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A EMPRESA E

O DIREITO
COMERCIAL
Tipos de Empresas
Ufcd 0563
Formadora Rita Antão da Silva

1
NOÇÕES FUNDAMENTAIS DE DIREITO

I - DIREITO

 O Direito pode ser definido como um conjunto de normas com carácter


obrigatório e com proteção coactiva. Normas essas emanadas,
estabelecidas e garantidas pelo Estado.

 Pode, igualmente, ser entendido como o modo científico da resolução dos


casos.

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A Constituição consagra a liberdade económica, entendida como a liberdade de
exercício de actividades económicas e que conceptualmente se desdobra em várias
concretizações jurídicas, como sejam:

a)A liberdade de contratar (liberdade de celebrar contratos, a de escolher


o co-contratante e a de modelar o conteúdo dos contratos);

b)A liberdade de iniciativa económica ou de estabelecimento (de empreender novas


actividades, através da criação e gestão de empresas) – artigo 61.º, n.º 1, da
Constituição da República Portuguesa;

c)A liberdade de concorrência (a de os empresários competirem pela conquista dos


mercados).

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DIREITO COMERCIAL

 Entende-se por direito comercial o corpo de normas, conceitos e


princípios jurídicos que, no domínio do direito privado, regem os
factos e as relações jurídicas comerciais.

 Trata-se, pois, de um ramo do direito privado, por isso que cuida


de relações entre sujeitos colocados em pé de igualdade jurídica.

 E é um ramo de direito privado especial, já que estabelece uma


disciplina para as relações jurídicas que se constituem no campo
do comércio, a qual globalmente se afasta da que o direito civil,
como ramo comum, estabelece para a generalidade das relações
jurídicas privadas. 4
 De acordo com o nosso quadro jurídico-positivo, pode-se definir
direito comercial, também como o sistema jurídico-normativo
que disciplina de modo especial os actos de comércio e os
comerciantes.

 O direito mercantil é um ramo do direito privado, uma vez que


regula uma organização dos sujeitos (singulares e colectivos)
privados e as relações estabelecidas entre eles ou entre eles e
entidades públicas, atuando como particulares.

 As leis comerciais contêm também disposições de direito público.

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FONTES DO DIREITO COMERCIAL PORTUGUÊS

Fontes externas – destacamos:


 As convenções internacionais;
 Os regulamentos e directivas da União Europeia.
Fontes internas:
 As leis (comerciais) – amplamente entendidas;
 A Constituição da República Portuguesa;
 Leis ordinárias, à cabeça das quais havemos de situar o Código
Comercial.
 A jurisprudência e a doutrina são fontes do direito comercial,
embora assumam um papel bem menos significativo.
 Os usos e os costumes.
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A EMPRESA

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A) Conceito jurídico-mercantil de empresa

I - Empresa como sujeito ou agente jurídico

 Numerosos textos referem-se à empresa sob o perfil da pessoa que exerce


uma actividade económica de produção ou distribuição de bens ou serviços,
reduzindo-a, portanto, à própria pessoa daquele que organiza e conduz a
actividade, suportando o respectivo risco, isto é, ao conceito de empresário.

II - Empresa como actividade

 O termo empresa é, por vezes, utilizado para significar a actividade económica


exercida pelo empresário de forma profissional e organizada, com vista à realização
de fins de produção ou troca de bens e serviços.

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III – Empresa como objecto

 Trata-se, neste sentido, da organização do conjunto de factores de produção e


outros elementos congregado pelo empresário com vista ao exercício da
sua actividade.

 Equivale à principal acepção da palavra estabelecimento, porventura a mais


expressiva da realidade jurídica deste.

 É neste sentido que dizemos que empresa e estabelecimento são sinónimos.

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IV - Empresa como conjunto activo de elementos

 É o sentido mais amplo e compreensivo da empresa, que a reconduz a uma


instituição de carácter basicamente económico, mas também social, um
organismo vivo polarizador da criação da riqueza, mas também de emprego e até
cultura.

 Tem sido entendido que o artigo 230.º, do Código Comercial, consagra a noção
subjectiva da empresa a par de uma concepção de actividade, ou seja, de um
conjunto ou massa de actos entre si coordenados para a realização de certo
escopo, correspondente a um certo ramo da vida económica.

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Assim, são empresas comerciais, singulares ou colectivas, que se propuserem:
1) Transformar por meio de fábricas ou manufacturas, matérias-primas, empregando,
para isso, ou só operários, ou operários e máquinas;
2) Fornecer, em épocas diferentes, géneros quer a particulares, quer ao Estado,
mediante preço convencionado.
3) Agenciar negócios ou leilões por conta de outrem em escritório aberto ao público, e
mediante salário estipulado.
4) Explorar quaisquer espectáculos públicos.
5) Editar, publicar ou vender obras científicas, literárias ou artísticas.
6) Edificar ou construir casas para outrem com materiais subministrados pelo
empresário.
7) Transportar, regular e permanentemente, por água ou por terra, quaisquer pessoas,
animais, alfaias ou mercadorias de outrem…» 
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Neste sentido, são comerciais as empresas – actividades – enumeradas nos vários números
do art.º 230.º, com as ressalvas consignadas nos seus próprios parágrafos; e, ainda, as
indicadas em outras disposições de leis comerciais extravagantes; bem como as que
resultem de interpretação extensiva ou aplicação analógica dos vários números do artigo
230.º.

Em resumo, empresa é:

 Em sentido subjectivo, o comerciante;

 Em sentido objectivo, a actividade que o comerciante exerce profissionalmente,


servindo-se de uma organização que é o estabelecimento comercial.

  Referiu-se que a actividade do empresário se realiza através de uma organização. Esta


organização que é o instrumento da actividade comercial é o estabelecimento comercial.
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 As empresas são os agentes económicos preponderantes na formação da
riqueza de uma região ou país.
 A empresa é a organização dos factores de produção (capital, trabalho) com o
fim de obter um lucro.
 As empresas podem ser classificadas de acordo com vários critérios:
a) Sector de actividade;
b) Dimensão;
c) Jurídicos.

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CLASSIFICAÇÃO DAS EMPRESAS QUANTO AO SECTOR DE
ACTIVIDADE

A) Primário
 Conjunto de actividades económicas que produzem matérias-primas, também
chamadas de produtos primários, por serem, em geral, recursos cultivados ou
extraídos da natureza e que, posteriormente, são consumidos ou transformados
em mercadorias.
 Muitos produtos do sector primário são considerados como matérias primas
levadas para outras indústrias, a fim de se transformarem em produtos
industrializados.
 Exemplos:
- Agricultura
- Pecuária
- Caça
- Pesca 14
b) Secundário
 É o sector da economia responsável pela transformação dos bens e matérias-primas
advindos do sector primário em mercadorias, que são transferidas para a
comercialização no sector terciário. Assim, o sector secundário corresponde à
produção fabril, com vários tipos de indústrias que se estruturam em diferentes
áreas e aspectos do mercado
 Geralmente apresenta percentagens bastante relevantes nas sociedades
desenvolvidas.
 A matéria prima é transformada num produto acabado que sofreu um processo de
fabrico.
 Exemplos:
- Indústria
- Construção Civil

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 Quando o sector secundário passa a crescer e a dinamizar-se em um dado
local, dizemos que está ocorrendo o processo de industrialização, ou seja, a
produção mecanizada ou manufacturada de mercadorias.
 Existem três tipos de indústrias, categorizadas conforme a sua especialização
produtiva:
 a) Indústrias extractivas: são aquelas que operam a partir da extracção
vegetal ou mineral, seja com a retirada directa ou com a transformação
de bens extraídos, como o petróleo, a madeira, entre outros.
 b) Indústrias de base: são responsáveis pela produção de maquinaria
utilizada para estruturar outras indústrias e também possuem a função
de produzir materiais que não são directamente destinados ao consumo,
mas que são novamente utilizados para outras produções industriais.
Exemplo: produção do aço.
 c) Indústrias de bens de consumo: são as responsáveis pela produção ou
montagem de mercadorias em sua fase final, que serão directamente
direccionadas ao sector terciário.

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C) Terciário
 É a área da economia que integra as actividades do comércio e da prestação de
serviços
 Envolve a comercialização de produtos em geral, e a oferta de serviços comerciais,
pessoais ou comunitários a terceiros.
 Exemplos:
- Transportes
- Distribuição
- Venda de mercadorias
- Prestação de serviços

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 À medida que o crescimento económico vai avançando o sector primário e
secundário perdem terreno a favor do terciário.
- Identifica-se o desenvolvimento de um país com o peso do sector secundário
e terciário em relação ao sector primário.
- O sector de serviços é muito amplo, pois envolve todos os bens “imateriais”,
ou seja, tudo aquilo que é oferecido ao consumidor na forma de actividades,
como consertos mecânicos e domésticos, auxílios para aparelhos e tecnologias,
actividades educacionais, auxílio jurídico, telemarketing, lazer, turismo,
segurança, transporte, entretenimento, entre outras

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CLASSIFICAÇÃO DAS EMPRESAS
QUANTO À DIMENSÃO

As empresas quanto à sua dimensão podem ser classificadas em:


1) Microempresa:
- Quando têm até 10 trabalhadores, na média do ano civil antecedente;
2) Pequena empresa:
- Quando têm:
a) Entre 11 e 50 trabalhadores;
b) Volume de negócios anual inferior a 7 milhões de Euros ou;
c) Balanço anual que não exceda os 5 milhões de Euros.

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3) Média empresa:
- Quando tem:
- Entre 51 e 250 trabalhadores;
- Volume de negócios anual que não exceda 40 milhões de Euros; ou
- Balanço anual que não exceda 27 milhões de Euros.
4) Grande empresa:
- Quando tem mais de 250 trabalhadores.

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CLASSIFICAÇÃO
JURIDICA DAS
EMPRESAS

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 Em sentido amplo, a empresa é a organização autónoma e
intencional de meios (humanos e materiais) apta à realização de
uma finalidade.
 Num sentido mais especifico e económico, a empresa é a uma
organização produtiva ou mediadora de riqueza, que exerce de
forma estável, a sua actividade económica em função do
mercado a que se dirige.
 Uma das vertentes da empresa é o estabelecimento comercial.

