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ECONOMIA

Unidade I –ECONOMIA JURÍDICA:

I.1–Conceitos básicos

Sabe-se que a economia é dedicada a satisfazer necessidades, administrando recursos


escassos, ou seja, a atividade econômica é aquela aplicada na escolha de recursos para o
atendimento destas necessidades humanas.

Muitas vezes o fenômeno econômico dita o surgimento de uma instituição jurídica ou


vice-versa.  Se ao Direito está dada à incumbência de organizar a ordem social e se dentro da ordem
social inclui-se também a economia, podemos relacionar as relações entre Economia e o Direito,
para que haja uma sociedade mais igualitária, harmoniosa e em desenvolvimento.
A relação entre economia e direito existe desde que o homem passou a viver em sociedade.
Porém essa relação passou a ser estudada de forma sistemática, a partir do século XVIII com Adam
Smith.
Uma boa regulamentação de mercado e uma legislação clara, objetiva e simples são
fundamentais para o desenvolvimento de uma economia de mercado. Sem direitos de propriedade
bem definidos, é muito difícil a realização de trocas e, portanto, o desenvolvimento econômico.

I.2 – Fundamentos da Economia Jurídica


Pela tão estreita ligação entre economia e direito e o fato de ao direito estar dada a
incumbência de organizar a ordem social e se dentro desta inclui-se também, a economia.
A seguir veremos alguns paralelos entre áreas atuantes da economia e do direito:

Direito do trabalho

Sendo o trabalho um dos fatores de produção econômico, diga-se o principal, assim


relaciona-se economia e direito implantando normas jurídicas que protegem este que é a fonte de
produção de bens e serviços indispensáveis à economia.

Existem alguns temas que estabelecem pontos de contato entre Economia e o Direito do
Trabalho, são eles:

● Remuneração e salário, que, na economia, representam a contraprestação paga a quem exerce o


trabalho;
● Participação do trabalho nos resultados da empresa;
● Intervenção da justiça do trabalho nos reajustes salariais;
● Garantia constitucional de boas condições de trabalho.

Direito administrativo

“Direito Administrativo é o ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e
pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não
contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza
pública”.(Di Pietro, 2000, p. 52)
Relaciona-se com a economia no tocante ao conteúdo econômico da norma de Direito
Administrativo como: regulamentação da licitação para buscar o menor preço, determinações do
Banco Central em relação à política de ingresso de dólar no País, atos de criação de empresas
públicas e de sociedades de economia mista.

Direito comercial

Ramo do direito que abrange o estudo do “conjunto de normas que regulam as atividades
das pessoas naturais ou jurídicas dedicadas ao comércio”. Aqui vemos o estudo das Sociedades
Mercantis e dos Títulos de Crédito, que representam as áreas mais importantes do Direito
Comercial.

Direito civil

É um ramo do direito privado que tem por objetivo fundamental a regulamentação jurídica
da pessoa e dos direitos que lhe são próprios e na condição de sujeito de um patrimônio. A
Economia trata de uma parte dos bens de que também o Direito Civil: os chamados valores
materiais (Direitos Reais e Direitos Obrigacionais), são os mesmos bens, de que trata a ciência
econômica.

Direito constitucional

A constituição limita toda e qualquer atividade econômica exigindo-se a defesa do


consumidor, nos termos dos artigos 5º, XXXII e 170, V da Constituição Cidadã.

Os temas socioeconômicos ingressaram de maneira explícita nos textos constitucionais a


partir da Constituição Mexicana de 1917, porém no Brasil nunca foi analisado como deveria, sendo
que somente após a Lei Fundamental de 1988, promulgada a 5 de outubro, é que estudos
constitucionais passaram a emergir com maior riqueza no seio da comunidade jurídica brasileira,
mas ainda se revela como uma área carecedora de estudos.

I.3 – Princípios Básicos da Economia Jurídica


“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa,
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados
os seguintes princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto
ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e
que tenham sua sede e administração no País.
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica,
independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.”

I.4 - Os principais problemas de um sistema econômico e organização de suas atividades

A escassez de recursos e as necessidades ilimitadas

- Nossos desejos materiais são virtualmente insaciáveis e ilimitados.


- Os recursos econômicos são limitados ou escassos. Devido a estes dois fatos da vida, não
podemos ter tudo que desejamos. Portanto, enfrentamos a necessidade de fazer escolhas.

Os recursos são os insumos básicos utilizados na produção de bens e serviços. Portanto, são
também chamados com frequência de fatores de produção. Podem ser divididos em três categorias:
a terra, o trabalho e o capital.

Bens econômicos e necessidades

Um bem é tudo o que tem utilidade, podendo satisfazer uma necessidade. Tipicamente, um


bem econômico é algo tangível, em contraste com os serviços, que são intangíveis. Como tal, pode
ser comprado e vendido.

Os bens econômicos constituem recursos apropriados à satisfação das necessidades


econômicas. Permitem pelo seu emprego obter sensações de prazer, ou o afastamento de sensações
ligadas à dor. Utilidade econômica é a suscetibilidade dos bens econômicos satisfazerem
necessidades. Assim, a utilidade é a propriedade ou a especial vocação dos bens econômicos para
satisfazerem necessidades. Contudo, a noção de utilidade econômica distancia-se do sentido vulgar,
ou do sentido moral do termo, ela é comumente alheia aos efeitos úteis ou prejudiciais de um
determinado bem (do ponto de vista estritamente econômico, o que importa é que seja desejado e
tenha procura), portanto não é uma qualidade objetiva, mas um conceito basicamente subjetivo.

A utilidade correspondente a uma unidade adicional de determinado bem (utilidade


marginal) vai decrescendo à medida que o consumidor obtém mais unidades daquele bem, podendo
ser igual a 0 (zero) ou mesmo ser negativa.

- Bens Econômicos: São relativamente escassos e supõem a ocorrência de esforço humano na sua
obtenção e, por outro lado, os bens têm que se encontrar disponíveis na sua apropriação.

