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EXCELENTÍSSIMO JÚIZO FEDERAL DA 1ª VARA DE (NOME DA

CIDADE) DA SUBSEÇÃO DE (Nome da subseção que abrange a


unidade de atendimento avançado) – SEÇÃO JUDICIÁRIA DE
(NOME DO ESTADO).

VALDE SILV, brasileiro, casado, empregado rural, portador da


carteira de identidade nº _____, e do CPF nº ______, residente e
domiciliado na Localidade Rural de ______, nº_____, Bairro ____, no
município de ____, CEP ____-___, vem respeitosamente à Vossa
Excelência, por seus procuradores infra-firmados, conforme
procuração anexa e endereço ao rodapé indicado, propor a presente:

AÇÃO PARA CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DE


APOSENTADORIA POR IDADE RURAL

Em desfavor do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS,


Autarquia Federal com CNPJ nº 29.979.036/0314-53, situada na Rua
____, nº ___, CEP ___-__, Bairro ____, Município de ____, pelos
fatos e fundamentos de direito aduzidos:

I – DA JUSTIÇA GRATUITA
A parte autora é pessoa humilde que reside em simples casa e
sobrevive do rendimento como empregado rural, os quais não
superam 2 (dois) salários mínimos.

Por fim, nos termos exigidos pela legislação aplicável à espécie, a


parte autora firmou declaração de hipossuficiência econômica, fatos
que somados legitimam a concessão dos benefícios legais da justiça
gratuita conforme adiante pleiteado pela parte.

II – DOS FATOS

A- DA IDADE / CARÊNCIA

À parte autora nascida em 27.04.1957 completou 60 anos em


27.04.2017, portanto, com mais de 60 anos na DER -11.08.2017,
atendendo assim, a idade mínima de 60 (sessenta) anos, exigida
para o trabalhador rural homem. (Conforme determinação inserida
no §7º do art. 201 da Constituição Federal e no art. 48, §1º, da
Lei n.8.213/1991).

Completando a idade mínima em 2017, o trabalhador rural


deverá atender a redação do art. 25, II, da Lei n.8.213/1991, ou
seja, demonstrar em data anterior a seu aniversário de 60 anos,
ou no requerimento administrativo, o exercício de atividade rural
em período não inferir a 180 meses, mesmo que de maneira
descontinua.

Ademais, no período de carência pleiteado na presente (2000-


2017), os vínculos em CTPS de 09/2012 a 08/2017 foram todos
rurais, na qualidade de EMPREGADO – TRABALHADOR RURAL.

B- DA PROVA RURAL

Em especial, nos períodos de 2000 a 08/2017, à parte autora


exerceu suas atividades rurais em regime de economia familiar
com familiares em terras próprias e de herança, e individualmente
em terras rurais de seus tomadores rurais mediante contratos
rurais verbais de parceria e meação, e na condição de trabalhador
rural bóia-fria, além de labor rural na condição de empregado rural
formalizado, isto nas localidades rurais de RIO VERMELHO, entre
outras, estas do município de SB.

Em relação à PROVA DOCUMENTAL, o trabalhador rural possui


os seguintes documentos em seu próprio nome e de familiares
(DOCUMENTAÇÃO anexa):

a) Filiação e contribuições sindicais rurais – datadas de 2000 a


2017, junto ao SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS DE
SB, onde consta em referido documento o enquadramento o
autor na categoria de TRABALHADOR RURAL, e sua residência
rural e admissão sindical em 18.09.2000;
b) Notas rurais em nome do autor relativa aos anos de 2000 a
2015, provenientes da comercialização de bovinos, suínos,
batatas, verduras, erva-mate, aimpim e ovos;
c) Escrituras de extinção de condomínio rural (terras de herança)
datada de 2005, onde o autor e sua esposa são qualificados
como LAVRADORES;
d) ITR da área rural acima entre os anos 2000 a 2004 em nome
do pai do autor (Sr. GERMANO SILVA) e entre 2005 a presente
data em nome do autor;
e) Registro em CTPS como Trabalhador Rural, onde consta em
referida CTPS, labor para RANCHO LTDA, na CBO n.621005, na
atividade de criação de bovinos, entre 03.09.2012 a
11.08.2017, função típica RURAL, de manejo de animais, fatos
que serão comprovados pela idônea prova testemunhal adiante
arrolada.