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A) O Estabelecimento Comercial

O estabelecimento comercial é conjunto de elementos de produção reunidos e


organizados por um comerciante com vista à prossecução da sua actividade
económica.

O estabelecimento:

1) Pressupõe um titular (titular de determinado direito sobre ele, para exercer a sua
actividade);

2) É um acervo patrimonial (englobando um conjunto de direitos e de bens, que têm


em comum a afectação à finalidade coerente a que o comerciante os destina);

3) É um conjunto de pessoas; é uma organização e;

4) É uma organização funcional. 23


Pode um comerciante não ter estabelecimento comercial?

As sociedades comerciais são comerciantes natos e não carecem, para adquirirem essa
qualidade, de exercer efectivamente o comércio. Pode, por isso, conceber-se que
não tenham um estabelecimento, ou seja, uma organização adstrita à actividade
mercantil, por ainda não a terem iniciado, ou por terem alienado o seu estabelecimento
e ainda não terem montado outro.

Quanto aos comerciantes em nome individual, afigura-se-nos que não é possível


que mantenham essa qualidade sem terem um estabelecimento.

Só é comerciante individual quem exerce profissionalmente o comércio.

Se cessa de o exercer, perde a qualidade de comerciante. Logo, enquanto for


comerciante e para o ser, o empresário individual necessita de ter um estabelecimento.
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O estabelecimento compreende:

a) Direito à locação do respectivo local (quando o comerciante não seja o seu


proprietário ou dele não disponha a outro título – usufruto, comodato, etc.):

b) As instalações, utensílios e mercadorias;

c) Os contratos de trabalho com os respectivos colaboradores e as relações


deles decorrentes.

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O estabelecimento comercial caracteriza-se pela diversidade dos elementos que o
compõem. Assim, são elementos potencialmente constitutivos do estabelecimento
comercial:

1.Elementos corpóreos:

Nesta categoria devem considerar-se as mercadorias, as matérias-primas, os produtos


semiacabados e os produtos acabados; as máquinas, os veículos e os instrumentos
destinados a serem directamente utilizados nas tarefas do estabelecimento; os
que constituem a mobília das instalações, os que se destinam a locação e
quaisquer outros materiais necessários para a actividade normal do
estabelecimento, inclusive o dinheiro em caixa.

Além disso, faz também parte do estabelecimento o imóvel onde se situem as


instalações, quando o seu dono seja o comerciante.
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2. Elementos incorpóreos:

Aqui deveremos considerar os direitos, resultantes de contrato ou de outras fontes que


dizem respeito à vida do estabelecimento.

São nomeadamente:

- O direito ao arrendamento ou resultante de comodato do imóvel ou imóveis destinados às


instalações;

- Os direitos reais de gozo (usufruto de um imóvel);

- Os créditos resultantes de vendas, empréstimos, locações;

- Os direitos resultantes de certos contratos estritamente relacionados com a esfera de


actividade mercantil, como o de agência, o de distribuição, o de concessão, o de franchising,
os contratos de edição e de autorização de produção fonográfica e videográfica;

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- Os direitos resultantes de certos contratos estritamente relacionados com a esfera
de actividade mercantil, como o de agência, o de distribuição, o de concessão, o de
franchising, os contratos de edição e de autorização de produção fonográfica e
videográfica;

- Os direitos emergentes dos contratos de trabalho e de prestação de serviços com os


colaboradores do comerciante no estabelecimento;

- Em especial, os direitos de propriedade industrial;

- São também elementos incorpóreos do estabelecimento as obrigações do


comerciante e a ele relativas, quer o ser passivo, ou seja, as dívidas resultantes da
actividade comercial, quer as demais obrigações que formam o correspectivo ou a
face oposta dos direitos dos tipos acima mencionados.

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3. A clientela:

A clientela é simultaneamente uma certeza e uma virtualidade:

a)Há uma clientela certa que resulta das relações contratuais com alguma estabilidade,

ou quando a própria natureza da actividade assegura que os clientes renovarão as


suas encomendas; e

b) Há uma clientela virtual, correspondente às expectativas ou possibilidades de


que novos clientes se dirijam à empresa.

Existe um direito à clientela quando assenta em contratos de fornecimento, ou


quando resulta de cláusulas de protecção específica (cláusulas de não-
estabelecimento ou de não-concorrência), consagradas em contratos de
trespasse ou cessão de exploração.
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 Entende-se geralmente que o alienante ou locador de um estabelecimento fica
obrigado a não exercer uma actividade idêntica em termos que o levem a
manter ou recuperar a clientela do estabelecimento alienado. Assim, existe uma
cláusula implícita (o que significa que não é necessário estipulá-la
concretamente para que o dever jurídico respectivo se deva entender
assumido) de não-concorrência nos contratos de alienação e de cessão de
exploração – a captação de clientela do estabelecimento pelo alienante
ou locador constituirá uma concorrência ilícita.

 Esta regra deve entender-se plenamente aplicável à alienação – trespasse – do


estabelecimento comercial.

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4. Elementos de facto. O aviamento:

O aviamento consiste na capacidade lucrativa da empresa, a aptidão para gerar


lucros resultantes do conjunto de factores nela reunidos.

O aviamento resulta do conjunto de elementos da empresa, anteriormente referidos,


mas também de certas situações de facto que lhe potenciam a lucratividade, como
são as relações com os fornecedores de mercadorias e de crédito, as relações com os
clientes, a eficiência da organização, a reputação comercial, a posição mais ou menos
forte no mercado, entre outros.

O aviamento exprime, pois, uma capacidade lucrativa e esta confere ao


estabelecimento uma mais-valia em relação aos elementos patrimoniais que o
integram, a qual é tida em conta na determinação do montante do respectivo valor
global.
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B1) Requisitos da actividade comercial

Segundo o Código Comercial são actos de comércio todos os que se encontrem

especialmente regulados no Código Comercial, ou seja, aqueles que são sempre

comerciais, independentemente da qualidade de comerciante de quem os pratica -

são os actos de comércio objectivos.

Nomeadamente:

Fiança (artigo 101.º);

Mandato (artigos 231.º e seguintes),

Operações de Banco (artigos 362.º e seguintes),

Empréstimo (artigos 394.º e seguintes),

Compra e Venda (artigos 463.º e seguintes)


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Em resumo:

São actos de comércio todos os actos praticados pelos comerciantes, excepto se:

a) A sua natureza for exclusivamente civil (por exemplo, o casamento),

b) Se provar que não têm relação com o comércio (como por exemplo, se o
comerciante compra uma casa para a habitação da sua família, este acto não terá
relação com o comércio).

Estes são os actos de comércio subjectivos.

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A actividade do empresário realiza-se através de uma organização que é o
instrumento da actividade comercial: o estabelecimento comercial.

Os Comerciantes são:

As pessoas que, tendo capacidade para praticar actos do comércio, fazem desta
profissão – os comerciantes em nome individual.

As sociedades comerciais.

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DOS COMERCIANTES
CAPACIDADE COMERCIAL DE EXERCÍCIO

 Toda a pessoa, nacional ou estrangeira, que for civilmente capaz


de se obrigar, poderá praticar actos de comércio, em qualquer
parte destes reinos e seus domínios, nos termos e salvas as
excepções do presente Código.

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Obrigações dos comerciantes

Os comerciantes estão vinculados a determinadas obrigações.

Adoptar uma firma;

Ter uma escrituração;

Efectuar o registo de determinados actos;

Dar balanço e prestar contas.

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Estas obrigações a que os comerciantes estão vinculados têm por objectivo geral o
exercício do comércio de uma forma segura.

Especialmente, os objectivos destas obrigações são os seguintes:

- A firma tem por fim distinguir os comerciantes uns dos outros;

- A escrituração, o balanço e a prestação de contas têm por fim dar a conhecer a


situação económica do comerciante;

- O registo tem a finalidade de publicitar os actos dos comerciantes.

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TIPOS DE EMPRESAS
EMPRESAS EMPRESAS
SINGULARES COLECTIVAS

Empresas em Sociedades
nome em nome
individual colectivo

Sociedades
EIRL
por quotas

Sociedades
em
estabelecimento comandita
individual de
responsabilidade
limitad
Sociedades
anónimas

Sociedades
individuais
por quotas

Sociedades 39
civis
I – Singulares

As empresas singulares são aquelas que apenas têm um indivíduo como
proprietário, o qual, para além de deter a totalidade do capital, contribui
com o seu trabalho na direcção da empresa.

O empresário individual pode assumir uma responsabilidade limitada se


optar pelo estatuto de Estabelecimento Individual de Responsabilidade
Limitada (Maria Manuela E.I.R.L).

Neste caso, há uma separação entre os patrimónios particular e comercial e


apenas este responderá pelas dívidas contraídas pela empresa.

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I - A. EMPRESÁRIO EM NOME INDIVIDUAL

 Uma empresa individual ou um empresário em nome individual


consiste numa empresa titulada apenas por um só indivíduo ou
pessoa singular, que afecta bens próprios à exploração do seu
negócio.

 O Empresário em Nome Individual pode exercer a sua actividade


na área comercial, industrial, de serviços ou agrícola.

 O Proprietário e gestor são uma e a mesma pessoa, que é


pessoalmente responsável por todas as actividades da empresa.
Responde ilimitadamente perante os credores pelas dívidas
(incluindo dívidas fiscais e no caso de falência) contraídas no
exercício da sua actividade.
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 Nem sempre estas empresas individuais assumem uma forma jurídica regular e raras
as vezes têm contabilidade organizada.

  Apesar da sua muito pequena dimensão e aparente fragilidade, as empresas em


nome individual são muito numerosas, mesmo nas economias consideradas mais
desenvolvidas.

  A firma deverá ser constituída pelo nome civil completo ou abreviado do


proprietário, seguido ou não da actividade a que se dedica.

  Exemplos:

- Maria José Abreu

- M. J. Abreu

- Maria José Abreu – Artesanato


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VANTAGENS

• Ser proprietário único é poder manter um controlo pronto, directo e completo sobre
a empresa e as suas actividades.

