Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
EXAME DE ORDEM
DIREITO PROCESSUAL
PENAL
Capítulo 04
CAPÍTULOS
1
SOBRE ESTE CAPÍTULO
A apostila de número 04 do nosso curso de Direito Processual Penal tratará sobre Ação Penal,
matéria que é comumente cobrada no Exame de Ordem ao decorrer desses anos! De acordo
com a nossa equipe de inteligência, esse assunto esteve presente 7 VEZES nos últimos 3 anos,
Assim, é imprescindível que você dedique um tempo para estudar este conteúdo com calma e
responda as questões que tratam sobre o referido tema, ok?
Aqui, a banca costuma seguir o seu padrão: Apresentar um caso hipotético, pelo qual a resposta
é respaldada na legislação vigente. Por isso, recomendamos a leitura atenta da letra seca da lei
e entendimentos jurisprudenciais, e sempre em companhia de alguma doutrina à sua escolha.
Adicionamos questões de outras carreiras jurídicas para que você assimile ainda mais o conteúdo
visto, ok? 😉
Vamos juntos!
2
SUMÁRIO
Capítulo 4 .................................................................................................................................................. 5
4. Ação Penal.................................................................................................................................................................... 5
3
4.8.2 Princípio do ne bis in idem ........................................................................................................................... 35
GABARITO ............................................................................................................................................... 61
JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................... 66
4
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Capítulo 4
4. Ação Penal
4.1 Introdução
Segundo Renato Brasileiro (2018), o direito de ação penal é o direito público subjetivo
da parte acusadora de pedir ao Estado-Juiz que, mediante o devido processo legal, aplique
o direito penal objetivo em um caso concreto.
O direito de ação se fundamenta no art. 5º, XXXV da CF/88, que determina que a lei não
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Perceba que o direito de
ação penal não é exercido pelo acusador conta o acusado. O direito de ação penal é exercido
contra o Estado, presentado pela figura do juiz, para que ele exerça a sua jurisdição, ou seja,
para que ele diga o direito a ser aplicado ao caso concreto.
Não confunda direito de ação com a ação penal/processo! O direito de ação é o direito
de exigir do Estado o exercício da jurisdição, enquanto a ação propriamente dita, o processo, é
5
O direito de ação penal é um direito público – é exercido contra o Estado, pois a atividade
A ação penal tem fundamento legal tanto no Código Penal, como no Código de Processo
Penal, pois é matéria relacionada com o direito de punir do Estado, o que lhe atribui caráter de
norma mista – material e processual. Portanto, na sucessão de leis no tempo, aplicamos a lei
mais favorável ao réu quando ela versar sobre as condições da ação e sobre as causas extintivas
de punibilidade relacionadas à representação ou à ação penal de iniciativa privada.
Pense bem: no processo penal o Estado deve perseguir apenas a correta aplicação da lei,
inocentando quem for inocente e sancionando quem for culpado. Não há, necessariamente, um
conflito de interesses.
O promotor deve ser promotor de justiça e não promotor de acusação. Por isso, o
Ministério Público tem legitimidade, por exemplo, para requerer a absolvição do réu e, inclusive
recorrer em seu benefício.
6
Ademais, não há pretensão resistida quando o réu está de acordo com o pedido
Segundo Badaró (2009), é através da pretensão punitiva que o Estado procura tornar
efetivo o ius puniendi. Entretanto, essa pretensão punitiva não pode ser resolvida sem um
Segundo a teoria eclética, adotada pelo nosso Código de Processo Civil, o direito de ação
é o direito ao julgamento do mérito da causa, independentemente de ser ou não favorável ao
pedido do autor. A existência desse direito não está relacionada com a existência do direito
material que se pretende tutelar, mas está vinculada à determinadas condições, requisitos
formais, chamados de condições da ação, desenvolvidas pelo processualista Liebmem.
O Código de Processo Penal não especifica quais são as condições da ação, apenas afirma
que, se elas não estiverem presentes, a inicial acusatória deve ser rejeitada. Com isso, usamos
subsidiariamente o Código de Processo Civil para definir as condições da ação.
As condições da ação são aferidas à luz da relação jurídica de direito material objeto do
processo, mas não se confunde com o seu mérito. Segundo a teoria da asserção, a presença
das condições da ação deve ser apreciada pelo juiz com base nas informações prestadas na
peça inicial, que devem ser tomadas como verdadeiras para esta finalidade de filtro processual.
Elas devem ser analisadas de forma preliminar e sumária, ou seja, no processo penal elas
devem ser averiguadas no momento do juízo de admissibilidade da denúncia. Se as condições
estiverem ausentes, deve ser expedida uma sentença terminativa de carência de ação, sem
formação de coisa julgada material.
7
Entretanto, no processo penal é perfeitamente possível o reconhecimento da sua nulidade
absoluta por carência das condições da ação em qualquer momento. Por fim, se for necessária
uma cognição mais aprofundada pelo juiz para a análise da presença das condições da ação, a
carência da ação será questão de mérito, com formação de coisa julgada formal e material.
Exemplo: com o final do processo penal, o juiz reconheceu que a denúncia foi oferecida
contra um inocente. Nesse caso, o magistrado deve proferir uma sentença absolutória de mérito,
que fará coisa julgada formal e material. Caso o juiz tivesse reconhecido a falha da denúncia no
momento do seu recebimento, deveria declarar a ilegitimidade passiva ad causam e extinguir o
Parte da doutrina entende que o processo penal deve seguir uma teoria geral do processo
e, por isso, define como condições genéricas da ação penal as mesmas condições da ação civil
Assim, temos a legitimidade ativa quando o autor afirma ser titular do direito subjetivo
8
AÇÃO PENAL DE Ofendido ou seu
INICIATIVA PRIVADA representante legal
ainda que sem personalidade jurídica, assim como associações destinadas à defesa dos
interesses e dos direitos do consumidor.
atribuição entre órgãos do mesmo MP estadual, quem deve dirimir esse conflito e determinar
quem é o legitimado é o respectivo Procurador-Geral de Justiça; e quando há um conflito de
atribuição entre os vários Ministérios Públicos da União – MPF, MPT, MPM, MPDFT – quem deve
Olha que observação legal: quem vai resolver o conflito de competência entre as jurisdições
é o STJ, e por muito tempo o STF entendeu que esse tribunal também resolveria os conflitos
entre os MPs diferentes por ser um “conflito virtual de competência”. Depois, o STF passou a
entender que ele próprio deveria dirimir os conflitos entre o Ministério Público estadual e o
Ministério Público Federal, pois isso seria um conflito de competência entre o estado e a União.
9
próprio PGR. Esse entendimento causa muita polêmica, tendo em vista que o PGR é o chefe do
passivo.
Tem legitimidade passiva o agente que supostamente é autor, coautor ou partícipe de uma
infração penal – crime ou contravenção. Como a autoria é tema de mérito no processo penal,
muitos doutrinadores ensinam que ela não tem relevância no exame preliminar das condições
da ação. Entretanto, isso é uma afirmação equivocada.
informações trazidas na inicial devem ser tomadas como verdadeiras. Se, sem nenhum juízo de
valorativo de provas, for possível verificar que o acusado não é autor, coautor ou partícipe da
infração penal a ele imputada pela acusação, a inicial deve ser rejeitada por carência das
condições da ação, especificamente, por ilegitimidade passiva.
homônimos, identificáveis em uma análise sumária. Por exemplo, é possível que a denúncia seja
feita erroneamente contra a testemunha, o que permite de plano a rejeição da denúncia por
10
Quanto à legitimidade passiva, atualmente já é fato que a pessoa jurídica possui direitos
direitos da personalidade.
