Você está na página 1de 5

POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

104ª CIA ET

Nº 183.088-4, Sd 2ª Cl Bruno Lanna de Oliveira Ferrari – Turma 03 - nº curso


05

TRABALHO DE LEGISLAÇÃO APLICADA À ATIVIDADE POLICIAL

Juiz de Fora
2023
1) Um indivíduo de nome Sandro, foi preso com base no artigo art. 24 do
Decreto-Lei nº 3.688/41. Sandro foi abordado em flagrante vendendo
gazua (chave micha), instrumento empregado usualmente na prática de
crime de furto. Sobre o fato, é discorra:

A) Qual a pena da contravenção cometida por Sandro?

A pena da contravenção cometida por Sandro é a prevista no art.24 da Lei de


Contravenções Penais, qual seja, prisão simples de 06 meses a 02 anos e
multa.

B) Existiria a Aplicação do Decreto Lei nº 3.688/41, caso o autor tivesse


cometido a contravenção em território estrangeiro, porque?

Não, uma vez que a Lei de contravenções penais só é aplicável às condutas


praticadas em território nacional, conforme previsão do art.02, LCP: Art. 2º A
lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no território nacional.

C) Quais são os regimes de cumprimento possíveis após a condenação do


autor pela contravenção cometida?

O cumprimento de pena na modalidade prisão simples pode se dar em regime


aberto ou semiaberto.

2) Um Policial Militar denunciado por crime de crime de Abuso de


Autoridade na esfera Penal, e figurando como acusado em uma
sindicância na Unidade onde serve, alega que está sendo injustiçado,
uma vez que poderá sofrer sanções em esferas distintas. Alega também
que se for condenado, não poderia sofrer processo na esfera
Administrativa. Com base nas alegações, responda:

A) A condenação pela prática de crimes de abuso de autoridade afasta a


possibilidade da aplicação de sanções de natureza civil ou administrativa
relativas aos mesmos fatos?
Não afasta. Um mesmo fato pode ser analisado em diferentes esferas do
ordenamento jurídico. Trata-se do princípio da independência das instâncias,
previsto expressamente no art.6º da Lei de Abuso de Autoridade. De acordo
com esse princípio é possível a análise jurídica de um fato de forma
independente nas áreas administrativa, civil e penal, sendo vedada qualquer
interferência recíproca entre seus respectivos julgados, ressalvadas as
hipóteses de absolvição por inexistência de fato ou de negativa de autoria.

B) Caso a autoria do fato envolvendo o militar esteja definida posteriormente no


juízo criminal, o processo Administrativo ainda sim poderia ser instaurado?
Existe alguma limitação legal na apuração dos fatos?

Sim, o processo administrativo pode ser instaurado mesmo com a definição de


autoria no juízo criminal. A limitação legal para a apuração do fato consiste na
existência de excludentes de ilicitude. Se estas estiverem presentes, o
processo administrativo não poderá ser iniciado, em razão da coisa julgada.
Há, ainda, limitação no tocante à prescrição do fato em âmbito administrativo.

C) Caso seja comprovado que o militar agiu em Legítima defesa nos fatos
apurados na esfera Penal, quais as consequências nas esferas Civel e
Administrativa.

A atuação em legitima defesa faz coisa julgada nas esferas cível e


administrativa. Desse modo, o agente será, obrigatoriamente, absolvido nas
esferas cível e administrativa, conforme previsão do art.8º da Lei de Abuso de
Autoridade.

3) Com base na Lei n.º 8.072/1990 descreva de forma sucinta quais são os
crimes hediondos previstos em Lei.

O Brasil adota o critério legal para definição dos crimes hediondos. Desse
modo, só possuem essa qualidade os tipos penais previstos expressamente na
Lei, quais sejam:

- Homicídio simples (quando praticado por grupos de extermínio) e qualificado;


- Lesão corporal gravíssima e seguida de morte praticadas contra agentes de
segurança pública e forças armadas;

- Roubo qualificado (restrição liberdade da vítima, emprego de arma de fogo e


latrocínio);

- Extorsão qualificada e extorsão mediante sequestro;

- Estupro e estupro de vulnerável;

- Epidemia com resultado morte;

- Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins


terapêuticos ou medicinais;

- Favorecimento da prostituição;

- Furto qualificado pelo emprego de explosivo;

- Genocídio;

- Posse ou porte ilegal de arma de fogo, comércio ilegal e tráfico internacional


de arma de fogo;

- Organização criminosa voltada a prática de crimes hediondos;

- Tráfico de drogas;

- Tortura;

- Terrorismo.

04) Com relação à Lei 9.099/1995, responda qual é a definição de Crimes


de Menor Potencial Ofensivo e quais são os institutos despenalizadores
previstos na norma.

Os crimes de menor potencial ofensivo são conceituados como aqueles cuja


pena máxima é até 02 anos. Os institutos despenalizadores previstos na Lei
são:

Conciliação, Composição civil dos danos, Transação Penal e Suspro. Ainda


que o agente venha a receber penas restritivas de direito em caso da não
aplicação de tais institutos, todos estes visam a não aplicação de qualquer
pena, resolvendo-se o processo de forma amena para o infrator.

05) Um indivíduo preso em uma delegacia sofreu agressões ao longo de


toda noite, para informar aos Policiais onde estariam as outras armas que
ele possui e que não foram encontradas no momento de sua prisão. Em
relação às disposições estabelecidas na Lei n.° 9.455/1997 (Lei de tortura)
responda:

A) Os policiais que agrediram o indivíduo preso, realizaram tal conduta


criminosa que se destina a atingir um fim específico. Qual a previsão do crime
e caso haja crime, qual a modalidade de tortura que foi cometida?

A previsão legal do crime cometido pelos policiais é a do art. Art. 1º, inciso I,
alínea “a”, uma vez que os policiais praticaram a tortura com o fim específico
de obter a confissão do preso, concretizando-se, portanto, a modalidade de
tortura- prova.

B) O Delegado que ao chegar na delegacia e se deparar com os policiais


agredindo o preso e se omite em face das condutas previstas nessa lei quando
tinha o dever de apurá-las incorre em algum crime?

Sim, o delegado omisso cometerá o delito previsto no art.1º, §2º da Lei


9.455/97, que assim dispõe:

§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou
apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

O delegado, como agente público de segurança responsável pela preservação


de direitos fundamentais do preso, especialmente quando este se encontra em
sua Delegacia, tinha o dever legal de evitar o fato.

Você também pode gostar