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it has three choices: It can raise taxes, print money, or borrow money.
While these actions may benefit politicians, all three options are bad for average citizens.”
― Ron Ernest Paul
Nota prévia : na elaboração deste texto, recorreu-se em alguns items aos Textos de Finanças
Públicas, de Fernando Rocha Andrade, da Editora Coimbra Jurídica, Imprensa da
Universidade de Coimbra, Outubro de 2020,
1. Conceito e funções
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Artigo 103º da Constituição de 1822.
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É, todavia, com a Constituição de 1976 (que se seguiu à Constituição de 1911 e à
Constituição de 1933), que se afirma realmente o exercício do poder financeiro de um
Parlamento democraticamente eleito, e depois com a Constituição de 1982 (primeira
revisão constitucional) que se consagra o regime actualmente em vigor – a
competência da Assembleia da República para aprovar o Orçamento de Estado sob
proposta do Governo.
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Por Decreto-Lei de execução pode ser determinado um período complementar, se tal se mostrar útil
para facilitar o fecho de contas.
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delimitam os aspectos essenciais do conteúdo e das características do Orçamento e da
respectiva Lei, bem como os aspectos essenciais da sua elaboração, aprovação,
execução e fiscalização, constituem um conjunto de preceitos constitucionais
orçamentais conhecidos por Constituição Financeira.
Nos termos dos artigos constitucionais compete à assembleia da República:
- como reserva absoluta de competência legislativa, aprovar o “regime geral de
elaboração e organização” do Orçamento do Estado, regime este contido na Lei
de Enquadramento Orçamental (LEO) – artigo 106 n.º 1;
- aprovar a Lei das Grandes Opções (LGO) – artigos 105º n.º 2 da Constituição da
República Portuguesa (CRP) e 34º da LEO;
- autorizar o Governo a contrair e conceder empréstimos – artigo 161º da CRP;
- criar os impostos e o regime geral das contribuições e das taxas – reserva
relativa de competência legislativa consagrada no artigo 165.º n.º 1 da CRP;
- fiscalizar a execução do Orçamento – artigo 107.º da CRP.
2. Os princípios orçamentais
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A actual versão resulta das alterações introduzidas pela Lei n.º 41/2020, de 18 de Agosto, que
republicou a LEO.
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Como decorre do acima exposto, a elaboração e organização do OGE obedece a um
conjunto de regras que aparecem agrupadas num conjunto de princípios. As regras
clássicas resultam em cinco princípios – os princípios da unidade, da anualidade, da
especificação, da não compensação e da não consignação.
Constam do Capítulo II da LEO, onde se enunciam também outras regras, de conteúdo
mais substancial do que formal e que são a solidariedade, a equidade intergeracional,
a sustentabilidade, a economia, a eficiência e a transparência.
O Orçamento do Estado apresentado será um (artigo 105.º n.º 3 da CRP) e nele estarão
incluídas a totalidade das receitas e despesas que o Estado estima cobrar e pagar,
respectivamente, no ano a que o mesmo respeita. O Estado deve, assim, elaborar em
cada período orçamental – ano – apenas um Orçamento, o qual integra as
componentes do orçamento da administração central e o orçamento da segurança
social.
É o artigo 9º da LEO:
Artigo 9.º
Unidade e universalidade
1 - O Orçamento do Estado é unitário e compreende todas as receitas e despesas das
entidades que compõem o subsector da administração central e do subsector da
segurança social.
2 - Os orçamentos das regiões autónomas e das autarquias locais são independentes
do Orçamento do Estado e compreendem todas as receitas e despesas das
administrações regional e local, respetivamente.
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qualifica tais entidades como serviços e fundos autónomos. Estes têm documentos
próprios onde se faz a previsão das respectivas receitas e despesas, mas os mapas de
onde constam integram, no OGE, os mapas orçamentais conjuntos da administração
directa e indirecta do Estado.
Como regra prática , e recorrendo aos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE),
estão incluídas no OGE, além do Estado, todas as entidades que constem do subsector
central da administração pública ou do subsector da Segurança Social, elencadas pelo
INE.
