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Direito Aplicado

aos Negócios
Direito Empresarial

• Direito Empresarial
• Fontes do Direito Empresarial
• Empresa
• Empresário
• Estabelecimento
• Sociedades Empresariais

OBJETIVO DE
APRENDIZADO
Ao final desta Unidade, você será capaz de:
· Entender o que vem a ser Direito Empresarial;
· Identificar as fontes do Direito Empresarial;
· E ntender os conceitos de empresa, empresário e estabelecimento
empresarial;
· Compreender quais são as espécies de sociedades empresariais.
UNIDADE Direito Empresarial

Direito Empresarial
A conjuntura econômica provocada pelo processo denominado “globalização” trouxe
avanços no trato das relações empresariais, esses associados ao constante
desenvolvimento tecnológico e das comunicações tornou possível hoje o acesso a
produtos e empresas que se encontram em qualquer país do globo.

Segundo Charles-Abert Michalet, o termo “globalização”, ou “mundialização”, é:


[...] caracterizada por sua multidimensionalidade, que se refere,
evidentemente, à dimensão das trocas de bens e serviços, mas também à
mobilidade da produção de bens e serviços e à circulação dos capitais
financeiros (MICHALET, 2003, p. 15).

As relações entre os países e blocos econômicos transformaram conceitos que


envolvem, por exemplo, a soberania de cada Estado, fortalecendo e dando destaque a um
mundo de “regras jurídicas”, denominadas de Direito Internacional, que por consequência
interferem no sistema jurídico de cada país.

De tal modo, o fenômeno da “globalização”, sem pedir permissão, adentra e modifica


os aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais dos países. No Brasil, essas
adequações se fizeram evidentes, com a Lei n. 10.406, promulgada em 10 de janeiro de
2002, cuja entrada em vigor se deu a partir de 11 de janeiro de 2003, inserindo em nosso
sistema jurídico um novo Código Civil.

Esse novo estatuto promoveu mudanças em vários pontos do ordenamento jurídico


pátrio. Entre essas, vale destacar as que tratam dos atos jurídicos em território pátrio,
contidos no Livro II, a partir do artigo 966, que aborda o denominado Do Direito de
Empresa. As mencionadas mudanças resultaram em um novo rumo às interpretações das
relações empresariais, provocando inúmeras discussões doutrinarias.

Em decorrência desse momento, desponta um novo ramo do Direito, denominado de


Direito da Empresa ou Direito Empresarial. O Direito Empresarial é um dos “ramos do
direito” que, sem dúvida, fornece importantes conceitos para estudo, fundamentais para o
nosso dia a dia, pois esses não somente guarnecem aos operadores do direito, mas a
qualquer um que mantenha relações em uma área empresarial.

Agora que já se está situada a exata localização e contextualização de onde está


inserido o Direito Empresarial, nada melhor do que conceituá-lo. Para tanto, entre tantos
conceitos, será aproveitado o que diz o Gladston Mamede (2007, p. 370) sobre o tema:
É o conjunto de normas jurídicas (direito privado) que disciplinam as
atividades das empresas e dos empresários comerciais (atividade econômica
daqueles que atuam na circulação ou produção de bens e a prestação de
serviços), bem como os atos considerados comerciais, ainda que não
diretamente relacionados às atividades das empresas.

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O Direito Empresarial possui alguma ligação com às
Microempresa?
No Brasil, existem mais de 5 milhões de microempresas, as quais
representam grande parte da economia brasileira. Das
microempresas surge novos negócios de menor porte,
principalmente nos setores de comércio e serviços, sem dúvida a
criação e a relação com o “mundo jurídico” de uma
microempresa também e objeto do Direito Empresarial.

Fontes do Direito Empresarial


As denominadas fontes do direito, ou seja, de onde nasce ou brota o direito, são
divididas em duas espécies: as primárias (as leis) e as secundárias (demais fontes do
direito, como a analogia, os costumes, a jurisprudência, os princípios gerias do direito).

Para o Direito Empresarial, as principais fontes primárias, dentro de nosso


ordenamento jurídico, são:
· Constituição da República Federativa do Brasil;
· Leis Comerciais;
· Código Civil, Lei 10.406/2002, arts. 966 a1195;
· Lei 6404/76 – Lei das S A;
· Lei 11.101/2005 – Falência e Recuperação Judicial e Extrajudicial;
· Lei 9179/96 – Propriedade Industrial;
· Lei 5474/68 – Lei das Duplicatas;
· Código Comercial – Lei 556/1850, que trata do Comércio Marítimo e que não foi
revogada pelo atual Código Civil;
· Tratados e Convenções Internacionais (Lei Uniforme de Genebra).

