O documento descreve uma ação judicial movida contra o INSS para concessão de benefício previdenciário de aposentadoria por idade rural. O autor alega ter trabalhado como agricultor em regime de economia familiar desde tenra idade e preencher os requisitos para o benefício, mas teve o pedido indeferido administrativamente. Solicita que o benefício seja concedido judicialmente de forma retroativa.
O documento descreve uma ação judicial movida contra o INSS para concessão de benefício previdenciário de aposentadoria por idade rural. O autor alega ter trabalhado como agricultor em regime de economia familiar desde tenra idade e preencher os requisitos para o benefício, mas teve o pedido indeferido administrativamente. Solicita que o benefício seja concedido judicialmente de forma retroativa.
O documento descreve uma ação judicial movida contra o INSS para concessão de benefício previdenciário de aposentadoria por idade rural. O autor alega ter trabalhado como agricultor em regime de economia familiar desde tenra idade e preencher os requisitos para o benefício, mas teve o pedido indeferido administrativamente. Solicita que o benefício seja concedido judicialmente de forma retroativa.
VARA FEDERAL CÍVEL/PREVIDENCIÁRIA DA SUBSEÇÃO DE ... DO ESTADO ...
O/A AUTOR(A), nacionalidade, estado civil (indicar se há união estável),
profissão, portador(a) do documento de identidade sob o n.º... e CPF sob o n.º..., e-mail..., residente e domiciliado(a) na Rua..., Bairro..., Cidade..., Estado..., vem a presença de Vossa Excelência, propor
AÇÃO PARA CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO
em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pessoa
jurídica de direito público, inscrito no CNPJ n. 16.727.230.0001-97, na pessoa do seu representante legal, com sede na Rua..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., pelas razões e motivos de fato e de direito. 1. FATOS
O Autor atualmente tem ... anos de idade, é trabalhador rural e
segurado especial do Regime Geral de Previdência Social.
Inicialmente nas terras dos seus pais e, posteriormente, em terras
próprias, o Autor desde tenra idade laborou como agricultor em regime de economia familiar, circunstância que, somada a sua idade, autorizam a concessão do benefício de aposentadoria por idade rural.
Ciente disso, o Autor requereu a concessão do benefício de
aposentadoria por idade junto ao INSS, em .../.../... (DER), com o NB 41/... .
Após comparecer à Agencia da Previdência Social na data marcada,
levando todos os documentos necessários, o Autor restou surpreendido quando recebeu correspondência avisando-o de que a Autarquia Previdenciária indeferiu o pedido apresentado, sob a fundamentação de que aquele não havia demonstrado o exercício da atividade rural, nem cumprido a carência mínima exigida, conforme Comunicado de Decisão anexo.
Entretanto, conforme já asseverado anteriormente, o Autor passou
toda sua vida laborando em meio rural, juntamente com sua família, conforme demonstram os documentos anexos, superando, em muito, a carência mínima exigida para a concessão do benefício em discussão.
Deste modo, equivocou-se o INSS ao proferir a decisão de
indeferimento, razão pela qual o Autor propõe a presente demanda, com o objetivo de ver seu lídimo direito reconhecido em sede judicial.
Grifa-se que a parte Autora requer que lhe seja garantida a
implantação do benefício previdenciário em sua forma mais vantajosa, devendo o INSS proceder o pagamento das parcelas vencidas desde a DER (originária ou relativizada), com a incidência dos consectários legais: correção monetária pelo INPC e juros de mora de 1% ao mês. 2. FUNDAMENTOS DE DIREITO
A aposentadoria por idade rural deve ser apreciada através da
análise conjunta de diversos dispositivos legais, notadamente o inciso VII do artigo 11, artigo 48, §§1º e 2º e artigo 25, II, todos da Lei n.º 8.213/91, in verbis:
Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as
seguintes pessoas físicas: [...] VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de: a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: 1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) 2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nos termos do inciso XII do caput do art. 2º da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio de vida; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida; e (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este equiparado, do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar respectivo. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) § 1º Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes.
Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que,
cumprida a carência exigida nesta Lei, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta), se mulher. § 1º Os limites fixados no caput são reduzidos para sessenta e cinqüenta e cinco anos no caso de trabalhadores rurais, respectivamente homens e mulheres, referidos na alínea a do inciso I, na alínea g do inciso V e nos incisos VI e VII do art. 11. § 2º Para os efeitos do disposto no § 1º deste artigo, o trabalhador rural deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefício pretendido, computado o período a que se referem os incisos III a VIII do § 9º do art. 11 desta Lei.
Art. 25. A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de
Previdência Social depende dos seguintes períodos de carência, ressalvado o disposto no art. 26: [...] II - aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de serviço e aposentadoria especial: 180 contribuições mensais. Por fim, determina o art. 143 da Lei n. 8.213/91 que:
Art. 143. O trabalhador rural ora enquadrado como segurado
obrigatório no Regime Geral de Previdência Social, na forma da alínea "a" do inciso I, ou do inciso IV ou VII do art. 11 desta Lei, pode requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contados a partir da data de vigência desta Lei, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência do referido benefício.
Da análise dos artigos supracitados, pode-se concluir que para a
concessão do benefício de aposentadoria por idade rural são necessários o preenchimento dos seguintes requisitos:
1) Idade mínima de 55 anos para mulher e 60 anos para homem e;
2) Comprovação de exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, por tempo igual ao número de meses correspondentes à carência exigida nas aposentadorias em geral, sendo, porém, dispensável o recolhimento de contribuições.
Na hipótese, o Autor preenche todos os requisitos necessários à
concessão do benefício de aposentadoria por idade rural, uma vez que já completou ... anos de idade, tendo nascido em .../.../..., sendo que o requerimento administrativo ocorreu em ... (DER).
De outro norte, no que toca à prova do exercício da atividade rural,
na condição de segurado especial, como regra geral, exige-se, pelo menos, início de prova material (documental), complementado por prova testemunhal idônea (precedente: STJ - REsp 1.348.633/SP, Primeira Seção, Rel.Ministro Arnaldo Esteves Lima, julgado em 28/08/2013).
Aliás, a relação de documentos referida no art. 106 da Lei n.
8.213/1991 é apenas exemplificativa, sendo admitidos, como início de prova material, quaisquer documentos que indiquem, direta ou indiretamente, o exercício da atividade rural, inclusive em nome de outros membros do grupo familiar (precedentes: STJ, AgRg no AREsp 31.676/CE, Quinta Turma, Rel. Ministro Gilson Dipp, julgado em 28/08/2012). No caso concreto o Autor sempre laborou em regime de economia familiar. A fim de fazer prova do exercício de atividade rural, acosta aos autos os seguintes documentos:
a) cópia da certidão de casamento ...;
b) cópia da certidão de óbito ...;
c) cópia de contrato de parceria agrícola ...;
d) cópia de notas de produtor rural ...;
e) ...
Ressalta-se, ainda, que o início de prova material não precisa
abranger todo o período cujo reconhecimento é postulado. Em decisão proferida no Recurso Especial 1.348.633/SP, que seguiu o rito dos recursos repetitivos, o STJ firmou entendimento de que as provas testemunhais, tanto do período anterior ao mais antigo documento quanto do posterior ao mais recente, são válidas para complementar o início de prova material do tempo de serviço rural.
Outrossim, cabe destacar que a oitiva de testemunhas permite a
corroboração das provas documentais, bem como, permite a extensão da eficácia probatória das mesmas, neste sentido é a jurisprudência do STJ: AgRg no AREsp: 434922 PR 2013/0383261-9, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data de Julgamento: 25/02/2014, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 07/03/2014 - REsp 1348633/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/08/2013, DJe 05/12/2014.
Desta forma, a parte Autora requer seja designada audiência de
instrução e julgamento para colheita do seu depoimento pessoal e de suas testemunhas, as quais serão arroladas em momento oportuno, com o fito de que seja reconhecida a atividade rural por si exercida.