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A Lei de Enquadramento Orçamental refere que os orçamentos devem ser
enquadrados numa perspectiva plurianual:
Artigo 14.º
Anualidade e plurianualidade
1 - O Orçamento do Estado e os orçamentos dos serviços e das entidades que integram
o sector das administrações públicas são anuais.
2 - Os orçamentos dos serviços e das entidades que compõem os subsectores da
administração central e da segurança social integram os programas orçamentais e são
enquadrados pela Lei das Grandes Opções em matéria de Planeamento e da
Programação Orçamental Plurianual.
3 - O ano económico coincide com o ano civil.
4 - O disposto nos números anteriores não prejudica a possibilidade de existir um
período complementar de execução orçamental, nos termos previstos no decreto-lei de
execução orçamental.
A especificação não vai ao ponto de identificar cada despesa de per si, em concreto.
De acordo com a mesma Lei, e no cumprimento da regra da especificação, as despesas
são agregadas segundo três critérios de classificação: a orgânica, a económica e a
funcional (embora a CRP apenas refira a classificação orgânica e funcional).
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Secretarias de Estado), capítulos, divisões e subdivisões orçamentais 5, permitindo pois
saber o peso relativo de cada Ministério e departamentos públicos.
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As Regiões Autónomas utilizam também esta classificação, enquanto que as
Autarquias dispõem de um classificador funcional próprio, previsto no Plano Oficial de
Contabilidade das Autarquias Locais (POCAL), e de utilização obrigatória na
contabilidade de custos e nos mapas do Plano plurianual de investimentos.
Artigo 17.º
Especificação
Quanto às receitas elas são classificadas pelo critério económico que distingue entre
receitas correntes e receitas de capital, as primeiras essencialmente impostos, taxas e
rendimentos da propriedade e as segundas essencialmente empréstimos.
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perante circunstâncias impossíveis de prever previamente – a dotação provisional
pode por exemplo ser utilizada, como já se verificou, para reforçar a dotação da
Protecção Civil em caso de um incêndio anormal ou reforçar a dotação do Ministério
da Saúde no caso de uma pandemia. A excepção traduz-se na autorização parlamentar
para efectuar uma despesa sem que seja conhecida, com antecedência, a concreta
situação em que vai ser utilizada.
Artigo 15.º
Não compensação
1 - Todas as receitas são previstas pela importância integral em que foram avaliadas,
sem dedução alguma para encargos de cobrança ou de qualquer outra natureza.
2 - A importância integral das receitas tributárias corresponde à previsão dos
montantes que, depois de abatidas as estimativas das receitas cessantes em virtude de
benefícios tributários e os montantes estimados para reembolsos e restituições, são
efetivamente cobrados.
3 - Todas as despesas são inscritas pela sua importância integral, sem dedução de
qualquer espécie, ressalvadas as seguintes exceções:
a) As operações relativas a ativos financeiros;
b) As operações de gestão da dívida pública direta do Estado, que são inscritas nos
respetivos programas orçamentais, nos seguintes termos:
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i) As despesas decorrentes de operações de derivados financeiros são deduzidas das
receitas obtidas com as mesmas operações, sendo o respetivo saldo sempre inscrito
como despesa;
ii) As receitas de juros resultantes de operações associadas à emissão de dívida pública
direta do Estado e ou à gestão da Tesouraria do Estado são abatidas às despesas da
mesma natureza;
iii) As receitas de juros resultantes das operações associadas à aplicação dos
excedentes de Tesouraria do Estado, assim como as associadas aos adiantamentos de
tesouraria, são abatidas às despesas com juros da dívida pública direta do Estado;
iv) As receitas de juros resultantes de operações ativas da Direção-Geral do Tesouro e
Finanças são abatidas às despesas com juros da dívida pública direta do Estado.
4 - A inscrição orçamental dos fluxos financeiros decorrentes de operações associadas à
gestão da carteira de ativos dos fundos sob administração do Instituto de Gestão dos
Fundos de Capitalização da Segurança Social, I. P., é efetuada de acordo com as
seguintes regras:
a) As receitas obtidas em operações de derivados financeiros são deduzidas das
despesas correntes das mesmas operações, sendo o respetivo saldo sempre inscrito
como receita;
b) Os juros recebidos de títulos de dívida são deduzidos dos juros corridos pagos na
aquisição do mesmo género de valores, sendo o respetivo saldo sempre inscrito como
receita.