Como fontes secundárias, temos os usos e costumes, que podem ser exemplificados na
figura do denominado “cheque pré-datado”, forma de pagamento muito utilizada na
satisfação de transações comerciais, que não possui qualquer previsão legal.

Empresa
O conceito atual do que vem a ser “empresa” é oriundo de uma construção histórica,
que remonta à própria formação das sociedades e das relações tidas como comerciais
praticadas por essas.

Um conceito muito bom sobre o tema é encontrado nas lições de Fábio Ulhoa Coelho
(2011, p. 33), da seguinte forma:

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Empresa é a atividade econômica organizada para a produção ou circulação de


bens ou serviços. Sendo uma atividade, a empresa não tem natureza jurídica
de sujeito de direito nem de coisa. Em outros termos, não se confunde com o
empresário (sujeito) e nem com o estabelecimento comercial (coisa).

Atualmente, qualquer conceito jurídico ou econômico que se queira dar à empresa irá
fundamentar-se nas lições do autor italiano Alberto Asquini (1943), formulador de quatro
critérios para a conceituação de empresa: perfil objetivo, perfil subjetivo, perfil
corporativo e perfil funcional. Sobre eles:
a) Perfil objetivo
De acordo com o perfil objetivo, empresa é um estabelecimento, um conjunto de bens
corpóreos e incorpóreos reunidos pelo empresário para o desenvolvimento de uma
atividade econômica.
b) Perfil subjetivo
Adotado o critério subjetivo para conceituarmos empresa, temos que esta é o próprio
sujeito de direitos, o empresário, que organiza o estabelecimento para o
desenvolvimento de uma atividade econômica.
c) Perfil Corporativo
De acordo com o perfil corporativo, empresa é o conjunto formado pelo fundo de
comércio (estabelecimento comercial), o qual compreende bens corpóreos e
incorpóreos; e os trabalhadores, recursos humanos utilizados na execução da
atividade econômica a que a empresa se propõe.
d) Perfil funcional
Caracteriza-se por uma atividade econômica organizada, para a produção e circulação
de bens ou serviços, que se faz por meio de um estabelecimento e por vontade do
empresário.

Empresário
Uma questão interessante sobre o empresário é que o atual Código Civil
Brasileiro não conceitua o que vem a ser empresa, tão somente trata do que vem a
ser empresário:
Artigo 966: Considera-se empresário quem exerce profissionalmente
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou
de serviços.

Parágrafo único: Não se considera empresário quem exerce profissão


intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso
de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir
elemento de empresa.

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Muita gente acaba achando, que para se tornar um empresário
precisa simplesmente montar seu próprio negócio. Mas será que
é isso?

Para se ter uma resposta a esse questionamento, vejamos o que diz Coelho (2011, p.
33) de uma forma jurídica, direta e precisa:
Empresário é a pessoa que toma a iniciativa de organizar uma atividade
econômica de produção ou de circulação de bens e serviços.

Outro doutrinador conhecido, no caso Rubens Requião (2007), conceitua empresário


de um modo simplificado, como sendo “o sujeito que exercita a atividade empresarial”,
alega:

Então somente pessoas físicas podem ser empresário?

Importante destacar que empresário, ou seja, a pessoa que


exerce a atividade empresarial poderá ser tanto uma PESSOA
FÍSICA, que emprega seus recursos e organiza
individualmente a empresa, quanto uma PESSOA JURÍDICA,
formada pela união de pessoas naturais com o objetivo de
organizar a exploração de uma atividade econômica
(REQUIÃO, 2007, p. 76).

Acrescenta Coelho (2011, p. 64):


A empresa pode ser explorada por uma pessoa física ou jurídica. No primeiro
caso, o exercente da atividade econômica se chama empresário individual; no
segundo, sociedade empresária. Como é a pessoa jurídica que explora a
atividade empresarial, não é correto chamar de empresário o sócio da
atividade empresária.

Apreciando a definição legal de empresário trazida pelo artigo acima, permite-se


identificar quais são os requisitos do desenvolvimento de uma atividade empresarial, que
são: profissionalidade, atividade econômica, atividade organizada, produção e
circulação de bens e serviços.