Destacamos que, no período em que trabalha como


empregado rural, o autor ainda mantém atividade rural em sua
propriedade, com ajuda de sua esposa.

Ainda, os períodos entre 02.01.2000 a 31.12.2011 (144


meses) e de 03.09.2012 a 31.08.2017 (60 meses) foram
reconhecidos, totalizando 204 meses de ATIVIDADES RURAIS
devidamente HOMOLOGADOS (proprietário e CTPS rural),
entretanto o período de 2012 a 2017 (CTPS RURAL) mesmo
sendo rural não foi considerado para fins de carência à
aposentadoria rural (conforme processo administrativo em
anexo).

C- DO PROCESSO ADMINISTRATIVO E DO INDEFERIMENTO


Pelo longo histórico de atividade rural, desde 27.04.2017, após
completar os requisitos necessários (IDADE & CARÊNCIA), e em
quase toda a sua vida tendo exercido a profissão de rurícola, à
parte autora faz jus a concessão do benefício de aposentadoria por
idade rural, o qual restou INDEFERIDO pelo INSS em DER-
11.08.2017 sob argumento de “falta de comprovação de atividade
rural em número de meses idênticos à carência do benefício”.

A conclusão do indeferimento foi pela alegação de que o


trabalho rural como empregado rural não é válido para carência
rural, onde se exigiu a idade de 65 anos para aposentaria urbana
ou híbrida.

Entretanto, incidiu em grave erro a Autarquia Previdenciária, ao


indeferir o benefício, visto que o segurado é agricultor comprovado
por mais de 20 anos possuindo este sim, a carência e a idade
mínima necessária exigida no requerimento administrativo para
concessão de aposentadoria por idade rural, nos termos
apresentados anteriormente.

III – FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO

Sobre a atividade rural como empregado rural vejamos a redação


do PARECER/CJ N. 2.522, DE 09 DE AGOSTO DE 2001 – DOU DE
16.08.2001 do MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA
SOCIAL, o qual trata-e de verdadeiro precedente jurisprudencial
administrativo:

EMENTA: DIREITO PREVIDENCIÁRIO. ENQUADRAMENTO DE


SEGURADOS COMO TRABALHADORES RURAIS TENDO EM VISTA A
NATUREA DA ATIVIDADE DO EMPREGADO E NÃO DAS EMPRESAS. Os
empregados que exercem atividades tipicamente rurais em
agroindústrias, especificamente em usinas de cana-de-açúcar, são
tidos, para fins de concessão de aposentadoria por idade, como
trabalhadores rurais e não urbanos. Necessidade de adequação das
normas regulamentares e da rotina do Instituto Nacional do Seguro
Social a este entendimento. Art. 01, §7º, inciso II da Constituição
Federal e dispositivos da Lei n.8.213, de 24 de julho de 1991.

Do corpo do parecer colhe-se:

Não nos parece concretizar o dispositivo constitucional a adoção do


critério da natureza da atividade do empregador para fins de
caracterização da atividade rural para a obtenção de benefícios
previdenciários. Não nos parece lógico que um trabalhador safrista,
ou mais comumente chamado de bóia-fria, que trabalhe na extração
da cana-de-açúcar, seja tipo por trabalhador urbano, para fins
previdenciários, tendo em vista a natureza agroindustrial do
empregador – a usina de cana-de-açúcar- impedindo este
trabalhador, que exerce atividade tipicamente rural, de se aposentar
aos 60 anos, se homem e 55 anos se mulher.

Por outro lado, não nos parece lógico que contadores, escriturários,
cozinheiros, motorista etc., sejam tidos como trabalhadores rurais
pelo tão só motivo da natureza da atividade rural do seu empregador.
Efetivamente, estes segurados não são trabalhadores rurais, mas sim
urbanos.

