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26/04/2023, 20:09 Fundamentos do Direito Tributário

Fundamentos do Direito Tributário


Prof. Irapuã Gonçalves de Lima Beltrão
false

Descrição

Os fundamentos da tributação, o financiamento do Estado, as fontes da tributação e as espécies de tributos.

Propósito

Compreender os conceitos básicos do financiamento do Estado, a inserção do tributo como um dos


integrantes do conjunto das receitas públicas e as fontes empregadas na tributação, absorvendo os
elementos introdutórios ao Direito Tributário e suas espécies, é fundamental para a atuação jurídico-
profissional na área do Direito Tributário.

Preparação

Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos ou acessível uma versão da Constituição Federal
(especialmente nos artigos 145 a 156), a Lei nº 4.320/64 e o Código Tributário Nacional – Lei nº 5.172, de
1966.

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Objetivos
Módulo 1

Financiamento do Estado
Distinguir as formas de financiamento do Estado.

Módulo 2

Fontes do Direito Tributário


Identificar o conceito, a natureza e as fontes do Direito Tributário.

Módulo 3

Tributos e suas espécies


Listar os tributos e suas espécies.

Introdução
Além das naturais análises sobre conceitos do Estado, seu papel e seus elementos estruturantes, o
tempo demonstrou que seria fundamental também o conhecimento sobre as formas de
financiamento do agir estatal e demais componentes da atividade financeira por ele desempenhada.

Se nos períodos antigos a obtenção dos recursos era basicamente resultado das simples imposição
de poder, pilhagens, guerras e formas mais primitivas, a evolução da atividade financeira do Estado

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apresentou novas formas de captação de recursos já dentro de óticas mais jurídicas até a chegada
dos meios abraçados pelo sentido do Estado de Direito.

Nos tempos atuais, a principal fonte (ainda que não a única) de receita pública decorre da tributação,
sendo imperioso, portanto, uma melhor conceituação do tributo e suas espécies, bem como um olhar
comparativo com as outras formas de obtenção de recursos. Veremos tudo isto em seguida.

1 - Financiamento do Estado
Ao fim deste módulo, você será capaz de distinguir as formas de
financiamento do Estado.

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As formas de financiamento do Estado

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O professor Irapuã Beltrão discorre sobre as formas de financiamento do Estado, no vídeo a seguir. Vamos
lá!

Estado e seu financiamento


Historicamente, quando foram estruturadas as funções do Estado, notadamente na prestação de serviços
públicos atinentes aos interesses da coletividade, restou inevitável o reconhecimento e também a disciplina
da atividade financeira do Poder Público.

Para que o Estado mantenha suas atividades e possa exercer suas funções e missões constitucionais, é
necessário que ele obtenha mais recursos do que aqueles obtidos com essas atividades econômicas ou
com a exploração do seu patrimônio. Para alcançar os próprios objetivos para os quais foi desenhado e
executar todas as tarefas administrativas, o Estado necessita de recursos financeiros, isto é, precisa obter
recursos financeiros por intermédio da atividade financeira.

Outra questão fundamental para os fins da atividade financeira é a demanda sobre qual é o papel do Estado.
Sua função original está na satisfação dos vários interesses públicos. Isso compõe a matéria estudada pelo
Direito Administrativo e é reconhecida como a típica formação das atividades administrativas – aqui
entendidas em sentido bastante amplo – do Poder Público.

A atividade financeira se desenvolveu para instrumentalizar a atividade administrativa indicada pelas


previsões constitucionais de cada país ou pelas demais fontes legislativas. Justo por isto pode-se dizer que
a atividade financeira é instrumental, já que, por um lado, ela é pré-condição para a atividade administrativa,
ainda que existam situações em que ela auxilia o próprio processo de escolha das atividades que caberão
ao Estado.

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A atividade financeira nasceu, assim, para instrumentalizar atividades administrativas e até mesmo para
definir o que será objeto de gestão pública coletiva. Trata-se de condição para a execução de atividades
administrativas. Atribuiu a receitas e despesas um caráter de lei, assumindo um caráter democrático, na
medida em que o orçamento hoje não é definido única e exclusivamente pelo governante no poder.

De toda forma, a atividade financeira, desde o início do Estado democrático, implica


na coleta de receita pública e na execução das respectivas despesas.

Essas receitas não são exclusivamente as tributárias, embora estas representem a principal fonte de
receitas de qualquer Estado.

Naturalmente, o setor público desenvolveu mecanismos para a obtenção desses recursos. Uma das formas
que o Estado tem para obter verba é exercendo várias atividades geradoras de dinheiro. Algumas vezes, até
mesmo visando a lucro. Nada impede que o Poder Público atue como qualquer pessoa para obter recursos.

Entretanto, hoje, de maneira geral, o exercício da atividade econômica é reservado ao setor privado, como
consagração da regra da liberdade de iniciativa na ordem econômica. Mas a própria Constituição (art. 173)
permite, ainda que excepcionalmente, ao Estado o exercício dessa atividade por imperativos de segurança
nacional ou relevante interesse coletivo. Nesse caso, é possível que o Poder Público venha a auferir
recursos.

Receitas
As receitas são entradas não devolutivas, assim entendidas aquelas que se incorporam definitivamente ao
erário. No processo de incorporação das receitas há a transferência de domínio em prol do Poder Público,
com o fim de aumentar o patrimônio do Estado. Uma vez tendo ingressado no domínio do Poder Público, as
receitas só poderão sair mediante autorização legislativa.

Nesse sentido, diferenciam-se as receitas dos meros ingressos.

Exemplo

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Os depósitos judiciais, os depósitos em garantia de contratos e os depósitos compulsórios que as


instituições financeiras realizam no Banco Central do Brasil – BACEN. Estas são entradas temporárias e
meramente devolutivas.

Independentemente dessas ponderações sobre as atividades financeiras do Estado, visando à captação de


recursos e sua administração para satisfazer as necessidades da sociedade, pode-se dividir as receitas
públicas (recursos) em dois grandes grupos: Receitas originárias e derivadas.

Considerando as diversas formas de receita, foi elaborada uma classificação que distingue as receitas a
partir do exercício ou não dos poderes de autoridade, da imposição coercitiva de pagamento ou de
utilização de serviços estatais.

Essa classificação leva em conta o regime jurídico aplicável. Assim:

Receita originária
O Estado age como um particular, não havendo o uso do poder de império.
Decorre de um regime de contrato.

Receita derivada
É aquela revestida de compulsoriedade.
Submete-se a um regime legal.

Como se verifica, há situações em que o Estado obtém recursos sem a aplicação de força, dispensando
todos os atributos do poder de império do Poder Público. Normalmente fundadas em meios contratuais,
como na remuneração de tarifas nos serviços públicos, ou mesmo nas formas de valores decorrentes das
concessões e outros mecanismos de interação com os agentes privados. Nesta forma, todas as vezes em
que a forma de obtenção de recursos não seja marcada pela compulsoriedade estatal na relação, haverá a
coleta de receitas originárias.