Profissionalidade
Uma das características do empresário é a de exercer profissionalmente a atividade
empresarial, ou seja, de modo pessoal, habitual e detendo o monopólio das informações.
A denominada habitualidade diz respeito à repetição de atos, não os realizados
eventualmente.

Para que haja pessoalidade, o empresário deve exercer fisicamente a atividade


empresarial, o que não quer dizer que não poderá contar com empregados. Esclarecendo

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UNIDADE Direito Empresarial

que os empregados não assumem à condição de empresários, pois exercem a atividade em


nome do empregador, sendo conhecidos como seus prepostos.

Já no tocante ao denominado monopólio das informações, o empresário é o detentor de


todo o conhecimento e das informações acerca do produto ou serviço que executa, ou
seja, conhece as técnicas de produção dos bens e da execução dos serviços, qualidades
necessárias, matéria-prima empregada, condições de uso, nocividade, defeitos e outros.

Atividade econômica
No desempenho de uma atividade empresarial, a busca almeja-se como finalidade à
obtenção de lucro, daí ser considerada uma atividade econômica.

Atividade Organizada
Para o exercício da atividade empresarial organizada, devem estar presentes quatro
fatores ligados à produção: capital, insumos, mão de obra e tecnologia.

Produção ou circulação de bens ou serviços


Uma indústria, ao manufaturar bens, exerce uma atividade empresarial, do mesmo
modo ocorre com aquele que presta serviços.

No tocante à circulação de bens, essa trata de uma atividade tipicamente de comércio,


pois ocorre diante de uma relação formada na mediação entre consumidor e produtor.
Essa mediação é de forma simétrica àquela que ocorre entre o prestador de serviços e o
consumidor desses.

Bem, do que até aqui vimos, podemos entender que não terá a condição de empresário
aquele que exerça atividade econômica de produção e circulação de bens ou serviços sem
estarem presentes nesses qualquer dos fatores descritos.

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Pelo que vimos até aqui, podemos concluir que será um
empresário, por exemplo, um artista ou médico que, para o
desempenho de sua habilidade, emprega sua intelectualidade,
ainda que conte com colaboradores ou auxiliares?
A resposta é não. Entretanto, se vier a adotar uma estrutura
empresarial, organizando-se e exercendo suas atividades com o
preenchimento dos requisitos estudos, aí sim, agora se estará
diante da fi gura de um empresário. Nesse caso, por exemplo, se
um médico estruturar uma clínica, contratando enfermeiras,
auxiliares administrativos, outros médicos, etc., este irá se
enquadrar diante da fi gura de um empresário, o que não ocorre
com aquele que se limita a ter um consultório para atendimento.

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Estabelecimento

Figura 1
Fonte: iStock/Getty Images

É o meio ou instrumento no qual o empresário exerce sua atividade econômica.

Nos dizeres de Fábio Ulhoa Coelho (2011, p. 96), o estabelecimento, ou o


estabelecimento empresarial: “[...] é o conjunto de bens reunidos pelo empresário para a
exploração de sua atividade econômica”

O atual do Código Civil Brasileiro, em seu artigo n. 1.142, nos traz juridicamente o
que é um estabelecimento empresarial: “considera-se estabelecimento todo complexo de
bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade
empresária”.

Os denominados “bens” abordados no conceito e o dispositivo legal podem ser


classificados em duas espécies:
1. bens corpóreos: máquinas, móveis, automóveis, estoque, veículos, o imóvel que
se desenvolve a atividade empresarial etc.;
2. bens incorpóreos: marca, propagandas, planejamento estratégico e logístico,
Know How etc.

Sociedades Empresariais

Figura 2
Fontes: iStock/Getty Images

As sociedades de modo geral podem ser divididas em dois grupos: as sociedades


empresárias e as sociedades simples.

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UNIDADE Direito Empresarial

As denominadas sociedades simples são aquelas registradas no Cartório de Registro


Civil de Pessoas Jurídicas, artigo n. 1.150 do Código Civil. Já as Sociedades Empresárias
terão seu registro na Junta Comercial:
Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro
Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade
simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às
normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos
tipos de sociedade empresária.

A sociedade simples, que antes do Código Civil de 2002 eram denominadas Sociedade
Civil, são aquelas que não exploram atividades econômicas na forma empresarial.