Ainda, a E. Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudências


dos Juizados Especiais Federais – TNU considera o período como
empregado rural para fins de carência:

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO – APOSENTADORIA POR IDADE RURAL –


SEGURADO EMPREGADO RURAL – REGISTRO EM CARTEIRA PROFISSIONAL PARA
EFEITOS DE CARÊNCIA – POSSIBILIDADE, AINDA QUE PARA PERÍODO ANTERIOR À
LEI N. 8.213/91 – ALEGAÇÃO DE OFENSA AO ART. 55 §2º, DA LEI N. 8.213/91 –
INCORRÊNCIA – PEDIDO CONHECIDO E DESPROVIDO. VOTO Trata-se de incidente
de uniformização nacional de jurisprudência suscitado pelo INSS, pretendendo a
reforma de decisão proferida por Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da
Seção Judiciária de Pernambuco. O acórdão recorrido afastou a sentença, para julgar
procedente o pedido de concessão de aposentadoria por idade ao trabalhador rural
empregado, sob o fundamento de que restou atendidos o requisito da carência. O
requerente, com suporte em alguns julgados desta Corte e do STJ, sustenta que o
tempo de serviço do trabalhador empregado rural, anterior à Lei n. 8.213/91, não
pode ser computador como carência. Relatei. Passo a proferir VOTO. Ao rolatar a
sentença, o MM juízo de isso negou a pretendida aposentadoria por idade rural sob a
seguinte fundamentação: “ (...) O autor completou 60 anos de idade em 08.04.2011,
devendo cumprir carência de 180 contribuições (15 anos) e o requerimento
administrativo foi feito em 28.07.2011. Logo, o período de carência legal a se
investigar se insere entre 1996 e 2011. No caso, entendo que o autor não faz jus ao
direito propugnado. É que o exercício da atividade rural teria ocorrido apenas até
abril de 1995, conforme a CTPS por ele anexada (doc 2.) tendo o autor completado a
idade mínima para a aposentadoria rural somente em abril de 2011, e requerimento
administrativo feito em 28.07.2011. Desse modo, houve a perda da qualidade de
trabalhador rural, pois a norma (benéfica em relação ao trabalhador rural, por lhe
reduzir a idade mínima) é clara ao exigir que o tempo de trabalho agrícola seja
medido anteriormente ao pedido administrativo. Esclareça-se que os demais vínculos
constantes na CTPS não são rurais, por isso, não foram comutados na panilha em
anexo, já que o autor pleitea aposentadoria por idade rural. Não se aplica, a meu
sentir, a ressalva prevista no art. 3º § 1º da Lei n. 10.666/2003 aos benefícios dos
trabalhadores rurais, que vem prevista em norma específica, a par do regime geral
urbano, norma esta de caráter especial em relação àquela (geral) da Lei n.
10.666/2003. Admitir o contrário seria permitir que o segurado rural se beneficiasse
do melhor de dois mundos. De maneira sintética, a Turma Recursal de origem
reformou o julgado retrocolacionado com destaque para a seguinte motivação: “(...)
Como se sabe, a TNU, recentemente, firmou entendimento no sentido de não ser
aplicável à hipótese de aposentadoria por idade de trabalhador rural o art. 3º, §1º,
da Lei. 10.666/03, segundo o qual não se faz necessária a implementação
simultânea dos requisitos de carência e idade. Nada obstante, este não é o caso dos
autos, visto que na espécie, o demandante laborou durante toda a sua vida como
segurado empregado, e não como segurado especial. É que, em outras palavras, a
exigência do exercício de atividade rural tenha se dado no período imediatamente
anterior ao requerimento é cabível apenas para o segurado especial, para o qual não
há o efetivo recolhimento das contribuições por parte do empregador ou do
empregado. Como efeito, tal posicionamento foi adotado ela Turma Nacional
exatamente porque esta entendeu que a lei impõe um requisito suplementar para a
aposentadoria rural por idade, qual seja, o exercício do labor rural no período
imediatamente anterior ao requerimento administrativo, de forma a se preservar o
regime “especial” destinado aos rurícolas, que os isenta de contribuições
previdenciárias. Ora, havendo o registro do vínculo empregatício tanto na CTPS
quanto no CNIS, é forçoso reconhecer que a empregadora contribuía para a
Previdência. Assim, a Lei n. 10.666/03 apenas não se aplica aos benefícios de
trabalhadores rurais segurados especiais, dos quais não se exige contribuição ao
RGPS, não sendo excluídos da sua abrangência aqueles que, direta ou indiretamente,
recolheram contribuições para o sistema. Destaque-se, por oportuno, que ainda que