5 - O disposto nos números anteriores não prejudica o registo contabilístico
individualizado de todos os fluxos financeiros, ainda que meramente escriturais,
associados às operações nelas referidas.
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Artigo 16.º
Não consignação
1 - Não pode afetar-se o produto de quaisquer receitas à cobertura de determinadas
despesas.
2 - Excetuam-se do disposto no número anterior:
a) As receitas das reprivatizações;
b) As receitas relativas aos recursos próprios comunitários tradicionais;
c) As receitas afetas ao financiamento da segurança social e dos seus diferentes
sistemas e subsistemas, nos termos legais;
d) As receitas que correspondam a transferências provenientes da União Europeia e de
organizações internacionais;
e) As receitas provenientes de subsídios, donativos e legados de particulares, que, por
vontade destes, devam ser afetados à cobertura de determinadas despesas;
f) As receitas que sejam, por razão especial, afetas a determinadas despesas por
expressa estatuição legal ou contratual.
3 - As normas que, nos termos da alínea f) do número anterior, consignem receitas a
determinadas despesas têm caráter excecional e temporário.
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Sustentabilidade das finanças públicas
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O princípio da economia, eficiência e eficácia, do artigo 18.º da LEO, resulta definido
nos seguintes termos:
2 - A economia, a eficiência e a eficácia consistem na:
a) Utilização do mínimo de recursos que assegurem os adequados padrões de
qualidade do serviço público;
b) Promoção do acréscimo de produtividade pelo alcance de resultados semelhantes
com menor despesa;
c) Utilização dos recursos mais adequados para atingir o resultado que se pretende
alcançar.
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c) O dever de disponibilização de informação à entidade com competência de
acompanhamento e controlo da execução orçamental, nos termos e prazos a definir no
decreto-lei de execução orçamental.
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(PIB) a preços de mercado, devendo, sempre que haja desvios, haver um
acompanhamento da situação pela Comissão Europeia, com Relatório ao Comité
Económico e Financeiro para parecer e remessa ao Conselho Económico e Financeiro
(composto pelos Ministros das Finanças dos Estados-membros), para decisão e tomada
de acções destinadas à correcção do défice.
Artigo 6º
Política orçamental
Artigo 21.º
Excedentes orçamentais
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1 - Os excedentes da execução orçamental são usados preferencialmente na:
a) Amortização da dívida pública, enquanto se verificar o incumprimento do limite da
dívida pública prevista no n.º 1 do artigo 25.º;
b) Constituição de uma reserva de estabilização, destinada a desempenhar uma função
anticíclica em contextos de recessão económica, quando se verificar o cumprimento do
limite referido na alínea anterior.
2 - Os excedentes anuais do sistema previdencial revertem a favor do Fundo de
Estabilização Financeira da Segurança Social, nos termos da Lei de Bases do Sistema de
Segurança Social.
Vejamos, com um pouco mais de detalhe, as regras que a LEO designa no Capítulo III
como Regras orçamentais, começando pela Secção I - Regras gerais.
No artigo 20º, o n.º 1 define a existência de um objectivo de médio prazo para o saldo
orçamental que mais não é do que aquele que resultar das regras do Pacto de
Estabilidade e Crescimento.
Como quer que seja, falar de equilíbrio orçamental é falar do equilíbrio efectivo entre
receitas efectivas e despesas efectivas, considerando as primeiras como as que
aumentam o património do Estado (vg os impostos mas já não os empréstimos que se
se traduzem num aumento do activo traduzem-se também e concomitantemente num
aumento do passivo, ou seja a variação patrimonial é nula) e as segundas como
aquelas que o diminuem (vg pagamento de salários aos funcionários públicos, mas já
não o pagamento de uma dívida em que à diminuição do activo corresponde também
uma diminuição do passivo a significar ainda que a variação patrimonial é nula).