O próprio Código Civil em seu artigo 982 nos permite definir o que vem a ser uma
sociedade empresaria ou simples:
Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por
objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro – art.
967; e, simples, as demais”

Dessa forma, será uma sociedade simples aquela que reúne sócios para prestação dos
serviços da sua atividade profissional, focada na pessoa, e não apenas no resultado da
prestação de serviços pela sociedade.

Para ficar mais claro, vamos a outro exemplo:

Suponhamos que um ou mais arquitetos criem uma sociedade para prestação de seus
conhecimentos na área, podendo, para tanto, até contar com auxiliares para o desempenho
de suas atividades. Sendo aqui seu objetivo econômico a exploração de seus
conhecimentos profissionais, neste caso, não existira uma sociedade empresarial, mas sim
uma sociedade simples.

Aproveitando esse exemplo, imaginemos que esses arquitetos contratarem outros de


mesma profissão para exercerem a mesma atividade organizada, pela qual sua produção
não será resultado da mera exploração econômica das atividades pessoais e profissionais
dos seus sócios. Nesse caso, a exploração do negócio de arquitetura, agora sim, será uma
sociedade empresarial.

Questão importante é que a própria lei promove uma classificação, na conformidade


do artigo 982 do Código Civil, ao definir como simples empresárias, independente do
objeto e de qualquer outro requisito ou definição: “Parágrafo único. Independentemente
de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa”.

No entanto, nosso estudo está relacionado tão somente à atividade empresarial. Vários
são os tipos de sociedades empresárias, cada qual portadora de um fundamento e
consequências no campo jurídico.

Vamos então conhecer cada uma dessas sociedades.

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Sociedade em nome coletivo
A sociedade aqui tratada somente poderá contar com a participação de pessoas físicas,
as quais serão detentoras de responsabilidades ilimitadas e solidária perante as obrigações
assumidas pela empresa.

Por exemplo, na hipótese de uma empresa possuir uma dívida e essa for superior ao
seu capital, os bens individuais dos sócios garantirão a dívida?

Cada sócio responderá ilimitadamente e isoladamente por qualquer obrigação social da


empresa, ainda que o montante apurado do capital seja superior ao valor do capital social.

Vejamos, caso a dívida da empresa for superior ao seu capital, os bens individuais dos
sócios garantirão o seu resgate. Importante conhecer que a designação dessa forma de
sociedade conterá o nome de qualquer sócio e omitido ou não o nome dos demais,
devendo ser encerrada com à expressão “& CIA”

Deixa claro a lei que a sociedade em nome coletivo poderá ser simples ou empresária,
dependendo do objeto e da forma de exploração de sua atividade econômica. Quanto à
dissolução da sociedade, essa se dará na forma do artigo 1.044 do Código Civil,
observando as causas do artigo 1.033 do mesmo estatuto legal.
Art. 1.044 – A sociedade se dissolve de pleno direito por qualquer das causas
enumeradas no art. 1.033 e, se empresária, também pela declaração da
falência.

Art. 1.033 – Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:

I – o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição


de sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará
por tempo indeterminado;
II – o consenso unânime dos sócios;
III – a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de
prazo indeterminado;
IV – a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de
cento e oitenta dias;
V – a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.

Sociedades em comandita simples


Essa espécie de sociedade possui dois tipos de sócios: comanditados e comanditários.
Os primeiros, tratam-se de pessoas físicas que respondem ilimitada e solidariamente pelas
ações sociais (colaborando na formação do capital social); os outros, obrigam-se apenas
pelos valores de suas quotas.

Nesta espécie de sociedade, na razão social ou firma, somente poderá constar os


nomes de sócios comanditados.
Art. 1.045. Na sociedade em comandita simples, tomam parte sócios de duas
categorias: os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e

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ilimitadamente pelas obrigações sociais; e os comanditários, obrigados


somente pelo valor de sua quota.
Parágrafo único. O contrato deve discriminar os comanditados e os
comanditários.
Art. 1.046. Aplicam-se à sociedade em comandita simples as normas da
sociedade em nome coletivo, no que forem compatíveis com as deste
Capítulo.
Parágrafo único. Aos comanditados cabem os mesmos direitos e obrigações
dos sócios da sociedade em nome coletivo.
Art. 1.047. Sem prejuízo da faculdade de participar das deliberações da
sociedade e de lhe fiscalizar as operações, não pode o comanditário praticar
qualquer ato de gestão, nem ter o nome na firma social, sob pena de ficar
sujeito às responsabilidades de sócio comanditado.

