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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 5ª VARA CRIMINAL

DA COMARCA DE BARNABEU/CN

Processo nº

Ricardo e Roberto, já qualificados nos autos, por seu procurador infra-


assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência apresentar MEMORIAIS, com base no 403 § 3º OU artigo 404, parágrafo
único, ambos do Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos a seguir
expostos:

I) DA TEMPESTIVIDADE
Os presentes memoriais são tempestivos, já que apresentados dentro do prazo de 5
dias, previsto no artigo 403, §3°, do Código de Processo Penal.

II) DOS FATOS


Os réus foram denunciados pelo crime de furto qualificado, previsto no artigo Art. 155,
§ 4º, incisos I e IV, e do Art. 14, inciso II, ambos do Código Penal, por terem no dia
10/08/2020, às 19 horas, sido flagrados pela Polícia Militar quando saíam da agência
bancária do Banco Peixe, localizada no centro de Barnabeu, Estado de Campo Novo
(CN), de posse de equipamentos tipo serrote, chave de fenda e alicate. Ricardo e
Roberto foram acusados de tentaram utilizar um serrote para romper a placa de aço
do caixa eletrônico e, assim, ter acesso ao conteúdo dos caixas eletrônicos da
agência. Após 30 minutos de tentativas, Ricardo e Roberto deixaram a agência,
momento em que, já ao lado de fora, foram abordados pelos policiais militares.
Os autos foram enviados ao Ministério Público para manifestação, o qual postulou
pela condenação dos acusados, nos termos da denúncia.
O(A) advogado(a) constituído(a) foi intimado(a) no dia 11/04/2023 (terça-feira).
III) DO DIREITO

A) ATIPICIDADE DA CONDUTA - CRIME IMPOSSÍVEL


De acordo com as informações prestadas pela vítima, ante a ausência do Exame de
Corpo de Delito, fica patente a impossibilidade de ocorrência do crime por absoluta
ineficácia do meio, nos termos do artigo 17 do Código Penal.

B) DA AUSÊNCIA DE EXAME DE CORPO DE DELITO


O Ministério Público ofereceu denúncia contra os réus pela prática do crime previsto
no artigo Art. 155, § 4º, incisos I e IV, e do Art. 14, inciso II, ambos do Código Penal.
Todavia, apesar de ter sido juntado aos autos um ofício do Banco Peixe, que informou
ao Juízo que a estrutura do caixa eletrônico é de aço, imune à ação mecânica por
força humana, e que os acusados não lograram danificar a estrutura do caixa
eletrônico, não foi realizado o exame de corpo de delito no caixa eletrônico ou em
quaisquer partes do Banco. Considerando que o crime narrado deixou vestígios, é
indispensável o exame de corpo de delito, conforme artigo 158 do Código de Processo
Penal, não bastando as declarações do ofendido, no caso o Banco. Logo, diante da
falta de justa causa, em face da falta do laudo para fundamentar a inicial acusatória,
a denúncia deve ser rejeitada, conforme prevê o artigo 395, inciso III, do Código de
Processo Penal, bem como reconhecida a nulidade do recebimento da denúncia,
conforme o artigo 564, III, “b”, do Código de Processo Penal.

C) DO AFASTAMENTO DA QUALIFICADORA
De igual maneira, não há que se falar em qualificadora do rompimento de obstáculo.
Isso porque nos termos do Art. 158, do CPP, a incidência da qualificadora depende de
realização de perícia, a qual só pode ser dispensada por motivo devidamente
fundamentado, o que não ocorreu nos autos. Pesando sobre a acusação o ônus da
comprovação de efetivo rompimento do obstáculo, sendo indevida na forma que está
nos autos a sua incidência.
D) ATENUANTE DO ART. 65 DO CÓDIGO PENAL – CONFISSÃO ESPONTÃNEA
Deve-se reconhecer a confissão espontânea dos acusados nos temos do Art. 65,
inciso III, alínea d, do Código Penal, assim pugna-se pelo reconhecimento da
atenuante.

E) FIXAÇÃO DA PENA
Por fim, requer que seja fixada a pena base no mínimo legal, regime aberto em
consonância com o Art. 33, § 2º, c, do Código Penal e substituídas as penas restritivas
de liberdade por restritiva de direitos nos termos do Art. 44, do Código Penal em favor
de Roberto e fixação de regime semiaberto em favor de Ricardo, nos termos do Art.
33, § 2º, b, do Código penal; além da detração penal do período de prisão preventiva
cumprida por Ricardo 30 (trinta dias) e 02 (dois) dias de Roberto, com repercussão na
fixação de seu regime inicial, na forma do Art. 387, § 2º, do CPP.

IV) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer o denunciado:
a) Nulidade do ato de recebimento da denúncia, com base no artigo 564, III, “b”, do
Código de Processo Penal OU rejeição da denúncia, com base no artigo 395, III, do
Código de Processo Penal;
b) Nulidade do processo em face do crime impossível previsto no artigo 17 do Código
Penal;
c) Absolvição, na forma do artigo 386, inciso VI, do Código de Processo Penal;
d) Aplicação da pena-base no mínimo legal;
e) Reconhecimento das atenuantes do artigo 65, incisos III, alínea “d”, do Código
Penal;
g) Fixação do regime aberto nos termos do artigo 33, § 2º, alínea “c”, do Código Penal;
e substituídas as penas restritivas de liberdade por restritiva de direitos nos termos do
Art. 44, do Código Penal;

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local..., 17 de abril de 2023.


Advogado...
OAB...

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