Entre esses direitos da personalidade está o direito à honra, bem jurídico tutelado
penalmente no capítulo V do Código Penal. A pergunta é: se uma pessoa jurídica for vítima de
uma difamação, que protege a honra objetiva, está legitimada a propor ação penal? Sim! A
pessoa jurídica é dotada de honra objetiva e pode ser vítima de difamação, figurando no polo
ofendido menor de 18 anos não tem capacidade processual para oferecer queixa-crime,
portanto, o seu representante legal deve atuar no processo, não como parte, mas como aquele
não for advogado, deve suprir essa incapacidade por meio da representação voluntária
necessária.
Especificamente no processo penal, além das pessoas físicas e jurídicas, alguns entes são
classificados como pessoas formais. Por exemplo, as entidades e órgãos da Administração direta
ou indireta destinados à defesa dos direitos e interesses do consumidor, mesmo que sem
11
personalidade jurídica, são legitimados para atuar como assistentes do MP e para ajuizar queixa-
privada, caso em que o ofendido ou o seu representante legal age em nome próprio
na defesa de interesse do Estado, que continua sendo o titular da pretensão punitiva.
Não confunda: a legitimidade extraordinária com a sucessão processual. Esta última ocorre
quando um sujeito assume a posição de outro no processo, ocorrendo uma mudança subjetiva
da relação jurídica processual.
Há uma troca de sujeitos, como ocorre no caso previsto no art. 31 do CPP - No caso de
morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer
queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
trata-se de um instituto relacionado à capacidade de estar em juízo, como ocorre na ação penal
de iniciativa privada quando o ofendido é menor de 18 anos e precisa de um representante
legal para estar em juízo.
12
Quando o ofendido for menor de 18 anos, mentalmente enfermo, ou retardado mental e
não tiver representante legal ou os interesses deles colidirem, será nomeado um curador
especial pelo juiz, de ofício ou a requerimento do MP.
e o substituído não é, por mais que os seus interesses estejam sendo discutidos no processo.
Outra condição genérica da ação penal é o interesse de agir. Ele está relacionado com a
utilidade da prestação jurisdicional que se pretende com o exercício do direito de ação. O
acusador deve demonstrar na sua inicial a necessidade de recorrer ao Judiciário para obter a
tutela pretendida. Não é o momento de analisar a legitimidade da pretensão, deve-se apenas
analisar se é preciso a providência judicial pleiteada para alcançar o resultado pretendido pelo
autor.
utilidade:
nenhuma sanção penal poderá ser aplicada sem o devido processo legal – princípio nulla pena
sine judicio.
13
Por fim, a utilidade consiste na eficácia da atividade jurisdicional para satisfazer o interesse
do autor. Portanto, só haverá utilidade se houver possibilidade de realizar o jus puniendi estatal
com a eventual aplicação de sanção penal ao fim do processo.
menor de 21 anos, primário e com bons antecedentes, mesmo antes de começar o processo já
é possível vislumbrar que a eventual sentença condenatória fixará a pena no mínimo legal.
Ademais, o prazo para a prescrição da pretensão punitiva para a pena de 1 ano, que é de 4
anos, deve ser diminuído pela metade devido a idade do acusado, passando a ser de 2 anos.
Se entre a data do crime e a data da vista dos autos pelo MP já se passaram mais de 2
anos, o Promotor já pode vislumbrar a prescrição retroativa até mesmo antes de propor a ação
penal.
A prescrição virtual não tem previsão em nosso ordenamento jurídico, portanto, não pode
ser usada como argumento para requerer o arquivamento de um inquérito em vez de propor a
ação penal. Mas, quando nos deparamos com casos assim, podemos dizer que há falta interesse
Grande parte da doutrina defende que, nesses casos, o MP deve requerer o arquivamento
do inquérito policial com base na falta de interesse de agir. Apesar disso, a jurisprudência dos
Tribunais Superiores não aceita essa tese, argumentando que, além de não ter previsão legal da
14
prescrição virtual, essa prática violaria o princípio da não culpabilidade, pois partiria do
Nesse contexto, o STJ editou a Súmula 438 que dispõe: “é inadmissível a extinção da
punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética,
Além disso, a Lei 12.234 de 2010 deu nova redação ao art. 110, §1º do CP, que passou a
dispor: “A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação
ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma
hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa”. Com isso, acabou a
que se faz é: a justa causa é uma das condições genéricas da ação penal?
Sobre o assunto temos três correntes doutrinárias. A primeira afirma que a justa causa é
uma condição da ação específica do processo penal; a segunda corrente doutrinária afirma que
a justa causa é uma condição da ação penal, mas não tem natureza autônoma, pois na verdade
a justa causa é o interesse de agir no processo penal; e a terceira linha de pensamento afirma
que a justa causa não é uma condição da ação, apesar se precisar ser analisada no processo
penal.
A primeira corrente é a majoritária na doutrina brasileira, mas o art. 395 do CPP trata as
condições da ação e a justa causa como coisas diferentes, tratando de cada uma em incisos
diferentes quando elenca as hipóteses de rejeição da denúncia ou queixa, o que fortalece a
15
Para os defensores da primeira corrente, a previsão da justa causa em separado das
condições da ação no CPP quis apenas ressaltar a necessidade de sua observação, e não estaria
diferenciando-as. A necessidade do destaque para a justa causa se fundamentaria porque o CPP
Nos crimes de lavagem de capitais não basta a presença de lastro probatório mínimo
quando à ocultação de bens, direitos ou valores, também é indispensável que na denúncia fique
comprovado que tais bens, direitos ou valores são provenientes direta ou indiretamente de
infração penal.
Em determinas situações, além das condições genéricas da ação penal, incluída a justa
causa, a lei exige o preenchimento de condições específicas para o exercício do direito de ação.
16
Elas também devem ser verificadas no momento de admissibilidade da inicial acusatória e,
se não estiverem presentes, também será causa de rejeição da denúncia ou queixa. Caso a
ausência das condições específicas não seja notada no momento adequado, nada impede que
em outra fase processual, quando o magistrado perceber a sua ausência, o processo seja
anulado ab initio.
17
prosseguibilidade, que são condições supervenientes da ação, necessárias para que o processo
prossiga.
entrada em vigor da Lei 9.099/95, que trata dos Juizados Especiais, passou-se a exigir
representação do ofendido ou do seu representante legal para a propositura da ação penal nos
crimes de lesão corporal leve e culposa. Sabemos que a representação é uma condição de
procedibilidade, mas nos casos dos processos em andamento quando a lei dos Juizados
As condições objetivas de punibilidade são aquelas que, por questões de política criminal,
Elas não se confundem com as condições da ação penal, que estão relacionadas ao
punibilidade impede o início da persecução penal e, se mesmo assim for proposta a ação penal,
haverá absolvição do acusado, decisão de mérito que faz coisa julgada formal e material.
18
Essas condições são objetivas porque independem de dolo ou culpa agente, pois são fatos
os seus membros podem ser investidos através de promoção na carreira de juiz pelos critérios
de antiguidade ou de merecimento, além da possibilidade de investidura através das vagas do
quinto constitucional.
Quanto às partes, são pressupostos processuais que ela tenha capacidade de ser parte,
capacidade processual e capacidade postulatória. Para ter capacidade de ser parte é preciso
ter mais de 18 anos. Se um acusado tiver menos de 18 anos responderá um processo de acordo
19
Lembre-se que o inimputável por doença mental tem capacidade de ser parte em um
processo penal, até mesmo porque existe ações de prevenção penal, que são aquelas que não
objetivam a condenação do acusado, mas sim a sua absolvição impropria e aplicação de uma
medida de segurança.
de ofício ou a requerimento, um curador, que vai representar a parte que não tem capacidade
processual no decorrer do processo.
