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FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANIDADES

MATERIAL DE APOIO DA CADEIRA DE FISCALIDADE

Docente: Constantino Tchiyaka

Contacto: professor.tchiyaka@gmail.com

MOÇÂMEDES, 2021
Observação: este material tem um carácter consultivo/complementar, pelo que, para uma
maior comprensão dos conteúdos nele relatados bem como os que constam do programa da
ficha da unidade curricular recomenda-se aos alunos que participem activamente das aulas,
façam os trabalhos para os quais foram orientados, consultem a bibliografia da cadeira e a
legislação fiscal ☺
LISTA DE SIGLAS, ACRÓNIMOS E ABREVIATURAS
CGT – Código Geral Tributário

CPT – Código de Processo Tributário

CRA – Constituição da República de Angola

IAC – imposto sobre a aplicação de capitais

II – imposto industrial

IRT – imposto sobre o rendimento de trabalho

IS – Imposto de selo

IVA – imposto sobre valor acrescentado

RJAF – Regime jurídico da auto-faturação

RJFDE – Regime jurídico das facturas e documentos equivalentes

SFA – sistema fiscal angolano.

SS – segurança social
Índice

CAP. I- FUNDAMENTO E ESSÊNCIA DA CIÊNCIA TRIBUTÁRIA ................................................................. 1


1.1 Evolução histórica dos tributos ............................................................................................... 1
1.2 Conceito e funcção dos tributos ............................................................................................. 2
1.3 Espécie tributária. Sua finalidade e objectivos específicos ..................................................... 3
1.4 Classificação dos tributos ........................................................................................................ 4
CAP. II CONCEITOS BÁSICOS ................................................................................................................... 6
2.1 Distinção entre impostos e taxas ............................................................................................ 6
2.2 Caracterização do conceito de imposto .................................................................................. 6
2.3 Classificação dos impostos ...................................................................................................... 7
2.4 UCF (unidade de correcção fiscal) Objectivo Específico: ........................................................ 9
CAP.III- FASES DA VIDA DO IMPOSTO.................................................................................................... 10
CAP. IV-RELAÇÃO JURÍDICA FISCAL (TRIBUTÁRIA)................................................................................. 12
CAP. V-PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS COM RELEVÂNCIA PARA O DIREITO FISCAL ............................ 14
CAP. VI- O CREDITO TRIBUTÁRIO .......................................................................................................... 18
CAP. VII SISTEMA FISCAL ANGOLANO................................................................................................ 18
CAP. I- FUNDAMENTO E ESSÊNCIA DA CIÊNCIA TRIBUTÁRIA

1.1 Evolução histórica dos tributos


O tributo tem origem remota e certamente acompanhou a evolução do homem, a criação
das primeiras sociedades, o surgimento de líderes tribais ou chefes guerreiros e políticos.
Estudos indicam ter sido voluntária a primeira manifestação tributária, em forma de
presentes ou ofertas destinadas aos líderes ou chefes, por seus serviços ou sua atuação em
favor da comunidade. Depois as contribuições passaram a ser compulsórias, quando os
vencidos de guerra eram forçados a entregar parte ou a totalidade de seus bens aos
vencedores. Após essa época, começou a cobrança pelos chefes de Estado de parte da
contribuição dos súditos, sob a forma de tributos.

De acordo com Quintino (2020), os documentos escritos mais antigso conhecios são peças
de barro de 4.000 A.C., encontrados na Mesopotânea. Nestes materiais já é peossível
encontrar referências aos impostos que eram cobrados na época – que exigiam que parte
dos alimentos produzidos fosse entregue ao governo. Além disso, parte do povo era
obrigado a passar até cinco meses por ano trabalhando para o rei.

De acordo com o autor (id), esta mesma lógica guiou inúmeros povos ao longo dos tempos.
A história dos impostos evoluiu juntamente com a história que conhecemos – passando pelo
Egipto, Império Romano, Grécia, Idade Média e chegando aos modelos de tributação que
temos hoje em dia.

Por seu turno, Ferreira (2015) afirma que o texto mais antigo encontrado e que retrata a
cobrança de tributos na antiguidade é uma placa de 2.350 A. C., em escrita cuneiforme, que
descreve as reformas empreendidas pelo rei Urukagina na cidade-estado de Lagash,
localizada na antiga Suméria, entre os rios Tigre e Eufrates. O documento relata a cobrança
de impostos extorsivos e leis opressivas, exploração de funcionários corruptos e confisco de
bens para o rei.

O autor (id), afirma ainda que, também entre os egípcios encontramos um texto, do segundo
milênio A. C., que retrata as dificuldades encontradas por um camponês para pagar ao
escriba do faraó os impostos sobre a colheita.

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Na Grécia (século VII A. C.), instituiu-se o tributo administrado pelo Estado, como o
conhecemos hoje. À custa do trabalho escravo e dos tributos pagos pelos cidadãos, os
gregos construíram uma das maiores civilizações do mundo antigo.

Os romanos conseguiram conquistar os gregos, mas não foram capazes de submetê-los à


sua cultura. Assim, descobriram que poderiam dominar outros povos sem impor a eles suas
crenças e costumes. Dessa forma, os romanos conseguiram sustentar e alargar seu império
respeitando a liberdade e cultura dos conquistados, mas utilizando a cobrança de tributos
como meio de fortalecer seus exércitos e conquistar mais terras.

Em Roma, cobrava-se imposto pela importação de mercadorias (“portorium”) e pelo


consumo geral de qualquer bem (“macelum”). Os tributos pagos pelas províncias anexadas
ao império e o pagamento de impostos pelos cidadãos foram essenciais à formação e
manutenção do império.

Hoje em dia, nossa Constituição, como a de todos os países democráticos, garante os


direitos dos contribuintes impondo limites ao poder do Estado de tributar.

O tributo tem hoje grande significado social, por ser o maior responsável pelo financiamento
dos programas e ações do governo nos vários domínios da vida social. No entanto, é preciso
zelar sempre para que os princípios constitucionais sejam observados e que os recursos
arrecadados possam ser aplicados em obras e serviços que atendam às necessidades da
população, como um todo, principalmente da parcela mais pobre.

1.2 Conceito e funcção dos tributos


Tributos são prestações patrimoniais, pecuniárias ou susceptíveis de avaliação pecuniária,
sem carácter de sanção, impostas pelo Estado ou outras entidades de direito público ou
concessionárias de serviços públicos, com vista à satisfação das necessidades colectivas e à
prossecução do interesse público (artigo 2º do Código Geral Tributário).

A tributação remete-nos a questão do Estado, pois o modelo tributário é direcionado pelo


Estado como uma unidade administrativa de um território, em que a sua formação é feita
através de instituições públicas que têm como função organizar e atender aos anseios da
população que habitam o seu território. Assim, a arrecadação tributária assume vital
importância para o desenvolvimento e crescimento dos países, pois os tributos servem para

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financiar as atividades do Estado e é, por via deles que o Estado consegue cumprir com as suas
obrigações e responsabilidade para com a colectividade.

1.3 Espécie tributária. Sua finalidade e objectivos específicos


Nos termos do artigo 3º do CGT – classificação dos tributos – os tributos podem ser consoante
a titularidade do respectivo direito de crédito, estaduais ou locais. Consideram-se tributos
estaduais, os tributos cujo sujeito activo seja a administração directa do Estado ou qualquer
órgão da sua administração indirecta. Consideram-se tributos locais, os tributos cujos sujeitos
activos sejam municípios, organizações supra municipais ou outros órgãos territoriais do
Estado assim designados por Lei.

De acordo com o nosso ordenamento jurídico, os tributos podem ser, impostos incluindo
direitos aduaneiros, taxas ou contribuições especiais1. São impostos os tributos com natureza
unilateral, em virtude da sua obrigação não constituir a contrapartida de qualquer prestação
individualizada do Estado e demais ente públicos.

São contribuições especiais:

a) As contribuições de melhoria e de maior desgaste que assentem, respectivamente, na


obtenção pelo sujeito passivo de benefícios ou aumentos de valor dos seus bens em
resultado de obras públicas ou da criação e ampliação de serviços públicos ou no
especial desgaste de bens públicos ocasionado pelo exercício de uma actividade;2

b) As contribuições financeiras constituídas por prestações pecuniárias e coactivas de


natureza parafiscal exigidas por uma entidade pública, para compensação de
prestações provocadas ou aproveitadas por determinado grupo e presumivelmente

1
Os regimes jurídicos de criação, modificação e extinção das taxas ou de outras contribuições especiais constam
de Leis reguladoras próprias, constituindo o o CGT, legislação subsidiária relativamente a esses regimes.
2
Regra geral, as contribuições de melhoria são tributos decorrentes de obras públicas permanentes que venham
a valorizar imóveis particulares, sendo que o fato gerador é a valorização de imóvel decorrente de uma obra
pública, o sujeito passivo é o proprietário do imóvel no momento do término da obra e a base de cálculo é a
diferença entre os valores iniciais e finais dos imóveis beneficiados pela valorização. De realçar que o valor da
obra pública deve ser dividido entre os proprietários dos imóveis beneficiados, observando cada valorização
individual. Desta forma, não existe uma alíquota fixa para este tributo, pois depende do valor total da obra
dividido pelo número de beneficiários, além da valorização individual de cada imóvel. Por isso, existem dois
limites máximos a serem respeitados.

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provocadas ou aproveitadas por um sujeito passivo que nele se integre.3

Consideram-se taxas, os tributos que constituam contraprestações pecuniárias ou avaliáveis


em dinheiro, exigidas por entidades públicas, em regime de direito público, em virtude da
prestação individualizada, concreta e efectiva de um serviço público, da utilização de um bem
do domínio público ou da remoção de um limite ou obstáculo jurídico ao exercício de uma
actividade.

Os regimes jurídicos de criação, modificação e extinção das taxas ou de outras contribuições


especiais constam de Leis reguladoras próprias, constituindo o CGT, legislação subsidiária
relativamente a esses regimes.

O regime jurídico das contribuições para a segurança social, das contribuições de natureza
idêntica que se recolham conjuntamente com elas e das contraprestações devidas por
actividades ou serviços prestados por entidades ou organismos públicos ou concessionárias
de serviços públicos, segundo normas de direito privado, bem como de outras
contraprestações previstas na Lei constam de legislação específica, constituindo o presente
Código legislação subsidiária relativamente à sua regulamentação.

1.4 Classificação dos tributos

Os tributos podem ser classificados quanto a sua finalidade, quanto à vinculação à atividade
estatal, e quanto a quantidade.

