI, então o empresário deverá responder
por todas as propriedades do CNPJ. O empresário responde com
seu patrimônio pessoal pelas obrigações contraídas por sua
empresa. Em outras palavras, a responsabilidade do empresário é
sempre ilimitada.

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- Sociedade empresária: A sociedade empresária é um conjunto
de duas ou mais pessoas com um objetivo em comum: a
realização da atividade econômica de forma profissional e
organizada para, assim, produzir, oferecer e comercializar
bens/serviços. Sua finalidade é a obtenção do lucro.
Existem 9 tipos de sociedade empresarial: Sociedade Simples,
Sociedade em Nome Coletivo, Sociedade em Comandita Simples,
Sociedade Limitada, Sociedade Anônima, Sociedade Comandita
por Ações, Sociedade Cooperativa, Sociedade em Conta de
Participação, Sociedade de Advogados.

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- Empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI):
Eireli é a sigla de Empresa Individual de Responsabilidade
Limitada, um novo modelo de empreendimento criado em 2011
com o objetivo de legalizar seu negócio como sociedade limitada,
eliminando a figura do sócio “fantasma”. Com a Eireli, o
empresário pode abrir sua empresa com apenas um sócio: ele
mesmo!
Sem limite de faturamento anual e podendo optar pelo Simples
Nacional, essa categoria é uma boa opção para empreendedores e
profissionais que não se enquadram como MEI.

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- Empresa Anhanguera Belenzinho
individual de responsabilidade limitada (EIRELI):
Portanto, toda e qualquer EIRELI existente no Brasil deve/deverá
ser transformada em uma Sociedade Limitada Unipessoal, no
caso por possuir apenas um sócio/responsável, sendo esse ato
determinado pela Junta Comercial do Estado em que a EIRELI está
registrada.
 A Sociedade Limitada Unipessoal é um tipo societário derivado
da Limitada tradicional que hoje é amplamente utilizado por
empreendimentos no Brasil. A criação da LTDA Unipessoal
se deu recentemente, a partir da Lei 13.874 /2019 e a Instrução
Normativa nº 63 do DREI de 11/06/2019.
 DREI = Departamento Nacional de Registro Empresarial e
Integração

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Atividades que não são consideradas empresariais:
São aquelas atividades as quais, ainda que possuam
interesse lucrativo, econômico, não articulam todos aqueles fatores
de produção destacados. Assim, é o que acontece nos casos das
profissões de natureza intelectual (científica, artística ou literária).
O motivo pelo qual são excluídos do conceito de empresário se
dá porque nesses casos a organização empresarial (que é aspecto
fundamental para o conceito de empresário)assume uma posição
secundária, de modo que o essencial aí será o caráter pessoal da
prestação dos serviços.

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Tal regra aplica-se tanto para as situações do profissional liberal,


que é aquele que atua sozinho (um advogado, por exemplo), como
no caso de uma
sociedade uniprofissional (quando vários profissionais liberais se
reúnem para a prestação dos seus serviços). Neste último caso,
podemos chamar tais sociedades de sociedades comuns. Caso haja,
futuramente, nesse exemplo, a organização dos fatores de
produção, aí sim poderão ser consideradas como sociedades
empresárias.

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A lei exclui do âmbito da atividade empresária algumas situações, ligadas aos
profissionais liberais. Porém, se o exercício dessas profissões(atividades)
constituir elemento de empresa, isto é, quando a atividade não for o núcleo,
mas sim algo complementar, que cede espaço a outras atividades maiores, com
natureza empresarial, não haverá problema. O que não é possível é um
profissional liberal empresário ou uma sociedade empresária de profissionais
liberais em que a atividade prestada (o objeto social) principal seja o próprio
trabalho de natureza artística, literária e intelectual, prestados diretamente e
com pessoalidade. É o caso clássico quando tais atividades se acharem
integradas em um objeto mais amplo, relativo à prática empresarial, como um
veterinário que atende no seu consultório, que fica dentro de um pet shop,
que também lhe pertence. Outro exemplo interessante, e hoje bastante
comum, são as franquias que oferecem serviços odontológicos, caracterizadas
por uma oferta para uma clientela indistinta, sem a pessoalidade típica do
profissional liberal.