- Bens Livres: Quando os objetos em causa existam em quantidade e em condições tais que o
homem os possa obter sem esforço. Por exemplo, é o caso do ar da atmosfera ou da água do mar.

- Bens Imateriais ou Serviços: Frequentemente os bens econômicos não são um corpo físico, com
forma, volume e peso, porque a satisfação das necessidades foi ocasionada pelo recurso a bens
imateriais ou serviços. Caso de um projeto elaborado por um arquiteto, intervenção de um médico,
ou o trabalho feito numa oficina.

Unidade II–A MENSURAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA

As contas nacionais de um país podem ser analisadas através de diferentes óticas. Dentre
elas, duas são particularmente importantes. São as óticas da produção e do dispêndio. É escopo do
nosso estudo apenas a ótica da produção.
A Ótica da Produção

A produção de um país durante determinado período é o valor dos bens e serviços


produzidos pela sociedade ao longo desse período. A produção é, portanto, o valor de um fluxo de
bens e serviços, que podem ser agrupados em quatro grandes categorias, descritas a seguir:

- Bens e serviços de consumo (BC), que correspondem à parcela da produção diretamente destinada
à satisfação das necessidades e desejos da sociedade. Eles são, geralmente, subdivididos em
duráveis e não-duráveis, mas, em alguns casos, também se inclui um terceiro grupo, o de
semiduráveis.

- Bens e serviços de capital (BK), que correspondem à parcela da produção destinada a ampliar o
potencial produtivo da economia ou a repô-lo, em face da sua natural depreciação física.
Constituem essa categoria a construção civil e a produção de máquinas e equipamentos.

- Bens e serviços públicos (BP), que podem ser de consumo ou de capital, mas que, pelo fato de não
serem “individualizados no uso”, são classificados como uma categoria específica. Dela fazem
parte, por exemplo, a segurança nacional e pública, as praças, a iluminação das vias públicas, etc.

- Bens intermediários (BI), tratados normalmente como insumos ou matérias-primas, que são os
produtos destinados a participar da elaboração dos bens e serviços componentes das demais
categorias – de consumo, de capital ou públicos.

À soma dessas quatro categorias de produtos dá-se o nome de valor bruto da produção. Mas
ela não representa o produto do país, já que, ao incluir os bens e serviços intermediários utilizados
na produção das demais categorias, incorre em “múltipla contagem”.
Porém, parte da produção desses bens e serviços intermediários pode não ser usada na
produção das demais categorias de bens e serviços e sim exportada (XBI), devendo ser incluída no
produto, já que, nesse caso, não haverá múltipla contagem.
Além disso, é bastante provável que muitos bens e serviços de consumo, de capital e
públicos produzidos na economia contenham matérias-primas ou componentes originários de outros
países. Elas não são produto do país e sim bens e serviços intermediários importados (MBI).
O Produto Interno Bruto (PIB) do país é, portanto, o valor total da produção (independente
do seu destino) das três primeiras categorias de bens e serviços acima descritas (BC, BK e BP),
somando ao das exportações de bens e serviços intermediários (XBI) e subtraído o das importações
de bens intermediários (MBI). Ou seja:

PIB = BC + BK + XBI – MBI

Deve-se observar que nem toda a produção de bens e serviços de consumo, de capital e
públicos (BC, BK e BP) destina-se ao mercado doméstico (DBC, DBK e DBP). Parte desse produto
do país é exportada (XBC, XBK e XBP), podendo-se, portanto, escrever também:

PIB = DBC + XBC + DBK + XBK + DBP + XBP + XBI – MBI

POLÍTICAS ECONÔMICAS

A gestão da economia visa atender às necessidades de bens e serviços da sociedade e atingir


determinados objetivos sociais e macroeconômicos, como pleno emprego, distribuição de riqueza,
estabilidade de preços e crescimento econômico. Para tanto, o governo atua na economia por meio
de políticas econômicas, identificadas pela política monetária, política fiscal, política cambial e
política de rendas.

Política Monetária

Enfatiza sua atuação sobre os meios de pagamento, títulos públicos e taxas de juros,
modificando o custo e o nível de oferta do crédito. A política monetária é geralmente executada
pelo Banco Central de cada país, o qual possui poderes e competência próprios para controlar a
quantidade de moeda na economia.
O Banco Central administra a política monetária por intermédio dos seguintes instrumentos
clássicos de controle monetário:

- Recolhimentos compulsórios
Representam o percentual incidente sobre os depósitos captados pelos bancos comerciais
que devem ser colocados à disposição do Banco Central.

- Operações de mercado aberto – Open Market


Funcionam como instrumento bastante ágil da política monetária a fim de melhor regular o
fluxo monetário na economia e influenciar os níveis das taxas de juros a curto prazo.
Essas operações são fundamentadas por meio da compra e venda de títulos da dívida pública
no mercado, processadas pelo Banco Central na qualidade de agente monetário do governo.
As colocações desses títulos, quando realizadas pela primeira vez, constituem o chamado
Mercado Primário.
No Mercado Secundário verifica-se a transferência (ou renegociação) para terceiros dos
títulos adquiridos no mercado primário, no qual não ocorre a negociação direta entre o órgão
público emitente do título e os poupadores.

- Políticas de redesconto bancário e empréstimos de liquidez.

O Banco Central costuma realizar diversos empréstimos, conhecidos por empréstimos de


assistência à liquidez, às instituições financeiras, visando equilibrar suas necessidades de caixa
diante de um aumento mais acentuado de demanda por recursos de seus depositantes. A taxa de
juros cobrada pelo Banco Central nessas operações é denominada de Taxa de Redesconto.

