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Jornalista
Juiz de Direito Edmundo Machado durante a dissertação © Fotografia por: Marcelo Manuel| Ndalatando
De acordo com a dissertação do magistrado judicial Edmundo Machado, durante a abordagem do tema
"Relação entre o Ministério Público e o juiz de garantias”, debatido durante a reunião de balanço anual
da Região Judiciária Norte, realizada em Ndalatando, província do Cuanza-Norte, o surgimento da
referida figura é uma adaptação judicial ao contexto económico, social e cultural de uma Angola
independente e soberana.
Realçou que no Código do Processo Penal de 1929 assistia-se à presença de um só magistrado, que era o
responsável e fiscal da legalidade, através dos dados cedidos pela Polícia de Investigação Criminal na fase
de instrução preparatória, actualmente o juiz de garantias fiscaliza e monitora os direitos do cidadão
acusado, antes do julgamento.
Esclareceu que durante a fase de instrução processual, o Ministério Público pode proceder ao
interrogatório preliminar do detido e aplicar medidas de coacção, mediante a fiscalização do juiz de
garantias.
Fez saber que o juiz de garantias pode também aplicar medidas de coacção, como o caso da prisão
preventiva, bem como a realização do primeiro interrogatório judicial, de arguido detido, para além da
elaboração do despacho de pronúncia, que surge caso haja a necessidade da requisição da instrução
contraditória, requerida pelo arguido ou pelo seu assistente.
Em seu entender, o processo penal promove e protege os direitos fundamentais e a descoberta da
verdade material para o restabelecimento da paz jurídica no seio das comunidades.
Competências
Por sua vez, o subprocurador Napoleão Monteiro destacou que o artigo 176º, da Constituição da
República de Angola, atribui à PGR a promoção do processo penal e o exercício da acção penal.
Fez saber que cabe também ao Ministério Público a condução da fase de instrução preparatória dos
processos penais, sem prejuízo da fiscalização das garantias fundamentais dos cidadãos, realizada pelos
Magistrados Judiciais.
"É aqui onde colocamos a relação que deve existir entre o Ministério Público com o judicial”, disse.
Realçou que o juiz de garantias surge no âmbito da instrução preparatória, para garantir que os actos de
recolha de provas pelo Ministério Público não afectem direitos, liberdades e garantias fundamentais dos
cidadãos.
Aclarou que na fase de instrução preparatória, o juiz de garantias não tem uma intervenção activa.
Avançou que em muitos casos de natureza criminal pode não haver a intervenção do referido
magistrado, principalmente quando não se levantam questões ligadas ao atropelo dos direitos
fundamentais do arguido.
"Na instrução preparatória, a figura do juiz de garantias é meramente residual, ela só intervém quando
suscitada pelo Ministério Público, arguido ou assistente do processo”, elucidou.