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Exemplificando Imagine que um dentista, um psicólogo e um advogado,
que se conhecem desde os tempos da faculdade, finalmente estejam
formados e, como estão no início de carreira, decidem dividir os custos de
um local, para que possam atender os seus clientes. Como são
profissionais liberais, eles não se enquadram, especificamente, no
conceito estudado de empresário,
motivo pelo qual não poderiam constituir uma sociedade empresária para
efeito de promover seus serviços. Por outro lado, podem constituir uma
sociedade simples apenas para efeito de regular eventuais obrigações
relacionadas ao local de trabalho, regulando situações negociais em comum
entre eles e perante terceiros. Caso não optem por isso, será como uma
sociedade despersonificada (A sociedade não personificada é desprovida de
personalidade jurídica, porque seu ato constitutivo não foi registrado no
cartório competente ), em que as responsabilidades perante terceiros, caso
assumidas, serão suportadas de maneira ilimitada por cada um deles.

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Empresário individual é a pessoa física que organiza
uma atividade empresarial. Basta que essa pessoa física (como você ou um
daqueles amigos do nosso exemplo) esteja em pleno gozo da sua
capacidade civil e não tenha nenhum impedimento legal (como uma
condenação
criminal, ainda que temporária, ou até um médico com exercício
simultâneo de empresa farmacêutica, um estrangeiro com visto provisório,
condenado por crime falimentar (Quais são crimes falimentares?
São crimes falimentares atos fraudulentos cometidos por devedores ou
terceiros de empresas insolventes em detrimento dos credores, com a
finalidade de alcançar benefício a companhias falidas, as que receberam
concessão de recuperação judicial ou as organizações que tiveram
recuperação extrajudicial homologada) ainda não reabilitado).

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Vale lembrar que, ocasionalmente, uma pessoa considerada como incapaz
(um menor de 16 anos, por exemplo) não poderá se inscrever,
inicialmente, como empresário. Apesar disso, uma pessoa eventualmente
incapaz (seja qual for a causa da incapacidade) poderá continuar a atividade
empresária nas hipóteses do art. 974 do CC/02, isto é, quando a
incapacidade for superveniente (ex.: começa como um
empresário e é capaz, mas acontece uma incapacidade posterior ao registro,
como um acidente que acomete a pessoa com um estado de impossibilidade
de praticar
por si só atos da vida civil) ou quando se dá o recebimento da empresa por
herança, hipóteses essas que, havendo pessoa menor de idade (que é uma
das causas de
incapacidade) ou algum tipo de deficiência que impossibilite a pessoa de
praticar atos da vida civil (que seria outra possibilidade), a empresa será
conduzida pelo seu
representante legal.

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No caso de o incapaz continuar a atividade
empresária como empresário individual, esta será a
única hipótese na qual os bens particulares que
porventura ele possua e que não tenham sido
adquiridos com o exercício da empresa, ficarão
resguardados, blindados (CC/02, art. 974, §2º). Como
a incapacidade pode afetar o âmbito de possibilidades
de ações da pessoa, ela será representada legalmente
por uma outra, que agirá em seu nome e em seu
interesse, como já mencionado.

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Para ser um empresário individual, não há nenhum limite máximo ou mínimo
definido pela lei em termos de investimento de capital. Ademais, é obrigatória a
inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva
sede, antes do início de sua atividade. O registro público mercantil é organizado por
meio de dois órgãos e é regido pela Lei nº 8.934/94. O primeiro é o Departamento
Nacional de Registro do Comércio (DNRC), que integra o Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio, sendo responsável pelo gerenciamento
nacional do registro de empresas. O segundo órgão é a conhecida Junta Comercial
existente nos Estados e Distrito Federal, sendo submetida ao DNRC e responsável
pela concretização do registro empresarial, os arquivamentos (dos atos
constitutivos), autenticações das escriturações e emissão de certidões – são as Juntas
Comerciais que, efetivamente realizam os registros. Importantíssimo saber que o
empresário individual não conta com proteção patrimonial, isto é, o patrimônio da
empresa acaba sendo o seu próprio, de modo que sua responsabilidade perante as
obrigações que contrair é ampla e irrestrita – afinal, ele assume todos os riscos do
negócio!