Mas não apenas assim. Ocorre ainda, por exemplo, com as doações para campanhas assistenciais. A
doação e a herança jacente são compreendidas como receita originária, porque não existe imperatividade.

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No conceito mais moderno, as Receitas Derivadas diferenciam-se das originárias por serem exigidas
compulsoriamente pelo Estado. Reforçamos, a distinção entre essas duas formas da receita pública está na
compulsoriedade e imperatividade das formas de sua percepção.

As receitas públicas, conforme visto, podem ser divididas em:

Receitas originárias
São aquelas auferidas sem que o Estado exerça seu poder de soberania. Então, como o próprio nome diz,
originam-se por intermédio de exploração de bens e serviços públicos. É o caso dos preços públicos, por
exemplo. A característica principal dessa receita é que ela não é dada pela imperatividade, só paga quem se
utilizar do bem ou do serviço prestado, num modelo em que o usuário ou particular tem alternativas
possíveis para atender aos seus interesses.

Ademais, no Estado moderno, são receitas originárias todas aquelas que, pela sua natureza, podem ser
auferidas também pelas pessoas naturais ou jurídicas de direito privado. É o momento em que o Estado
atua sem exercer seu poder de soberania. Justamente por isso, as receitas originárias são chamadas
também de receitas contratuais, ainda que esta designação não seja a mais adequada.

Receitas derivadas

São as que derivam do patrimônio privado diretamente aos cofres públicos, realizadas por meio do poder de
império do Estado, agindo coercitivamente. Podemos citar as multas por infrações, por meio das quais o
Estado age punitivamente, bem como também o pagamento dos tributos.

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A característica principal da receita derivada é sua compulsoriedade na relação jurídica de obtenção, ou


seja, independe de atividades ou serviço diretamente prestado ou de vontade das pessoas que farão as
transferências. Portanto, é aquela auferida em decorrência do poder de “império”, do poder coercitivo.

Por serem regidas por normas de direito público, as receitas derivadas somente podem ser cobradas pelo
Estado, ou seja, pela entidade de direito público que exerça o poder político sobre todos os cidadãos, que
são chamados a contribuir para o custeio das despesas públicas. São coercitivamente impostas ao
cidadão.

Exemplo
São exemplos de receitas derivadas, além da receita tributária, as arrecadadas em virtude de condenação
judicial ao pagamento de multas por crimes ou contravenções; as penalidades pecuniárias por infrações a
normas administrativas ou à legislação do trânsito, eleitoral, do trabalho, saúde, entre outras.

Antes mesmo da edição do Código Tributário Nacional, a lei geral das finanças públicas – Lei nº 4.320, de
1964 – já definia os tributos como uma receita derivada. É a dicção do artigo nono:

Art. 9º
Tributo é a receita derivada instituída pelas entidades de direito público, compreendendo os impostos, as
taxas e contribuições nos termos da Constituição e das leis vigentes em matéria financeira, destinando-se o
seu produto ao custeio de atividades gerais ou específicas exercidas por essas entidades.

Na prática, as receitas derivadas serão as mais presentes por serem de mais fácil obtenção, destacando-se
o tributo como a principal forma.

Com isso, a conclusão primária e óbvia é que a tributação constitui uma relação jurídica crivada de
compulsoriedade estatal. Em função de normas constitucionais e legais, existe a permissão do Estado de
tributar determinadas situações de natureza econômica, realizadas pelas pessoas submetidas ao seu poder
de império.

Pela classificação atual, tributos são receitas derivadas. Assim também são as penalidades pecuniárias, e,
para muitos, a figura do confisco. A doutrina dos anos 1950 inseria, entre as receitas derivadas, a figura das
reparações de guerra – que ocorrem quando o Estado é vencido em uma situação de guerra; pelas
convenções internacionais, a nação vencida é obrigada a pagar reparações aos vencedores.

Os aluguéis, foros ainda existentes, e quaisquer outras situações em que o Estado


atue na condição de contratante, constituem situações de receitas originárias.

Essa distinção revela-se especialmente importante no estudo das taxas e preços públicos. Taxas são tipos
de tributo e, portanto, pertencem ao campo das receitas derivadas. Tarifas são de natureza contratual,

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sendo consideradas receitas originárias. A distinção, feita na doutrina e na jurisprudência nacional, levou em
consideração a compulsoriedade e a natureza tributária ou contratual para classificar tais receitas.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.


Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1

Imposto e taxa são, para o Estado, formas de receita

A excepcionais.

B originárias.

C derivadas.

D ordinárias.

E subsidiárias.

Parabéns! A alternativa C está correta.


Como destacado no texto, os tributos – em todas as suas formas – são caracterizados não apenas
como receitas públicas, mas diante da compulsoriedade que lhes é marca, são denominados de
receitas derivadas. Sendo os impostos e as taxas espécies do gênero tributo, é correto lhes identificar
também como receitas derivadas, tudo na forma até mesmo do artigo 9º da Lei nº 4320, de 1964.

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Questão 2

Levando-se em consideração a classificação doutrinária das receitas públicas, é correto afirmar que as
taxas e os preços públicos são receitas

A originárias e derivadas, respectivamente.

B derivadas e tributárias, respectivamente.

C originárias e ordinárias, respectivamente.

D derivadas e originárias, respectivamente.

E tributárias e derivadas, respectivamente.

Parabéns! A alternativa D está correta.


Diante da classificação das receitas a partir dos atributos da compulsoriedade, mesmo que existente a
execução de serviços públicos, é relevante recordar que as taxas são formas tributárias também
identificadas como receitas públicas derivadas. Já os preços públicos, usualmente empregados
também no caso de serviços públicos, mas aí sem a tônica da compulsoriedade na atividade e na
remuneração, serão identificadas como receitas originárias.

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2 - Fontes do Direito Tributário


Ao fim deste módulo, você será capaz de identificar o conceito, a
natureza e as fontes do Direito Tributário.

Conceito, natureza e fontes do Direito


Tributário
A partir da atividade financeira, destacam-se, entre as receitas derivadas, os tributos e as relações deles
decorrentes. Mais do que isso, surge um campo de normas jurídicas, com regras, princípios e estrutura
própria. Diante de tudo o que já foi dito, pode-se fundar o Direito Tributário como o conjunto de normas e
princípios jurídicos relativos aos tributos, isto é, a forma pela qual o Estado obtém receitas derivadas para
manter o bem comum e a satisfação das necessidades da sociedade.

Mas o objeto de estudo da tributação não recai apenas nos tributos em si. Desta figura, emerge a relação
construída entre o poder político e as pessoas a ele submetidas, com o objetivo de produzir aquela
arrecadação. Nesse sentido, o Direito Tributário é um conjunto de princípios e normas jurídicas relativas aos
tributos, de forma a arrecadar estritamente as receitas derivadas que se enquadrem naquele conceito legal,
visto que as receitas originárias estão a cargo do Direito Financeiro.

Ruy Barbosa Nogueira assim conceitua o nosso campo de investigação:


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É a disciplina da relação entre o Fisco e o contribuinte, resultante da imposição,


arrecadação e fiscalização dos impostos, taxas e contribuições de melhoria.

