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EXCELENTÍSSIMO JÚIZO FEDERAL DA 1ª VARA DE (NOME DA

CIDADE) DA SUBSEÇÃO DE (Nome da subseção que abrange a


unidade de atendimento avançado) – SEÇÃO JUDICIÁRIA DE
(NOME DO ESTADO).

ANA, brasileira, casada, contribuinte individual, portadora da carteira


de identidade nº _____, e do CPF nº ______, residente e domiciliado
na Localidade Rural de ______, nº_____, Bairro ____, no município
de ____, CEP ____-___, vem respeitosamente à Vossa Excelência,
por seus procuradores infra-firmados, conforme procuração anexa e
endereço ao rodapé indicado, propor a presente:

AÇÃO PARA CONCESSÃO DE BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA


POR IDADE HÍBRIDA

Em desfavor do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS,


Autarquia Federal com CNPJ nº 29.979.036/0314-53, situada na Rua
____, nº ___, CEP ___-__, Bairro ____, Município de ____, pelos
fatos e fundamentos de direito aduzidos:

I – DA JUSTIÇA GRATUITA
A parte autora é pessoa humilde que reside em simples casa e
sobrevive do rendimento como costureira, os quais não superam 2
(dois) salários mínimos.

Por fim, nos termos exigidos pela legislação aplicável à espécie, a


parte autora firmou declaração de hipossuficiência econômica, fatos
que somados legitimam a concessão dos benefícios legais da justiça
gratuita conforme adiante pleiteado pela parte.

II – DOS FATOS
1º) Da idade mínima

A autora nascida em 19.08.1953 completou 60 anos em


19.08.2013, e atualmente possui 67 anos, portanto, desde referida
data possui a idade mínima exigida à aposentadoria por idade híbrida
nos termos do §3º do art. 48 da Lei n. 8.213/91.
2º) Dos requerimentos administrativos

A segurada realizou os seguintes requerimentos administrativos do


benefício previdenciário pleiteado:

1º) DER -11.04.2018 –NB n. 001, com homologação de atividade


rural entre 01/1968 a 12/1978 (11 anos) e tempo total até a DER de
13 anos, 08 meses e 08 dias (Cf. documentos anexos);

2º) DER- 02.09.2019 –NB n. 002, sem homologação de atividade


rural e tempo total até a DER de 04 anos e 29 dias (Cf. documentos
anexos);

3º) Da atividade rural já homologada na 1ª DER

Como já dito, a atividade rural entre os períodos de 01.01.1968 a


31.12.1978 (11 anos), foi homologado administrativamente com base
na autodeclaração rural fundamentada em:

1. Escrituras de terras rurais dos ais da autora de 1941;


2. INCRA da área rural entre 1968 a 1973;
3. Registros escolares da autora de 1961 a 1963;
4. Comprovantes sindicais da autora de 1978;
5. Certidão de casamento da autora de 1981.

Vejamos que, a decisão do 1º processo administrativo foi correta


pela existência de prova material rural entre os anos de 1968 a 1978,
a 2ª decisão administrativa que utilizou o argumento de
“identificamos que houve homologação do período rural de
01.01.1968 a 31.12.1978 em benefício anterior... deixamos de
considerar o período tendo em vista que a Fundação do Sindicato,...
deu-se em 30.07.1972”, não foi correta ao retirar o tempo rural já
reconhecido na 1ª DER.

Importante ressalvar que, o documento sindical da autora é do ano


de 1978, assim, o argumento acima é equivocado, em especial pela
existência de comprovantes de INCRA de 1968 a 1973.

Deste modo, na data do 2º requerimento administrativo de DER-


02.09.2019 a parte autora possuía tempo de atividade rural superior
a 15 anos.

Pelo apresentado, sendo o período rural entre 1968 a 1978


incontroverso, a parte autora busca com a presente ação o
recolhimento e a averbação da atividade rural em destaque no 2º
requerimento administrativo, e assim, a validação de ambos os
períodos (urbano e rural) para fins de carência do benefício de
aposentadoria por idade híbrida, nos termos do art. 48, §3º, Lei n.
8.213/91.