Política Fiscal

Centraliza suas preocupações nos gastos do setor público e nos impostos cobrados da
sociedade, procurando, por meio de maior eficácia no equilíbrio entre arrecadação tributária e as
despesas governamentais, atingir determinados objetivos macroeconômicos e sociais.
O governo, ao modificar a carga tributária dos consumidores, influencia também em sua
renda disponível e, em consequência, no consumo agregado. Tendo de pagar mais impostos, por
exemplo, o consumidor é levado a reduzir seus níveis do poupança e, muito provavelmente, a
quantidade de bens e serviços que costuma adquirir. Logo, um aumento de impostos tem por
contrapartida esperada uma redução do consumo da população (demanda agregada).
Por outro lado, gastos maiores nas despesas do governo costumam promover incremento na
demanda agregada, alterando de forma positiva a renda nacional.
Ao adotar uma política de redução de impostos e aumento de suas despesas para incentivar
crescimento econômico pelo lado da demanda, os resultados dessas medidas oneram o orçamento
da União, promovendo um déficit. Esse resultado negativo é coberto pelo governo geralmente
mediante emissão de moedas ou de títulos públicos, aumentando a dívida pública.

Política Cambial

A Política Cambial está baseada na administração das taxas de câmbio, promovendo


alterações das cotações cambiais, e, de forma mais abrangente, no controle das transações
internacionais executadas por um país. É fixada de maneira a viabilizar as necessidades de expansão
da economia e promover seu desenvolvimento econômico.
Identicamente às demais políticas econômicas, a política cambial deve ser administrada,
evitando-se conflitos com outros agregados macroeconômicos. Por exemplo, uma forte expansão
das exportações pode promover, pela conversão de divisas em moeda nacional, um crescimento
acentuado da base monetária, gerando pressões inflacionárias na economia e prejudicando o
controle dos juros.
A principal característica do comércio internacional reside na utilização de diferentes
moedas, representativas das economias envolvidas nas operações. Gera-se, com isso, uma
necessidade de estabelecer a conversibilidade de moeda em outra, definida por taxa de câmbio.
Taxa de câmbio pode ser entendida como a quantidade de moeda nacional necessária para
que se adquira moeda estrangeira. O câmbio segue diversos padrões monetários, destacando-se na
atual ordem econômica mundial as taxas de câmbio fixas e de câmbio flutuantes.
Uma taxa de câmbio é fixa quando tem seu valor atrelado a um ativo-padrão, como ouro,
dólar, etc. O valor da moeda passa, assim, a ser expresso em determinada quantidade desses padrões
de maneira fixa. Quando ocorrer pressões para alterar a cotação da moeda, o ajuste para se manter a
taxa de câmbio inalterada é processado, alterando a quantidade monetária negociada no mercado.
Por exemplo, fortes pressões de venda da moeda nacional no mercado desequilibram sua paridade
com outras moedas, exigindo um enxugamento quantitativo dessa oferta para evitar sua
desvalorização.
Se o modelo adotado for o câmbio flutuante, as taxas acompanham livremente as oscilações
da economia, ajustando-se mediante alterações em seus valores.
As taxas de câmbio fixas permitem maior nível de certeza ao comércio internacional por
revelar, previamente, o valor futuro da moeda. No entanto, a manutenção desse padrão é de maior
risco aos governos, obrigando, em momentos de desequilíbrio, que gastem elevadas somas de suas
reservas cambiais para manter a cotação da moeda nacional.
Por outro lado, o câmbio flutuante, apesar de menos disciplinador, permite maior liberdade
às economias na execução de suas políticas monetárias. Atribui, também, agilidade no tratamento
de eventuais desequilíbrios econômicos, promovendo alterações nas taxas de câmbio em
consonância com as variações da oferta e procura de moeda no mercado.
UNIDADE III – MOEDA

III.1 – Origens e as Formas da Moeda

A moeda é um meio de pagamento legalmente utilizado para realizar transações com bens e
serviços. É um instrumento previsto em lei e, por isso, apresenta curso legal forçado (sua aceitação
é obrigatória) e poder liberatório (libera o devedor do compromisso). O uso da moeda viabiliza o
funcionamento de toda a economia, indicando o bens e serviços a serem produzidos de maneira a
satisfazer aos desejos de demanda dos vários agentes.
A moeda desempenha três importantes funções. Inicialmente, a moeda constitui-se em
instrumento (meio) de troca, promovendo o intercâmbio de certos bens e serviços por outros. Se não
existisse moeda, as relações comerciais seriam efetuadas por trocas diretas (escambo), exigindo a
coincidência de desejos de compradores e vendedores em relação aos itens oferecidos para negócio.
Outra vantagem da moeda como instrumento de troca é sua divisibilidade, que permite a negociação
de partes ou frações dos bens e serviços. Essas características presentes no uso da moeda imprimem
maior agilidade às transações de mercado, dinamizando toda a atividade econômica.
A moeda pode também ser utilizada como medida de valor (ou unidade de conta). Serve,
nesse aspecto, de parâmetro para se apurar o valor monetário da transação de bens e serviços,
permitindo inclusive comparações.
Outra função da moeda é que serve como reserva de valor, permitindo que os agentes
econômicos mantenham seus patrimônios para uso posterior. Essa função atribui à moeda liquidez
absoluta, possibilitando sua conversibilidade imediata em qualquer outro ativo. Essa característica,
no entanto, é prejudicada em ambiente de inflação, que corrói o poder de compra da moeda pela
elevação dos preços dos bens e serviços.
A circulação da moeda no passado era garantida por seu lastro em ouro. Toda moeda era
emitida somente se tivesse seu equivalente em ouro como reserva, permitindo sua plena
conversibilidade. Com o crescimento das atividades econômicas e consequente expansão dos
mercados financeiros, tornou-se inviável lastrear as emissões de moedas em ouro, criando a moeda
sem lastro (moeda fiduciária), garantida por seu aspecto legal.

