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Patrimônio
A tributação é um ato de poder que recai sobre uma manifestação de riqueza e afeta
dois valores – liberdade e propriedade, sujeitando tensão entre o poder que tributa e
o sujeito a quem se tributa.
Na ciência das finanças públicas, quando o Estado foi criado pelo pacto social, restou
claro que ele não teria como se sustentar sozinho. Ao anuir-se pela criação do Estado,
subentendeu-se que a estrutura seria sustentada pelos seus criadores, e a forma de
obtenção desse sustento seria pelo deslocamento de recursos do setor privado para o
público. O dinheiro privado que se transforma em dinheiro público não visa lucro, mas
sim o atendimento às necessidades públicas.
Nesse sentido, os entes recebem da CRFB parcela do poder de tributar, e não o poder
integral de tributar, já que a própria CRFB limita o exercício desse poder. Ademais, o
texto constitucional, ao conferir aos Entes a competência tributária, desenhou todo o
contorno da tributação, restando ao legislador federal, ao descrever os aspectos da
norma jurídica instituidora em abstrato de cada tributo, observar os parâmetros
constitucionais que disciplinam o exercício da competência tributária.
Assim, para que haja materialidade econômica para a criação de imposto, é necessária
a manifestação de riqueza expressa em quantitativo monetário. Temos três grandes
bases econômicas sobre as quais recaem a tributação: a riqueza dinâmica ou auferida
No que diz respeito aos impostos sobre renda, o constituinte, ao traçar o arquétipo do
que seria renda, limitou o legislador infraconstitucional para que o tributo recaia
somente sobre o resultado líquido disponível da atividade do contribuinte, seguindo
daí que as despesas necessárias ao livre exercício de atividades empresariais e a
manutenção das fontes geradoras de renda fiquem protegidas da tributação.
Isso porque o conceito jurídico de renda não necessariamente coincide com seu
conceito econômico, já que o acréscimo patrimonial resultante de riqueza nova deve
ser observado em certo lapso de tempo, atendendo aos princípios da isonomia, da
capacidade contributiva e do não confisco, prestigiando a vida, a dignidade da pessoa
humana e a propriedade.
A CRFB diferencia outras hipóteses de incidência que devem ser confrontadas por
diferenciação com a hipótese do imposto sobre a renda:
Assim, renda não se confunde com patrimônio, capital, lucro e faturamento. Portanto,
seu conceito seria o de resultado positivo entre receitas e despesas de acordo com a
capacidade contributiva, não sendo possível medir o quanto foi acrescido ao
patrimônio sem que exista um período de tempo como parâmetro, ao fim do qual
possa ser verificado o saldo positivo ou negativo.
O CTN, em seu art. 43, determina ainda que o imposto recaia sobre a aquisição de
disponibilidade econômica, ou jurídica da renda, ou proventos de qualquer natureza.
Disponibilidade econômica significa efetiva percepção em dinheiro ou outros valores.
Disponibilidade jurídica significa o direito incondicional, atual e efetivo de aferir a renda
e de sobre ela dispor livremente. Assim, embora ainda não efetivamente recebido, há
a possibilidade de se trocar livremente tal direito no mercado (por exemplo, crédito).
O decisivo para a disponibilidade jurídica é a que seja atual e que não exista qualquer
condição ou obstáculo ao efetivo ingresso da renda no patrimônio do contribuinte, sob
pena de se tributar ficções; por exemplo, tributar um contribuinte por ganho de capital
pelo simples fato de que ele venha a futuramente vender o imóvel.
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Assim, não podemos jamais confundir o imposto sobre a renda (sempre acréscimo)
com impostos patrimoniais (sempre sobre a coisa).
No que diz respeito ao “peso” da carga tributária no Brasil, ela atualmente corresponde
a 36% do PIB, tendo como característica o caráter regressivo da tributação, ou seja,
tributando mais quem possui menor capacidade contributiva, se baseando na
tributação indireta (pelo consumo), recaindo sobre bens e serviços.
Outro destaque crítico seria a isenção total do IR sobre lucros e dividendos distribuídos
a acionistas de empresas, algo na contramão do resto do mundo, bem como a
possibilidade de dedução no lucro tributável da despesa fictícia relativa aos “juros
sobre capitais próprios” (JSCP), uma modalidade de distribuição de lucro da empresa
aos seus acionistas.
Uma das medidas a ser implementada seria a instituição do IGF (art. 153, VII, da
CRFB), algo a ser instituído (pela maioria da doutrina) por LC.
Contudo, tal medida ainda poderia deixa de fora da tributação o “topo da elite
financeira” do país, pois, nesse setor, grande parte dos rendimentos é proveniente de
dividendos (isentos). Ademais, para outra análise crítica, seria uma possível fuga de
capitais (ver o caso Gérard Depardieu na França).
O artigo 153, III, e o § 2º da CRFB são a sede constitucional desse imposto, “[que]
será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade,
na forma da lei”.
O artigo 62, § 2º, da CRFB alcança também o IR: “§ 2º Medida provisória que implique
instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e
154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida
em lei até o último dia daquele em que foi editada. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)”.
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003); § 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica
aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do
inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e
154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e
156, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003).
Os entes menores podem emitir títulos para a captação de dinheiro; quando o fizerem,
a renda que os adquirentes de tais títulos obtiverem do Estado será tributada, mas
nunca de forma diferenciada daquela que a União utiliza para tributar as próprias
emissões de títulos.
O inciso I do § 2º do artigo 153 da CRFB prevê que o IR será informado pelos critérios
da generalidade, universalidade e progressividade. Esses critérios, para a maioria da
doutrina, são verdadeiros princípios constitucionais, sendo que o eminente doutrinador
e professor Ricardo Lobo Torres os identifica como subprincípios: a generalidade e a
universalidade derivam do princípio da igualdade, enquanto a progressividade deriva
do princípio da capacidade contributiva.
Vale dizer que já houve época em que determinadas pessoas que revelavam clara
capacidade contributiva simplesmente não contribuíam para o financiamento do
Estado, não pagando o IR. Em sistemas constitucionais anteriores, magistrados,
militares de alta patente e agentes políticos recebiam esse privilégio odioso, sendo
dispensados do pagamento do IR. É com essa sistemática execrável que o princípio da
generalidade rompeu.
A progressividade é critério que exige variação positiva da alíquota à medida que haja
aumento da base de cálculo pela instituição de alíquotas progressivas. Como se sabe,
as alíquotas são proporcionais quando não se alteram, mesmo que haja oscilação da
base de cálculo. Como exemplo, a alíquota do extinto CPMF, que era sempre de 0,38
por cento, não importa qual fosse o valor da movimentação financeira. E há também
as alíquotas seletivas, que não variam de acordo com a quantidade da base de cálculo,
mas sim em função da essencialidade da base de cálculo, da natureza da base
tributável.
