Você está na página 1de 40

TEORIA DO DIREITO EMPRESARIAL E DIREITO SOCIETÁRIO

PROF. DANIEL RODRIGUES

05/02/16

BIBLIOGRAFIA

1. Fábio Ulhôa Coelho – Volume 1;


2. Negrão, Ricardo – Volume 1;
3. Fran Martins – Curso de Direito Comercial (a partir de 2008);
4. Rubens Requião – Curso de Direito Comercial;
5. Marlon Tomazette – Curso de Direito Comercial – Volume 1;
6. Código empresarial;

CONDIÇÕES DA MATÉRIA

1. Paper;
2. Não envia slides;
3. Só coloca coisas na xerox se não estiver na bibliografia;
4. “Caxias” em relação à conversa e pesca;

CONTATO DO PROFESSOR

E-mail: danielrodrigues72@hotmail.com

AULA 01

Introdução
 Direito empresarial se difere do Direito Civil;
 Empresa é risco;
 A ética é completamente diferente da civilista (que trabalha com “piedade”, ao
contrário do mercado);
 Não significa que se está trabalhando com uma “aética”, mas a visão é
necessariamente diferente, devido ao ritmo dessa área;

Conceitos e distinções essenciais à compreensão do tema


 A empresa:
o É um fenômeno social, econômico que o direito dá atenção;
o Conceito econômico de empresa: é a atividade econômica desenvolvida em
caráter profissional, que visa reunir sinergicamente os fatores de produção
necessários a circulação e ou produção de bens, e ou à prestação de serviços,
destinados ao mercado, com intuito de lucro;
o Empresa é um conceito abstrato. Ela não é um objeto, ela é ação, a atividade
do empresário;
o O personagem principal do Direito Empresarial é a empresa;
o O intuito é sempre preservar a empresa. Se o empresário estiver atrapalhando a
empresa, é necessário que o tire de cena;
o A empresa não se confunde com local, é uma propriedade dinâmica (objeto de
direito);
o Art. 5º, CF, §§ 22, 23: a empresa é uma sociedade com função social.
 Atividade econômica:
o Uma coleção de atos concretiza a empresa;
 Ato econômico não é qualquer ato. Ex.: atividade de compra e venda;
o Ter como meta o lucro caracteriza uma atividade econômica? Toda atividade
econômica visa o lucro? Não. Ex.: economia de subsistência.
o Tem que objetivar o mercado, mas essa ainda não é a característica principal
da atividade econômica;
o O que caracteriza a atividade econômica é a utilidade e a escassez (bem
fornecido);
 Caráter profissional:
o É necessário o traço da habitualidade, da continuidade, como modo de vida
(não pode ser um “bico”, esporadicamente);
o Em nome próprio (empresário);
o A atividade empresária não é para amadores (quem faz por amor);
Noção de profissionalismo: exerce em nome próprio, com habitualidade, sendo uma
pessoa natural ou jurídica, de forma a ter as condições necessárias para se estabelecer;
 Sinergia:
o Potencialização da produção e alcance do lucro;
o Não basta reunir os fatores de produção. Deve viabilizar a realização do
empreendimento/comercialização.
 Fatores de produção:
o Terra: matéria prima;
o Capital: recursos econômicos (maquinário, instalações...);
o Homem: o trabalho;
o Ciência/tecnologia: conhecimento técnico-científico
 Quando desenvolvo uma atividade empresária, posso produzir bens, posso fazer a
ligação entre produtor-consumidor (comerciante: o intermediário/”conectador”) e
posso oferecer serviços;
 Destinados ao mercado:
o Circulação é o que caracteriza a empresa;
o Devem ser destinados à sociedade em geral ou a terceiros;
 Lucro:
o A atividade empresária não pode ser graciosa ou filantrópica, e nem basta a
economicidade;
o Uma empresa pode apresentar 3 tipos de resultado: pode gerar lucro, pode não
gerar prejuízo e nem lucro, pode gerar prejuízo ao invés de lucro (se não tiver
muito prejuízo durante muito tempo);
o O objetivo central é gerar o lucro, mas não é característica da empresa. A
característica é o animus lucrandi (João Eunápio Borges), o “intuito de lucro”.
 Vontade subjetiva, intenção de obter o lucro.
 Conceito legal de empresário:
o Art. 966/CC;
 É aquele que exerce atividade empresária;
 Só existem três espécies de empresário:
 Individual: aquele que exerce a empresa em nome próprio. Ex.:
camelô (pequeno empresário), sacoleira;
 Sociedade empresarial (personalidade jurídica):
o Eike Batista, Roberto Justus e Sílvio Santos não são
empresários, são sócios de uma sociedade empresária.
o A empresa possui personalidade jurídica? Não, pois é
um objeto de direito, não um sujeito de direito
(sociedade ou pessoa).
 Art. 44/CC
 EIRELI (personalidade jurídica)
o Empresa individual de responsabilidade limitada (limitar
o risco), com apenas um titular;
 É diferente das sociedades anônimas, por
exemplo.
o Princípio da autonomia patrimonial;
 Não ter CPF não significa ser sujeito de direito, mas ter CNPJ é um ato de constituição
(registrar na junta comercial) e significa ter personalidade jurídica. Ser pessoa jurídica
é ser sujeito de direito;

AULA 02 – 12/02/16l

Revisão aula passada


 Sete elementos da empresa:
o Atividade econômica;
o Desenvolvida em caráter profissional;
o Sinergia (organização);
o Fatores de produção (terra, capital, norral, tecnologia, trabalho...);
o Circulação, produção de bens ou prestação de serviços;
o Destinado ao mercado;
o Intuito de lucro (visar o lucro, animus lucrandi).
 Espécies de empresário:
o Individual (desenvolver em nome próprio);
o EIRELI (Pessoa Jurídica);
 Faltando o animus societati nas sociedades empresárias, criou-se a
EIRELI (nossa espécie de pessoa jurídica). Há um titular;
 Tem responsabilidade limitada com somente um titular;
 Ainda assim não se criou uma sociedade unipessoal, como em
Portugal, por exemplo;
 Lei 6.404, Art. 251 – S.A. ou Cia;
 Subsidiária integral. Ex.: Grupo Votorantim (empresa de
cimento que criou outra empresa para fornecer energia);
o Sociedades empresárias (Pessoa Jurídica – sociedade limitada e anônimas);
 A pessoa jurídica é o empresário;
 Empresa (atividade) não tem personalidade, quem tem personalidade
são os sujeitos de direito;
 Art. 44, CC – pessoa jurídica;
 Intuito sempre de preservar a empresa, não o empresário.

Pessoas
 Sujeito de direito
o A possibilidade de alguém participar de relações jurídicas decorre de uma
qualidade inerente ao ser humano, que o torna titular de direitos e deveres;
o Os sujeitos de direito podem ser pessoas naturais ou físicas, se coincidentes
com o ser humano, e pessoas jurídicas, quando são entidades ou organizações
unitárias de pessoas ou de bens a que o direito atribui aptidão para a
titularidade de relações jurídicas.
 Pessoa jurídica
o Conjunto de pessoas (jurídicas ou naturais) ou de bens (fundações), dotado de
personalidade jurídica. Por analogia com as pessoas físicas, a ordem jurídica
disciplina o surgimento desses grupos, reconhecendo-os como sujeitos de
direito. Sua razão de ser está na necessidade ou conveniência de as pessoas
singulares combinarem recursos de ordem pessoal ou material para a
realização de objetivos comuns, que transcendem as possibilidades de cada um
dos interessados por ultrapassarem o limite normal da sua existência ou
exigirem a prática de atividades não-exercitáveis por eles. Organizam-se,
assim, de modo unitário, pessoas e bens, com o reconhecimento do direito
atribui personalidade ao conjunto que passa a participar da vida jurídica.