DESVANTAGENS

• A dimensão da empresa fica sempre limitada ao volume de recursos que o único


proprietário pode dispor;

• O único proprietário é responsável, perante a lei, por todas as dívidas da empresa,


podendo ser citado judicialmente.

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I – B. O ESTABELECIMENTO INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE
LIMITADA

 Esta figura foi criada em Portugal em 1986.

 Com a criação da figura de sociedades unipessoais, o Estabelecimento


Individual de Responsabilidade Limitada (EIRL) passa a ser escassa
importância.

 É titulada por um único indivíduo ou pessoa singular e é composto por um


património autónomo ou de afectação especial ao estabelecimento através
do qual uma pessoa singular explora a sua empresa ou actividade, mas ao
qual não é reconhecida personalidade jurídica..
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 O capital social não pode ser inferior a € 5.000 e pode ser realizado em numerário,
coisas ou direitos que possam ser alvo de penhora. Contudo, a parte em dinheiro
não pode ser inferior a 2/3 do capital mínimo

 Em princípio todo o património do comercial em nome individual


responde pelas respectivas obrigações, sejam elas decorrentes do exercício
da actividade comercial ou alheias a este. E, quando se refere todo o património
está-se a aludir tanto àquele que se acha afecto à empresa mercantil do
comerciante, como aos demais bens de que este seja titular.

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 Existe uma separação entre o património pessoal do empreendedor e o património
afecto à empresa.

 Os bens próprios do empreendedor não se encontram afectos à exploração da


actividade económica.

 Pelas dívidas resultantes da actividade económica respondem apenas os bens a


ela afectos.

 Em caso de falência do empreendedor, e caso se prove que não decorria uma


separação total dos bens, o falido responde com todo o seu património pelas
dívidas contraídas.

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 As entradas em espécie deverão constar de um relatório elaborado por revisor
oficial de contas, que deverá instruir o pedido de registo, ou que deverá ser
apresentado ao notário no caso de constituição por escritura pública.

 A constituição do estabelecimento é obrigatoriamente registada no Registo


Comercial e publicada no Diário da República.

 Deverá ser destinada uma fracção dos lucros anuais não inferior a 20% a um fundo
de reserva, até que este represente metade do capital do estabelecimento.

 A firma deve ser composta pelo nome civil, por extenso ou abreviado, do
empreendedor. Este nome pode ser acrescido, ou não, da referência ao ramo de
actividade, mais o aditamento obrigatório Estabelecimento Individual de
Responsabilidade Limitada ou E.I.R.L.

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 Constitui–se mediante documento particular, estando dispensado de celebração de
Escritura Pública.

  Exemplos

- R. F. Andrade, E.I.R.L.

  Como património autónomo, o EIRL configura-se inequivocamente como uma


unidade jurídica, visto que é globalmente objecto de direito de propriedade e de
relações jurídicas distintas das inerentes a cada um dos elementos que o
componham.

 O EIRL reveste a natureza de uma universalidade de direito e de uma coisa


imaterial.

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 O EIRL pode ser alienado por acto gratuito ou oneroso inter vivos e também mortis
causa (artigo 23.º), objecto de locação, usufruto ou penhor (artigo 21.º), bem
como objecto de penhora em execução contra o seu titular (artigo 22.º).

 Assim, a transmissão do EIRL implica a transferência para o novo titular das


próprias dívidas geradas na actividade do estabelecimento, como elementos que
são do seu passivo.

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Caso particular:

O empresário pessoa casada: responsabilidade dos bens dos cônjuges por dívidas
comerciais:

Qualquer dos cônjuges tem legitimidade para contrair dívidas sem o consentimento
do outro (artigo 1690.º, n.º 1, do Código Civil).

O artigo 1691.º enuncia quais as dívidas da responsabilidade de ambos os cônjuges,


pelas quais respondem os bens comuns do casal e, na sua falta ou insuficiência,
solidariamente, os bens próprios de ambos os cônjuges (artigo 1695.º).

O artigo 1692.º enumera os casos de dívidas da exclusiva responsabilidade do cônjuge

a que dizem respeito. Por estas dívidas respondem os bens próprios do cônjuge
devedor e, solidariamente, a sua meação nos bens comuns (artigo 1696.º, n.º 1).
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 Quando o casal se sujeita a qualquer regime de bens que não seja o da separação
serão da responsabilidade de ambos os cônjuges as dívidas contraídas por
qualquer deles no exercício do comércio (art.º 1691.º, n.º 1, alínea d), do Código
Civil).

 O legislador teve manifestamente em vista, com este regime, proteger a actividade


comercial, reforçando a garantia patrimonial dos credores comerciais, através do
alargamento dos bens que respondem pelas dívidas e, assim, dando ao cônjuge
comerciante maiores probabilidades de obter crédito.

 No entanto, as dívidas do cônjuge comerciante podem deixar de responsabilizar


ambos os cônjuges, se for feita prova de que “não foram contraídas em proveito
comum do casal”.
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 O artigo 15.º, do Código Comercial, estabelece uma presunção:

 As dívidas comerciais do cônjuge comerciante presumem-se contraídas no


exercício do seu comércio.

 O credor tem apenas que provar que a dívida é comercial e o devedor é


comerciante.

 Depois dessa prova feita, para se afastar o regime de responsabilidade dos dois
cônjuges, será necessário que algum destes faça a prova de que a dívida é alheia
à actividade comercial do cônjuge devedor. Após isso, só se o credor fizer prova
de que, apesar disso, do acto gerador da dívida resultou proveito comum do
casal é que poderá responsabilizar ambos os cônjuges, mas então sê-lo-á ao
abrigo da alínea c), e não da alínea d) do n.º 1 do art.º 1691.º, do Código Civil.

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I – C. SOCIEDADES COMERCIAIS

 De acordo com o artigo 980º, do Código Civil, o contrato de sociedade é aquele


em que duas ou mais pessoas se obrigam a contribuir com bens ou serviços para
o exercício em comum de uma actividade económica, que não seja de mera
fruição, a fim de repartirem os lucros resultantes dessa actividade.

 Por seu turno, dispõe o artigo 1º, n.º 2, do Código das Sociedades Comerciais,
que “São sociedades comerciais aquelas que tenham por objecto a prática de
actos de comércio e adoptem o tipo de sociedade em nome colectivo, por quotas,
anónima, em comandita simples ou comandita por acções.”

53
 Em resumo, a sociedade é uma entidade (com personalidade jurídica) que,
constituída por uma ou mais pessoas (singulares ou colectivas, de direito privado
ou público) através de negócio jurídico (unilateral, bilateral ou plurilateral) ou da
lei, é titular de um património próprio (originariamente resultante das
respectivas contribuições em bens ou serviços) afecto ao exercício de uma
actividade económica que não seja de mera fruição (por regra, ao exercício de
uma empresa), fincando o respectivo sócio ou sócios expostos ao risco económico
desse exercício (lucros e perdas).

  Ou seja, a sociedade comercial é uma espécie dentro do género “sociedade”, com
objecto e tipo comercial.

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Elementos do conceito geral de sociedade (artigo 980º):

i) Elemento pessoal (pluralidade de sócios): tem sido entendido como todo e qualquer
agrupamento de pessoas reunidas para a realização de um fim comum, comportando
duas espécies:

1) Associações (fim ideal – não lucrativo);

2) Sociedades (finalidade lucrativa).

Se a sociedade ficar reduzida à unipessoalidade, das duas, uma:

a) Ou o sócio remanescente é o Estado (caso em que a lei não considera haver causa de
exclusão);

b) Ou o sócio sobrante é outra pessoa, individual ou colectiva, podendo a sociedade ser


dissolvida, decorrido um ano, não automaticamente, mas apenas em sequência de um
processo administrativo - artigo 142º, nº 1, alínea a).
55
E neste caso teremos uma situação de unipessoalidade superveniente:

i) Sociedade unipessoal por quotas: artigo 270º-A e seguintes, do Código das


Sociedades Comerciais.

- Um único sócio, pessoa singular ou colectiva.

- Pessoa singular: só pode ter uma única (Pessoa colectiva: pode ter as que quiser).

- Não pode ter como sócio único, uma sociedade unipessoal por quotas.

ii) Sociedade unipessoal anónima: artigo 488º, nº 1, do Código das Sociedades


Comerciais.

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ii) Elemento patrimonial (obrigação de contribuir com bens e serviços): consiste na
obrigação de entrada, ou seja, os sócios efectuam contribuições que irão formar o património
inicial da sociedade.

▪ Bens: quaisquer bens materiais, inclusivamente direitos. Tais bens têm de ser descritos de
forma que caracterize a sua natureza e tenham um valor pecuniário apurado. É necessário
que sejam “susceptíveis de penhora”.

▪ Serviços: actividades exercidas pelos próprios sócios em proveito da empresa comum. São
denominados sócios de indústria.

Funções das contribuições ou entradas dos sócios:

a) Formam, no seu conjunto, fundo comum ou património com o qual a sociedade vai iniciar
a sua actividade;

b) Definem a proporção da participação de cada sócio na sociedade;

c) Fixam o capital social. 57


iii) Elemento finalístico

- Fim imediato ou objecto – exercício comum de certa actividade económica que não
seja de mera fruição);

iv) Elemento teleológico

- Fim mediato – repartição dos lucros resultantes dessa actividade).

58
Elementos específicos do conceito (2º):

i) Objecto comercial: consiste nos actos ou actividades que, segundo a vontade dos
sócios, a sociedade deverá praticar ou prosseguir. Actos de comércio objectivos (artigo
2º, 1ª parte, do Código Comercial e 230º);

ii) Tipo ou forma comercial:

a) A sociedade deverá revestir um dos tipos caracterizados e regulados na lei comercial


(princípio da tipicidade);

b) Exprime a obrigatoriedade de a sociedade respeitar, na sua constituição, os


requisitos formais estabelecidos na lei comercial.

59
 As sociedades são pessoas colectivas que, à semelhança das pessoas físicas, têm
personalidade jurídica, isto é, são sujeitos de direitos e obrigações. As sociedades
compram, vendem, intentam acções em Tribunal.

  Mas, porque são pessoas fictícias, não podem, como as pessoas físicas, agir, por si.

 São os seus representantes que praticam actos, que agem em nome da sociedade.

