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Na actualidade, o conceito está intimamente ligado à previsão das Receitas e à fixação das
Despesas públicas. No Brasil, sua natureza jurídica é considerada como sendo de lei em sentido
formal, apenas. Isso guarda relação com o carácter meramente autorizador das despesas
públicas.
ORIGEM
O estudo do orçamento público retorna à década de 1920 nos Estados Unidos ou, mesmo
anteriormente, só sendo possível devido à Revolução Industrial. A gestão empresarial deu
enormes saltos de qualidade, propiciando o desenvolvimento de diversas técnicas de gestão e
de elaboração do orçamento. Fayol, em sua obra "Administração Industrial e Geral".
Orçamento Tradicional;
Orçamento Base Zero;
Orçamento de Desempenho;
Orçamento-Programa;
Sistema de Planeamento, Programação e Orçamento;
Sistema de Racionalização do Orçamento;
Assim, o conceito de orçamento público varia, dependendo do "ângulo" pelo qual se observa,
podendo adquirir definições variadas (TORRES, 2002).
PENÍNSULA IBÉRICA
A origem dos orçamentos está ligada à origem do poder de tributar e este,
segundo Aliomar Baleeiro(1) tem berço na chamada "cúria régia" dos povos
europeus. Tratava-se de um conselho de nobres e sacerdotes que assistiam o
monarca em certas resoluções importantes de interesse coletivo. A tributação
era um dos assuntos relevantes.
Como até hoje podemos verificar, esse tipo de controle representativo por parte
do parlamento sobre os governos gera conflitos. Naquela época, na qual o
absolutismo dominava, a coroa britânica não podia ser diferente. Como
resultado, o controle do Parlamento gerou um sério conflito com o rei Carlos I.
Reclamando em prol do princípio do consentimento e contra a imposição de um
empréstimo compulsório pelo rei, o Parlamento britânico baixou a Petition of
Rights (Petição de Direitos), que reafirmou o princípio da Magna Carta; segundo
o qual, para ser legítimo, o tributo teria que ser consentido pelo Parlamento.
O item VIII deste documento previa que: "Por todas estas razões, os lordes
espirituais e temporais e os comuns humildemente imploram a Vossa Majestade
que, a partir de agora, ninguém seja obrigado a contribuir com qualquer dádiva,
empréstimo ou benevolência e a pagar qualquer taxa ou imposto, sem o
consentimento de todos, manifestado por ato do Parlamento."
Como resultado, instalou-se uma luta interna. O Rei foi derrotado, condenado e
decapitado. De acordo com Burkhead(3), durante a guerra da Inglaterra contra
os holandeses, o Parlamento autorizou impostos pretendidos por Carlos II,
estabelecendo claramente as finalidades a que se destinavam os tributos
arrecadados. A partir de então, firmou-se a ideia de que os impostos só seriam
justificáveis à vista das despesas que por eles viessem a ser financiadas. Ao
longo do tempo, verificou-se que era necessário controlar a aplicação dos
recursos públicos e não apenas autorizar sua cobrança.
Em 1787, foi aprovado pela Câmara dos Comuns a Consolidated Fund Act (Lei do
Fundo Consolidado). Segundo Arizio de Viana, representou um avanço
significativo nas finanças públicas inglesas: "Certo número de impostos existem
na Inglaterra para atender certos serviços de carácter permanente; anualmente
o Parlamento inglês não discute a legitimidade desses impostos nem dessas
despesas; aprova o pedido do Governo em globo; quando há excedente, isto é,
quando a receita do fundo excede as despesas, torna-se possível discutir esse
excedente, para ver se há impostos desnecessários e que devam ser
abandonados; mas essa discussão nunca se verifica, pois os serviços
administrativos crescem e o Governo é sempre obrigado a pedir maiores verbas
e, daí, a aprovação dos recursos solicitados, ainda que, para obtêm-los, seja
preciso criar novos impostos ou agravar os existentes."
anualidade do orçamento;
votação do orçamento antes do início do exercício;
o orçamento deve ter todas as previsões financeiras para o exercício
(universalidade);
A não vinculação de itens de receita a despesas específicas (não afetação
das receitas).