A classificação quanto à finalidade ou função divide os tributos em fiscais, extrafiscais e


parafiscais. São fiscais os tributos que visam abastecer os cofres públicos. Exemplos: CISA e
IVA. São extrafiscais os tributos para a intervenção na economia (mercado) e na ordem social,
quando necessário. Exemplos: se o Estado quer estimular a produção nacional, aumentará o
imposto de importação; se empresas estiverem com vendas baixas e anunciam demissões em
massa, o Estado pode reduzir o imposto sobre a produção industrial para tornar os bens mais
baratos, impulsionando o consumo e preservando os empregos. E são tributos parafiscais os
que visam arrecadar recursos destinados a entidades terceiras. Exemplos: contribuições para
a segurança social.

3
A literatura sobre a matéria fala de “contribuições especiais” e “empréstimos compulsórios” como sendo
figuras distitntas dentro das espécies de tributação.

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A classificação quanto à vinculação a atividade estatal divide os tributos em vinculados e não
vinculados. Serão vinculados os tributos em que se sabe em qual serviço público a
arrecadação será utilizada (serviços públicos singulares/específicos = uti singuli), sabendo-se
qual a contrapartida que o Estado dará. Exemplos: taxas, contribuições de melhoria,
empréstimos compulsórios e contribuições especiais. Já os tributos não vinculados são
aqueles que não estão atrelados à uma contraprestação do dinheiro arrecadado, servindo
apenas como fonte de financiamento das atividades gerais do Estado (serviços públicos
gerais/universais = uti universi). Exemplo: somente os impostos. Significa que, mesmo que
alguém pague IPVA, este imposto nada tem a ver com a boa manutenção de ruas e estradas.

Por último, mas não menos importante, a classificação quanto à quantidade, em que se
destacam as teorias tripartite e pentapartite. Na teoria tripartite existem apenas 3 tributos:
os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria. Nessa teoria, os empréstimos
compulsórios e as contribuições ou são taxa ou são contribuição de melhoria. Na teoria
pentapartite existem 5 tributos: os impostos, as taxas, as contribuições de melhoria, os
empréstimos compulsórios e as contribuições.

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CAP. II CONCEITOS BÁSICOS

2.1Distinção entre impostos e taxas


Os impostos são tributos não vinculados que incidem sobre as manifestações de riqueza do
sujeito passivo (devedor) e se sustentam sobre a ideia da solidariedade social. Regra geral,
quanto mais riquezas uma pessoa possuir mais ela “contribui e/ou deve contribuir”4 para que
o Estado preste serviços públicos aos menos favorecidos.

Enquanto as receitas dos impostos visam a custear, por exemplo, despesas como por exemplo
serviços públicos gerais/universais, segurança pública, educação e limpeza pública (sem que
haja a partida uma alocação directa), as taxas são tributos vinculados, retributivos ou
contraprestacionais, ou seja, são cobrados em troca da prestação de um serviço público aos
contribuintes.

A taxa é cobrada porque há alguma contraprestação dos serviços aos contribuintes. Essa
contraprestação é de natureza individual, concretizando-se, em regra, numa Vantagem ou
Utilidade para o sujeito passivo5.

Assim, as Taxas são pagamentos em dinheiro feitos pelos cidadãos às Entidades Públicas, com
um carácter definitivo, estabelecidas por lei, como pagamento dos serviços prestados pelo
Estado ou pela utilização de bens públicos (estradas, pontes, espaços públicos, etc.).

2.2 Caracterização do conceito de imposto


Nos termos do Código Geral Tributário (CGT) Vale ressaltar alguns aspectos que caracterizam
a definição de tributo (por extensão imposto):

Prestações patrimoniais, pecuniárias ou susceptíveis de avaliação pecuniária – todo tributo


deve ser expresso e pago em dinheiro ou ter a possibilidade de ser avaliado em moeda
corrente.

4
De realçar que essa ideia não é de todo válida, isto é, aceitável sem reservas na medida em que é necessário
que se estabeleçam limites de tributação para não asfixiar aqueles que são detentores dos maiores rendimentos
porque tal facto pode levá-los a canalizarem a sua riquesa/poupança/inestimento para regiões mais favoráveis
do ponto de vista fiscal.
5
Há, porém, taxas em que os particulares não obtêm qualquer benefício não sendo sequer eles que solicitaram
a actividade pública que concretiza a contraprestação.

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Sem carácter de sanção – tributo não é sanção, portanto, multas e outros tipos de
penalidade, ainda que obrigatórias e pecuniárias, não constituem tributos.

Impostas pelo Estado ou outras entidades de direito público ou concessionárias de Serviços


públicos – todo tributo é compulsório, obrigatório, não existe a possibilidade de escolher
pagar ou não um tributo.

Com vista à satisfação das necessidades colectivas e à prossecução do interesse público – os


tributos são prestações lícitas do Estado que, ao verificar a incidência do fato gerador, retira
uma pequena parcela da riqueza alheia para garantir o bem-estar social por via da
disponibilização de bens e serviços públicos.

Nota: o nosso ordenamento jurídico é dos poucos que ainda faz menção ao tributo como
sendo “prestações patrimoniais, pecuniárias ou susceptíveis de avaliação pecuniária”,
porque, noutras latitudes o tributo é apenas tido como sendo “toda prestação pecuniária
compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato
ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.”

2.3 Classificação dos impostos


Os impostos podem ser classificados de diversas formas. Eis as principais6:

Direitos e indiretos. Os impostos diretos são aqueles que o ônus não repercute em terceiros,
quem paga é o contribuinte de direito (aquele que pratica o fato gerador). Por outro lado, os
indiretos: o ônus repercute em terceiros, quem paga é o contribuinte de fato (o consumidor
final).

Pessoais e impessoais (reais). Enquanto os impostos pessoais são subjetivos, incidindo sobre
condições particulares (rendimentos, dependentes, gastos) e a capacidade contributiva de
cada um os reais são de matéria tributária (incidem sobre bens e serviços).

Progressivos, proporcionais e seletivos. Os impostos progressivos: quando a alíquota é


variável, aumentando conforme aumenta a base de cálculo. Nos imposots proporcionais a
alíquota é única/fixa, enquanto a base de cálculo é variável. Por fim, os impostos seletivos

6
Uma outra classificação acresce os impotos Ordinários e extraordinários. Sendo impostos ordinários os normais,
comuns. Os extraordinários são os que exigem uma situação extraordinária, incomum, excepcional.

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escolhem produtos para ter uma alíquota maior, geralmente para bens
supérfluos/desnecessários.

Teóricos e de obrigação Única. Os teóricos também chamados de periódicos, são aqueles que
incidem sobre manifestações de capacidades contributiva com caráter estável e duradouro ou
seja aqueles cujo facto tributário se renova por diferentes períodos fiscais (como os impostos
sobre o rendimento). Os de obrigação Única. São aqueles que o facto tributário nasce ou se
extingue com um fato ou negócio jurídico: consumo, importação, aquisição onerosa ou
gratuita.

Quotas fixas e quotas variáveis. De quota fica são o que a lei estabelece uma importância fixa
(Taxa Ad valorem) a pagar pelo contribuinte ou seja, a lei determina o montante fixo para
todos os contribuintes. Dispensa-se o processo de autoliquidarão. Por exemplo o ato de
emissão de cheque (imposto de selo). Os de quota variável são aqueles cujo o montante varia
em função da variação da matéria coletável seja esta variação: (a) taxas excedentes, aquelas
que aumentam a medida em que se eleva o valor da matéria coletável (impostos progressivos)
e (b) taxas descendentes aquelas que diminuem a medida que diminuem o valor da matéria
coletável (impostos regressivos).

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2.4UCF (unidade de correcção fiscal) Objectivo Específico
A Unidade de Correção Fiscal (UCF), tem como objectivo actualização de imposto, taxas,
multas e outras receitas de natureza tributaria7.

7
Para uma melhor comprensão dessa matéria recomenda-se que os alunos usem como analogia a matéria de
calculo financeiro onde falávamos da taxa nominal e da taxa real. Como a inflção reduz o valor real da moeda,
daí a razão de termos (entenda-se termos tido) os conceitos de UCF na legislação fiscal, de modo a manter
constante, por exemplo o valor em termos de UCF, sendo apenas necessário actualizar o valor real da mesma
para corrigir os efeitos da inflação ou deflação. Quem não julgar que os exemplos dados em aulas não foram
suficientes poderá fazer buscas individuais e em caso de dúvidas poderá contactar-me nos dias em que eu estiver
na instituição.

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CAP.III- FASES DA VIDA DO IMPOSTO
A Incidência em abstracto, se define os presupostos tributarios que fazem nascer a obrigação
de imposto, em que, em abstracto, se define a matéria colectavel do imposto e identificam os
sugeitos passivos da relalção juridica fiscal a que o mesmo dara lugar. É a faseem suma, em
que a lei determina o que vai estar sugeito a imposto (Incidência real) e quem vai estar
sugeito a imposto (incidência pessoal).

A par da incidência positiva (Definadas pelas chamadas normas de incidência reas e pessoas),
temos que considerar uma incidência negativa, integrada pelas normas que estabelecem
isenções de imposto, quer excluindo da tributação situações que, a não ser a norma de
isenção, caberiam no âmbito de previsão da norma real impositiva (incidência real negativa),
quer excluido do universo dos contribuintes, sugeitos que, sem a norma de isenção se
constituiram normalmente com devedores do imposto (incidência pessoal negativa). Um e o
outro caso, bem diferente das situações de uma tributação, em que om âmbito de previsão
da norma de incidência positiva não compreende os factos e os sugeitos considerados, não
sendo necessaria nenhuma norma de isenção para que estes fiquem fora do quadro legal de
sugeição de imposto.

Lançamento, corresponde ao momento do inicioda aplicação da lei. É a fase em que do geral


e abstracto da incidência, se passa ao individual e concreto, é a fase em que se preocessam as
operações condusentes a identificação particular dos sugeitos passivos e a determinação
concreta da matéria colectavel sobre o que vai incidir o imposto.

Liquidação, é a alteração aritmétrica de aplicação de uma taxa a matéria colectavel apurada


na fase de lançamento, para determinação do montante exacto de imposto devido pelo
sugeito passivo (colecta). Naqueles impostos em que a lei preve a possibilidade de deduções
a colecta, a liquidação abrange também os calculos decorrentes destas deduções .