Conceito de empresário
 Art. 966/CC – considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
 Conceito doutrinário, Prof. Vinícius Gontijo:
o “Empresário é a pessoa natural ou jurídica que desenvolve profissionalmente
atividade econômica de natureza não intelectual, ainda que tenha intelectuais
trabalhando em sua área meio com habitualidade e em nome próprio, mesmo
que com o auxílio de terceiros, dela extraindo as condições necessárias para se
estabelecer e se desenvolver, em forma de organização, cuja produção e ou
circulação de bens e ou serviços é destinada ao mercado”.
 Natureza não intelectual: Art. 966, CC/02.
 Ex.: Advogados, médicos, atividades artísticas, atividades
literárias devem desenvolver a sua atividade científica pela ética
civil e não empresarial.
o Sociedade simples: é a atividade que não é empresária. Ex.: Escritório de
advocacia.
 Diferenças:
 A escrituração dos empresários é mais simplificada;
 Não se submetem à falência e nem à recuperação de empresas
(insolvência civil – risco de pegar todo o patrimônio);
 Observação: uma editora é uma atividade empresária porque
ela comercializa livros e não os escreve;
 Observação 2: Um escritor não é um empresário individual. A
UNDB não é uma atividade empresária, mas uma sociedade
simples, pois busca repassar o conhecimento (embora também
queira lucrar – lucrar não é sinônimo de atividade empresarial);
 Observação 3: Um químico pode ser atividade fim na escola,
mas em uma empresa como a Bayer, ele será o meio para se
conseguir o produto que se é comercializado.

AULA 03 – 15/02/16
 Empresário (sujeito de direito): empresário individual, EIRELI, sociedade
empresária;
 Empresa: objeto de direito;
 Dissecação do conceito do professor Vinícius Gontijo:
o Profissionalismo: antônimo de “amador” (aquele que faz por amor).
 Pessoa natural (empresário individual) ou jurídica (EIRELI, sociedade
empresária);
 Exerce a atividade com habitualidade, com constância/rotina
(fundamental para caracterizar profissionalismo);
 Em nome próprio: objeto transacionado sai do patrimônio do
empresário e entra no patrimônio do comprador. Ex.: eu customizo
chinelos e ele sai das minhas mãos para ir para as mãos dos clientes (é
necessário que seja uma ligação direta). *Pode ter a colaboração de
auxiliares.
 Dinheiro é o foco principal.
o Atividade econômica: animus lucrandi.
 Intenção de lucro (ainda que o lucro não ocorra – João Eunápio Borges
e Vinícius Gontijo);
 A vontade;
 Subjetivamente;
 Úteis e escassos (Daniel);
 Objetivo/efeito de produção, troca de bens ou serviços;
 Ligada à definição da própria Economia.
 *Daniel acredita que não precisa ter intuito de lucro, pois há a
atividade de subsistência, a natural etc.
o Organização: reunião sinérgica
 Organização do trabalho alheio (Coelho, Campinho, Tavares Borba,
Negrão);
 Exploração da mais valia;
 O concurso da mão de obra não seria atividade empresária;
 Organização dos fatores de produção;
 Pode ser com a mão de obra própria ou de terceiros.
 Haroldo Malheiros Duclerc Verçosa e Prof. Vinícius:
o Capital, em sentido lato: dinheiro, mercadoria, estoque,
vitrine etc.; trabalho: que pode ser de terceiros ou do
próprio empresário; e a atividade.
o Produção ou circulação de bens ou de serviços, voltada ao mercado
 Ascareli: não pode ser voltada para o desfrute do próprio produtor;
 Mesmo que voltado para um tomador (aquele que fornece para uma só
pessoa);
 Art. 966, parágrafo único:
o Se for de natureza intelectual (gênero), não é empresário (espécies: natureza
científico, literária, artística). Ex.: UNDB, Circo.
o Salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa: atividade
meio.
o As atividades de prestação de serviços de natureza intelectual, científica,
artística ou literária poderão ser classificadas como atividades empresariais “a
medida em que seu titular – o empresário – efetivamente organize o trabalho
de terceiros, numa clara organização dos meios de produção, que nada mais é
do que o elemento de empresa, também chamado de empresarialidade”
(FUZIA). Ex.: Médico que desenvolve uma clínica. Advogado que cria uma
rede de advocacia.
o Se não fosse econômica e organizada, já estaria excluída do Parágrafo Único,
já sendo visualizado no caput;
o É necessário termos em mente que referido artigo está a tratar do empresário
individual e não da sociedade empresária;
o Se a sociedade está ou não organizada é uma situação de fato que não há como
se levar em consideração no momento de sua constituição;
 Essa proposta é inspirada no referido artigo do Código Civil Italiano:
2.238 (1942);
o Objeto social próprio (produtos e serviços oferecidos ao mercado) versus
objetivo social (prestação de serviços e produtos, que geram lucro);
o Área fim (objetivo central – comercialização, produção e ofertas de serviços)
versus área meio (atividades de suporte).
o Se a atividade fim é profissão intelectual, não sou empresário, salvo se a
atividade intelectual for atividade meio (a atividade intelectual atrelada à
empresária, no sentido de só ser um suporte ao produto final, não tem
problema). Parte de um todo mais amplo (a intelectual), que é o entendimento
do Gonçalves Neto. Elemento/conjunto que identifica uma empresa.
o Para a doutrina majoritária: UNDB não é empresa e o hospital privado é
empresa (pois o hospital tem duas atividades: a intelectual e a não, que é a de
hospedagem/aluguel de acomodações/venda de produtos, tanto que sem esse
“hotel”, ele vira uma clínica).
 Isso diz respeito ao princípio/teoria da unicidade/unidade do ato, que é
uma atividade fim: empresarial + intelectual (só cabe quando a fim for
a empresarial e a intelectual, sendo a empresária englobando a
intelectual).

Teoria da unicidade do ato


 A ética empresária prevalecerá (é uma presunção);
 O objeto social é o empresário e o intelectual.

Regra geral e exceção da atividade empresária


 O empresário é a regra geral, de acordo com a natureza da sua atividade;
 Art. 971/CC:
o Rurícola (explora a atividade econômica rural, agropecuária, se organizando
em formato de empresa) equiparado a empresário (antes ele era tirado do
tratamento empresarial).
 Ele opta ou não por ser empresário, ao contrário das outras formas, que
não optam (ou são, ou não são). Pode ir no Registro Público de
Empresas Mercantis e se registra, passando a ter direitos e deveres tais
quais de um empresário.

Estabelecimento empresarial (antes comercial)


 Azienda (vem do italiano);
 Conjunto de bens corpóreos (local, por exemplo) e incorpóreos (contrato, por
exemplo) que o empresário destina para a realização da sua atividade;
 É a instrumentação, em bens, da empresa;
 Engloba, mas não se confunde, com o local onde se exerce a atividade empresária (o
local pertence ao estabelecimento empresarial, mas o estabelecimento empresarial
contém esse local e mais outros bens da empresa).

AULA 04 – 19/02/16

Capital social, patrimônio e estabelecimento empresarial

 Capital social: é a soma da contribuição dos sócios (com dinheiro, espécie,


maquinário...).
o Na constituição da sociedade empresária, a contribuição dos sócios é que se
torna o capital social;
 Ex.: para constituir a pessoa jurídica, tenho três sócios. Cada sócio
contribui com R$ 100.000. Qual será o capital social? R$ 300.00.
Corresponde, portanto, à 300.000 cotas, sendo cada sócio, possuinte de
100.000 cotas.
o É uma quantia fixa para indicar a contribuição acionária deles. Este aspecto é
documentado e, ao ser documentado, se forma o patrimônio.
o É meramente técnico-jurídico para a efetivar a sua constituição.
 Patrimônio: a partir do momento que a atividade empresária inicia, o patrimônio se
descola do capital social.
o É uma apuração variável e contábil (não existe realmente, é só o resultado de
uma soma – não tem existência concreta).
 Resulta da soma de ativo (todo o maquinário, o dinheiro...) menos o
passivo (dívidas, obrigações contra ele).
o O patrimônio pode, inclusive, ser negativo ele tem situação de insolvência (o
meu ativo é menor que o meu passivo, eu tenho mais dívidas que patrimônio –
é uma das hipóteses de falência).
 Estabelecimento comercial: conjunto de bens corpóreos e incorpóreos que o
empresário destina para a realização da sua atividade.
o Patrimônio aziendal;
o É variável também, mas tem existência concreta. Ademais, é formado tão
somente pelo ativo (o estabelecimento comercial faz parte da parte ativa do
patrimônio).
 Ex.: contratos, títulos de crédito, máquinas... – todos os bens corpóreos
e incorpóreos fazem parte dessa azienda.

Evolução histórica do direito empresarial


 Para a boa contribuição do estudo, preciso atribuir valores às coisas – eu não lido,
portanto, com a coisa, mas com os símbolos que temos delas (por tal motivo é
importante estudar a história);
 Tradição axiologia-teleologia
o Axiologia: interpreto através de valores;
o Teleologia: interpreto através da sua finalidade.