No caso do inimputável por doença mental que vimos acima, ele tem capacidade de ser
parte, pode ser réu no processo penal, mas não tem capacidade processual, pois não é capaz
de exercer os atos da vida civil. Por isso, nos processos penais que tenham como parte um
Com isso, podemos afirmar que o inimputável menor de 18 anos não tem capacidade
processual e nem capacidade de ser parte no processo penal, enquanto o inimputável por
doença mental, apesar de ter capacidade de ser parte, não tem capacidade processual.
e que precisa de capacidade postulatória para ser exercida. Ou seja, o réu do processo penal
20
precisa de um advogado para suprir a falta de capacidade postulatória (salvo se ele for
vítima, mas o seu exercício se dá por intermédio do advogado. Ademais, é claro que se a própria
vítima for advogado(a), poderá exercer a capacidade postulatória em causa própria.
regularidade do processo.
21
Investidura
Juiz Competência
Imparcialidade
Subjetivos
Capacidade de
ser parte
Capacidade
Partes
processual
Pressupostos Capacidade
processuais postulatória
Litispendência
Extrínsecos
Coisa julgada
Objetivos
Regularidade
Intrínsecos
do processo
da provocação da tutela jurisdicional. Em regra, ela é condenatória, mas também temos ação
penal de natureza constitutiva e declaratória.
A ação penal condenatória pode ser própria ou imprópria. A primeira visa sancionar o réu,
22
A ação de natureza constitutiva visa criar, modificar ou extinguir uma situação jurídica e,
no processo penal, isso ocorre nas ações de revisão criminal, pedido de homologação de
sentença estrangeira, pedido de extradição passiva e no habeas corpus para anular processo
por ausência de citação. Mais rara, mais não impossível, a ação penal de natureza declaratória
objetiva a declaração da existência ou não de uma relação jurídica, como por exemplo, um
comuns nas situações em que providências urgentes sejam necessárias para garantir o exercício
da jurisdição.
Por fim, a ação penal pode ser de execução. Ao contrário do processo civil, em que a
Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante
o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas
à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e
suspensivas da prescrição.
23
No tema do presente capítulo nos interessa apenas as ações penais condenatórias, também
de iniciativa privada.
AÇÃO
PENAL
DE INICIATIVA DE INICIATIVA
PÚBLICA PRIVADA
PROPRIAMENTE
INCONDICIONADA CONDICIONADA PERSONALÍSSIMA SUBSIDIÁRIA
DITA
A ação penal de iniciativa pública, ou simplesmente ação penal pública, é titularizada pelo
Ministério Público, de acordo com o art. 129, I da CF: “são funções institucionais do Ministério
Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei”.
Para promover a ação pública, o MP utilizará a denúncia como peça inaugural, que deve
conter a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando
A regra no sistema jurídico é que a ação penal seja pública incondicionada, portanto,
quando a lei não disser expressamente qual o tipo de ação penal aplicado ao crime, ele será de
ação penal pública incondicionada, na qual o MP é o titular e não se submete às condições
específicas de representação ou requisição para exercer o direito de ação.
24
Art. 24, § 2º, CPP – Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio
ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública.
Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em
que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e
indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.
do Ministro da Justiça. Nesses casos, o Ministério Público continua sendo o titular da ação penal,
mas não pode exercer o seu direito de ação de ofício, como nos casos de ação penal pública
incondicionada.
Art. 24, do CPP – Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da
Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
26
Não é exigido qualquer rigor formal, como por exemplo, a presença de advogado, servindo
poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério
Público, ou à autoridade policial.1
contudo, se ele morrer ou for declarado ausente por meio de decisão judicial, esse poder passará
aos seus sucessores – C.A.D.I.: cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
Art. 24, § 1º, do CPP – No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por
decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente
ou irmão.
direito matéria, ou seja, inclui o dia do início na contagem e desconsidera as frações de dia.
Ademais, é improrrogável, não se interrompe e nem se suspende.
Especificamente nos casos de aplicação da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06), a retratação
da representação da ofendida é possível, mas deve atender requisitos próprios previstos no art.
1
Vide questão 03 dessa apostila
27
16: só será admitida perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade,
majoritária entende que é possível uma nova representação depois da retratação, ou seja, uma
retratação da retratação. Portanto, é possível que o ofendido represente e se retrate quantas
vezes quiser até o fim do prazo decadencial – 6 meses contados do reconhecimento da autoria.
Por fim, devemos salientar que a representação do ofendido não vincula o Ministério
Público. Ela funciona como uma autorização e como um pedido, mas se o membro do MP
entender que não há motivos para processar o agente, não estará obrigado.
exterior por estrangeiro contra brasileiro, e em outros casos previstos na Lei de Segurança
Nacional.
feita formalmente, sem prazo decadencial estabelecido. Portanto, enquanto não houver a
prescrição do crime, o Ministro da Justiça poderá oferecer a requisição ao Ministério Público.
A requisição do Ministro da Justiça também tem eficácia objetiva, ou seja, se refere ao fato
e não ao seu agente. Portanto, a partir da requisição o Ministério Público poderá oferecer
denúncia sobre todos os participantes do fato, independentemente de citados ou não pelo
Ministro.
28
Apesar de se chamar “requisição”, assim como a representação do ofendido, a requisição
do Ministro da Justiça não vincula o MP, que tem independência funcional e não está
subordinado hierarquicamente ao Ministério da Justiça.
a retratação da representação do ofendido, o tema não foi tratado pela lei e a jurisprudência
nunca teve oportunidade de se manifestar sobre o assunto. Na doutrina, alguns defende, que
não seria possível essa retratação porque não há previsão legal e a retratação demonstraria
grande instabilidade institucional, pois a requisição de um Ministro de Estado é um ato político.
Por outro lado, uma doutrina mais moderna defende que a retratação da requisição seria
possível exatamente porque não há uma proibição legal e a mudança de um ato político é
A ação penal de iniciativa privada é titularizada pelo ofendido ou pelo seu representante
Mesmo não sendo titular das ações penais privadas, o Ministério Público deve atuar em
todos os atos do processo como custos legis, ou melhor, como afirma a doutrina mais moderna,
como custos juris. Portanto, podemos afirmar que não existe processo penal sem participação
do Ministério Público.
Existem três tipos de ação penal de iniciativa privada: a ação penal privada exclusiva,
também chamada de ação penal exclusivamente privada, ou ainda de ação penal privada
propriamente dita; a ação penal privada personalíssima; e a ação penal privada subsidiária da
29
4.6.1 Ação penal privada propriamente dita
A ação penal privada propriamente dita é a regra entre os crimes de ação penal privada.
O seu titular é o ofendido ou o seu representante legal e em caso de sua morte ou declaração
de ausência por decisão judicial, a legitimidade ativa da ação penal passará para o seu cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão (o famoso CADI).
o companheiro e a companheira.
Os exemplos clássicos de crimes de ação penal privada são os crimes contra a honra –
calúnia, injúria e difamação. Entretanto, temos algumas exceções, casos em que esses crimes
não serão de ação penal privada: primeiramente, a ação penal será pública incondicional nos
casos de injúria real ou de crimes eleitorais contra a honra; a ação penal será pública
condicionada à representação do ofendido em crimes de injúria qualificada e em crimes contra
a honra de funcionário público no exercício de suas funções ou em razão delas; e a ação penal
será pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça quando o crime contra a honra
Quanto ao crime contra a honra de funcionário público, o STF editou a Súmula 714 que
dispõe: “É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público,
2
Vide questão 01 desse material
3
Vide questão 04 desse material
30
condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de
dita porque nela a morte da vítima não permite que a titularidade da ação seja passada para
os seus sucessores (CADI). Ou seja, só a vítima pode oferecer a queixa-crime e a sua morte
Só existem dois casos de ação penal personalíssima no Brasil, e ambos estão tipificados no
art. 236 do Código Penal – erro essencial sobre a pessoa no casamento e a ocultação dolosa de
impedimento no casamento, que não seja um casamento anterior (que seria crime de bigamia).