ESTADOS UNIDOS, Historicamente, considera-se que a independência americana
decorreu também, entre outros factores (maturidade política e independência
económica), do descontentamento dos colonos em face da cobrança de tributos
pela metrópole inglesa. Ou seja, a cobrança de impostos pelo Parlamento inglês
à revelia de qualquer legitimação popular foi a gota da água para o início do
processo de independência americano. Caso semelhante aconteceu no Brasil
colonial (Inconfidência Mineira).
Nos primeiros anos de República, não havia uma nítida separação das funções
legislativas e executivas em matéria financeira. Em 1789, a autorização para
orçar gastos, criar tributos e tomar empréstimos foi concedida pela Constituição
ao Congresso. Nesse mesmo ano, o Congresso repassou ao recém criado
Departamento do Tesouro a responsabilidade de preparar e relatar as
estimativas das receitas e despesas públicas.
Por volta de 1865, a Comissão dos Meios e Recursos perdeu sua função
centralizadora e começou a dividir com outras comissões a autoridade sobre os
créditos de despesa. Em 1885, havia oito comissões na Câmara dos
Representantes e oito no Senado. Iniciou-se um processo de desorganização,
desperdícios e corrupção nas finanças americanas.
O Orçamento do Estado
O Orçamento do Estado (OE) é um quadro, geral e básico, de toda a Actividade
Financeira, já que por seu intermédio se procura fixar a utilização a dar aos dinheiros
públicos.
O Orçamento é simultaneamente uma previsão económica ou plano financeiro das
receitas e despesas do Estado para o período de um ano; a autorização política deste
plano visando garantir quer direitos fundamentais dos cidadãos, quer o equilíbrio e a
separação de poderes e ainda a limitação dos poderes financeiros da Administração
para o período orçamental.
À margem do Orçamento do Estado ficam, pelo menos três importantes segmentos
financeiros: o das Regiões Autónomas, o das Autarquias e o das Empresas Públicas
(art. 3º/2 Lei 6/91).
É proposto pelo Governo, ouvidos os parceiros sociais; aprovado pela Assembleia da
República; executado pelo Governo e fiscalizado quanto à execução pelo próprio
Governo, pelo Tribunal de Contas e pela Assembleia da República.
O Orçamento do Estado (lei de valor reforçado), é uma previsão autorizada,
em regra anual, da realização quantitativa das despesas e qualitativa das
receitas públicas estaduais, tendo em vista a satisfação das necessidades
colectivas.
No quadro da chamada Constituição Financeira, destacam-se, os preceitos
constitucionais orçamentais propriamente ditos, designadamente os arts. 105º a
107º da Constituição, os quais, em suma, delimitam o essencial do conteúdo e das
características do Orçamento e da respectiva lei, bem como os aspectos essenciais da
sua elaboração, aprovação, execução e fiscalização.
No tocante à Lei do Enquadramento do Orçamento do Estado [LEOE (6/91)], ela
consagra um conjunto de regras e princípios, os quais, com respeito do quadro básico
constitucional, disciplinam o Orçamento do Estado e estabelecem os procedimentos
relativos à sua elaboração e organização, discussão e aprovação, execução e alteração,
bem como ao correspondente controlo. No essencial a Lei de Enquadramento do
Orçamento do Estado regula, antes demais, os chamados princípios e regras
orçamentais, a saber: da anualidade, da plenitude (unidade e
universalidade), do equilíbrio (formal e material), e da discriminação
orçamental (especificação, não compensação e não consignação).
