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AO DOUTO JUIZO FEDERAL DA 00ª VARA / JUIZADO FEDERAL DA

COMARCA DE CIDADE/UF

NOME DO CLIENTE, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do


CPF/MF nº 0000000, com Documento de Identidade de n° 000000, residente
e domiciliado na Rua TAL, nº 00000, bairro TAL, CEP: 000000, CIDADE/UF,
vem a presença de Vossa Excelência propor a presente

AÇÃO JUDICIAL PARA CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO

contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), pessoa


jurídica de direito público, na pessoa do seu representante legal, domiciliado na
Rua TAL, nº 00000, bairro TAL, CEP: 000000, CIDADE/UF, pelos fatos e
fundamentos que a seguir aduz.

DOS FATOS

A Parte Autora requereu em DIA/MÊS/ANO (data do requerimento


administrativo) a concessão do benefício de aposentadoria por idade na agência
da Previdência Social da sua cidade.

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Entretanto, o benefício restou indeferido pelo INSS, sob a alegação de que não
foi comprovado a carência mínima exigida em lei para a concessão do
benefício.

Todavia, a Parte Autora preenche todos os requisitos necessários à concessão


do benefício.

Desta forma, a limitação apresentada pelo INSS não se justifica, razão pela qual
busca o Poder Judiciário para ver seu direito reconhecido.

DO DIREITO

O Regime Geral da Previdência Social, até a edição da Lei n. 11.718/2008,


previa apenas duas modalidades de aposentadoria por idade: a aposentadoria
dos trabalhadores rurais, e a aposentadoria dos demais segurados
(trabalhadores urbanos e contribuintes individuais), tratada como
"aposentadoria urbana por idade".

Os requisitos para a aposentadoria urbana por idade compreendiam a idade


mínima de 65 ou 60 anos de idade (se homem ou se mulher), e o implemento
da carência de 180 contribuições, ou conforme regra de transição, expressa em
tabela progressiva contida no artigo 142 da Lei n. 8.213/91, para quem já era
filiado quando da edição da lei.

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A aposentadoria por idade rural, em seu turno, tinha como requisitos a idade
mínima de 60 ou 55 anos, para homens e mulheres respectivamente, e a prova
do exercício da atividade rural pelo número de meses equivalente ao da
carência do benefício, no período anterior ao implemento da idade,
dispensando o efetivo recolhimento de contribuições.

A par das suas diferenças, os dois institutos eram estanques. Essa dualidade,
todavia, deixava à margem da proteção previdenciária aqueles trabalhadores
que, por terem mudado de atividade ao longo de sua vida produtiva - de rural
para urbana ou vice-versa - não conseguiam implementar os requisitos de
nenhum dos benefícios. Ou seja, ao atingirem a velhice, embora tendo
trabalhado toda a vida, parte no campo, parte na cidade, não contavam
contribuições à previdência necessárias para a obtenção de aposentadoria
"urbana" por idade, nem haviam exercido atividade rural pelo tempo exigido no
período anterior ao implemento da idade para aposentadoria rural por idade.

Com a edição da Lei n. 11.718/2008, essa lacuna foi suprida no sistema


previdenciário, dando nova conformação ao art. 48 da Lei 8.213/91,
acrescentando-lhe os §§ 3º e 4º, in verbis:

Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que,


cumprida a carência exigida nesta Lei, completar 65 (sessenta e
cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta), se mulher.

§ 1º Os limites fixados no caput são reduzidos para sessenta e


cinqüenta e cinco anos no caso de trabalhadores rurais,
respectivamente homens e mulheres, referidos na alínea a do
inciso I, na alínea g do inciso V e nos incisos VI e VII do art. 11.
(Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999)

§ 2º Para os efeitos do disposto no § 1º deste artigo, o trabalhador


rural deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda

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que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao
requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses
de contribuição correspondente à carência do benefício pretendido,
computado o período a que se referem os incisos III a VIII do § 9º
do art. 11 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008)

§ 3º Os trabalhadores rurais de que trata o § 1º deste artigo que


não atendam ao disposto no § 2º deste artigo, mas que satisfaçam
essa condição, se forem considerados períodos de contribuição sob
outras categorias do segurado, farão jus ao benefício ao
completarem 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60
(sessenta) anos, se mulher. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