A progressividade do IR, porém, nada tem a ver com o tempo, estando intimamente
ligada ao princípio da capacidade contributiva, na forma do artigo 145, § 1º, da CRFB,
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e decorre exclusivamente da variação da base de cálculo – quanto maior a base
tributável, maior a alíquota.
Pelo ensejo, a base de cálculo desse imposto são as rendas e proventos de qualquer
natureza. Os eminentes doutrinadores Luis Emygdio, Hugo de Brito Machado, Ricardo
Lobo Torres, Roque Antônio Carraza e Ricardo Mariz de Oliveira divergem se haveria
ou não um conceito constitucional de renda. A doutrina se divide, de forma bastante
equiparada, em três vertentes. A vertente que defende que há, deveras, esse conceito
– de Hugo de Brito Machado e Roque Antônio Carraza, entre outros –, devendo ser
observado estritamente pelo legislador infraconstitucional. A corrente que defende que
não existe conceito constitucional de renda – por todos, Ricardo Mariz – alega que
essa matéria é dada à definição pelo legislador. A corrente intermediária, do professor
Ricardo Lobo Torres, defende que o conceito é constitucional, mas pode ser
relativamente manejado pelo legislador infraconstitucional sem violar a CRFB – haveria
uma espécie de tipo aberto constitucional, preenchível pelo legislador.
Essa discussão, porém, não tem maiores repercussões na ordem constitucional do IR.
Mesmo porque o CTN, desde sempre, previu o que deve ser entendido por renda ou
proventos nos incisos I e II do artigo 43 – dispositivos que nunca foram questionados
quanto à sua validade constitucional.
Como se viu, o acréscimo patrimonial deve ser disponível para ser tributável. Essa
disponibilidade deve ser jurídica ou econômica, significando que o proprietário tem o
poder de exercer sobre o bem o seu direito de propriedade e consectários. Tem
disponibilidade sobre a renda quem tem sua propriedade, e dela pode usar, gozar,
dispor e reivindicar de quem a detenha injustamente.
Disponibilidade jurídica é aquela que decorre, por exemplo, do direito de crédito sobre
a renda. Aquele que pode dispor, gozar ou reivindicar a renda, porque já é senhor do
crédito que ela representa, tem disponibilidade jurídica. Como exemplo, se um
comerciante vende uma mercadoria a prazo, o crédito que tem por receber é renda
que já lhe é disponível, tanto que pode emitir duplicata a fim de receber do comprador
ou operar a cessão de tal crédito a terceiros.
O § 2º, por seu turno, já foi problemático, objeto de discussão no STF que acabou
decidindo a matéria sobre o momento em que ocorreria a disponibilidade jurídica ou
econômica da renda obtida por coligadas e controladas no exterior. Isso porque, em
regra, no Brasil, o relevante é que haja a residência no país para sofrer tributação pelo
IR, independentemente de onde venha sua renda. E se o não residente recebe renda
proveniente de fonte brasileira, será também aqui tributado. A isso se designa de
princípio da territorialidade do IR: o que interessa é a condição de residente no Brasil
ou a fonte nacional da renda para o não residente.
Definida a renda como acréscimo patrimonial disponível, cabe definir o que não é
renda, ou seja, as variações patrimoniais positivas que não constituem renda (pois é
claro que o decréscimo patrimonial, a variação patrimonial negativa, não é renda): as
indenizações de cunho material ou moral não são consideradas renda, porque não
constituem um acréscimo patrimonial, mas sim a recomposição do patrimônio que fora
reduzido por conta de um determinado evento danoso – é a volta ao status quo ante,
e não acréscimo. Incluem-se, no critério, os danos materiais emergentes e danos
morais.
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Veja as súmulas 125, 136 e 215 do STJ:
Súmula 125, STJ: O pagamento de férias não gozadas por necessidade do serviço não
está sujeito à incidência do imposto de renda.
Súmula 136, STJ: O pagamento de licença-prêmio não gozada por necessidade do
serviço não está sujeito ao imposto de renda.
Súmula 215, STJ: A indenização recebida pela adesão a programa de incentivo à
demissão voluntária não está sujeita à incidência do imposto de renda.
São todas situações em que o valor pago é tido por indenizatório; por isso, trata-se de
uma recomposição patrimonial, e não de um ganho. O terço constitucional sobre as
férias, diga-se, não é indenizatório, e por isso é tributável. Questão que se coloca é a
“venda” das férias pelo empregado: essa verba tem, também, natureza indenizatória,
escapando à tributação pelo IR, conforme têm entendido o STJ e a própria Receita.
Veja o Ato Declaratório Interpretativo da Receita Federal do Brasil de número 28, de
2009, reconhecendo essa não incidência:
Veja que essa concepção de fuga ao conceito de renda, quanto à indenização por dano
material, é de entendimento bastante simples. Porém, quanto ao dano moral, a
questão já suscitou controvérsia, restando hoje pacificada pela jurisprudência do STJ
In casu, a negativa de incidência do Imposto de Renda não se faz por força de isenção,
mas em decorrência da ausência de riqueza nova – oriunda dos frutos do capital, do
trabalho ou da combinação de ambos – capaz de caracterizar acréscimo patrimonial.
3. A indenização por dano moral não aumenta o patrimônio do lesado, apenas o repõe,
pela via da substituição monetária, in statu quo ante. 4. A vedação de incidência do
Imposto de Renda sobre indenização por danos morais é também decorrência do
princípio da reparação integral, um dos pilares do Direito brasileiro. A tributação,
nessas circunstâncias, e, especialmente, na hipótese de ofensa a direitos da
personalidade, reduziria a plena eficácia material do princípio, transformando o Erário
simultaneamente em sócio do infrator e beneficiário do sofrimento do contribuinte. 5.
Recurso Especial não provido.
Outrossim, o enunciado da Súmula 498 do STJ assim dispõe: “Não incide IR sobre a
indenização por danos morais”.
Desde a época do TFR que já era essa a concepção sobre as indenizações, como se
vê na súmula 39 dessa extinta corte que trata das desapropriações: “Súmula 39, TFR:
Imposto de Renda - Indenização Recebida por Pessoa Jurídica - Desapropriação
Amigável ou Judicial. Não está sujeita ao imposto de renda a indenização recebida por
pessoa jurídica em decorrência de desapropriação amigável ou judicial.”
Registre-se que essas hipóteses são de não incidência, simples atipicidade do fato
gerador, e não isenções. Decréscimos e recomposições patrimoniais simplesmente não
são fatos geradores do IR.
Assim, sua tributação, em regra, é anual pela Declaração de Ajuste Anual (DAA), sendo
antecipada mensalmente (pela retenção na fonte ou pela entrega de carnê-leão),
merecendo ao final do exercício (1 ano) o ajuste de tudo o que foi pago com o que
restou a pagar – daí o termo “ajuste anual”.