4º) Dos indeferimentos.

Desde que completou os requisitos necessários (IDADE &


CARÊNCIA) a autora faz jus à concessão do benefício de
aposentadoria por idade híbrida, a qual restou INDEFERIDA pelo INSS
em 25.05.2020 (DER-02.09.2019 –NB n. 002), pelo seguinte
motivo:”FALTA DE PERÍODO DE CARÊNCIA”.

Em resumo, a administração pública não reconheceu o período


rural entre 1968 a 1978 no 2º requerimento administrativo e não
analisou a possibilidade de concessão da aposentadoria por idade
híbrida, situação que violou o art. 88 da Lei n. 8.213/91 (orientação
do melhor benefício ao segurado).

III – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO

O art. 48, §3º, da Lei, n. 8.213/91, possibilitou ao segurado a


concessão do benefício de aposentadoria por idade híbrida, aos 6
anos para a segurada mulher que completa idade no ano de 2019 e
aos 65 para o homem, com somatórias de períodos rurais e urbanos,
vejamos:

§3º Os trabalhadores rurais de que trata o §1º deste artigo que não atendam ao
disposto no §2º deste artigo, mas que satisfaçam essa condição, se forem
considerados períodos de contribuição sob outras categorias do segurado, farão jus
ao benefício ao completarem 65 anos de idade, se homem, e 60 anos, se mulher.
(Incluído pela Lei n. 11.718, de 2008).

Neste mesmo viés, destacamos o seguinte precedente jurisrudencial


do Col. STJ:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA. ART. 48, §3º E 4º, DA LEI
N.8.213/91. TRABALHO URBANO E RURAL NO PERÍODO DE CARÊNCIA. REQUISITO.
LABOR CAMPESIVO NO MOMENTO DO IMPLEMENTO DO REQUISITO ETÁRIO OU DO
REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. EXIGÊNCIA AFASTADA. CONTRIBUIÇÕES.
TRABALHO RURAL. CONTRIBUIÇÕES. DESNECESSIDADE. [...] 10. Tal constatação é
fortalecida pela conclusão de que o disposto no art. 48, §3º e 4º da Lei n. 8.213/91
materializa previsão constitucional da uniformidade e equivalência entre os
benefícios destinados às populações rurais e urbanas. (art. 194, II, da CF), o que
torna irrelevante a preponderância de atividade urbana ou rural para definir a
aplicabilidade da inovação legal aqui analisada. 11. Assim, seja qual for a
predominância do labor misto no período de carência ou o tipo de trabalho exercido
no momento do implemento do requisito etário ou do requerimento administrativo, o
trabalhador tem direito a se aposentar com as idades citadas no §3º do art. 48 da Lei
n. 8.213/91, desde que cumprida a carência com a utilização de labor urbano ou
rural. Por outro lado, se carência foi cumprida exclusivamente como trabalhador
urbano, sob esse regime o segurado será aposentado (caput do art. 48), o que vale
também para o labor exclusivamente rurícola (§1º e 2º da Lei n. 8.213/91, não
sendo, portanto exigível o recolhimento das contribuições. [...] 17. Recurso Especial
não provido.

Decisão que foi ratificada no representativo de controvérsia de


Tema n. 1.007 do Col. STJ:
O tempo de serviço rural, ainda que remoto e descontínuo anterior ao advento da Lei
n. 8.213/91, pode ser computado para fins de carência necessária à obtenção da
aposentadoria híbrida por idade, ainda que não tenha sido efetivado o recolhimento
das contribuições, nos termos do art. 48, §3º da Lei n. 8.213/91, seja qual foi a
predominância do labor misto exercido no período de carência ou o tipo de trabalho
exercido no momento no implemento do requisito etário ou do requerimento
administrativo.

Deste modo, o período rural pleiteado na presente merece


reconhecimento para fins de contagem de tempo de carência híbrida,
onde o tempo rural será comprovado nas regras da aposentadoria
rural, e o tempo urbano nas regras da aposentadoria urbana, para ao
final somado, legitimarem a concessão da solicitada aposentadoria
por idade HÍBRIDA.

