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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL

PREVIDENCIÁRIO DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE (CIDADE), SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE


(ESPECIFICAR)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA (ESPECIFICAR) DA SUBSEÇÃO


JUDICIÁRIA DE (CIDADE), SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE (ESPECIFICAR)

NOME DA PARTE AUTORA e qualificação, por intermédio de seu procurador, vem,


à presença de Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO DE AVERBAÇÃO DE TEMPO RURAL, contra

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, situado na (endereço) pelos


fatos e fundamentos jurídicos que ora passa a expor:

Observação: Segundo Súmula 81 da TNU não há decadência neste tipo de ação

I – DOS FATOS

A parte autora recebe o benefício de (especificar) NB (especificar), requerido em


(data), conforme carta de concessão em anexo.

A parte autora, nascido em (data), no início da sua vida laborativa exerceu a


atividade rural com seus pais e irmãos em imóvel situado na localidade de (endereço).

A parte autora começou a trabalhar nas atividades rurais quando ainda criança (aos
12 anos de idade). Essas atividades rurais eram exercidas pelo grupo familiar da parte autora
em terras próprias sem a ajuda permanente de empregados ou mão-de-obra. Em suma, a
atividade rural da família consistia na plantação de (especificar), criação de (especificar).

Os produtos agrícolas cultivados na propriedade rural da família eram


comercializados no comércio local (especificar) após a reserva do necessário para o consumo
próprio.

Em (data) a parte autora deixou a atividade rural e passou a laborar em atividades


urbanas.
A parte autora constatou que com a soma do tempo de trabalho rural e urbano
contava em (data do requerimento administrativo no INSS), com (soma do período) de tempo
de serviço. Suficiente, portanto, para a obtenção do benefício de aposentadoria por tempo de
contribuição, nos termos do art. 201, § 7º, inciso I da Constituição Federal.

II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

1 - REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO

Em (data do requerimento administrativo no INSS) a parte autora protocolou na


Agência de Previdência Social – APS de (cidade), pedido de aposentadoria por tempo de
contribuição e na data previamente agendada requereu o cômputo do período laborado como
segurado especial anterior a 1991, consoante se infere da cópia do processo administrativo nº
(especificar) que junta à presente ação.

Destaca-se que, o INSS após analisar o processo administrativo, deferiu o pedido de


aposentadoria por tempo de contribuição – B42, sob o nº (especificar) com (especificar tempo)
de tempo de serviço na data de entrada do requerimento administrativo, conforme carta de
concessão em anexo.

Conforme se depreende do termo de homologação de atividade rural expedido pelo


INSS foram homologados os seguintes períodos: (informar data dos períodos). De outra sorte,
não foram homologados os seguintes períodos: (informar data dos períodos) pelos seguintes
motivos (descrever), conforme documento em anexo.

A decisão retro, reproduzida e o cálculo de tempo de serviço elaborado pelo INSS


demonstram que foi desconsiderado o período de (especificar início e fim), em que a parte
autora exerceu a atividade rural em regime de economia familiar, ou seja, período dos 12
(doze) aos 14 (quatorze) anos de idade.

A parte autora não concorda com a contagem de tempo de contribuição realizada


pelo INSS. Por isso, recorre ao Poder Judiciário a fim de ver satisfeita a sua pretensão de obter o
benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, mediante a inclusão do período rural
desconsiderado pelo INSS no processo administrativo, compreendido entre (especificar início e
fim).

A parte autora também pretende cobrar as parcelas vencidas, devidas desde a data
da postulação administrativa do benefício (data do agendando do requerimento
administrativo).

2. COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL NO PERÍODO DE (DATA) (12 ANOS


DE IDADE) ATÉ (DATA)
Os fatos jurídicos podem ser provados por todos os meios de prova em direito
admitidos, consoante está disciplinado no arts. 212 a 232 do Código Civil e arts. 332 a 443 do
Código de Processo Civil.