§ 4º Para efeito do § 3º deste artigo, o cálculo da renda mensal do


benefício será apurado de acordo com o disposto no inciso II do
caput do art. 29 desta Lei, considerando-se como salário-de-
contribuição mensal do período como segurado especial o limite
mínimo de salário-de-contribuição da Previdência Social. (Incluído
pela Lei nº 11.718, de 2008) (sem grifo no original)

Assim, diante do princípio constitucional da uniformidade e da equivalência dos


benefícios e serviços às populações urbanas e rurais (art. 194, parágrafo único,
inciso II, da CRFB/88), possibilitou-se a concessão de aposentadoria por idade
para qualquer espécie de segurado, por meio da soma do tempo de serviço
urbano com tempo de serviço rural. Dessa forma, para o fim de cumprir a
carência, é cabível a contagem de períodos de contribuição de segurado urbano
com períodos de atividade de trabalhador rural.

Para a concessão da aposentadoria por idade híbrida (§ 3º do art. 48 do Lei n.


8.213/91), pouco importa a natureza da atividade exercida pelo segurado à
época do requerimento administrativo, ou a última a ser considerada na
concessão do benefício. É o que se conclui da leitura do art. 51, § 4º, do
Decreto n. 3.048/99, que se transcreve a seguir:

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Art. 51. A aposentadoria por idade, uma vez cumprida a carência
exigida, será devida ao segurado que completar sessenta e cinco
anos de idade, se homem, ou sessenta, se mulher, reduzidos esses
limites para sessenta e cinqüenta e cinco anos de idade para os
trabalhadores rurais, respectivamente homens e mulheres,
referidos na alínea "a" do inciso I, na alínea "j" do inciso V e nos
incisos VI e VII do caput do art. 9º, bem como para os segurados
garimpeiros que trabalhem, comprovadamente, em regime de
economia familiar, conforme definido no § 5º do art. 9º. (Redação
dada pelo Decreto nº 3.265, de 1999)

§ 1º Para os efeitos do disposto no caput, o trabalhador rural deve


comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de
forma descontínua, no período imediatamente anterior ao
requerimento do benefício ou, conforme o caso, ao mês em que
cumpriu o requisito etário, por tempo igual ao número de meses de
contribuição correspondente à carência do benefício pretendido,
computado o período a que se referem os incisos III a VIII do § 8o
do art. 9o. (Incluído pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

§ 2º Os trabalhadores rurais de que trata o caput que não atendam


ao disposto no § 1º, mas que satisfaçam essa condição, se forem
considerados períodos de contribuição sob outras categorias do
segurado, farão jus ao benefício ao completarem sessenta e cinco
anos de idade, se homem, e sessenta anos, se mulher. (Incluído
pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

§ 3º Para efeito do § 2º, o cálculo da renda mensal do benefício


será apurado na forma do disposto no inciso II do caput do art. 32,
considerando-se como salário-de-contribuição mensal do período
como segurado especial o limite mínimo do salário-de-contribuição
da previdência social. (Incluído pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

§ 4º Aplica-se o disposto nos §§ 2º e 3º ainda que na oportunidade


do requerimento da aposentadoria o segurado não se enquadre
como trabalhador rural. (Incluído pelo Decreto nº 6.722, de 2008).
(sem grifo no original)

De fato, outro não poderia ser o entendimento adotado, tendo em vista a


predominância de correntes migratórias do campo para a cidade, fenômeno
conhecido por "êxodo rural", onde se concentram os trabalhadores após
abandonarem o meio rural, e aí envelhecem.

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Nessa perspectiva, a concessão da aposentadoria por idade na modalidade
híbrida (art. 48, § 3º, da Lei n. 8.213/91) pressupõe a idade mínima de 60 anos
para mulher e 65 anos para homem, além de carência de 180 contribuições
(art. 25, II, da Lei n. 8.213/91).

Neste sentido é o entendimento jurisprudencial pacificado do SUPERIOR


TRIBUNAL DE JUSTIÇA:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA HÍBRIDA POR IDADE. ART.