Queda do Império Romano


 Invasões bárbaras geram distintas regras e um desmembramento do mundo europeu;
 O poder é desmembrado em diversos feudos e, aos poucos, se formam pequenos
burgos (centros comerciais em zonas limítrofes ou dentro dos feudos – ressurgimento
da atividade comercial);
 A anterior modificação de unitarismo para pluralismo acabou por afetar o comércio (a
atividade se torna diferente – regras distintas, moedas distintas... – bloqueios à essa
forma econômica);
 A atividade naval começa a se expandir, voltando a desenvolver esse comércio;
 Há o nascimento do Direito Comercial a partir dessa relevância no comércio (baixa
Idade Média – Século IX ou X);
 Sempre existiu atividade comercial, mas nem sempre foi dessa forma;
 Existe um fenômeno que é determinante para a atividade comercial: as corporações de
ofício – você só poderia exercer uma atividade se estivesse em uma corporação e
chegasse ao cargo de mestre.
o Elas possibilitaram a unificação de regras e a criação das mesmas para o
exercício comercial – antes as regras eram esparsas (eram tratadas como
atividades civis).
Fase subjetiva:
 Só podiam atuar como comerciante aquele que pertencia à corporação;
 O sujeito era chamado de burguês (que praticava a mercancia) – hoje em dia ele pega
uma pecha negativa (onde, antes, eram apenas comerciantes que moravam em burgos,
nas cidades que se formaram entre as regiões dos feudos);
 Nesse período, os burgueses percebiam que o ressurgimento do Direito Comercial e
dessa atividade precisavam de uma unificação;
 Os burgueses ricos passam a ter uma comunicação direta com os reis (através das
corporações);
o Passam a bancar o exército dos senhores do Estado (proposta de recuperação
de soberania, unificação);
o A soberania, naquela época, dizia respeito a um rei soberano recuperando o
poder do seu estado (soberania era um conceito interno);
o A intenção era tirar ou diminuir a força dos senhores feudais;
o Nossa cultura é pautada pela riqueza porque a tradição deste aspecto começa
nesta época. Outro exemplo: música barroca e clássica se tornaram a cultura
“certa” porque era na Itália, berço desses estilos, que se tinha uma grande
deslocação de dinheiro (principalmente nas cidades litorâneas/marítimas).
 Uma característica fundamental é que essa fase é marcada pelo oligopólio;
o Eram várias pessoas que exerciam o poder econômico, desde que pertencessem
às corporações;

Fase objetiva/teoria dos atos comerciais (ou de comércio):


 Os tribunais de comércio surgem aqui – tiveram uma força/sedução tal pela sua
técnica e objetividade (eram muito céleres).
o Eram juízes especializados;
 Acabaram, por essa questão, atraindo os não comerciantes, ampliando a área de
atuação;
 A Revolução Iluminista, junto com a Francesa, possibilita um engate nesses aspectos,
exatamente pelo seu lema “liberdade, igualdade e fraternidade”;
o A igualdade era uma igualdade formal – porque ainda só podia quem tinha
dinheiro;
 A burguesia participou da revolução sem perder a cabeça – queriam diminuir as
regalias dos nobres para ascender;
 A coroa francesa passa a ser pressionada para criar um conjunto de regras que tratasse
todos de um modo igual;
o Napoleão cria dois códigos, sendo o principal o Código Civil (a lei era a
vontade de Napoleão);
o Ademais, ele cria o Código Comercial do período da Revolução Francesa;
 Estabeleceu que o Estado precisava de atividade econômica pujante.
Em função da igualdade e da liberdade, não se poderia só privilegiar
uma classe, mas separar as atividades relevantes à França em prol do
Império;
 Se cria, portanto, o rol dos atos de comércio;
 Atividades mercantis que eram relevantes ao estado e que
receberiam tratamento privilegiado – não era à classe, mas a
todo e qualquer que exercesse a atividade.
 Napoleão era a força para além do estado. A figura/o
simbolismo era de alguém que buscaria salvar a França,
reunificando-a.
 O sujeito que antes era o burguês, passa a ser o comerciante;
 A referência que temos aqui é a Revolução Iluminista e Francesa, com o principal
símbolo o Code de Commérce;
 Há o fim do oligopólio;
 Qual o sentido da teoria dos atos de comércio?
o Identifica-se que algumas atividades eram comerciais e outras, que também
eram, estavam fora (Ex.: comércio de grãos). Ainda, outras que não eram
comerciais estavam ali também.
o Comerciante nada mais é do que o atravessador – elenca o produtor com o
consumidor (busca a especulação, que é comprar por menos e vender por
mais);
o Os burgueses já estavam formando suas riquezas a muito tempo – o que
aconteceria se Napoleão tirasse suas liberdades?
 Elencou as atividades comerciais como sendo as atividades dos
burgueses, maquiando essa igualdade, a partir do momento que protege
quem bancava o estado francês ao invés de dar, de fato, oportunidade a
todos.
 A grande contribuição não é a objetivação, porque continua se beneficiando os
burgueses/comerciantes, mas o fim dos oligopólios.

Fase subjetiva Moderna


 Acabou-se com os tribunais de comércio;
 O estado percebeu que a teoria anterior era uma falácia – a população pedia por
inovação;
 Precisava unificar e simplificar a atividade comercial;
o Um dos apoiadores dessa ideia foi Césare Vivante (que não foi o primeiro a
propor isso – antes dele, existiu o Código da Suíça e um brasileiro, o Teixeira
de Freitas, baiano, que propôs a unificação do direito privado)
 Dizia que a dicotomia que existia entre direito comercial e direito civil
era prejudicial;
 Criou-se uma legislação, sendo o Código Italiano (1942);
 Continha o direito privado, civil, comercial, as relações
trabalhistas etc.
 Passa-se a se chamar comerciante/burguês de empresário (não
se tem mais o ranço de priorizar uma só área. Todas têm a
oportunidade de expansão – o importante é saber da sua
capacidade de ascender o comércio).
o Rocco contesta os posicionamentos de Vivante;
 Há um argumento de Rocco que Vivante não consegue refutar, que é
sobre a ética empresarial ser distinta a ética civilista;
 Os referenciais éticos de atuação dessas áreas são
completamente diferentes;
 Essa ética também é conhecida como teoria da empresa;
*Não comprar a ideia da unificação do Direito Privado

AULA 05 – 22/02/16

Formação histórica do Direito Empresarial


 1ª fase (subjetiva):
o Burguês;
o Corporações de ofício;
o Atividade comercial;
o Direito Especial para a atividade comercial;
o Oligopólio;
o Tribunais de Comércio;
o Unificação dos Estados;
 Exército dos soberanos bancado pelos burgueses;
o Direito canônico: barreira para o Direito Comercial;
 O dinheiro tem que ser estéril – ter riqueza por produzir, não emprestar
(usura);
 2ª fase (objetiva):
o Comerciante;
o Revolução Iluminista e Francesa;
o Demanda por tratamento igualitário (igualdade meramente formal, mas não
formal e material);
o Code commérce (1807);
o Fim dos oligopólios;
o A lista dos atos comerciais não possui uma justificativa intelectual, mas
político-econômica;
o Proteção da classe economicamente dominante;
 3ª fase (subjetiva Moderna):
o Empresário;
o Simplicidade;
o Celeridade;
o Praticidade;
o Cosmopolita;
o Tratamento privilegiado a quem trabalha com a atividade comercial;
o Proteção do Estado para com o consumidor, trabalhador (regras protetivas e
benéficas)...
o Equiparar os hipossuficientes;
o Se protege a atividade empresária pela sua relevância ao Estado (ela é o átomo
da Economia);
o Código Civil italiano (1942);

Vivante versus Rocco:


 Vivante pedia a unificação do Comercial e do Civil mediante um único código de
obrigações;
 Rocco refutado os argumentos de Vivante, demonstrando que a ética empresarial é
completamente diferente da civilista;
 Vivante era o responsável pela elaboração do Código Civil de 1942 e, ao mudar sua
opinião por conta de Rocco, foi retirado da banca que defendia a unificação do Direito
Privado;
 Há uma unificação no sentido formal e substancial;
o Formalmente, a legislação que trata do Direito Empresarial e Privado foi
totalmente unificada? Parcialmente, pois ainda há separações do Direito
Empresarial dentro de, por exemplo, Código Empresarial, Lei Especial de
Propriedade Industrial, Direito Marítimo e Portuário etc.
 O método do Direito Empresarial é diferente do Direito Civil (que é dedutivo). É da
teoria que eu crio o fato social. Já no Direito Comercial, o método é indutivo. Não se
nasce de uma teoria, de uma percepção de ideia, mas os institutos são criados pela
prática/habilidade e necessidade, nasce da experiência e soluções para as necessidades.
o O Estado que absorve esses institutos comerciais. É por isso que o costume,
nesse tipo de Direito, é mais importante. Implica diretamente no resultado das
decisões judiciais;
 Anomia: ausência de Leis – analogia, costumes, princípios gerais do
Direito...
 As práticas portuárias, inclusive nas funções dos estivadores, recorrem
muito aos costumes. Nos títulos de crédito a mesma coisa.
 As práticas reiteradas transformaram-se em mecanismos para o Estado
absorver;
 O Direito Empresarial tende a abolir as barreiras jurídicas, portanto, são cosmopolitas;
o A União Europeia não surge porque os países se amam, porém, e união foi
necessária como ferramenta para melhor fluir as relações econômicas;
 Individualismo também é uma característica do Direito Empresarial, ao contrário no
Direito Civil, que se voltou extremamente ao ser, e menos ao patrimonial;
 Simplicidade, celeridade, praticidade e segurança jurídica são as outras características
fundamentais do comércio;
 É a praticidade e a simplicidade do Direito Empresarial que é absorvido pelo Direito
Civil, e não o oposto;
 Crédito tem a ver com credibilidade, fé. Mas o Direito Empresarial busca formas mais
simplórias dessa comprovação e transfiguração da confiança. Por isso a criação dos
títulos de crédito, por exemplo, para evitar o contrato civil, que é prolixo e complexo.

Linguagem
 “O espírito nunca é dado” – o nossa olhar é sempre datado, condicionado;
o Tudo que eu olho no mundo depende das lentes que eu utilizo para olhar;
 A linguagem, porém, não representa a realidade, pois ela somente é uma visualização
simbólica de algo. Ex.: A banana é algo transitório, mas costumamos chama-la do
mesmo jeito em todas as suas fases.
 O que se quer dizer com isso é que nunca haverá uma verdade pronta, concreta e fixa.
E a mesma coisa deve ser pensada perante a Empresa. É necessária uma compreensão
da empresa como espaço de Realização do Ser Humano. A empresa, portanto, deve
estar para além da questão do crédito e do dinheiro, mas em prol do ser humano.
o Dialética ternária: Hegel tinha uma preocupação perante o devir. Que as coisas
não sempre as mesmas, mas que estão sempre em modificação.
 Parte da tese: da ideia da coisa. Antítese: negação da tese.
 A contradição é a própria ideia da realidade: síntese.
 A síntese se apresenta como uma nova tese.

AULA 07 – 29/02/16

 Aviamento:
o Subjetivo: capacidade da atividade empresária em gerar faturamento e lucro. A
característica pessoal de sacar o mercado, ter o dom de perceber isso;
o Objetivo: modo como organizo e apresento meu estabelecimento comercial
para potencializar o meu negócio;
 Qual o limite para ambos?
o Todo o aviamento tem a ver com a psicologia do consumo;
 Contratação de estatísticos: identificação do perfil do consumidor;
 Não deixar que os clientes saibam que ela faz isso, devido reclamações
de clientes que acharam que a Target, por exemplo, estava sendo
invasiva;
AULA – 15/04/16

AQUI COMEÇA A P2
Estudar esse tema pelo Fábio Ulhôa Coelho
 O que é sistema?
o O sistema está envolto de princípios;
 Eles não são regras, mas pilares/bases e normas, propriamente ditas;
 Norma princípio;
Norma regra;
o Bobbio é uma referência para este aspecto, que pensa o sistema como um
conjunto de elementos que possui uma ordem/sentido/organização;
 Ex.: Sistema solar; sistema kelseniano (sistema fechado).
 Sistema fechado: Kelsen pega o que é típico/puro do Direito,
trazendo a norma como sendo o único de origem jurídica, que é
a norma;
o Se se tira elementos axiológicos do Direito, sobram as
normas-regras.
o É neste aspecto que se retoma a axiologia como importante para o Direito,
visto que o mesmo não poder ser rígido e fechado.
o Bobbio traz um sistema aberto, com referenciais axiológicos, que permitem a
renovação/oxigenação do ordenamento jurídico através da porosidade do
sistema.
 Se adaptam melhor à realidade.
 Um sistema composto por normas-regras é duro demais e não é
passível de acompanhar as mudanças sociais.
 Regra de Leslow: Aristóteles faz referência a uma régua de
chumbo, capaz de se adaptar aos diversos terrenos.
 É importante pautar, porém, que as regras trazem a concretude
do Direito e os princípios, da mesma forma, também não
subsistem sozinhos, para não flexibilizar demais.
o Os princípios não são a construção em si, mas são o referencial para a
construção. Eles não são o Direito, mas são a referência para se produzir o
mesmo.
 É neste aspecto que a Lei não se confunde com a norma.
 O ordenamento jurídico é o resultado do processo hermenêutico (da
interpretação em si);
 A norma, por exemplo, se materializa na aplicação, na sentença,
por exemplo (a norma é fruto dessas possibilidades
interpretativas). A Lei está posta.
o Conceito de “princípio jurídico” para Bandeira de Mello: mandamentos
nucleares de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que
se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de
critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a
lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe
dá sentido harmônico.
o Vigílio Afonso da Silva: Alexy divide as normas jurídicas em duas categorias,
as regras e os princípios. Essa divisão não se baseia em critérios como
generalidade e especialidade da norma, mas em sua estrutura e forma de
aplicação. Regras expressam deveres definitivos e são aplicadas por meio de
subsunção. Princípios expressam deveres prima facie, cujo conteúdo definitivo
somente é fixado após sopesamento com princípios colidentes. Princípios são,
portanto, “normas que obrigam que algo seja realizado na maior medida
possível, de acordo com as possibilidades fáticas e jurídicas”; são, por
conseguinte, mandamentos de otimização.
 Tenho referenciais axiológicos para a compreensão do ordenamento
jurídico.
 Quando há antinomia de princípios, algum terá de prevalecer. E ter dois
princípios aparentemente contraditório não significa revoga-los
totalmente, pois dependendo do contexto eles podem se perfazer
dinamicamente.
o Os princípios, assim, são fundamentais para a construção do ordenamento
jurídico. O Direito Empresarial, com isso, não pode ficar fora disso. Ele não
está fora do direito posto, mesmo que suas peculiaridades/atributos sejam
típicos. O ordenamento não aceitaria uma área que não se oxigenasse pelos
valores dela própria.
o “Princípios” tradicionais/clássicos (atualmente são conhecidos como
atributos):
 Egoísmo: o empresário se importa com o gerenciamento de sua
empresa. Aqui há uma autossatisfação.
 Individualismo: ao gerir a empresa, não se preocupa com a
coletividade, mas com sua busca e anseio pelo lucro. Ele se manifesta
na ausência dessa preocupação.
 Cosmopolita: sempre tende a expandir sua área de atuação.
 A globalização ela já era factível antes da pós-modernidade em
função do Direito Comercial, que já substancializava a
imigração, por exemplo.
 O Direito Comercial, inclusive, seduz sistemas como o
Common Law, pela própria ação prática/costumeira.
 Onerosidade presumida das obrigações: todas as atividades
desenvolvidas dentro do Direito Comercial presumem lucro.
 Ex.: estacionamento do Shopping era de graça e os mesmos não
se responsabilizavam. Começaram a cobrar, portanto, a partir do
momento que deveriam sim se responsabilizar com o que ali
dentro acontecia.
 Presunção da solidariedade das obrigações: o que impera é a
subsidiariedade. A tendência é as obrigações serem solidarias, para se
ampliar a margem de solvência.
 Ex.: endosso e aval – são institutos típicos, onde o endosso
transfere o título de crédito (de um pagamento futuro); da
mesma forma o avalista, que é o garantidor (aceita o cheque,
por exemplo, se tiver o aval da pessoa confiável).
o Esses princípios vão na contramão do que o ordenamento prega, se chocam
com a Constituição. É nessa medida que a doutrina mais recente entende que
esses princípios não são mais princípios, mas atributos/características típicas,
que devem ser interpretados e compatibilizados com os princípios
constitucionais.
 Os Professores Rocco e Ripert falam muito bem sobre esse aspecto.
o Art. 22, I, CF/88: quem pode tratar de Direito Empresarial é a União, por lei
ordinária. É por isso que o comércio deve estar envolto dos princípios
constitucionais.
o Classificação (organização/separação/critérios) dos princípios do Direito
Comercial:
 Hierarquia: o que eu posso tentar entender é se o princípio é
constitucional ou infraconstitucional.
 Abrangência: quero entender se aquele princípio é geral ou específico;
se diz respeito a todo direito empresarial ou tão somente a um ramo.
 Ex.: princípio dos direitos do sócio minoritário – Diz respeito
ao Direito Societário.
 Ex.: princípio da liberdade de iniciativa – Diz respeito a todo o
Direito Empresarial.
 Positivação: aqui diz respeito se é explícito ou implícito.
 Ex.: Princípio da proporcionalidade/razoabilidade do Direito
Penal (diz respeito a aplicação da pena ao caso) – Diz respeito a
uma previsão implícita da Constitucional (dosimetria da pena).
o Princípios do Direito Comercial:
 Princípio da Liberdade de Iniciativa (Art. 1º, IV, CF/88; Art. 170,
CF/88):
 Resguarda o direito a todo brasileiro residente no Brasil a
explorar a atividade econômica. É um elemento essencial ao
capitalismo.
 Contraditório/crises: o capitalismo é fonte de mazelas. Suas
soluções não são mais tão efetivas. Ele é um sistema de crises
periódicas e injustiças permanentes. Ele produz o mais rentável,
não o mais necessário.
 Vetores:
o Na ordem do Direito Público, a livre iniciativa defende
que o Estado não deve intervir na atividade econômica.
As liberdades e garantias individuais também são esses
freios, através do movimento constitucionalista.
o No âmbito do Direito Privado, há um freio às práticas
empresariais contrárias à liberdade de mercado. É bem
semelhante ao princípio da livre concorrência. Preocupa-
se com o excesso dos empresários. Ex.: cartel, trânsite,
monopólio, dumping.
 Esse princípio não é absoluto, e deve ser equilibrado.
 É uma previsão constitucional, geral e explícito.
 Desdobramentos:
o A maioria dos meus produtos são produzidos por
empresas, por essa razão é uma imprescindibilidade;
o O lucro vai ser o maior fator de motivação (é o prêmio
do aviamento objetivo) – é a motriz da atividade
econômica, mas não pode ser o único referencial. A
exploração da atividade empresária vem dentro das
matrizes legais;
o A atividade econômica e empresária é o próprio
desenvolvimento do Estado (do país, no caso). Essa
proteção jurídica tem uma matriz, uma natureza jurídica
no estabelecimento empresarial;
o Se reconhece na empresa como um polo gerador de
postos de trabalho e tributos, fomentador de riqueza;
 Princípio da Liberdade de Concorrência:
 Intimamente ligado à Livre Iniciativa;
 O objetivo é garantir ao mercado serviços/produtos com
qualidade crescente e preços decrescentes;
 Estabelece que serão “premiados” os empresários que tiverem
adotado as decisões empresariais acertadas e “penalizados” os
que adotaram as equivocadas. Raro é o empresário que ganhe
sempre. Empresa é risco.
o Premiar as melhores medidas (com lucro);
 O Direito Comercial não pode poupar os empresários de seus
erros. O prêmio é o lucro, a penalização advém de perdas
ocasionais ou até mesmo a falência;
 Interesse individual compatibilizado com os Interesses
Metaindividuais da sociedade.

