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A parte autora não possui condições de pagar as custas e despesas do processo sem
prejuízo próprio ou de sua família, conforme declaração de hipossuficiência que acompanha a
inicial em epígrafe e, de acordo com o art. 99, § 3º do Código de Processo Civil, “presume-se
verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural”.
2. DA CAUSA DE PEDIR
Ocorre que ao realizar o pedido, o servidor não vinculou o segurado ao INSS Digital
da procuradora em epígrafe. Essa situação, portanto, causou enorme prejuízo ao requerente, já
que a exigência formulada em 23/09/2022 não foi visualizada pela advogada, impossibilitando o
seu cumprimento.
Constata-se, assim, que a razão para denegar a averbação do período rural não
subsiste, razão pela qual a decisão administrativa deve ser revista, já que há início de prova
material a fundamentar sua pretensão.
O terreno era pequeno, então a maior parte da renda da família era proveniente do
trabalho para terceiros. De toda maneira, plantavam milho, feijão, arroz e mandioca. Estudou
em escola rural até os 9 (nove) anos, quando então interrompeu os estudos para se dedicar
exclusivamente ao trabalho.
A aposentadoria por idade híbrida tem previsão legal no artigo 48, §§ 3º e 4º, da Lei
8.213/91, que assim dispõe:
Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a
carência exigida nesta Lei, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem,
e 60 (sessenta), se mulher.
§ 1o Os limites fixados no caput são reduzidos para sessenta e cinquenta e cinco anos no
caso de trabalhadores rurais, respectivamente homens e mulheres, referidos na alínea a do
inciso I, na alínea g do inciso V e nos incisos VI e VII do art. 11.
§ 3º Os trabalhadores rurais de que trata o § 1º deste artigo que não atendam ao disposto no § 2º
deste artigo, mas que satisfaçam essa condição, se forem considerados períodos de contribuição sob
outras categorias do segurado, farão jus ao benefício ao completarem 65 (sessenta e cinco) anos
de idade, se homem, e 60 (sessenta) anos, se mulher. (Incluído pela Lei nº 11,718, de 2008)
§ 4º Para efeito do § 3º deste artigo, o cálculo da renda mensal do benefício será apurado de acordo
com o disposto no inciso II do caput do art. 29 desta Lei, considerando-se como salário-de-
contribuição mensal do período como segurado especial o limite mínimo de salário-de-contribuição da
Previdência Social. (Incluído pela Lei nº 11,718, de 2008)
Súmula 103/TRF4 -A concessão da aposentadoria híbrida ou mista, prevista no art. 48, §3º,
da Lei nº 8.213/91, não está condicionada ao desempenho de atividade rurícola pelo segurado
no momento imediatamente anterior ao requerimento administrativo, sendo, pois, irrelevante
a natureza do trabalho exercido neste período.
O artigo 195, o § 8º, da Constituição Federal, define o segurado especial como sendo
“o produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos
cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes,
contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da
comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei”.
Por força do artigo 11, inciso VII e do § 1º, da Lei 8.213/91 com redação dada pelas
alterações promovidas pela da Lei nº. 11.718/2008, de 20/6/2008, o conceito de segurado especial
é o seguinte:
Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
(...)
VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou
rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio
eventual de terceiros, na condição de:
2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nos termos do inciso XII do caput
do art. 2º da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio de vida;
b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pesca profissão habitual ou principal meio de
vida; e
c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este equiparado,
do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, trabalhem com o
grupo familiar respectivo.
§ 1º Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da
família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar
e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados
permanentes.
É importante frisar que alteração legislativa implementada pela Lei 11.718/08 não
atinge fatos anteriores, considerando o princípio tempus regits actum.
O "início" de prova material deve ser entendido como tudo que indicie o exercício de
atividade rural. Nesse ponto, vale ressaltar que o rol de documentos previstos no artigo 106 da Lei
8.213/91, artigo. 62, §2º, inciso II, do Decreto 3.048/99, e artigos 47 e 54 da Instrução Normativa
77/2015, é meramente exemplificativo, podendo ser aceitos outros tipos de documentos comprobatórios da
atividade (TRF4, APELREEX 2006.71.17.000042-0, Quinta Turma, Relator Rômulo Pizzolatti, D.E.
17/12/2009).
Por fim, mesmo que haja desempenho de atividade urbana intercalada com a
campesina, esse fato, por si só, não impede a concessão de benefício previdenciário ao
trabalhador rural, conforme inteligência da Súmula 46 da TNU.
3. REAFIRMAÇÃO DA DER
Desde já, requer que, entendo o juízo que as provas são insuficientes para
comprovar o direito alegado, seja aplicado o entendimento firmado pelo Superior Tribunal de
Justiça ao julgar o Tema 629, submetido ao rito do artigo 543-C, do Código de Processo Civil.
Segundo a tese firmada, “A ausência de conteúdo probatório eficaz a instruir a inicial, conforme
determina o art. 283 do CPC, implica a carência de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido
do processo, impondo sua extinção sem o julgamento do mérito (art. 267, IV do CPC) e a consequente
possibilidade de o autor intentar novamente a ação (art. 268 do CPC), caso reúna os elementos
necessários à tal iniciativa”.
6. DOS PEDIDOS
1) A citação do réu INSS, para, querendo, responder a presente ação no prazo legal,
sob pena de revelia, sendo desnecessária a designação de audiência de conciliação, nos termos
do artigo 334, Código de Processo Civil.