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AO JUÍZO FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE BOM JESUS DA

LAPA, SEÇÃO DO ESTADO DA BAHIA.

MARIA GONÇALVES DE OLIVEIRA, brasileira, casada,


lavradora, RG: 14.746.650-47-SSP/BA, CPF: 037.622.185-28, residente e
domiciliada na Fazenda Porcos, Zona Rural, Cocos/BA, CEP: 47.680-000, por
intermédio de seu advogado, com endereço profissional constante no rodapé
desta, local onde receberá as futuras intimações, vem, respeitosamente
perante este Juízo, propor a presente

AÇÃO DE CONCESSÃO DE SALÁRIO-MATERNIDADE RURAL

Contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pessoa


jurídica de Direito Público Interno, pelos fatos e fundamentos a seguir
delineados:

I – DA JUSTIÇA GRATUITA

A Autora não possui condições de pagar as custas e


despesas do processo sem prejuízo próprio ou de sua família, conforme
declaração de hipossuficiência anexa, sob égide no Código de Processo Civil,
artigo 98 e seguintes e pelo artigo 5.º, LXXIV, da Constituição Federal.

Rua Olímpio Cardoso Bomfim, n.º 338, Centro, Cocos/BA, CEP: 47.680-000
E-mail: ailtonvasconcelos.adv@gmail.com
Celular: (61) 9.8336-2926
Desse modo, a Autora tem direito à concessão da gratuidade
de Justiça. Insta ressaltar que entender de outra forma seria impedir os mais
humildes de ter acesso à Justiça, garantia maior dos cidadãos no Estado
Democrático de Direito.

II – DOS FATOS

A autora, Maria Gonçalves de Oliveira, nasceu e se criou na


zona rural, na região conhecida como FAZENDA PORCOS, no município de
Cocos/BA. Nesse local, como lavradora, sempre exerceu – e ainda exerce –
exclusivamente a atividade rural em regime de economia familiar, vivendo
apenas da lavra da terra e da pequena criação de animais.

Diante disso, tendo em vista que em 12/08/2019 a Autora deu à


luz Thaís Gonçalves de Oliveira, na data de 21/08/2021 (DER) ela requereu
ao INSS o Salário-Maternidade Rural (NB 186.733.321-7). Ocorre que seu
benefício foi equivocadamente indeferido, sob a alegação de não ter sido
comprovada a atividade rural.

O INSS equivocou-se, pois a Autora é e sempre foi


trabalhadora rural, especialmente nos 10 (dez) meses anteriores ao
nascimento de sua filha. Portanto, não se pode negar a sua qualidade de
segurada especial, inclusive, por período além do exigido, preenchendo todos
os requisitos necessários para ser beneficiária do Salário-Maternidade Rural.

Destaca-se que a Fazenda Porcos, onde a Autora mora, fica


em uma das regiões rurais mais carentes do município de Cocos, estando
localizada a mais de 100 km (cem quilômetros) da sede municipal. No local não
são ofertados serviços essenciais aos moradores, de modo que eles passam
sérias necessidades.

Para superar as dificuldades, o povo da região mantém a


tradição de se autoajudarem. Desse modo, de geração em geração, aqueles

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que vão nascendo, crescendo e formando suas próprias famílias tendem a
permanecer juntos aos seus ancestrais. Assim, o costume é de continuar na
mesma casa dos ascendentes ou construir suas casas dentro das terras deles.

É o que acontece no presente caso. A Autora nasceu, cresceu


e ainda permanece dentro das terras de seu pai, o sr. Otacílio Leandro Bispo.
Ele é um dos moradores mais velhos da região e mantém grande parte da sua
descendência em sua propriedade.

Saliente-se que a mesma situação vivida pela Autora é a que


vive sua irmã, Fátima Gonçalves Bispo Coelho. Esta tia utilizou os mesmos
documentos ora apresentados e teve o Salário-Maternidade Rural concedido
pelo INSS (NB 187.391.093-0).

Ora, se a Autora e suas parentas sustentam a mesma


realidade, não se pode aceitar que lhe seja dado tratamento diferente. Assim, a
fim de sanar o equívoco do INSS, busca-se a tutela do Poder Judiciário como
último meio legal apto a prover-lhe justiça.

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III – DO DIREITO

O direito do segurado especial em perceber o salário-


maternidade está disposto no parágrafo único do art.º 39 da Lei n.º 8.213/91.
O dispositivo legal preceitua que aos segurados especiais, é garantida a
concessão do salário-maternidade no valor de 01 (um) salário mínimo.

O Decreto n.º 3.048/99, em seu art.º 93, § 2.º, dispõe que será
necessário comprovar o exercício de atividade rural nos últimos 10 (dez) meses
imediatamente anteriores à data do parto ou do requerimento do benefício,
quando requerido antes do parto.

Observa-se, então, que para receber o benefício em questão,


é necessário que sejam cumpridos os seguintes requisitos: (i) a
demonstração do nascimento do filho e (ii) a comprovação do labor rural da
mãe como segurada especial.

No presente caso, foram cumpridos ambos os requisitos


legais: (i) o nascimento da criança, pela certidão de nascimento; e (ii) a
qualidade de segurada especial, pela comprovação do labor rural através
dos documentos juntados, por período superior à carência exigida.

Por esta razão, os documentos juntados em anexo


comprovam o preenchimento total dos requisitos que autorizam a concessão
do benefício de Salário-Maternidade Rural, na qualidade de segurada
especial, motivo pelo qual roga a este Juízo a total procedência da ação.

IV – DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto, requer a este Juízo:

a) A concessão do benefício da Gratuidade de Justiça, posto


que a Autora é hipossuficiente financeiramente na forma da Lei e não tem
como arcar com as custas do processo;

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b) A citação do INSS através da Procuradoria Federal nos
Estados e no Distrito Federal para, querendo, oferecer resposta no prazo
legal;

c) Ao final, julgar a presente ação TOTALMENTE


PROCEDENTE, condenando o INSS a conceder o benefício Salário-
Maternidade à Autora (NB 186.733.321-7), devendo pagar o valor das parcelas
vencidas monetariamente corrigidas desde o respectivo vencimento e
acrescidas de juros legais moratórios, ambos incidentes até a data do efetivo
pagamento, com data do Requerimento Administrativo (DER 21/08/2021);

d) Em caso de recurso, a condenação do INSS ao


pagamento de custas e honorários advocatícios, com fulcro no art.º 55 da Lei
n.º 9.099/95 c/c art. 1.º da Lei n.º 10.259/01.

Por fim, a Autora informa que NÃO TEM INTERESSE na


adesão da instrução concentrada.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em


direito admitidos.

Dê-se à causa o valor de R$ R$ 5.249,17 (cinco mil duzentos


e quarenta e nove reais e dezessete centavos).

Termos em que pede e espera deferimento.

De Cocos para Bom Jesus da Lapa, 25 de outubro de 2022.

Ailton Vasconcelos de Oliveira Joaquim José de Souza Barros


OAB/BA 65.921 OAB/BA 57.340

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