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As atividades empresariais são constituídas como uma pessoa
jurídica, apartada da figura dos seus sócios, porém integrada
por eles. É o que costumeiramente falamos como “abrir uma
empresa”. Trata-se de uma pessoa jurídica de direito privado,
que irá adquirir, com o registro próprio (do Contrato Social na
Junta Comercial), uma personalidade jurídica específica,
autônoma. Daí, é a pessoa jurídica, a “empresa” que contrairá
direitos e obrigações negociais, respondendo, em princípio
com seu próprio patrimônio. Os sócios, apenas eventualmente,
serão chamados a arcar com as obrigações empresariais com
seus patrimônios particulares.

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Responsabilidade patrimonial: para que muitas pessoas pudessem
sair da situação da informalidade, surgiu no Brasil a figura da
empresa individual de responsabilidade limitada, que é,
basicamente, a figura do empresário individual (embora também
possa ser constituída por outra pessoa jurídica, uma sociedade
limitada, por exemplo), que constituirá uma pessoa jurídica com
patrimônio próprio e personalidade jurídica apartada do seu criador.
A inovação trazida a partir da inserção da figura da empresa
individual de responsabilidade limitada (EIRELI) certamente surtiu
efeitos para além do específico campo do Direito Empresarial. A
EIRELI tem o condão primordial de retirar da clandestinidade e
assim regularizar a situação de milhões de profissionais que se
mantinham à margem do sistema legal.

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EIRELI precisa observar os requisitos e parâmetros gerais das
sociedades empresárias insertos nos artigos 966 e 1195 do CC/02,
além dos 4 (quatro) específicos presentes no novo artigo 980-A. São
eles: (I) possuir apenas um sócio detentor da integralidade do capital
social; (II) capital social integralizado no ato de instituição da
empresa e no montante equivalente de pelo menos 100 (cem)
salários-mínimos; (III) a utilização da expressão “EIRELI” no nome
empresarial, seja ao final da firma ou da denominação social
(critério diferenciador das demais empresas); (IV) limitação à
participação de cada pessoa em apenas uma empresa individual de
responsabilidade limitada, isto é, quem for sócio de uma EIRELI
pode ser sócio de outras empresas individuais ou ser sócio em
empresas de outras espécies, contudo não mais do que uma EIRELI.

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Responsabilização patrimonial do sócio na modalidade empresarial
aqui tratada é limitada, isto é, seus bens pessoais não respondem
pelas obrigações da empresa. A grande vantagem da EIRELI, com
efeito, é a identificação separada dos patrimônios, elemento
definitivo, insculpido no novel artigo 980-A do CC/02.
Nome empresarial é o elemento identificador do empresário ou da
sociedade empresária (arts. 1.155 a 1.168 do CC/02). Da mesma
maneira que ocorre com a sociedade limitada (art. 1.158 do CC/02).
Porém, em vez de constar ao final a expressão “limitada” ou sua
abreviatura (“Ltda.”), necessário que conste a expressão “EIRELI”,
que é justamente a abreviatura de “empresa individual de
responsabilidade limitada”.

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EIRELI – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada. Possui
a vantagem da proteção patrimonial. Vale relembrar os requisitos
para a sua constituição: (I) possuir apenas um sócio detentor da
integralidade do capital social; (II) capital social integralizado no ato
de instituição da empresa e no montante equivalente de pelo menos
100 (cem) salários- -mínimos; (III) a utilização da expressão
“EIRELI” no nome empresarial, seja ao final da firma ou da
denominação social (critério diferenciador das demais empresas);
(IV) limitação à participação de cada pessoa em apenas uma
empresa individual de responsabilidade limitada, isto é, quem for
sócio de uma EIRELI pode ser sócio de outras empresas individuais
ou ser sócio em empresas de outras espécies, contudo não mais do
que uma EIRELI.

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Há casos de sociedades que não são constituídas por meio de uma
pessoa jurídica: sociedades não personificadas, como você já sabe,
não se constituem
por meio de pessoa jurídica. Vamos conhecê-las?
Inicialmente, você deve conhecer a figura da sociedade em comum
(art. 986 do CC/02), que nada mais é do que uma sociedade formada
por duas
ou mais pessoas, com prática de atividade econômica e repartição
dos resultados, porém, sem que tenha havido o competente registro.
Não se trata de
uma sociedade ilícita, contudo, como não há pessoa jurídica, as
obrigações eventualmente contraídas recairão sobre o nome dos
sócios, os quais responderão solidariamente pelas obrigações sociais.

