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AO JUÍZO FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE BOM JESUS DA

LAPA, SEÇÃO DO ESTADO DA BAHIA.

JOSILDA PEREIRA DE SOUZA, brasileira, casada, lavradora,


RG: 34.280.421-2-SSP/SP, CPF: 004.946.575-96, residente e domiciliada na
Fazenda Mundo Novo (região do Catolé da Praia), zona rural do Município
de Cocos/BA, CEP: 47.680-000, por intermédio de seu advogados
constituídos, com endereço profissional constante no rodapé desta, local
onde receberá as futuras intimações, vem, perante este Juízo, com fulcro no
art.º 201, § 7.º, II, da Constituição Federal, e do art.º 48, §§ 1.º e 2.º da Lei n.º
8.213/91, e 319 e seguintes da Lei n.º 13.105/15 (CPC), bem como dos
demais dispositivos legais aplicáveis, propor a presente:

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA PARA CONCESSÃO DE


APOSENTADORIA POR IDADE RURAL

Contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pessoa


jurídica de Direito Público Interno, pelos fatos e fundamentos a seguir
delineados:

I – DA JUSTIÇA GRATUITA

A Autora não possui condições de pagar as custas e


despesas do processo sem prejuízo próprio ou de sua família, conforme
declaração de hipossuficiência anexa, sob égide no Código de Processo Civil,
artigo 98 e seguintes e pelo artigo 5.º, LXXIV da Constituição Federal.

Rua Olímpio Cardoso Bomfim, n.º 338, Centro, Cocos/BA, CEP: 47.680-000
E-mail: ailtonvasconcelos.adv@gmail.com
Celular: (61) 9.8336-2926
Desse modo, a Autora tem direito à concessão da gratuidade
de Justiça. Insta ressaltar que entender de outra forma seria impedir os mais
humildes de ter acesso à Justiça, garantia maior dos cidadãos no Estado
Democrático de Direito.

II – DOS FATOS

Josilda Pereira de Souza, atualmente com 55 (cinquenta e


cinco) anos, nasceu e se criou na zona rural e, da infância até atualmente,
sempre trabalhou como lavradora. Assim, o seu labor consistiu – e consiste –
em exercer atividade rural em regime de economia familiar, retirando da lavra
da terra e da pequena criação de animais seu sustento e de sua família.

O imóvel onde a Autora mora fica na Fazenda Mundo Novo,


região do Catolé da Praia, zona rural de Cocos/BA, cuja propriedade é de seu
sogro, Osório Cardoso dos Santos. Vive no local desde 1991, quando iniciou
sua união estável com Rosalvo Cardoso dos Santos, com quem oficializou o
relacionamento em 12/09/2020 por meio do Casamento Civil (certidão anexa).

Rua Olímpio Cardoso Bomfim, n.º 338, Centro, Cocos/BA, CEP: 47.680-000
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Há mais de 30 (trinta) anos a Autora vive na Fazenda Mundo
Novo. E foi lá onde ela criou e educou seus filhos. Além disso, é na referida
terra que a família extrai o sustento, seja por meio da criação de galinhas; pelo
plantio de mandioca, feijão, milho, hortaliças; ou pela fabricação de farinha,
polvilho. Tudo para consumo próprio!

Nesse sentido, por ser trabalhadora rural e por ter atingido a


idade que lhe garante o direito à Aposentadoria por Idade - Rural, na data de
26/05/2022 (DER) a Autora requereu o benefício ao Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS), ora réu, (NB 197.154.152-1). No entanto,
equivocadamente, o pedido foi indeferido.

A Autora apresentou documentos idôneos que comprovam a


carência exigida e a qualidade de segurada especial. Entretanto, apesar de o
INSS reconhecer que há indícios da atividade rural e de destacar que ela já
tem homologado como segurada especial o período de 23/07/2013 a
01/04/2021, a Autarquia Previdenciária indeferiu o benefício.

Ocorre que a fundamentação do INSS está totalmente


equivocada, haja vista a Autora ser trabalhadora rural, assim como foi durante
toda sua vida. Aliás, os sinais do trabalho rural se apresentam claramente na
requerente: na pele em virtude do excesso de exposição solar; nas mãos pelo
manejo de ferramentas pesadas (enxada, foice); na coluna pelo esforço físico:

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Destaca-se que o trabalhado rural acarretou sérios problemas
de saúde na Autora. Por esse motivo, no ano de 2021, ela foi beneficiária do
Auxílio-Doença Rural (NB 634700148-2). Essa, inclusive, é prova inequívoca
de sua qualidade de segurada especial.

Além dos mais, a alegação do INSS de que a Autora não


esclareceu o afastamento da atividade rural nos anos de 2005 e 2006 não se
sustenta. Isso porque, apesar de nesse tempo ela ter prestado serviços ao
município de Cocos/BA, jamais se afastou do trabalho rural.

