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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 3ª VARA DE

EXECUÇÕES FISCAIS DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE M, DO ESTADO E.

(10 linhas)

EXECUÇÃO FISCAL
Autos nº ................

CAIO, nacionalidade, estado civil, profissão, RG..., CPF..., endereço eletrônico, residente
e domiciliado na Rua ......, CEP, cidade, Estado, com endereço eletrônico ......., por seu
procurador infra-assinado (Doc. 01), vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, com fulcro no artigo 16 e seguintes da Lei n° 6.830/80, opor os presentes

EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL

que lhe move a UNIÃO (FAZENDA NACIONAL), representada pela Procuradoria


Regional da Fazenda Nacional de ..ª Região, com endereço na Alameda Santos, 647, 15°
andar, Cerqueira César, São Paulo – SP, CEP: 01419-001, endereço eletrônico
chefiagabinete.sp.prfn3regiao@pgfn.gov.br , pelas razões de fato e de direito que passa
expor a seguir:

I. DOS FATOS

1. Trata-se de Execução Fiscal ajuizada pela União


(Fazenda Nacional) que visa a cobrança de Imposto sobre a Renda da Pessoa Física –
IRPF incidente sobre as férias proporcionais não gozadas, o respectivo terço
constitucional e os danos morais.

2. No entanto, a Certidão de Dívida Ativa que ampara a


execução fiscal deixou de indicar a quantia a ser executada.
3. Contextualizando: Caio, ora Embargante, era
empregado da pessoa jurídica X há mais de 10 anos. No entanto, seu chefe o demitiu de
forma vexatória, diante de outros empregados, sem o devido pagamento das verbas
trabalhistas.

4. Irresignado, Caio ajuizou medida judicial visando à


cobrança de verbas trabalhistas e, ainda, danos morais. A decisão transitada em julgado
deu provimento aos seus pedidos, condenando a pessoa jurídica X ao pagamento de
valores a título de (i) férias proporcionais não gozadas e respectivo terço constitucional
e, ainda, (ii) danos morais. Os valores foram efetivamente pagos a Caio em 2015.

5. O Embargante foi citado na execução em .... e


intimado da penhora de seu único imóvel, local onde reside com sua família.

6. Neste passo, se vale a Embargante, nos termos do


artigo 16, inciso III, e § 2º, da Lei nº 6.830/80, dos presentes Embargos à Execução
Fiscal como meio de defesa apto a demonstrar absoluta insubsistência da manutenção
dos débitos que fundamentam a execução de origem e, por conseguinte, a necessidade
de sua imediata extinção.

II. DO DIREITO
II.I. DA NÃO INCIDÊNCIA DE IRPF SOBRE VALORES DE CARÁTER
INDENIZATÓRIO

7. O imposto de renda está previsto no artigo 153, III, da


Constituição Federal e no art. 43 do Código Tributário Nacional (CTN) que: "O imposto,
de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a
aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica".

8. Na esteira desse comando legal, e como é cediço, o


imposto sobre a renda tem por ato gerador o acréscimo patrimonial, o que só ocorre com
a obtenção de riqueza nova, dentre o que se podem incluir as verbas caráter
remuneratório derivadas da prestação do trabalho de qualquer natureza, mas não se
incluem as verbas de natureza indenizatória/compensatória.

9. As verbas indenizatórias são consideradas reposição de


prejuízos, e não rendimentos. Assim, o recebimento de valores a título de indenização
não constitui fatos geradores para a cobrança de Imposto de Renda.

10.
11. E isso porque, quanto a essas últimas, destinam-se
apenas a recompor o patrimônio da pessoa, razão pela qual sobre elas não incide e não
pode incidir tal tributação, por falta de amparo constitucional.