18/04/16

Princípios do Direito Comercial – CONTINUAÇÃO...

 Princípio da Liberdade de Concorrência:


 Lei 12.529/11 – Trata do Sistema Brasileiro de Defesa da
Concorrência – SBDC – e o titular do direito tutelado:
o Art. 1º: esta Lei estrutura o Sistema Brasileiro de Defesa
da Concorrência – SBDC e dispõe sobre a prevenção e a
repressão às infrações contra a ordem econômica,
orientada pelos ditames constitucionais de liberdade de
iniciativa, livre concorrência, função social da
propriedade, defesa dos consumidores e repressão ao
abuso do poder econômico.
o § único: a coletividade é a titular dos bens jurídicos
protegidos por esta lei.
 É um outro lado da mesma moeda, onde não existe liberdade de
iniciativa sem liberdade de concorrência e vice-versa. Não pode
ser exercida a um ponto que prejudique a liberdade de
concorrência, porque a vontade enquanto empresário nem
sempre será o melhor interesse perante a sociedade.
 O Brasil possui o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência
exatamente para este quesito. Enquanto hermeneutas, não
entenderemos esse sistema se não compreendermos os valores
referenciais do mesmo, como se mostrou o Art. 1º.
 Coibição de práticas empresárias incompatíveis (concorrência
ilícita):
o Infração da ordem econômica: risco ao regular o
funcionamento da economia de livre mercado. É a busca
por um mercado saudável. Haverá estratégias de
concorrência, como na comercialização da luz, água etc.,
mas, no geral, é necessário um mercado onde a
concorrência seja livre.
o Concorrência desleal: lesão dos interesses individuais
dos empresários diretamente envolvidos.
 Limites à revisão dos contratos empresariais: a lesão por
inexperiência não pode ser motivo para a revisão dos contratos
empresariais, nem para a sua invalidação, sob pena de distorção
da regra básica da competição empresarial. As regras devem ser
certas (juridicamente cumpridas e observadas pelos agentes da
dinâmica) e deve haver segurança jurídica (que é diferente de
expectativa de direito, que é tão somente uma expectativa de ter
acesso a um direito que pode ser modificado, por exemplo). O
limite, portanto, é para estimular a atividade econômica, em
busca de não desestabilizar o mercado.
 É um princípio constitucional, geral e explícito.
 Princípio da Função Social da Empresa:
 Interesses metaindividuais: a propriedade dos bens de produção
deve cumprir a função social, no sentido de não se
concentrarem, apenas na titularidade dos empresários, todos os
interesses juridicamente protegidos que o circundam
(COELHO).
o Trata dos interesses para além dos interesses dos
empresários (do lucro).
o Stack holders: todos que são influenciados/afetados
pelas externalidades da atividade empresária.
 A empresa cumpre a função social ao gerar empregos, tributos e
riqueza, ao contribuir para o desenvolvimento econômico,
social e cultural da comunidade em que atua, de sua região ou
do país, ao adotar práticas empresariais sustentáveis visando à
proteção do meio ambiente e ao respeitar os direitos dos
consumidores, desde que com estrita obediência às leis a que se
encontra sujeita.
o A função social é cumprida ao se gerar empregos, por
exemplo.
o Práticas sustentáveis: estabelecidas na legislação
ambiental.
o Direitos dos consumidores: CDC.
o A função social é cumprir a lei, mas será que se tirarmos
o inciso XXIII o empresário teria as mesmas
obrigações? Sim, teriam. Por isso que ela é uma norma
constitucional de eficácia programática. É um conteúdo
em construção. O legislador constituinte não quis dizer
que o empresário só tem de cumprir a lei, mas tem
obrigação de abarcar essas concepções. Deve ser mais
do que simplesmente cumprir com a legislação.
o Devo tomar cuidado, porém, para não matar a atividade
empresária, de forma que não encareça a atividade daqui
e permita que a mundial predomine.
 Classificação: é constitucional, diz respeito a toda atividade
econômico, seja empresarial ou não, e tem uma teoria que diz
que é explícito (Daniel acata esse) e o outro implícito.
o Teoria de Asquini (os perfis de Asquini): a empresa tem
várias facetas, cada uma com uma característica. A
empresa depende do olhar de quem a olha.
 Fábio Konder a traduziu e por isso defendem que
a empresa é propriedade, e por isso que ela tem
função social.
 Princípio da liberdade de associação:
 Art. 5º, XVII e XX, CF/88;
 Abrange as associações (finalidade recreativa, cultural...) e as
sociedades (lucro);
 Classificação: constitucional, especial e explícito (maioria da
doutrina, pois alguns autores dizem que o direito de sociedade
não é o mesmo de associação, ou seja, seria implícito).
o O de sociedade seria decorrente, um corolário da de
associação.
 Traz uma segurança aos que exercem a atividade econômica em
sociedade, em contrapartida – essa liberdade é mitigada em
relação a outros interesses (garantia dos credores, dos demais
sócios etc.);
 Mas te dá a liberdade de se associar, exercer atividade e se
retirar da mesma, pois ninguém pode ser compelido a
permanecer em uma sociedade, ou entrar na mesma etc.
 Algumas precisam de autorização do governo para exercer a
atividade, adotando forma societária específica.
 Princípio da preservação da empresa:
 Não é previsto constitucionalmente, mas infra-
constitucionalmente (é legal).
 Se quer preservar a atividade econômica (o que eu protejo é a
empresa).
 Proteção de atividade econômica como objeto de direito cuja
existência e desenvolvimento interessam não somente ao
empresário, ou aos sócios da sociedade empresária, mas a um
conjunto bem maior de sujeitos;
 A lei anterior era de falências, pois se perdia a credibilidade no
mercado. Mas a nova lei (Lei 11.101, Art. 47) de falências quer
mudar essa ótica, estabelecendo que o foco principal é a
preservação da empresa, surgindo até novas possibilidades de
parcelamento. Ela não é lei de falência mais, mas de
recuperação (saneamento) de empresa, onde a falência é o
último remédio.
 Classificação: legal, geral e explícito.
AULA – 29/04/16