No âmbito previdenciário e no que interessa ao presente caso, o art. 106 da Lei nº


8.213/91, estabelece o seguinte:

Art. 106.  A comprovação do exercício de atividade rural será feita, alternativamente, por meio
de: (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008)
I – contrato individual de trabalho ou Carteira de Trabalho e Previdência Social; (Redação dada
pela Lei nº 11.718, de 2008)
II – contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural; (Redação dada pela Lei nº 11.718, de
2008)
III – declaração fundamentada de sindicato que represente o trabalhador rural ou, quando for o
caso, de sindicato ou colônia de pescadores, desde que homologada pelo Instituto Nacional do
Seguro Social – INSS; (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008)
IV – comprovante de cadastro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, no
caso de produtores em regime de economia familiar; (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008)
V – bloco de notas do produtor rural; (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008)
VI – notas fiscais de entrada de mercadorias, de que trata o § 7o do art. 30 da Lei no 8.212, de 24 de
julho de 1991, emitidas pela empresa adquirente da produção, com indicação do nome do
segurado como vendedor; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
VII – documentos fiscais relativos a entrega de produção rural à cooperativa agrícola, entreposto
de pescado ou outros, com indicação do segurado como vendedor ou consignante; (Incluído pela
Lei nº 11.718, de 2008)
VIII – comprovantes de recolhimento de contribuição à Previdência Social decorrentes da
comercialização da produção; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
IX – cópia da declaração de imposto de renda, com indicação de renda proveniente da
comercialização de produção rural; ou (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
X – licença de ocupação ou permissão outorgada pelo Incra. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

O artigo em tela tem regulamentação no art. 62 do Decreto nº 3.048/99


(Regulamento dos Benefícios da Previdência Social), que, inclusive, em seu § 2º, inciso II trouxe,
exemplificativamente, um rol de documentos que podem servir de prova plena do exercício de
atividade a ser contado como tempo de serviços. Nesse sentido também é a jurisprudência
predominante do Superior Tribunal de Justiça - STJ, senão vejamos:

PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO DE APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL.


DEMONSTRAÇÃO DA QUALIDADE DE RURÍCOLA. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. CARTEIRA DE
SINDICATO RURAL. HOMOLOGAÇÃO PELO INSS. DESNECESSIDADE. LIVRE CONVENCIMENTO DO
JUIZ.
1. A jurisprudência está consolidada no sentido de que, para fins de obtenção de
aposentadoria por idade em juízo, não se mostra razoável exigir do trabalhador rural que
faça prova material plena e cabal do exercício de sua atividade campesina, bastando, para
tanto, que produza ao menos um início de prova material.
2. A título de início de prova material, a carteira de filiação a sindicato de trabalhadores rurais
erige-se em documento hábil a sinalizar a condição de rurícola de seu detentor, prestando-se a
prova testemunhal para complementar e ampliar a força probante do referido documento
particular (Súmula 149/STJ).
3. O rol de documentos previsto no art. 106 da Lei nº 8.213/91 é meramente
exemplificativo, vinculando a administração previdenciária, mas não a atividade
jurisdicional.
4. Enquanto destinatário da prova, cabe ao juiz emprestar-lhe motivada e contextualizada
valoração, como decorrência do princípio da persuasão racional (art. 131 do CPC), devendo-se,
nessa vertente, compreender a prova como sendo "...o instrumento processual adequado a permitir
que o juiz forme convencimento sobre os fatos que envolvem a relação jurídica objeto da atuação
jurisdicional" (WAMBIER, Luiz Rodrigues e TALAMINI, Eduardo. Curso avançado de processo civil.
13. ed. São Paulo: RT, 2013, vol. 1, p. 497).
5. Recurso especial do camponês a que se dá parcial provimento, para os fins explicitados no
dispositivo do acórdão.
(STJ, 1ª Turma, REsp 1378518 / MG RECURSO ESPECIAL, Relator: Ministro SÉ RGIO KUKINA,
publicado no DJe de 17/03/2015).
PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. COMPROVAÇÃO DO LABOR RURAL POR MEIO DE
INÍCIO DE PROVA MATERIAL COMPLEMENTADA POR PROVA TESTEMUNHAL. AGRAVO PROVIDO.
AGRAVO REGIMENTAL DO INSS DESPROVIDO.
1. A CF/88 incluiu o trabalhador do campo no Regime Geral de Previdência Social, nos termos do
art. 201, § 7o., II, tendo a Lei 8.213/91, que regula os Benefícios da Previdência Social, estabelecido
um período de transição em que o trabalhador rural que já integrava o sistema de previdência
social encontra-se dispensado do recolhimento das contribuições necessárias ao reconhecimento
do tempo de atividade agrícola.
2. A Lei 8.213/91 dispõe em seu art. 143 que será devida aposentadoria por idade ao trabalhador
rural que completar 60 anos de idade, se homem, e 55 anos de idade, se mulher, além de comprovar
o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior
ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência.
3. O art. 55, § 3o. e o art. 106, parágr. único da Lei 8.213/91 elencam os documentos
necessários à comprovação do exercício de atividade rural, ressalvando não ser admitida
prova exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso
fortuito. Esta Corte já pacificou entendimento de que o rol previsto no citado art. 106 da Lei
8.213/91 é meramente exemplificativo.
4. A concessão de aposentadoria rural possui relevante valor social, uma vez que busca amparar o
obreiro rural por meio de distribuição da renda pela via da assistência social. Dessa forma, não se
deve aplicar rigor excessivo na comprovação da atividade rurícola, sob pena de tornar-se
infactível, em face das peculiaridades que envolvem o trabalhador do campo, que normalmente
não dispõe de documentos que comprovem sua situação. Diante dessa situação, conforme
orientação jurisprudencial do STJ, para a demonstração do exercício de trabalho rural não se exige
que a prova material abranja todo o período de carência exigido pelo art. 142 da Lei 8.213/91,
sendo necessário apenas início de prova material complementado por prova testemunhal
5. In casu, o Magistrado de 1o. grau entendeu que os depoimentos colhidos em juízo aliados à
prova material conseguiram demonstrar de forma idônea, harmônica e precisa o labor rural
exercido pela autora.
6. Contudo, o Tribunal a quo não reconheceu o direito ao benefício, por entender que a parte
autora não apresentou prova material contemporânea aos fatos alegados, não abrangendo
também todo o período de carência, o que, como visto, vai de encontro ao entendimento
jurisprudencial do STJ, que permite que a prova testemunhal amplie o período constante da prova
material, como no caso.
7. A decisão agravada não reexaminou as provas constantes dos autos, tendo adotado os fatos tais
como delineados pelas instâncias ordinárias.
8. Agravo Regimental do INSS desprovido.