Veja-se que o próprio município de Cocos emitiu declaração na


qual esclarece que a Autora prestou serviços como Auxiliar de Serviços
Diversos na Escola Municipal do Mundo Novo, local onde morava. Ou seja, ela
jamais se afastou do trabalho rural.

Portanto, tendo em vista que o conjunto fático-probatório é


suficiente para comprovar o cumprimento de todos os requisitos exigidos,
demonstrando claramente o direito da Autora à percepção do benefício
pleiteado, requer-se a integral procedência da presente ação.

III – DO DIREITO

A pretensão da Autora está fundamentada no art.º 201, I, §


7.º, II, da Constituição Federal e no art.º 48 da Lei n.º 8.213/91 (LBPS). Esses
diplomas legais exigem dois requisitos para que o trabalhador rural tenha
direito ao benefício da aposentadoria rural por idade.

Dessa maneira, os requisitos são: (i)a idade mínima de 55


anos para a mulher e 60 anos para o homem; e (ii) a comprovação do efetivo
exercício da atividade rural no período imediatamente anterior ao
requerimento do benefício, em número de meses igual ou superior à carência
do benefício, ainda que de forma descontínua.

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Observa-se que o primeiro requisito (idade), está comprovado,
pois, como se vê no documento de identificação, a Autora, em 22 de março
de 2022, alcançou a idade necessária à concessão de aposentadoria por
idade a trabalhador rural prevista no art.º 48, § 1.º, da Lei n.º 8.213/91.

O segundo requisito (carência) também está comprovado. Eis


que a Lei n.º 8.213/91 exige a comprovação de 180 (cento e oitenta) meses
de exercício de atividade rural, e, quando a Autora completou a idade mínima
exigida já possuía carência superior, pois trabalhou durante toda a sua vida
na qualidade de segurada especial, conforme art.º 11, VII, da Lei n.º 8.213/91.

Ademais, a Autora apresentou ao INSS, bem como junta aos


autos, vários documentos que são início de prova material suficiente para
comprovar a atividade rural, a exemplo: Declarações de Sindicato rural;
certidões de nascimento dos filhos, dentre outros.

O STJ consolidou o entendimento que são documentos


idôneos para comprovação do exercício da atividade rural “certidões de
casamento, de óbito, de nascimento dos filhos, Carteira de Trabalho e
Previdência Social (CTPS), certificado de reservista, carteiras de
beneficiário do extinto INAMPS, entre outros registros públicos [...]”.
(REsp 1649636 / MT).

Além disso, a Súmula 14 da Turma Nacional de Uniformização


de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais preceitua que “para a
concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início
de prova material, corresponda a todo o período equivalente à carência
do benefício”.

Portanto, ante o fato de os documentos anexos serem início de


prova material suficiente para comprovação da condição de trabalhador rural
durante todo o período de carência – fato que será corroborado por prova
testemunhal em momento oportuno – e sendo inconteste o cumprimento do
requisito da idade, mostra-se claro o direito da Autora ao benefício pleiteado.

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IV – DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto, requer a este Juízo:

a) A concessão do benefício da Gratuidade de Justiça, posto


que a Autora é hipossuficiente financeiramente na forma da Lei e não tem
como arcar com as custas do processo;

b) A citação do INSS, na pessoa do Procurador Judicial


para, querendo, oferecer resposta no prazo legal;

c) Ao final, julgar a presente ação TOTALMENTE


PROCEDENTE para CONDENAR o INSS a implantar a Aposentadoria por
Idade Rural à Autora (NB 197.154.152-1) e a pagar os valores das
mensalidades atrasadas, acrescidas de juros e correção monetária desde a
data do Requerimento Administrativo (DER 26/05/2022) (art.º 49, inciso II, da
Lei n.º 8.213/91); e

d) Em caso de recurso, a condenação do INSS ao


pagamento de custas e honorários advocatícios, a teor do art.º 55 da Lei n.º
9.099/95 c/c art.º 1.º da Lei n.º 10.259/01.

Por fim, a parte Autora informa que NÃO TEM INTERESSE na


adesão da instrução concentrada.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em


Direito admitidos.

Dê-se à causa o valor de R$ 23.556,53 (vinte e três mil


quinhentos e cinquenta e seis reais e cinquenta e três centavos).

Termos em que pede e espera deferimento.

Rua Olímpio Cardoso Bomfim, n.º 338, Centro, Cocos/BA, CEP: 47.680-000
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De Cocos para Bom Jesus da Lapa, 20 de dezembro de 2022.

Ailton Vasconcelos de Oliveira Joaquim José de Souza Barros


OAB/BA 65.921 OAB/BA 57.340

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