Cobrança8, (Pagamento), cobrança e pagamento são expressões que, por regra, traduzem a
mesma realidade juridica. A primeira assumida do ponto de vista da administração fiscal, que
cobra o imposto, a segunda encarada do ponto de vista de contribuinte, que o paga. É a fase
final da vida do imposto para que tende a relação juridica fiscal. Com a cobrança (pagamento)

8
Como abordado em aula, vale ressaltar que a cobrança/pagamento começa por ser voluntária. Se a mesma
não tiver sucesso então o órgão público responsável pela cobrança do tributo aciona os mecanismos legais
para levar o sujeito passivo a cumprir com as suas obrigações fiscais.

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os valores correspondentes ao imposto vão dar entrada nos cofres do Estado, e com isso a
relação juridica fiscal normalmente, se extingue.

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CAP. IV-RELAÇÃO JURÍDICA FISCAL (TRIBUTÁRIA)9

4.1 Elementos da Relação Jurídica Tributária


Entede-se por relação jurídica tributária - O vínculo jurídico estabelecido entre o Estado ou
entes públicos equiparados, enquanto Administração Tributária, e as pessoas singulares ou
colectivas e os entes fiscalmente equiparados a estas, nos termos da Lei (art. 2º/ r) )

A obrigação tributária constitui-se com a verificação dos factos que definem a incidência do
respectivo tributo, salvo nos casos previstos na Lei.

4.2 Sujeitos da Relação Jurídica Tributária10

4.3 Direitos, Obrigações na relação Tributária11

4.4 Deveres de Cooperação na relação jurídica Tributária12

Artigo 84.º Dever de colaboração

Nos termos do art. 84º do CGT, a Administração Tributária e os contribuintes colaboram


reciprocamente, nos termos da Lei. Adicionalmente, O dever de colaboração da
Administração Tributária com os contribuintes compreende:

a) A informação pública, regular e sistemática, quando necessária ou conveniente através dos


meios de comunicação social, sobre os seus direitos e obrigações;

b) A divulgação via internet, dos códigos tributários, devida e permanentemente actualizados;

c) A divulgação via internet e em órgãos de comunicação social, em prazo não superior a 30


(trinta) dias posteriormente à sua emissão, das circulares e outras orientações administrativas
de carácter genérico emitidas pela Administração Tributária;

d) O esclarecimento regular e em tempo devido de quaisquer dúvidas fundadas sobre a


interpretação e aplicação das normas tributárias;

9
Aconselha-se a leitura dos artigos 24º a 27º do CGT
10
Ide, por favor, pesquisar por vós mesmos, pois os colegas que falaram desse tema já forneceram bons subsídios
a respeito do mesmo e eu, também, reforcei suficientemente em aula. Ademais, tendes os CGT como um bom
elemento de consulta relativamente à esta matéria.
11
Idem.
12
Idem.

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e) A notificação do sujeito passivo e demais interessa- dos para esclarecimento de dúvidas
sobre as suas declarações e documentos;

f) O direito ao conhecimento pelos contribuintes da identidade dos funcionários responsáveis


pela direcção dos procedimentos que lhes respeitem;

g) A emissão de certidões sobre os actos e termos do procedimento que lhe digam respeito e
sobre a sua concreta sitúação tributária no prazo de 10 (dez) dias ou para período inferior
àquele, mediante uma taxa de urgência a definir no regulamento a que se refere o n.º 2 do
Artigo 78.º do CGT.

O dever de colaboração dos contribuintes com a Administração Tributária abrange o


cumprimento dos deveres fiscais acessórios a que estes legalmente estão obrigados e a
prestação autónoma dos esclarecimentos que lhes forem legalmente solicitados no âmbito

de qualquer procedimento inspectivo, interno ou externo, independentemente da fase em


que se encontrem.

4. Todas as entidades públicas estão obrigadas a prestar à Administração Tributária a


colaboração solicitada que recaia no âmbito das suas atribuições e competências, salvo sigilo
profissional ou outro dever de segredo legalmente regulado.

4.5 Relação jurídica fiscal e Relação Obrigacional fiscal13

13
Igual a nota 10.

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CAP. V-PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS COM RELEVÂNCIA PARA O DIREITO FISCAL

A definição dos princípios não comporta apenas um conceito, O assunto é praticamente


inesgotável, mas é possível seguir com uma premissa de sua definição, onde podemos
considerá-los como fundamentos normativos que nos indicam a direção a ser tomada, um
primeiro passo. Assim, os princípios do direito tributário nos guiam na interpretação e
aplicação dos dispositivos normativos na relação obrigacional tributária, entre sujeitos ativos
e sujeitos passivos.

Os princípios orientam na interpretação das normas jurídicas, são vetores que norteiam sua
aplicação e âmbito de abrangência. Princípio é o alicerce, o pilar que fundamenta as demais
normas jurídicas positivas que compõem o sistema.

Os princípios tributários que passaremos a estudar14, mais do que alicerces do sistema


tributário pátrio, são autenticas limitações ao poder de tributar, muitos dos quais com
expressa previsão constitucional. Assim, de uma forma geral, os princípios tributários
apresentam-se como garantias ao contribuinte em contraposição ao poder do Estado de
coercitivamente investir no patrimônio particular para angariar receitas públicas.

A maior importância no cumprimento destes princípios é a garantia de segurança que o


contribuinte deve possuir com o Estado. O Estado, por sua vez, mantém sua idoneidade e
cumpre o determinado na Constituição.

5.1 Principio da Legalidade Fiscal

O art. 6° da Constituição da República de Angola fala da Supremacia da Constituição e


legalidade e traz o princípio da legalidade de forma a contemplar o Estado Democrático de
Direito.

1. A Constituição é a lei suprema da República de Angola.

2. O Estado subordina-se à Constituição e funda-se na legalidade, devendo respeitar e fazer


respeitar as leis.

3. As leis, os tratados e os demais actos do Estado, dos órgãos do poder local e dos entes
públicos em geral só são válidos se forem conformes à Constituição.

O entendimento deste princípio do direito tributário é de que o Estado deve obedecer a leis
para que tenha a competência de criar, instituir, cobrar impostos, não podendo atuar, assim,

14
Bem como os que ficarão para leituras individuais.

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de forma arbitrária em suas atribuições. O cumprimento desse princípio é fundamental pelas
instituições públicas, pois protege o contribuinte de situações de imposição completa,
fazendo com que a obrigação tributária seja sempre com base na lei e dentro dos limites por
ela imposta.

Por seu turno, o O art. 102° da Constituição da República de Angola aborda sobre os impostos
onde fica, desde já, constitucionalmente consagrado que (1) os impostos só podem ser criados
por lei, que determina a sua incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos
contribuintes; (2) as normas fiscais não têm efeito retroactivo, salvo as de carácter
sancionatório, quando sejam mais favoráveis aos contribuintes; (3) a criação de impostos de
que sejam sujeitos activos os órgãos do poder local, bem como a competência para a sua
arrecadação, são determinadas por lei.

Assim, O princípio da legalidade consiste num dos fundamentos do Estado Democrático de


Direito. Notável conquista da humanidade, na medida em que suprime da vontade do
detentor do poder a fixação da obrigatoriedade das condutas, não poderia deixar de estar
presente no universo tributário. Nesse sentido, a obrigação de o cidadão transferir parte de
seu patrimônio para os cofres do Poder Público não pode prescindir da edição da lei
competente15.

Portanto, só a lei pode criar (ou instituir), majorar (elevar alíquotas ou ampliar a base de
cálculo), reduzir ou extinguir tributos.

5.2 Principio da Igualdade Fiscal

Artigo 23.º CRA (Princípio da igualdade)

1. Todos são iguais perante a Constituição e a lei.

2. Ninguém pode ser prejudicado, privilegiado, privado de qualquer direito ou isento de


qualquer dever em razão da sua ascendência, sexo, raça, etnia, cor, deficiência, língua, local
de nascimento, religião, convicções políticas, ideológicas ou filosóficas, grau de instrução,
condição económica ou social ou profissão.

Este princípio Traduz-se em exigências de tratamento igual, obrigando a igualdade de


tratamento no mesmo escalão de rendimentos (igualdade horizontal), e de tratamento

15
CASTRO, Aldemario Araujo. Primeiras Linhas de Direito Tributário. 5 ed. Belo Horizonte:
Fórum, 2009.

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diferenciado, postulando a diferenciação de contribuintes colocados em diferentes escalões
de rendimento no espectro socieconómico (igualdade vertical).

Sendo assim, o lado positivo da igualdade (dever de distinguir desigualdade) impõe-se seja o
tributo quantificativo segundo a capacidade contributiva de cada um, que é diversificada, e o
lado negativo do princípio (dever de não discriminar) constrange o legislador a tributar, de
forma idêntica, cidadãos de idêntica capacidade contributiva16.

5.3 Principio da Universalidade

Artigo 22.º CRA (Princípio da universalidade)

1. Todos gozam dos direitos, das liberdades e das garantias constitucionalmente consagrados
e estão sujeitos aos deveres estabelecidos na Constituição e na lei.

2. Os cidadãos angolanos que residam ou se encontrem no estrangeiro gozam dos direitos,


liberdades e garantias e da protecção do Estado e estão sujeitos aos deveres consagrados na
Constituição e na lei.

3. Todos têm deveres para com a família, a sociedade e o Estado e outras instituições
legalmente reconhecidas e, em especial, o dever de: a) Respeitar os direitos, as liberdades e a
propriedade de outrem, a moral, os bons costumes e o bem comum; b) Respeitar e considerar
os seus semelhantes sem discriminação de espécie alguma e manter com eles relações que
permitam promover, salvaguardar e reforçar o respeito e a tolerância recíprocos.

O princípio da universalidade17 decorre do princípio da igualdade. Na verdade, ele não é mais


do que uma aplicação desse princípio ao imposto de renda (IR). Significa simplesmente que o
IR deve incidir e ser cobrado, tanto quanto possível, de todas as pessoas, ou seja encontrando-
se nesta no critério pessoal da Regra Matriz Incidência Tributária, naturalmente que
respeitado o princípio da capacidade contributiva.

No princípio da universalidade, o IR deve incidir sobre todas as rendas auferidas pelos


contribuintes no período-base, ou seja se entrelaçando no critério material do IR; respeitado
igualmente o princípio da capacidade contributiva (mínimo vital) e excetuados os casos de
isenção, os quais devem ser devidamente justificados em face dos princípios constitucionais,
já que o princípio geral é o da universalidade.