(STJ, 1ª Turma, AgRg no AgRg no AREsp 591005 / SP AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO


REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2014/0227482-8, Relator(a) Ministro
NAPOLEÃ O NUNES MAIA FILHO, publicado no DJe de 21/05/2015)

AGRAVO REGIMENTAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. INÍCIO DE


PROVA MATERIAL. DOCUMENTOS EM NOME DO EX-CÔNJUGE. EXTENSÃO DA PROVA MESMO
APÓS A SEPARAÇÃO.
1. Dada a notória dificuldade de comprovação do exercício da atividade rural, esta Corte Superior
de Justiça considera o rol de documentos previsto no art. 106 da Lei n. 8.213/1991 como
meramente exemplificativo. Nesse sentido, já se manifestou inúmeras vezes pela possibilidade de
reconhecimento como início de prova material da certidão de óbito do cônjuge, bem como da
certidão de casamento, mesmo que não coincidentes com todo o período de carência do benefício,
desde que devidamente referendados por robusta prova testemunhal que corrobore a observância
do período legalmente exigido.
2. Esta Terceira Seção já se manifestou pela aceitação, a título de início de prova material, de
documentos relativos à qualificação do então marido da autora, mesmo diante da separação ou do
divórcio do casal, quando as informações contidas na documentação foi confirmada pela prova
testemunhal. Precedentes.
3. Agravo regimental improvido. (AgRg no AREsp 47.907/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS
JÚNIOR, SEXTA TURMA, DJe 28/03/2012).

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO.