A tributação na fonte ainda pode ocorrer sob duas modalidades: ou será definitiva, ou
será antecipatória. A definitiva é a que se chama de tributação exclusiva na fonte;
nessa modalidade, o contribuinte é totalmente afastado do recolhimento, sendo-lhe
impossível qualquer ingerência sobre o imposto pago (pretender reavê-lo, compensá-
lo etc.). A fonte efetua o pagamento do tributo, passando ao contribuinte o valor
líquido e o informe de rendimentos, termo de que consta a dinâmica da retenção, por
exemplo, quando a fonte no Brasil pagar valores a estrangeiros não residentes.
Haverá retenção na fonte sempre que uma pessoa jurídica efetuar pagamentos a
pessoas físicas em valor que supere o limite de isenção. Também haverá retenção na
fonte sempre que a pessoa jurídica realizar pagamentos a outra pessoa jurídica em
razão de prestação de serviços de profissão regulamentada. O pagamento de
rendimentos decorrentes de aplicação financeira também enseja retenção na fonte por
parte da instituição financeira. Por fim, também há retenção na fonte quando houver
remessa de valores tributáveis para o exterior.
Há situações que ensejam que o dever de recolhimento de IRPF deverá seguir modelo
semelhante ao do responsável (fonte) como visto acima. A diferença reside que,
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nesses casos, o pagamento será de atribuição do próprio contribuinte (pessoa física),
podendo, aqui, as antecipações se apresentarem em caráter provisório ou definitivo.
A contribuição previdenciária é prevista no art. 195, I “a” e II, da CRFB; contudo, para
o contribuinte pessoa física, sua previsão está no inciso II, referente ao trabalhador e
aos demais segurados da previdência social, gozando de imunidade os valores
percebidos por aposentadoria e pensão concedidos pelo RGPS de que trata o art. 201
da CRFB.
Ressalte-se que tais receitas oriundas das referidas contribuições previdenciárias não
poderão ser utilizadas para despesas distintas do pagamento de benefícios do Regime
Geral de Previdência Social (art. 167, XI, da CRFB).
O fato gerador do IRPJ, em regra, é trimestral, e não anual. A tributação das pessoas
jurídicas é dividida em três modalidades, segundo três formas de determinação da
base de cálculo do imposto: pelo lucro real, pelo lucro presumido ou pelo lucro
arbitrado. O artigo 44 do CTN trata da base de cálculo do IR: “Art. 44. A base de
cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos
proventos tributáveis”.
O lucro real é a regra: normalmente, a pessoa jurídica é tributada pelo valor que
realmente obteve de lucro. Essa base de cálculo se apura de acordo com o lucro líquido
após os devidos ajustes, as adições e exclusões ao lucro líquido. A forma de apuração
do lucro líquido, grosso modo, é o encontro de contas entre receitas e despesas.
Encontrado o lucro líquido, a sociedade consulta o regulamento do IR e verifica quais
são as adições e exclusões que alcançarão esse montante de forma a extrair o
montante final.
O ajuste por adições e exclusões só se justifica porque a lei tributária somente permite
que sejam computadas, para fim de apuração do lucro líquido, os custos consistentes
em despesas operacionais, que são os gastos usuais e necessários à manutenção da
fonte produtora da renda, desde que amparados em documentação hábil e idônea.
Por isso, as despesas que escapam à natureza operacional não são dedutíveis do lucro
para fins de tributação.
O contribuinte pelo lucro real pode pagar, por estimativa, mensalmente. A operação é
mais simples – eis que a apuração e o ajuste trimestral são complexos, demandando
organização contábil precisa – porque a pessoa jurídica paga o tributo mensalmente,
mas a apuração, em vez de trimestral, é feita anualmente, ao fim do exercício, em 31
de dezembro. Nessa época, o contribuinte verifica o lucro real e sobre ele recalcula o
tributo: se os pagamentos estimados forem maiores do que o devido, há crédito
restituível para o contribuinte; se os pagamentos mensais foram menores do que a
apuração revelou ser devido, há de ser pago o valor faltante ao fisco.
O lucro presumido, por sua vez, é uma faculdade da pessoa jurídica que não se vê
obrigada a apurar lucro real, embora se veja na necessidade de promover o
pagamento do imposto por estimativa de lucro. A base de cálculo pelo lucro presumido
se verifica pela atribuição de percentual sobre a receita, calculado por lei, em tabela
de que constam variações referentes à atividade do contribuinte sem maiores
complicadores. O pagamento por estimativa é feito trimestralmente. Em qualquer
hipótese, no sistema do lucro presumido, nunca há ajuste de contas ao final – o que
for recolhido é definitivo, assim como é irretratável a opção por esse sistema, pelo
exercício inteiro.
São obrigadas a recolher com base em lucro real, não podendo optar pelo presumido:
sociedades cuja receita bruta anual seja superior a quarenta e oito milhões de reais;
sociedades que tenham participação no exterior; instituições financeiras; instituições
beneficiárias de incentivos fiscais regionais.
Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o
valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora,
mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos
ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos
expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em
caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial.
Cabe ao legislador ordinário fixar a alíquota de imposto de renda, pois não há limites
estabelecidos na CFRB ou no CTN, senão os vinculados à vedação do confisco e à
capacidade contributiva.
A alíquota do IRPJ é de quinze por cento para todas as empresas, não importando se
o lucro é calculado sobre o montante real, arbitrado ou presumido, como dispõe o
artigo 3º da Lei 9.249/95:
Pode ocorrer que as sociedades que exerçam suas atividades em diversos locais
tenham a necessidade de manter unidades espalhadas territorialmente. Para tanto,
essa sociedade pode se valer da constituição de filiais; da aquisição do controle de
outras empresas que realizarão a atividade que lhe interessa (controladas); ou pela
aquisição de parcela de outra empresa que exerça a referida atividade (coligadas). A
definição legal de sociedades controladas e coligadas tem sede normativa nos
parágrafos do art. 243 da Lei 6.404/76. Tais participações societárias são ativos da
empresa que os detém.
A diferença é que, em vez de contar com a regra isentiva, tal qual os investimentos
nas coligadas e controladas sediadas no Brasil, o lucro da investida apresentado no
exterior deveria, imediatamente, ser transportado para a contabilidade da empresa
controladora no país, sofrendo a incidência de IR e CSLL ao final do exercício. A ADI
2.258 proposta pela CNI impugnava esse dispositivo alegando que a tributação no
Brasil do lucro apresentado no exterior com o mero levantamento do balanço da
empresa investida levaria à tributação na investidora de algo que não seria renda
tributável. Ou seja, para os contribuintes, os recursos somente poderiam ser levados
à tributação quando entrassem, de fato, no caixa da empresa brasileira. Não bastaria
o resultado positivo na contabilidade originado da aplicação do método da equivalência
patrimonial.
O Supremo, entretanto, foi além nos debates. É que os ministros se mostraram muito
preocupados com a situação dos recursos que saem do país sem tributação e ficam
indefinidamente no exterior, principalmente aqueles investidos nos chamados paraísos
fiscais. Nesse caso, então – em que o dinheiro está em um paraíso fiscal –, a
tributação das coligadas na forma da medida provisória seria possível, ou
seja, sem a necessidade de o dinheiro entrar no país para ser tributado.