III.2 – A Moeda no Sistema Econômico

A moeda (ou papel-moeda) é emitida mediante autorização legal das autoridades monetárias
e de acordo com as necessidades identificadas em cada período na atividade econômica. No entanto,
nem toda moeda emitida se encontra em circulação, podendo uma parte permanecer retida no Banco
Central aguardando liberação futura. O montante da moeda emitida numa economia menos o saldo
retido no caixa das autoridades monetárias é definido por moeda em circulação ou meio circulante.
Ao se excluir o saldo da moeda em circulação a quantidade de moeda disponível no caixa
dos bancos, chega-se ao conceito de moeda em poder do público, representada pelo papel-moeda e
moeda metálica (moeda manual).
Os depósitos à vista do público junto aos bancos comerciais são chamados de moeda
escritural (ou bancária). Os meios de pagamento, também denominados de moeda M1, são
constituídos dos saldos de moeda em poder do público e os depósitos à vista.
Os depósitos à vista incluem os depósitos correntes no Banco do Brasil e desconsideram
aqueles disponíveis nas Caixas Econômicas.
Os meios de pagamento representam todos os haveres com liquidez imediata em poder do
público, exceto o setor bancário. É uma medida de avaliação do nível de liquidez do sistema
econômico.
Por sua composição, os meios de pagamento (moeda no conceito M1) são alterados pelas
autoridades monetárias, ao emitirem papel-moeda, e pelo sistema bancário diante de sua capacidade
de criar moeda.

III.3 – A Demanda de Moeda

Uma questão bastante interessante no estudo da moeda é avaliar por que as pessoas mantêm
encaixes monetários (conceito M1) se existem alternativas de aplica-los em ativos que produzem
rendimentos. Para tanto, é relevante conhecer as razões da procura da moeda.
Keynes discutiu em sua obra três motivos que levam as pessoas a manterem determinado
nível de caixa.
O primeiro, definindo como motivo-negócios ou transações, é explicado pela necessidade de
as pessoas manter dinheiro disponível para efetuar seus pagamentos correntes, determinados por
operações normais e certas cujos vencimentos ocorrem previamente aos recebimentos. Em verdade,
a falta de sincronização entre os momentos dos recebimentos e os dos vencimentos dos
compromissos financeiros é que determina a demanda por caixa pelas pessoas e empresas. O nível
de moeda a ser mantido para transações depende da renda das pessoas. Rendas altas supõem
maiores reservas monetárias de forma a equilibrar o fluxo de recursos.
Outro fator que altera a quantidade de moeda (M1) retida é o uso de certos instrumentos de
pagamento, como cheques e as diversas formas de cartões eletrônicos de crédito. Quanto mais são
utilizados esses meios de pagamento, menor se apresenta a necessidade de as pessoas manterem
moedas em seu poder.
O segundo motivo abordado por Keynes refere-se à precaução. O motivo-transação
considerou a presença certa de determinados desembolsos de caixa, porém a incerteza encontra-se
geralmente presente nas datas (momentos) e nos valores dos fluxos de caixa. É comum ocorrerem
certas despesas imprevistas e extraordinárias e, quanto maior for a liquidez de caixa para enfrentar
essas exigências monetárias inesperadas, tanto maior será a margem de segurança apresentada pelo
agente econômico. O nível de moeda exigido pelo motivo-precaução é função da flexibilidade que
um agente tem em captar recursos nos exatos momentos de suas necessidades extraordinárias.
O terceiro motivo citado é a especulação. Por exemplo, o aproveitamento de oportunidades
especulativos com relação a certos ativos (ações, imóveis, etc.), desde que os agentes acreditem
numa valorização atraente de seus preços, pode justificar maior demanda por moeda.

III.4 – A Oferta de Moeda

Uma prerrogativa exclusiva dos bancos comerciais como intermediários financeiros é a


capacidade de criação de moeda. Esse aspecto é muitas vezes apresentado como a principal
característica diferenciadora dos bancos comerciais em relação às outras instituições financeiras,
que não têm capacidade de criação de passivos que atuam como meios de pagamento.
Exemplificando, os recursos captados pelos bancos comerciais de seus depositantes
correntes são registrados pela contabilidade no ativo como caixa e, como contrapartida, no passivo
(obrigação) como depósitos à vista. Essa operação padrão, até o momento, não promove nenhuma
influência sobre o volume de oferta de moeda na economia.
Ao se verificar, no entanto, que parte deste depósito pode ser aplicada sob a forma de
empréstimo a um tomador de recursos, a instituição passa a influir na quantidade de moeda em
circulação. Troca, em outras palavras, um passivo (depósito à vista) por um direito (empréstimo a
receber), criando moeda. Passa a circular na economia, além do dinheiro em depósito no banco
comercial, o montante do empréstimo concedido.
Esses recursos, por seu lado, seguem um percurso igual na economia, promovendo
sucessivos ciclos de criação da moeda. O volume de fundos captados que podem ser aplicados é
definido basicamente pelo nível de reserva voluntária dos bancos e por regulamentações das
autoridades monetárias.
Sequencialmente, ao consumir o empréstimo obtido, o tomador do dinheiro pode promover
correspondente redução no caixa do banco emprestador. No entanto, em termos de toda a economia,
mesmo os cheques que venham a ser emitidos pelos depositantes sejam creditados em outras
instituições financeiras, o dinheiro continuará em circulação, pressionando o volume dos meios de
pagamento até o resgate final do empréstimo.
Um aspecto que deve ser ressaltado nessa atuação é que a capacidade de criação de moeda
pelos bancos não é válida para cobrir suas próprias necessidades. Em verdade, a todo passivo se
contrapõe um ativo, e o objetivo dos bancos é o de realizar lucros em suas funções de intermediação
financeira.