60
 Além das sociedades comerciais, outras pessoas colectivas podem ser
comerciantes.

 É o caso das EPE, dos ACE, dos AEIE e das cooperativas – quando tais pessoas
colectivas tenham objecto comercial.

61
i) ENTIDADES PÚBLICAS EMPRESARIAIS (EPEs)

 São um tipo de empresa pública que reveste a forma de pessoa colectiva de direito
público, cuja iniciativa da respectiva criação cabe ao Estado para a prossecução de
fins postos a seu cargo.

 Constitui uma forma de organização utilizada quando o Estado pretende prosseguir


certos fins de interesse público ou prestar um determinado serviço público com
maior autonomia de gestão, de um modo mais flexível e expedito. Para tanto, tais
entidades gozam de autonomia administrativa, financeira e patrimonial, não se
sujeitando às normas da contabilidade pública.

 Este modelo de entidade pública de gestão privada é adoptado no sector da saúde,


revestindo a maioria dos hospitais públicos a natureza de EPE, tendo-se estendido
também ao sector das infra-estruturas e dos transportes (Navegação Aérea de
Portugal - NAV Portugal EPE) e ao sector da cultura (Teatro Nacional D. Maria II,
TNDM II EPE). 62
ii) AGRUPAMENTOS COMPLEMENTARES DE EMPRESAS (ACEs)

 As pessoas singulares ou colectivas e as sociedades podem agrupar-se, sem


prejuízo da sua personalidade jurídica, a fim de melhorar as condições de
exercício ou de resultado das suas actividades económicas.

 As entidades assim constituídas são designadas por agrupamentos


complementares de empresas (Lei n.º 4/73, base I).

 Os ACE adquirem personalidade jurídica com a inscrição do contrato de


constituição no registo comercial (Lei n.º 4/73, base IV).

 Têm um órgão deliberativo-interno (tendo cada agrupado um voto, em regra –


artigo 7.º, do Decreto-lei n.º 430/73) e um órgão de administração (artigo 6.º, do
Decreto-lei n.º 430/73). Podem ter, e em certos casos, têm de ter, um órgão de
fiscalização (Lei n.º 4/73, base V, e artigo 8.º, n.º 2, do Decreto-lei n.º 430/73).

63
iii) AGRUPAMENTOS EUROPEUS DE INTERESSE ECONÓMICO (AEIE):

 “O objectivo do agrupamento é facilitar ou desenvolver a actividade económica dos


seus membros, melhorar ou aumentar os resultados desta actividade; não é seu
objectivo realizar lucros para si próprio.

 A sua actividade deve estar ligada à actividade económica dos seus membros e
apenas pode constituir um complemento a esta última” (artigo 3.º/1 do R (CEE)
2137/85 do Conselho, de 25-07-1985). Os membros do agrupamento podem ser de
muito variada natureza, mas o AEIE há-de ser composto por pelo menos dois
sujeitos que tenham a administração central ou exerçam a actividade principal em
EM’s diferentes (artigo 4.º, n.ºs 1 e 2).

 Órgãos necessários do agrupamento são o colégio dos membros e a gerência (artigo


16.º, n.º 1).

 Em regra, cada membro dispõe de um voto (artigo 17.º, n.º 1). 64


iv) COOPERATIVAS

 As cooperativas são pessoas colectivas autónomas, de livre constituição, de


capital e composição variáveis, que, através da cooperação e entreajuda dos
seus membros, com obediência aos princípios cooperativos, visam, sem fins
lucrativos, a satisfação das necessidades e aspirações económicas, sociais ou
culturais daqueles.

65
TIPOS DE SOCIEDADES COMERCIAIS NO CÓDIGO DAS
SOCIEDADES COMERCIAIS

1) Sociedades em Nome Colectivo;

2) Sociedades por quotas;

3) Sociedades anónimas;

4) Sociedades em comandita, simples ou por acções.

66
SOCIEDADE EM NOME COLECTIVO

 Este tipo de sociedade não exige um montante mínimo obrigatório para o capital social,
visto que os sócios respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais da empresa.

 É uma sociedade de responsabilidade ilimitada em que os sócios respondem ilimitada e


subsidiariamente em relação à sociedade e solidariamente entre si perante os credores
sociais.

 O sócio para além de responder individualmente pela sua entrada, responde pelas
obrigações sociais, subsidiariamente em relação à sociedade e solidariamente com os
outros sócios, ou seja, o seu património pessoal pode ser afectado.

 As participações dos sócios denominam-se partes sociais e não podem ser emitidos
títulos que as representem.
67
 A firma pode ser composta pelo nome, completo ou abreviado, o apelido ou a
firma de todos, alguns ou, pelo menos, de um dos sócios, seguido do aditamento
obrigatório por extenso "e Companhia", abreviado e "Cia" ou qualquer outro que
indicie a existência de mais sócios, nomeadamente "e Irmãos".

 Exemplos:

- Marques & Pereira;

- Marques & Cª;

- Marques E Companhia.

68
Em resumo:

▪ Cada sócio é responsável para com a sociedade pela prestação da sua entrada;

▪ Os sócios respondem pessoal, solidária, subsidiária e ilimitadamente pelas dívidas


sociais;

▪ As participações dos sócios denominam-se partes sociais e não podem ser emitidos
títulos que as representem.

69
SOCIEDADE POR QUOTAS

 É uma sociedade de responsabilidade limitada, ou seja, apenas o património


da sociedade responde perante os credores pelas dívidas da sociedade.

 Este tipo de sociedade é composta por dois ou mais sócios, não sendo
admitidas contribuições de indústria (ou seja, o trabalho dos sócios, a sua
habilidade e os seus conhecimentos técnicos ou profissionais não são
considerados para o capital social da empresa) e a firma deve terminar pela
palavra "Limitada" ou sua abreviatura (Lda.).

 Na Sociedade por Quotas o capital social está dividido em quotas e a cada sócio
fica a pertencer uma quota correspondente à sua entrada.

70
 Os sócios são solidariamente responsáveis por todas as entradas convencionadas
no contrato social.

 Desde 2011 deixou de existir um limite mínimo para o capital social, podendo os
sócios fixar livremente o valor do capital.

 O capital social é representado por quotas, que poderão ter ou não um valor
idêntico (mas nunca inferior a € 1 cada), ou seja, na prática o capital social mínimo
nunca será inferior a € 2.

 No caso de a realização do capital social ser superior ao mínimo legal, não tem de
ser integralmente realizado no momento da constituição, podendo ser diferidas
entradas em dinheiro que não ultrapassem 50% do capital social por um período
máximo de cinco anos a contar da data da constituição da sociedade.

71
 O capital realizado em dinheiro à data da constituição deve perfazer o capital
mínimo fixado na lei e deve ser depositado em instituição de crédito, numa conta
em nome da futura sociedade.

 Só o património social responde para com os credores pelas dívidas da sociedade,


salvo acordo em contrário, sendo que nesse caso se pode estipular que um ou mais
sócios, além de responderem para com a sociedade respondem também perante
os credores sociais até determinado montante (responsabilidade que pode ser
solidária com a sociedade ou subsidiária em relação a esta e a efectivar apenas na
fase de liquidação).

72
A firma deve ser formada:

a) Com ou sem sigla, pelo nome ou firma de todos, algum ou alguns sócios, aditando-
lhes ou não expressão que dê a conhecer o objecto social;

b) Por denominação particular, aditando-lhe ou não expressão que dê a conhecer o


objecto social;

c) Pela reunião de a) e b);

d) Deve terminar sempre pela expressão "Limitada" ou pela abreviatura "Lda.".

 Exemplos:

Alves, Pereira & Freitas, Lda.

A.P.F. - Alves, Pereira & Freitas, Lda.

TexLar – Comércio de Têxteis, Lda. 73


Em resumo:

▪ O capital social não tem valor mínimo, uma vez que o seu montante é livremente
fixado no contrato de sociedade e equivale à soma dos valores das quotas subscritas
pelos sócios.

▪ Em princípio, cada sócio responde pela sua entrada.

No entanto, caso um sócio não pague a sua entrada, deverá ser excluído e os restantes
sócios terão de responder solidariamente pela entrada do excluído em dívida.

74
▪ Apenas os bens da sociedade poderão responder pelas dívidas da mesma.

▪ Os bens dos sócios não são afectados, a menos que se tenha estabelecido no
pacto social que um ou outro sócio serão responsáveis por alguma dívida.

▪ A participação de cada sócio na constituição da sociedade denomina-se por


quota, sendo os sócios denominados de quotistas, podendo este adquirir
posteriormente mais quotas.

▪ Cada quota tem de ter o valor mínimo de 1 euro.

75
SOCIEDADE EM COMANDITA

 Cada um dos sócios comanditários responde apenas pela sua entrada.

 Os sócios comanditados respondem pelas dívidas da sociedade nos termos da


sociedade em nome colectivo.

 O traço distintivo reside na circunstância de terem duas espécies de sócios, com


regimes de responsabilidade diferentes:

i) Os sócios comanditados assumem responsabilidade pelas dívidas da sociedade,


nos mesmos termos dos sócios das sociedades em nome conectivo;

ii) Os sócios comanditários não respondem por quaisquer dívidas da sociedade, à


semelhança do que acontece com os sócios das sociedades anónimas.
Respondem, apenas, pelas suas entradas. 76
 Mas dentro deste tipo de sociedades, e pelo que toca às participações sociais,
surgem-nos dois subtipos:

a) Nas sociedades em comandita simples: as participações de ambas as espécies de


sócios, comanditados e comanditários, denominam-se partes sociais; e, tal como
as participações homólogas das sociedades em como colectivo, não são
representadas por quaisquer títulos; tem com número mínimo de sócios: 2.

b) Nas sociedades em comandita por acções: as participações dos sócios


comanditados são igualmente partes sociais; mas as participações dos sócios
comanditários são acções tituladas e regidas pelos preceitos próprios do regime
das sociedades anónimas, tal como é decalcada no das Sociedades Anónimas o
seu regime organizacional. Não pode constituir-se com menos de 5 sócios
comanditários.
77
 Nas sociedades em comandita um financiador provê um empresário comercial dos
meios de que este carece para impulsionar o seu negócio. Realmente, tal fenómeno
ocorre tanto no mútuo, como na associação ou conta em participação e na
sociedade em comandita, apenas com diversificação do grau de envolvimento do
capitalista no empreendimento comercial.