12. Daí que, para a solução da lide ora em exame, há que


se perquirir a natureza das verbas que a parte autora pretende ver afastada a tributação,
com a consequente repetição do indébito, sendo de todo juridicamente irrelevante o
nomen iuris que lhe for atribuída. Se a verba percebida pelo servidor tem origem ou
natureza remuneratória, afigura-se possível a incidência do imposto de renda. Se a verba
percebida pelo servidor tem natureza indenizatória ou compensatória, não há fato
gerador do imposto de renda, pois acréscimo patrimonial não há

13. Como já decidiu o E. Superior Tribunal de Justiça no


julgamento do Recurso Especial n. 1096288/RS: "(...) A incidência do imposto de renda tem
como fato gerador o acréscimo patrimonial, sendo, por isso, imperioso perscrutar a natureza jurídica da
verba paga pela empresa sob o designativo de auxílio condução, a fim de verificar se há efetivamente a
criação de riqueza nova: a) se indenizatória, que, via de regra, não retrata hipótese de incidência da
exação; ou b) se remuneratória, ensejando a tributação. Isto porque a tributação ocorre sobre signos
presuntivos de capacidade econômica, sendo a obtenção de renda e proventos de qualquer natureza um
deles. (...)"

14. Deveras, se a verba é indenizatória, não houve


acréscimo patrimonial a gerar renda e, portanto, imposto a tal título não incide na espécie.

a) DAS FÉRIAS PROPORCIONAIS NÃO GOZADAS

15. Conceitualmente, as férias proporcionais não gozadas


se referem às férias que o trabalhador não tirou, ou seja, são os dias que se conquistou o
direito ao descanso sem que o tenha aproveitado.

16. Elas se tornam indenizadas pelo fato de que o contrato


é rompido antes do gozo delas. Sendo indenizadas justamente por não terem sido
aproveitadas. Para isso levam-se em consideração as remunerações de férias e o status
delas, se vencidas ou não.

17. As férias não gozadas quando em atividade, por


necessidade de serviço, devem ser indenizadas em pecúnia pelo Estado, quando da
aposentadoria ou da exoneração do servidor público.
18. Ademais, trata-se de matéria pacificada no E. STJ: “O
pagamento de férias não gozadas por necessidade de serviço não está sujeito à incidência do imposto de
renda” (Súmula 125 do STJ).

19. A Súmula 386 do STJ também é clara nesse sentido:


"São isentas de imposto de renda as indenizações de férias proporcionais e o respectivo adicional."

20. Entendimento diverso importaria em admitir ilícito


enriquecimento por parte do Poder Público, tal como pontifica julgado da Colenda 6ª
Câmara de Direito Público deste Tribunal, da lavra do Des. EVARISTO DOS SANTOS:

“Não se trata de converter licença-prêmio ou férias em pecúnia, mas de


indenizar por vantagem não gozada oportunamente. Não incidem,
portanto, restrições. As situações são distintas. Tais benefícios
incorporaram o patrimônio funcional de cada servidor, e, já não mais
podendo, pela aposentadoria, ou como no caso dos autos, pelo
falecimento, deles usufruir, impõe seja por isso seja indenizado.
Inadmissível se locuplete o Estado com trabalho do funcionário. (...) A
indenização, além do mais, prescinde de requerimento do interessado para
o gozo do benefício, como aqui se tem decidido. (...) A se entender de
forma diversa, locupletar-se-ia o Estado indevidamente, com o trabalho do
servidor, sem lhe assegurar a fruição da vantagem. Inarredável o direito à
indenização.” (Apelação Cível nº 591.051-5/7-00, j. 17.09.2007).

21. Não obstante a requerida tenha efetuado o


correspondente pagamento, acabou por descontar sobre tais verbas o Imposto sobre a
Renda, ponto contra o qual se insurgiu o autor, e com inteira razão. Tratando-se de verbas
de natureza indenizatória, pacífico e entendimento de que sobre elas não incide o referido
tributo.

b) DO TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS

22. O terço constitucional de férias é um direito trabalhista


que corresponde a um benefício na proporção de um terço do valor das férias de forma
adicional.
23. O art. 16, caput e parágrafo único, da Lei Federal nº
4.506/641, disciplinou inicialmente acerca do Imposto de Renda e Proventos de
Qualquer Natureza. A referida legislação federal tão-somente permitiu a incidência do IR
sobre as espécies indenizatórias que decorressem do inadimplemento daquelas verbas
arroladas nos incisos do art. 16, em nada se manifestando a respeito de verbas
indenizatórias oriundas de abonos pecuniários.