48, § 3º, DA LEI N. 8213/91. EXEGESE. MESCLA DOS PERÍODOS DE
TRABALHO URBANO E RURAL. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL
NO MOMENTO QUE ANTECEDE O REQUERIMENTO.
DESNECESSIDADE. CÔMPUTO DO TEMPO DE SERVIÇO RURAL
ANTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI N. 8.213/91 PARA FINS DE
CARÊNCIA. POSSIBILIDADE.

1. A Lei 11.718/2008, ao alterar o art. 48 da Lei 8.213/91, conferiu


ao segurado o direito à aposentadoria híbrida por idade,
possibilitando que, na apuração do tempo de serviço, seja
realizada a soma dos lapsos temporais de trabalho rural com o
urbano.

2. Para fins do aludido benefício, em que é considerado no cálculo


tanto o tempo de serviço urbano quanto o de serviço rural, é
irrelevante a natureza do trabalho exercido no momento anterior
ao requerimento da aposentadoria.

3. O tempo de serviço rural anterior ao advento da Lei n. 8.213/91


pode ser computado para fins da carência necessária à obtenção
da aposentadoria híbrida por idade, ainda que não tenha sido
efetivado o recolhimento das contribuições.

4. O cálculo do benefício ocorrerá na forma do disposto no inciso II


do caput do art. 29 da Lei n. 8.213/91, sendo que, nas
competências em que foi exercido o labor rurícola sem o
recolhimento de contribuições, o valor a integrar o período básico
de cálculo - PBC será o limite mínimo de salário-de-contribuição da
Previdência Social.

5. A idade mínima para essa modalidade de benefício é a mesma


exigida para a aposentadoria do trabalhador urbano, ou seja, 65
anos para o homem e 60 anos para a mulher, portanto, sem a

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redução de 5 anos a que faria jus o trabalhador exclusivamente
rurícola.

6. Recurso especial improvido.

(STJ, REsp 1476383/PR, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA


TURMA, julgado em 01/10/2015, DJe 08/10/2015), sem grifo no
original).

(...)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA.


VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. AUSÊNCIA DE OMISSÃO NO
ACÓRDÃO. CÔMPUTO DE TEMPO RURAL ANTERIOR À LEI N.
8.213/1991. ART. 48, §§ 3º E 4º, DA LEI N. 8.213/1991, COM A
REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.718/2008. OBSERVÂNCIA.
SÚMULA N. 83/STJ.

1. Os trabalhadores rurais que não satisfazem a condição para a


aposentadoria do art. 48, §§ 1° e 2°, da Lei n. 8.213/91 podem
computar períodos urbanos, pelo art. 48, § 3°, da mesma lei, que
autoriza a carência híbrida.

2. No caso dos autos o Tribunal de origem, com amparo nos


elementos fático-probatórios dos autos, concluiu que o segurado
especial que comprove a condição de rurícola, mas não consiga
cumprir o tempo rural de carência exigido na tabela de transição
prevista no art. 142 da Lei n. 8.213/1991 e que tenha contribuido
sob outras categorias de segurado, poderá ter reconhecido o
direito ao benefício aposentadoria por idade híbrida, desde que a
soma do tempo rural com o de outra categoria implemente a
carência necessária contida na Tabela.

3. Ficou consignado também que "o fato de não estar


desempenhando atividade rural por ocasião do requerimento
administrativo não pode servir de obstáculo à concessão do
benefício. A se entender assim, o trabalhador seria prejudicado por
passar contribuir, o que seria um contrassenso. A condição de
trabalhador rural, ademais, poderia ser readquirida com o
desempenho de apenas um mês nesta atividade. Não teria sentido
se exigir o retorno do trabalhador às lides rurais por apenas um
mês para fazer jus à aposentadoria por idade. O que a modificação
legislativa permitiu foi, em rigor, o aproveitamento do tempo rural
para fins de carência, com a consideração de salários-de-
contribuição pelo valor mínimo, no caso específico da
aposentadoria por idade aos 60 (sessenta) ou 65 (sessenta e
cinco) anos (mulher ou homem)".