(NOGUEIRA, 1970, p. 3)

Na conceituação tributária não se pode esquecer que haverá um conjunto normativo que definirá a relação
existente entre os particulares e o Poder Público que exige tais valores. Trata-se de uma relação jurídica e,
portanto, formada por tal conjugado de formas jurídicas.

Entretanto, no campo da tributação, existe mais do que simples conjunto de normas


jurídicas específicas.

Rubens Gomes de Souza afirma que o conteúdo do Direito Tributário é “essencialmente patrimonial ou
econômico: os atos ou fatos da vida interessam-lhe apenas como indícios de riqueza, que demonstrem uma
capacidade econômica sobre a qual possa assentar um tributo” (SOUZA, 1982, p. 4). Por tal sentir,
compreende também o fenômeno tributário da identificação dos fatos sociais que possam ser tidos como
signos demonstradores de riqueza, reveladores da capacidade contributiva dos indivíduos e integrantes
daquele grupamento e, assim, submetidos à tributação.

Os objetivos do Direito Tributário são:

gavel
Disciplinar as relações jurídicas entre o Estado e os particulares, decorrentes do exercício do poder
fiscal do Estado sobre as manifestações da capacidade econômica dos particulares.
add

gavel
Definir as situações tributáveis, disciplinar a competência tributária, dispor sobre a obrigação tributária,

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sua cobrança, fiscalização e penalização.

Dessa forma, o Direito Tributário não é apenas um conjunto de normas, mas, sim, a formação destas
normas com o objetivo de cuidar diretamente da obtenção desse recurso denominado tributo e as relações
jurídicas daí decorrentes.

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Fontes do direito tributário
O professor Irapuã Beltrão discorre sobre as fontes do Direito Tributário e o papel da lei como fonte do
Direito Tributário. Vamos lá!

A referência às Fontes do Direito conduz a pelo menos dois conceitos de percepções distintas. Na
linguagem jurídica, a palavra “fonte” remete à metáfora do nascimento da água nascendo dos mananciais
da terra. Referências jurídicas, inclusive, buscam a origem do significado do vocábulo fons em latim,
apontando para a origem de algo. Incorporado ao mundo jurídico, reflete o ponto de partida no caso do
Direito.

Ao longo do tempo e dos estudos jurídicos, tal referência respondeu às indagações:

De onde provém o Direito?


De onde seriam tiradas as previsões?
Onde seriam dadas as enunciações e normas
regedoras de comportamento na sociedade?
Tal símbolo teve papel decisivo no movimento de codificação do Direito presenciado a partir do século XIX,
na medida em que o direito legislado passa a ser a grande característica do universo jurídico.

Mas tal expressão admite dois sentidos distintos, como afirmado.

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Fontes materiais
As fontes materiais são as bases sociais que se prestam para a criação do Direito. Essa referência, portanto,
associa os fatos sociais que forem julgados relevantes, incorporando os motivos lógicos ou morais que
conduziram o legislador a criar normas jurídicas. No campo tributário, mais do que fatos sociais, são
também fenômenos demonstradores de riqueza que permitem a tributação.

As fontes materiais tributárias representam os fatos do mundo social reveladores de capacidade


contributiva dos integrantes daquele grupo social sobre os quais haverá a incidência tributária. São, depois
de reconhecidos pelo legislador nacional, os fatos geradores da incidência tributária, como a renda, o
comércio interno e aduaneiro, o patrimônio, entre outros.

Fontes formais
Diferentemente do sentido de fontes materiais, as fontes formais do direito identificam o modo como o
Direito se formaliza com seus destinatários. Dessa feita, a expressão “fontes formais” indica as normas nas
quais se encontram os dispositivos jurídicos. São, basicamente, os atos normativos que adicionam regras
tributárias ao sistema. E tal tema será tratado pelo Código Tributário Nacional (CTN).

Quando o Código utiliza a expressão “Legislação Tributária”, indica inicialmente sua preocupação em
identificar quais são as normas formais que versam sobre a matéria tributária. Para identificação dessas
normas, utilizamos a referência às fontes formais do Direito, sendo estas as bases pelas quais se formam
as regras entre os direitos individuais e as relações jurídicas com a sociedade e também com o Estado.

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Naquele conceito, serão apresentados pelo Código Tributário Nacional as fontes normativas que cuidam da
matéria tributária. Para tanto, lembremos: fontes formais do Direito são as bases pelas quais se formam as
regras entre os direitos individuais e as relações jurídicas com a sociedade e também com o Estado.

No Direito Tributário, as fontes estão divididas entre:

Fontes principais
Fontes primárias que fundamentalmente alteram o Direito Tributário, compostas de:

Constituição Federal e emendas;


Leis originárias;
Leis delegadas;
Leis complementares;
Medidas provisórias (em substituição aos antigos decretos-leis);
Decretos legislativos;
Tratados e convenções internacionais;
Resoluções.

Fontes secundárias
Normas complementares que, como o próprio nome diz, complementam e viabilizam as leis principais. São
elas:

Decretos do Poder Executivo;


Atos normativos;
Decisões de órgãos administrativos, com efeito normativo;
Práticas administrativas reiteradas pelas autoridades;
Convênios entre os entes tributantes.

Contudo, sobre a conceituação da expressão legislação tributária em si, o artigo 96 do CTN informa que:

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“compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as


normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e
relações jurídicas a eles pertinentes.”

Assim, o artigo 96 CTN explicita as normas que compõem tal conjunto.

De imediato, verifica-se que não deve ser aceita como fonte formal do Direito Tributário a jurisprudência ou a
doutrina, apesar de fornecerem bons elementos para compreensão do fenômeno tributário. Importante
observar, ainda, que não há qualquer referência do CTN sobre a Constituição e suas emendas, tampouco às
demais normas estruturantes (Constituições Estaduais ou Leis Orgânicas) dos entes políticos.

Assim ocorre porque a Constituição Federal está acima de qualquer outra fonte do direito, não podendo ser
contrariada por nenhuma delas, sendo ela a responsável pela existência e pela criação das demais normas
da legislação, inclusive o próprio Código Tributário Nacional.

Fontes principais

Leis
Com base no sentido dado às denominadas fontes formais do Direito, podemos afirmar que a lei é a fonte
do Direito por excelência. Emprega-se aqui o sentido estrito do vocábulo “lei”, ou seja, é o ato do Poder
Legislativo, sancionado pelo Poder Executivo, com o caráter coercitivo de sua aplicação.

Aqui surge elemento de cuidado, já que a expressão “legislação tributária” não se confunde com “lei”. A
primeira tem um sentido muito mais amplo, incluindo, além das leis, outras espécies de normas. Então,
quando o CTN se refere à Legislação Tributária em seus artigos, está incluindo não somente a lei, mas os
tratados, as instruções normativas etc.

Entretanto, uma referência é fundamental:

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Não existe hierarquia entre a lei complementar e a lei ordinária.

No nosso ordenamento, não há uma hierarquia, o que há é uma repartição de temas feita pela Constituição,
sem que exista uma importância maior para cada uma das matérias.