III.5 – Os Meios de Pagamento

Além do conceito de moeda M1, os meios de pagamento podem ainda ser avaliados por
outros conceitos mais amplos, que incluem diversos tipos de títulos em circulação no mercado
financeiro. Com base no conceito M1, são estabelecidos:

Meios de Pagamento – Conceito M1

(+) Depósitos à Vista nas caixas Econômicas


(+) Títulos Públicos Colocados no Mercado (Federais, Estaduais e Municipais)
(+) Saldos de Fundos de Aplicação Financeira (renda fixa)

(=) Meios de Pagamento – Conceito M2

(+) Depósitos em Cadernetas de Poupança

(=) Meios de Pagamento – Conceito M3

(+) Depósitos a Prazo Fixo (CDB, RDB) e Letras de Câmbio e Letras Imobiliárias

(=) Meios de Pagamento – Conceito M4

Esses ativos adicionados ao conceito M1 de moeda são denominados de quase-moeda ou


não monetários. O M4 é o conceito de moeda mais amplo, abrangendo os mais diferentes ativos
monetários. Quando o volume de M4 é baixo, denota restrições às funções de intermediação
financeira do sistema bancário. Esse conceito de moeda é normalmente expresso como percentual
do PIB da economia, atingindo em diversos países desenvolvidos marcas próximas a 100%.
Um aumento de M4 em relação a M1 costuma ser observado quando se evidenciam
processos inflacionários na economia, ocorrendo o que se denomina de desmonetarização. O
contrário – monetarização – é verificado quando a inflação se reduz, minimizando o custo das
pessoas em manter maior volume de moeda (conceito M1)

III.6 - Inflação

Inflação refere-se a um aumento no suprimento de dinheiro e a expansão monetária, o que é


a causa do aumento de preços; alguns economistas (como os da Escola Austríaca) preferem este
significado, em vez de definir inflação pelo aumento de preços. Assim, por exemplo, alguns
estudiosos nos Estados Unidos referem-se à inflação, ainda que os preços não estivessem a
aumentar naquele período. Mas, popularmente, a palavra inflação é usada como aumento de preços,
a menos que um significado alternativo seja expressamente especificado. Outra distinção também se
faz quando analisados os efeitos internos e externos da inflação: externamente, a inflação traduz-se
mais por uma desvalorização da moeda local frente a outras, e internamente exprime-se mais no
aumento do volume de dinheiro e, aumento dos preços.
A inflação pode ser contrastada com a reflação, que é ou um aumento de preços de um
estado deflacionado, ou alternativamente, uma redução na taxa de deflação (ou seja, situações em
que o nível geral de preços está caindo numa taxa decrescente). Um termo relacionado é
desinflação, que é uma redução na taxa de inflação, mas não o suficiente para causar deflação.
A medição da inflação é feita através de uma cesta de consumo média da população.
Geralmente é realizada uma Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) para determinar a cesta de
consumo média dessas famílias. Ou seja, é realizada uma média ponderada das cestas de produtos
consumidas por estas famílias.
A maioria dos índices de preços ao consumidor utiliza oÍndice de Laspeyrespara calcular a
variação dos preços de um mês para o outro. As quantidades consumidas nos índices de Laspeyres
são fixas.
Assim, os índices de preços ao consumidor calculam a variação dos preços de bens e
serviços entre dois períodos, ponderados pela participação dos gastos com cada bem no consumo
total. Repare que o índice calcula o gasto com o mesmo consumo em dois períodos diferentes, o que
faz com que não ocorra substituição no consumo.
O mais importante índice no Brasil é oIPCA(Índice de Preços ao Consumidor Amplo)
doIBGE, utilizado para determinar asmetas de inflação. O IPCA apura a variação de preços nos
bens consumidos por famílias com renda de 1 a 40salários mínimos, em noveregiões
metropolitanas(Belém,Belo Horizonte,Curitiba,Fortaleza,Porto Alegre,Recife,Rio de
Janeiro,SalvadoreSão Paulo), noDistrito Federale no município deGoiânia.
Para se medir o andamento dos preços sem o efeito de distúrbios resultantes de choques
temporários, exclui-se do IPC o preço do petróleo e dos bens alimentares não transformados –
chamando-se esta medida "núcleo de inflação", ou "inflação subjacente".

Unidade IV – TRANSAÇÕES EXTERNAS

IV.1 – Comércio Internacional

O comércio internacional é a troca de bens e serviços através de fronteiras internacionais ou


territórios. Na maioria dos países, ele representa uma grande porcentagem do PIB. O comércio
internacional está presente em grande parte da história da humanidade, mas a sua importância
econômica, social e política se tornou crescente nos últimos séculos. O avanço industrial,
dos transportes, a globalização, o surgimento das corporações multinacionais, o outsourcing tiveram
grande impacto no incremento deste comércio. O aumento do comércio internacional pode ser
relacionado com o fenômeno da globalização.
O comércio internacional é uma disciplina da teoria econômica, que, juntamente com o
estudo do sistema financeiro internacional, forma a disciplina da economia internacional.

TEORIA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL

Vários modelos diferentes foram propostos para prever os padrões de comércio e analisar os
efeitos das políticas de comércio, como as tarifas.

Modelo Ricardiano

O modelo ricardiano foca nas vantagens comparativas (ou vantagens relativas) e é talvez o


mais importante conceito de teoria de comércio internacional. Neste modelo, os países se
especializam em bens ou serviços que produzem relativamente melhor. Diferentemente de outros
modelos, o ricardiano prevê que países irão se especializar em poucos produtos em vez de produzir
um grande número de bens. O modelo não considera diretamente as características naturais de um
país, como disponibilidade relativa de mão de obra e de capital. E no modelo ricardiano, temos
apenas um fator de produção, que se trata da mão de obra (trabalho). O diferencial de produtividade
do trabalho e o custo de oportunidade nos países justificaria a especialização dos países, que
realizariam, desta maneira, trocas internacionais depois da especialização.
Modelo de Heckscher-Ohlin

O modelo de Heckscher-Ohlin foi criado como uma alternativa ao modelo ricardiano.


Apesar do seu poder de previsão maior e mais complexo, ele também tem uma missão ideológica: a
eliminação da teoria do valor do trabalho e a incorporação do mecanismo neoclássico do preço na
teoria do comércio internacional. A teoria defende que o padrão do comércio internacional é
determinado pela diferença na disponibilidade de alguns fatores naturais. Ela prevê que um país
irá exportar aqueles bens que fazem uso intensivo daqueles fatores (insumos, por exemplo) que são
abundantes neste país e irá importar aqueles bens cuja produção é dependente de fatores escassos
localmente. Ou seja, o modelo expõe que um país abundante em capital exportará bens de capital,
ao passo que um país em posição contrária, com escassez de capital, exportará bens ou serviços que
sejam intensivos no uso do fator de produção mão de obra. Ohlin, por meio de seu modelo, foi o
primeiro a tratar diretamente do que hoje se conhece por IED – Investimento externo direto -
componente doBalanço de pagamentospesquisado por organismos internacionais
como BIS, BID, FMI, Cepal e Unctad.