TEMPO DE SERVIÇO RURAL. RECONHECIMENTO. INÍCIO RAZOÁVEL DE PROVA MATERIAL. PROVA
TESTEMUNHAL. PERÍODO DE CARÊNCIA. COMPROVAÇÃO. AGRAVO DESPROVIDO.
1. Para fins de concessão de aposentadoria rural por idade, a lei não exige que o início de prova
material se refira precisamente ao período de carência do art. 143 da Lei n.º 8.213/91, desde que
robusta prova testemunhal amplie sua eficácia probatória, como ocorre na hipótese em apreço.
2. Este Tribunal Superior, entendendo que o rol de documentos descrito no art. 106 da Lei n.º
8.213/91 é meramente exemplificativo, e não taxativo, aceita como início de prova material do
tempo de serviço rural as Certidões de óbito e de casamento, qualificando como lavrador o cônjuge
da requerente de benefício previdenciário.
3. In casu, a Corte de origem considerou que o labor rural da Autora restou comprovado pela
certidão de casamento corroborada por prova testemunhal coerente e robusta, embasando-se na
jurisprudência deste Tribunal Superior, o que faz incidir sobre a hipótese a Súmula n.º 83/STJ.
4. Agravo regimental desprovido (AgRg no Ag 1.399.389/GO, Rel. Min. Laurita Vaz, Quinta Turma,
julgado em 21/6/2011, DJe 28/6/2011)

Portanto, segundo a legislação que disciplina a matéria, a comprovação do exercício


de atividade rural pode ser realizada, alternativamente, por qualquer das formas retro
relacionadas.

Os documentos abaixo relacionados (ordenados em função do tempo – do mais


antigo ao mais recente) constituem início de prova material suficiente para demonstrar o
efetivo exercício de atividade rural pela parte autora durante o período de (especificar):

 Incra
 Certidão nascimento

Diante de tais documentos e circunstâncias fica demonstrado que é totalmente


inconsistente a negativa do INSS em computar na contagem do tempo de serviço da parte
autora o período de atividade rural compreendido entre (especificar), em que o segurado
efetivamente exerceu a atividade rural em regime de economia familiar.

Reafirme-se, ainda, que os documentos em nome dos genitores também


constituem início de prova material. Vejamos a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça –
STJ:

PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO.


RECONHECIMENTO DE ATIVIDADE RURAL. DOCUMENTOS EM NOME DOS GENITORES.
ADMISSIBILIDADE COMO INÍCIO DE PROVA MATERIAL. EXIGÊNCIA DE CONTEMPORANEIDADE À
ÉPOCA DOS FATOS ALEGADOS. HIPÓTESE NÃO VERIFICADA NOS AUTOS. INAPLICABILIDADE DA
SÚMULA 7/STJ.

1. Não subsiste a alegação de que o recurso especial não deveria ter sido conhecido em razão do
óbice contido na Súmula 7/STJ, pois a análise do disposto no art. 106 da Lei nº 8.213/1991 que
descreve os documentos que se inserem no conceito de início de prova material hábil a
comprovação do exercício de atividade rural, envolve apenas matéria de direito, consubstanciada
na valoração, e não ao reexame das provas.

2. Apesar do rol de documentos descritos no art. 106 da Lei nº 8.213/1991 ser meramente
exemplificativo, sendo admissíveis, portanto, outros documentos, além dos previstos no
mencionado dispositivo, o fato é que, para comprovação da atividade rural, só é possível
considerar documentos em nome dos genitores, como início de prova material, se forem
contemporâneos ao período de labor pretendido, situação não verificada nos autos.

3. Agravo regimental a que se nega provimento.

(STJ, 5ª Turma, AgRg no REsp 1226929 / SC AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL


2010/0228287-3, Relator Ministro MARCO AURÉ LIO BELLIZZE, publicado no DJe
14/11/2012)

RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. EXISTÊNCIA.


DOCUMENTAÇÃO EM NOME DOS PAIS. CÔMPUTO DO TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO EM
ATIVIDADE RURAL PARA FINS DE APOSENTADORIA URBANA POR TEMPO DE SERVIÇO NO
MESMO REGIME DE PREVIDÊNCIA. CONTRIBUIÇÃO RELATIVAMENTE AO PERÍODO DE
ATIVIDADE RURAL. DESNECESSIDADE. CUMPRIMENTO DO PERÍODO DE CARÊNCIA DURANTE O
TEMPO DE SERVIÇO URBANO.
(...)
4. Os documentos em nome do pai do recorrido, que exercia atividade rural em regime
familiar, contemporâneos à época dos fatos alegados, se inserem no conceito de início
razoável de prova material. " (REsp 542.422/PR, da minha Relatoria, in DJ 9/12/2003).
(REsp nº 505.429/PR, relator o Ministro Hamilton Carvalhido , DJ de 17/12/2004). Grifei