Papel da lei tributária


Sem prejuízo do veículo legal a ser empregado, o Código Tributário Nacional reservou um papel claro para a
lei tributária. Isso porque quando a Constituição afirmou que a lei seria necessária para instituir ou majorar
tributos, ela definiu todo um conteúdo para essa fonte primária.

Como afirmamos antes, criar é a elaboração inicial da lei com a definição dos elementos básicos do tributo,
aí incluindo o fato gerador, naturalmente. Significar dizer que, se for mexer nesses elementos ou modificá-
los depois de criados, também é necessária a elaboração de lei.

O artigo 97 do Código Tributário Nacional deixa clara tal determinação. E, a partir dele, podemos reconhecer
o seguinte:

Instituição e extinção.

Majoração e redução.

Definição do fato gerador e elementos da obrigação principal.

Definição da alíquota e da base de cálculo.

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Cominação de penalidades.

Hipóteses de suspensão, extinção ou exclusão do crédito.

Tratados e convenções internacionais


Os tratados e convenções internacionais são determinados atos acordados entre dois ou mais países com a
intenção de administrar interesses sociais, econômicos ou políticos, evitando conflitos entre estes mesmos
interesses.

Das referências do Direito como um todo, o artigo 84, inciso VIII, da CF/88 determina que compete
privativamente ao presidente da República celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a
referendo do Congresso Nacional. Ainda da carta constitucional, o artigo 49, inciso I, decide que cabe ao
Colegiado do Poder Legislativo resolver definitivamente sobre estes atos internacionais.

Então, de acordo com esse procedimento, para que sejam aplicados no país, os tratados e convenções
internacionais precisam ser aprovados pelo Congresso Nacional, uma vez que sem essa aprovação não se
aderem às fontes do Direito do país. Por outro lado, dispõe o artigo 98 do CTN:

Art. 98
Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão
observados pela que lhes sobrevenha.

Isto significa que a legislação que se refere àquele país que realizou o tratado ou convenção é que terá
tratamento diferenciado, sendo isto muito comum para disciplinar e evitar situações de bitributação na

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esfera internacional, ou questões aduaneiras, entre outras medidas.

Justamente em razão dessa aplicabilidade, restou sedimentada a concepção de que os tratados tanto
podem ser elaborados para funcionar como uma norma geral e abstrata, como um pacto celebrado entre
duas nações para regulamentar questões específicas de seus interesses.

Com essa determinação, é possível reconhecer que nosso sistema, em matéria tributária, adotou a posição
supralegal para os atos internacionais. Diante disso, depreende-se do artigo 98 do CTN, tem que ser
interpretado de maneira que os tratados internacionais devam conviver com a lei interna. Depois de
devidamente incorporado ao direito interno, segundo aquele procedimento retratado, o tratado internacional
deve ser respeitado pela legislação interna como tal.

Decretos
Em sede tributária, são empregados no sentido dos Decretos Administrativos ou Regulamentadores. Ou
seja, são aqueles atos normativos, de competência exclusiva dos chefes do Poder Executivo, disciplinando
situações previstas em lei para dar uma efetiva e fiel execução aos diplomas elaborados pelo Poder
Legislativo.

Desse modo, os decretos têm por finalidade executar as normas que já foram estabelecidas em lei, pois eles
estão subordinados a ela. Com base neste conceito, diz o CTN:

Art. 99
O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das leis em função das quais sejam expedidos,
determinados com observância das regras de interpretação estabelecidas nesta Lei.

O regulamento, desta forma, tem a função de dar a execução às leis, aos tratados, no modelo tributário,
conforme o artigo 99, do CTN.

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Fontes secundárias – normas


complementares
Sem prejuízo de todas estas formas primárias do Direito Tributário, o artigo 100 do CTN trata das fontes
menores do Direito Tributário, subordinadas às fontes principais, ou seja, são normas instrumentais. São
todas normas expedidas no âmbito das autoridades administrativas e, justamente em razão dessa origem,
seu campo de eficácia é limitado.

Entretanto, mais do que prescrever quais são estas normas, o Código Tributário Nacional determina que sua
observância pelo sujeito passivo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a
atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo (artigo 100, parágrafo único do CTN).

O limite de disciplina destas normas complementares é dado pela reserva legal.

Assuntos em que houver a submissão ao sentido estrito da legalidade não podem ser dispostos
livremente pelas normas complementares.
close

Por outro lado, não sendo o tema submetido à reserva legal, as normas complementares poderão
dispor, notadamente, se autorizada pelas fontes primárias.

Atos normativos
São atos expedidos pelo Poder Executivo e pela Administração Pública, tendo como objetivo facilitar a
aplicação correta da lei, orientando a todos, tanto contribuintes como funcionários. Têm grande diversidade
de denominação, mas são conhecidas a Instruções Normativas, as Circulares etc.

O decreto é ato emanado do chefe do Poder Executivo (presidente da República, governadores de Estado e
do Distrito Federal e prefeitos). Já as normas complementares são previstas no artigo 100 do CTN, e
constituem todos os atos de outras autoridades administrativas subordinadas à chefia do Poder Executivo.
Portanto, são expedidos por autoridades distintas.

Exemplo

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É o caso do ministro que “baixa portaria”, do secretário da Receita “que baixa instrução normativa” etc.

Decisões administrativas com eficácia normativa


Como explicitamente mencionado no artigo 100 do CTN, são decisões dos órgãos singulares ou coletivos
administrativos, a que a lei dá atribuição de eficácia normativa, ou seja, são atos decisórios na esfera
administrativa em relação aos contribuintes que são transformados posteriormente em normas gerais e
aplicáveis a todos.

Praxes administrativas/práticas reiteradas


São referentes aos usos e costumes observados pela Administração Tributária, normalmente conhecidos
como praxes administrativas. São determinados atos praticados pela Administração Pública, sempre da
mesma forma, no que diz respeito ao contribuinte, passando a figurar como norma ainda que não escrita ou
consolidada em texto positivo.

Convênios
Na forma prevista no artigo 100 do CTN, são normas complementares em que a União Federal, os estados, o
Distrito Federal e os municípios entre si celebram, denominando-se convênios, porque visam dar tratamento
à matéria tributária de modo comum a todas as unidades federativas que fazem parte de sua celebração.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.


Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1

Em matéria de impostos, não é preciso lei para estabelecer

A as hipóteses de extinção.

B a cominação de penalidades.

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C o prazo de pagamento.

D a dispensa de penalidades.

E a fixação da base de cálculo.

Parabéns! A alternativa C está correta.


Até mesmo em razão do Princípio da Legalidade (tão importante no mundo tributário), sempre bom
recordar que o artIgo 97 do CTN lista as matérias que dependem de lei para o seu tratamento. Lá está
expressamente previsto que as hipóteses de extinção, a fixação de base de cálculo e a cominação de
penalidades dependem de lei e, por decorrência, a dispensa das penalidades. Daí porque restaria
apenas o prazo de pagamento que realmente não demanda lei para a sua previsão.

Questão 2

Em Direito Tributário, é matéria cabível aos decretos

A instituir e majorar quaisquer tributos.

B revogar taxas e contribuições de intervenção no domínio econômico.