Fatores específicos

Modelo dos Fatores Específicos e distribuição de rendimentos foi desenvolvido por Paul


Samuelson e Ronald Jones. Tal como o modelo ricardiano, supõe que uma economia produz dois
produtos, mas com a existência de vários fatores de produção: Trabalho (Fator Móvel) e outros
(Fatores Específicos).

Modelo de gravitação

O modelo da gravitação apresenta uma análise mais empírica dos padrões de comércio em


contraposição aos modelos teóricos discutidos acima. O modelo da gravitação, basicamente, prevê
que o comércio será baseado na distância entre os países e na interação derivada do tamanho das
suas economias. O modelo mimetiza a lei da gravidade de Isaac Newton que considera a distância e
o tamanho de objetos que se atraem. O modelo tem sido comprovado como robusto na área
da econometria. Outros fatores como a renda, as relações diplomáticas entre países e as políticas de
comércio foram incluídas em versões expandidas do modelo.

O volume do comércio mundial aumentou vinte vezes desde 1950 até hoje. Este aumento de
bens manufaturados ultrapassa o aumento da taxa de produção dessas mercadorias em três vezes.
IV.2 – Taxa de Câmbio

A taxa de câmbio é uma relação entre moedas e um baseado de dois países que resulta
no preço de uma delas medido em relação à outra. Mas, além de expressar quantitativamente a
condição de troca entre duas moedas, a taxa de câmbio expressa as relações de troca entre dois
países. O câmbio é uma das variáveis macroeconômicas mais importantes, sobretudo para as
relações comerciais e financeiras de um país com o conjunto dos demais países.

A taxa de câmbio é definida de forma direta quando exprime o preço de uma unidade de
moeda estrangeira em moeda nacional - ou seja, exprime a quantidade de moeda nacional
necessária para comprar uma unidade de moeda estrangeira. Por exemplo, a taxa de câmbio
USD/EUR está definida de forma direta para os habitantes da zona euro.

A taxa de câmbio é definida de forma indireta quando exprime o preço de uma unidade de
moeda nacional em unidades (ou frações) de moeda estrangeira - ou seja, quando expressa a
quantidade de moeda estrangeira equivalente a uma unidade de moeda nacional. Por exemplo: a
taxa de câmbio EUR/USD está definida indiretamente, para os habitantes da zona euro.

Dado que a taxa de câmbio é um preço (ainda que seja o preço de um bem sui generis: a
moeda), esse preço é diferente na compra e na venda. Assim, a taxa de câmbio para venda é o preço
que o banco (ou outro agente autorizado a operar pelo Banco Central) cobra, em moeda nacional, ao
vender moeda estrangeira (a um importador, por exemplo). Já a taxa de compra é o preço, em
moeda nacional, que o banco paga pela moeda estrangeira que lhe é ofertada (por um exportador,
por exemplo).

IV.3 – Balanço de Pagamentos

Em Economia,balanço de pagamentos é um instrumento da contabilidade nacional referente


à descrição das relações comerciais de um país com o resto do mundo. Registra o total de dinheiro
que entra e sai de um país, na forma de importações e exportações de produtos, serviços, capital
financeiro, bem como transferências comerciais.

Existem duas contas que resumem as transações econômicas de um país:

● a conta corrente, que registra as entradas e saídas devidas ao comércio de bens e serviços, bem
como pagamentos de transferências; e
● a conta capital e financeira, sendo que a conta capital registra principalmente transferências de
patrimônio por migrantes entre países, enquanto a conta financeira tem quatro subcontas:
Investimento Direto, Investimento em Carteira, Derivativos e Outros Investimentos. Também
são componentes dessa conta os capitais compensatórios: contas caixa (haveres no exterior e
direitos junto ao FMI), empréstimos oferecidos pelo FMI e contas atrasadas (débitos vencidos
no exterior).

A soma das duas contas fornece a balança de pagamentos.

Déficits na Balança de Pagamentos

Geralmente é chamado de "Economia Aberta" um país que experimenta déficits ou


superávits em sua balança de pagamentos. Um déficit na Balança de Pagamentos obriga o país
nessa situação a tomar medidas ("ajustes") para evitar que o fluxo de capitais vindos do exterior não
seja interrompido além de outras ocorrências que possam desestabilizar por completo a economia.
Alguns desses ajustes (várias vezes adotados pelo Brasil em maior ou menor escala durante sua
história inclusive por imposição do FMI) são: desvalorização real da taxa de câmbio, redução do
nível de atividade econômica, restrições quantitativas ou tarifárias às importações, subsídio
à exportação e controle de remessa de capitais ao exterior. Os quatro primeiros focam o déficit em
transações correntes.

IV.4 – Blocos Comerciais – Mercosul

Os blocos econômicos são um tipo de acordo intergovernamental, muitas vezes parte de


uma organização intergovernamental, onde barreiras ao comércio são reduzidas ou eliminadas entre
os Estados participantes.

A maioria dos blocos comerciais estão definidos por uma tendência regional e podem ser
classificados de acordo com seu nível de integração econômica.

Vantagens

● A redução ou eliminação das tarifas de importação;


● Produtos mais baratos;
● Redução na taxa alfandegaria;
● Maior facilidade das pessoas moverem-se de um país para outro;
● Os produtores se beneficiam da aplicação de economias de escala, o que levará à
redução de custos e maior renda.

Desvantagens
● Diminuição da produção de empresas que produzem produtos mais caros em relação
a de outro país do bloco;
● Menor renda do produtor nacional;
● Produtores ineficientes dentro do bloco podem ser protegidos contra aqueles mais
eficientes fora do bloco.