Portanto, ação penal não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a
sentença cível que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
Por fim, a ação penal privada subsidiária da pública pode ser proposta nas situações em
que o Ministério Público, titular da ação penal pública, fica inerte por mais tempo do que a lei
31
autoriza, sem oferecer a denúncia, requisitar novas diligências, declinar a competência, suscitar
Nessas situações, o ofendido (ou o seu representante legal) está autorizado a propor uma
queixa-crime subsidiária, mesmo que o crime seja de ação penal pública, no prazo decadencial
de 6 meses, contados do fim do prazo legal previsto para o MP se manifestar, sem essa
manifestação.
Lembre-se que a ação penal subsidiária deve ser intentada pelo ofendido. Por isso, não
são todos os crimes de ação penal pública que admitem a ação penal privada subsidiária, pois
nem todos os crimes possuem um ofendido específico, como por exemplo, o tráfico de drogas
e os crimes ambientais, que chamamos de crimes vagos – crimes que atingem a coletividade.
Nas ações penais privadas subsidiárias cabe ao Ministério Público, aditar a queixa, repudiá-
Ademais, a ação penal privada subsidiária da pública não é compatível com o perdão do
ofendido ou com a perempção, que são institutos típicos das outras ações penais privadas e
que extinguem o processo e a punibilidade do réu. Caso haja o perdão do querelante ou a
32
perempção na ação penal privada subsidiária, o Ministério Público deve retomar o processo
requisitos não são essenciais e, portanto, mesmo que não estejam presentes será possível
receber a denúncia ou queixa.
que o fato deve ser narrado na peça acusatória, permitindo que o réu possa conhecer o que a
ele está sendo imputado e exercer o seu direito de defesa.
Os crimes societários são aqueles praticados por intermédio de pessoas jurídicas. Não é a
pessoa jurídica que comete o crime, pois isso só pode ocorrer nos crimes ambientais, mas ela
serve para que pessoas naturais pratiquem a conduta criminosa, como ocorre em uma
sonegação fiscal, por exemplo. Já os crimes multitudinários são aqueles praticados em multidão.
4
Vide questão 07 e 08 desse material
33
Nos crimes societários, ao denunciar os sócios, o MP não tem como individualizar e narrar
todas as condutas e fatos em suas circunstâncias. A exigência desse requisito para o recebimento
da denúncia dificultaria a ação do MP ao ponto de gerar impunidade dos autores.
Visto isso, a jurisprudência passou a aceitar em determinados casos, como nos crimes
societários e nos crimes multitudinários, a denúncia genérica, que é aquela que não preenche
o primeiro requisito do art. 41 do CPP.
vinculação dos acusados ao fato criminoso, sem necessariamente pormenorizar a sua atuação.
Se essa qualificação não for possível, é necessário que a parte autora esclareça formas de
identificar o agente. Imagine que um sujeito preso em flagrante não se identifica na forma civil
e a sua identificação criminal não encontra correspondência nos bancos de dados disponíveis.
não está vinculado a ele para proferir a sua decisão. No processo penal o juiz está vinculado
aos fatos narrados. Portanto, se o acusador narra um furto e insere a conduta do agente no
Por fim, o rol de testemunhas deve ser apresentado no momento da denúncia ou queixa,
quando for necessário. A testemunha é apenas um dos vastos meios de provas admitidos no
direito, assim, um processo pode ser instruído por outras provas que não seja essa. Temos então
um requisito que não é essencial, pois a sua ausência não causará rejeição da peça acusatória.
34
inicial, apontando quem se quer processar e qual o fato pelo qual se quer processar. Caso a
queixa seja oferecida sem essa procuração, o juiz não deve rejeitar a denúncia de plano, deve
dar oportunidade para que o vício seja sanado.
Tradicionalmente era entendido que a juntada dessa nova procuração com poderes
especiais deveria ocorrer dentro do prazo decadencial da ação penal. Entretanto, o STJ definiu
que essa alteração da queixa pode ser feita à qualquer tempo.
início ao processo de ofício. Também é a partir do princípio do ne procedat iudex officio que
retiramos proibição de o juiz proferir provimento à matéria que não tenha sido levada ao
processo pelas partes (princípio da correlação entre a acusação e a sentença).
O princípio em análise impede que o magistrado inicie uma ação penal condenatória de
ofício, mas não impede que possam conceder habeas corpus de ofício quando, no curso do
processo, verificarem que alguém está sofrendo ou presta a sofrer coação ilegal.
Por fim, cabe destacar que a inércia do juiz é aplicável tanto à ação penal pública, como à
ação penal privada.
Ele significa que ninguém pode ser processado duas vezes pela mesma imputação.
Assim, entende-se que duas ações penais são idênticas quando têm o mesmo acusado no
polo passivo e o mesmo fato criminoso a ele atribuído.
35
Portanto, se um acusado for absolvido de um crime por falta de provas, depois do
respectivo trânsito em julgado não é mais possível oferecer uma nova denúncia ou queixa em
relação ao mesmo fato, mesmo que com novas provas.
Até mesmo se a decisão absolutória ou extintiva de punibilidade for proferida por um juiz
incompetente, o acusado fica impedido de ser novamente processado pelos mesmos fatos
perante a justiça competente. A decisão do juízo incompetente não é inexistente, mas sim nula.
Sabendo que não há revisão criminal pro societate, não é possível que o agente seja novamente
processado pela mesma imputação.
instituição bancária não poderá ser condenado por crime de roubo contra o gerente do banco
em um segundo processo se ambos os crimes aconteceram no mesmo contexto fático.
que pode ser imputado ao acusado no mesmo fático deve ser feito sob pena de jamais poder
vir a sê-lo novamente.
Por fim, o princípio do ne bis in idem não pode ser aplicado aos casos em que o primeiro
julgamento baseado em certidão de óbito falsa. Nesses casos, o Supremo entende que é possível
a revogação da decisão que extingue a punibilidade do acusado por inexistência de coisa julgada
em sentido estrito. Caso contrário, o acusado estaria se beneficiando de uma conduta ilícita.
36
Exceções ao princípio da obrigatoriedade: nos crimes de menor potencial ofensivo, o MP
pode propor uma transação penal; no acordo de colaboração premiada é possível cláusula
que desobrigue o MP de oferecer a denúncia; e o acordo de não persecução penal, que não
está previsto em lei, mas apenas em uma resolução do CNMP, por meio do qual o MP pode
deixar de oferecer denúncia em algumas situações.
O acordo de não persecução penal vem sendo muito criticado por não ser previsto em lei,
mas quem defende a sua constitucionalidade alega que o Supremo Tribunal Federal entende
que as resoluções do CNJ e do CNMP possuem normatividade primária, ou seja, têm força de
lei.
ação penal.
Esse princípio ainda se estende à fase recursal, ou seja, além de não poder desistir da ação
penal, o MP não pode desistir dos recursos que eventualmente tenha interposto. Interessante
notar que na fase recursal não vigora o princípio da obrigatoriedade, portanto, o MP não é
obrigado a recorrer, mas, se eventualmente o fizer, não poderá desistir.
convence da inocência do acusado, ele deve requerer a sua absolvição (que não vincula o juiz),
mas não desistir ou abandonar a ação.
37
Sobre o assunto, vale a pena destacar que o art. 385 do CPP dispõe que nos crimes de
ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha
opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido
alegada.
suspensão do processo entre 2 e 4 anos, desde que o sujeito cumpra algumas condições.
Passado o prazo e cumpridas as condições, haverá a extinção do processo e da punibilidade do
agente.
à ação penal privada. Ele é derivado do princípio da intranscendência das penas, do direito
penal, também chamado de princípio da pessoalidade das penas ou de princípio da
No direito penal ele significa que a pena não pode passar da pessoa do condenado,
enquanto no processo penal ele significa que a condição de réu não pode passar da pessoa do
réu.
Portanto, se o réu morre, extingue-se o processo, pois ninguém poderá sucedê-lo nesta
condição.
