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COLEGIADO DO CURSO DE DIREITO

DISCIPLINA: DIR551 - Direito da Seguridade Social


DOCENTE: LETÍCIA EÇA

ATIVIDADE AVALIATIVA

DIR551 - DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL

JEQUIÉ -BA
2023
ATIVIDADE AVALIATIVA –
DIR551 - DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL

Atividade apresentada como requisito parcial para fins


avaliativos da Disciplina DIR551 - Direito da Seguridade
Social, do Curso de Direito, do Centro Universitário de
Excelência (UNEX), ministrada pela Prof.ª Letícia Eça.

JEQUIÉ -BA
2023
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
EQUIPE DE TRABALHO - BENEFÍCIO DE PENSÃO POR MORTE DA 1ª REGIÃO

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DO(A) 15ª VARA FEDERAL DE JUIZADO


ESPECIAL CÍVEL DA SJBA

Processo nº 22258-55.2023.4.01.3300

REQUERENTE(S): MARIA SILVA SANTOS


REQUERIDO(S): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, pessoa jurídica de


direito público, representado(a) pelo membro da Advocacia-Geral da União infra assi-
nado(a), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar:

CONTESTAÇÃO

aos termos da ação em epígrafe, fazendo-o na forma das razões a seguir


deduzidas.

I – SÍNTESE FÁTICA

Ajuizou a parte autora a presente ação a fim de ver concedida pensão por
morte em decorrência do falecimento do segurado indicado na inicial, José Silveira Santos.
Alega fazer jus ao benefício pleiteado em razão de ser dependente do falecido, que detinha
qualidade de segurado.
A pensão por morte é o benefício previdenciário pago aos dependentes do
segurado que falecer, sendo os seguintes requisitos necessários para a sua concessão: (a)
o óbito; (b) a qualidade de segurado do falecido; (c) a dependência econômica em relação
ao segurado falecido.
Não comprovado o preenchimento de um dos requisitos previstos na legisla-
ção, qualidade de segurado do falecido, não há como conceder o benefício de pensão
por morte. É o caso dos autos, de modo que o pleito autoral não merece guarida, conforme
fatos e fundamentos que se passa a demonstrar.

II - DO DIREITO
DOS REQUESITOS LEGAIS À PERCEPÇÃO DO BENEFÍCIO PLEITEADO

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A pensão por morte é o benefício pago aos dependentes do segurado, que
falecer, aposentado ou não, conforme previsão do art. 201, V, da Constituição Federal,
regulamentada pelo art. 74, da n° Lei 8.213/91 e pelo art. 105 do Decreto n° 3.048/99.
Três são os requisitos para a concessão da pensão por morte:
a) o óbito;
b) a qualidade de segurado do falecido;
c) a dependência econômica em relação ao segurado falecido.
Presentes tais requisitos, devida será a concessão do benefício aos depen-
dentes habilitados.
IN CASO, como mencionado no início, a requerente contesta ser dependente
do falecido e que este era segurado da previdência. Nota-se que a autora alega ser o Sr.
José Silveira Santos trabalhador rural, tendo este trabalhado desde infância cultivando e
plantando em lavoura.
Conforme o art. 11, inciso VII, da Lei 8213/91:

Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
(...)
VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado
urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar,
ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de: (Redação dada
pela Lei nº 11.718, de 2008)
a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro ou-
torgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: (Incluído
pela Lei nº 11.718, de 2008)
1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais; (Incluído pela Lei nº
11.718, de 2008)
2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nos termos do inciso
XII do caput do art. 2º da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o
principal meio de vida; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pesca profissão habitual ou
principal meio de vida; e (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a
este equiparado, do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, compro-
vadamente, trabalhem com o grupo familiar respectivo. (Incluído pela Lei nº
11.718, de 2008)

Observa-se que o regime de economia familiar, do qual a lei trata refere-se a ativi-
dade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e
ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mú-
tua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes.
Os documentos que a parte autora junta para corroborar para a concessão da Pen-
são são:
I – Notas fiscais dos anos de 2010 a 2022;
II- Certidão de propriedade de imóvel rural;
III- Documento do sindicato do trabalhador rural.
IV - Certidão de casamento;

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V - Certidão de nascimento dos filhos;
VI - Documentos da atividade rural e fotos do decorrer dos anos.
Contudo, a Certidão de Propriedade está em nome de seu sogro. As notas fiscais
dos anos de 2010 a 2022, não são suficientes para comprovarem as 180 contribuições
devidas, utilizando-se assim da Súmula 416, STJ. Neste sentido, o falecido não preen-
cheu os requisitos legais para a obtenção de aposentadoria até a data do óbito.

Súmula 416, STJ – É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado que, ape-
sar de ter perdido essa qualidade, preencheu os requisitos legais para a obtenção de apo-
sentadoria até a data do seu óbito. (Súmula 416, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
09/12/2009, DJe 16/12/2009)

Quanto ao documento do sindicato do trabalhador rural como evidências de que o


falecido estava envolvido em atividades agrícolas, ressalto que esse documento é, isola-
damente, irrelevante para a conclusão da qualidade de segurado especial.
Em relação aos documentos que comprovam a união da requerente com o falecido,
como a Certidão de casamento e a Certidão de nascimento dos filhos, não são provas da
qualidade de segurado especial, pois na Certidão dos filhos, o falecido consta como co-
merciante, apesar do local do nascimento ser a zona rural, assim como na Certidão de ca-
samento.
Ademais um dos filhos do casal, trabalha em zona urbana de Ilhéus, aferindo renda
no valor de R$ 2.000,00 reais. Sendo assim, a renda desse componente tem repercussão
importante no grupo de modo a tornar o trabalho rural dispensável ou meramente comple-
mentar. (STJ. REsp 1304479/SP, regime recurso repetitivo – art. 543-C do CPC).
Diante o exposto, requer o INSS a improcedência da demanda.

III – DO PEDIDO

Por todo o exposto, levando em consideração as razões de fato e de direito


ao longo desta expendidos, requer o INSS:
1. seja a presente contestação recebida e processada, por tempestiva e re-
gular;
2. a intimação da parte autora para que, sob pena de extinção da ação, re-
nuncie expressamente aos valores que excedam ao teto de 60 (sessenta) salários mínimos
na data da propositura da ação e que, eventualmente venham a ser identificados ao longo
do processo, inclusive em sede de execução (renúncia expressa condicionada), se ainda
não o fez.
3. a manutenção do indeferimento da antecipação dos efeitos da tu-
tela pleiteada tendo em vista a ausência de seus requisitos especialmente o referente à
urgência e à probabilidade do direito;

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4. sejam declarados improcedentes os pedidos formulados na exor-
dial, POIS O INSS NÃO PODERIA TER JULGADO DE OUTRO MODO DIANTE DA INS-
TRUÇÃO DO PEDIDO QUE LHE FOI APRESENTADO, condenando-se a parte autora
nos ônus da sucumbência, incluindo os honorários advocatícios, vez que a condição de
beneficiária da assistência gratuita não impede essa condenação a teor do disposto no art.
12 da Lei 1.060/1950 e §3º, do art. 85 do NCPC.

São os termos da contestação

Pede deferimento.

Salvador (BA), 02 de novembro de 2023.

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Procuradora Federal

JEQUIÉ -BA
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