Registre-se ainda que o simples fato de estudar e de ter idade entre 12 (doze) e 14
(quatorze) anos não impede o reconhecimento do trabalho rural 1. Aliás, quanto ao termo inicial
da contagem do tempo de trabalho rural em regime de economia familiar, "a jurisprudência do
STF, do STJ e desta Seção Previdenciária é pacífica no sentido de admitir o aproveitamento do
tempo rural em regime de economia familiar a partir dos doze anos de idade consoante os
seguintes precedentes”2.
Também, não é imperativo que o início de prova material diga respeito a todo
período que se pretende provar, desde que a prova testemunhal amplie sua eficácia
probatória3. Vejamos a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça – STJ em situação
análoga:

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RURÍCOLA. APOSENTADORIA POR IDADE.


COMPROVAÇÃO DA ATIVIDADE RURAL. DENÚNCIA CRIMINAL CONTRA O ADVOGADO DA
SEGURADA. PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. INÍCIO DE PROVA
MATERIAL, RATIFICADO PELA PROVA TESTEMUNHAL. CONTEMPORANEIDADE.
DESNECESSIDADE. PRECEDENTES.

I. A circunstância de haver denúncia criminal contra o advogado que subscreveu a petição inicial,
sem menção à recorrida, não invalida as provas dos autos, haja vista a presunção de inocência,
prevista na Constituição da República.

1
TNU: Súmula nº 5 – PRESTAÇÃO DE SERVIÇO RURAL: a prestação de serviço rural por menor de 12 a 14 anos, até
o advento da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, devidamente comprovada pode ser reconhecida para fins
previdenciários.
2
STF - RE 104.654-6/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Francisco Rezek, DJU 25/4/1986 e AI 529.694-1/RS, 2ª Turma, Rel.
Min. Gilmar Mendes, DJU 11/03/2005; STJ - REsp 497724/RS, 5ª Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJU
19/6/2006 e AgRg no RESP 419601/SC, 6ª T, Rel. Min. Paulo Medina, DJU 18-04-2005; TRF4ªR - 3ª Seção, EI
2000.04.01.091675-1/RS, Rel. Des. Federal Celso Kipper, DJU 07/6/2006, EI 2000.04.01.06909-7/RS, Rel. Des. João
Batista Pinto Silveira, DJU 22/6/2005" TRF - 4ª R., 3ª Seção, Embargos Infringentes na Apelação Cível
2001.04.01.021612-5, DE de 20.06.2007, relator o Desembargador Federal Ricardo Teixeira do Valle Pereira.
3
TNU: Súmula nº 14 – Para concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova
material, corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício.
II. Embora imprescindível o início de prova documental do tempo de serviço, a lei não exige
que corresponda ele, necessariamente, ao período de carência ou a todo o período que se
pretende comprovar.

III. Havendo, nos autos, início de prova material, ratificado pela prova testemunhal, é de rigor o
reconhecimento da condição da autora como trabalhadora rural, sem que tal implique revisão de
matéria fática.

IV. Consoante a jurisprudência do STJ, "(...) as instâncias ordinárias são soberanas na análise fática
e probatória inerente ao caso. Contudo, o STJ não é impedido, a partir da realidade fática
assentada pelo Juízo a quo, de proceder à adequada qualificação jurídica do fato, em razão da
valoração, e não do reexame, da prova produzida" (STJ, AgRg no AgRg no AREsp 364.427/RJ, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 05/12/2013).

V. Agravo Regimental improvido.


(STJ, 2ª Turma, AgRg no REsp 1364417 / RJ AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL
2013/0032315-4 , Relator(a) Ministra ASSUSETE MAGALHÃ ES (1151), publicado no DJe de
08/04/2014).

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA. RURAL. ATIVIDADE LABORAL NO PERÍODO DE CARÊNCIA.