4. Das razões acima expendidas, verifica-se que o Tribunal a quo


decidiu de acordo com jurisprudência desta Corte, de modo que se

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aplica à espécie o enunciado da Súmula n. 83/STJ. Precedentes.
Agravo regimental desprovido.

(STJ, AgRg no REsp 1531534/SC, Rel. Ministro HUMBERTO


MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/06/2015, DJe
30/06/2015, sem grifo no original).

Na hipótese, a parte Autora laborou no meio urbano por TANTO TEMPO


(período laborado no meio urbano em anos, meses e dias), o que totaliza 00
(número de meses) contribuições ao RGPS.

Somadas estas contribuições ao período laborado no meio rural pela parte


Autora, compreendido entre DIA/MÊS/ANO até DIA/MÊS/ANO (data de início e
do fim do labor rural), o que totaliza TANTO TEMPO (período total em anos,
meses e dias), conta àquela com mais de 180 contribuições à Previdência
Social, fazendo jus, portanto, ao benefício de aposentadoria híbrida por idade.

Ressalta-se, por fim, que a renda mensal inicial da aposentadoria híbrida é


calculada conforme a média aritmética simples dos maiores salários-de-
contribuição do segurado, equivalentes a 80% de todo o período contributivo,
de julho de 1994 em diante, considerando-se como salário-de-contribuição
mensal do período como segurado especial o limite mínimo de salário-de-
contribuição da Previdência Social (art. 48, §4º, da Lei n. 8.213/91).

Desta forma, mostra-se plenamente possível, além de justa, a concessão da


aposentadoria híbrida por idade em favor da parte Autora.

DOS PEDIDOS

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Diante do exposto, requer:

1. A citação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, na pessoa do seu


representante legal, para que responda a presente demanda, no prazo legal,
sob pena de revelia;

2. A concessão do benefício da justiça gratuita em virtude de a Parte Autora


não poder arcar com o pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios sem prejuízo do seu sustento ou de sua família, condição que
expressamente declara, na forma do art. 4º da Lei n.º 1.060/50;

3. A condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS para conceder o


benefício de aposentadoria por idade, bem como pagar as parcelas vencidas
desde a data do requerimento administrativo, monetariamente corrigidas desde
o respectivo vencimento e acrescidas de juros legais moratórios, ambos
incidentes até a data do efetivo pagamento;

4. A condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS para arcar com


as custas processuais e honorários advocatícios;

5. Requer, ainda, provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em


direito, notadamente a documental e testemunhal.

6. Informa, por fim, não ter interesse na realização de audiencia de


conciliação/mediação, nos termos do art. 319, VII, do NCPC.

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Atribui-se a causa o valor de R$ 0000 (REAIS)

Termos em que,

Pede Deferimento.

CIDADE, 00, MÊS, ANO

ADVOGADO

OAB Nº

PRINCIPAIS ALTERAÇÕES DA NOVA PREVIDÊNCIA

Aposentadoria por idade:


- 62 anos para mulheres
- 65 anos para homens

Trabalhador Rural
- 55 anos para mulheres
- 60 para homens

Professores
- 57 anos para mulheres
- 60 anos para homens

Policiais federais, legislativos, civis do DF e agentes penitenciários


- 55 anos para mulheres
- 55 anos para homens

Tempo para contribuir ao INSS


- 15 anos mínimo para homens e mulheres – Setor privado já no
mercado de trabalho
- 20 anos para homens – Setor privado ingressos após reforma
10
- 25 anos para homens e mulheres – Setor público

Cálculo do benefício da aposentadoria


A partir da reforma, o cálculo passará a ser de 60% da média e mais
2% para cada anos de contribuição. Conta-se a partir de 20 anos para
os homes e 15 para as mulheres.

O cálculo do INSS é feito de acordo com o plano aderido e o


rendimento do trabalhador, ou seja, pode ser:

- Autônomos: contribuem entre 20% do salário mínimo e 20% do teto


do INSS;
- Prestadores de serviço simplificado: contribui com 11% do salário
mínimo;
- Donas de casa de baixa renda: 5% do salário mínimo;
- MEI: atualmente está em R$ 5 de ISS + R$ 1 ICMS + 5% salário
mínimo.

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