38
Segundo esse princípio, nada impede que o Ministério Público ofereça denúncia contra um
ou alguns autores ou partícipes do crime e continue a investigar o(s) outro(s), que pode(m) ou
não ser processado(s) a posteriori.
na ação penal pública não negam essa possibilidade de primeiro denunciar um(ns) agente(s) e
depois outro(s), mas afirmam que, como ao final o MP deve processar todos eles, o princípio a
ser aplicado é o da indivisibilidade da ação penal, que é a ideia de que todos os envolvidos
precisam ser processados, como um desdobramento do princípio da obrigatoriedade.
oficialidade, significa que devemos ter uma autoridade pública à frente da ação penal pública –
que é o membro do MP.
independentemente de provocação.
39
4.9 Princípios da ação penal privada
de autoria ou participação, ele não está obrigado a oferecer a queixa-crime, que só será
oferecida se lhe parecer conveniente e oportuno.
do exercício da ação penal. A renúncia pode ser expressa ou tácita. A primeira ocorre quando
formalmente o ofendido declara que não vai exercer o seu direito de ação. A renúncia expressa
constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador com
poderes especiais.5
A Renúncia é um assunto que o examinador ama cobrar quando se trata da ação penal.
Vejamos como este assunto foi cobrado no exame de ordem:
(XXIV EXAME DE ORDEM – FGV - 2017) Lívia, insatisfeita com o fim do relacionamento
amoroso com Pedro, vai até a casa deste na companhia da amiga Carla e ambas começam a
quebrar todos os porta-retratos da residência nos quais estavam expostas fotos da nova
namorada de Pedro. Quando descobre os fatos, Pedro procura um advogado, que esclarece a
5
Vide questão 02 e 05 desse material
40
Diante disso, Pedro opta por propor queixa-crime em face de Carla pela prática do crime de
dano (Art. 163, caput, do Código Penal), já que nunca mantiveram boa relação e ele tinha
conhecimento de que ela era reincidente, mas, quanto a Lívia, liga para ela e diz que nada fará,
opinião, razão pela qual contrata um advogado junto com Carla para consultoria jurídica.
Considerando apenas as informações narradas, o advogado deverá esclarecer que ocorreu
A) renúncia em relação a Lívia, de modo que a queixa-crime não deve ser recebida em relação
a Carla.
B) renúncia em relação a Lívia, de modo que a queixa-crime deve ser recebida apenas em relação
a Carla.
C) perempção em relação a Lívia, de modo que a queixa-crime deve ser recebida apenas em
relação a Carla.
D) perdão do ofendido em relação a Lívia, de modo que a queixa-crime deve ser recebida
apenas em relação a Carla.
A renúncia tácita ocorre quando o ofendido fica inerte, deixando correr o prazo decadencial
Atenção: nos crimes do CPP, a aceitação de uma indenização não representa uma renúncia
tácita. Já nos crimes do Juizado Especial, a aceitação de uma indenização pode representar uma
composição civil dos danos, que extingue a punibilidade do agente.
Ainda, vale destacar que a renúncia quanto ao exercício do direito de queixa contra um
dos autores do crime se estende aos demais coatores e partícipes. Assim, o ofendido deve
processar todos infratores, ou não processar nenhum. A fiscalização da obediência dessa regra
41
cabe ao Ministério Público, que deve aditar a queixa caso verifique que o querelante não acusou
todos os agentes.
Art. 55, do CPP – O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais.
Entretanto, como se trata de um ato bilateral, podemos dizer que a proposta de perdão se
estende a todos, mas ele só produzirá efeitos para aqueles que o aceitarem. Havendo recusa de
O perdão tem o prazo de 10 dias para ser aceito ou recusado. Passados esses 10 dias sem
resposta do querelado, considera-se que há aceitação. É o que chamamos de perdão tácito.
42
Quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo
durante 30 dias seguidos;
Quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer
em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias,
qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial,
o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão.6
Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, terá preferência o
cônjuge, e, em seguida, o parente mais próximo na ordem de enumeração constante do
art. 31, podendo, entretanto, qualquer delas prosseguir na ação, caso o querelante desista
da instância ou a abandone.
6
Vide questão 10 desse material.
43
Os institutos estudados – renúncia, perdão do ofendido e perempção – só se aplicam às
ações privadas propriamente ditas e às ações privadas personalíssimas. Não é possível aplicá-
los nos casos de ação penal privada subsidiária da pública.
Nesse contexto, alguns autores falam em perempção imprópria, que seria uma das
mas sim faria com que o Ministério Público reassumisse a titularidade do processo.
7
Vide questão 09 desse material.
44
O Ministério Público deve zelar pela aplicação desse princípio como custos legis na ação penal
de iniciativa privada. Portanto, caso verifique que o autor não processou todos os envolvidos
no fato criminoso, o MP tem o dever de se pronunciar para que o querelante regularize a sua
peça inicial ou reconheça a sua renúncia em relação a todos. O MP não pode incluir os
agentes que faltam na queixa crime porque ele não é titular da ação.
45
QUADRO SINÓTICO
DIREITO DE AÇÃO
Direito público subjetivo da parte acusadora
de pedir ao Estado-Juiz que, mediante o
Conceito
devido processo legal, aplique o direito penal
objetivo em um caso concreto.
Público
Subjetivo
Abstrato
Características
Autônomo
Delimitado e específico
instrumental
CONDIÇÕES DA AÇÃO
Condições genéricas Condições específicas
Legitimidade Representação do ofendido
Interesse de agir Requisição do Ministro da Justiça
Justa causa Provas novas quando o inquérito for
arquivado por fata de provas
Provas novas após a preclusão da
decisão de impronúncia
Autorização da Câmara dos Deputados
Trânsito em julgado da sentença que
anule casamento por erro ou
impedimento
...
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
Subjetivos Objetivos
JUIZ PARTES EXTRÍNSECOS INTRÍNSECOS
46
Investidura Capacidade de Litispendência Regularidade do
Competência ser parte Coisa julgada processo
Imparcialidade Capacidade
processual
Capacidade
postulatória
REQUISITOS DA DENÚNCIA OU QUEIXA
Exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias
Qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo
Classificação do crime
Rol de testemunhas, quando necessário
AÇÃO PENAL
Incondicionada
à representação do
DE INICITIVA PÚBLICA ofendido
Condicionada
à requisição do
Ministro da Justiça
Propriamente dita
DE INICIATIVA PRIVADA Personalíssima
Subsidiária da pública
PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL
PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA
Princípio do ne procedat iudex ex officio Princípio do ne procedat iudex ex officio
Princípio do ne bis in idem Princípio do ne bis in idem
Princípio da intranscendência Princípio da intranscendência
Princípio da obrigatoriedade Princípio da oportunidade
Princípio da indisponibilidade Princípio da disponibilidade
Princípio da divisibilidade Princípio da indivisibilidade
Princípio da oficialidade
Princípio da autoritariedade
Princípio da oficiosidade
47
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
(XXX EXAME DE ORDEM – FGV - 2019) Após uma partida de futebol amador, realizada em
constavam diversas ofensas à sua honra. Em 28/06/2018, André encontrou um dos jogadores
da equipe adversária, Marcelo, que lhe confessou a autoria do bilhete, ressaltando que Luiz e
Rogério também estavam envolvidos na ofensa.
fato. Diante disso, o advogado do ofendido, após procuração com poderes especiais, apresenta,
em 14/12/2018, queixa-crime em face de Luiz, Rogério e Marcelo, imputando-lhes a prática dos
responsabilização penal de Marcelo, tendo em vista que somente descobriu a autoria do crime
em decorrência da ajuda por ele fornecida. Diante disso, comparece à residência de Marcelo,
informa seu arrependimento, afirma não ter interesse em vê-lo responsabilizado criminalmente
e o convida para a festa de aniversário de sua filha, sendo a conversa toda registrada em mídia
audiovisual.
Considerando as informações narradas, é correto afirmar que o(a) advogado(a) dos querelados
poderá
48
C) buscar a extinção da punibilidade de Marcelo, mas não de Luiz e Rogério, em razão da
oferecido a Marcelo por parte de André, que deverá ser estendido aos demais coautores.