a empresa estivesse inadimplente perante o INSS, tal fato não poderia prejudicar o
direito do empregado à aposentadoria, porque, como é cediço, o responsável
tributário pelo pagamento das contribuições sociais é o empregador e não o
empregado.” É dizer, ao contrário o MM juiz sentenciante, a Turma Recursal de
Pernambuco considerou que o art. 3º, da Lei n. 10.666/03, o qual dispõe que a perda
da qualidade de segurado não será considerada para a concessão da aposentadoria
por idade, é inaplicável apenas aos trabalhadores rurais, porém na qualidade de
segurados especiais. Quer dizer, no caso de o trabalhador campesino ser segurado
empregado, é desnecessário – segundo o acórdão vergastado – que o período de
carência seja imediatamente anterior ao requerimento administrativo ou ao
implemento do requisito etário. No presente Incidente, o INSS sustenta que o tempo
de serviço do trabalhador empregado rural, anterior à Lei n. 8.213/91, não pode ser
comutado como carência em virtude do art. 55, §2º da Lei n .8.213/91, que dispõe:
“§2º O tempo de serviço do segurado do trabalho rural, anterior à data de início de
vigência desta Lei, será computado independentemente do recolhimento das
contribuições a ele correspondentes, exceto para efeito de carência, conforme
dispuser o Regulamento. O acórdão combatido diverge dessa assertiva, pois
claramente reconheceu o cumprimento da carência de empregado do requerente,
convém destacar p REsp n. 201202342373, julgado pela 1ª Seção do STJ como
representativo de controvérsia e cuja inteligência é de aplicação analógica ao caso
dos autos. Confira-se: “PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. AVERBAÇÃO DE
TRABALHO RURAL COM REGISTRO EM CARTEIRA PROFISSIONAL PARA EFEITO DE
CARÊNCIA. POSSIBILIDADE. ALEGAÇÃO DE OFENSA AO ART. 55, §2º, E 142 DA LEI
N. 8.213/91. NÃO OCORRÊNCIA. RECURSO ESPECIAL IMROVIDO. 1. Caso em que o
segurado ajuizou a presente ação em face do indeferimento administrativo de
aposentadoria por tempo de serviço, no qual a autarquia sustentou insuficiência de
carência. 2. Mostra-se incontroverso nos autos que o autor foi contratado por
empregador rural, com registro em carteira profissional desde 1958, razão ela qual
não há como responsabilizá-lo pela comprovação do recolhimento das contribuições.
3. Não ofende o §2º do art. 55 da Lei n. 8.213/91 o recolhimento do tempo de
serviço exercido por trabalhador rural registrado em carteira profissional para efeito
de carência, tendo em vista que o empregador rural, justamente com as demais
fontes previstas na legislação de regência, eram os responsáveis pelo custeio do
fundo de assistência e previdência rural (FUNRURAL). 4. Recurso especial improvído.
Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e Resolução STJ n.8/2008. EMEN:
(RESP 201202342373, ARNALDO ESTEVES LIMA, STJ – PRIMEIRA SEÇÃO, DJE DATA:
05/12/2013 RIOBTPVOL: 00297 PG:00171 RSTJVOL: 00233 PG: 00066 DTPB) “A
TNU, por sua vez andou perfilhando caminho mais moderado, admitindo, para efeito
de carência, o tempo de serviço do empregado rural antes de 1991, porém desde
que fosse prestado à empresa agroindustrial ou agrocomercial. Observe-se:
“APOSENTADORIA POR IDADE URBANA. TEMPO DE SERVIÇO COMO EMPREGADOR
RUAL. CÔMPUTO PARA EFEITO DE CARÊNCIA ANTES DA LEI N. 8.213/91 SEM
COMPROVAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES. 1. Só o tempo de serviço do empregado rural
prestado após 1991, ou anterior, se empregado de empresa agroindustrial ou
agrocomercial, pode ser computado para efeito de carência da aposentadoria por
idade urbana. O tempo de serviço do empregado rural, prestado antes da edição da
Lei n. 8.213/91 e devidamente anotado na CTPS, salvo o do empregado de empresa
agroindustrial ou agrocomercial, não pode ser computado para efeito de carência do
benefício de aposentadoria por idade mediante cômputo de trabalho urbano. 2.
Pedido não provido. (PEDILEF 201070610008737, JUIZ FEDERAL ROGÉRIO MOREIRA
ALVES, TNU, DOU 23.04.2013)” O julgado retro ficou consolidado por maioria, tendo
na ocasião o MM juiz federal Gláucio Maciel apresentado declaração de voto na linha
do julgado do e. STJ já acima destacado. Vejamos: “(...) De acordo com o acórdão, o
autor exerceu a função de trabalhador rural no período de 2.10.1984 a 27.12.1989,
decorrente de vínculo registrado na sua carteira de trabalho. Resta saber se dito
período pode ser computado para efeito de carência, por não constar recolhimento
