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CAPÍTULO I

NOÇÕES GERAIS DE DIREITO ECONÓMICO


1.1 – Definição
Direito Economico é o conjunto de regras e principio que regulam de modo específico a
organização e direcção da actividade económica pelos poderes públicos e privados,
quando dotados de capacidade para tal, isto é, capacidade de editar ou contribuir para a
edição de regras com caracter geral, vinculatórios dos agentes económicos.

1.2 - Origem e Razões que Justificam o surgimento do Direito Económico


O Direito Económico Surgiu no século XX, logo após a I Guerra Mundial. Na passagem
do capitalismo concorrencial ao capitalismo organizado.
Surgiu num momento em que o Estado, na maioria dos Países capitalista, foi forçado a
intervir na vida económica da sociedade. (grandes guerras, crises económicas).
O papel activo que o Estado veio assumir na regulação das economias do mercado, no
sentido de disciplinar e orientar, directa ou indirectamente, o exercício da actividade
económica, exerceu um papel preponderante no surgimento do Direito Economico, na
media em que foi necessário elaborar um conjunto de leis que iriam tratar desta
intervenção, leis estas que viriam se autonomizar e compor este ramo de Direito.

1.3 – Objecto
Tem como objecto a ordenação (regulação) jurídica específica da organização e
direcção da actividade económica pelos poderes públicos ou privados e os sujeitos
económicos.
É o único ramo de direito que disciplina a actividade económica no seu conjunto.
(estuda o enquadramento jurídico do circuito económico, os sujeitos do processo
económico e os aspectos de produção e distribuição).

1.4 – Autonomia
A autonomia desta cadeira será analisada em dois prismas: Autonomia Científica e
Autonomia Jurídica ou Formal.
Autonomia científica: tem método próprio, objecto, conteúdo, função e fim
Função própria: Ordenar e regular a actividade económica no seu conjunto
Fim próprio: Garantir a satisfação do interesse económico geral.
Conteúdo próprio: Conjunto de normas específicas às áreas a ser reguladas.
Autonomia jurídica ou formal: tem normas próprias e diferentes de outros ramos de
direito. Mesmo quando o direito económico regula matérias já tratadas por outros ramos
de direito, o faz de uma forma diferente.
Porém, esta autonomia não pode ser vista em termos absoluto, visto que o D. E,
mantém ligação ou relação com outros ramos de direito, nomeadamente o Direito
Constitucional, o Direito Administrativo, Direito do Trabalho, Direito Comercial, Direito
Agrário, Direito Patrimonial, entre outros.
1.5 - Relação entre Direito Económico e a Economia
Algumas questões que, aos olhos do senso comum, são marcadamente económicas
como, por exemplo, as ligadas ao circuito económico (produção, circulação, distribuição,
consumo) são providas de importantes dimensões jurídicas (regulação das relações de
trabalho, do mercado, das trocas e da moeda, regime jurídico de tributação, direitos dos
consumidores, etc.).

Por outro lado, a produção de normas de direito, a sua aplicação, interpretação, bem
como a resolução de litígios por meio de processos e decisões judiciais, (aspectos
predominantemente jurídicos), contêm, eles também, inequívocas dimensões
económicas.
Desta forma, o Direito surge como uma instância reguladora, dotada de uma
racionalidade irredutível à pura racionalidade económica.
Na realidade, o Direito Económico como disciplina jurídica e não económica, assente em
valores não apenas de carácter económico, mas de outros interesses não
especificamente económicos. Neste sentido, a Economia, nas suas diversas
componentes, surge como ciência auxiliar por excelência do Direito Económico.
A evolução económica e tecnológica influenciam profundamente o Direito (em particular
o Direito Económico), obrigando-o a um processo de continua adaptação sendo assim
impensável uma compreensão jurídica dos fenómenos económicos.

1.6 – Características
O Direito Económico é um ramo de direito recente, fluido, dinâmico, não codificado,
não neutro e misto. Vide pag. 4 dos apontamentos dos Drs. Rui Cafoia e Gabriel
Saquenha.
É ainda um ramo de direito disperso e em formação.

1.7 - Fontes do Direito Económico


Fontes são os modos de produção e revelação das normas jurídicas.
Em Direito Económico temos: Fontes Públicas; Fontes Mistas; Fontes privadas.
Fonte de origem mista
Acordos ou pareceres emanados dos organismos de concertação económica e social.
(conselho económico e social do governo provincial do huambo); Parcerias público-
privadas

 Contratos-programa e de outras formas de contratação económica entre entes


públicos e privados;

Fonte de origem privada

 Regulamentação das actividades económicas pelas associações profissionais ou


de actividade (códigos de conduta, deontológicos, de boas práticas ou éticos, por
exemplo);
 Usos da actividade económica, internos ou internacionais (contractos tipo ou
contractos de adesão).

Ainda temos as fontes internas e internacionais.

Fontes Internas

1. Constituição da República de Angola – CRA.


2. Leis da Assembleia Nacional e Decretos Presidenciais
3. Regulamentos (decretos regulamentares; resoluções do Conselho de Ministros,
portarias, despacho normativos, avisos e instrutivos do BNA etc.)

Fontes Internacionais

Convenções de Direito internacional a que Angola esteja vinculada. A título de exemplo,


temos:
 Acordos Gerais de Tarifas e Comercio (GATT);
 Fundo Monetário Internacional (FMI);
 Organização Mundial do Comercio (OMC);
 Organização Internacional do Trabalho (OIT);
 Banco Mundial;
 Instituições “minilaterais” vinculadas ao comércio bilateral e regional;
 A política internacional, aos acordos de regulação financeira e a outros esforços
diplomáticos específicos.
Hierarquia das fontes
1 - Constituição da República de Angola – CRA.
2 -Tratados Internacionais
3 - Leis da Assembleia Nacional;
4 - Decretos Presidenciais
5 - Decretos Executivos
6 - Regulamentos (decretos regulamentares; resoluções do Conselho de Ministros,
portarias, despacho normativos, avisos e instrutivos do BNA etc
A problemática das fontes de direito económico, verifica-se quando uma fonte contradiz
a outra. Se essa contradição for com a Constituição, estamos diante de uma
inconstitucionalidade. Como se resolve esta problemática?

1.8 - Natureza jurídica.


Pretende-se saber se o Direito Económico pertence ao Direito Público ou Privado.
 Um ramo de direito será público quando as suas normas prosseguem o interesse
público e um dos sujeitos da relação aparece com poderes de autoridade.
 Será Privado quando as normas prosseguem o interesse de particulares e os
sujeitos da relação encontram-se em posição de paridade ou coordenação.
Alguns autores sustentam que o D. E. é um ramo de Direito público, enquanto outros
defendem ser um ramo de direito Privado.
A verdade é que no D. E. encontramos tanto normas de direito público como normas de
direito privado
Nesta dicotomia, entendemos ser um ramo de direito predominantemente público mas
que nele confluem normas de direito privado.

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