Comentário:
prazo da ação privada (6 meses) inicia do conhecimento da autoria, não do fato! Portanto,
se foi sabido dia 28 de junho, o prazo para apresentar a queixa vai até o fim de dezembro.
Sobre a desistência de persistir com o intuito de processar, observe que foi após o
recebimento da inicial. Isso caracteriza o perdão, e sobre ele vale a leitura do art. 51 do
CPP; 106, I, §1º e 107, V, do CP. Estes artigos aclaram que o perdão:
- Se concedido a um, a todos aproveita (que aceitarem), pois a ação privada é regida pelo
princípio da indivisibilidade. Não é meio para vinganças e perseguições.
Questão 2
(XXVIII EXAME DE ORDEM – FGV - 2019) Gabriel, nascido em 31 de maio 1999, filho de Eliete,
demonstrava sua irritação em razão do tratamento conferido por Jorge, namorado de sua mãe,
para com esta. Insatisfeito, Jorge, no dia 1º de maio de 2017, profere injúria verbal contra
Gabriel.
49
Após a vítima contar para sua mãe sobre a ofensa sofrida, Eliete comparece, em 27 de maio de
de advogado, informando que tem interesse em ver Jorge responsabilizado criminalmente pela
ofensa realizada.
Comentário:
CPP Art. 50 - A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu
representante legal ou procurador com poderes especiais. Parágrafo único: A renúncia do
representante legal do menor que houver completado 18 (dezoito) anos não privará este do
Questão 3
(XXVII EXAME DE ORDEM – FGV - 2018) Flávio apresentou, por meio de advogado, queixa-
50
Na inicial acusatória, assinada exclusivamente pelo advogado, consta como querelado apenas o
primeiro nome de Gabriel, o apelido pelo qual é conhecido, suas características físicas e seu
local de trabalho, tendo em vista que Flávio e sua defesa técnica não identificaram a completa
qualificação do suposto autor do fato. A peça inaugural não indicou rol de testemunhas, apenas
acostando prova documental que confirmaria a existência do crime. Ademais, foi acostada ao
procedimento a procuração de Flávio em favor de seu advogado, na qual consta apenas o nome
completo de Flávio e seus dados qualificativos, além de poderes especiais para propor eventuais
A) sob o fundamento de que não poderia ter sido apresentada sem a completa qualificação do
querelado, sendo insuficiente o fornecimento de características físicas marcantes, apelido e local
Comentário:
tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo
criminal.
51
Questão 4
(XXIV EXAME DE ORDEM – FGV - 2017) Tiago, funcionário público, foi vítima de crime de
difamação em razão de suas funções. Após Tiago narrar os fatos em sede policial e demonstrar
interesse em ver o autor do fato responsabilizado, é instaurado inquérito policial para investigar
a notícia de crime.
Quando da elaboração do relatório conclusivo, a autoridade policial conclui pela prática delitiva
da difamação, majorada por ser contra funcionário público em razão de suas funções, bem como
identifica João como autor do delito. Tiago, então, procura seu advogado e informa a este as
conclusões 1 (um) mês após os fatos.
Considerando apenas as informações narradas, o advogado de Tiago, de acordo com a
B) caberá a Tiago, assistido por seu advogado, oferecer queixa-crime, não podendo o ofendido
optar por oferecer representação para o Ministério Público apresentar denúncia.
C) Tiago poderá optar por oferecer queixa-crime, assistido por advogado, ou oferecer
representação ao Ministério Público, para que seja analisada a possibilidade de oferecimento de
denúncia.
Comentário:
Nos crimes contra a honra, a regra é perseguir a pena mediante ação penal privada da
vítima ou de seu representante legal. Entretanto, será penal pública condicionada à
representação no caso de o delito ser cometido contra funcionário público, no exercício
52
das suas funções (art.141,II, CP) e condicionada à requisição do Ministro da Justiça no caso
condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de
servidor público em razão do exercício de suas funções..
Questão 5
(XXIV EXAME DE ORDEM – FGV - 2017) Lívia, insatisfeita com o fim do relacionamento
amoroso com Pedro, vai até a casa deste na companhia da amiga Carla e ambas começam a
quebrar todos os porta-retratos da residência nos quais estavam expostas fotos da nova
namorada de Pedro. Quando descobre os fatos, Pedro procura um advogado, que esclarece a
dano (Art. 163, caput, do Código Penal), já que nunca mantiveram boa relação e ele tinha
conhecimento de que ela era reincidente, mas, quanto a Lívia, liga para ela e diz que nada fará,
A) renúncia em relação a Lívia, de modo que a queixa-crime não deve ser recebida em relação
a Carla.
B) renúncia em relação a Lívia, de modo que a queixa-crime deve ser recebida apenas em relação
a Carla.
C) perempção em relação a Lívia, de modo que a queixa-crime deve ser recebida apenas em
relação a Carla.
53
D) perdão do ofendido em relação a Lívia, de modo que a queixa-crime deve ser recebida
Comentário:
A renúncia pode ser expressa ou tácita. Poderá ser formalizada por meio de procurador
com poderes especiais (art. 50 do CPP). Se for dirigida a um dos autores, deverá ser
Questão 6
(XXIII EXAME DE ORDEM – FGV - 2017) No dia 31 de dezembro de 2015, Leandro encontra,
em uma boate, Luciana, com quem mantivera uma relação íntima de afeto, na companhia de
duas amigas, Carla e Regina.
Já alterado em razão da ingestão de bebida alcoólica, Leandro, com ciúmes de Luciana, inicia
com esta uma discussão e desfere socos em sua face. Carla e Regina vêm em defesa da amiga,
mas, descontrolado, Leandro também agride as amigas, causando lesões corporais leves nas
três.
Diante da confusão, Leandro e Luciana são encaminhados a uma delegacia, enquanto as demais
vítimas decidem ir para suas casas. Após exame de corpo de delito confirmando as lesões leves,
Luciana é ouvida e afirma expressamente que não tem interesse em ver Leandro
responsabilizado criminalmente.
Em relação às demais lesadas, não tiveram interesse em ser ouvidas em momento algum das
54
A) não poderá buscar a rejeição da denúncia em relação a nenhum dos três crimes.
B) poderá buscar a rejeição da denúncia em relação ao crime praticado contra Luciana, mas não
D) não poderá buscar a rejeição da denúncia em relação ao crime praticado contra Luciana, mas
poderá pleitear a imediata rejeição quanto aos delitos praticados contra Carla e Regina.
Comentário:
Lei 9.099/1995: Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial,
dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e
lesões culposas.
Súmula 542 do STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência
Questão 7
(CESPE - 2019 - TJ-BA - Juiz de Direito Substituto) Tendo como fundamento a jurisprudência
dos tribunais superiores, assinale a opção correta, a respeito de ação penal.
55
C) Na queixa-crime, a omissão involuntária, pelo querelante, de algum coautor implicará o
E) No caso de crime praticado contra a honra de servidor público no exercício de suas funções,
a vítima tem legitimação concorrente com o MP para ajuizar ação penal.