 A firma é formada pelo nome ou firma de um, pelo menos, dos sócios
comanditários e o aditamento “ Em Comandita” ou “& Comandita” (para a
comandita simples) / "Em Comandita por Ações" ou "& Comandita por Ações".

 Subsidiariamente, aplica-se o regime das sociedades anónimas a este tipo de


sociedade.

78
Em resumo:

a) Têm duas espécies de sócios, com regimes de responsabilidade diferentes:

- Sócios comanditados, assumem responsabilidade pelas dívidas da sociedade (tal


como os sócios das sociedades em nome colectivo);

- Sócios comanditários, não respondem por quaisquer dívidas da sociedade (= S.A.).

b) Espécies de sociedades:

- Sociedades em comandita simples: as participações de ambas as espécies de sócios


denominam-se partes sociais. Não são representadas por quaisquer títulos.

- Sociedade em comandita por acções: as participações são igualmente partes sociais,


no caso dos sócios comanditados, mas os comanditários (pelo menos 5), são acções,
sujeitas aos preceitos respectivos das S.A..
79
SOCIEDADE ANÓNIMA

 É uma sociedade de responsabilidade limitada em que os sócios limitam a sua


responsabilidade ao valor das acções por si subscritas, pelo que os credores da
sociedade só se podem fazer pagar pelo património da sociedade.

 A sociedade é a única responsável pelas suas dívidas.

 O elemento fundamental deste tipo de sociedades é o capital, que é o titulado


por um grande número de pequenos accionistas ou por um pequeno número
de grandes accionistas com poder financeiro.

 Assim, é o tipo de sociedade adequado à realização de grandes investimentos.

80
 O capital social está dividido em acções que se caracterizam pela facilidade de
transmissão.

 O número mínimo de sócios, normalmente chamados accionistas, é cinco, não


sendo admitidos sócios de indústria. É possível constituir uma sociedade anónima
com um só sócio, desde que este seja uma sociedade (os sócios das sociedades
podem ser pessoas singulares ou pessoas colectivas, nomeadamente sociedades).

 O capital social não pode ser inferior a € 50.000 e encontra-se dividido em acções,
cujo valor nominal não pode ser inferior a um cêntimo.

  As acções têm todas o mesmo valor nominal e são representadas por títulos. Os
subscritores das acções deverão realizar, o mínimo de 30% do valor nominal das
acções.

81
 A subscrição das acções pode ser:

a) Pública: quando qualquer pessoa tem a faculdade de subscrever uma ou mais


acções para o capital social;

b) Particular: quando o capital social for subscrito apenas pelos sócios fundadores.

 As acções podem ser:

- Nominativas: transmitem-se pela declaração do seu titular escrito no título.

- Ao portador: a transmissão opera-se por mera transferência do título para


outrem.

82
A firma das sociedades anónimas:

A firma pode ser composta pelo nome (ou firma) de algum ou de todos os sócios, por
uma denominação particular ou uma reunião dos dois. Em qualquer dos casos, tem
que ser seguida do aditamento obrigatório "Sociedade Anónima" ou abreviado -
"S.A.".

 Os órgãos da sociedade anónima são:

- Assembleia geral - órgão deliberativo.

- Conselho de Administração – órgão executivo.

- Conselho Fiscal – órgão fiscalizador.

83
 A assembleia geral é convocada pelo presidente da mesa através de publicação
com antecedência de um mês.

  No caso de as acções serem todas nominativas, o contrato social pode estipular
que as convocatórias das assembleias gerais sejam feitas por carta registada.

  As deliberações da assembleia geral são tomadas por maioria de votos, salvo se o
contrato ou a lei exigir maior número de votos.

  Em regra, a cada acção corresponde um voto, mas o contrato pode estabelecer de
modo diferente.

  As deliberações da assembleia geral são reduzidas a escrito, em actas.

84
A administração e a fiscalização da sociedade anónima podem organizar-se segundo
uma de duas formas:

a) Conselho de Administração e Conselho Fiscal; ou

b) Direcção, Conselho Geral e Revisor Oficial de Contas.

 A administração é normalmente eleita pela assembleia geral e cabe-lhe gerir as


actividades da sociedade.

 Os lucros apurados no final do exercício são distribuídos pelo número de acções.
Chama-se-lhe dividendo que é o rendimento de cada acção.

85
 Cada acção detida dá direito a um voto na Assembleia Geral (constituída por todos
os accionistas e que reúne, pelo menos, uma vez por ano) e também à recepção de
um dividendo (parcela dos lucros apurados no ano anterior).

 A sociedade chama-se anónima porque estas acções (sendo títulos representativos


de participação no capital da empresa) podem mudar frequentemente de mãos e,
a cada momento, nem sempre se sabe muito bem quem é que as possui.

 A esmagadora maioria das empresas de grande dimensão assumem esta forma


jurídica.

86
VANTAGENS

É encarada pela lei como uma entidade totalmente distinta dos indivíduos a quem
pertence.

Este processo de financiamento da sociedade anónima implica normalmente que


nem os possuidores da empresa possam ser os gestores, permitindo uma certa divisão
das funções de decisão, oferta de capital e de aceitação de risco.

Para os accionistas, o aspecto mais importante de uma sociedade por acções, é a


responsabilidade limitada que esta forma jurídica lhes assegura.

A grande vantagem da sociedade anónima é a de poder atrair o dinheiro


(financiamento) de um número muito grande de indivíduos (mesmo pessoas de
recursos medianos ou mesmo pequenos). 87
DESVANTAGENS

• Do ponto de vista do investidor:

1 - A sociedade anónima, muito embora seja uma forma alternativa de aplicação


de poupanças, pode ter as suas desvantagens. Uma delas é a influência do
accionista individual sobre a gestão da empresa ser normalmente pequena.

2 - Tributação dos rendimentos da actividade empresarial. A empresa paga


impostos sobre os lucros que obtém (IRC), tal como os accionistas pagam imposto
sobre os dividendos que recebem (IRS).

88
Em resumo:

▪ O capital terá, no mínimo, o valor de 50 mil euros.

▪ Cada sócio responde individual e exclusivamente para com a sociedade pelo valor da
sua entrada (acções que subscreveu);

▪ Só a sociedade é responsável, com o seu património, perante os seus credores, pelas


suas dívidas;

▪ As participações são formadas por acções, que constituem fracções iguais no capital
social, ou com o mesmo valor nominal, livremente transmissíveis. Sócios denominam-
se de accionistas.

89
SOCIEDADE UNIPESSOAL

 É constituída por um único sócio, pessoa singular ou colectiva, que é o titular da


totalidade do capital social, sendo seu mínimo de €. 1.

 Apenas o património social responde pelas dívidas da sociedade.

 A sociedade unipessoal por quotas pode resultar de:

a) Concentração do capital de uma sociedade por quotas num único sócio;

b) Transformação de um estabelecimento individual de responsabilidade


limitada;

c) Constituição de raiz de uma sociedade unipessoal por quotas.

90
 A firma, para além das regras relativas às Sociedades por Quotas, deve-se ter em
conta o seguinte: antes da expressão "Limitada" ou da abreviatura "Lda." deve
constar a expressão "Sociedade Unipessoal" ou "Unipessoal".

  Uma pessoa singular só pode ser sócia de uma única sociedade unipessoal por
quotas.

 Uma sociedade por quotas não pode ter como sócio único outra sociedade
unipessoal por quotas.

  Exemplos:

- João José Freitas, Unipessoal, Lda.;

- J.J.F. – João José Freitas, Comércio de Automóveis, Sociedade Unipessoal, Lda.;

- Jocas – Comércio de Automóveis, Unipessoal.


91
SOCIEDADES CIVIS

 Além de sociedades comerciais, existem Sociedades civis: aquelas que não têm
por fim a prática de actos do comércio, nem adoptaram um dos tipos previstos
na lei comercial.

 Exemplos: Associações, Órgãos de defesa do consumidor, grupos ambientalistas.

92
Distingue-se entre sociedades civis sob a forma comercial e sociedades civis simples:

a)Sociedades civis sob forma comercial: caracterizam-se pela circunstância de não


terem por objecto a prática de actos de comércio nem o exercício de quaisquer
actividades previstas no Código Comercial.

No entanto, a lei comercial portuguesa admite a possibilidade dessas sociedades civis
adoptarem as formas comerciais para efeito de estruturação das quatro formas que
pode revestir a sociedade comercial.

Neste caso, passam a chamar-se sociedades civis sob forma comercial e ficam,
sujeitas às disposições do Código das Sociedades Comerciais. No entanto, não ficam
sujeitas a um conjunto de obrigações específicas das sociedades comerciais. São
pessoas colectivas com personalidade jurídica.
93
a) Sociedades civis simples: são aquelas que não têm por objecto a prática de actos
comerciais e estão sujeitas ao regime do Código Civil.

• Estas sociedades civis simples, distinguem-se das sociedades civis sob forma
comercial, dada a forma que revestem, que está relacionada com a sua organização
formal.

 Encontram-se subordinadas ao regime da lei civil (Código Civil).

No que toca à responsabilidade dos sócios, segue-se o modelo de responsabilidade


dos sócios das sociedades em nome colectivo. Para além da responsabilidade dos
bens de entrada, existe responsabilidade pessoal e solidaria pelas dívidas sociais.

94
Classificações dos tipos de sociedades

1) Sociedades de responsabilidade limitada:

- Sociedades Anónimas;

- Sociedades por quotas

2) Sociedades de responsabilidade ilimitada:

- Sociedades em nome colectivo.

3) Sociedades de pessoas:

- Sociedades em nome colectivo;

- Sociedades em comandita simples

95
4) Sociedades de capitais:

- Sociedades por quotas;

- Sociedades Anónimas;

- Sociedades em comandita por acções.

Responsabilidade (i)limitada:

É relativo, não ao regime da responsabilidade da própria sociedade, dado que essa é


sempre ilimitada, mas sim ao regime da responsabilidade dos seus sócios.