C definir fato gerador, alíquota e base de cálculo de quaisquer tributos.

D regulamentar leis em função das quais sejam expedidos.

E estabelecer isenções de impostos.

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Parabéns! A alternativa D está correta.


Na distribuição natural de tarefas prevista pelo Código Tributário Nacional, a lei tem o poder de criar e
extinguir os tributos e seus elementos essenciais, ficando os decretos com a função de regulamentar
as leis. Assim é dito no artigo 99 do CTN: “O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das
leis em função das quais sejam expedidos, determinados com observância das regras de interpretação
estabelecidas nesta Lei”.

3 - Tributos e suas espécies


Ao fim deste módulo, você será capaz de listar os tributos e suas
espécies.

video_library
Conceito de tributo
O professor Irapuã Beltrão discorre sobre o conceito de tributo, analisando seus elementos. Vamos assistir!

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Tributos
Devemos adotar o conceito de tributo, de acordo com o artigo 3º do CTN, como:

“Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não
constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada.”

Esse artigo determina os aspectos básicos de todo e qualquer valor exigido e, por isso, estudaremos cada
parte componente.

Tributo é toda prestação pecuniária compulsória


Por tal, o tributo representará uma obrigação, com pagamento obrigatório em dinheiro. Trata-se de um
encargo financeiro de natureza pecuniária e compulsória, isto é, o devedor deve cumpri-la em dinheiro
(pecúnia), além de se tratar de prestação forçada, nunca da vontade de qualquer pessoa.

Ainda que socialmente tenhamos várias obrigações que decorrem da vontade individual, os valores devidos
ao Poder Público têm sua compulsoriedade determinada na própria lei instituidora do tributo, que é de
natureza impositiva.

Resulta daí que não se deve considerar como tributo as prestações que muitas vezes são devidas ao
Estado, mas que, ou não são entregues em dinheiro, ou não são compulsórias.

Exemplo
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O serviço militar, por ser prestação em forma de serviço, ainda que compulsória; ou ainda, pelo mesmo
motivo, as requisições, quando o Poder Público determina que o particular lhe entregue certos bens.

Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir


Em dinheiro ou valor de moeda que se possa exprimir. É claro que toda obrigação tributária deve ser
primeiramente pensada para seu cumprimento em dinheiro, mas nada impede que se possa admitir outras
formas de cumprimento, especialmente a partir dos próprios mecanismos definidos no CTN.

Sempre se discutiu sobre a possibilidade de satisfação do dever tributário com a entrega de bens, mas,
somente a partir da Lei Complementar nº 104/01, que acrescentou o inciso XI ao artigo 156 do Código
Tributário Nacional (CTN), passou-se a admitir a dação em pagamento em bens imóveis (a entrega do
imóvel como meio de pagamento), na forma e nas condições estabelecidas em lei.

Mas, destaca-se da própria disposição incluída no CTN: será sempre (e tão somente) em bens imóveis. E,
mesmo assim, cada Unidade Federativa ainda deve fazer uma lei para estabelecer as condições e critérios
para tanto.

Que não constitua sanção de ato ilícito


O tributo representará um dever assumido pelo particular que jamais constitui sanção de ato ilícito
(contrário à lei). O ato ilícito é sancionável por algumas formas (art. 5º, inciso XLVI), ali prevista a
possibilidade de pena pecuniária (multa). A sanção – advinda ou não de situações criminais –, expressa em
multa, não é tributo, assim como não o são as sanções administrativas e civis, quando o particular é
condenado a entregar dinheiro ao Estado.

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Neste sentido, deve ser extraída a conclusão de que não se pode dar ao tributo qualquer sentido punitivo, o
que não quer dizer que os atos ilícitos não possam ensejar resultados tributáveis. Por exemplo, se uma
pessoa comete conduta tratada como crime ou contravenção penal, ela sofrerá a condenação criminal pelo
exercício ilegal.

Por outro lado, se a referida pessoa obteve renda com aquela ilegalidade, essa renda é tributável pelo
Imposto de Renda. Não se confunde o ato criminoso com os resultados – percepção dos rendimentos –
daquele ato.

O próprio CTN expressa que a interpretação do fato gerador (artigo 118 do CTN) será dada abstraindo a
validade dos atos praticados. É a consagração do princípio do Pecunia non olet (dinheiro não tem cheiro).
Esta máxima tributária afirma que, uma vez ocorrendo o fato gerador, ainda que tenham ocorrido fatos
ilícitos antes, o tributo será devido. É o caso de alguém que pratica atividade ilícita e, a partir dela, venha a
auferir renda. Neste caso, o Imposto de Renda será devido.

Para ilustrar, vamos analisar um caso que chegou ao Supremo Tribunal Federal.

Jogo do Bicho. Possibilidade jurídica de tributação sobre valores oriundos de prática ou atividade ilícita.
Princípio do Direito Tributário do non olet. Precedente. Ordem parcialmente conhecida e denegada.

1. A pretendida desclassificação do tipo previsto no art. 1º, inciso I, para art. 2º, inciso I, da Lei nº 8.137/90
não foi analisada pelo Superior Tribunal de Justiça. Com efeito sua análise neste ensejo configuraria, na
linha de precedentes, verdadeira supressão de instância, o que não se admite.

2. A jurisprudência da Corte, à luz do art. 118 do Código Tributário Nacional, assentou entendimento de ser
possível a tributação de renda obtida em razão de atividade ilícita, visto que a definição legal do fato
gerador é interpretada com abstração da validade jurídica do ato efetivamente praticado, bem como da

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natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. Princípio do non olet. Vide o HC nº 77.530/RS, Primeira
Turma, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, DJ de 18/9/98.

3. Ordem parcialmente conhecida e denegada.

(STF – HC 94240/SP, 1ª turma, unan. J. em 23.8.2011, DJe 11.10.2011)

Instituído em lei
O tributo só pode ser instituído mediante lei expressa; nenhum tributo poderá ser criado por circulares,
portarias, decretos etc. Trata-se de exigência decorrente do Estado de Direito e fundamental para a
segurança jurídica dos contribuintes.

Evidentemente não é o CTN que afirma o tipo de lei necessária. Isto ficará a cargo da Constituição, que
indicará, nos casos em que entender, a necessidade eventual de lei complementar.

Caso contrário, é mantido o padrão da lei ordinária. Por outro lado, nos limites estabelecidos pelo artigo 62
da CF/88, admite-se a utilização das Medidas Provisórias para instituição (ou majoração) de tributos, que
naturalmente não sejam reservadas à lei complementar.

Além disso, instituir significa dizer que o legislador deverá trazer a previsão dos elementos mínimos
caracterizadores do tributo, ou seja:

check
O fato gerador
check
A base de cálculo
check
A alíquota
check
O sujeito passivo
Naturalmente, a norma instituidora pode estabelecer outros elementos, sejam decorrentes destes aspectos
essenciais do tributo ou periféricos. Contudo, ainda que não exista a previsão de outros dados, tais
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elementos são indispensáveis para a existência válida da tributação.