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Em seguida temos a chamada sociedade em conta de participação
(art. 991 do CC/02), que é muito comum no ramo imobiliário. Nela,
há a presença de duas figuras: o sócio ostensivo (podendo ser uma
pessoa física ou jurídica, que exerce o objeto social da sociedade,
possui responsabilidade exclusiva e age em seu nome individual) e o
sócio oculto ou participante (que pode ser uma pessoa física ou
jurídica, que somente participa dos resultados). O detalhe importante
é que somente o sócio ostensivo é que responde perante terceiros, de
maneira ilimitada.

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Sociedades que são personificadas (por meio de pessoa jurídica) e as
não personificadas (que não têm personalidade própria, distinta dos
sócios). Vale lembrar que a personalização da sociedade traz alguns
benefícios, como: (I) titularidade para a celebração de negócios em
nome próprio; (II) titularidade em processos judiciais (responde em
nome próprio); (III) autonomia patrimonial (possui patrimônio
próprio e destacado da figura dos sócios, pessoas físicas). Mas
quando será que a sociedade adquire personalidade jurídica? Já
demos algumas pistas ao longo da nossa caminhada. Segundo o art.
985 do CC/02, a sociedade adquire personalidade jurídica quando
ela faz o registro do seu ato constitutivo no órgão próprio (Junta
Comercial).

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Conhecer os tipos de sociedades personificadas: Essas podem ser:
sociedade em nome coletivo; sociedade em comandita simples;
sociedade em comandita por ações; sociedade anônima e; sociedade
limitada.

A sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples e a


sociedade limitada encontram-se plenamente disciplinadas pelo
CC/02. As sociedades anônimas estão reguladas pela Lei nº
6.404/76, lei esta que é aplicada, na sua maior parte, à sociedade em
comandita por ações.

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A sociedade simples (S/S) é interessante para quem não é
empresário (se for atividade empresária não pode ser simples). Essa
sociedade admite o chamado sócio de trabalho ou serviço (que não
entra com dinheiro na sociedade, mas sim com o seu trabalho – algo
que será impossível nas demais espécies). O registro da sociedade
simples é feito no Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas (e não
na Junta Comercial). Desse modo, a sociedade simples é meramente
contratual e seus regimes de constituição e dissolução estão todos no
CC/02. O capital é dividido em quotas, que assegura direito de
percepção de lucros e garante status de sócio, com poder de voto,
fiscalização, participação nas deliberações etc.

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A responsabilidade dos sócios na sociedade simples
perante a sociedade é subsidiária (caso haja uma cobrança
perante a sociedade, esta é quem primeiro responde e,
somente se não tiver patrimônio suficiente é que
responderão os sócios de maneira pessoal), ilimitada (se a
sociedade não tiver patrimônio, os sócios é que
respondem) e proporcional (cada sócio responde com seu
patrimônio pessoal na proporção da suas quotas sociais).

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A sociedade em nome coletivo (art. 1.039 do


CC/02), bastante difícil de ser encontrada na
prática. Pode ser tanto empresária, quanto
simples. O grande problema deste tipo societário é
quanto à responsabilidade. Integrada por sócios
pessoas físicas, todos respondem, solidária e
ilimitadamente pelas obrigações sociais.

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Na sociedade em comandita simples (art. 1.045 do CC/02) há dois


tipos de sócios: os comanditados (pessoas físicas, responsáveis
solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais) e os
comanditários (obrigados somente pelo valor da sua quota, isto é,
responsabilidade limitada). No contrato social de uma comandita
simples as categorias são qualificadas. Os comanditados são
aqueles que administram e têm poderes de gestão da sociedade. Já
os comanditários não decidem, pois são apenas sócios de
investimento, sob a promessa de uma participação nos lucros.