Adotou-se o conceito de paraíso fiscal (ou, de maneira mais técnica, países
com tributação favorecida) descrito nos arts. 24 e 24-A da Lei 9.430/96.
O tributo extrafiscal não se confunde com o parafiscal. Os tributos fiscais são aqueles
que têm escopo meramente arrecadatório, visando a dotar de receitas os cofres
públicos, enquanto os tributos extrafiscais são aqueles que vão além dessa função
arrecadatória, não a abandonando – porque todo tributo conta com essa função de
arrecadação, mas possui como finalidade precípua a intervenção do Estado na ordem
econômica ou social pela tributação. O termo parafiscal, atualmente, é tecnicamente
utilizado para identificar a dotação de receita de quem esteja ao lado do fisco, paralelo
ao fisco, mas não inserido nele (ou então seria tributo fiscal). O critério, então, é outro:
extrafiscal é o tributo dedicado a algo mais que a arrecadação (como a regulação de
um mercado econômico); parafiscal é critério de destinação do tributo, que visa a
custar entidades paralelas ao Estado.
Assim, o locatário não é contribuinte do IPTU, e sim o proprietário. E isso significa que
a convenção, nesse sentido, imposta ao locatário no contrato, não é oponível ao fisco,
em atenção ao artigo 123 do CTN.
Art. 6º - Para fim de incidência do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, a que
se refere o Art. 29 da Lei número 5.172, de 25 de outubro de 1966, considera-se
imóvel rural aquele que se destinar à exploração agrícola, pecuária, extrativa vegetal
ou agroindustrial e que, independentemente de sua localização, tiver área superior a
1 (um) hectare (Execução suspensa pela RSF nº 313, de 1983). Parágrafo único. Os
imóveis que não se enquadrem no disposto neste artigo, independentemente de sua
localização, estão sujeitos ao Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana,
a que se refere o Art. 32 da Lei número 5.172, de 25 de outubro de 1966. (Execução
suspensa pela RSF nº 313, de 1983).
Ocorre que esse dispositivo foi considerado inconstitucional pelo STF por vício formal
– é lei ordinária alterando matéria de lei complementar. O critério, que numericamente
fazia prevalecer a destinação à localização, deixou de existir, passando a haver uma
norma primando pela localização – o CTN – e uma norma dedicada à destinação – o
DL 57/66. Isso porque o CTN entrou em vigor em outubro de 1966 e o DL 57/66, em
novembro de 1966. Nesse momento, vigia a CRFB de 1946 que não exigia a edição de
LC para dispor sobre normas gerais, o que somente viria a ocorrer com o art. 19,
parágrafo 1, da CRFB de 1967. Assim, as referidas leis anteriores que dispunham sobre
fato gerador foram recepcionadas como LC, enquanto a referida lei de 1972, por ser
A base de cálculo do IPTU é o valor venal do imóvel, como dispõe o artigo 33 do CTN,
ou seja, seu valor de mercado. Existe uma planta genérica de valores (PGV) nos
municípios, que é de onde o fisco colhe os dados para o lançamento. Geralmente, essa
PGV tem valores abaixo dos efetivamente praticados no mercado, e por isso não há
muitas impugnações a lançamentos do IPTU. A PGV pode sofrer atualização monetária
por meio de mero decreto tanto pelo que dispõe o artigo 97, § 2º, do CTN, quanto
pela redação da súmula 160 do STJ: “§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os
fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da
respectiva base de cálculo. E Súmula 160, STJ: É defeso, ao Município, atualizar o
IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção
monetária”.
Mesmo que haja, com essa atualização, um aumento matemático do tributo, não há
aumento do ponto de vista jurídico: a correção é mera recomposição de perdas
inflacionárias. Por isso, sequer se sujeita à anterioridade tributária. Sobejando,
outrossim, a “atualização” ao índice da inflação, tratar-se-á de verdadeiro aumento
real de valor e não poderá ser feito por decreto, sujeitando-se à legalidade, além de
ter de observar a anterioridade tributária. Cabe ao contribuinte o direito de aferir e
impugnar o lançamento se for realizado por preço superior ao do mercado.
O superficiário também não seria contribuinte, para uma primeira corrente, porque
sua situação jurídica é similar à do locatário e porque o artigo 146, III, “a”, da CFRB
estabelece que cabe à lei complementar definir os contribuintes dos impostos,
enquanto a Lei 10.257/01, que trata do direito de superfície, é uma lei ordinária. Para
a corrente majoritária, porém, o superficiário é, sim, contribuinte do IPTU, com base
no artigo 1.371 do CC e no 21, § 3º, da Lei 10.257/01:
Art. 1.371. O superficiário responderá pelos encargos e tributos que incidirem sobre o
imóvel. Art. 21. § 3º O superficiário responderá integralmente pelos encargos e
tributos que incidirem sobre a propriedade superficiária, arcando, ainda,
proporcionalmente à sua parcela de ocupação efetiva, com os encargos e tributos
sobre a área objeto da concessão do direito de superfície, salvo disposição em
contrário do contrato respectivo.
Uma outra questão que merece ser enfrentada se refere à legitimidade do adquirente
do imóvel para pleitear a repetição do indébito do IPTU pago pelo antigo proprietário,
considerando que o IPTU foi pago pelo alienante do imóvel. O STJ se divide: em uma
primeira corrente, entende que há legitimidade do adquirente em razão da liberdade
negocial; se o novo proprietário do imóvel é responsável por sub-rogação pelos
Cabe mencionar que, para a definição do sujeito passivo de IPTU, é necessário que
haja lei municipal dispondo sobre o elemento subjetivo do fato gerador. Nesse sentido,
leia o verbete sumular 399: “Cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo
do IPTU”.
Destarte, os partidos políticos, inclusive suas fundações, além das entidades sindicais
dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social sem fins
lucrativos, não perdem a imunidade se alugarem os bens, desde que o aluguel reverta
à sua atividade essencial. Vale ressaltar que a fundamentação dessa súmula não deve
ser invocada diretamente para os templos de qualquer culto da alínea “b” do artigo
150, VI, da CRFB; ainda que o STF tenha posição semelhante manifestada no RE
325.822/SP, a súmula fala expressamente na alínea “c”. Segue trecho do julgado
mencionado:
Ressalte-se que, para o STF, mesmo os imóveis vagos são imunes, indo até além do
que ele disse na súmula. Sobre imunidades do IPTU, vale comentar mais alguns
julgados relevantes. Veja o RE 236.174/SP:
Por fim, o RE 363.412 AgR/BA, informativo de jurisprudência 475 dessa Corte, postula
sobre imunidade para a Infraero:
Sobre a servidão de passagem não incide IPTU, mas sobre o imóvel em que ela está
instalada ele incide normalmente. Veja o REsp. 601.129/SP: “Os arts. 32 e 34 do CTN
definem, respectivamente, o fato gerador e o contribuinte do IPTU, contemplando a
propriedade, a posse e o domínio útil. 2. Não há base legal para cobrança do IPTU de
quem apenas se utiliza de servidão de passagem de imóvel alheio”.