24. Ressalve-se que nada se alterou após o advento do


Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/66), segundo o qual as hipóteses de incidência
caracterizadoras do imposto de renda restaram assim definidas:

Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos


de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade
econômica ou jurídica: I - de renda, assim entendido o produto do capital,
do trabalho ou da combinação de ambos; II - de proventos de qualquer
natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos
no inciso anterior.
(...)

25. O terço constitucional de férias não é verba


incorporável à remuneração para fins de aposentadoria e, portanto, sobre ela, não poderia
haver incidência das referidas contribuições. Neste sentido, menciona-se um julgado do
C. STF:

“TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS.


INCIDÊNCIA SOBRE TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS.
IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. I - A orientação do
Tribunal é no sentido de que as contribuições previdenciárias não podem
incidir em parcelas indenizatórias ou que não incorporem a remuneração
do servidor. II - Agravo regimental improvido” (Agravo Regimental no
Agravo de Instrumento 712880/MG, Relator Ministro Ricardo
Lewandowski, julgado pela Primeira Turma em 26 de maio de 2009,
decisão divulgada no DJe-113, de 18 de junho de 2009)

1 Art. 16. Serão classificados como rendimentos do trabalho assalariado todas as espécies de remuneração por trabalho ou serviços prestados no
exercício dos empregos, cargos ou funções referidas no artigo 5º do Decreto-lei número 5.844, de 27 de setembro de 1943, e no art. 16 da Lei
número 4.357, de 16 de julho de 1964, tais como:
I - Salários, ordenados, vencimentos, soldos, soldadas, vantagens, subsídios, honorários, diárias de comparecimento;
II - Adicionais, extraordinários, suplementações, abonos, bonificações, gorjetas;
III - Gratificações, participações, interêsses, percentagens, prêmios e cotas-partes em multas ou receitas;
IV - Comissões e corretagens; V - Ajudas de custo, diárias e outras vantagens por viagens ou transferência do local de trabalho; VI - Pagamento
de despesas pessoais do assalariado, assim entendidas aquelas cuja dedução ou abatimento a lei não autoriza na determinação TRIBUNAL DE
JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo Apelação / Reexame Necessário nº 1004514-95.2014.8.26.0322 -Voto nº 12216 6 da renda líquida;
VII - Aluguel do imóvel ocupado pelo empregado e pago pelo empregador a terceiros, ou a diferença entre o aluguel que o empregador, paga
pela locação do prédio e o que cobra a menos do empregado pela respectiva sublocação;
VIII - Pagamento ou reembôlso do impôsto ou contribuições que a lei prevê como encargo do assalariado;
IX - Prêmio de seguro individual de vida do empregado pago pelo empregador, quando o empregado e o beneficiário do seguro, ou indica o
beneficiário dêste;
X - Verbas, dotações ou auxílios, para representações ou custeio de despesas necessárias para o exercício de cargo, função ou emprêgo;
XI - Pensões, civis ou militares de qualquer natureza, meios-soldos, e quaisquer outros proventos recebidos do antigo empregador de institutos,
caixas de aposentadorias ou de entidades governamentais, em virtude de empregos, cargos ou funções exercidas no passado, excluídas as
correspondentes aos mutilados de guerra ex-integrantes da Fôrça Expedicionária Brasileira.
Parágrafo único. Serão também classificados como rendimentos de trabalho assalariado os juros de mora e quaisquer outras indenizações pelo
atraso no pagamento das remunerações previstas neste artigo.
26. No entanto, com relação à incidência dos
descontos de Imposto de Renda sobre o terço constitucional de férias, melhor sorte não
assiste ao Executado.