» Sociedades em nome colectivo: os sócios vão responder com todo o seu


património.

96
» Sociedades Anónimas / Sociedades por quotas: não respondem, mas sim pelas
entradas para o fundo social.

» Sociedades em Comandita: o seu cariz misto coloca-as fora desta distinção.

Sociedades de capitais:

Nestas, tem relevo predominante o valor do capital que a sociedade tem e a


proporção que a participação de cada sócio nele representa.

A entrada e saída dos sócios depende apenas da alienação das suas participações,
sem ser necessário a concordância dos demais.

97
- Sociedades Anónimas: são o caso mais expressivo, uma vez que apenas releva a
fracção do capital social que a participação de cada sócio representa.

- Sociedades por quotas: são sociedades de pessoas ou de capitais?

O modelo legal aponta para uma extrema relevância do elemento capital, conquanto
que, em diversos aspectos, a pessoa dos sócios também assume relevo expressivo.

- Sociedades em comandita por acções: são de pessoas, quanto aos sócios


comanditados, mas decapitais, relativamente aos sócios comanditários.

98
 Forma Jurídica da Empresa Capital mínimo de constituição
 Sociedade Anónima………………………….. € 50.000
 Sociedade por quotas………………………… €1
 Sociedade em nome colectivo……………..€
 Sociedade em comandita…………………… €
 Sociedade unipessoal por quotas………..€ 1

99
O REGISTO COMERCIAL

 O registo comercial é o instituto onde são inscritos os factos e as


situações jurídico-mercantis relevantes.

 O registo comercial permite tornar públicos os actos e os factos que


estabelecem a situação jurídica de empresas, de sociedades e de outras
entidades ou comerciantes individuais.

 Os sujeitos de Direito Comercial têm o dever de se inscrever no registo


comercial.

 Estado tem a obrigação de declaração da constituição das suas empresas.


100
 Através do registo comercial, podem ser registados vários acontecimentos, desde

a constituição de uma entidade até à sua extinção.

 No século XXI o registo comercial passou a poder ser promovido por recurso a

meios electrónicos e não apenas por apresentação pessoal junto da Conservatória

territorialmente competente para o efeito.

 A inscrição é feita junto de qualquer Conservatória ou por via electrónica,

cabendo aleatoriamente a uma das Conservatórias existentes o dever de

promover a inscrição na Conservatória competente.

101
 O registo comercial online permite usar o serviço através da internet. Em
alternativa, os actos de registo comercial podem ser efectuados presencialmente.

 Depois do registo, são produzidos documentos que comprovam esse mesmo


registo.

 Uma empresa, sucursal, associação ou outra entidade colectiva só existe


legalmente depois de registada.

 Os actos registados são objecto de certificação por certidão do registo comercial,


que pode ser obtida online com base numa senha de acesso.

102
 Os actos registados são objecto de certificação por certidão do registo
comercial, que pode ser obtida online com base numa senha de acesso.

103
CRIAÇÃO DE EMPRESAS

 A criação de uma empresa, especialmente de matriz societário, deve obedecer


a uma conjunto de formalidades e etapas impostas por lei, para que seja
validamente constituída e não enferme de qualquer vício impeditivo do seu
registo comercial ou susceptível de sanção aplicada por entidade competente
para o licenciamento da instalação ou para a fiscalização das condições da sua
laboração e actividade.

104
 O processo de criação de uma empresa tem vindo a evoluir gradualmente no

sentido de melhor poder satisfazer todos os cidadãos e empresários.

 Existem actualmente três formas distintas para a criação de uma empresa:

 Criação da empresa “Método Tradicional”;

 Criação da empresa online;

 Criação da empresa na hora.

105
Fonte Portal da empresa
EMPRESA “CONSTITUÍDA DE FORMA TRADICIONAL”

 A criação da empresa por este método implica uma série de passos, em


diferentes entidades e em distintos momentos, como sendo, o pedido do
certificado de admissibilidade, o depósito do capital social da empresa, a
preparação do acto ou pacto constitutivo de sociedade, a entrega da
declaração de início de actividade, o registo comercial e a inscrição na
Segurança Social.

106
 O Método Tradicional de criação de uma empresa tem vindo a sofrer algumas
alterações, sendo que parte das etapas que careciam de deslocação presencial a
determinados balcões passaram a poder ser feitas através da Internet.

 No entanto, qualquer pessoa pode optar pela criação da sua empresa seguindo o
método tradicional.

 Este método conta com a vantagem do contacto pessoal e facilidade no


esclarecimento de dúvidas.

107
I - Primeiro Passo:

 Certificado de Admissibilidade;

 O pedido de Certificado de Admissibilidade pode ser feito pela Internet


através do site da Empresa Online ou no Instituto dos Registos e do
Notariado (IRN), presencialmente no Registo Nacional de Pessoas
Colectivas (RNPC);

 Registo na Conservatória do RNPC (Registo Nacional de Pessoas Colectivas).

108
II - Segundo Passo
 Cartão da Empresa e o Cartão de Pessoa Colectiva
 O Cartão da Empresa e o Cartão de Pessoa Colectiva são emitidos para
entidades definitivamente registadas ou inscritas, é sempre disponibilizado
em suporte electrónico e também pode ser disponibilizado em suporte físico,
a pedido dos interessados.
 Trata-se de um documento de identificação múltipla de pessoas colectivas e
entidades equiparadas que contém o Número de Identificação de Pessoa
Colectiva (NIPC) que, à excepção dos comerciantes/empresários individuais e
estabelecimentos individuais de responsabilidade limitada, corresponde ao
Número de Identificação Fiscal e o Número de Inscrição na Segurança Social
(NISS), no caso de entidades a ela sujeitas.

109
 O cartão contém ainda o CAE principal e até 3 CAE’s secundárias, a
natureza jurídica da entidade e data da sua constituição. No verso do
cartão físico é também mencionado o código de acesso à certidão
permanente disponibilizada com a submissão da IES.

 O Cartão da Empresa ou de Pessoa Colectiva pode ser pedido pela Internet,


nos sites da Empresa Online e do Instituto dos Registos e do Notariado, ou
presencialmente no RNPC, nas Conservatórias do Registo Comercial, nos
Postos de Atendimento dos Registos e nos Postos de Atendimento do
registo Comercial da Loja da Empresa.

110
III - Terceiro Passo:

 Depósito do Capital Social da Empresa

 O capital da sociedade deve ser depositado em instituições de crédito numa


conta aberta em nome da futura sociedade ou, relativamente às sociedades
por quotas ou unipessoais por quotas, proceder à sua entrega nos cofres da
sociedade até ao final do primeiro exercício económico.

111
IV – Quarto Passo:

 Pacto ou Acto Constitutivo de Sociedade

- Tendo cumprido todos os passos anteriores, é já possível efectuar o pacto ou


acto constitutivo de sociedade.

- A documentação a apresentar perante a entidade tituladora é a seguinte:

 Certificado de Admissibilidade;

 Documento comprovativo de que o depósito do capital social foi efectuado


ou declaração dos sócios de que procederam ao depósito;

 Documentos de identificação de todos os sócios;

 Outros documentos que se revelem necessários.

112
V – Quinto Passo
 Declaração de Início de Actividade

 No prazo de 15 dias após a apresentação do registo deve ser apresentada


a declaração de início de actividade num Serviço de Finanças.

 Com esta declaração pretende-se a regularização da situação da empresa,


a fim de dar cumprimento às suas obrigações de natureza fiscal.

113
VI – Sexto Passo

 Registo Comercial

- Para efectuar o registo da empresa é necessário promover o registo junto de


uma Conservatória de Registo Comercial e levar consigo:

 Fotocópia autenticada da escritura;

 Certificado de Admissibilidade;

 Autorizações administrativas exigíveis para a constituição;

 Relatório de revisor oficial de contas, relativo à avaliação das entradas


em espécie, se as houver.

 A conservatória promove oficiosamente a publicação do registo na Internet e


comunica o acto ao RNPC para efeitos de inscrição no Ficheiro Central de Pessoas
114
Colectivas.
VII - Sétimo Passo:

 Inscrição na Segurança Social

 A inscrição das entidades empregadoras na Segurança Social é um acto


administrativo, mediante o qual se efectiva a vinculação ao Sistema de
Solidariedade e Segurança Social, atribuindo-lhes a qualidade de
contribuintes.

115
EMPRESA ONLINE

 O serviço Empresa Online permite criar através da internet

sociedades:

 Por quotas

 Unipessoais por quotas

 Anónimas.

116
QUEM PODE CRIAR EMPRESA ONLINE

 Uma empresa pode ser criada por:

 Cidadãos com Cartão de Cidadão, se todos os sócios tiverem Cartão de


Cidadão com assinatura digital activada;

 Advogados;

 Notários;

 Solicitadores.

117
COMO CRIAR

 Para criar uma empresa através do serviço Empresa Online, é preciso:


 Aceder ao serviço
 Autenticar-se com o Cartão de Cidadão ou Chave Móvel Digital, se for um
cidadão;
 Autenticar-se com um certificado digital, se for advogado, solicitador ou
notário.

118
QUANTO CUSTA

Serviço Custo

com um modelo de pacto


€ 220
social pré-aprovado

com pacto social elaborado


€ 360
pelos criadores da empresa
Criar Empresa Online
com uma marca associada
com uma classe de produtos € 100
ou serviços

por cada classe adicional € 44

119
EMPRESA NA HORA

Todo o processo de constituição de uma sociedade comercial ou sociedade civil sob

a forma comercial pode ser feito num único balcão, num único momento. Este

serviço permite criar sociedades comerciais:

 Por quotas;

 Unipessoais por quotas;

 Anónimas.

Nota: não podem ser criadas nestes balcões sociedades anónimas europeias.

120
Fonte: https://justica.gov.pt/Servicos/Empresa-na-Hora
 O serviço Empresa na Hora é uma iniciativa do Estado português com o objectivo de simplificar

a burocratização no processo de criação de uma empresa e constituição do negócio.