Como a dívida tributária referente ao IPTU é considerada propter rem, ela alcança até
mesmo o bem de família (inc. IV, art. 3, da Lei 8.009/1990) . Veja a súmula 364 do
STJ: “Súmula 364, STJ: O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange
também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas”.
Assim, atualmente, para o IPTU contamos com alíquotas diferenciadas por conta: a)
da progressividade em razão do valor do imóvel a partir da EC 29/00; b) da
progressividade extrafiscal para cumprimento da função social da propriedade desde
O tributo tem por objetivo precípuo a sua função arrecadatória para custeio da
máquina estatal: esta é a função fiscal do tributo. A extrafiscalidade ocorre justamente
quando a função do tributo ultrapassa o escopo meramente arrecadatório: isso ocorre
quando o tributo assume função regulatória, por exemplo, como o II, IE e o IPI por
vezes o fazem (objetivando incentivar a exportação ou importação de determinado
produto, ou a atividade de indústria de determinado ramo, por exemplo), ou quando
se prestam a fomentar uma determinada atividade, como a implementação da função
social da propriedade, no caso do IPTU e do ITR.
Cabe analisar neste tópico dois impostos, IPTU e ITR, que possuem natureza
originariamente fiscal, mas que são utilizados pelo constituinte e pelo legislador
ordinário com função extrafiscal em um caso. Para promover a função social da
propriedade. No caso do IPTU, a função extrafiscal tem relação direta com as normas
referentes à função social da propriedade urbana. A CRFB, no artigo 182, § 4º, prevê
as normas para fomento ao implemento dessa função social, tendo sido
Vale dizer que jamais poderá ser ultrapassada a alíquota máxima de quinze por cento
do valor venal do imóvel. Uma vez alcançada essa alíquota teto, o município poderá
adotar as seguintes medidas: manter a cobrança anual no valor máximo,
correspondente aos quinze por cento do IPTU progressivo, até que o proprietário se
sinta constrangido a cumprir a função social exigida, como dispõe o artigo 7°, § 2°, da
Lei 10.257/01. Promover a desapropriação-sanção do imóvel, do artigo 8° do Estatuto,
desapropriação esta que não corresponde à regra geral do instituto da desapropriação,
pois sua indenização é feita em títulos da dívida pública (resgatáveis em dez anos,
sendo indenização posterior, e não prévia, como normalmente).
É pela sua natureza jurídica de medida de coerção para o implemento da função social
que o IPTU progressivo assume caráter extrafiscal, pelo que sua arrecadação é mesmo
um “efeito colateral”, não orçamentário.
Assim, para concluir sobre o teor da súmula 668 do STF, temos dois momentos
distintos: a) antes da EC 29/2000, admitia-se apenas a progressividade quanto à
função social da propriedade urbana; b) após a referida EC, admitem-se dois tipos de
TRIBUTAÇÃO SOBRE PATRIMÔNIO 50
progressividade: a referente à função social da propriedade e a mais controvertida,
que diz respeito ao valor do imóvel urbano.
Fique muito atento: O STF decidiu que todos os impostos, independentemente de sua
classificação como de caráter real ou pessoal, podem e devem guardar relação com a
capacidade contributiva do sujeito passivo (decisão em Plenário no julgamento do RE
562045/RS, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o acórdão Min. Cármen Lúcia,
6/2/2013).
A progressividade seria uma técnica de tributação que tem como objetivo fazer com
que os tributos atendam à capacidade contributiva. Na prática, a progressividade
funcionaria da seguinte forma: a lei preveria alíquotas variadas para o imposto, e o
aumento dessas alíquotas ocorreria na medida em que se aumentaria a base de
cálculo.
O fato gerador da taxa (art. 145, II, e art. 77 do CTN) é a prestação, efetiva ou
potencial, de serviço público, específico e divisível (art. 79, CTN), ou o exercício regular
de poder de polícia (art. 78, CTN). Trata-se de tributo contraprestacional de serviços
públicos, postos à disposição do sujeito passivo, custeados pelo Estado.
Assim, possui fato gerador vinculado (em que pese não necessariamente sua receita
ser vinculada), quando for taxa de serviço, o serviço público que estiver posto à
disposição ou for usufruído efetivamente pelo sujeito passivo, e tal serviço for
específico (puder ser destacado em unidade autônoma de intervenção, utilidade ou
necessidade) e divisível (suscetível de utilização, separadamente, por parte de cada
usuário – serviços uti singuli), ou taxa por exercício regular de poder de polícia
TRIBUTAÇÃO SOBRE PATRIMÔNIO 52
realizado efetivamente. Ainda, conforme enunciado da Súmula 545 do STF, há nessa
taxa a compulsoriedade de seu pagamento quando houver lei instituidora em razão da
necessidade de adesão ao serviço ou à fiscalização, diversamente do preço público em
que, em razão da facultatividade de adesão (relação contratual), o pagamento do
preço somente ocorre com a fruição direta do referido serviço, em razão de negócio
jurídico entabulado.
Outro aspecto: a CRFB (art. 145, parágrafo único) e o CTN (art. 77, parágrafo único)
proíbem a identidade entre a base de cálculo do imposto e a da taxa justamente para
evitar a criação de impostos (de competência privativa de cada ente) sob o disfarce
de taxa. Contudo, para o STF, é constitucional a adoção, no cálculo do valor da taxa,
de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde
que não haja integral identidade entre uma base e outra (SV, 29).
Para o STF, como consta no RE 573.675/SC, trata-se de tributo sui generis, pois, não
obstante ser denominado constitucionalmente de contribuição, ostentaria
peculiaridades de taxa no fato gerador e de imposto na base de cálculo (cuja cobrança
é facultada na fatura de energia elétrica do consumidor). Nesse RE, o STF entendeu
que: a lei municipal que restringe os contribuintes da COSIP aos consumidores de
energia elétrica não ofende o princípio da isonomia ante a impossibilidade de se
identificar e tributar todos os beneficiários do serviço de iluminação pública; a
progressividade da alíquota, que resulta do rateio do custo da iluminação pública entre
os consumidores de energia elétrica, não afronta o princípio da capacidade
contributiva; e que esse tributo não se confundiria com imposto, pois sua receita se
destinaria à finalidade específica, não como taxa, por não exigir a contraprestação
individualizada de um serviço ao contribuinte, se submetendo aos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade.
A lei instituidora desse tributo é a Lei 9.393/96. A primeira diferença entre o ITR e o
IPTU é que o último abrange a propriedade territorial e predial, enquanto o ITR é
dedicado apenas a tributar a propriedade territorial, não alcançando a área predial
porventura erigida. Por mais que haja acessões de grande vulto, a tributação recai
unicamente sobre o terreno rural, a terra nua, e não sobre as construções de qualquer
sorte.