Cobrada mediante atividade administrativa


plenamente vinculada
Além de se preocupar com a fase legislativa do tributo, a definição do CTN ainda traz o tratamento da
cobrança administrativa. Para esta, afirma que será sempre cobrada por meio de uma atividade da
Administração Pública. E os agentes públicos atuaram sem qualquer exercício de conveniência ou
oportunidade nesta cobrança. Toda atividade do Estado em relação a tributo estará disciplinada na lei
tributária, sem qualquer discricionariedade do agente fiscal responsável pela arrecadação.

Espécies de tributos
A primeira referência às espécies de tributos reporta ao artigo 5º do CTN, que prevê que os tributos seriam
impostos, taxas e contribuições de melhorias. Apesar de apenas essas três espécies estarem previstas no
artigo 5º, a Constituição Federal, além de manter a existência destas formas clássicas no artigo 145,
considera também tributos os empréstimos compulsórios e as contribuições especiais ou parafiscais.

Estas últimas duas se encaixam perfeitamente na definição de tributo e tiveram sua natureza tributária
reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal.

De qualquer forma, para completo conhecimento das espécies, é fundamental a análise de cada uma destas
modalidades.

Impostos
Conceitualmente, os impostos são tributos não vinculados a qualquer atividade específica do Estado que
justifique o pagamento. Ou, como afirma o próprio Código, o imposto é o tributo cuja obrigação tem como
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fato gerador uma situação independentemente de qualquer atividade estatal específica relativa ao
contribuinte (CTN, art. 16).

De acordo com a Constituição Federal, os impostos são de competência privativa de cada ente tributante,
tudo na forma dos artigos 153 a 156, separando os federais; os estaduais e do Distrito Federal e os
municipais, a saber:

Imposto de Importação (II)

Imposto de Exportação (IE)

Imposto sobre a Renda e os Proventos de


qualquer natureza (IR)

Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)


Impostos da União Art. 153 CF/88
Imposto sobre Operações de crédito, câmbio,
seguro e títulos e valores mobiliário (IOF)

Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural


(ITR)

Imposto sobre Grandes Fortunas (JGF)

Elaborado por: Irapuã Beltrão.

Destes, o único ainda não legislado é o Imposto sobre as grandes fortunas, ainda que os demais já tenham
sido objeto de atividade legislativa e sejam efetivamente exigidos pela Secretaria da Receita Federal.

Impostos dos Estados Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e


Art. 155 CF/88 Doação (ITCMD)

Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e


prestação de serviços de
transporte interestadual ou intermunicipal e
de comunicações (ICMS)

Imposto sobre a Propriedade de Veículos


Automotores (IPVA)

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Elaborado por: Irapuã Beltrão.

Imposto sobre a Propriedade Predial e


Territorial Urbana (IPTU)

Impostos dos Municípios Imposto sobre a transmissão, inter vivos, de


Art. 156 CF/88 bens imóveis (ITBI)                    

Imposto sobre Serviços de qualquer natureza


(ISS ou ISSQN)

Elaborado por: Irapuã Beltrão.

Diante das peculiaridades do Distrito Federal – que não integra nenhum estado e nem é dividido em
municípios –, ele terá na sua competência todos os impostos que são previstos aos estados e também aos
municípios, cumulando no âmbito distrital todos os impostos listados no artigo 155 e no artigo 156 CF/88.

Saiba mais
A Constituição ainda autoriza que a União institua impostos novos, desde que por lei complementar, ou
mesmo extraordinários no caso de guerra externa ou a sua iminência (artigo 154 CF/88).

Orienta a Constituição, em seu artigo 145, parágrafo primeiro, que sempre que possível, os impostos terão
caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultando à
administração tributária, especialmente para conferir efetividade a estes objetivos, identificar, respeitados os
direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do
contribuinte. Desta forma, o parágrafo primeiro determina que os impostos, “sempre que possível”,
observarão a pessoalidade e serão calculados de acordo com a capacidade contributiva.

Taxas
As taxas são tributos vinculados a uma atividade específica do Estado, que visa vantagem direta a quem
paga, podendo ser a prestação de serviços públicos, específicos e divisíveis ou o exercício do poder de
polícia. Como qualquer das entidades federativas podem executar tais atividades, a União, os estados, o
Distrito Federal e os municípios podem instituir esses tributos por serem de competência comum.

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A definição do artigo 77 do CTN é praticamente repetida pela CF, em seu artigo 145, inciso II. A partir desses
dispositivos, podemos dividir as taxas de acordo com seus dois fatos geradores admitidos:

Taxa de polícia
Tem como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, que é uma das maiores manifestações do
poder de império realizado pelo Estado, conceituado no artigo 78 do CTN.

Deve-se observar que esse poder de polícia de que trata o artigo 78 não diz respeito ao poder da polícia aí
entendido como órgão de segurança pública.

Esse poder de polícia é o poder que o Estado exerce para disciplinar ou limitar a liberdade ou os direitos dos
particulares, visando ao interesse público, como as normas de construção em relação ao direito de
propriedade, entre outros. Sem prejuízo da diversidade entre as diversas unidades federativas, temos, por
exemplo comum, as taxas de fiscalização: taxa de alvará, taxa de inspeção e taxa sanitária.

Taxas de serviços
São as taxas cobradas pelos serviços públicos já existentes e que estão em funcionamento, tendo como
fato gerador a utilização efetiva ou potencial de determinados serviços públicos, específicos, divisíveis,
prestados efetivamente ao contribuinte, ou ao menos aqueles que estejam à disposição, e sejam passíveis
de utilização efetiva ou potencial.

Serviços específicos
São serviços públicos estruturados em unidades autônomas de intervenção.

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Serviços divisíveis
São os que podem ser utilizados individualmente, em separado, por cada um dos usuários. Tais definições
são reforçados pelos conceitos existentes no artigo 79 do CTN.

Por outro lado, basta o usuário estar com o serviço à sua disposição para existir a justificativa da cobrança
da taxa, independentemente de o serviço estar sendo utilizado efetivamente ou em potencial. Isto porque,
para serem remunerados por taxas, os serviços púbicos devem estar fixados sem alternativas de outras
utilizações. Se não houver essa compulsoriedade, os serviços serão remunerados por preços públicos
(receita não tributária).

TAXA PREÇO PÚBLICO

Regime jurídico tributário Regime jurídico contratual

Sujeita aos princípios tributários Sem aplicação das normas tributárias

Decorre de lei Autonomia das vontades

Receita derivada Receita originária

Pode ser cobrada por utilização de serviço Não pode ser cobrada por utilização de
disponível serviço disponível

Indisponível Passível de rescisão

Sujeito ativo é sempre pessoa jurídica de Sujeito ativo pode ser pessoa de direito
direito público privado (ex.: concessionária)

Elaborado por: Irapuã Beltrão.

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Estas distinções foram feitas pela interpretação do Supremo Tribunal Federal, que chegou, ainda antes da
promulgação da atual Constituição, a editar a seguinte súmula:

Súmula 545
Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são
compulsórios e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que
institui.