27. É evidente o caráter remuneratório do abono


constitucionalmente instituído, bem como, o efetivo acréscimo no patrimônio de quem
o recebe.

c) DOS DANOS MORAIS

28. Não há o que se falar em incidência de IRPF


sobre os danos morais, pois eles também têm natureza jurídica de indenização, que
possuem como objetivo reparar a vítima do sofrimento causado pela lesão.

29. A Súmula 498 do STJ é clara nesse


entendimento, sendo definido: “Não incide imposto de renda sobre a indenização por
danos morais.”

30. Vejamos o precedente firmado nesse sentido


pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça:

TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS. NATUREZA DA VERBA. ACRÉSCIMO
PATRIMONIAL. NÃO-INCIDÊNCIA. PRINCÍPIO DA
REPARAÇÃO INTEGRAL. PRECEDENTES DO STJ.
1. A indenização por dano estritamente moral não é fato gerador do Imposto de Renda,
pois limita-se a recompor o patrimônio imaterial da vítima, atingido pelo ato ilícito
praticado.
2. In casu, a negativa de incidência do Imposto de Renda não se faz por força de isenção,
mas em decorrência da ausência de riqueza nova – oriunda dos frutos do capital, do
trabalho ou da combinação de ambos – capaz de caracterizar acréscimo patrimonial.
3. A indenização por dano moral não aumenta o patrimônio do lesado, apenas o repõe,
pela via da substituição monetária, in statu quo ante.
4. A vedação de incidência do Imposto de Renda sobre indenização por danos morais é
também decorrência do princípio da reparação integral, um dos pilares do Direito
brasileiro. A tributação, nessas circunstâncias e, especialmente, na hipótese de ofensa a
direitos da personalidade, reduziria a plena eficácia material do
princípio, transformando o Erário simultaneamente em sócio do infrator e beneficiário
do sofrimento do contribuinte.
5. Recurso Especial não provido.
(REsp 963.387⁄RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08⁄10⁄2008, DJe 05⁄03⁄2009)

31. Ou seja, a negativa da incidência do Imposto de


Renda não se dá por isenção, mas pelo falo de não ocorrer riqueza nova capaz de
caracterizar acréscimo patrimonial.
32. O relator do recurso no STJ, ministro Herman
Benjamin, entendeu que a verba recebida a título de dano moral não acarreta acréscimo
patrimonial e, por isso, não se sujeita à incidência do Imposto de Renda. Para o relator,
"a indenização por dano estritamente moral não é fato gerador do Imposto de Renda, pois se limita a
recompor o patrimônio imaterial da vítima, atingido pelo ato ilícito praticado. Ao negar a incidência
do Imposto de Renda, não se reconhece a isenção, mas a ausência de riqueza nova - oriunda dos frutos
do capital, do trabalho ou da combinação de ambos - capaz de caracterizar acréscimo patrimonial. A
indenização por dano moral não aumenta o patrimônio do lesado, apenas o repõe, pela via da
substituição monetária (...)”.

II.II. DA NULIDADE DE INSCRIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

33. Observa-se que o Código Tributário Nacional, em seu


art. 202, dispõe que a inscrição da dívida ativa deverá indicar, obrigatoriamente, algumas
informações. In verbis:

Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade


competente, indicará obrigatoriamente:
I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem como,
sempre que possível, o domicílio ou a residência de um e de outros;
II - a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora
acrescidos;
III - a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a
disposição da lei em que seja fundado;
IV - a data em que foi inscrita;
V - sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o
crédito.
Destacamos.

34. No entanto, a Certidão de Dívida Ativa (doc. 03) que


ampara a execução fiscal deixou de indicar a quantia a ser executada.
35. Por sua vez, o art. 203 do mesmo dispositivo legal2
afirma que ausentes quaisquer dos requisitos previstos no art. 202 será causa de
nulidade da inscrição e do processo de cobrança, uma vez que na CDA não consta
a quantia devida, na forma do Art. 202, inciso II, do CTN, e/ou Art. 2º, § 5º, inciso II,
da Lei nº 6.830/80.
36. Por tal razão, se faz necessário o reconhecimento da
nulidade da Certidão da Dívida Ativa em que se funda a pretensão da Embargada.