16
Misabel de Abreu Derzi e Sacha Calmon (1982, p. 56/61)
17
Nalgumas literaturas também tratado como princípio da generalidade

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5.4 Principio da Capacidade Contribuitiva

Este princípio do direito tributário é relacionado à competência do Estado em avaliar cada


caso de maneira individual. Ele aponta que, sempre quando possível, os tributos devem ter
caráter pessoal, levando em consideração a capacidade econômica do contribuinte. Assim, os
impostos serão calculados de acordo com a situação econômica do contribuinte. Devem ser
respeitados, além disso, outros pontos como o consumo ou renda despendida e ainda o
patrimônio ou renda acumulada.

Por isto é que, mesmo quando instituído ou aumentado por lei, não se deve admitir a cobrança
do tributo se não há capacidade contributiva. Saber quando isto acontece é outra questão –
de deslinde difícil, é certo, mas não impossível. De todo modo, admitindo-se que está ausente
a capacidade contributiva necessária no caso, a lei instituidora do tributo há de ser
considerada inconstitucional. Por outro lado, a capacidade contributiva não justifica a
cobrança de tributo que não tenha sido instituído ou aumentado por lei18.

Dessa forma, podemos ver a caracterização da necessidade da aplicação de tributação


progressiva, onde as pessoas que tem menos condição econômica devem pagar menos
tributos, enquanto as que têm mais capacidade econômica pagam mais.

5.5 Principio da Isenção Fiscal

Como se tem dito, não há regra sem exceção, logo, por uma questão de justiça tributária ou
ainda para atender aos fins estratégicos do estado, por exemplo, pode se dar o caso de
deterinadas leis fiscais contemplerem em si algumas isenções que, regra geral, poderão estar
relacionadas (1) ao (s) aspecto (s): espacial, temporal, pessoal, material; e (2) formas:
condicionada, incondicionada, por prazo certo, por prazo incerto.19

Nota: Outros pricípios para objecto de consulta pessoal e aprofundamento das matérias
fiscais: Princípio da Isonomia, princípio da neutralidade, princípio da simplicidade, Princípio da
Vedação ao Confisco, Princípio da Irretroatividade, princípio da Uniformidade Geográfica.

18
Hugo de Brito Machado (2013, p. 47)
19
4. A incidência pessoal e real, os benefícios fiscais e as taxas de cada imposto estadual ou local, as
garantias impugnatórias ou não impugnatórias dos contribuintes e as competências de arrecadação
dos tributos locais, são determinados por Lei ou decreto legislativo presidencial autorizado (art 4º / 4
do CGT)
5. A obrigação de pagamento de taxas

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Um link importante para quem quiser saber mais: Princípios do Direito Tributário: conheça
AGORA os principais (aurum.com.br)

CAP. VI- O CREDITO TRIBUTÁRIO 20

6.1 Suspensão do Credito Tributário

6.2 Extinção do Credito Tributário

6.3 Pagamento do Credito Tributário

6.3.1 Compensação

6.3.2 Decadência, Prescrição

CAP. VII SISTEMA FISCAL ANGOLANO 21

7.1 Caracterização do sistema fiscal angolano.

7.2 Contabilidade vs fiscalidade no sistema fiscal angolano

7.3 Regime jurídico das facturas e documentos equivalentes

É obrigatória a emissão de facturas ou documentos equivalentes em todas as transmissões


onerosas de bens corpóreos ou incorpóreos e prestações de serviços.

• Âmbito de Aplicação

O presente regime é aplicável aos contribuintes com residencial fiscal em Angola em todas as
transmissões de bens, prestações de serviços, adiantamento ou pagamentos antecipados que
realizem no exercício da sua actividade comercial, industrial de prestação de serviço, de
profissão liberal, bem como actividade civil com ou sem forma comercial.

• Requisitos das Facturas

As facturas ou documentos equivalentes, com excepção de talões de venda ou de serviço


prestados, devem conter obrigatoriamente os seguintes elementos:

• Nome, fima, denominação social, Número de Identificação Fiscal, sede ou domicílio do


fornecedor de bens ou prestador de serviços, bem como dos respectivos adquirentes,

20
Vide, por favor, os artigos 2º, 3º, 42º – 44 e 55º – 63º do CGT
21
Os amigos já têm em posse, desde o ano passado, o Guia do Sistema Tributário Angolano de 2021. Logo, além
do trabalho dos colegas e das explicações dadas em aulas podem baseiar-se também naquele elemento de
consulta.

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quando este seja uma pessoa singular ou colectiva no exercício da sua actividade
profissional, comercial, industrial e civil, com ou sem forma comercial;

• Numeração sequencial e cronológica do tipo de documento e anos económicos,


podendo ser utilizada uma ou mais séries devidamente identificadas;

• Discriminação dos bens ou serviços prestados, com indicação das qualidades ou


unidades de referência, devendo as embalagens não transaccionáveis serem objecto
de indicação separada e com menção expressa de que foi acordado a sua devolução;

• O preço unitário e total em moeda nacional, salvo as facturas que decorrem do


processo de importação ou exportação, que são sujeitas às regras do comercio
internacional;

• As taxas de Impostos aplicáveis e o montante do Imposto, quando devido;

• O motivo justificativo da não liquidação do Imposto, quando devido, com indicação da


norma legal que o fundamenta;

• A data e o local em que os bens foram colocados à disposição dos adquirentes, em que
os serviços foram prestados, bem como, se aplicável, a data em que foram efectuados
pagamentos antecipados;

• Redacção em língua portuguesa;

• A data da emissão;

• A identificação do sistema informático;

• A identificação do sistema informático utilizado para a emissão da factura ou


documento equivalente, bem como, sempre que aplicável, o respectivo número da
certificação.

• Dispensa de Emissão de Factura

É dispensada a obrigação de emissão de factura sempre que, cumulativamente, a aquisição


dos bens ou serviços não esteja relacionada de nenhuma maneira com actividade comercial,
industrial ou prestação de serviços, ou com o exercício de profissão liberal, sendo o
adquirente, necessariamente, uma pessoa singular e se trate de uma das seguintes operações:

• Transmissão de bens através de aparelhos de distribuição automática ou de recurso


aos sistemas electrónicos;

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• Prestação de serviços em que seja habitual a emissão de bilhete de ingresso ou de
transporte, senha, portagens ou outro documento impresso, emitido ao portador,
comprovativo do pagamento em que constem os elementos informativos obrigatórios;

• Transmissão de bens efectuados por vendedores ambulantes e feirantes devidamente


autorizados ou licenciados por entidade competente.

• Processamento das Facturas

O processamento das facturas deve seguir os seguintes trâmites:

• Os agentes económicos com um volume de negócios igual ou superior ao montante


equivalente em AKz a USD 250 000,00 (Duzentos e Cinquenta Mil Dólares Americanos)
devem emitir facturas ou documentos equivalentes através de programas
informáticos certificados nos termos da lei;

• O volume de negócios a que se refere o disposto no ponto acima é o apurado com base
na declaração de rendimentos referente ao exercício fiscal anterior, aplicando a taxa
de câmbio média anual do Banco Nacional de Angola;

• Quando o período de apuramento referido no número anterior coincida com o do


início da actividade, o volume de negócio corresponde ao que consta da respectiva
declaração;

• A emissão de facturas ou documentos equivalentes através de programas informáticos


deve efectuar-se em triplicado, destinando-se a versão original ao cliente, uma cópia
ao arquivo do fornecedor e outra a acompanhar os bens em circulação, na posse do
cliente, caso não seja solicitada e recolhida para efeitos de fiscalização;

• Sempre que seja reimpressa uma factura ou documento equivalente, deve o mesmo
conter a menção “2.ª via, em conformidade com o original”;

• Em caso de avaria técnica dos equipamentos ou em situações de inoperacionalidade


devidamente justificadas, devem os contribuintes emitir facturas ou documentos
equivalentes, impressos tipograficamente, respeitando os requisitos previstos no
Regime Jurídico das facturas e documentos equivalentes.

• Arquivamento de Facturas

O arquivamento de facturas deve seguir os seguintes trâmites:

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• Os contribuintes são obrigados a arquivar e conservar todas as facturas ou
documentos equivalentes, bem como os registos relativos à análise, programação e
execução dos tratamentos informáticos utilizados, nos prazos estabelecidos pelo
Código Geral Tributário;

• As cópias de segurança das facturas ou documentos equivalentes arquivados em


formato digital devem estar disponíveis para consulta imediata, sempre que exigidos
por uma autoridade oficial.

7.4 Regime jurídico da auto-faturação

• Âmbito de Aplicação

O presente regime é aplicável às entidades com residência fiscal em Angola, que possuam
contabilidade e que no exercício de actividades económicas adquiram, no território nacional,
produtos dos sectores da agricultura, silvicultura, aquicultura, apicultura, avicultura, pescas,
pecuária e outros, bem como na aquisição de qualquer serviço, desde que a transmissão de
bens ou prestação de serviços seja efectuada por pessoas singulares, sem capacidade para
emitir facturas ou documentos equivalentes.

• Requisitos das Facturas/Recibos

As facturas/recibos emitidas pelos adquirentes de bens ou serviços devem conter


obrigatoriamente os seguintes elementos:

• Número de Identificação Fiscal ou do Bilhete de Identidade e, no caso de estrangeiro,


do cartão de residente ou de outro documento de identificação pessoal do fornecedor
do bem ou prestador de serviços, nomeadamente, cartão de eleitor, carta de condução
ou assento do nascimento;

• Numeração sequencial e cronológica por anos económicos, nos termos do n.º 3 do


artigo 11.º do Decreto Presidencial n.º 292/18, de 3 de Dezembro, que aprova o
Regime Jurídico das Facturas e Documentos Equivalentes;

• Descrição dos bens transmitidos ou serviços prestados com indicação das quantidades
ou unidades de referência;

• O preço unitário e total dos mesmos em moeda nacional;

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• A data da aquisição dos bens ou prestação dos serviços e emissão da factura/recibo,
ou a data em que os bens foram transmitidos ou os serviços prestados, sempre que
não coincida com a data da emissão da factura/recibo;

• Conteúdo redigido em Língua Portuguesa;

• Conter a menção de «autofacturação»;

• Indicação do imposto, da taxa e do valor devido.

As entidades adquirentes de bens ou serviços com residência fiscal em Angola e que possuam
contabilidade obrigam-se a diligenciar, junto da AGT, o cadastro ou a inscrição dos sujeitos a
quem se substituem, quando estes não tenham sido ainda cadastrados, sempre que se
verificar uma das seguintes situações:

• Efectuem a autofacturação ao mesmo sujeito, por mais três vezes, durante um período
mínimo de três meses;

• O valor de uma única aquisição seja igual ou superior a Kz: 500 000,00 (quinhentos mil
Kwanzas).