 Com esta iniciativa, qualquer pessoa pode dar início ao processo de criação e registo de uma

sociedade empresarial sob a forma civil e comercial, unipessoal, por quotas ou sociedade

anónima, de uma maneira fácil, rápida e eficaz em qualquer balcão em Portugal, que

disponibilize este tipo de serviço.

 Este serviço possui mais de 200 postos de atendimento em todo o país, possibilitando a

qualquer cidadão que pretenda ter o seu negócio próprio a iniciação do registo em qualquer

zona de Portugal, sem grandes perdas de tempo.

121
QUEM PODE CRIAR

 Qualquer pessoa ou entidade colectiva pode usar o serviço


Empresa na Hora.

122
COMO PODE CRIAR

O interessado deve dirigir-se a um balcão do serviço Empresa na Hora.

Para criar uma empresa com o serviço Empresa na Hora, é preciso:

 Escolher uma firma da lista pré-aprovada na internet ou da lista no


balcão Empresa na Hora, ou apresentar um certificado de
admissibilidade que já tenha sido aprovado pelo Registo Nacional de
Pessoas Colectivas;

 Escolher um dos modelos de pactos pré-aprovados;

123
 Indicar um Técnico Oficial de Contas (TOC), escolher um da Bolsa de
TOCs disponibilizada ou entregar a declaração de início de actividade em
qualquer serviço de Finanças (até 15 dias depois da criação da empresa);

 Que os sócios da empresa tenham depositado o valor do capital social da


empresa ou declarem que o valor será depositado em dinheiro ou
entregue nos cofres da sociedade.

124
Se os sócios forem pessoas singulares, precisam de:

 Apresentar um documento de identificação (Cartão de Cidadão, Bilhete de


Identidade, passaporte ou autorização de residência);

 Indicar os seus números de identificação fiscal (NIF).

Se os sócios forem entidades colectivas, é preciso apresentar:

 O Cartão de Identificação de Pessoa Colectiva ou o código de acesso ao


Cartão Electrónico;

 A acta de deliberação da Assembleia-Geral atribuindo aos representantes


legais poder para criar a associação.

125
 Os documentos de identificação dos representantes legais da empresa que
se quer criar (Cartão de Cidadão, Bilhete de Identidade, passaporte ou
autorização de residência)

 A certidão da escritura ou o documento de constituição ou pacto social


actualizado das entidades colectivas.

 Todos os sócios da empresa a criar têm de estar presentes na altura do pedido


de criação da entidade.

126
 No balcão Empresa na Hora vai ser feito o pacto da sociedade e o registo
comercial.

 Vai receber o pacto social, o código de acesso à certidão permanente


comercial, o código de acesso ao Cartão da Empresa/Pessoa Coletiva e o
número de Segurança Social da empresa.

 Depois, os sócios vão ter de depositar o capital social numa conta bancária em
nome da sociedade até cinco dias úteis depois do registo. Em alternativa, os
sócios podem entregar o capital social nos cofres da sociedade até ao final do
primeiro exercício económico (normalmente, até ao final do ano).

 Pode pedir o Registo Central do Beneficiário Efetivo (RCBE) 30 dias depois do


registo.

127
QUANTO CUSTA

 O custo de criar uma Empresa na Hora varia em função dos


elementos que decidir adicionar ao pedido de criação da entidade
colectiva.

128
Serviço Custo
pedido standard € 360
com marca associada
com uma classe de € 200
produtos ou serviços

por cada classe adicional € 44

se o capital social for


realizado por entradas
 
noutros bens que não
Criar Empresa na Hora dinheiro

por cada imóvel, quota


€ 50
ou participação social 
por cada bem móvel € 30
por cada ciclomotor,
motociclo, triciclo ou
quadriciclo com
€ 20
cilindrada não superior a
50 cm3 (até ao máximo
de 30.000 euros)
129
ONDE CRIAR

 Para criar uma Empresa na Hora, os sócios da empresa que se quer criar
podem dirigir-se a qualquer balcão do serviço Empresa na Hora,
independentemente da localização da sede da futura sociedade.

130
QUE OUTRO TIPO
DE DESPESAS
DEVE-SE TER EM
CONSIDERAÇÃO
AO ABRIR UMA
EMPRESA?

13
1
As despesas adicionais à criação de uma empresa mais comuns são:

 TOC e Advogado: Todas as sociedades são obrigadas a ter um Técnico Oficial de


Contas e um software de facturação que seja certificado pela Autoridade
Tributária.

 No que diz respeito ao advogado, os serviços são mais requisitados em alguns


negócios do que em outros.

 Sede da empresa e instalações do negócio: A menos que o seu capital seja


muito elevado, o mais comum no início de um negócio é arrendar o local onde
vão ser as instalações e a respectiva sede da empresa. Nesta área poderá existir
a necessidade de pagar a caução, a renda, e equipar o local para que este
funcione correctamente, e seja atractivo para os clientes.

132
• Fornecedores: Em muitos negócios, os fornecedores representam uma
despesa muito elevada.

• Serviços: num negócio existem serviços indispensáveis que têm que ser pagos
mensalmente. Destes serviços fazem parte a eletricidade, água, telefone,
internet e o gás; a estes acrescem os seguros, as despesas com a segurança e
viaturas, caso seja necessárias.

• Trabalhadores: Os trabalhadores representam um peso financeiro elevado nas


despesas de uma empresa, nomeadamente em termos de ordenados,
subsídios, os descontos para a segurança social, seguros, entre outras
despesas.

133
 Impostos:

 IRC: Quando abre uma empresa através de uma sociedade esta é taxada através do
Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas, IRC. Este imposto é aplicado
sobre os lucros da sua empresa, e representa uma taxa de 21%. As PME´s contam
com o benefício de uma taxa de 17% nos primeiros 15 mil euros de lucro. Só quando
esse valor é ultrapassado é que a taxa de 21% é aplicada.

 IVA: As taxas de IVA podem variar entre os 6%, 13% e os 23% em Portugal,
dependendo dos bens ou serviços prestados pelo seu negócio. No entanto as
empresas suportam IVA e liquidam o mesmo. A diferença entre ambos é comunicada
à AT mensalmente ou de três em três meses.

134
 TSU: Taxa Social Única é a contribuição que é paga à Segurança Social por
cada trabalhador que uma empresa tem. Actualmente a TSU representa
uma taxa de 23,75% sobre o salário de cada trabalhador.

 Derrama Municipal: Este é um imposto que será pago ao município onde


esta sediada a empresa. A derrama municipal é aplicada sobre os lucros da
empresa, e não pode exceder 1,5%. O valor pode variar de cidade para
cidade.

 Para além destes quatro impostos, caso existam transmissões de imóveis


na sua sociedade poderá ter que pagar o IMT, Imposto Municipal sobre as
Transmissões Onerosas de Imóveis. Caso o seu negócio tenha lucros
superiores a 1,5 milhões de euros, terá que pagar um imposto designado
de derrama estadual, que poderá chegar aos 9%.
135
CONTRATOS COMERCIAIS

136
CONTRATOS COMERCIAIS MAIS USUAIS

 Podemos definir contrato como acordo vinculativo assente sobre duas ou


mais declarações de vontade substancialmente distintas que visam
estabelecer uma regulamentação unitária de interesses contraditórios,
mas harmónicos entre si.

  O contrato é uma das fontes das obrigações. Mais do que uma das fontes
possíveis das obrigações, o contrato, como negócio jurídico bilateral que é,
pode considerar-se a fonte natural das relações de crédito.

 As relações de crédito são constituídas por um credor e por um devedor, é


por vontade de ambos (através do acordo contratual) que o vínculo, em
princípio há-de ser constituído.
137
Um dos princípios fundamentais do regime dos contratos, expresso no Código Civil, é o
princípio da liberdade contratual.

Este princípio comporta:

a) Liberdade de contratar: consiste na faculdade reconhecida às pessoas de


criarem livremente entre si acordos destinados a regular os seus interesses
recíprocos.

Mas, uma vez concluído o acordo, é negada a cada uma das partes a possibilidade
de unilateralmente se afastar desse acordo.

b) Liberdade de fixar o conteúdo dos contratos: consiste na possibilidade de as


partes celebrarem qualquer contrato tipificado na lei, de acrescentar a qualquer
destes contratos as cláusulas que melhor lhes convierem ou, ainda de realizar
contratos distintos dos que a lei prevê e regula.
138
 Quer a liberdade de contratar quer a liberdade de fixar o conteúdo dos contratos
comportam limites.

- Há situações em que as pessoas, quer tenham vontade, quer não tenham, são
obrigadas a contratar (exemplo, o seguro automóvel).

- No que se refere ao conteúdo dos contratos, a liberdade de o fixar tem, desde


logo, os limites da lei (não podem estabelecer-se cláusulas contrárias à lei).

  Do contrato nascem direitos e deveres para os contraentes.

  Um contrato para ser válido tem de conter elementos essenciais:

a) As partes hão-de ter capacidade;

b) Hão-de querer realizar o contrato; e

c) O objecto há-de ser física e legalmente possível.


139
 Existem alguns contratos que, para além destes elementos, têm de adoptar uma
forma especial para serem válidos.

  Os contratos devem ser pontualmente cumpridos. Se o não forem, quem deixa de
cumprir torna-se responsável pelo prejuízo causado à outra parte.

  Não cumprindo o devedor, o seu património responde perante o credor, como


atrás se referiu. Por isso se diz que o património do devedor constitui uma garantia
geral.

  Os contratos estão regulados no Código Civil e alguns deles são tipificados.

  Muitos destes contratos civis são considerados também comerciais, verificadas


certas circunstâncias.

140
I - CONTRATO DE COMPRA E VENDA

 Em termos gerais, a compra e venda é o contrato pelo qual um dos contraentes


(vendedor) transmite a propriedade de um bem ou de um direito para o outro
contraente (comprador), mediante um preço convencionado.

  A compra e venda tem natureza comercial quando uma das partes – vendedor –
transfere para outra – comprador – mediante preço convencionado, a
propriedade de qualquer coisa que o comprador destine a revenda ou aluguer, ou
que o vendedor tenha adquirido com o fim de revender.