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Medir o saldo efectivo do Orçamento é, ao cabo e ao resto, medir o efeito do
Orçamento sobre o endividamento público. Ou seja, do lado das receitas temos
essencialmente as receitas efectivas resultantes de impostos e taxas os empréstimos;
do lado das despesas, temos as despesas efectivas, com excepção do reembolso dos
empréstimos. Significa isto que num Orçamento equilibrado, só existe contracção de
dívida para pagar dívida já existente, não ocorrendo variações no endividamento.
Haverá défice quando as receitas efectivas não chegam para as despesas efectivas e
portanto a dívida vai crescer no valor da diferença – é um endividamento líquido.
Haverá superavit, em situação contrária, com o resultado de descida da dívida.
Importante será, todavia, indexar a dívida ao crescimento (ou não) do Produto Interno
Bruto (PIB). Se a dívida crescer mas o PIB crescer também mas a um ritmo superior não
gerará preocupações. Só o inverso não será aconselhável para a sustentabilidade das
finanças públicas.
Como quer que seja, toda a política orçamental deve ser formulada numa perspectiva
de estabilização económica.
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Outro critério é o do saldo primário, que acaba por ser uma derivação do critério do
equilíbrio efectivo, e que foi introduzido entre nós pela primeira versão da Le i de
Enquadramento Orçamental, em 1991.
Para apurar o saldo primário contrapõem-se despesas refectivas e receitas efectivas,
sendo que nas despesas efectivas não se incluem as despesas com os juros da dívida
pública. As despesas efectivas sem o cômputo desses juros chamam-se despesas
primárias. No fundo, um saldo primário equilibrado melhora a atitude pública – de
facto, não sendo possível atingir o equilíbrio conforme o saldo efectivo, por causa da
dívida anteriormente contraída (e cujos juros têm depois de ser pagos).
`relevante o conhecimento do saldo primário como indicador de política orçamental. E
a sua comparação com o saldo efectivo fornece indicação sobre o peso que representa
o pagamento dos juros da dívida pública.
Na LEO, no artigo 20º, remete para as regras europeias quanto à definição e limites do
saldo orçamental. Como é sabido, de acordo com as regras europeias, os Estados
Membros são condicionados nas suas decisões orçamentais.
A partir do Tratado de Maastricht o poder político deve impedir políticas deficitárias
que gerem aumento sustentado de dívida pública ou de inflação.
As regras iniciais eram muito rígidas. Com as alterações de maior flexibilidade
introduzidas em 2011 e 2013, as regras vieram a tornar-se bastantes complexas que
aqui não analisaremos.
Realçamos, como aliás já foi dito, o limite de 3% do PIB para o défice das
administrações públicas e todas as disposições associadas ao Pacto de Estabilidade e
Crescimento.
Tudo isto está devidamente traduzido na versão actual da Lei do Enquadramento
Orçamental – o artigo 6.º (quadro jurídico fundamental da política orçamental e da
gestão financeira a par com a Constituição da República Portuguesa); o artigo 10.º
(princípio da estabilidade orçamental e situação de equilíbrio ou excedente
orçamental); artigos 22.º a 25º (regras europeias), com o artigo 21.º de fonte
exclusivamente nacional e o artigo 26º a estabelecer uma regra interpretativa..
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3. A estrutura formal do Orçamento do Estado
- o Articulado ;
- os Mapas Contabilísticos;
4. O processo orçamental
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Ou seja, o processo orçamental inicia-se em Abril com a actualização do Programa de
Estabilidade, implicando ainda a aprovação da Lei das Grandes Opções (LGO), que
substituiu a antiga Lei das Grandes Opções do Plano. A nova LGO passou a incluir, para
além das grandes opções de política económica, também a programação orçamental
plurianual com o quadro Plurianual da Despesa Pública.
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estimativa das necessidades de despesa para o ano seguinte, a estimativa da receita e
a elaboração de projecções sobre a evolução da economia ( o artigo 8º da LEO
estabelece que as previsões devem basear-se no cenário macroeconómico mais
provável ou num cenário mais prudentes e devem ser comparadas com as projecções
passadas e com as projecções de outras entidades, exigindo-se que as projecções
sejam objecto de apreciação pelo Conselho de Finanças Públicas)..