As entidades adquirentes de bens ou serviços com residência fiscal em Angola e que possuam
contabilidade que se dediquem a actividade de comércio a grosso, devem reportar à
Repartição Fiscal do seu domicílio sempre que efectuarem venda de mercadorias a favor de
pessoas singulares, com valores a partir de Kz: 1 000 000,00 (um milhão de Kwanzas), devendo
a informação ser submetida por transmissão electrónica de dados, nos termos definidos pelos
serviços AGT competente, contendo:

• O nome do comprador;

• O Número de Identificação Fiscal ou do Bilhete de Identidade e, no caso de estrangeiro,


o cartão de residente ou outro documento de identificação pessoal do fornecedor do
bem ou prestador de serviços, nomeadamente, cartão de eleitor, carta de condução
ou assento do nascimento;

• A menção do local de residência, com a indicção da província, município, comuna,


distrito, vila ou aldeia, bairro, rua e número da polícia, caso haja.

• Processamento das Facturas

As entidades adquirentes de bens ou serviços, abrangidas pelo presente regime, devem emitir
as facturas/recibos através de programas informáticos certificados nos termos da legislação

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aplicável, sendo que a emissão de facturas deve efectuar-se em triplicado, destinado-se a
versão original ao cliente, uma cópia ao arquivo do fornecedor e outra a acompanhar os bens
em circulação, na posse do cliente.

Nos casos de reimpressão de uma factura/recibo ou documento equivalente, a mesma deve


conter a menção «2.ª via, em conformidade com o original».

Em caso de avaria técnica dos equipamentos ou em situações de inoperacionalidade


devidamente justificadas, devem os contribuintes emitir facturas/recibo ou documentos
equivalentes, impressos tipograficamente, em conformidade com os requisitos previstos no
presente Diploma.

• Limites da Autofacturação

As facturas/recibos emitidas nos termos do regime da autofacturação não devem


corresponder em mais do que 20% do total da rubrica de custos das mercadorias vendidas e
das matérias consumidas e da rubrica de custos com fornecimento serviços de terceiros da
entidade emitente, não se incluindo, no cálculo do limite dos referidos custos, os custos
incorridos pelo adquirente em regime de autofacturação.

Os custos de autofacturação devem estar devidamente descriminados na contabilidade dos


adquirentes e nas respectivas demonstrações financeiras.

Nos casos em que os produtos adquiridos nos sectores da agricultura, silvicultura, aquicultura,
apicultura, avicultura, pescas, pecuária e outros concorram, exclusivamente, para a realização
do objecto social da entidade adquirente, os custos resultantes da autofacturação podem ser
considerados em 60%.

• Obrigações de Retenção na Fonte

Nas aquisições de bens, as entidades que efectuam a autofacturação, abrigo do presente


regime, são obrigadas a proceder à retenção na fonte, aplicando a taxa do regime de
liquidação provisória sobre as vendas, previsto no CII.

Nas aquisições de serviços, as entidades que efectuam a autofacturação são obrigadas a


proceder à retenção na fonte, ao abrigo do regime de tributação sobre os serviços, previstos
no CIRT.

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7.5 Contribuições para segurança social

A Segurança Social, também entendida como Protecção Social Obrigatória, é uma realidade
assumida colectivamente pelo Estado, de indiscutível importância em quatro vectores
essenciais: económico, social, jurídico e político. Como técnica de Protecção Social, a
Segurança Social define-se, geralmente, como:

“Aprotecção que a sociedade proporciona aos seus membros, através de uma série de
medidas públicas, contra as carências económicas e sociais que, de outra forma poderiam
ocorrer pela supressão ou redução substancial dos rendimentos em resultado de doença,
maternidade, acidentes de trabalho e doenças profissionais, desemprego, velhice, morte e
encargos familiares".

Neste sistema todas as contribuições são arrecadadas para o posterior pagamento, de forma
temporária ou vitalícia, de prestações pecuniárias (subsídios ou pensões) substitutivas dos
rendimentos do trabalho nas situações de perda ou interrupção do mesmo, como sejam
maternidade, encargos familiares, invalidez, velhice e morte.

O Sistema de Segurança Social em Angola é composto por um conjunto de regimes de carácter


contributivo, sendo estes: Regimes dos Trabalhadores por Conta de Outrem; Regime dos
Trabalhadores por Conta Própria e Regime dos Membros de Confissões Religiosas, mediante
o cumprimento de deveres e o direito às prestações definidas por Lei.

Os principais Objectivos da Segurança Social são:

• Atenuar os efeitos da redução dos rendimentos dos trabalhadores nas situações de


falta ou diminuição da capacidade de trabalho, na maternidade, no desemprego e na
velhice e garantir a sobrevivência dos seus familiares em caso de morte.

• Compensar o aumento dos encargos inerentes às situações familiares de especial


fragilidade.

Quem é o Segurado?

O Segurado é todo Trabalhador que se encontra inscrito no Sistema da Segurança Social.

O Estado Angolano, através do Sistema de Segurança Social


(Protecção Social Obrigatória), tem o compromisso constitucional de proteger todos os
trabalhadores e suas famílias face a determinados riscos sociais tipificados por Lei que podem

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ocorrer ao longo da vida e que conduzem à extinção ou redução dos Rendimentos, ou ao
aumento dos encargos familiares.

Com a inscrição e contribuição neste Sistema, os Segurados e a suas famílias estão legalmente
protegidos.

Ao longo da sua vida profissional e, consequentemente, da sua carreira contributiva, o


trabalhador pode estar enquadrado e transitar pelos diversos regimes da Segurança Social,
em particular:

• Trabalhadores por Conta de Outrem

• Trabalhadores por Conta Própria

• Clero e Religioso.

O importante é que contribua efectivamente para a Segurança Social, de acordo com as regras
definidas em lei, para ser Segurado e, nessa condição, ter direito às prestações sociais nas
situações de perda de rendimentos provenientes do trabalho.

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7.6 Imposto Sobre o Rendimento do Trabalho

Incidência Objectiva

O Imposto sobre os Rendimentos do Trabalho (IRT) incide sobre os rendimentos dos


trabalhadores por conta própria (profissionais liberais, comerciais e industriais) ou por conta
de outrem (trabalhadores dependentes).

Para efeitos deste imposto, constituem rendimentos do trabalho todas as remunerações


percebidas a título de ordenados, vencimentos, salários, honorários, avenças, gratificações,
subsídios, prémios, comissões, participações, senhas de presença, emolumentos,
participações em multas, custas e outras remunerações acessórias.

Incidência Subjectiva

O Imposto sobre os Rendimentos do Trabalho (IRT) é devido pelas pessoas singulares, quer
residam, quer não, em território nacional, cujos rendimentos sejam obtidos por serviços
prestados, directa ou indirectamente, a pessoas singulares ou colectivas com domicílio, sede,
direcção efectiva ou estabelecimento estável no país.

Consideram-se sempre rendimentos obtidos no país derivados de:

• Actividades dos tripulantes dos navios ou aeronaves pertencentes a empresas


que possuam no território nacional sede, direcção efectiva ou estabelecimento
estável no país;

• Actividades dos titulares de cargo de gerência, administração e órgãos sociais de


sociedades que tenham sede, direcção efectiva ou estabelecimento estável no
país.

Grupos de Tributação

Os rendimentos do Imposto sobre os Rendimentos do Trabalho dividem-se em três Grupos de


tributação: A, B e C.

Grupo A

Neste grupo incluem-se:

• Todas as remunerações percebidas pelos trabalhadores por conta de outrem e


pagas por uma entidade patronal, por força de vínculo laboral como definido nos
termos da Lei Geral do Trabalho;

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• Os rendimentos dos trabalhadores cujo vínculo de emprego se encontra regulado
pelo Regime Jurídico da Função Pública;

• Os rendimentos auferidos por titulares dos órgãos sociais das pessoas colectivas;

Grupo B

Neste grupo incluem-se todas as remunerações percebidas pelos trabalhadores por conta
própria que desempenhem, de forma independente, actividades constantes da lista de
profissões anexa ao presente Código.

Grupo C

Neste grupo incluem-se todas as remunerações percebidas pelo desempenho de actividades


industriais e comerciais, que se presumem, todas as constantes na Tabela de lucros mínimos
em vigor.

Não Sujeição

Não estão sujeitas ao IRT:

• As prestações sociais pagas pelo Instituto Nacional da Segurança Social no âmbito


da protecção social obrigatória, nos termos da lei;

• O abono de família, pago pela entidade empregadora, em montante que não


ultrapasse o limite máximo de 5% do ordenado base mensal do trabalhador,
excluídos os trabalhadores sujeitos ao regime remuneratório da função pública;

• As contribuições para a segurança social;

• Os salários e outras remunerações devidas, até ao limite de Kz 100 000,00 (cem


mil kwanzas) aos trabalhadores eventuais agrícolas nacionais e aos trabalhadores
domésticos contratados directamente por pessoas singulares ou agregados
familiares e inscritos na Segurança Social;

• Os subsídios atribuídos por lei aos cidadãos nacionais portadores de deficiências


motoras, sensoriais e mentais;

• Os subsídios diários, os subsídios de representação, os subsídios de viagem e


deslocação atribuídos aos funcionários do Estado, que não ultrapassem os limites
estabelecidos na legislação específica;

• Os subsídios diários de alimentação atribuídos a trabalhadores até ao limite


mensal de AKz. 30 000,00 (Trinta Mil Kwanzas);

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• Os subsídios diários de transporte atribuídos a trabalhadores dependentes até ao
limite mensal de AKz. 30 000,00 (Trinta Mil Kwanzas);

• O reembolso de despesas incorridas pelos trabalhadores dependentes de


entidades sujeitas a Imposto Industrial ou a outros regimes especiais de
tributação, quando deslocados ao serviço da entidade patronal, desde que estas
despesas se encontrem devidamente documentadas nos termos do Código do
Imposto Industrial e legislação complementar.

Isenção

Estão isentos do Imposto sobre o Rendimento do Trabalho:

• Os rendimentos auferidos pelos agentes das Missões Diplomáticas e Consulares


Estrangeiras sempre que haja reciprocidade de tratamento;

• Os rendimentos auferidos pelo pessoal estrangeiro ao serviço de Organizações


Internacionais, nos termos estabelecidos em acordos ratificados pelo órgão
competente do Estado;

• Os rendimentos auferidos pelo pessoal estrangeiro ao serviço das Organizações


Não- governamentais, nos termos estabelecidos nos acordos com entidades
nacionais, com o reconhecimento prévio por escrito da Administração Geral
Tributária;

• Os rendimentos auferidos pelos deficientes físicos e mutilados de guerra cujo grau


de invalidez ou incapacidade seja igual ou superior a 50% comprovada com a
apresentação, pelo contribuinte, de documentação emitida por autoridade
competente para o efeito;

• Os rendimentos decorrentes do exercício das actividades previstas nos grupos de


tributação A, B e C auferidos pelos antigos combatentes, veteranos da pátria e
deficientes de guerra, desde que devidamente registados no Departamento
Ministerial de tutela.