141
 Quanto a natureza dos contratos compra e venda, pode-se dizer que os contratos
podem ser de:

a) Natureza Comercial

b) Natureza Civil

  São considerados de natureza comercial:

1) As compras de coisas móveis para revender, em bruto ou trabalhadas, ou


simplesmente para alugar;

2) As compras, para revenda, de fundos públicos ou de quaisquer títulos de


crédito negociáveis;

142
3) A venda de coisas móveis, em bruto ou trabalhadas, e as de fundos
públicos e de quaisquer títulos de crédito negociáveis, quando a aquisição
houvesse sido feita no intuito de as revender;

4) As compras e revendas de bens imóveis ou de direitos a eles inerentes,


quando aquelas, para estas, houverem sido feitas;

5) As compras e vendas de partes ou de acções de sociedades comerciais.

143
 São considerados de natureza civil (não comercial):

1) As compras de quaisquer coisas móveis destinadas ao uso ou consumo do


comprador ou da sua família e as revendas que porventura desses objetos se
venham a fazer;

2) As vendas que o proprietário ou explorador rural faça dos produtos de


propriedade sua ou por ele explorada e dos géneros em que lhe houverem sido
pagas quaisquer rendas;

3) As compras que os artistas, industriais, mestres e ofícios mecânicos que


exercerem directamente a sua arte, indústria ou ofício fizerem de objectos para
transformarem ou aperfeiçoarem nos seus estabelecimentos e as vendas de tais
objectos que fizerem depois de assim transformados ou aperfeiçoados;

4) As compras e vendas de animais feitas pelos criadores. 144


 O contrato referido percorre habitualmente quatro etapas essenciais, cada uma
com características próprias.

a) Encomenda - Fase em que se expressa a intenção de compra por parte do


comprador.

b) Entrega - Fase em que se processa o envio das mercadorias pelo vendedor.

c) Liquidação - Fase do apuramento e fixação dos preços a pagar pelo comprador.

d) Pagamento - Fase referente ao cumprimento da obrigação por parte do


comprador, mediante a entrega total ou parcial da importância atribuída à sua
compra.

145
 É usual os contratos mencionarem os seguintes elementos, úteis para o
processamento do controlo administrativo:

1) Os elementos de identificação do fornecedor/cliente;

2) O objecto do contrato, suficientemente especificado;

3) O prazo durante o qual se realizará o fornecimento dos bens ou as prestações


de serviços, com indicação das respectivas datas de início e termo;

4) As garantias financeiras oferecidas à execução do contrato;

5) A forma, os prazos e demais aspectos respeitantes ao regime de pagamentos.

146
II - CONTRATO DE LOCAÇÃO

 «Locação é o contrato pelo qual uma das partes se obriga a proporcionar à


outra o gozo temporário de uma coisa, mediante retribuição».

 Se a coisa for móvel, a locação toma o nome de aluguer. Se a coisa for imóvel, a
locação diz-se arrendamento.

 Quando uma pessoa compra uma coisa com o objectivo de alugar o seu uso, o
aluguer terá a natureza de comercial.

 O arrendamento urbano está regulado no Código Civil e num diploma legal que
aprovou o Regime do Arrendamento Urbano.

147
 O arrendamento para comércio, indústria ou profissão liberal tem regras diferentes
das do arrendamento para habitação:

a) O arrendatário pode transmitir a sua posição no arrendamento, sem que o


senhorio tenha de dar autorização, no caso de trespasse de estabelecimento
comercial. O senhorio tem, no entanto, direito de preferência, no trespasse.

b) O trespasse de estabelecimento comercial consiste na transferência de um


estabelecimento comercial ou industrial e abrange, normalmente, todos os
elementos que o compõem.

148
 Contrato de locação financeira (leasing)

 A empresa X quer comprar três automóveis. Não podendo dispor, desde logo, do
valor necessário, celebra um contrato de leasing, isto é, adquire o uso dos
automóveis, mediante o pagamento de uma prestação mensal, podendo, no final
do período, adquirir a propriedade dos automóveis.

  O contrato de locação financeira ou leasing é o contrato pelo qual alguém cede a


outrem o gozo de uma coisa mediante o pagamento de uma retribuição a pagar
periodicamente, e ao fim de determinado período, aquele a quem foi dado o gozo
da coisa tem a faculdade de a comprar pelo valor residual.

149
 Isto é, a locação financeira é um contrato a médio ou a longo prazo dirigido a
«financiar» alguém, não através da prestação de uma quantia em dinheiro, mas
através do uso de um bem. Está-lhe subjacente a intenção de proporcionar ao
«locatário» não tanto a propriedade de determinados bens, mas a sua posse e
utilização para certos fins.

  No processo constitutivo da locação financeira surgem normalmente três sujeitos:

a) O produtor ou fornecedor do bem;

b) O locador (sociedade de locação financeira); e

c) O locatário.

150
 Razão por que há que distinguir três relações:

a) A relação «locador-locatário»;

b) A relação «locatário-fornecedor ou fabricante do bem»;

c) A relação locador-fornecedor ou fabricante do bem».

 A relação «locador-locatário» consubstancia o contrato de locação financeira.

 Nesta relação encontram-se integrados os direitos e deveres caracterizantes do


contrato:

i) A obrigação do locador ceder o bem ao locatário para seu uso e o direito


correspectivo do locatário;

ii) O dever do locatário de pagar a renda e o correlativo direito do locador;

iii) O direito do locatário comprar a coisa no fim do contrato.


151
 O «leasing» financeiro que, no essencial, corresponde à operação de locação
financeira contemplada na nossa legislação, tem as seguintes características
fundamentais:

a) O locador é uma instituição, financeira especializada em «leasing» (no presente


caso, uma «sociedade de locação financeira»);

b) O material é escolhido pelo locatário-utilizador;

c) A relação jurídica entre o locatário-utilizador e a sociedade de locação


financeira, no que diz respeito à aquisição do material encomendado, representa
um contrato de mandato para compra do bem, ainda que celebrado de forma
tácita;

d) A sociedade locadora mantém o direito de propriedade sobre os bens locados


durante o prazo do contrato; 152
e) Em termos gerais, o locatário-utilizador pode usar e fruir livremente os bens
locados;

f) A renda a pagar, dentro da vigência do contrato, deve permitir: a amortização


do bem locado; a cobertura dos encargos; o lucro da sociedade de locação
financeira;

g) O risco de perecimento ou deterioração dos bens locados corre por conta do


locatário;

h) Quanto ao seu objecto, a locação financeira pode ser mobiliária ou imobiliária;

153
i) As despesas de transporte, seguro, montagem e reparação da coisa locada
correm por conta do locatário/utilizador;

j) Findo o contrato de locação financeira, o locatário-utilizador goza da opção de


adquirir os bens locados por um preço residual, ou restituir os bens à sociedade
de locação financeira, podendo também as partes acordar a celebração de nova
locação financeira sobre os mesmos bens.

154
III - CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

 É o contrato pelo qual uma das partes se obriga a proporcionar à outra certo
resultado do seu trabalho intelectual ou manual, com ou sem retribuição.

  Modalidades de Contrato de Prestação de Serviços

1) Contrato de Mandato: é o contrato pelo qual uma das partes se obriga a


praticar um ou mais actos jurídicos por conta de outra.

155
 Nesta modalidade a empresa, mandante, incumbe outrem, mandatário, de
praticar um ou mais actos jurídicos por conta daquela, ou seja, no seu
interesse, retribuindo este de acordo com o combinado entre ambos,
quando o mandatário não o faça gratuitamente.

 Para tanto a empresa poderá conferir ao mandatário poderes de


representação (mandato com representação) através de procuração (acto
pelo qual alguém atribui a outrem, voluntariamente, poderes
representativos).

156
2) Contrato de Empreitada: é o contrato pelo qual uma das partes se obriga
em relação à outra a realizar certa obra, mediante um preço.

 Trata-se de um contrato cujo objecto consiste num produto ou


resultado e não uma actividade ou disponibilidade da força de trabalho.

 Da definição deste tipo de contrato inferem-se três elementos:

1) Os sujeitos;

2) A realização de uma obra; e

3) O pagamento do preço.

157
 É um contrato:

a) Sinalagmático na medida em que dele emergem obrigações recíprocas e


interdependentes;

b) É um contrato oneroso, porque o esforço económico é suportado pelas duas


partes e há vantagens correlativas para ambas; e

c) É cumulativo, porque as vantagens patrimoniais que dele emergem são


conhecidas, para ambas as partes, no momento da celebração;

d) Trata-se de um contrato consensual, na medida em que, ao não cair sob a


estatuição de nenhuma norma cominadora de forma especial, a validade das
declarações negociais depende do mero consenso (artigo 219.º, do Código
Civil).

158
 Do contrato de empreitada resultam vários direitos e deveres para ambas as partes.

 Naquilo que lhe é mais essencial e com interesse na economia deste aresto, o dono
da obra tem o direito de obter o resultado acordado e o dever de pagar o preço, ao
passo que o empreiteiro tem os correlativos dever de realizar a obra acordada e
direito de receber o preço estipulado.

159
3) Mandato Comercial: é o contrato pelo qual uma pessoa se encarrega de praticar
um ou mais actos de comércio por mandato de outrem (artigo 231.º, do Código
Comercial).

O mandato comercial, embora contenha poderes gerais, só pode autorizar


actos não mercantis por declaração expressa.

O mandatário comercial é aquele que pratica uma massa de actos mercantis,


fazendo disso sua profissão, mas actuando em nome, por conta e no interesse
do mandante, que é o comerciante.

160
 Os actos e negócios em que intervém o mandatário são de natureza comercial, ou
seja, a sua comercialidade provém do facto de se ajustarem a um tipo de actos
previstos pela lei comercial e não da qualidade de comerciante de quem os pratica.

 São mandatários comerciais o gerente, o auxiliar do comerciante, o caixeiro do


estabelecimento e o caixeiro-viajante.

 Para além destes tipos de mandatários, que trabalham por conta e nome do
mandante e cuja situação jurídico-comercial pode ser absorvida por um contrato
individual de trabalho, outros existem que agem no interesse e por conta do
mandante, mas em nome próprio, como é o caso do comissionista e do
representante do comércio ou agente comercial. Esta figura encontra-se regulada
pelo Decreto-lei n.º 178/86, de 3 de Julho.

161

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