Ainda para nortear a cobrança da taxa, o artigo 145, em seu parágrafo segundo da Constituição Federal,
determina que “as taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos”, reproduzindo o conceito já
anteriormente previsto no parágrafo único do artigo 77 codificado.

Sobre as taxas, podemos destacar os seguintes entendimentos já firmados pelo Supremo Tribunal Federal –
STF:

Súmula 595
É inconstitucional a taxa municipal de conservação de estradas de rodagem, cuja base de
cálculo é idêntica à do Imposto Territorial Rural.

Súmula 665
É constitucional a Taxa de Fiscalização do Mercado de Títulos e Valores Mobiliários instituída
pela Lei 7.940/89.

Súmula 667
Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada sem limite
sobre o valor da causa.

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Súmula 670
O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado por taxa (posteriormente
transformada em Súmula Vinculante nº 41).

Súmula Vinculante 19
A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e
tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo 145,
inciso II, da CF/88.

Súmula Vinculante 29
É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de
cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma
base e outra.

Contribuições de melhoria
A contribuição de melhoria é tributo vinculado, de competência comum, ou seja, a União, os estados, o
Distrito Federal e os municípios podem instituí-la, conforme previsão do artigo145, inciso III, da CF/88, a
partir da realização de obras públicas.

Assim, as contribuições de melhorias decorrem de obras públicas, na medida em que estas gerarem
valorização na propriedade imobiliária de outros, sendo este fato gerador estabelecido no artigo 81 do CTN.

Além de determinar o fato gerador, prevê ainda o CTN os limites da cobrança. Seu artigo 81 determina a
existência dos limites global e individual. Por estes, não pode o Poder Público cobrar além do ressarcimento
do gasto da obra pública e, no que é pertinente ao limite individual, deve respeitar a valorização ou o
benefício decorrente de obras públicas.

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Comentário
Vale lembrar que não é em toda obra pública que se pode ter a cobrança da contribuição de melhoria
autorizada. É preciso que fique caracterizada a valorização do imóvel do contribuinte em função dessa obra.
O artigo 82 do Código Tributário Nacional traz ainda algumas exigências para que o legislador possa exercer
tal competência tributária.

Empréstimo compulsório
Os empréstimos compulsórios têm como característica principal a promessa de restituição dos valores
pagos, já que devem ser devolvidos em determinado período. Na forma da atual redação do artigo 148 da
CF/88, compete exclusivamente à União a criação dos empréstimos compulsórios, mediante lei
complementar.

Devem obedecer ao regime jurídico-tributário, com exceção dos princípios da anterioridade e da noventena,
no caso de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência. Então, para estes casos eles podem ser
cobrados no mesmo exercício em que foram instituídos, ou seja, no mesmo ano da publicação da lei,
diferentemente da maioria dos impostos, que só podem ser cobrados no primeiro dia do ano subsequente
àquele em que foram instituídos. A cobrança, no caso, poderia ser imediata, justificando-se tal situação
pelos motivos excepcionais de sua criação.

Sendo reservado para a Lei Complementar, é impossível que o presidente da República legisle sobre a
matéria por meio da edição de uma medida provisória (v. art. 62, parágrafo primeiro da Constituição Federal
de 1988). Diante das disposições constitucionais e do conceito geral do empréstimo compulsório, podemos
identificar as seguintes características que diferenciam este tributo dos demais:

princípios da anterioridade e da noventena


Por meio do princípio da anterioridade, a eficácia da lei que cria ou aumenta tributo fica postergada para o
exercício financeiro seguinte ao da sua publicação.

De outro lado, o princípio da noventena estipula que a lei que institui ou majora tributo não pode surtir efeitos
antes de decorridos 90 dias da sua publicação, observando conjuntamente o princípio da anterioridade. Assim,

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caso haja publicação de uma lei que majore determinado tributo em 10 de novembro, por exemplo, ela surtirá
efeitos apenas em meados de fevereiro do ano seguinte, já passados 90 dias.

São restituíveis.

A aplicação dos recursos arrecadados está vinculada à


despesa extraordinária que fundamentou sua instituição
(artigo 148, parágrafo único, CF).

A União não poderá utilizar a receita arrecadada dos


empréstimos compulsórios para outros fins diferentes
daqueles para que foram instituídos.

A lei complementar que instituiu o empréstimo compulsório


deverá prever a devolução total da importância arrecadada,
respeitando ainda o artigo 15, parágrafo único, do CTN.

As determinações do artigo 148 da CF/88 restou recepcionando, em parte apenas, o artigo 15 do CTN, no
que se excepciona o inciso III. Na forma da Constituição, temos, portanto, que a criação do empréstimo
compulsório somente pode ocorrer:

1. No caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional.

2. Para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua
iminência. Despesas extraordinárias são aquelas imprevisíveis e urgentes que, por sua imprevisibilidade,

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não estão contempladas no orçamento anual da União e, por sua urgência, requerem atendimento
imediato.

Relembrando
Repita-se que a criação de empréstimos compulsórios somente pode ser feita por lei complementar (artigo
148 CF/88).

Importante ainda registrar que o princípio da anterioridade e da noventena (artigo 150, inciso III, alíneas “b” e
“c”, da Constituição Federal) aplica-se apenas aos empréstimos compulsórios instituídos em caso de
investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional.

Contribuições especiais
A doutrina tradicional já identificava que as contribuições parafiscais corresponderiam ao emprego das
finanças públicas com objetivos que não visavam precipuamente à obtenção de receitas, mas sim a regular
ou modificar a distribuição da riqueza nacional, equilibrar os níveis de preços de utilidades ou de salários,
bem como outras finalidades econômicas ou sociais semelhantes.

Atualmente tais contribuições estão amparadas no artigo 149 da CF/88 e, em regra, são instituídas por lei
ordinária de competência da União. Essas contribuições estão classificadas em:

monetization_on
Contribuições sociais
monetization_on
Contribuições de intervenção no domínio econômico
monetization_on
Contribuições de interesse das categorias
profissionais ou econômicas
Contribuições Sociais

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São contribuições cobradas para o financiamento de áreas de interesse social ou para custeio da
seguridade social. Além da previsão do artigo 149, trata também das contribuições para a seguridade social
o artigo 195 da Constituição Federal, dispondo sobre as seguintes incidências:

I. do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:

a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa
física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;

a receita ou o faturamento;

o lucro;

II. do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre
aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;

III. sobre a receita de concursos de prognósticos;

IV. do importador de bens ou serviços do exterior ou de quem a lei a ele equiparar.

Com base nesta previsão, foram instituídas as seguintes contribuições:

Contribuição sobre a folha de pagamento.

Contribuição do seguro acidente do trabalho.

Contribuição do PIS/PASEP, recaindo sobre o faturamento ou


receita bruta.

Contribuição do Cofins, recaindo sobre o faturamento ou


receita bruta.
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Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.

Contribuição dos empregados e trabalhadores.

Contribuição sobre a receita de prognósticos, ai entendido os


jogos e loterias em geral.

Contribuição sobre a importação.