A base de cálculo do ITR, então, é o valor fundiário do imóvel rural, definido na Lei
9.393/96 como o valor da terra nua tributável. Repare que nem toda a terra nua será
considerada tributável, porque apenas aquela parcela fundiária capaz de ser
aproveitada economicamente pode sofrer incidência do ITR, e, portanto, ali não se
incluem as áreas de proteção ambiental e quaisquer outras frações que não possam
ser economicamente proveitosas.
O ITR é um imposto real, nos quais, como se sabe, as características do bem objeto
da tributação preponderam sobre a figura do contribuinte e suas características
pessoais. É um imposto direto, não admitindo a repercussão jurídica de seu peso
tributário. A tributação pelo ITR assume também a finalidade extrafiscal
constitucionalmente estabelecida, que é a garantia da função social da propriedade
rural, implementada por meio da progressividade da sua alíquota (186 da CRFB).
Maior que 200 até 500 0,10 0,60 1,30 2,30 3,30
Maior que 500 até 1.000 0,15 0,85 1,90 3,30 4,70
A doutrina, especialmente Hugo de Brito Machado, defende que essa alíquota alta viola
o princípio da vedação ao confisco, porque em apenas cinco anos a tributação pela
alíquota máxima consumirá o valor integral do bem rural. De outro lado, há quem
defenda que, por conta do escopo da alíquota, o implemento da função social, é
perfeitamente constitucional essa alta carga tributária, representando uma exceção
razoável ao princípio do não confisco.
O § 4º, II, do artigo 153 da CRFB, acima transcrito, estabelece imunidade de ITR às
pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não
possua outro imóvel. A definição de pequena gleba é legal e varia de acordo com a
região do país.
ITR x IPTU
Importante decisão do STJ no sentido de que, não obstante que o fato gerador do ITR
seja a propriedade, o domínio útil ou a posse (art. 29, CTN), é necessário que o Estado
garanta a fruição dos direitos decorrentes da propriedade, como, por exemplo, gozo,
fruição, posse do bem, para a efetivação real do fato gerador. No caso, a propriedade
rural foi invadida pelo movimento dos sem-terra e o Estado não conseguiu desocupar
a propriedade, decidindo no REsp 963.499/PR que ofende o princípio da razoabilidade,
da boa-fé objetiva e o bom senso a cobrança de ITR por uma “aparente propriedade”,
fazendo desaparecer o fato gerador enquanto o contribuinte estiver sem possibilidade
de exercer os direitos que da propriedade resultam.
O IPVA foi criado em 1985 e, por isso, não se faz presente no CTN, que é de 1966.
Antes dele, havia a chamada taxa rodoviária única, mas, como taxa, era vinculada à
contraprestação estatal específica, enquanto o IPVA, imposto, é não vinculado.
A CRFB exige lei complementar disciplinando normas gerais para os impostos, mas tal
lei complementar ainda não existe para o IPVA. Mas isso não inviabiliza a vigência do
tributo: ao contrário, cria uma maior flexibilidade para que os Estados legislem sobre
a matéria, porque, deixando a União de editar normas gerais, exerce a unidade da
Federação a competência legislativa plena (art. 24 e parágrafos da CRFB).
Art. 8º - No caso de veículo novo, o valor venal será o preço comercial tabelado pelo
órgão competente ou, na sua falta, o preço à vista constante do documento fiscal
emitido pelo revendedor. § 1º - Entende-se como veículo novo, se de fabricação
nacional, aquele entregue, sem uso, pelo fabricante, pela concessionária ou agente,
ao primeiro adquirente, qualquer que seja o ano de sua fabricação.
TRIBUTAÇÃO SOBRE PATRIMÔNIO 59
Em se tratando de veículo usado, a autoridade fazendária edita anualmente tabela
contendo o valor a pagar relativamente a cada tipo de veículo, e essa tabela não fere
o princípio da legalidade por tratar-se de base calculada, pois a definição da base de
cálculo, que é o valor venal do veículo, está na lei. O valor venal do veículo é o preço
comercial tabelado pelo órgão competente ou, na sua falta, o preço à vista constante
do documento fiscal emitido pelo revendedor.
Quanto a veículo novo ou usado importado, a regra é que a base é a do valor constante
do documento de importação. O STF, por seu turno, sempre se inclinou pela
possibilidade de a legislação do IPVA adotar alíquotas diversas e selecionadas segundo
a natureza do combustível, o tipo de veículo, sua destinação e uso, o que hoje se acha
inserto na CFRB, no § 6º, II, do artigo 155, como visto. O art. 10 da Lei 2.877/97
estabelece as alíquotas a serem aplicadas.
A legislação estadual não pode fixar alíquotas do IPVA diferentes para carros nacionais
e estrangeiros, como pacificou a jurisprudência pátria. O Estado que assim fizer estará
afrontando o artigo 152 da CFRB: “É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer
natureza, em razão de sua procedência ou destino”.
Vale ressaltar que a seletividade prevista no artigo 155, § 6º, II, já transcrito, não é
uma autorização a essa tributação diferenciada de veículo estrangeiro. São situações
diferentes, com fundamentos diferentes; além disso, no dispositivo citado se fala em
diferenciação da alíquota por “tipo e utilização”, e não por “origem ou destino” do bem.
“§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I,
153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos
previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de
cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003).
Ocorre que o fato gerador desses impostos é do tipo continuado, ocorrendo, por ficção
jurídica criada para conveniência da Fazenda, em 1º de janeiro do ano subsequente
ao exercício apurado. Ora, se o fato gerador só ocorre em 1º de janeiro, aquela lei
que majorou a alíquota em novembro de 2008 e passou a ter efeitos em fevereiro de
2009 não poderá retroagir para alcançar o fato gerador ocorrido em janeiro, pelo que,
nesse exemplo, só poderá viger a majoração em 1º de janeiro de 2010. No caso da
base de cálculo, majorada em novembro de 2008, a vigência tem início no mesmo dia
em que o fato gerador ocorre – dia 1º de janeiro de 2009 –, e, por isso, terá efeitos,
de fato, já em janeiro de 2009. O lançamento desses tributos é feito de ofício, e é
contribuinte desses tributos quem for proprietário no dia 1º de janeiro. O tributo é
recolhido pelo Estado em que o veículo estiver registrado, onde houver domicílio do
proprietário.
Também no caso de perda total por sinistro, roubo ou furto, o imposto é devido por
duodécimos, só que considerando o início do ano até a data da ocorrência de tais
fatos. No caso de recuperação e liberação de veículo sinistrado, o IPVA será devido
por duodécimos correspondentes ao período que faltar para completar o exercício
quando a perda ocorrer em ano anterior ao da libertação ou ao período em que o
veículo estiver na posse do proprietário quando a perda e a liberação ocorrerem no
mesmo exercício. Se o contribuinte deixar de pagar o IPVA, sujeita-se a penalidades,
acréscimos moratórios e atualização monetária.
Esse tributo, mesmo tratado como um só, tem dois fatos geradores diferentes: a
doação inter vivos e a mortis causa. Há um perigo em se confundir o ITD inter vivos
com o ITBI (imposto sobre a transmissão de bens imóveis), que será estudado adiante.