de contribuições previdenciárias. A resposta é afirmativa, no meu ponto de vista,
data vênia. Conforme ficou decidido pela 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça,
no REsp 554.068/SP (DJ 17.11.2003) de que foi relatora a Srª Ministra Laurita Vaz, o
empregado rural era segurado obrigatório da Previdência e ficava a cargo do
empregador e recolhimento das contribuições sobre o seu salário e sobre a produção
agrícola, por força do art. 79 da Lei n. 4.214/63, chamada de Estatuto do
Trabalhador Rural, e também por força do art. 15,II, da Lei Complementar n. 11/71,
que criou o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural), c/c os arts. 2º e 3º
do Decreto Lei n. 1.146/70. Registre-se que o Funrural vigorou até a edição da Lei n.
8.213/91. Diferentemente do precedente desta Turma Nacional, mencionado pelo
voto condutor (Pedillef 2007.70.55.001504-5), o Superior Tribunal de Justiça não
distinguiu o empregado rural das empresas agroindustriais e agrocomerciais dos
outros empregados rurais, enquadrando todos como segurados obrigatórios da
Previdência. Agiu corretamente, uma vez que a não consideração dos empregados
rurais “comuns” como segurados obrigatórios os levaria para um limbo jurídico, haja
vista a norma expressamente os excluir como segurados urbanos – art. 4º, II, do
Decreto 89.312/84 – a não ser que fossem das empresas agroindustriais e
agrocomerciais e contribuíssem para a Previdência, nos termos do §4º do art. 6º do
mesmo Decreto n. 89.312/84. Não estariam nem em um sistema nem em outro. Se
não eram segurados urbanos, ainda que quisessem, não poderiam recolher
contribuição previdenciária como facultativos. O empregado rural no regime anterior
ao da Lei n.8.213/91, ao ter sua carteira de trabalho registrada, tinha a expectativa
de ser amparado pelo Estado, saindo assim do mercado informal para ser protegido.
Considerando que, no meu entendimento, esse empregado rural estava no
mencionado limbo jurídico, é prudente a aplicação da equidade prevista no art. 6º da
Lei n. 9.099/95, com o propósito de se sustentar juridicamente a equiparação feita
pela 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça do empregado rural a empregado de
empresas agroindustriais e agrocomercias. É bom ressaltar que é a primeira vez que
julgou por equidade (dois feitos nesta sessão), mesmo nos juizados especiais, por
ser a exceção, embora autorizada expressamente pela norma. Dessa forma, tendo
sito o autor empregado rural, o que foi provado por início de prova material
(anotação na CTPS), corroborado por prova testemunhal, de acordo com a sentença,
não pode ele ser prejudicado pelo falta de recolhimento das contribuições, que era
incumbência do empregador. Por outro lado, tratando-se de período de trabalho em
que houve recolhimento (pelo menos deveria haver), não há qualquer impedimento
em ser contado para efeito de carência. Em face do exposto, com todo respeito ao
voto do relator, dou provimento ao incidente de uniformização para condenar o INSS
a averbar o período de 2.10.1984 a 27.12.1989 e conceder a aposentadoria, desde a
DER, pagando-se os valores em atraso, com correção monetária e juros, de acordo
com o Manual de Cálculo da Justiça Federal. “Na vertente, perfilho o posicionamento
do e.STJ (REsp n. 201202342373) e do voto do Juiz Federal Gláucio Maciel (nos
autos do PEDILEF n. 201070610008737), por entender que o tempo de serviço do
trabalhador empregado rural registrado em carteira profissional, mesmo quando
anterior à Lei. 8.213/91, pode ser computado para efeito de carência, tendo em vista
que o seu empregador rural era o responsável pelo recolhimento das contribuições
ao INSS e que eventual inadimplemento dessa obrigação tributária não pode servir
de mote em prejuízo ao trabalhador. De mais a mais, inexiste qualquer fator de
discrímen relevante para distinguir o empregado rural das empresas agroindustriais
ou agrocomerciais dos outros empregados rurais, sendo ambos enquadrados pela
legislação previdenciária como segurados obrigatórios. Tal entendimento nem de
longe nega vigência ao art. 55, §2º, da Lei n. 8.213/91, mas tão somente ressalta
que a situação fática acima delineada não se subsume à hipótese abstrativamente
considerada nesse dispositivo de Lei. Forte nessas razões, VOTO por CONHECER e
NEGAR PROVIMENTO ao PEDILEF, nos termos da fundamentação supra. Publique-se
Registre-se Intime-se.

