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TRIBUTAÇÃO
Melissa de
Freitas Duarte
Revisão técnica:
ISBN 978-85-9502-404-5
Introdução
Neste capítulo, você vai ver os preceitos históricos da existência dos tribu-
tos para compreendê-los melhor. Assim, vai poder conceituar os tributos,
explicar os motivos que fundamentam a sua existência e necessidade,
bem como identificar os seus objetivos contemporâneos.
nizadores, por exemplo, tinham por hábito cobrar tributos de seus colonizados.
Você pode perceber, assim, que os tributos só podiam ser cobrados por aqueles
que eram detentores de um poder econômico e bélico.
Na Idade Média, com a implantação do feudalismo, os senhores feudais
cobravam impostos do povo. Nesse caso, os ricos não pagavam tributos. Na
Idade Moderna, os feudos foram transformados em reinados, e esses reinados
deram origem aos Estados nacionais. Nesse período, o rei cobrava tributos dos
Estados nacionais a fim de reunir riqueza e financiar grandes viagens pelo
oceano Atlântico. Foi nessa época que se iniciou a cobrança de tributos em
moeda e não mais em mercadorias.
A Idade Contemporânea foi marcada pela Revolução Francesa, que é um
marco na história da humanidade. Ainda nesse período, outro fator histórico
importante foi a conquista da independência dos Estados Unidos em relação
à Inglaterra. A principal causa da luta pela independência foram os pesados
impostos que a coroa britânica cobrava de suas colônias na América.
Como você deve saber, esses movimentos de libertação inspiraram muitas
revoltas importantes no Brasil no final do século XVIII e no início do século
XIX. Essas revoltas tinham por objetivo declarar independência de Portugal,
pois a cobrança de altos tributos estava deixando o povo insatisfeito. Um marco
histórico importante desse período no Brasil foi a Inconfidência Mineira. Ela
ocorreu porque o povo estava insatisfeito com o imposto chamado “quinto do
ouro”, que estabelecia que a quinta parte de todo o ouro extraído dos garimpos
deveria ser paga à Coroa Portuguesa em forma de tributo.
A tributação no Brasil
A tributação no Brasil se iniciou antes mesmo da colonização. Ou seja, iniciou-
-se no período pré-colonial, com a extração do pau-brasil por meio da cessão
dos direitos de exploração. Entre os anos de 1530 e 1548, ou seja, desde a
implantação do sistema de capitanias até a instalação do Governo Geral, a
estrutura administrativa e fazendária do Brasil ainda não estava implantada.
Em cada uma das capitanias existia apenas um funcionário, que era responsável
por arrecadar as rendas reais e administrar as feitorias.
No Brasil Império, com a proclamação da independência, foi necessário orga-
nizar a máquina administrativa. Afinal, o Brasil enfrentava uma crise econômica
motivada pelo aumento das importações e pela diminuição das exportações. O
sistema tributário era precário, pois nesse período não existia uma sistematização
de receitas e despesas. Além disso, os tributos eram mal distribuídos.
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Além disso, o art. 179, inciso XV, declarava: “[...] ninguém será isento
de contribuir para as despesas do Estado em proporção dos seus haveres”
(BRASIL, 1824).
Por meio de um ato adicional, no ano de 1834 as rendas gerais passaram
a ser compostas por 12 tributos. Já a Constituição de 1891 (BRASIL, 1891)
estabeleceu a competência da União e dos estados quanto à questão dos
tributos. Você pode verificar isso nos arts. 7º e 9º, que regem sobre as com-
petências da União e dos estados. No ano de 1922, surgiu a cobrança de um
tributo que passou a contribuir com a receita da União: o imposto sobre a
renda (IR). Ao contrário do que você pode imaginar, esse imposto não era
nenhuma novidade, pois desde o período imperial o fisco havia estabelecido
uma tributação sobre determinadas rendas.
No ano de 1930, o poder foi entregue a Getúlio Vargas, que governou sem
constituição até a promulgação da Carta Magna de 1934 (BRASIL, 1934). O
País ganhou, então, o mais ousado texto constitucional da sua história. Esse
texto estabelecia em suas linhas o salário mínimo, a jornada de trabalho de
oito horas diárias, a proibição do trabalho de menores de 14 anos de idade, o
repouso semanal remunerado, entre outros. Já em seus aspectos tributários,
a Carta (BRASIL, 1934) demonstrava uma melhoria se comparada com a
Constituição de 1891. Em seus arts. 6º e 8º, estabelecia o que a cobrança de
tributos competia à União e aos estados.
Na época do governo militar instituído em 1964, o sistema tributário
brasileiro passou a ser composto por impostos diretos e impostos indiretos.
Os diretos incidiam sobre o rendimento de cada contribuinte. Já os indiretos
eram repassados ao preço das mercadorias. Em 1966, foi criado o Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI), cuja alíquota deveria ser proporcional
à essencialidade do produto, o que não aconteceu.
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No período conhecido como Nova República, o então Presidente José Sarney tentou
equilibrar a economia brasileira, editando, em 1986, o Plano Cruzado. Foi nesse contexto
histórico que se promulgou a Constituição de 1988 (BRASIL, 1988), que estabelece a
tributação como você a conhece nos dias de hoje.
https://goo.gl/fqQZ81
Leituras recomendadas
AMARO, L. Direito Tributário brasileiro. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
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nível em: <http://ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_
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