Logo, comprovados os requisitos para a concessão do benefício de
aposentadoria por idade rural à parte Autora, a negativa da Autarquia-ré não se justifica e está violando frontalmente os direitos daquela, notadamente o disciplinado no art. 196 da CRFB/88, que determina: “A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.”
Neste sentido:
PREVIDENCIÁRIO. REMESSA NECESSÁRIA. NÃO CONHECIDA.
APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. EXISTÊNCIA DE INÍCIO DE PROVA MATERIAL. TRABALHO RURAL COMPROVADO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA. FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. 1. Tratando-se de aposentadoria rural por idade, cujo benefício corresponde ao valor de um salário mínimo, e resultando o número de meses entre a data da DER e a data da sentença em condenação manifestamente inferior a sessenta salários-mínimos, ainda que com a aplicação dos índices de correção monetária e de juros de mora nas condições estabelecidas em precendentes do Supremo Tribunal Federal, não está a sentença sujeita ao reexame obrigatório, nos termos do disposto no art. 475, § 2º, do Código de Processo Civil. Não conhecida a remessa. 2. Atingida a idade mínima exigida e comprovado o exercício da atividade rural em regime de economia familiar, pelo período exigido em lei, mediante a produção de início de prova material, corroborada por prova testemunhal idônea, o segurado faz jus à aposentadoria rural por idade. 3. Deliberação sobre índices de correção monetária e taxas de juros diferida para a fase de cumprimento de sentença, de modo a racionalizar o andamento do processo, e diante da pendência , nos tribunais superiores, de decisão sobre o tema com caráter geral e vinculante. Precedentes do STJ e do TRF da 4ª Região. (TRF4, AC 5036879-20.2015.404.9999, QUINTA TURMA, Relator (AUXÍLIO PAULO AFONSO) TAÍS SCHILLING FERRAZ, juntado aos autos em 06/02/2017, sem grifo no original)
Destarte, ajuíza a presente demanda a fim de ver concedido, em seu
favor, o benefício de aposentadoria por idade rural, nos termos do art. 48, §§ 1º e 2º, da Lei 8.213/91.
3. REQUERIMENTOS
Ante todo o exposto, a parte Autora requer a procedência dos
pedidos, na forma que segue:
1 – A concessão dos benefícios da justiça gratuita em seu favor, uma
vez que não possui condições de arcar com o pagamento das despesas processuais e dos honorários advocatícios/periciais, com fundamento no art. 98, caput, do CPC; 2 – A citação do INSS, na forma dos arts. 238 e ss. do CPC, na pessoa de seu representante legal para, querendo, apresentar defesa e acompanhar a presente ação, sob pena dos efeitos da revelia;
3 – A intimação do INSS para que junte aos autos cópia do processo
administrativo do benefício em discussão na íntegra, bem como o CNIS atualizado da parte Autora e eventuais documentos de que disponham e que se prestem para o esclarecimento da presente causa, em conformidade com o § 1° do art. 373 do CPC;
4 – A designação da audiência de instrução e julgamento, nos
termos dos arts. 358 e ss. do CPC, devendo a parte autora ser intimada em momento oportuno para as providências cabíveis;
5 – Requer a dispensa da audiência de conciliação, nos termos do
art. 334 do CPC;
6 – Seja o INSS condenado a averbar os períodos laborados pelo
Autor no meio rural, devidamente descriminados acima;
7 – Seja o INSS condenado a conceder à parte Autora o benefício
indeferido administrativamente, (NB .../...), desde a DER;
8 – Seja o INSS condenado a pagar a parte Autora as diferenças
retroativas, com juros de mora desde a citação e correção monetária a partir do vencimento de cada parcela devida, inclusive sobre as parcelas anteriores ao ajuizamento da ação, respeitada a prescrição quinquenal;
9 – A condenação da Autarquia-ré ao pagamento de eventuais
custas e despesas processuais, bem como, honorários de sucumbência, a serem fixados sobre o valor da condenação, além de outros consectários legais;
10 – Protesta, ao final, pela produção de demais provas, caso