MERCOSUL

Criado em 1991 com o Tratado de Assunção, bloco econômico da América do Sul. Formado
pelo Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela e Paraguai. A zona de livre comércio entre os países foi
formada em 1995. Encabeçam-se Brasil e Argentina. Desde 2006, a Venezuela depende de
aprovação dos congressos nacionais para que sua entrada seja aprovada, mais especificamente do
parlamento paraguaio, visto que os outros três já ratificaram-na.No dia17 de
dezembro de 2007, Israel assinou o primeiro acordo de livre comércio (ALC) com o bloco. No dia 2
de agosto de 2010, foi a vez de o Egito assinar também um ALC. Muitos sul-americanos veem o
Mercosul como uma arma contra a influência dos Estados Unidos na região, tanto na forma da Área
de Livre Comércio das Américas quanto na de tratados bilaterais. Uma prova disso é a criação
da Universidade do Mercosul, que vai priorizar a integração regional no modelo de educação. Em
2012, o Paraguai perdeu seu lugar no bloco devido ao golpe que ameaçou sua democracia, e a
Venezuela ingressou no bloco. Meses depois de sair, Paraguai retornou ao bloco e está atualmente.

IV.5 – A Questão da Dívida Externa

Dívida externaé o somatório dos débitos de um país, resultantes de empréstimos e


financiamentos contraídos no exterior pelo próprio governo, por empresas estatais ou privadas.
Esses recursos podem ser provenientes de governos, entidades financeiras internacionais
(FMI, Banco Mundial, etc.), bancos ou empresas privadas.

O primeiro empréstimo externo do Brasil foi obtido em 1824, no valor de 3 milhões


de libras esterlinas e ficou conhecido como "empréstimo português", destinado a cobrir dívidas do
período colonial e que na prática significava um pagamento a Portugal pelo reconhecimento da
independência.

Depois disso o Brasil passou a ter mais e mais dívidas. Em 1906 com o "Convênio de
Taubaté", um acordo feito com os governadores e SP, MG e RJ, que, a partir de empréstimos
tomados no exterior, comprariam e estocariam o excedente da produção de café.

A continuidade do pagamento da dívida externa foi muito questionada no Brasil por alguns
grupos e estudiosos, que denunciam o fato de que a dívida "já foi paga várias vezes", mas por causa
dos juros, quanto mais se paga, mais ela aumenta. Denunciam também o fato de que os encargos
governamentais com dólares, bem abaixo do valor registrado no Reino Unido e nos Estados Unidos
da América e próximo do valor da dívida da Turquia e Rússia.Atualmente, estima-se a dívida
externa total em US$271 bilhões, US$14,3 bilhões superior ao montante apurado para dezembro de
2010. A dívida externa de médio e longo prazos subiu US$4,2 bilhões, para US$204 bilhões. Por
outro lado,o estoque de curto prazo cresceu US$10,1 bilhões, para US$67,4 bilhões.

O balanço de pagamentos foi positivo, com um superávit de US$9,6 bilhões em fevereiro,


embora as transações correntes tenham sido deficitárias em US$3,4 bilhões, acumulando déficit de
US$49,2 bilhões nos últimos doze meses, equivalente a 2,31% do PIB. A conta financeira teve
ingressos líquidos de US$12,8 bilhões no mês. De destaque foram os ingressos líquidos de
investimentos estrangeiros diretos, US$7,7 bilhões, e os retornos líquidos dos investimentos diretos
brasileiros, US$2,1 bilhões.

As reservas internacionais somam atualmente US$307,5 bilhões, patamar US$9,8 bilhões


superior ao apurado no primeiro mês do ano. A receita com a remuneração das reservas totalizou
US$527 milhões, enquanto as demais operações externas, concentradas em variações de preços e de
paridades, elevaram o estoque em US$256 milhões.

IV.6 – Globalização dos Mercados e Integração Econômica

Aglobalizaçãoé um dos processos de aprofundamento internacional da


integração econômica, social, cultural e política, que teria sido impulsionado pela redução de custos
dos meios de transporte e comunicação dos países no final do século XX e início do século
XXI.Embora vários estudiosos situem a origem da globalização em tempos modernos, outros
traçam a sua história muito antes da era das descobertas e viagens ao Novo Mundo pelos europeus.
Alguns até mesmo traçam as origens ao terceiro milênio a.C.

O termo "globalização" tem estado em uso crescente desde meados da década de 1980 e
especialmente a partir de meados da década de 1990. Em 2000, o Fundo Monetário
Internacional (FMI) identificou quatro aspectos básicos da globalização: comércio e transações
financeiras, movimentos de capital e de investimento, migração e movimento de pessoas e a
disseminaçãodeconhecimento. Além disso, os desafios ambientais, como a mudança
climática, poluição do ar e excesso de pesca do oceano, estão ligados à globalização.

Unidade V – ASPECTOS DE MICROECONOMIA

V.1 – Concorrência Perfeita


Competitivo é o Mercado com muitos compradores e vendedores negociando produtos
idênticos, de modo que cada comprador e vendedor é um tomador de preço. As empresas podem
entrar e sair livremente do mercado.

Há três regras gerais de maximização de lucros num mercado perfeitamente competitivo:

- Se a receita marginal for maior que o custo marginal, a empresa deverá aumentar a produção.
- Se o custo marginal for maior que a receita marginal, a empresa deverá diminuir a produção.
- No nível que maximiza o lucro da produção, a receita marginal e o custo marginal são exatamente
iguais.

No curto prazo, quando uma empresa não é capaz de recuperar seus custos fixos, opta por
paralisar temporariamente as atividades se o preço do bem é inferior ao custo variável médio. No
longo prazo, quando a empresa é capaz de recuperar tanto os custos fixos quanto os variáveis, opta
por sair do mercado se o preço é inferior ao custo total médio.

Exercício:

Uma empresa que maximiza os lucros em um mercado competitivo produz atualmente 100
unidades. A receita média é de $10, o custo total médio é de $8 e o custo fixo é de $200.
a) Qual é o seu lucro?
b) Qual o seu custo marginal?
c) Qual o seu custo variável médio?
d) A escala de eficiência da empresa é de mais de, menos de ou exatamente 100 unidades?