NÃO COMPROVAÇÃO. PROVA TESTEMUNHAL INCONSISTENTE. PRETENSÃO DE REEXAME DE
PROVAS. SÚMULA 7/STJ.
1. Trata-se de demanda na qual se pleiteia aposentadoria rural. Alega a agravante a presença de
diversas provas que asseguram o exercício do labor rural e, portanto, o direito a aposentadoria
especial.
2. Esta Corte Superior tem aceitado que a prova material do labor agrícola não se refere a todo o
período de carência, desde que haja robusta prova testemunhal apta a ampliar a eficácia
probatória dos documentos.
3. No caso dos autos, todavia, verifica-se que a prova testemunhal não robustece a prova material.
4. Rever o entendimento do Tribunal de origem, quanto à inexistência de início de prova material,
apta a comprovação do período de carência demandaria o reexame do conjunto fático-probatório,
providência sabidamente incompatível com a via estreita do recurso especial. (Súmula 7 do STJ).
Precedentes. Agravo regimental improvido (AgRg no REsp 1.326.665/PR, Rel. Min. Humberto
Martins, Segunda Turma, julgado em 28/8/2012, DJe 3/9/2012).

AÇÃO RESCISÓRIA. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. RURAL. COMPROVAÇÃO DA


ATIVIDADE AGRÍCOLA NO PERÍODO DE CARÊNCIA. INÍCIO DE PROVA MATERIAL AMPLIADO POR
PROVA TESTEMUNHAL. PEDIDO PROCEDENTE.
1. É firme a orientação jurisprudencial desta Corte no sentido de que, para concessão de
aposentadoria por idade rural, não se exige que a prova material do labor agrícola se refira a todo
o período de carência, desde que haja prova testemunhal apta a ampliar a eficácia probatória dos
documentos, como na hipótese em exame.
2. Pedido julgado procedente para, cassando o julgado rescindendo, dar provimento ao recurso
especial para restabelecer a sentença (AR 3.986/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
Terceira Seção, julgado em 22/6/2011, DJe 1º/8/2011).

A interpretação restritiva apregoada pelo INSS nega a condição de segurado


especial a aqueles a quem a Lei conferiu este atributo.

Além disso, com a produção de prova testemunhal, a parte autora confirmará o


exercício da atividade rural alegada.

3. NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO PARA


OUVIDA DAS TESTEMUNHAS

Conforme já devidamente asseverado não é imperativo que o início de prova


material diga respeito a todo período de carência estabelecido pelo art. 143 da Lei nº 8.213/91,
desde que a prova testemunhal amplie sua eficácia probatória.

Essa prova testemunhal tem o intuito de comprovar a continuidade do labor rural


da parte autora e a forma que a atividade é desempenhada.

Destarte, entende-se necessária a realização de audiência de instrução e


julgamento, por se tratar de matéria que proclama prova testemunhal.

O direito ao contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes


(art. 5º, inciso LV da Constituição Federal) prevê a produção de todos os meios probatórios, em
especial, no presente caso, a prova testemunhal.

Nesse sentido é a jurisprudência:

RECURSO CÍVEL. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA POR IDADE.


TRABALHADOR RURAL. PROVA TESTEMUNHAL. CERCEAMENTO DE DEFESA CARACTERIZADA.
NULIDADE DA SENTENÇA.
1. Tratando-se de pedido de concessão de aposentadoria por idade rural, que exige comprovação
do exercício de atividade rurícola, ainda que descontínua, no período correspondente à carência do
benefício, caracteriza cerceamento de defesa a não realização de audiência, utilizando-se como
prova emprestada depoimentos desfavoráveis colhidos em processo anterior de restabelecimento
de auxílio-doença.
2. Recurso provido, anulando-se a sentença. Processo nº: 201070600019106. Relatora: Juíza
Federal Flavia da Silva Xavier. DJ Curitiba, 21 de novembro de 2011.

Ressalvo, por oportuno, que pelo princípio do livre convencimento motivado, o


Douto Juízo pode recorrer a elementos de convencimento diversos, como a prova emprestada
de outros processos, por exemplo, sem, contudo, afrontar os direitos fundamentais garantidos
em sede constitucional.

Evidentemente não se sustenta que a prova emprestada ou a análise tão somente


da prova material não possa ser usada como convicção do magistrado. Entretanto, a celeridade
e informalidade dos Juizados Especiais não serve como justificativa para impedir que a parte
possa exercer seus direitos processuais de produção de provas e não se sobrepõe às garantias
constitucionais do contraditório e ampla defesa.