A partir daí a Assembleia da República tem 50 dias para a discutir e aprovar (artigo 38.º
n.º 2 da Lei de Enquadramento Orçamental e Regimento da Assembleia da República).
A votação do Orçamento do Estado deverá efectuar-se até 15 de Dezembro.
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A discussão envolverá quase totalidades dos trabalhos parlamentares, havendo uma
fase de discussão na especialidade em que são envolvidas todas as comissões
parlamentares permanentes em diálogo/audição de todos os Ministros relativamente
à parte do Orçamento respeitante à respectiva área de actuação.
Nesta matéria, a Assembleia da República pode ter uma de três posições. Pode aprovar
pura e simplesmente a Proposta que lhe foi apresentada. Pode também aprová-la com
alterações, o que traduz o direito de emenda parlamentar, o qual todavia deve ter em
conta dois aspectos: a Assembleia da República só pode fazer as alterações que se
inscrevam no âmbito da Proposta apresentada pelo Governo; e deve sempre respeitar
no processo a Lei de Enquadramento Orçamental, as Grandes Opções, as leis e
contratos que impõem obrigações ao Estado, os princípios constitucionais e os
instrumentos plurianuais. A outra das opções é a rejeição.
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A promulgação significa, em substância, que o Presidente da República entende que a
Lei do Orçamento respeita a Constituição da República.
Quando assim não entender, o Presidente da República pode vetar a Lei ou então
sujeitá-la à apreciação prévia do Tribunal Constitucional. Tendo dúvidas acerca da
constitucionalidade da Lei, o Presidente da República tem o poder (e o dever) de
tentar evitar a sua entrada em vigor, solicitando a respectiva fiscalização preventiva
(poder outorgado ao Presidente para evitar que a Constituição seja violada). A outra
alternativa (e que foi recentemente utilizada) é o pedido de fiscalização sucessiva, o
qual, em boa lógica, só deveria ser exercido quando não houver possibilidade de
solicitar a fiscalização preventiva.A fiscalização sucessiva assenta na convicção de que a
lei em vigor é inconstitucional e daí que se anteveja que possa vir a não produzir
efeitos se a inconstitucionalidade for declara pelo Tribunal Constitucional. Não se trata
já de actuação prévia, de prevenção de eventuais inconstitucionalidades, pois a Lei
entra normalmente em vigor antes da apreciação posterior pelo Tribunal
Constitucional.
Nas Regiões Autónomas e nas Autarquias Locais o processo é similar, com o Governo
Regional a apresentar a Proposta à Assembleia Legislativa Regional, ou a junta e/ou
Câmara a apresentar a Proposta à Assembleia de freguesia ou Assembleia municipal,
respectivamente.
5. A execução orçamental
Uma vez entrado em vigor, o Orçamento do Estado começa a ser executado. Cobram-
se as receitas e pagam-se as despesas. Nas palavras de Sousa Franco, a execução
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orçamental traduz “o conjunto da actos e operações materiais de administração
financeira levados a efeito para cobrar as receitas e realizar as despesas previstas, ou
para realizar os necessários ajustamentos orçamentais”7.
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realidade verificada – n.º 2 do artigo 52.º da LEO). Quanto às despesas a relevância vai
para a tipicidade quantitativa, sendo o montante inscrito nos mapas orçamentais o
limite da despesa que pode ser realizada, ou seja, é necessário verificar o cabimento
(ver se o valor da despesa a realizar cabe na dotação orçamental).
O Princípio da segregação das funções, está previsto no artigo 52º n.ºs 6 e 7 da Lei de
Enquadramento Orçamental, é apontado como um mecanismo de controlo,
significando especiais cuidados na movimentação dos recursos financeiros do Estado.
A segregação de funções é a separação da competência para realizar diferentes actos
do procedimento de cobrança da receita e de realização da despesa, separação que
implica uma separação entre serviços. Na receita, a segregação acontece entre as fases
de liquidação e da cobrança e na despesa, separam-se as fases de autorização da
despesa e o da realização do respectivo pagamento.