 Princípios do direito comercial (continuação):


o Princípio da Liberdade de associação:
 Art. 5º, XVII e XX, CF
 Direito Societário
 Classificação: constitucional, especial e explícito;
o Princípio da preservação da empresa:
 Proteção da atividade econômica como objeto de direito cuja existência
e desenvolvimento interessam não somente ao empresário, ou aos
sócios da sociedade empresária, mas a um conjunto bem maior de
sujeitos.
 Classificação: legal, geral e explícito.
 Expressamente previsto no Art. 47 da Lei de recuperação de
empresas (infraconstitucional)
o No 75 também.
 Visa preservar e otimizar os bens do falido – a forma de compatibilizar
a falência com a preservação da empresa é tirar a pessoa jurídica de
cena, apurar o ativo para pagar os credores e quem administra a massa
falida é o administrador judicial.
 O intuito é gerar faturamento, mesmo estando em um cenário de
falência.
 Art. 140, Lei 11.101 – alienação dos bens (objetivo final da
falência – vender o ativo para pagar o passivo). O legislador
estabelece uma ordem de alienar:
o Vender todo estabelecimento comercial como uma única
unidade;
o Venda de filiais ou unidades produtivas;
o Vender o conjunto de caixas, prateleiras, pratos etc. –
quem comprar esse conjunto vai utilizá-los para outra
atividade econômica.
o Alienação dos bens individualmente.
 *Tirar a pessoa jurídica não significa o fim da atividade
empresária.

AULA – 02/05/16

 Continuação princípios:
o Princípio da Autonomia Patrimonial da Sociedade Empresária
 Engloba o princípio da autonomia da pessoa jurídica;
 Não posso confundir a pessoa do sócio com o da pessoa jurídica;
 Tenho que ter em mente que o patrimônio de um não se confunde com
o do outro;
 Observação: a sociedade anônima sempre será empresária,
como a Estácio de Sá.
 Ex.: Samarco S.A.
 Pessoa jurídica, com sócios como sendo a Vale AS e BHP.
 Estabelecem que o capital social será de 1.000.000 de reais.
Digamos que cada um terá 50% das ações e, portanto,
investiram 500.000 cada uma. A partir daqui o patrimônio será
o patrimônio anterior mais as ações.
 Toda dívida cometida pela Samarco será retirada de seu
patrimônio, não da Vale e nem da BHP.
 Significa que as dívidas pertencentes à pessoa jurídica são arcadas pelo
patrimônio dessa pessoa jurídica. Exceção: o caso da desconsideração
da personalidade jurídica (rompe com a autonomia para alcançar
patrimônio dos sócios).
 É uma técnica de limitação de riscos;
 Limitando os riscos eu estimulo a atividade econômica;
 Pessoa jurídica é uma ficção técnica (é uma criação do Direito);
 Em razão dessa autonomia, os bens, direitos e obrigações não se
confundem com a dos sócios;
 Classificação: legal, especial (Direito Societário e EIRELI – que não é
uma espécie de sociedade, mas nova espécie de pessoa jurídica) e
implícito (Art. 50, CC/02).
o Princípio majoritário nas deliberações sociais:
 Nada mais justo que, ao investir, eu tenha voz a deliberação;
 Meu direito a voz será proporcional ao quanto eu investi;
 É natural que o que corre mais risco tenha um voto de maior peso;
 As deliberações serão tomadas em função do capital votante
majoritário;
 Aqui poderá ter quantos votos o número de ações detém;
 Esse princípio facilmente recai em abuso, pois pode se estabelecer
diversas cláusulas que beneficiem tão somente o sócio majoritário. É
nessa medida que entra a proteção do sócio minoritário;
 Adotado pela vontade e consentimento dos sócios;
 Classificação: legal, especial e explícito (Lei 6.404, das sociedades
anônimas).
o Princípio da proteção do sócio minoritário:
 Me permite participação no voto, no lucro, aumento de participação no
capital social;
 Cláusulas leoninas: desproporcionais, dando mais direitos a uns e
menos a outros;
 Figura do leão no imposto de renda provém daqui.
 Essas cláusulas são vedadas no ordenamento jurídico
 Quando eu aumentar meu capital, tenho de aumentar,
proporcionalmente, o percentual do meu sócio minoritário;
 Classificação: legal, especial (direito societário) e implícito (perceber
nas regras que protegem o direito dos sócios minoritários).
*Estudar esse assunto pelo Fábio Ulhôa Coelho. Foram oito princípios trabalhados.

Pessoa jurídica
 A primeira sociedade que existiu era a sociedade de nome coletivo (patriarca que
desenvolvia a atividade econômica que, na medida que os filhos cresciam, se delegava
funções);
 Nas mesmas, se encontrava dificuldades práticas, pois, a cada deliberação, era
necessária a assinatura de cada um dos filhos;
 É nesta medida que se cria a pessoa jurídica como representante desse empresário, de
forma a facilitar a interação dos sócios, com uma autonomia dentro dessa sociedade;
 No Direito brasileiro ainda temos a sociedade de nome coletivo, mas o conceito de
pessoa jurídica ultrapassa tão somente as sociedades;
 Diz respeito a vários institutos, previstos no Art. 44, CC/02;
 Tenho de levar em consideração todas as hipóteses do Código Civil, mas há várias
noções de pessoas jurídicas:
o Grupo humano, dotado de personalidade jurídica própria, para a realização de
fins comuns – Gagliano a Pamplona;
 Não é só um grupo humano, pois há sociedades que seus sócios são
outras sociedades;
 A fundação também não é abarcada aqui.
o Agrupamento de pessoas dotado pela lei de aptidão para a titularidade de
direitos e obrigações na ordem civil, tendo, assim, personalidade jurídica
própria, independentemente da de seus membros – Tepedino;
 Ainda ignora as fundações.
o Sujeito de direito inanimado personalizado;
o Conjunto de pessoas ou bens, dotado de personalidade jurídica própria e
constituído na forma da lei;
 Ainda falta a EIRELI, por exemplo;
o O da Maria Helena Diniz também não versa sobre as de um só sócio;
o Um exemplo que temos de não agrupamento de pessoas, pois só há um sócio, é
a subsidiária integral:
 Lei 6.404, Art. 251: é uma sociedade unipessoal, onde seu sentido se
perfaz que uma pessoa jurídica constitua outra para exercer suporte à
atividade daquela.
 Ex.: grupo Votorantim. Rede ferroviária integral (acionista:
Estado brasileiro).
o A figura da EIRELI é acrescentada em 2011, onde o CJN entendeu que não é
sociedade por não estar incluída no inciso II;
o Nem sempre a pessoa jurídica, assim, é formada por um conjunto de pessoas,
podendo ser formada, também, por um único patrimônio;
o Natureza jurídica da pessoa jurídica:
 Teoria da realidade técnica:
 Se percebe que, sempre que há um conjunto de pessoas com
propósito em comum, resulta mais do que a simples força de
seus componentes;
 O resultado é mais do que simplesmente a soma das pessoas;
 É uma realidade não palpável. É perceptível tecnicamente
(análise técnica);
 Segundo a teoria da realidade técnica, é perceptível no mundo
das ideias (do espírito);
 Aprecie os diferentes fenômenos, escolhendo quais pessoas
podem receber a personalidade e seus atributos;
o Os entes despersonalizados, por exemplo, possuem
capacidade postulatória, mas não a personalidade;
o Ex.: massa falida, espólio, condomínio não são
personalizados: formam independentemente da vontade
dos seus membros ou em virtude de um ato jurídico que
vincula as pessoas físicas em torno de bens que lhes
suscitam interesse, sem lhes traduzir affectio societatis
(a vontade de se associar).
 Affectio societatis é o que justifica o vínculo em
uma sociedade.
o Pressupostos de existência da pessoa jurídica:
 Vontade humana criadora: a pessoa jurídica nasce da vontade de se
associar, de constituir ente jurídico, de destinar um patrimônio. É o
elemento anímico. A manifestação é fundamental para o surgimento da
pessoa jurídica, seja da reunião de pessoas ou da dotação patrimonial
afetada a uma finalidade.
 Condições legais: quando surge a pessoa jurídica (pelo registro), se
percebe uma natureza constitutiva, ao contrário da pessoa natural (que
surge com o nascimento com vida). O registro da pessoa natural é
meramente declaratório.
 Dependem de autorização governamental para o seu
funcionamento.
 Objeto tem de ser lícito: além de observar os requisitos legais, é
necessária uma existência legal e válida da pessoa jurídica.
o Morte da pessoa jurídica:
 A falência não é uma extinção da pessoa jurídica, pois a lei falimentar
fala isso;
 O ciclo da pessoa jurídica completa-se com sua extinção.
 Convencional: deliberada pelos próprios sócios. Pode acontecer
por essa deliberação, mas, mais que isso, pode já estar prevista
no contrato social, onde, se chegando no objetivo, a sociedade
se encerra naturalmente.
 Administrativa: cassação da autorização de funcionamento. A
autorização é revogada. Pode acontecer, até, pela própria falta
de interesse do Estado.
 Judicial: a extinção decorre de uma decisão judicial. Existe
hipótese de falência que resulta nessa extinção, por exemplo.
Sempre que a extinção se der por essa via, haverá uma
determinação de extinção por sentença.

