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Universidade Católica de Angola

Nome: Teresa Gourgel Araújo


ID.: 19829
Ano: 2º
Turma: A

Relatório sobre os princípios fundamentais de economia

A actividade económica e financeira do Estado em prol da satisfação de necessidades


públicas da colectividade é regida juridicamente por normas e princípios
fundamentais, estabelecidos em primeiro lugar pela Lei Fundamental ou Magna, a
Constituição, e depois encontrados nas disposições legislativas destinadas a tratar
desta matéria. Neste Relatório, serão comentados dois dos princípios fundamentais da
Constituição financeira.

Princípios fundamentais da Constituição Financeira

Antes de falar dos seus princípios, é necessário definir-se uma constituição financeira.
Constituição financeira é “Por definição, (...) o conjunto de princípios e normas
fundamentais por que se regem juridicamente, numa comunidade política, a
organização e o funcionamento respeitantes à actividade económica dos entes
públicos que afectam bens económicos próprios, à satisfação de necessidades que lhe
estão confiados1”.
Os princípios fundamentais apontados na nossa programação são:

1. Estado Democrático de Direito


2. Legalidade Fiscal e Reserva de Lei Formal
3. Responsabilização e controlo Financeiro
4. Autonomia Financeira Local e Autárquica

1. Estado Democrático e de Direito

O art. 2.º da CRA, consagra a República de Angola como um sendo um Estado


Democrático de Direito, assente no princípio da soberania popular, o primado da
Constituição e da lei, (...) e a democracia representativa.
A vontade geral daqueles à quem se vão destinar as políticas orçamentais, fiscais e
tributárias deve ser levada em conta, partindo do princípio de que, tendo a lei primazia
sobre todos os actos do governo, deve estar de acordo às expectativas daqueles aos

1
Nunes, Elisa Rangel, Lições de Finanças Públicas e Direito Financeiro, pág 79.
quais ela se destina, sendo que “os impostos só podem ser criados por lei2”, ou seja,
pela Assembleia Nacional, órgão que representa a soberania do povo. Os princípios da
transparência orçamental e o da boa governação, podem, neste caso, ser invocados,
como necessários para que tal aconteça.

“As decisões orçamentais que decorrem e resultam do processo orçamental devem


reflectir as necessidades e aspirações da maioria do eleitorado, que, como
contribuintes do erário público, têm direito a ser informados sobre os assuntos
desenvolvidos pelos governos eleitos3”.

Significa, que as decisões tomadas pelo Governo, devem ser um reflexo dos interesses
do cidadão, que o elegeu, exercendo o seu direito ao voto dentro de um sistema
democrático. “A transparência orçamental envolve, assim, «a abertura ao público», no
que diz respeito à estrutura e funções do Estado, às intenções da política orçamental,
às contas públicas e às projecções. Envolve, ainda, o acesso à informação fiável,
compreensível, atempada e internacionalmente comparável sobre as actividades
públicas, de forma que o eleitorado, os agentes económicos e os mercados financeiros
possam avaliar devidademente a situação financeira do Estado e os custos e benefícios
verdadeiros da sua actuação, incluindo o respectivo impacto social e económico,
presente e futuro.4”

Esta actuação do Estado, deve estar em conformidade com a lei, respeitado:


 O princípio da separação de poderes e interdependência de funções - art. 2.º
n.1º, art. 105.º n.3º da CRA
 Os princípios da transparência, da boa governação, da responsabilização - art.
104.º n.5º da CRA.

2. Legalidade fiscal e reserva da lei formal

O disposto acima, leva-nos imediatamente para o princípio da legalidade. Só por força


da lei, a liberdade dos indivíduos pode ser limitada e somente em conformidade com a
lei podem ser executados os actos do Governo, ou do Estado de Direito.
Portanto, são os próprios cidadãos, por intermédio dos seus representantes, que
estabelecem sobre sim mesmos, normas sobre determinadas matérias,
autocondicionando-se à segui-las obrigatoriamente. Como expressa a drª Elisa Rangel
Nunes, “o princípio da legalidade garante, essencialmente, a exigência da
autonormação.5”.
No campo fiscal, a legalidade garante, então, a exigência da autoimposição - são os
próprios cidadãos, por intermédios dos seus representantes, que determinam a
repartição da carga tributária e os tributos que serão exigidos a cada um, tendo a lei
fiscal de ser aplicada a todos sem distinção alguma - art. 102.º n.1º da CRA.
Os impostos deverão obedecer a uma tipologia, não fechada, definida pela lei formal e
expressa no orçamento anual - reserva da lei formal.

2
CRA, artigo 102.º n.1º.
3
Nunes, Elisa Rangel, Lições de Finanças Públicas e Direito Financeiro, pág 84.
4
Nunes, Elisa Rangel, Lições de Finanças Públicas e Direito Financeiro, pág 85,86.
5
Nunes, Elisa Rangel, Lições de Finanças Públicas e Direito Financeiro, pág 81.
Bibliografia

1. Constituição
2. Lições de Finanças Públicas e Direito Financeiro, de Elisa Rangel Nunes

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