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A sociedade limitada (Ltda), prevista a partir do art. 1.052 do CC/02, que é o tipo mais comum
quando da constituição de uma pessoa jurídica com finalidades empresárias. Ela oferece menor
burocracia e possui o diferencial da limitação da responsabilidade. Cada sócio terá a obrigação de
integralizar sua parte para a formação do capital social, conforme a previsão em contrato social (de
acordo com o que foi subscrito, isto é, comprometido por cada um dos sócios). Aqui não é possível a
integralização com trabalho, serviço, mas apenas com patrimônio (dinheiro, bens). A
responsabilidade dos sócios é subsidiária, limitada, solidária (apenas quanto à integralização do
capital social). O limite da responsabilidade é o capital social. Logo, se surgir alguma cobrança
contra a sociedade limitada e esta não detiver a integralidade do valor da dívida, o que eventualmente
restar para pagamento não atingirá os patrimônios dos sócios. Para entender bem isso, consideremos
o exemplo de haver uma execução judicial de uma dívida no valor de R$ 1.000.000,00 contra a
sociedade. Mas o capital social desta sociedade limitada fictícia é de apenas R$ 100.000,00. Indaga-
se: se a execução conseguir alcançar esses R$ 100.000,00 (que estão lá, integralizados na empresa),
os outros R$ 900.000,00 restantes da dívida, recairão sobre o patrimônio pessoal dos sócios? Não!
Isso porque a responsabilidade dos sócios, como visto, é limitada ao valor do capital social.

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Sociedade anônima (S/A) é, regida pela Lei nº 6.404/76, assim, uma sociedade
de capitais, cujo capital é dividido em ações, o que permite ampla negociação no
mercado. A responsabilidade dos acionistas é limitada ao preço de emissão das
ações subscritas ou adquiridas. A sociedade anônima pode ser fechada (se não
negociar valores mobiliários no mercado de capitais) ou aberta (caso realize a
venda de valores mobiliários no mercado de capitais). O mercado de capitais é
o local onde ocorre a negociação de valores mobiliários das sociedades
anônimas de capital aberto.

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Caso
Falamos de um grupo no qual você pertence, no
qual todos se conheceram ao longo da faculdade e quando estavam prestes
a terminar, decidiram sair de seus empregos e formar uma empresa em
conjunto. Afinal, de contas, esse era um sonho manifestado por vocês e, como
têm um bom relacionamento, espírito de equipe e perfil empreendedor, nada
mais razoável do que acreditar nesse sonho.
A partir de então, pensaram em montar uma loja de suplementos alimentares. Mas
diversas dúvidas surgiram, pois não saberiam nem por onde começar, apesar de terem
vagas ideias quanto às peculiaridades legais que envolvem uma atividade empresarial.
Neste ponto, seus amigos indicaram você, na qualidade de administrador,
para resolver esses problemas, indicando-lhes os caminhos adequados.

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Como é pretendido praticar uma atividade organizada, com todos


os elementos característicos da atividade empresária, à luz da
legislação em vigor, sobretudo porque visa à obtenção de lucros,
chega-se à conclusão inicial de que a possibilidade se enquadra no
perfil objetivo adotado pelo Direito Empresarial (organização dos
fatores de produção mais lucratividade). Seguidamente, você pôde
perceber que, no caso apresentado, seria oportuna a constituição
de uma sociedade personificada, do tipo limitada. Isso porque
será possível que vocês iniciem um negócio devidamente
protegidos, relativamente aos seus patrimônios pessoais.

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Como cada um pode dispor de certa quantia em dinheiro para


efeito de integralização do capital social, e sendo o valor suficiente
para a abertura do negócio, é razoável que se elabore um contrato
social, optando-se pela forma de administração da sociedade, que
poderá ser livremente escolhida por vocês, distribuindo-se as
quotas proporcionalmente à participação societária de cada um, isto
é, proporcionalmente aos valores subscritos (prometidos em
contrato) e também integralizados (efetivamente aportados na
sociedade). Mas essa sociedade empresária do tipo limitada que,
por enquanto, apenas existe no papel do contrato social, precisa
nascer de algum jeito, certo?

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Nesse caso, deverá ser registrada na Junta Comercial do
Estado, o que permitirá, posteriormente, que seja feita a
inscrição na Receita Federal para obtenção de CNPJ (Cadastro
Nacional de Pessoa Jurídica) e abertura de conta bancária em
nome da sociedade.
Assim, pronta a sociedade e devidamente registrada, com o
capital integralizado, podem iniciar os investimentos concretos
para abrir a loja de suplementos alimentares. Lembrando que a
partir da existência jurídica da sociedade, as obrigações
relativamente à locação de um ponto e perante fornecedores e
futuros clientes será por intermédio da própria sociedade, que
poderá até mesmo contratar funcionários.

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