AULA 09/05/16

 Se justifica atribuir uma personalidade jurídica por conta da união de vontades;


 Entes/grupos despersonalizados:
o Eles não têm o intuito de se personalizar à medida que lhes falta affectio
societatis.
 Desconsideração da personalidade jurídica (Art. 50/CC):
o Também é conhecida como teoria do desregar ou da despersonalização;
o A desconsideração da personalidade jurídica é a retirada episódica,
momentânea e excepcional da autonomia patrimonial da pessoa jurídica, a fim
de estender os efeitos de suas obrigações à pessoa de seus titulares, sócios ou
administradores, com o fim de coibir o desvio da função da pessoa jurídica,
perpetrado por estes (TOMAZETTE – estudar este assunto por aqui).
 Desconsiderar a personalidade não é tirar a personalidade, da
autonomia patrimonial da pessoa jurídica. Se reforça o instituto para
não se cometer abusos.
o Autores argentinos chamam essa teoria de “teoria da peretração”;
o O juiz só pode deferir a desconsideração se provocado, nunca de ofício;
o A constituição de uma sociedade é um negócio jurídico como outro qualquer,
que pode estar viciado (fraude, erro, dolo, abuso, coação) e dois são os vícios
que mais atingem o negócio jurídico que é a constituição da sociedade jurídica,
quais seja: fraude e abuso de direito.
o As hipóteses da desconsideração adotadas pelo Brasil são: Desvio de
Finalidade (do instituto da pessoa jurídica – ou é fraude ou é abuso) e
Confusão Patrimonial;
 Desvio de Finalidade:
 Fraude: vício material – os legalistas normalmente não
percebem a fraude. Se caracteriza por um ato que é formalmente
perfeito, válido, imaculado, mas materialmente é ilícito.
 Abuso de direito: vamos além do que me é garantido por direito.
Ex.: uma praça pública é pública e qualquer pessoa pode entrar
nela, mas uma Universidade Federal é pública, mas não é
qualquer pessoa que pode entrar na Universidade, pois existe
uma destinação específica.
 Confusão patrimonial: tenho uma promiscuidade contábil entre o sócio
gestor e a pessoa jurídica. No mesmo caixa tiro despesas pessoais e da
sociedade empresária.
 Para os credores é uma nítida perda da autonomia patrimonial.
Eu enfraqueço a garantia dos credores na relação com aquela
sociedade empresária.
o A utilização da desconsideração não implica desprestígio à autonomia
patrimonial, fortalece a mesma à medida que em que ataca os desvios
indevidos de finalidade ou a mistura de patrimônios.
o As teorias de desconsideração da personalidade jurídica são:
 Maior (o Direito Empresarial adota essa teoria, e tanto a subjetiva
quanto a objetiva): só é cabível a desconsideração em hipóteses
excepcionais, ou seja, quando tiver presente uma das hipóteses legais
(Desvio de Finalidade e Confusão Patrimonial).
 Subjetiva (desvio de finalidade – Direito Empresarial
brasileiro): é necessário o elemento anímico, aquele que age
com a finalidade de lesar terceiros (utilizar a pessoa jurídica
com desvio de finalidade).
 Objetiva (confusão patrimonial – Direito Empresarial
brasileiro): basta estar presente uma das hipóteses. Não
pergunto da volição do agente. Não quero saber se a pessoa agiu
de má-fé, culpa ou dolo.
 Menor (justiça do Trabalho adota essa teoria, pois o bem que está
protegido é o trabalho, que tem caráter alimentar): entendo que, basta
uma situação de insolvência, que se adota a desconsideração da
personalidade jurídica. Existindo um débito e ausência de patrimônio
que se justifica essa desconsideração.
 Ex.: Lei 9.605 – Lei de Crimes Ambientais – sempre que a
personalidade for obstáculo para o ressarcimento de prejuízos
causados à qualidade do meio ambiente, se desconsidera a
personalidade.
 Questões de hipossuficiência normalmente se baseiam na teoria
menor.
 Observação 1: só os sócios que agem de má-fé é que serão atingidos.
 Observação 2: satisfeito o crédito, retoma-se a consideração da
personalidade jurídica.
o Para se evitar que tivesse um abuso dos indébitos do sócio e,
consequentemente, uma validação da pessoa jurídica para lesar terceiros, se
criou, nos tribunais, a teoria da despersonalização da pessoa jurídica inversa.
Da mesma forma que posso alcançar os sócios-gestores, posso alcançar o
patrimônio da pessoa jurídica se houver desvio de finalidade por seus sócios.
 Tem que ter um nexo causal. Mas essa investigação é dificultosa,
principalmente porque depende de laudos periciais fornecidos pela
Receita Federal, Banco Central etc.
 Essa previsão de despersonalização inversa não é regulamentada, mas é
justificada pelos mesmos artigos da teoria original, Art. 50/CC.
 Sinais distintivos da atividade Empresária (recorte de Daniel, não tem em nenhum
autor):
o Nome empresarial: identifica o empresário.
 Firma: tenho a identificação de um dos sócios através de seu nome
civil.
 Firma individual: empresário individual utiliza o seu nome.
Ex.: Marilia Araújo da Silva ME.
 Firma social (razão social): pode ter mais de um sócio, mas
adota o nome de um deles. Ex.: Marília e Demetrius são sócios.
O nome da firma fica Marilia Araújo da Silva Ltda.
 Denominação: não utilizo um nome civil, mas um abstrato. Ex.: Delícia
produção e comércio alimentícios Ltda.
o Título de Estabelecimento: também conhecido como nome fantasia, é o nome
que acompanhará os uniformes, placas etc.
o Marca: é o que identificará o produto.
o Necessidade de identificação:
 De si: do empresário.
 De sua atividade: possibilita adquirir, ampliar e manter a clientela.
o Clientela;
o Natureza jurídica: antigamente se dizia que os sinais distintivos tinham
natureza de Direitos Reais (que recaem sobre bens corpóreos). Quando falo de
bens incorpóreos, portanto, não cabe falar de Direitos Reais. É assim que se
partiu para outro entendimento de natureza, onde a mesma seria de Direitos
Pessoais de caráter patrimonial. Hoje predomina o entendimento que os
distintivos possuem essa última natureza por provocarem vínculos entre
sujeitos (se aproxima dos direitos personalíssimos – é como se fosse uma
extensão deles).
 A natureza jurídica diz a qual campo jurídico aquele instituto faz
parte, por isso que agora se remete aos Direitos Pessoais.
 O layout é uma ideia, por exemplo.
AULA 11/05/16