Comentário:
A falta dos requisitos formais da denúncia ou queixa, previstos no art. 41 do CPP, é causa
de inépcia da inicial. Segundo o art. 395 do CPP, quando a peça acusatória for
Nos crimes de ação penal pública, segundo o art. 385 do CPP, o juiz pode sentenciar
condenando o réu, mesmo quando o Ministério Público opine pela sua absolvição nas
Por fim, segundo a súmula 453 do STF, “não se aplicam à segunda instância o art. 384 e
parágrafo único do Código de Processo Penal, que possibilitam dar nova definição jurídica
ao fato delituoso, em virtude de circunstância elementar não contida, explícita ou
Portanto, o STF não admite a mutatio libelli em julgamento de apelação, pois a alteração
dos fatos contidos na inicial viola o princípio da presunção de inocência e do devido
processo legal. Entretanto, é possível a emendatio libelli em segundo grau de jurisdição,
56
pois o instituto não muda os fatos da inicial, apenas a sua capitulação legal e o réu
Questão 8
(FCC - 2018 - MPE-PB - Promotor de Justiça Substituto) Para que a ação penal tenha justa
causa e possibilite a ampla defesa do acusado, a denúncia deverá conter os seguintes requisitos
essenciais:
A) Exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou
Comentário:
57
esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo; a classificação do crime; e, quando
Os dois primeiros requisitos são essenciais, sendo a peça considerada inepta caso estejam
ausentes. Entretanto, a classificação do crime e o rol de testemunhas não são requisitos
essenciais, pois, em primeiro lugar, o juiz não está vinculado à classificação feita pelo
acusador, mas sim apenas aos fatos narrados; em segundo lugar, porque existem diversos
Questão 9
(FCC - 2018 - MPE-PB - Promotor de Justiça Substituto) Estabelece o Código de Processo
Penal que o Ministério Público velará pela indivisibilidade da ação penal de iniciativa privada.
Sobre o tema, é correto afirmar:
D) Em caso de abandono da ação penal privada pelo querelante, o Ministério Público deverá
assumir a acusação.
E) Na hipótese de ação penal perempta, o Juiz, somente após ouvir o Ministério Público, poderá
declarar extinta a punibilidade do querelado.
Comentário:
58
Em caso de abandono da ação penal privada pelo querelante, o Ministério Público não
poderá assumir a acusação, pois não é legitimado para tanto. O MP é titular apenas da
ação penal pública.
De fato, o Ministério Público deve opinar em todos os atos processuais penais, mesmo nas
ações penais privadas, como custos legis. Entretanto, a sua oitiva pelo juiz para declarar a
extinção da punibilidade do querelado em caso de perempção não é exigida legalmente.
Questão 10
(FCC - 2018 - MPE-PB - Promotor de Justiça Substituto) No caso de morte do ofendido, a
ordem preferencial para se exercer o direito de queixa, segundo o que dispõe o Código de
Processo Penal, é
Comentário:
59
Na ação penal privada propriamente dita, se o ofendido morrer ou for declarado ausente
por meio de decisão judicial, o direito de oferecer a queixa-crime passará para o seu
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão, segundo o art. 31 do CP.
Sobre a preferência, ainda cabe ressaltar que em caso de desistência ou abandono da ação
pelo querelante, qualquer outro legitimado a suceder o ofendido na ação penal privada
60
GABARITO
Questão 1 – ALTERNATIVA D
Questão 2 – ALTERNATIVA D
Questão 3 – ALTERNATIVA B
Questão 4 – ALTERNATIVA C
Questão 5 – ALTERNATIVA A
Questão 6 – ALTERNATIVA D
Questão 7 – ALTERNATIVA E
Questão 8 – ALTERNATIVA A
Questão 9 – ALTERNATIVA C
Questão 10 – ALTERNATIVA B
61
QUESTÃO DESAFIO
62
GABARITO QUESTÃO DESAFIO
para a propositura da ação penal é concorrente, nos termos da Súmula 714/STF (...). A
representação não exige forma especial, sendo suficiente para suprir os seus efeitos a inequívoca
manifestação de vontade do ofendido no sentido de que o ofensor seja processado
criminalmente, a qual pode ser verificada no boletim de ocorrência, na notitia criminis, nas
declarações do ofendido na polícia ou em juízo” (HC 100.588, Rel. Min. Ellen Gracie, julgado
14/09/2010).
“A admissão da ação penal pública, quando se cuida de ofensa propter officium (em razão do
cargo), para conformar-se à Constituição, há de ser entendida como alternativa à disposição do
condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de
servidor público em razão do exercício de suas funções”.
Sobre o tema:
63
“Exige-se, para o fim de balizar a legitimação concorrente do Ministério Público (Súmula
714, deste STF) quando o funcionário público é ofendido em razão de suas funções,
contemporaneidade entre as ofensas e o exercício do cargo, mas não contemporaneidade entre
efeito entre a função exercida pelo ofendido e as ofensas por ele sofridas -, também vulnerado
resta de forma reflexa o bem jurídico Administração Pública” (Inq 3.438, Rel. Min. Rosa Weber,
julgado em 11/11/2014).
64
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Ação Penal:
65
JURISPRUDÊNCIA
Ação Penal:
STF - HC: 72451 SP, Relator: MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 27/02/1996, SEGUNDA
TURMA, Data de Publicação: DJ 19-04-1996 PP-12213 EMENT VOL-01824-02 PP-00264
(...) AÇÃO PENAL - LEGITIMIDADE PASSIVA - IDENTIFICAÇÃO DATILOSCOPICA - IMPRESSÕES DIGITAIS
DISCREPANTES. Exsurgindo descompasso entre as impressões digitais constantes do boletim de identificação
criminal alusivo ao delito e as do acusado via denuncia, impõe-se a conclusão sobre a ilegitimidade passiva,
declarando-se nulo o processo a partir, inclusive, da peça primeira, ou seja, da denúncia.
STF - RE: 616752 RS, Relator: Min. DIAS TOFFOLI, Data de Julgamento: 08/06/2011, Data de
Publicação: DJe-112 DIVULG 10/06/2011 PUBLIC 13/06/2011.
DECISÃO: Vistos. O Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul interpõe recurso extraordinário, com
fundamento na alínea “a” do permissivo constitucional, contra acórdão proferido pela Turma Recursal Criminal dos
Juizados Especiais do Tribunal de Justiça estadual, assim do: “APELAÇÃO CRIME. CONTRAVENÇÃO PENAL. JOGOS
DE AZAR. ART. 50, DO DECRETO-LEI Nº 3688/1941. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. PRESCRIÇÃO PELA PENA
PROJETADA. É possível declarar extinta a punibilidade do autor do fato quando se antevê, modo inequívoco, a
prescrição de eventual pena a ser aplicada em caso de condenação. APELAÇÃO IMPROVIDA” (fl. 59). Os embargos
de declaração opostos (fls. 66 a 70), foram rejeitados (fls. 73 a 75). O recorrente sustenta, basicamente, que “o
decisum, ao desacolher os Embargos Declaratórios, sob os argumentos de que inexiste omissão ou contradição,
acabou por negar vigência ao artigo 93, IX, da Constituição Federal” (fl. 87). Aduz, ainda, que ao “extinguir a
punibilidade dos recorridos antes sequer da existência de uma sentença condenatória, a Turma Recursal Criminal
do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, sem dúvida alguma, negou vigência ao artigo 5º, incisos
LIV, LV e LVII, da Constituição Federal” (fl. 87). Requer o provimento do presente recurso para que “seja afastada a
extinção da punibilidade dos recorridos, determinando-se o prosseguimento do processo” (fl. 90). Examinados os
autos, decido. A irresignação merece prosperar, uma vez que o Plenário do Supremo Tribunal Federal, no exame
da questão de ordem no Recurso Extraordinário nº 602.527/RS, Relator o Ministro Cezar Peluso, decidiu pela
existência de repercussão geral e reafirmou a jurisprudência predominante da Corte acerca da inadmissibilidade de
extinção da punibilidade em virtude da decretação da assim chamada prescrição em perspectiva. O acórdão daquele
julgado está assim ementado: “AÇÃO PENAL. Extinção da punibilidade. Prescrição da pretensão punitiva 'em
perspectiva, projetada ou antecipada'. Ausência de previsão legal. Inadmissibilidade. Jurisprudência reafirmada.
Repercussão geral reconhecida. Recurso extraordinário provido. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC. É inadmissível
a extinção da punibilidade em virtude de prescrição da pretensão punitiva com base em previsão da pena que
hipoteticamente seria aplicada, independentemente da existência ou sorte do processo criminal” (DJe de 18/12/09).