16. O regime fundamental do Orçamento
As Regras orçamentais, constitucionalmente retidas, e ou acolhidas na lei de valor
reforçado, que é a Lei de Enquadramento do Orçamento de Estado, são as seguintes:
a) Anualidade (art. 106º/1 CRP e art. 2º Lei 6/91): significa que o
planeamento da gestão financeira, vertido no Orçamento do Estado, tem como
período temporal o de um ano civil. O Orçamento do Estado é anual, “sem prejuízo
de nele serem integrados programas e projectos que impliquem encargos
plurianuais” (art. 2º/1 Lei 6/91). Esta regra leva a referir ainda, que no orçamento
de gerênciaincluem-se no as receitas e as despesas efectivamente cobradas e
realizadas, respectivamente, independentemente da data do facto jurídico
subjacente; e no orçamento de exercício inscrevem-se os créditos e os débitos criados
durante a execução orçamental, independentemente do momento da sua efectivação.
b) Plenitude: que engloba a da unidade, ou seja que o Orçamento do Estado deve
ser só um, portanto único e a da universalidade, isto é, que o Orçamento do
Estado deve englobar a previsão de todas as receitas e despesas do Estado, está a
mesma consagrada no art. 105º/1/3 CRP e art. 3º Lei 6/91. Esta regra e os seus dois
desdobramentos têm subjacentes objectivos compreensíveis, qual seja o de dar
transparência à gestão dos dinheiros públicos, isto é, às respectivas obtenção e
afectação, isso pelo toca à unidade e pelo que toca à universalidade, a grande
preocupação como se refere textualmente a Constituição, é a de impedir a “existência
de dotações e fundos secretos”.
c) Discriminação Orçamental: entendida como o agrupamento das regras da
Especificação, da Não Compensação e da Não Consignação. Estas regras estão
consagradas, pelo que toca à Discriminação, no art. 105º/1-a CRP, mais não visa
do que indicar, com rigor, as diversas fontes de que vão brotar os recursos
financeiros do Estado, bem como os múltiplos dispêndios ou aplicações que àqueles
vai ser dado; no respeitante à Especificação, no art. 105º/3 CRP, refere-se esta
regra a propósito das despesas e o art. 7º Lei 6/91, consagra-a para efeitos de receitas
e despesas, especificar significa individualizar com suficiência, sem cair no exagero;
quanto à Não Compensação, ou regra do Orçamento Bruto, está a mesma
estipulada no art. 5º Lei 6/91, quer dizer inscrever receitas e despesas pelo seu
respectivo montante bruto, ou seja, sem dedução quer dos encargos de cobrança das
receitas, quer dos ganhos originados pela realização das despesas; por seu turno, a da
Não Consignação, está contida no art. 6º Lei 6/91, traduz-se no facto de todas as
receitas deverem servir para cobrir todas as despesas, e, portanto, de não se permitir
que certas e determinadas receitas vão cobrir certas e determinadas despesas.
d) Publicidade: tal como qualquer outra Lei, tem de ser publicada na I série do
Diário da República (art. 112º/3, art. 119º/1-c CRP).
e) Equilíbrio Orçamental (material e formal): a mais importante regra, em
termos de substância e, tanto para efeitos de planeamento, como para efeitos de
execução financeira da Administração Central. Mais não significa que, planear e
executar a gestão financeira pública, de modo a que as despesas previstas e
realizadas sejam realmente cobertas pelas receitas previstas e realizadas, neste caso
no Orçamento do Estado.
17. O fenómeno da desorçamentação
A desorçamentação traduz-se, quer na saída do Orçamento do Estado, quer no
afastamento da disciplina orçamental de importantes massas de dinheiros públicos.
A existência de grandes volumes de fundos públicos que se colocam integralmente a
margem da previsão e das regras de execução orçamental do Orçamento do Estado. É
o que sucede nos chamados casos de independência orçamental; na existência de
processos próprios de elaboração e de aprovação de tais orçamentos; na existência de
uma Administração Financeira privativa das entidades que dispõem desses
orçamentos; na existência de formas próprias e autónomas de percepção de receitas e
de realização de despesas e seu controlo, de contabilidade e de responsabilidade de
gestores. Este é manifestamente o caso das Regiões Autónomas, das Autarquias
Locais e das Empresas Públicas, art. 3º/2 Lei 6/91.
18. O processo Orçamental
Entende-se por tudo quanto, em termos de substância e de forma, tenha a ver com o
Orçamento do Estado, não só direita e proximamente, como indirectamente, e seja a
montante ou a jusante daquele.
O processo orçamental, no seu conjunto, é dominado por três fases ou funções: a de
planeamento, a de execução e a de acompanhamento e controlo.