Teoricamente, a distinção é muito simples: o ITBI incide sobre transmissão onerosa
TRIBUTAÇÃO SOBRE PATRIMÔNIO 63
de bens imóveis, enquanto o ITD incide sobre transmissão gratuita; o problema é
quando a gratuidade está mascarada, levando a crer que incidiria o ITBI, enquanto o
devido é o ITD.
O artigo 155, § 1º, IV, CRFB, prevê que as alíquotas máximas desse tributo sejam
fixadas pelo Senado Federal, e ele o fez na Resolução 9 de 1992: fixou-a em máximo
de oito por cento, legando às leis estaduais qualquer variação que quiserem, abaixo
desse teto; a Resolução 9, além disso, criou uma progressividade na alíquota do
ITCMD, atualmente decidida como constitucional pelo STF.
O CTN tem algumas previsões aparentemente conflitantes com a CRFB no que tange
a esse tributo. Isso porque a competência era do Estado tanto para o ITBI quanto
para o ITCMD, e sabe-se que hoje apenas o segundo permanece estadual. Por isso,
TRIBUTAÇÃO SOBRE PATRIMÔNIO 64
há de se ter cautela na leitura do CTN para tais tributos. Deve-se fazer a análise do
artigo 35 do CTN. Por isso, a legislação estadual é mesmo a principal fonte normativa
desse tributo.
A base de cálculo desse tributo é o valor venal dos bens, valor de venda, que pode ser
valor de mercado ou o valor do negócio realizado, quando houver (no ITBI, por
exemplo, valor do negócio que recebe o nome de preço). No ITCMD, portanto, a base
de cálculo é o valor de mercado, e não o eventual preço estabelecido, quando se tratar
de uma doação. Veja: as partes poderão fazer constar o valor que for a título de preço
do negócio jurídico, mas o cálculo do imposto será feito sobre o valor de mercado,
quer o preço tenha sido estabelecido a maior ou a menor valor. A Fazenda não
interfere no preço: apenas verifica o valor real para a base de cálculo, que é o valor
de mercado.
O fato gerador da tributação causa mortis ou o da doação ocorre tantos quantos sejam
os sujeitos passivos presentes na cadeia. Veja que, numericamente, pode não haver
diferença, mas juridicamente há. Como exemplo, em um inventário de que sejam
herdeiros quatro filhos do de cujus, a transmissão de cada quinhão será a ocorrência
de um fato gerador apartado, mesmo que, ao final, matematicamente, dê-se o mesmo
valor a pagar.
A diferença jurídica se faz perceber, por exemplo, quando um dos herdeiros opera
renúncia de seu quinhão. Sendo renúncia abdicativa, em que o valor é renunciado em
TRIBUTAÇÃO SOBRE PATRIMÔNIO 65
favor do monte, não ocorre o fato gerador daquele quinhão; o fato gerador ocorrerá,
com o valor do quinhão agregado ao monte, quando os demais herdeiros aceitarem
os quinhões com a proporcional majoração do valor pelo outro renunciado. Veja que,
no exemplo dado, a herança será partida em três partes ao invés de quatro, e somente
três fatos geradores ocorrerão – com valor matemático do tributo igual, mas em
apenas três operações.
Veja agora outro exemplo: se a herança a ser partilhada por três pessoas se trata de
um patrimônio de noventa, a cada um corresponderá trinta. Contudo, há um imóvel
no espólio cujo valor é de cinquenta. Em tese, se um só dos herdeiros recebe esse
imóvel, deverá devolver vinte aos demais herdeiros, dez a cada um – é o que se
denomina reposição ou torna. Os fatos geradores, nessa situação, são tanto os aceites
de cada quinhão original quanto as transmissões dos valores dados em torna, ou seja,
há três fatos geradores mortis causa – dois no valor de vinte e um de cinquenta – e
dois fatos geradores referentes à torna – cada um no valor de dez –, sendo que esses
dois últimos, da torna, são operações realizadas a título oneroso, pois é como se o
transmitente estivesse comprando a parte dos demais no imóvel de valor cinquenta,
incidindo, portanto, o ITBI, e não o ITCMD. Veja que, portanto, a verificação do caráter
gratuito ou oneroso da transmissão nem sempre é simples.
Sobre a torna, veja a súmula 116 do STF: “Súmula 116, STF: Em desquite ou
inventário, é legítima a cobrança do chamado imposto de reposição quando houver
desigualdade nos valores partilhados”.
TRIBUTAÇÃO SOBRE PATRIMÔNIO 66
Em se configurando a morte presumida, a súmula 331 do STF dispõe que é legítima a
incidência do imposto de transmissão causa mortis no inventário – é evento morte
como qualquer outro. Veja: “Súmula 331, STF: É legítima a incidência do imposto de
transmissão ’causa mortis’ no inventário por morte presumida”. Também ocorre o fato
gerador por doação quando se verifica o adiantamento da legítima.
Quando o pagamento estiver para ser realizado, porém, pode o juiz determinar que
se proceda a uma atualização monetária da base de cálculo, sem ser ofendida a
previsão da súmula, porque a atualização é mera correção, e não majoração do valor
apurado na avaliação. Essa, inclusive, é uma situação que gera uma discussão
doutrinária importante: estaria o juiz realizando lançamento tributário (que, como se
sabe, é ato administrativo privativo de autoridades fazendárias) nesse caso? Entenda:
o juiz é quem vai determinar o pagamento do tributo, mas, se ele não concordar com
o valor lançado pela Fazenda, determinará o valor que entender correto. Essa
determinação em valor diverso daquele apresentado pela Fazenda trata-se de
lançamento tributário feito pelo juiz? Parte minoritária da doutrina que enfrenta o tema
TRIBUTAÇÃO SOBRE PATRIMÔNIO 67
tem entendido que sim: esse ato de extração do valor devido e determinação de
pagamento não é eminentemente jurisdicional, e sim administrativo, pelo que se
entende que o juiz está, sim, agindo como autoridade administrativa, homologando a
base de cálculo, o que seria de fato lançamento tributário. Todavia, a doutrina
majoritária entende que esse ato do juiz não é lançamento tributário, sendo um ato
jurisdicional como qualquer outro, pela simples inadequação da figura do juiz à
legitimação como autoridade fazendária.
Responsáveis tributários, porém, são vários, e eleitos por lei. O tabelião, por exemplo,
é um dos responsáveis tributários pelo ITCMD: na falta do recolhimento do tributo, se
o tabelião lavrou a escritura, ele responderá pelo seu pagamento, porque só se pode
lavrar tal escritura mediante a prova da quitação do tributo, e se o tabelião não atentou
para tal requisito, assume a posição de devedor tributário. O principal responsável
tributário no ITCMD pelo evento morte é o inventariante.
No caso de transmissão de bens móveis, como não depende de cadeia registral e não
há sede situacional do bem a ser observada, aí sim será respeitado o local da
ocorrência originadora do fato imponível: será devido o imposto ao Estado em que se
deu a abertura da sucessão ou o aperfeiçoamento do contrato de doação.