 Sinais distintivos da atividade empresária:


o Nome empresarial: sinal distintivo que identifica o empresário no exercício de
sua atividade. Consiste na expressão que identifica o empresário (individual,
EIRELI, sociedade empresária) nas relações jurídicas que formalizam em
decorrência da atividade empresarial, ou seja, aquela sobre o qual o empresário
exerce suas atividades e se obriga nos atos a ela pertinente.
o Título de estabelecimento (nome fantasia): expressão que identifica o layout, o
local em que a atividade é desenvolvida, se nos contratos ou documentos
públicos, por exemplo. O empresário sempre se identificará com seu nome
empresarial perante os seus clientes/consumidores mediante panfletos/placa
identificadores, uniforme dos funcionários etc. Identifica pelo nome fantasia.
o Marcas: sinal distintivo que identifica produto ou serviços do empresário. Sua
disciplina é regulamentada pelo direito de propriedade industrial (ato criativo
da empresa).
 Natureza jurídica;
 Nome empresarial:
o Firma: a firma pode ser individual ou social e vem a ser uma espécie de nome
empresarial formado pelo nome civil do próprio empresário, no caso, do
empresário individual, ou de um ou mais sócios no caso de sociedade
empresária (firma social/razão social). A firma poderá indicar, ainda, um ramo
da atividade, indicação essa que será opcional. Em resumo, o núcleo da firma
sempre será o nome civil (um ou mais nomes civis), podendo ser acompanhado
da área de atividade e da espécie societária também.
o Denominação: somente pode ser social, uma vez que o empresário individual
somente opera sob firma. A denominação é formada por um nome abstrato, ou
seja, qualquer expressão linguística que não seja o nome civil de um dos seus
sócios.

Observação 1: Lei 8.934 cuida do nome empresarial e título de estabelecimento.


 Diversos autores dirão que a proteção do nome empresarial está somente no âmbito da
unidade federativa por conta do Art. 1.166, § ún, CC/02.
 Contudo, há autores que dizem que, conforme o Art. 1.166, § ún, CC/02, cominado
com o Art. 33, da Lei Especial 8.934, a proteção é em âmbito nacional;
 Entretanto, conforme o Professor Vinícius Gontijo, o Brasil é signatário da Convenção
de Paris, onde o mesmo é, inclusive, um dos autores da mesma. Essa convenção
estabelece que o registro de nome empresarial se dá em âmbito global, sendo assim,
alcança todos os países signatários.

Observação 2: No seu Art. 34, ainda, a Lei 8.934 apresentará dois princípios envoltos do
nome empresarial e título de estabelecimento, sendo eles a Veracidade e Novidade.
 Princípio da Veracidade: pelo princípio da veracidade, os elementos que compõem o
nome empresarial devem corresponder a realidade da atuação da pessoa jurídica.
Desse modo, deve-se extrair a responsabilidade dos sócios, a área de atuação, a
espécie societária.
o Não é um princípio absoluto. Ex.1: Apple vende tecnologia e tem nome de
comida. O importante desse princípio, portanto, é não induzir a erro o
consumidor na relação do mesmo perante a sociedade. Ex.2: Se eu não colocar
“Ltda.” no nome, e eu for sociedade limitada, vou responder ilimitadamente no
contrato que eu tiver esquecido de evocar esse termo.
 Princípio da Novidade: o princípio da novidade estabelece que o nome empresarial
deve inovar no registro, ou seja, ao estabelecer seu nome empresarial, o empresário
deve se diferenciar/individualizar das demais pessoas jurídicas.
o Não é um princípio absoluto. Ex.: Panificadora Líder, Aviação Líder,
Imobiliária Líder, Funerária Líder. Bar Dois Irmãos, Café Dois Irmãos. Eles
possuem essa mesma expressão sem ferir a outra pessoa jurídica porque são de
áreas distintas. Essa é uma decisão do STJ.
o Subprincípios do princípio da Novidade:
 Especificidade: não posso ter o mesmo nome no mesmo campo
de atuação empresarial (segmento). Se em segmentos distintos,
não há risco de uma concorrência desleal. A proteção do nome
empresarial se dá dentro de um segmento de mercado.
o Palavras de Daniel: O empresário, ao inovar, deve fazê-
lo, especificamente, no seu segmento de atividade. Não
há vedações/problemas de homógrafos e nem
homófonos se as áreas de atuação forem distintas e se
não houver risco de confundir os consumidores.
o Não se aplica a marcas notórias ou de auto renome, pois
a adoção desse nome acresce, injustificadamente, um
valor ao meu produto.
o Diz respeito ao nome empresarial.
 Anterioridade: protejo aquele que primeiro registrou (o que
inicialmente adotou o nome).
o Palavras de Daniel: o que o Estado quer proteger é o
criativo, ou seja, quem teve a capacidade de inovar
primeiramente ao estabelecer o seu nome/marca. Aquele
que registra primeiro é o dono e terá a proteção do
Estado. Também tem relação aos homógrafos e
homófonos.
o Diz respeito à marca.
 Quando eu protejo o nome empresarial, eu também estou protegendo os casos de
homônimos por homografia ou homofonia). Ex.: Assomate e Açomate (homófonos).

Observação 3: nome fantasia é sinônimo de título de estabelecimento, mas não de


denominação (pois lá há uma abstração em relação ao nome dos sócios).

 Propriedade intelectual:
o Direito do autor:
o Direito do software;
o Propriedade industrial:
 Invento;
 Modelo de utilidade;
 Desenho industrial;
 Marca;

AULA – 13/05/16

EIRELI – Art. 980-A, CC/02


 É uma empresa individual de responsabilidade limitada;
o É uma nova espécie de pessoa jurídica;
 O detentor não é sócio e sim titular;
 Só existe um “sócio”.
 Para se constituir, o capital deve ser integralizado e o capital social mínimo deve ser
de 100 salários mínimos;
o Titular é responsável pelo capital que contribui;
 A pessoa natural só pode ter uma EIRELI em seu nome;
o Consequentemente, a pessoa jurídica também pode ter EIRELI;
 O § 3º trouxe uma proposta de conversão de sociedade limitada para EIRELI, mas por
quê?
o A sociedade limitada precisa ter pelo menos dois sócios para se constituir. Se
ela tivesse dois sócios e um deles exercesse direito de recesso ou falecesse, na
legislação anterior ela teria um prazo para recompor a sociedade empresária
ou, do contrário, teria de ser extinta. E é nesse diapasão que o novo legislador
dá uma solução. Ao invés de extinguir a personalidade, ele possibilita a
transformação da mesma em EIRELI.
 Observação: s sociedade anônima não pode se convolar em EIRELI. Se
ela só tiver dois sócios e um deles se retira, a partir da assembleia geral
que identificar a condição de apenas um sócio o quadro societário tem
um ano (ou seja, até a próxima assembleia) para recompor sua
sociedade, senão se extingue.
 No § 5º o legislador fala a respeito do direito de autor e imagem que podem ser
prestados através de EIRELI, onde a remuneração é tida como a contraprestação do
serviço prestado por essa pessoa jurídica (e não o como pagamento da pessoa
autônoma, por exemplo);
Estudar por: Rubens Requião (o atualizador é o filho dele), Tomazetti e Fábio Ulhôa Coelho.

Sociedade Anônima - Art. 982, CC/02


 Sociedade por ações também é empresária e sociedade cooperativa é a sociedade
simples.

Atividade: estudo dirigido


1. O que é propriedade industrial?
2. Existe diferença entre propriedade intelectual e propriedade industrial? Se sim, qual é
essa diferença?
3. Qual o sentido da proteção à propriedade industrial?
4. Quais bens são objetos da propriedade industrial?
5. O que são as patentes e quais seus objetivos?
6. O que é e qual a natureza jurídica do INPI?
7. O que vem a ser os signos empresariais e como se dá a sua proteção?
8. Qual a diferença entre invento e descoberta? Como se dá a proteção de cada um deles?
9. Diferencie invenção e modelo de utilidade.
10. Quais são e quais os seus conteúdos, dos requisitos que indicam a existência de um
invento?
11. Qual o tempo de vigência da patente e como se dá a contagem do seu prazo?
12. O que são e qual o sentido das indicações geográficas?

Você também pode gostar