4. POSSIBILIDADE DE AGREGAR AO TEMPO DE SERVIÇO O PERÍODO DE TRABALHO RURAL

A Constituição Federal, ao assegurar a igualdade entre as populações urbanas e


rurais, permitiu, para efeito de aposentadoria, a contagem do tempo de serviço na atividade
urbana e rural, de modo irrestrito, a partir da vigência da Lei nº 8.213/91 e da Lei nº 8.212/91. É
o que deflui da redação do art. 55, § 2º, da Lei nº 8.213/91:

Art. 55. O tempo de serviço será comprovado na forma estabelecida no Regulamento,


compreendendo, além do correspondente às atividades de qualquer das categorias de segurados de
que trata o art. 11 desta Lei, mesmo que anterior à perda da qualidade de segurado:
(...)
§ 2º O tempo de serviço do segurado trabalhador rural, anterior à data de início de vigência
desta Lei, será computado independentemente do recolhimento das contribuições a ele
correspondentes, exceto para efeito de carência, conforme dispuser o Regulamento.
Importante referir que os períodos laborados em atividade rural consideram-se
tempo de contribuição, consoante demonstra o art. 60, inciso X do Decreto nº 3.048/99:

Art. 60. Até que lei específica discipline a matéria, são contados como tempo de contribuição, entre
outros:
(...)
X - o tempo de serviço do segurado trabalhador rural anterior à competência novembro de
1991;

E ainda, em decorrência do citado artigo, o tempo de serviço do trabalhador rural


anterior a competência novembro de 1991, pode ser computado independentemente de
indenização4. Vejamos a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça – STJ:

PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DECLARATÓRIOS RECEBIDOS COMO AGRAVO


REGIMENTAL. INSTRUMENTALIDADE RECURSAL. TEMPO RURAL. AVERBAÇÃO. APOSENTADORIA
POR TEMPO DE SERVIÇO. PERÍODO POSTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI DE BENEFÍCIOS.
RECOLHIMENTO. IMPRESCINDIBILIDADE.
PRECEDENTES. SÚMULA 83/STJ.
1. Quando os embargos declaratórios são utilizados na pretensão de revolver todo o julgado, com
nítido caráter modificativo, podem ser conhecidos como agravo regimental, em vista da
instrumentalidade e a celeridade processual.
2. Conforme jurisprudência do STF, a dispensa dos recolhimentos de contribuições
previdenciárias para averbação do tempo de serviço rural é legal tão somente em relação a
período anterior à Lei n. 8.213/91, de modo que, quanto ao período posterior, o
recolhimento é imprescindível. Súmula 83/STJ. Agravo regimental improvido.
(STJ, 2ª Turma, EDcl no REsp 1423408 / SC EMBARGOS DE DECLARAÇÃ O NO RECURSO
ESPECIAL 2013/0398543-8 , Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, publicado no DJe
24/02/2014)

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO RESCISÓRIA. SÚMULA 343/STF. INAPLICABILIDADE.


CONTAGEM DO TEMPO DE SERVIÇO RURAL PARA APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. RGPS.
RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES. DESNECESSIDADE.
1. É inaplicável a Súmula 343/STF quando a questão controvertida possui enfoque constitucional.
2. Dispensa-se o recolhimento de contribuição para averbação do tempo de serviço rural em
regime de economia familiar, relativo a período anterior à Lei n. 8.213/1991, para fins de
aposentadoria por tempo de contribuição pelo Regime Geral da Previdência Social (RGPS).
3. Ação rescisória procedente.
(STJ, 3ª Seção, AR 3902 / RS, AÇÃO RESCISÓRIA 2007/0308089-6, Relator(a) Ministro SEBASTIÃO REIS
JÚNIOR, publicado no DJe 07/05/2013)

PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO RESCISÓRIA. ART. 485, V E IX, DO CPC. SÚMULA 343/STF.