As contribuições sociais previstas no artigo 195 da Constituição Federal de 1988 podem ser exigidas após
noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado (artigo 195, parágrafo
sexto), não se sujeitando, portanto, ao princípio da anterioridade (artigo 150, inciso III, alínea “b”, da
Constituição Federal). Por outro lado, a lei que institui contribuição social baseada no parágrafo quarto do
artigo 195 da CF/88 (outras fontes) tem de ser de natureza complementar.

Comentário
Sobre tais contribuições, importa registrar que, além do Regime Geral da Previdência Social, existe também
o regime de previdência típico dos servidores, sendo que cada unidade federativa deverá manter tal sistema.
Para tanto, o artigo 149, parágrafo primeiro da CF/88 determinou que, além da União, os estados, o Distrito
Federal e os municípios instituam contribuição sobre os servidores – unicamente para os fins
previdenciários – não podendo utilizar alíquota menor do que a prevista na norma federal.

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Contribuições de Intervenção no Domínio


Econômico (CIDE)
Em algumas situações, o Poder Público utiliza o tributo para intervir no domínio econômico com o objetivo
de controlar a produção de certos bens ou para financiar determinadas setores econômicos por meio de
recursos de outros domínios.

De todas estas contribuições, a mais destacada é a CIDE-combustível, hoje tratada no artigo 177, parágrafo
quarto, da CF/88, com a redação dada pela Emenda Constitucional n° 33, de 2001. Esta dá a clara
demonstração de seu campo de incidência e da destinação dos recursos obtidos, além de algumas regras
específicas ali contidas.

Contribuições de Interesse das Categorias


Profissionais ou Econômicas
São as contribuições compulsórias instituídas pela União e destinadas a sindicatos, conselhos ou
organizações, tendo atualmente como grande exemplo as contribuições das anuidades para financiamento
dos conselhos profissionais.

Importante observar que a atual redação do artigo 149 ainda atribui algumas características para as
contribuições sociais e para a CIDE, tudo na forma do parágrafo segundo, a saber:

Não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação.

Incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços.

Poderão ter alíquotas, ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no
caso de importação, o valor aduaneiro; ou específica, tendo por base a unidade de medida adotada.

Além destas contribuições, a Emenda Constitucional nº 39, de 2002, introduz o artigo 149-A, com a previsão
de contribuição de iluminação pública – COSIP (de natureza distinta das demais e com características
distintas dos demais tributos), de competência dos municípios e do Distrito Federal, sendo ali facultada a
cobrança nas contas de consumo de energia elétrica.

Com tudo isso, podemos entender que as contribuições especiais são assim divididas:

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Sociais
gerais

Sociais
Seguridade
social –
Art. 149 União
Art. 195

Interventivas ou CIDE

Profissionais ou corporativas

Art. 149-A Municípios/DF COSIP (contribuição sobre iluminação pública)

Elaborado por: Irapuã Beltrão.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.


Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1

São tributos vinculados:

A A taxa, o imposto e a contribuição de melhoria.

B A taxa e os impostos diretos.

C A contribuição de melhoria e os impostos indiretos.

D A taxa e a contribuição de melhoria.

E O imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA) e taxa.

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Parabéns! A alternativa D está correta.


O importante é distinguir os impostos dos demais, sobretudo porque os impostos independem de
qualquer atividade estatal, por isto chamados de tributos não vinculados.

Questão 2

Inclui-se entre as características do tributo contribuição de melhoria:

A Não ser vinculada a uma atividade estatal.

B Ter por fato gerador a obra pública de que decorre desvalorização imobiliária.

Não é toda obra pública que pode ter a cobrança da contribuição de melhoria
C
autorizada.

Não é preciso ter-se por base de cálculo o quantum da valorização dos imóveis
D
adjacentes à obra.

E As contribuições de melhoria decorrem de obras públicas e privadas.

Parabéns! A alternativa C está correta.


O art. 82 do CTN diz-nos que para haver a cobrança da contribuição de melhoria é necessário haver a
valorização do imóvel em função daquela obra, logo: não é toda obra pública que pode ter a cobrança
da contribuição de melhoria autorizada

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Considerações finais
Após o estudo deste conteúdo, estamos em condições de afirmar que a atividade financeira estatal, isto é, o
financiamento das atividades constitucionais estatais dá-se, sobretudo, por meio da cobrança de tributos
dos cidadãos e das pessoas jurídicas.

Assim, percorremos os principais conceitos, características, classificações, princípios e normativos


regedores dos tributos, procurando diferenciar as diferentes espécies de tributos: impostos, taxas,
contribuições de melhoria, empréstimo compulsório e contribuições especiais.

headset
Tributo: conceito e espécies
O professor Irapuã Beltrão discorre sobre o conceito de tributo, diferenciando as espécies tributárias
existentes do direito brasileiro. Vamos ouvir!

Referências
BRASIL. Código Tributário Nacional. Brasília: Congresso Nacional, 1966. Consultado na internet em: 15 jul.
2021.

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BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Congresso Nacional, 1988. Consultado na
internet em: 15 jul. 2021.

BRASIL. Lei nº 4320. Brasília: Congresso Nacional, 1964. Consultado na internet em: 15 jul. 2021.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF. Habeas Corpus nº 94240/SP. Relator: Ministro Dias Toffoli,
Pesquisa de Jurisprudência. Acórdão, de 23.8.2011. Consultado na internet em: 14 jun. 2021.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF. Súmula 545. DJ de 12.12.1969. Consultado na internet em: 14 jun.
2021.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF. Súmula 595. DJ de 5.1.1977. Consultado na internet em: 14 jun.
2021.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF. Súmula 665. DJ de 13.10.2003. Consultado na internet em: 14 jun.
2021.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF. Súmula 667. DJ de 13.10.2003. Consultado na internet em: 14 jun.
2021.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF. Súmula vinculante 19. DJe 10.11.2009. Consultado na internet em:
14 jun. 2021.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF. Súmula vinculante 29. DJe 17.2.2010. Consultado na internet em:
14 jun. 2021.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF. Súmula vinculante 41. DJe 20.3.2015. Consultado na internet em:
14 jun. 2020.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF. Súmula vinculante 50. DJe 23.6.2015. Consultado na internet em:
14 jun. 2020.

NOGUEIRA, R. B. Direito Financeiro – curso de Direito Tributário. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: José
Bushatsky, 1970.

SOUZA, R. G. Compêndio de Legislação Tributária. 4 ed. São Paulo: Resenha Tributária, 1982.

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Para continuar estudando sobre as formas de financiamento do Estado e o fenômeno tributário,
recomendamos a leitura dos conceitos sobre as receitas no próprio Portal da Transparência do Governo

https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02495/index.html# 47/48
26/04/2023, 20:09 Fundamentos do Direito Tributário

Federal intitulado Orçamento da receita.

Sobre a compreensão das receitas na atividade financeira, é interessante a leitura de Atividade financeira do
estado e receitas públicas, por Edson Garcia, em artigo publicado na Revista da Unaerp.

Para reforçar o aprendizado sobre o conceito e as espécies tributárias, recomendamos a leitura do artigo O
Tributo e suas espécies, de Felipe Tavares Miranda, no site Jus.com.br.

https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02495/index.html# 48/48

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