Determinação da Matéria Colectável

Grupo A

A matéria colectável é constituída por todas as remunerações expressas em dinheiro ainda


que auferidas em espécie, de natureza contratual e não contratual, periódicas ou ocasionais

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fixas ou variáveis, independentemente da sua proveniência, local, moeda, forma estipulada
para o seu cálculo e pagamento, auferidas pelo trabalhador por conta de outrem, deduzidas
da retribuição global das contribuições obrigatórias para a Segurança Social e das
componentes remuneratórias não sujeitas ou isentas, nos termos do CIRT.2

Grupo B

A matéria colectável dos rendimentos pagos por pessoas singulares, colectivas ou equiparadas
que possuam contabilidade ou modelo de contabilidade simplificada, corresponde ao valor do
serviço.

A matéria colectável dos rendimentos pagos por entidades sem contabilidade, é apurada pelo
próprio sujeito passivo, com base na sua contabilidade, modelo de contabilidade simplificada,
registos disponíveis sobre compras e vendas ou serviços prestados.

Os contribuintes que possuem contabilidade sujeitam-se, com as devidas adaptações, às


regras aplicáveis ao apuramento da matéria colectável dos contribuintes do Regime Geral do
Imposto Industrial.

Os contribuintes deste grupo que possuam contabilidade, modelo de contabilidade


simplificada ou livro de registo de compra e venda e serviços prestados têm direito a deduzir
até 30% dos custos incorridos

Quando o contribuinte preste ou contrate serviços sujeitos à retenção na fonte, nos termos
do CII, a matéria colectável corresponde ao valor do serviço.

Para os contribuintes que não possuam contabilidade, modelo de contabilidade simplificada


ou livro de registo de compra e venda e serviços prestados, não têm direito a dedução de
custos, devendo a taxa do imposto incidir sobre todo o rendimento.

Grupo C

A matéria colectável é a que consta da tabela dos lucros mínimos ou sobre a venda e serviços
prestados.

Os contribuintes que possuem contabilidade sujeitam-se, com as devidas adaptações, às


regras aplicáveis ao apuramento da matéria colectável dos contribuintes do Regime Geral do
Imposto Industrial.

Quando o contribuinte preste ou contrate serviços sujeitos à retenção na fonte, nos termos
do CII, a matéria colectável corresponde ao valor do serviço.

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Os contribuintes deste grupo que possuam contabilidade, modelo de contabilidade
simplificada ou livro de registo de compra e venda e serviços prestados têm direito a deduzir
até 30% dos custos incorridos

Quando o contribuinte preste ou contrate serviços sujeitos à retenção na fonte, nos termos
do CII, a matéria colectável corresponde ao valor do serviço.

Os contribuintes que não possuam contabilidade, modelo de contabilidade simplificada ou


livro de registo de compra e venda e serviços prestados, não têm direito a dedução de custos,
devendo a taxa do imposto incidir sobre todo o rendimento.

Taxa

Sobre os rendimentos sujeitos a IRT aplicam-se a seguintes taxas:

Grupo A

As taxas constantes da tabela anexa ao Código do Imposto sobre o Rendimento do Trabalho;

Grupo B

À matéria colectável não sujeita a retenção na fonte aplica-se a taxa de 25% (Vinte cinco por
cento).

À matéria colectável sujeita a retenção na fonte aplica-se a taxa de 6,5%;( seis vírgula cinco
por cento)

Grupo C

À matéria colectável não sujeita a retenção na fonte aplica-se a taxa de 25% (Vinte cinco por
cento).

À matéria colectável sujeita a retenção na fonte aplica-se a taxa de 6,5%;( seis vírgula cinco
por cento)

Liquidação

Grupo A

A liquidação deve ser efectuada pela entidade responsável pelo pagamento dos rendimentos,
mensalmente, após a realização das deduções previstas no CIRT, pela aplicação das taxas
constantes da Tabela do IRT.

Grupo B

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A liquidação do imposto devido pela atribuição de rendimentos deste grupo é efectuada nos
seguintes termos:

• Pela entidade pagadora desses rendimentos, mediante retenção na fonte,


quando os rendimentos sejam pagos por pessoas singulares, colectivas ou
equiparadas que possuam contabilidade ou modelo de contabilidade
simplificada;

• Pelo contribuinte, quando os rendimentos são pagos por entidades sem


contabilidade.

Grupo C

A liquidação do imposto devido pelos contribuintes deste grupo é efectuada nos seguintes
termos:

• Pelo contribuinte, nos casos em que o rendimento colectável é o que corresponde


à sua actividade na Tabela dos Lucros Mínimos, anexa ao CIRT;

• Pela entidade pagadora dos rendimentos, mediante retenção na fonte, quando o


contribuinte preste serviços sujeitos à retenção na fonte a pessoas singulares,
colectivas ou equiparadas que possuam contabilidade ou modelo de
contabilidade simplificada;

Os contribuintes dos Grupos B e C, que se substituem na emissão de facturas aos respectivos


fornecedores ou prestadores no regime de auto-facturação definido em legislação própria
devem no momento do efectivo pagamento ao fornecedor do bem ou prestador de serviços,
efectuar a retenção na fonte não liberatória de 2% (dois por cento) ou 6,5% (seis vírgula cinco
por cento), respectivamente, sobre o valor global da auto-factura, bem como proceder a
respectiva entrega aos cofres do Estado dentro de 5 (cinco) dias após a retenção.

Pagamento e Entrega

O IRT é pago e entregue do seguinte modo:

Grupo A

O Imposto devido pela atribuição de rendimentos deste grupo deve ser entregue, pela
entidade empregadora, até ao final do mês seguinte ao do respectivo pagamento, na
Repartição Fiscal competente.

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Grupo B

O Imposto devido pela atribuição de rendimentos deve ser entregue:

• Pela entidade pagadora dos rendimentos, até ao final do mês seguinte ao do


pagamento, na Repartição Fiscal competente, quanto aos rendimentos liquidados
pelas pessoas singulares, colectivas ou equiparadas que possuam contabilidade
ou modelo de contabilidade simplificada;

• Pelo titular do rendimento, até ao final do mês em que deve ser entregue a
declaração anual de rendimentos, quanto aos rendimentos pagos por pessoas,
singulares ou colectivas, sem contabilidade.

Grupo C

O Imposto devido pela atribuição de rendimentos deve ser entregue:

• Pelo titular desses rendimentos, até ao último dia do mês de Março, quanto aos
rendimentos liquidados com base na Tabela dos Lucros Mínimos, anexa ao CIRT;

• Pela entidade pagadora dos rendimentos na Repartição Fiscal competente, até ao


final do mês seguinte ao do respectivo pagamento, quanto aos rendimentos
sujeitos à retenção na fonte.

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7.7 Imposto Industrial

INCIDÊNCIA

O Imposto Industrial (II) incide sobre os lucros obtidos no exercício de qualquer actividade de
natureza comercial ou industrial, ainda que acidental.

São considerados sempre de natureza comercial ou industrial:

A actividade de exploração agrícola, aquícola, avícola, silvícola, pecuárias e piscatórias;

A actividade de mediação, agência ou de representação na realização de contratos de


qualquer natureza;

O exercício de actividades reguladas pelas entidades de supervisão de seguros e de jogos, pelo


Banco Nacional de Angola e pela Comissão do Mercado de Capitais;

A actividade das sociedades cujo objecto consista na mera gestão de uma carteira de imóveis,
de participações sociais ou outros títulos;

Actividades das fundações, fundos autónomos, cooperativas e associações de beneficência;

Exercício de profissões liberais no formato societário ou associativo.

SUJEITOS PASSIVOS

São sujeitos passivos do Imposto Industrial:

As sociedades comerciais, civis com ou sem forma comercial, as cooperativas, fundações,


associações, os fundos autónomos, as empresas públicas e as demais pessoas colectivas de
direito público ou privado, com sede ou direcção efectiva em território angolano;

As entidades desprovidas de personalidade jurídica, com sede ou direcção efectiva em


território angolano, cujos rendimentos não sejam directamente tributáveis em Imposto
Industrial, quer estejam na titularidade de pessoas singulares ou colectivas;

As pessoas colectivas que não tenham sede ou direcção efectiva em Angola, mas que
obtenham rendimentos no país;

As heranças jacentes, as pessoas colectivas em relação às quais seja declarada a invalidade, as


associações e sociedades civis sem personalidade jurídica e as sociedades comerciais ou civis
sob forma comercial, anteriormente ao registo definitivo.

REGIMES DE TRIBUTAÇÃO

1. Regime Geral

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São tributados pelo Regime eral os contribuintes cuja matéria colectável é determinada com
base na declaração fiscal e demonstrações financeiras, nos termos do CII, do Plano Geral de
Contabilidade, Planos de Contas das Instituições Financeiras e Seguradoras, do Plano de
Contas dos Organismos de Investimento Colectivo, das Sociedades Gestoras e outros
estabelecidos por legislação própria.

2. Regime Simplificado

O presente regime aplica-se aos contribuintes sujeitos ao Imposto Industrial que estejam
abrangidos pelo regime de não sujeição do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA).

ISENÇÕES

Estão isentas do Imposto Industrial as companhias de navegação marítima ou aéreas se, no


país de nacionalidade, as companhias angolanas de igual objecto social gozarem da mesma
prerrogativa.

TAXAS

A taxa geral do Imposto Industrial é de 25% (vinte cinco por cento).

Para os rendimentos provenientes de actividades exclusivamente agrícolas, aquícolas,


apícolas, avícolas, piscatórias, silvícolas e pecuárias, a taxa única é de 10% (dez por cento).

Para os rendimentos provenientes de actividades do sector bancário e de seguros, operadoras


de telecomunicações e de empresas petrolíferas angolanas, aplica-se a taxa única de 35%
(trina e cinco por cento).