INAPLICABILIDADE. CONTAGEM DO TEMPO DE SERVIÇO RURAL PARA APOSENTADORIA
URBANA. RGPS. RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÃO. DESNECESSIDADE.
1. É inaplicável a Súmula 343/STF quando o acórdão rescindendo resulta de interpretação
equivocada da situação fática contida nos autos, bem como quando a questão controvertida
remonta à Constituição Federal.
2. Dispensa-se o recolhimento de contribuição previdenciária para averbação do tempo de serviço
rural relativo a período anterior à Lei n. 8.213/1991, para fins de aposentadoria urbana pelo
Regime Geral da Previdência Social (RGPS).

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TNU: Súmula nº 24 – O tempo de serviço do segurado trabalhador rural anterior ao advento da Lei nº 8.213/91,
sem o recolhimento de contribuições previdenciárias, pode ser considerado para a concessão de benefício
previdenciário do Regime Geral de Previdência Social – RGPS, exceto para efeito de carência, conforme a regra do
art. 55, § 2º, da Lei nº 8.213/91.
3. Ação rescisória procedente. AÇÃO RESCISÓRIA Nº 3.393 - RS (2005/0130066-1) Rel. Ministro
Sebastião Reis Júnior. Brasília, 24 de outubro de 2012 (data do julgamento).

Destarte, é devido a averbação do tempo rural no período de (especificar).

III – DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer a Vossa Excelência:

a) Conhecer do presente feito determinando as diligências necessárias;

b) A citação do INSS, na pessoa de seu representante legal (Procurador Autárquico),


o qual pode ser encontrado (endereço), para, querendo, contestar a presente ação, sob pena
de revelia e confissão;

c) Deferir a produção de provas elencadas no art. 212 do Código Civil, notadamente


a ouvida de testemunhas adiante arroladas, para comprovação do exercício de atividade rural,
expedindo-se, para tanto, carta precatória para a Comarca (especificar), a fim de que as
testemunhas sejam ouvidas no Juízo de seu domicílio;

d) Julgar procedente a presente ação de averbação de tempo rural anterior a 1991


para:

I – DECLARAR, suficientemente comprovado o exercício de atividade rural pela


parte autora durante o período de (data) (12 aos 14 anos de idade), assegurando a contagem
do referido tempo de serviço no cálculo da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria
por tempo de contribuição (NB nº ...)

II – CONDENAR, por consequência, o INSS a conceder a parte autora o benefício de


aposentadoria por tempo de contribuição com a integração do tempo de atividade rural
averbado e com início na data de sua postulação administrativa, em (data do agendamento da
averbação ou aposentadoria, se for o caso);

e) Condenar o INSS a pagar a parte autora as prestações vencidas (data) e as


vincendas, relativas ao computo do período averbado na aposentadoria por tempo de
contribuição, corrigidos monetariamente, desde o vencimento de cada parcela até a data de
sua efetiva liquidação;

f) Pagar à parte autora os valores atrasados via RPV, respeitada a prescrição


quinquenal, com a correção monetária pelo IPCA desde o vencimento de cada parcela,
acrescida do índice integral da poupança (TR e juros), a contar da citação, conforme decidido
pela Primeira Seção do STJ, em julgamento submetido ao rito dos recursos repetitivos (Resp n.
1.270.439 - DJE 01-08-2013);

g) A condenação do INSS no pagamento das custas processuais e honorários


advocatícios no valor de 30% (trinta por cento) da condenação, em face das peculiaridades do
presente caso, sua complexidade e trabalho despendido pelos advogados que subscrevem a
presente;

h) A concessão do benefício JUSTIÇA GRATUITA, por  não ter a parte autora como
arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo de seu sustento;

i) Requer-se, com base no art. 22, § 4º da Lei n.º 8.906/94, que, ao final da presente
demanda, caso sejam encontradas diferenças em favor da parte autora, quando da expedição
da RPV ou do precatório, os valores referentes aos honorários contratuais (contrato de
honorário em anexo) sejam expedidos em nome do presente procurador, assim como os
eventuais honorários de sucumbência;

Dá-se à causa o valor de (art. 292, § 1º e 2º do novo CPC).

Pede deferimento.

Data....

ROL DE TESTEMUNHAS:

Art. 450 - O rol de testemunhas conterá, sempre que possível, o nome, a profissão,
o estado civil, a idade, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas, o número de
registro de identidade e o endereço completo da residência e do local de trabalho.

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