Ainda, considerando que os períodos rurais já foram reconhecidos


pelo INSS em seara administrativa no requerimento de 04/2018, no
presente caso, destacamos o seguinte precedente jurisprudencial do
Col. STJ, que se ajeita perfeitamente à lide;
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. PREVIDENCIÁRIO. CONVERSÃO DE TEMPO DE
SERVIÇO ESPECIAL E COMUM. EXPOSIÇÃO A RUÍDO. LIMITE MÍNIMO. 1.
Estabelecendo a autarquia previdenciária, em instrução normativa, que até 5/3/1997
o índice de ruído a ser considerado é 80 decibéis e após essa data 90 decibéis, não
fazendo qualquer ressalva com relação aos períodos em que os decretos
regulamentadores anteriores exigiram os 90 decibéis, judicialmente há de se dar a
mesma solução administrativa, sob pena de tratar com desigualdade segurada que
se encontra em situações idênticas. 2. Embargos de divergência rejeitados.
Em suma, os períodos rurais entre 1968 a 1978 merecem ser
aceitos para contagem de carência a aposentadoria por idade híbrida
prevista no art. 48, §3º da Lei n. 8.213/91.

IV – DO PEDIDO
Ex positis, requerer:

a) A concessão dos benefícios da JUSTIÇA GRATUITA com isenção de


custas processual e honorária advocatícios, nos termos do art. 98
do CPC; em especial pela declaração de pobreza acostada nos
autos;
b) Nos termos do art. 319, VII, do CPC, a parte autora informa que,
não tem interesse na designação de audiência de conciliação ou
mediação;
c) A citação do réu, na pessoa de seu procurador, para querendo,
contestar o feito, sob pena de serem reputados como verdadeiros
os fatos aqui alegados nos termos do art. 344, do CPC;

d) Requer a produção das provas necessárias à comprovação do


direito da parte autora, em especial a prova testemunhal, se
necessária, visto que o período rural entre 01/1968 a 12/1978 já
foi homologado administrativamente, e aprova documental
acostada em arquivos digitais anexos, e por fim, PR todos os
meios de prova admitidos em direito, nos termos dos arts. 319,
VI, 355, 369 do CPC;
e) Após a produção das provas, seja julgada a presente ação
procedente e através de sentença declarar a certeza da existência
de relações jurídicas e de efetivos reconhecimentos de trabalho
rural para fins exclusivos de averbação para fins de concessão da
aposentadoria híbrida:

Em relação ao reconhecimento dos períodos de labor rural entre


01.01.1968 a 31.12.1978, em relação ao benefício previdenciário
de DER 02.09.2019 e número de benefício NB-002;

Para por fim, declarar por sentença todo o período de relação


jurídica entre a autora e o réu Instituto Nacional do Seguro Social,
com determinação judicial de averbação do período rural no
benefício em destaque;

f) Como consequência do pedido anterior, seja o INSS condenado a


implantar o benefício pleiteado pela parte autora (com base no art.
48, §3º, da Lei n. 8.213/91) e pagar na integralidade as parcelas
vencidas referentes à aposentadoria por idade híbrida, desde a
data da implementação dos requisitos necessários (idade e
carência), ou seja: desde à DER -02.09.2019 (NB-41/002), com a
devida correção monetária, juros moratórios mensais e honorários
advocatícios d sucumbência em patamar de 10-20% nos termos
do art. 85, §3º, I, da Lei n. 13.105/2015;

g) Requer-se o cadastramento do presente processo como de


tramitação preferencial diante da idade avançada da segurada, nos
termos do art. 1.048, I, do CPC;

h) Por fim, à parte autora informa que, desde já renuncia o valor


excedente a 60 (sessenta) salários mínimos na data do protocolo
da inicial, para fins de competência deste Juízo Especial Federal.

V – VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor provisório de R$ 57.850,30 (Cinquenta e sete


mil oitocentos e cinqüenta reais e trinta centavos).

Pede Deferimento.

Cidade M, 31 de Março de 2022.

Advogado (A)

OAB, N.

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