V.2 – Monopólio

Uma empresa é um monopólio se for a única vendedora de seu produto e se seu produto não
tiver substitutos próximos. A causa fundamental dos monopólios está nas barreiras à entrada de
novos vendedores.
As barreiras à entrada têm três origens principais:
- Recursos de monopólio: um recurso-chave necessário para a produção é exclusivo de uma
empresa.
- Regulamentações de governo: este concede a uma única empresa o direito exclusivo de produzir
um determinado bem ou serviço.

- O processo de produção: uma única empresa consegue fornecer produtos a custo mais baixo que
um grande número de produtores.

V.3 – Oligopólio
Em um mercado oligopolista há somente um pequeno número de vendedores. Uma
característica-chave do oligopólio é a tensão entre a cooperação e o interesse próprio. Os
oligopolistas se beneficiam quando cooperam e agem como se fossem um monopólio – fabricando
uma pequena quantidade de produto e cobrando um preço superior ao custo marginal. Mas, como
cada oligopolista se preocupa somente com seu próprio lucro, há fortes incentivos em ação que
impedem que um grupo de empresas mantenha os resultados cooperativos.
Conluio é um acordo entre as empresas de um mercado a respeito das quantidades a serem
produzidas ou dos preços a serem cobrados.
Cartel é um grupo de empresas agindo conforme um acordo.

TEORIA DOS JOGOS

Exemplo: Você e um colega devem fazer um trabalho no qual receberão a mesma nota. Vocês dois
desejam tirar uma boa nota, mas não querem trabalhar muito. Especificamente, esta é a situação:
- Se os dois se esforçarem, os dois tirarão nota A, o que dará a cada um 40 unidades de felicidade.
- Se apenas um de vocês se esforçar, os dois tirarão nota B, o que dará a cada um 30 unidades de
felicidade.
- Se nenhum de vocês se esforçar, os dois tirarão nota D, o que dará a cada um 10 unidades de
felicidade.
- Trabalhar com afinco custa 25 unidades de felicidade.
Você deve se esforçar ou não para fazer o trabalho?

V.4 – Concorrência Monopolística

Estrutura de mercado em que muitas empresas vendem produtos similares, mas não
idênticos.
Para ser mais exato, a competição monopolística descreve um mercado com os seguintes
atributos:
- Muitos vendedores: há muitas empresas concorrendo pelo mesmo grupo de clientes.
- Diferenciação de produto: cada empresa oferece um produto pelo menos um pouco
diferente dos produtos das demais empresas. Assim, em vez de ser tomadora de preços, cada
empresa se defronta com uma curva de demanda de inclinação descendente.
- Livres entrada e saída: as empresas podem entrar no mercado e sair dele sem restrições.
Assim, o número de empresas se ajusta até que o lucro econômico chegue a zero.

V.5 - Noções de Procura e Oferta


OS FATORES QUE AFETAM A DEMANDA

A quantidade demandada de um bem qualquer desse bem que os compradores desejam e


podem comprar. O principal determinante é o preço do bem.
Lei da demanda: com tudo o mais mantido constante, quando o preço de um bem aumenta, a
quantidade demandada deste diminui; quando o preço diminui, a quantidade demandada do bem
amenta.

DESLOCAMENTOS DA CURVA DA DEMANDA

Qualquer mudança que reduza a quantidade demandada a cada preço desloca a curva para a
direita é chamada de aumento de demanda e quando desloca para a esquerda é chamada de redução
de demanda. As mais importantes variáveis que deslocam a curva de demanda são:
- Renda
Bem normal: quando a demanda diminui quando a renda cai.
Bem inferior: quando a demanda aumenta quando a renda cai. Ex.: Se a renda diminuir, será
menos provável que você compre um carro ou tome um táxi. É mais provável que ande de ônibus.

- Preços de bens relacionados


Quando uma queda do preço de um bem reduz a demanda por outro bem, os dois bens são
chamados substitutos.

- Gostos
É o mais óbvio determinante da demanda.

- Expectativas
Suas expectativas quanto ao futuro podem afetar sua demanda por um bem ou serviço hoje.
Ex.: Você compraria mais determinados produtos se tivesse a expectativa de um bom aumento de
salário no próximo mês.

- Número de compradores
Se mais pessoas passarem a comprar determinado bem sua demanda aumentaria.

OS FATORES QUE AFETAM A OFERTA

A quantidade ofertada de qualquer bem ou serviço é a quantidade que os vendedores querem


e podem vender. O preço também representa papel central na determinação da oferta.
Lei da oferta: com tudo o mais mantido constante, quando o preço de um bem aumenta, a
quantidade ofertada desse bem também aumenta, e, quando o preço de um bem cai, a quantidade
ofertada desse bem também cai.
DESLOCAMENTOS DA CURVA DE OFERTA

Qualquer mudança que aumente a quantidade ofertada a cada preço desloca a curva de
oferta para a direita e é denominada aumento da oferta. Quando diminui a quantidade ofertada,
desloca a curva de oferta para a esquerda e é denominada redução de oferta. As mais importantes
variáveis que deslocam a curva de oferta são:

- Preço dos insumos


Quando aumenta o preço de um insumo, a produção se torna menos lucrativa e as
empresas ofertam menos. Assim, a oferta de um bem está negativamente relacionada com o preço
dos insumos usados na produção.

- Tecnologia
Reduzindo os custos das empresas, os avanços tecnológicos aumentam a oferta.

- Expectativas

- Número de vendedores

NOÇÕES DE EQUILÍBRIO DO MERCADO

- Preço de equilíbrio
O preço que iguala a quantidade ofertada e a quantidade demandada.

- Quantidade de equilíbrio
A quantidade ofertada e a quantidade demandada ao preço de equilíbrio.

- Excesso de oferta
Uma situação em que a quantidade ofertada é maior que a quantidade demandada.

- Excesso de demanda
Uma situação em que a quantidade demandada é maior que a quantidade ofertada.

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