PRAZO PARA LIQUIDAÇÃO E PAGAMENTO

1. Liquidação e Pagamento Provisório sobre Vendas

Os contribuintes do Regime Geral devem proceder à autoliquidação provisória e pagamento


do II, mediante a aplicação de uma taxa de 2% (dois por cento), sobre o volume total das
vendas dos primeiros seis meses do exercício, devendo ser feito até ao último dia útil do mês
de Agosto.

2. Liquidação e Pagamento Definitivo

Regime Geral de Tributação: Até ao último dia útil do mês de Maio de cada ano;

Regime Simplificado de Tributação: Até ao último dia útil do mês de Abril de cada ano.

OBRIGAÇÕES DECLARATIVAS

1. Regime Simplificado
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Os contribuintes sujeitos ao Regime Simplificado de Tributação devem apresentar,
anualmente, até ao último dia do mês de Abril, o Modelo de Declaração Simplificada ou o livro
de registo de compra e venda e serviços prestados, podendo, a obrigação, ser cumprida na
Repartição Fiscal de domicílio ou por via da submissão electrónica, nos termos
regulamentares.

Os contribuintes do Regime Simplificado de Tributação que submetem electronicamente as


suas declarações fiscais passam a deduzir 10% (dez por cento) das suas despesas
administrativas relacionadas com a aquisição de aplicativo informático, respectivas licenças e
contratação de contabilista.

2. Regime Geral

Os contribuintes do Regime Geral de Tributação submetem, electronicamente, nos termos


regulamentares, ou apresentam anualmente, até ao último dia útil do mês de Maio, na
Repartição Fiscal de Domicílio, a Declaração Modelo 1 em duplicado.

A Declaração Modelo 1 deve ser entregue, obrigatoriamente, sob pena da sua não recepção
pela Repartição Fiscal, acompanhada da Demonstração de Resultados por Natureza,
Demonstração de Fluxo de Caixa, Balanço, Balancete Razão e Balancete Geral Analítico, antes
e depois dos lançamentos de rectificação ou regularização e de apuramento dos resultados
do exercício e respectivos anexos, devidamente assinados pelo contabilista responsável pela
sua elaboração.

CESSAÇÃO DE ACTIVIDADE

1. Regime Geral

Os contribuintes do Regime Geral de Tributação devem apresentar, em triplicado, no prazo


de 60 (sessenta) dias a contar da cessação da sua actividade, a Declaração Modelo 1,
entendendo-se que a cessação se verifica na data do encerramento das contas ou, tratando-
se de sociedades regularmente constituída com sede ou direcção efectiva no país, na data da
aprovação das contas do liquidatário ou administrador.

2. Regime Simplificado

No caso de cessação total do exercício da actividade, devem os contribuintes sujeitos ao


regime simplificado de Tributação apresentar, no prazo de 30 (trinta) dias, a Modelo de
Declaração Simplificada ou o Livro de Registo de Compra e Venda e Serviços Prestados.

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7.8 Imposto Predial

• Incidência Objectiva

O Imposto Predial (IP) incide sobre o valor patrimonial ou renda dos prédios urbanos e rústicos
e bem assim sobre as transmissões gratuitas ou onerosas de bens imóveis, qualquer que seja
o título a que tais transmissões são operadas.

• Incidência Subjectiva

O Imposto Predial sobre a detenção ou sobre a renda é devido pelo proprietário do prédio ou
titular do rendimento, respectivamente;

Nos casos de usufruto, direito de superfície, domínio útil e comodato, o Imposto Predial é
devido pelo titular do respectivo direito;

No caso de propriedade resolúvel, o imposto é devido pelo promitente comprador ou por


quem tenha o uso e fruição do prédio;

Nas transmissões gratuitas, incluindo as aquisições por usucapião, são sujeitos passivos do
imposto os beneficiários dos bens imóveis, bem assim o beneficiário da transmissão do direito
a águas, ainda que sob a forma de autorização para as explorar ou para minar em terreno
alheio;

Nas transmissões onerosas, são sujeitos passivos do imposto os adquirentes dos bens imóveis.

• Isenções

Beneficiam de isenção as seguintes entidades:

• O Estado e as Autarquias Locais;

• Os Estados Estrangeiros, quanto aos imóveis destinados às instalações das


respectivas representações diplomáticas ou consulares, quando haja
reciprocidade de tratamento;

• Partidos políticos nos termos da legislação própria;

• Os institutos públicos e as instituições religiosas legalmente reconhecidas, quanto


ao património directo e exclusivamente afecto à realização do seu objecto social
ou local de culto;

• A primeira transmissão onerosa de imóveis com valor igual ou inferior a Akz 3 000
000,00 (três milhões de kwanzas), que sejam afectos à habitação própria e
permanente do adquirente;

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• Os prédios rústicos relativamente aos quais sejam observados os critérios de
aproveitamento útil e efectivo, nos termos da Lei de Terras e do Regulamento
Geral de Concessão de Terrenos, no que respeita à sua detenção;

• Os prédios rústicos localizados nas zonas rurais com dimensão igual ou inferior a
7 hectares;

• As terras rurais comunitárias definidas em legislação própria.

• Estão ainda isentos de IP, mediante reconhecimento da Administração Tributária


e a à pedido dos interessados, que devem fazer prova da situação jurídica do
imóvel a seu favor, os imóveis de construção precária e as habitações sociais,
desde que sejam exclusivamente destinados à habitação própria.

• Matéria Colectável

A matéria colectável nos prédios urbanos corresponde ao valor patrimonial que resulta da
avaliação efectuada nos termos da legislação aplicável.

A matéria colectável nos prédios rústicos corresponde ao valor patrimonial de Akz 10 397,00
(dez mil, trezentos e noventa e sete kwanzas) por hectar.

O rendimento colectável dos imóveis arrendados é igual às rendas efectivamente recebidas,


líquidas de 40% correspondentes a despesas relacionadas com a conservação e manutenção
do imóvel, não obstante o período a que respeite.

Na transmissão, gratuita ou onerosa, o valor tributável do imóvel é o valor patrimonial


constante da matriz, à data da transmissão, o determinado por avaliação no caso de prédio
omisso ou o valor declarado, consoante o que for maior.

• Taxa

A taxa do Imposto Predial sobre a detenção aplicável aos prédios urbanos, excepto nos
terrenos para construção, é determinada de acordo com a tabela seguinte:

A taxa do Imposto Predial aplicável ao terreno para construção é de 0,6%;


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A taxa do Imposto Predial aplicável aos prédios arrendados é de 25%;

A taxa do Imposto sobre a transmissão de bem imóvel é de 2%;

Os prédios desocupados há mais de 1 ano, bem como os terrenos para construção


relativamente aos quais não sejam observados os critérios de aproveitamento útil efectivo,
durante três anos consecutivos ou seis interpolados, a contar da data da entrada em vigor do
CIP, da sua concessão, ocupação ou da última transmissão, ficam sujeitos a uma tributação
adicional de 50% do imposto devido.

• Liquidação

Na detenção de prédios urbanos e rústicos, o imposto é liquidado anualmente pelo sujeito


passivo, na Repartição Fiscal ou outros serviços competentes da Administração Tributária em
31 de Dezembro do ano a que o mesmo diz respeito, devendo ser efectuada até ao último dia
útil do mês de Março do ano seguinte.

Compete ao arrendatário que disponha de contabilidade, modelo de contabilidade


simplificado ou livro de registos, proceder à liquidação do imposto devido pelo arrendamento,
até ao último dia útil do mês seguinte ao pagamento da renda. Quando o arrendatário não
possua contabilidade, modelo de contabilidade simplificado ou livro de registos, a liquidação
do imposto é devida pelo senhorio, até ao último dia útil do mês seguinte.

Na transmissão gratuita de imóvel operada por morte, doação ou por qualquer título que
implique a transmissão gratuita, incluindo a usucapião, a liquidação é efectuada pelo sujeito
passivo até ao último dia útil do mê seguinte, salvo nos casos de inventário judicial.

Nas transmissões onerosas, o imposto é liquidado pelo sujeito passivo até ao último dia útil
do mês do mês seguinte, a contar do acto que opera a transmissão ou pela Repartição Fiscal
do local da situação do imóvel, com base na declaração do sujeito passivo ou a título oficioso.

• Pagamento

O Imposto Predial sobre a detenção de imóvel deve ser pago até ao último dia útil do mês de
Março pelo sujeito passivo, podendo, todavia, ser pago em seis prestações consecutivas, a
pedido do sujeito passivo.

O Imposto Predial sobre a renda sujeita à retenção na fonte deve ser entregue pelo substituto
tributário até ao último dia útil do mês seguinte à retenção, que responde pela totalidade do

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imposto e acréscimos legais, em caso de não entrega. Quando não houver lugar à retenção, o
imposto é pago pelo sujeito passivo até ao último dia útil do mês de Março.

Nas transmissões onerosas e gratuitas, o imposto é pago pelos respectivos sujeitos passivos,
até ao último dia útil do mês seguinte à celebração do contrato ou prática do acto que a opere.
Se a transmissão se opere por acto, contrato ou facto ocorrido no estrangeiro, o pagamento
do impsto deve ser efectuado até ao último dia do segundo mês seguinte ao da prática do
acto, celebração do contrato ou da participação da morte.

Se a transmissão se opera por arrematação, venda judicial ou administrativa, adjudicação,


transacção ou qualquer outra forma, o imposto é pago dentro do prazo de 15 dias contados
da data da notificação pela Administração Tributária.

• Declaração de Rendimento Colectável

O rendimento colectável do imóvel, total ou parcialmente arrendado, determina-se através


da declaração dos contribuintes, conforme o modelo a submeter electronicamente ou a
apresentar na Repartição Fiscal da área de situação dos prédios no mês de Janeiro de cada
ano e em separado para cada prédio até ao último dia útil do referido mês.

Os contribuintes devem indicar as rendas convencionadas e as efectivamente recebidas no


ano anterior e juntar, quando ainda não o tenham feito, os contratos de arrendamento
devidamente selados.

O senhorio é obrigado a apresentar na Repartição Fiscal, dentro de 10 dias a contar da sua


celebração, um exemplar do contrato de arrendamento do prédio ou parte do prédio.

• Obrigações das Entidades Públicas e Privadas

As Administrações Municipais ou Autarquias Locais devem cooperar no levantamento dos


prédios omissos localizados na sua circunscrição territorial, devendo remeter as informações
à Administração Tributária.

Quando, em processo judicial, se mostre não terem sido cumpridas quaisquer obrigações
previstas no CIP, directa ou indirectamente relacionadas com a causa, deve o Tribunal exigir
previamente o comprovativo do cumprimento das obrigações, no prazo de 10 (dez) dias.