Sintetizando:
Quanto à realização das despesas exige-se:
- Legalidade, a significar que todo o facto gerador das despesas tem de respeitar as
normas legais aplicáveis, quaisquer que elas sejam (v.g. orçamentais,
contabilísticas, procedimentais). Este princípio da legalidade vai para além da mera
verificação do cumprimento da tipicidade qualitativa e quantitativa da despesa
(denominado cabimento orçamental). Segundo o Acórdão do Tribunal de Contas
n.º 142/94, da 1.ª Secção “a ilegalidade de uma despesa pública (financeira) pode
decorrer não só da desconformidade da sua assunção ou pagamento com normas
orçamentais, da contabilidade pública, ou procedimentais …, como também da
ilegalidade administrativa “tout court”, substantiva ou procedimental do acto ou
contrato donde a mesma emerge”.
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- Cabimento – a significar que a mesma caiba na correspondente dotação e esteja
adequadamente classificada;
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-pelo cabimento orçamental – a despesa deve dispor de inscrição orçamental, deve
ter cabimento na correspondente dotação, ser adequadamente classificada e
obedecer ao princípio da execução do orçamento por duodécimos), sem prejuízo desta
regra poder apresentar excepções, designadamente no tocante à despesas de capital,
em virtude da respectiva natureza. O cabimento orçamental afere-se pela classificação
económica, pelas rubricas de nível mais desagregado;
-pelo respeito do princípio da economia, eficiência e eficácia, os quais têm a ver
com a melhor utilização dos recursos, na perspectiva do custo / benefício.
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A execução do Orçamento do Estado é objecto de controlo administrativo, jurisdicional
e político.
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Artigo 58.º n.º 4 -“O controlo administrativo compete ao próprio serviço ou instituição responsável
pela respectiva execução, aos respectivos serviços de orçamento e de contabilidade pública, às
entidades hierarquicamente superiores, de superintendência ou de tutela e aos serviços gerais de
inspecção e de controlo da Administração Pública.
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O Tribunal de Contas audita e fiscaliza a legalidade e regularidade das receitas e das
despesas públicas, e as suas competências, fixadas pelo artigo 5.º da Lei de
Organização e Processo do Tribunal de Contas, são vastas e fazem dele também um
consultor qualificado da Assembleia da República. Actua ainda em colaboração com o
Tribunal de Contas Europeu (artigo 248.º n.º 3 do Tratado de Funcionamento da União
Europeia) e em cooperação com as entidades fiscalizadores dos vários Estados-
membros10.
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Artigo 68.º nº 4: “ O controlo jurisdicional da execução do Orçamento do Estado compete ao Tribunal
de Contas e é efetuado nos termos da respetiva legislação, sem prejuízo dos atos que cabem aos demais
tribunais, designadamente aos tribunais administrativos e fiscais e aos tribunais judiciais, no âmbito das
respetivas competências.”
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O controlo orçamental é exercido em cada instituição da UE e ao nível dos Estados-Membros. É
realizado um trabalho importante de controlo, em diferentes níveis, pelo Tribunal de Contas e pelo
Parlamento. Todos os anos, o Parlamento analisa a execução do orçamento com vista a dar a quitação à
Comissão Europeia (Artigos 317.º, 318.º, 319.º, 322.º e 325.º do TFUE).
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Acabamos de falar da Conta Geral do Estado a propósito da obrigatoriedade imposta
ao Governo e ao Tribunal de Contas, no âmbito do exercício do controlo orçamental,
de apresentar à Assembleia da República as contas do Estado e das demais entidades
públicas, para apreciação e aprovação.