Destarte, uma Sociedade em Comandita Simples é uma forma de sociedades de


pessoas sem o capital necessário participarem de grandes empreendimentos mediante a
associação com terceiros que possam dispor de capital de risco.

Sociedade em comandita por ações


Nesta espécie de sociedade, da mesma forma que na sociedade em Comandita
Simples, subsistem duas categorias de sócios: os comanditados, os quais respondem
ilimitada e solidariamente pelas obrigações da sociedade; e os comanditários, cuja
responsabilidade atinge até o limite das cotas ou ações subscritas. De tal sorte, a
sociedade em Comandita de Ações é uma sociedade de capitais, onde o capital é dividido
em ações e que os possuidores dessas são acionistas e podem ser diretores ou gerentes.
Art. 1.091. Somente o acionista tem qualidade para administrar a sociedade e,
como diretor, responde subsidiária e ilimitadamente pelas obrigações da
sociedade.

§ 1º Se houver mais de um diretor, serão solidariamente responsáveis, depois


de esgotados os bens sociais.

Os diretores desse tipo de sociedade serão nomeados desde a constituição dessa, com
mandato por prazo ilimitado, não poderão ser nomeados pela assembleia geral de
acionistas e somente poderão ser destituídos por deliberação de dois terços do capital
social.

Importante destacar que os poderes da assembleia geral também ficaram limitados:


Art. 1.091. [...]

§ 2º Os diretores serão nomeados no ato constitutivo da sociedade, sem


limitação de tempo, e somente poderão ser destituídos por deliberação de
acionistas que representem no mínimo dois terços do capital social.

§ 3º O diretor destituído ou exonerado continua, durante dois anos,


responsável pelas obrigações sociais contraídas sob sua administração.

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Art. 1.092. A assembleia geral não pode, sem o consentimento dos diretores,
mudar o objeto essencial da sociedade, prorrogar-lhe o prazo de duração,
aumentar ou diminuir o capital social, criar debêntures, ou partes
beneficiárias.

Sociedade limitada
As sociedades limitadas têm como característica principal a denominada
responsabilidade limitada dos sócios, o que quer dizer que os sócios investem
determinado valor no capital social da empresa, sendo somente responsáveis em
integralizar o capital.

O capital social é representado por quotas e cada sócio é responsável diretamente pelo
seu montante, apesar de existir a obrigação solidária pela integralização das quotas
subscritas pelos demais sócios. Normalmente, na nomenclatura oficial desse tipo de
sociedade, consta a expressão “Ltda.”.

Sociedade anônima
Uma característica importante das sociedades anônimas o capital social, que é dividido
em ações, sendo a responsabilidade dos sócios ou acionistas até o limite das ações.
Costumeiramente a abreviação utilizada é S/A ou SA. Já no que concerne à sua
classificação, essas poderão ser sociedades de capital fechado e sociedades de capital
aberto. Quanto à primeira hipótese, a empresa pertencerá a um grupo reservado de sócios,
conservando uma determinada liberdade contratual. Quanto às sociedades de capital
aberto, essas serão detentoras de autorização especial para negociar suas ações no
mercado de capitais.

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
História e evolução do Direito
Empresarial https://goo.gl/hojlbp
Caracterização do empresário individual diante do Código Civil
vigente https://goo.gl/OxWdPn
Diferença entre comerciante e
empresário https://goo.gl/UzD5iC

Vídeos
Conheça a diferença entre empreendimento individual e microempresa
https://youtu.be/pQc8rUkeUFM

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Referências
ASQUINI, Alberto. Profili dell’impresa. Rivista di diritto commerciale, v. XLI, Parte I,
p. 1-2. 1943.

BRASIL. Código Civil Brasileiro, de 10 jan. 2002. Senado Federal. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br.

______. Constituição da República Federativa do Brasil de 05 out. 1988. Senado


Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br.

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial: direito de empresa. 15. ed. São
Paulo: Saraiva, 2011.

MAMEDE, Gladston. Direito Empresarial Brasileiro: empresa e atuação empresarial,


volume 1. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

MICHALET, Charles-Abert. O que é mundialização? São Paulo: Edições Loyola, 2003.

REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva. 2002.

REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991.

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