2Art. 203. A omissão de quaisquer dos requisitos previstos no artigo anterior, ou o erro a eles relativo, são causas de nulidade da inscrição e do
processo de cobrança dela decorrente, mas a nulidade poderá ser sanada até a decisão de primeira instância, mediante substituição da certidão
nula, devolvido ao sujeito passivo, acusado ou interessado o prazo para defesa, que somente poderá versar sobre a parte modificada.
II.III. DA IMPENHORABILIDADE DO BEM IMÓVEL

37. A Embargante foi intimada para penhora do imóvel,


de matrícula XXX (DOC. 04), localizado na Rua......, em razão de decisão proferida nos
autos da Execução Fiscal nº .....

38. Ocorre que o imóvel a ser penhorado é o único imóvel


da Embargante, sendo utilizado para a sua residência e de sua família.

39. A partir desse fato, há de se falar em


impenhorabilidade, uma vez se tratando de bem de família, o qual é vedado a penhora.
O Art. 1º da Lei nº 8.009/90 é cristalino quanto a essa delimitação, vejamos:

Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar,


é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil,
comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos
cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele
residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei.
(Destacamos)

40. Conclui-se pela redação acima que o imóvel nestas


condições não responderá por nenhum tipo de dívidas, salvo as hipóteses contidas no
artigo 3º desta mesma Lei, admitindo a penhorabilidade do bem de família apenas nos
seguintes casos: a) dívida de financiamento para construir ou comprar o imóvel; b)
devedor de pensão alimentícia; c) dívida de IPTU ou taxas e contribuições de
condomínio; d) o imóvel ter sido hipotecado; e) o imóvel ter sido comprado com
dinheiro decorrente de crimes ou para ressarcimento, indenização ou perdimento
de bens em ação penal; e: f) o imóvel de fiador que assumiu obrigação em
contrato de locação.

41. Portanto, como a matéria da presente discussão se


refere a Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, o bem imóvel da Embargante
permanece protegido pelo artigo 1º da Lei nº 8.009/90, devendo ser impenhorável.

III – DO PEDIDO

42. Ex positis, é a presente para requerer:

a) receber os presentes Embargos à Execução, com a consequente extinção da


Execução Fiscal e o levantamento da penhora que recai sobre o bem de família;

b) determinar a intimação da Embargada para, se assim entender, impugnar os


presentes no prazo legal;
c) acolher os presentes Embargos, com a consequente extinção da Execução Fiscal
nº. ....... diante da não incidência (i) férias proporcionais não gozadas e respectivo
terço constitucional e, ainda, (ii) danos morais;

d) por fim, condenar a Embargada ao pagamento de despesas processuais,


honorários advocatícios e demais cominações de estilo, considerando-se,
inclusive, a condenação da Embargada nos honorários devidos nos autos da
execução fiscal, face à autonomia3 das ações.

43. A Embargante dispensa a realização de audiência de


conciliação ou de mediação, nos termos do inciso VII do artigo 319 do Código de
Processo Civil4, tendo em vista o objeto eminentemente tributário da presente ação, o
qual, nos termos do artigo 171 do Código Tributário Nacional, exige lei específica para
tal fim, a qual inexiste no âmbito da legislação federal.

44. Por fim, protestando provar o alegado por todos os


meios de prova em direito admitidos, sendo através de prova documental ou prova
pericial contábil, dá-se à causa o valor de R$ ...... (valor por extenso).

Termos em
pede deferimento.

M, 15 de maio de 2023.

Advogado
OAB/...

3Superior Tribunal de Justiça – STJ AgRg no RESP 665841/RJ; AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2004/0083086-8,
Relator(a) Ministro GILSON DIPP (1111), Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA, Data do Julgamento 09/11/2004, Data da
Publicação/Fonte DJ 13.12.2004 p. 445
4 Art. 319. A petição inicial indicará: (...) VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.”

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