Como gestor do Sistema Contabilístico do Estado, é o Ministério das Finanças que tem
a atribuição orgânica de elaborar a Conta Geral do Estado, contando para o efeito com
o apoio dos Órgãos e Entidades do Sector Público Administrativo, sobretudo daqueles
que dependem total ou parcialmente do Orçamento Geral do Estado. Uma vez que
esses Órgãos e Entidades têm responsabilidade directa na utilização dos recursos
orçamentais que lhes são atribuídos anualmente pelo OGE, eles têm o dever de
prestar contas nos termos da legislação pertinente em vigor. É um instrumento que
se destina a consolidar as boas práticas de prestação de contas e a divulgação dos
resultados da gestão, fortalecendo o princípio da transparência no uso dos recursos
públicos.
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evolução dos principais agregados macroeconómicos, a execução e as alterações do
Orçamento do Estado e da Segurança Social, entre outras matérias relevantes; os
Mapas contabilísticos gerais, sobre a execução orçamental, a situação de tesouraria e a
situação patrimonial do Estado bem como os fluxos financeiros do Estado; os
Elementos informativos11, apresentados sob a forma de mapas, referentes às contas
dos subsectores dos serviços integrados, dos serviços e fundos autónomos e do
sistema de segurança social. Os elementos informativos relativos aos programas
orçamentais concluídos no ano evidenciam a despesa orçamental paga relativa a cada
programa, medida e projecto, sendo certo que, para além destes, a Conta Geral do
Estado deverá conter todos os demais elementos que se mostrem adequados a uma
prestação clara e completa das contas públicas.
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Artigo 76.º da Lei de Enquadramento Orçamental – Elementos informativos.
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O Tribunal de Contas é, nos termos do artigo 214.º da CRP, “o órgão supremo de
fiscalização da legalidade das despesas públicas e de julgamento das contas que a lei
mandar submeter-lhe”. Na sequência, o artigo 1.º, n.º 1, da Lei de Organização e
Processo do Tribunal de Contas diz que ele “fiscaliza a legalidade e regularidade das
receitas e das despesas públicas, aprecia a boa gestão financeira e efectiva
responsabilidades por infracções financeiras”.
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Esta reforma do Tribunal de Contas, cujo primeiro passo, de relevância, ao nível da lei
ordinária, fora dado pela Lei nº 86/89, e da Lei nº 14/96, deu ao Tribunal de Contas os
poderes de fiscalização e de avaliação da gestão financeira. Posteriormente, a
revogação global da Lei nº 86/89 operada pela Lei nº 98/97, de 26 de Agosto,
consagrou soluções de grande relevância, com vista à modernização do controlo
financeiro.
Assim se compreende que seja muito vasto o universo de entidades sujeito à actuação
do Tribunal, englobando, em geral, todas as entidades que tenham a seu cargo a
gestão de dinheiros ou valores públicos independentemente da natureza jurídica de
tais entidades.
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juízo sobre a regularidade e a legalidade da execução orçamental, bem como sobre a
economia, a eficiência e a eficácia da gestão efectuada e a fiabilidade dos sistemas de
controlo interno. No âmbito desta sua actuação, o Tribunal assiste tecnicamente o
Parlamento.
Em moldes idênticos se coloca a relação de colaboração que entre estes dois órgãos
pode surgir ao abrigo do n.º 2 do art.º 36º da Lei n.º 98/97, o qual consagra a
possibilidade de o Tribunal comunicar ao Parlamento as informações que obteve, quer
durante a execução orçamental quer até ao momento da publicação da Conta Geral do
Estado.
Em síntese:
O Tribunal de Contas é um órgão jurisdicional, externo (no sentido de situado fora da
administração pública), dotado de independência e que não exerce apenas funções
jurisdicionais, dispondo também de poderes não jurisdicionais (fiscalização).
Constituem poderes jurisdicionais:
- O julgamento de contas e a efectivação de responsabilidades financeiras, e
poderes não jurisdicionais (ou de fiscalização):
- Dar parecer sobre a Conta Geral do Estado;
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- Dar parecer sobre as contas das Regiões Autónomas;
- Verificar as contas dos organismos, serviços ou entidades sujeitos à sua
prestação;
- Realizar auditorias a algumas entidades (artigo 2º), por iniciativa própria, da
Assembleia da República ou Governo;
- Fiscalizar a cobrança dos recursos próprios e a aplicação dos recursos
financeiros oriundos da UE e
- Emitir recomendações.
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