O artigo 1º da Lei Estadual 1.427/89 contém expressa discriminação dos objetos das
transmissões sujeitas ao ITCMD:
I - a aquisição do domínio direto, por doação; II - a aquisição, por doação, por Estado
estrangeiro, de imóvel exclusivamente destinado a uso de sua missão diplomática ou
consular; *III – a extinção do usufruto, do uso e da habitação, em decorrência de
sucessão causa mortis, de um único imóvel, desde que o herdeiro ou legatário não
seja proprietário de outro imóvel e tenha renda mensal igual ou inferior a 5 (cinco)
salários mínimos; * (Nova redação dada pelo art. 1º da Lei nº 3515/2000); IV - a
transmissão dos bens ao cônjuge, em virtude da comunicação decorrente do regime
de bens do casamento etc.
Sobre o inciso III, o STF, embora não designando de isenção, reconheceu tal fato
como hipótese de não incidência.
A lógica do inciso IV é simples: já que a metade dos bens sempre pertenceu a cada
um, a lei isenta do pagamento do imposto.
TRIBUTAÇÃO SOBRE PATRIMÔNIO 71
No inciso V, sobre o fideicomisso, dá-se a substituição fideicomissária quando o
proprietário dos bens, por testamento, transmite-os a herdeiro ou legatário temporário
(fiduciário), impondo-lhe a obrigação de, por sua morte, ou depois de certo tempo,
transferi-lo a um segundo beneficiário, designado fideicomissário. No caso do segundo
(fideicomissário) renunciar à herança, ou vir a morrer antes do outro (fiduciário) ou
do prazo fixado no testamento, a propriedade dos bens testados consolida-se no
fiduciário.
Antes da CRFB de 1988, o imposto sobre transmissão de bens imóveis era único, sobre
qualquer ato de transmissão, oneroso ou gratuito, inter vivos ou mortis causa, e era
de competência dos Estados. Com a CRFB, dividiu-se a competência tributária sobre
transmissões de bens imóveis, cabendo ao Estado o já abordado ITCMD e ao
Município, o ITBI, incidente sobre atos onerosos entre vivos. A sede constitucional
desse tributo é o artigo 156, II, e o § 2º da CRFB:
II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por
natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia,
bem como cessão de direitos a sua aquisição; § 2º - O imposto previsto no inciso II:
I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao
patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital nem sobre a
transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou
extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade
preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos,
locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil; II - compete ao Município
da situação do bem.
TRIBUTAÇÃO SOBRE PATRIMÔNIO 72
A transmissão de direitos reais, portanto, é uma das hipóteses de incidência desse
tributo. O artigo 1.225 do CC apresenta o rol destes direitos:
Veja o artigo 5º, VIII, da Lei 1.364/88, a que remete o julgado supra: “Art. 5º -
Compreendem-se na definição do fato gerador as seguintes mutações patrimoniais,
envolvendo bens imóveis ou direitos a eles relativos: VIII - transferência de bem ou
direito ao patrimônio de pessoa jurídica para o de qualquer um de seus sócios,
acionistas ou respectivos sucessores”.
Com razão, o STJ entende que o tributo é devido quando o fato gerador ocorre, ou
seja, na efetivação do registro no RGI. Tentando salvar o texto municipal, alguns
autores defendem se tratar de caso de substituição tributária.
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma
agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e
justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor
real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão,
e cuja utilização será definida em lei. § 5º - São isentas de impostos federais, estaduais
e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de
reforma agrária.
Questiona-se, na doutrina, se essa não seria uma isenção heterônoma, algo que é
vedado pela própria CRFB. Contudo, a melhor doutrina defende que se trata de uma
imunidade dedicada ao fomento da reforma agrária, escapando à vedação da
concessão de isenções heterônomas. Observe o que disse o STF no RE 169.628/DF:
“Terceiro adquirente de títulos da dívida agrária. Imunidade. Extensão.
Impossibilidade. O benefício alcança tão somente o expropriado. O terceiro adquirente,
que com ele realiza ato mercantil, em negócio estranho à reforma agrária, não é
destinatário da norma constitucional”.
Art. 35. O imposto, de competência dos Estados, sobre a transmissão de bens imóveis
e de direitos a eles relativos tem como fato gerador: I - a transmissão, a qualquer
título, da propriedade ou do domínio útil de bens imóveis por natureza ou por acessão
TRIBUTAÇÃO SOBRE PATRIMÔNIO 75
física, como definidos na lei civil; II - a transmissão, a qualquer título, de direitos reais
sobre imóveis, exceto os direitos reais de garantia; III - a cessão de direitos relativos
às transmissões referidas nos incisos I e II. Parágrafo único. Nas transmissões causa
mortis, ocorrem tantos fatos geradores distintos quantos sejam os herdeiros ou
legatários.
Art. 36. Ressalvado o disposto no artigo seguinte, o imposto não incide sobre a
transmissão dos bens ou direitos referidos no artigo anterior: I - quando efetuada para
sua incorporação ao patrimônio de pessoa jurídica em pagamento de capital nela
subscrito; II - quando decorrente da incorporação ou da fusão de uma pessoa jurídica
por outra ou com outra. Parágrafo único. O imposto não incide sobre a transmissão
aos mesmos alienantes, dos bens e direitos adquiridos na forma do inciso I deste
artigo, em decorrência da sua desincorporação do patrimônio da pessoa jurídica a que
foram conferidos. Art. 37. O disposto no artigo anterior não se aplica quando a pessoa
jurídica adquirente tenha como atividade preponderante a venda ou locação de
propriedade imobiliária ou a cessão de direitos relativos à sua aquisição. § 1º
Considera-se caracterizada a atividade preponderante referida neste artigo quando
mais de 50% (cinquenta por cento) da receita operacional da pessoa jurídica
adquirente, nos 2 (dois) anos anteriores e nos 2 (dois) anos subsequentes à aquisição,
decorrer de transações mencionadas neste artigo. § 2º Se a pessoa jurídica adquirente
iniciar suas atividades após a aquisição, ou menos de 2 (dois) anos antes dela, apurar-
se-á a preponderância referida no parágrafo anterior levando em conta os 3 (três)
primeiros anos seguintes à data da aquisição. § 3º Verificada a preponderância referida
neste artigo, tornar-se-á devido o imposto, nos termos da lei vigente à data da
aquisição, sobre o valor do bem ou direito nessa data. § 4º O disposto neste artigo
não se aplica à transmissão de bens ou direitos, quando realizada em conjunto com a
da totalidade do patrimônio da pessoa jurídica alienante.
TRIBUTAÇÃO SOBRE PATRIMÔNIO 76
O inciso II do § 2º do artigo 156 da CRFB traz a competência situacional do tributo:
compete ao município em que o bem se situa, independentemente de qualquer outro
elemento.
Bibliografia