As entidades fornecedoras de água, de energia eléctrica e de serviços de telecomunicações


devem remeter, até ao décimo dia do termo do trimestre em causa, em formato físico ou por

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via electrónica, à Administração Tributária, uma relação dos contratos celebrados com os seus
clientes, bem como as alterações que se tenham verificado.

As conservatórias e os cartórios notariais que lavram instrumentos ou escrituras que operem


ou venham a operar a transmissão de bens sujeitos a Imposto Predial, devem exigir como
condição prévia o comprovativo do pagamento deste imposto, sobre a detenção e
transmissão.

Os serviços consulares não devem realizar nem dar seguimento a qualquer procedimento de
legalização relacionado com a transmissão onerosa ou gratuita de imóveis, situados na
República de Angola, realizado ou a realizar no estrangeiro, sem que lhe seja apresentado o
comprovativo do Imposto Predial, quando devido.

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7.9 Imposto Sobre Aplicação de Capitais

INCIDÊNCIA OBJECTIVA

O Imposto sobre Aplicação de Capitais (IAC) incide sobre os rendimentos provenientes da


simples aplicação de capitais. Os rendimentos estão divididos em duas secções: A e B,
respectivamente.

• Secção A

Esta secção compreende os juros de capitais mutuados, qualquer que seja a forma de
apresentação; os rendimentos de contrato de crédito e os rendimentos originados pelo
diferimento na prestação ou mora no pagamento.

• Secção B

Compreende: Os lucros atribuídos aos sócios e accionistas (residentes ou não em Angola) das
sociedades comerciais e civis sob forma comercial e cooperativas; os juros, prémios de
amortização e outras remunerações das obrigações e títulos de participação emitidos pelas
sociedades, bem como os dos Bilhetes do Tesouro, das Obrigações do Tesouro e dos Títulos
do Banco Central; o quantitativo dos juros, prémios de amortização e outras remunerações
das obrigações e títulos de participação, os dos Bilhetes do Tesouro, das Obrigações do
Tesouro e dos Títulos do Banco Central, do período entre o último vencimento ou emissão ou
primeira colocação e a sua transmissão; juros de suprimentos ou de abonos dos sócios ou
accionistas ás sociedades; saldo de juros apurados em conta corrente; importância atribuída
às empresas pela suspensão da sua actividade; lucros de contratos de conta em participação;
emissão de acções com reserva na subscrição; Royalties; prémios de fortuna ou azar, rifas,
lotarias, apostas; mais-valias da alienação de participações sociais ou outros rendimentos
sujeitos a IAC, que não sejam sujeitos a Imposto Industrial ou IRT.

INCIDÊNCIA SUBJECTIVA

O IAC é devido pelos titulares dos respectivos rendimentos, sem prejuízo da sua exigência a
outras entidades, nos casos previstos na lei.

• Isenções

Na Secção A estão isentos os seguintes rendimentos:

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• Juros das vendas a crédito dos comerciantes relativos a produtos ou serviços do
seu comércio ou indústria, bem como juros ou qualquer compensação de mora
no pagamento do respectivo preço;

• Juros de empréstimos sobre apólices de seguros de vida, feitos por sociedades de


seguros.

Na Secção B estão os seguintes rendimentos:

• Os lucros ou dividendos distribuídos por uma entidade com sede ou direcção


efectiva em Angola, desde que a entidade beneficiária seja uma pessoa colectiva
angolana que detenha no capital social da entidade que distribui os lucros uma
participação igual ou superior a 25%, por um período superior a um ano anterior
a distribuição dos lucros;

• Juros de instrumentos que se destinem a fomentar a poupança, até ao valor de


AKz 500 000,00 (Quinhentos Mil Kwanzas) que seja devida e previamente
aprovada pelo Ministério das Finanças, sob parecer do Presidente do Conselho de
Administração da Administração Geral Tributária, ouvido o Banco Nacional de
Angola;

• Juros de contas poupança-habitação criadas pelas instituições financeiras, com o


objectivo de fomentar a poupança com vista à aquisição de habitação própria e
permanente.

• Determinação da Matéria Colectável

A matéria colectável dos factos constantes da Secção A é determinada com base na


declaração dos rendimentos recebidos, pagos ou postos à disposição dos seus titulares;

A matéria colectável dos factos constantes da Secção B é determinada com base na


declaração de todos os rendimentos pagos ou postos à disposição dos seus titulares pela
entidade pagadora.

• Taxa

As taxas do Imposto sobre a Aplicação de Capitais são de 5%, 10% e 15%.

Os factos constantes da Secção A são tributados à taxa de 15%, ao passo que os factos
constantes da Secção B são tributados, em regra, à taxa de 10%, salvo nos casos dos
rendimentos admitidos à negociação em mercado regulamentado e dos rendimentos

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atribuídos a título de indemnização pela suspensão da actividade em que se aplica a taxa de
5%.

• Liquidação

• Secção A

A liquidação do Imposto é efectuada pelos titulares dos rendimentos, porém, se os titulares


do rendimento não possuírem residência em Angola (ou sede, direcção, efectiva ou
estabelecimento estável), ou se o Imposto for devido por uma entidade com contabilidade
organizada, a favor de uma pessoa singular, o Imposto é liquidado pelos devedores dos
rendimentos.

• Secção B

Com excepção dos rendimentos resultantes da emissão de acções com reserva de preferência
na subscrição, a liquidação do Imposto é efectuada pelas entidades a quem incumbe o
pagamento dos rendimentos, que ficam responsáveis pela totalidade do Imposto e acréscimos
no caso de não pagamento.

• Prazo de Pagamento

O pagamento do Imposto sobre a Aplicação de Capitais faz-se até ao último dia do mês
seguinte àquele que respeite o imposto.

• Obrigações Declarativas

As pessoas obrigadas à liquidação do Imposto sobre a Aplicação de Capitais devem apresentar


uma declaração de todos os rendimentos recebidos, pagos ou postos à disposição dos seus
titulares até ao final do mês de Janeiro do ano seguinte àquele em que o recebimento,
pagamento ou colocação à disposição ocorram.

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7.10 Imposto de selo

Incidência Objectiva

O Imposto de Selo incide sobre todos os actos, contratos, documentos, títulos, livros, papéis,
operações e outros factos previstos na tabela anexa ao Código ou em leis especiais.

Incidência Subjectiva

Estão obrigados a liquidar e entregar o Imposto de Selo ao Estado os Notários, Conservadores


dos Registos Civis, Comercial, Predial, Instituições de Crédito, Sociedades Financeiras,
locadores e sublocadores, arrendatários e subarrendatários, seguradoras, segurados
(relativamente à soma do prémio do seguro ou outras importâncias resultantes de contratos
com seguradoras estrangeiras cujo risco se localize em Angola) o trespassante.

Encargos

A responsabilidade financeira do Imposto de Selo cabe ao titular do interesse económico,


nomeadamente o adquirente, o utilizador do crédito, o locatário, o apostador, o beneficiário
da garantia, o cliente das instituições de crédito, o segurado (relativamente à soma do prémio
do seguro ou outras importâncias resultantes de contratos com seguradoras estrangeiras cujo
risco se localize em Angola), o comodatário, o publicitante, o devedor ou sacado nas letras e
livranças, o procurador, as sociedades a constituir, o empregador, os requerentes, os
requisitantes, os beneficiários, o destinatário, o prestador ou fornecedor dos bens e serviços.

Isenções

No Código do Imposto de Selo estão previstas, entre outras, as seguintes isenções:

• O Estado, quando constitui seu encargo, e quaisquer dos seus serviços,


estabelecimentos e organismos, ainda que personalizados, excluídas as empresas
públicas;

• As Instituições Públicas de Previdência e Segurança Social e as associações de


utilidades públicas, reconhecidas nos termos da lei, bem como instituições
religiosas legalmente constituídas, excepto quando se tratar de actividades
económicas de natureza empresarial;

• Os créditos, concedidos até o prazo máximo de 5 (cinco) dias de contas jovens,


contas terceira idade, bem como os juros daí resultantes e os micro-créditos;

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• Os créditos derivados da utilização de cartões de crédito, quando o reembolso for
efectuado sem o pagamento de juros;

• Nos juros, comissões e contraprestações devidas nos contratos de financiamento


para crédito habitação;

• Os créditos relacionados com as exportações, devidamente documentados com


os despachos aduaneiros, bem como os juros daí resultantes;

• As garantias e contratos que devam ser celebrados através dos mercados


regulamentados que tenham por objecto valores mobiliários ou direitos a ele
equiparados;

• Os juros provenientes de Bilhetes de Tesouro e Obrigações de Tesouro e de


Títulos do Banco Central;

• Os empréstimos com características de suprimento, incluindo os juros efectuados


por sócios à sociedade em que seja estipulado um prazo inicial não inferior a 1
(um) ano e não sejam reembolsados antes de decorrido aquele prazo;

• Os suprimentos de tesouraria, incluindo os juros, em que seja estipulado um


prazo inicial não inferior a um ano e não sejam reembolsados antes de decorrido
aquele prazo;

• O reporte de valores mobiliários ou outros instrumentos financeiros negociados


em mercado regulamentado;

• As operações de gestão de tesouraria entre sociedades em relação de grupo;

• Os documentos de representação forense;

• Os contratos de trabalho.

Taxa

As taxas são as que constam da tabela anexa ao Código, expressas em valor absoluto ou em
percentagem.

Liquidação e Pagamento

O Imposto de Selo é liquidado pelos sujeitos passivos e deve ser pago até ao final do mês
seguinte àquele em que a obrigação tributária se tenha constituído.

Obrigações Declarativas

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Os sujeitos passivos do Imposto de Selo estão obrigados a apresentação anual da declaração
discriminativa do IS liquidado até final do último dia útil do mês de Março do ano seguinte ao
da realização dos actos, contratos, operações previstas na tabela anexa no Código do IS.

7.11 Imposto sobre o valor acrescentado

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Bibliografia

Código Geral Tributário - Lei Nº 21-20 que Altera a Lei Nº n.º 21/14, de 22 de Outubro
Fereira, R. (2015, Agosto 21). Tributos: origem e evolução. Breve abordagem histórica sobre
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Misabel de Abreu Derzi e Sacha Calmon. (1982). Direito Tributário Aplicado: estudo e
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Quintino, G. N. (2020). Lições de Fiscalidade. Lisboa: AAFDL Editora.

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https://agt.minfin.gov.ao/PortalAGT/#!/

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Canal da OCPCA no youtube

https://www.youtube.com/channel/UCeCiG0x6Xp6GI9z1F8E2nIA/featured

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