Deste modo, o indeferimento administrativo do INSS que não


validou o período rural como empregado rural para fins de carência,
não soa razoável com o atual entendimento jurisprudencial.

IV – DO PEDIDO
Ex positis, requerer:

a) A concessão dos benefícios da JUSTIÇA GRATUITA com isenção de


custas processual e honorária advocatícios, nos termos do art. 4º,
II, da Lei n. 9.289/96, na Lei n. 1.060/50, e no art. 98 do CPC;
b) Nos termos do art. 319, VII, do CPC, a parte autora informa que,
não tem interesse na designação de audiência de conciliação ou
mediação pelos seguintes motivos: a parte autora apresentaria
proposta em referida audiência para pagamento de 95% das
parcelas atrasadas e conseqüente implementação do benefício,
entretanto é de conhecimento público que o INSS não vem
realizando acordos judiciais por questões técnicas, assim, a
presente audiência acabaria em prejudicar o segurado que
necessita urgentemente do benefício previdenciário que tem
caráter notoriamente alimentar;

c) A citação do réu, na pessoa de seu procurador, para querendo,


contestar o feito, sob pena de serem reputados como verdadeiros
os fatos aqui alegados nos termos do art. 344, do CPC;

d) Requer a produção das provas necessárias à comprovação do


direito da parte autora, em especial a prova testemunhal, adiante
arrolada, e a prova documental acostada em arquivos digitais
anexos, e por fim, por todos os meios de prova admitidos em
direito, nos termos dos art. 319, VI, 355 e 369 do CPC;

e) Após a produção das provas, seja julgada a presente ação


procedente e através de sentença declarar a certeza da existência
de relação jurídicas e de efetivos reconhecimentos de trabalho
rural para fins exclusivos de concessão de aposentadoria por idade
rural previstas no art. 48, §1º e 2º, da Lei n.8.213/91:

Em regime de economia familiar e individual em relação aos


períodos de labor rurícola entre 03.09.2012 à 11.08.2017 (60
meses), e também, por cautela em regime de economia falimiar
entre 01.01.2012 à 11.08.2017;

Para por fim, declarar por sentença todo o período de relação


jurídica entre a autora e o réu Instituto Nacional do Seguro Social;

f) Por fim, seja o INSS condenado a implantar o benefício pleiteado


pela parte autora (com base no art. 48, §1º e 2º, da Lei n.
8.213/91) e pagar na integralidade as parcelas vencidas referentes
à aposentadoria por idade RURAL, desde a data da implementação
dos requisitos necessários (idade e carência), ou seja: desde à
DER -11.08.2017 (NB-41/181.934.808-0), com a devida correção
monetária, juros moratórios mensais e honorários advocatícios d
sucumbência em patamar de 10-20% nos termos do art. 85, §3º,
I, da Lei n. 13.105/2015;
g) Por fim, à parte autora informa que, desde já renuncia o valor
excedente a 60 (sessenta) salários mínimos na data do protocolo
da inicial, para fins de competência deste Juízo Especial Federal.

V – ROL DE TESTEMUNHAS

1º) JAQUELINE, brasileira, casa, administradora, portadora do RG n.


__ e do CPF n. ___, residente e domiciliada na Rua __ n.__, Centro,
município X;

2º) LUCIA, brasileira, casa, agricultora, portadora do RG n. __ e do


CPF n. ___, residente e domiciliada na Rua __ n.__, Centro,
município X;

3º) ANTONIO, brasileiro, caso, agricultor, portador do RG n. __ e do


CPF n. ___, residente e domiciliado na Rua __ n.__, Centro,
município X;

VI – VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor provisório de R$ 57.850,30 (Cinquenta e sete


mil oitocentos e cinqüenta reais e trinta centavos).

Pede Deferimento.

Cidade M, 21 de Março de 2022.

Advogado (A)

OAB, N.

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