66
O Tribunal a quo divergiu dessa orientação ao assentar no acórdão recorrido a possibilidade de extinção da
punibilidade em razão da prescrição frente uma pena hipoteticamente considerada. Ante o exposto, conheço do
recurso extraordinário e lhe dou provimento (art. 21, § 2º do RISTF). Publique-se. Brasília, 8 de junho de 2011.
Ministro DIAS TOFFOLI Relator Documento assinado digitalmente
Comentário: o Plenário do Supremo Tribunal Federal, no exame da questão de ordem no Recurso Extraordinário
nº 602.527/RS, Relator o Ministro Cezar Peluso, decidiu pela existência de repercussão geral e reafirmou a
jurisprudência predominante da Corte acerca da inadmissibilidade de extinção da punibilidade em virtude da
decretação da assim chamada prescrição em perspectiva.
RHC 61.822/DF, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 17/12/2015, DJe
25/02/2016.
PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES.
LEI Nº 9.099/95. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. OCORRÊNCIA. RECURSO
PROVIDO. A despeito da Lei nº 9.099/95 ser pautada por critérios da oralidade, simplicidade e informalidade, a
inicial acusatória (denúncia ou queixa-crime), mesmo nas infrações de menor potencial ofensivo, deve vir
acompanhada com o mínimo embasamento probatório, ou seja, com lastro probatório mínimo apto a demonstrar,
ainda que de modo indiciário, a efetiva realização do ilícito penal. Recurso ordinário provido para determinar o
trancamento do Processo nº 2014.01.1.033564-5/DF.
Comentário; mesmo nas infrações de menor potencial ofensivo, deve vir acompanhada com o mínimo
embasamento probatório, ou seja, com lastro probatório mínimo apto a demonstrar, ainda que de modo indiciário,
STJ - RHC: 14575 MS 2003/0093430-8, Relator: Ministro PAULO MEDINA, Data de Julgamento:
16/11/2004, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: --> DJ 06/12/2004 p. 364RT vol. 835 p. 508
PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. "LAVAGEM DE DINHEIRO". ARTIGO 1º,
INCISO V, DA LEI Nº 9.613/98. INÉPCIA DA DENÚNCIA E FALTA DE JUSTA CAUSA PARA A AÇÃO PENAL.
INOCORRÊNCIA. CERTEZA QUANTO AO CRIME ANTECEDENTE. DESNECESSIDADE NA FASE DE INSTAURAÇÃO
DA AÇÃO PENAL. RECURSO IMPROVIDO. - Não é inepta a denúncia que descreve minuciosamente fatos
subsumíveis ao disposto no artigo 1º, inciso V, da Lei nº 9.613/98, incluindo a narrativa dos crimes antecedentes
que se amoldam ao previsto no inciso V, do mesmo artigo. - Se não há injustiça ou erro manifestos, sendo vedada
a incursão vertical na matéria fático-probatória, não há também que se falar em denúncia abusiva, absurda ou
infundada e, nessa linha, também não se mostra injustificado o ato de recebimento da peça inaugural da Ação
Penal. - Não é necessária, para a instauração da ação penal ou para o ato de recebimento da denúncia, a
certeza quanto aos crimes antecedentes. - O Habeas Corpus não se presta à análise de teses defensivas relativas
ao mérito da imputação. - Recurso improvido.
67
STJ - HC: 46409 DF 2005/0126341-2, Relator: Ministro PAULO GALLOTTI, Data de Julgamento:
29/06/2006, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJ 27/11/2006 p. 320LEXSTJ vol. 209 p. 273
HABEAS CORPUS. APROPRIAÇÃO INDÉBITA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. ADITAMENTO DA DENÚNCIA
QUE INCLUI O PACIENTE COMO CO-RÉU. ALEGAÇÃO DE FALTA DE JUSTA CAUSA PARA A AÇÃO, BEM COMO DE
OCORRÊNCIA DO ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO. IMPROCEDÊNCIA. ARTIGO 569 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.
ORDEM PARCIALMENTE CONHECIDA E DENEGADA. 1 - A tese da não participação do paciente nos atos de
administração da empresa demanda revolvimento probatório, impróprio de ser realizado na via estreita do habeas
corpus, impondo-se notar que não se extrai dos documentos que instruem o writ a presença de elemento que
evidencie primus ictus oculi essa circunstância. 2 - Improcede a alegação de arquivamento implícito do inquérito
em relação ao paciente, visto que o artigo 569 do Código de Processo Penal admite o aditamento da denúncia
para suprir, antes da sentença, suas omissões, de modo, por certo, a tornar efetivos os princípios da
obrigatoriedade da ação penal pública e da busca da verdade real. 3 - A vedação ao oferecimento de denúncia
sem novas provas tem aplicação, a teor do enunciado nº 524 da Súmula do Supremo Tribunal Federal, nos casos
em que o inquérito, por despacho do Juiz e a requerimento do Ministério Público, tenha sido anteriormente
arquivado por falta de base probatória para o oferecimento da acusação, o que não é, por evidente, a hipótese
dos autos. 4 - A alegação de inépcia do aditamento da denúncia por falta de individualização da conduta do
paciente se trata de matéria não examinada pelo acórdão atacado, não podendo ser aqui analisada, sob pena de
indevida supressão de instância. 5 - Habeas corpus parcialmente conhecido e denegado.
HC 285.589/MG, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 04/08/2015, DJe
17/09/2015
68
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. NÃO CABIMENTO. VIOLAÇÃO À
COISA JULGADA. PROIBIÇÃO DO NE BIS IN IDEM. PACIENTE CONDENADO DUAS VEZES PELOS MESMOS FATOS.
FLAGRANTE ILEGALIDADE. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. I - A Primeira
Turma do col. Pretório Excelso firmou orientação no sentido de não admitir a impetração de habeas corpus
substitutivo ante a previsão legal de cabimento de recurso ordinário (v.g.: HC n. 109.956/PR; Rel. Min. Marco Aurélio,
DJe de 11/9/2012; RHC n. 121.399/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe de 1º/8/2014 e RHC n. 117.268/SP, Rel. Min. Rosa
Weber, DJe de 13/5/2014). As Turmas que integram a Terceira Seção desta Corte alinharam-se a esta dicção, e,
desse modo, também passaram a repudiar a utilização desmedida do writ substitutivo em detrimento do recurso
adequado (v.g.: HC n. 284.176/RJ, Quinta Turma, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe de 2/9/2014; HC n. 297.931/MG, Quinta
Turma, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, DJe de 28/8/2014; HC n. 293.528/SP, Sexta Turma, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
DJe de 4/9/2014 e HC n. 253.802/MG, Sexta Turma, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe de 4/6/2014). II -
Portanto, não se admite mais, perfilhando esse entendimento, a utilização de habeas corpus substitutivo quando
cabível o recurso próprio, situação que implica o não-conhecimento da impetração. Contudo, no caso de se verificar
configurada flagrante ilegalidade apta a gerar constrangimento ilegal, recomenda a jurisprudência a concessão da
ordem de ofício. III - Não obstante as nuances constantes dos decretos condenatórios relativamente aos bens
subtraídos pelo paciente, é evidente que as condenações incidiram sobre o mesmo fato criminoso, implicando em
indevido bis in idem em desfavor do paciente. IV - Malgrado o roubo cometido contra a vítima Paulo José de
Oliveira, gerente do estabelecimento bancário, não tenha sido apreciado na primeira ação, vindo à tona apenas no
segundo processo, ele também se encontra sob o âmbito de incidência do princípio ne bis in idem, porque fora
praticado no mesmo contexto fático da primeira ação, podendo ser levado ao conhecimento do juízo de origem
já naquela oportunidade, o que não ocorreu. V - Não há se falar em arquivamento implícito, rechaçado pela
doutrina e pela jurisprudência pátria, porque não se cuida, in casu, de fatos diversos, mas sim de um mesmo fato
com desdobramentos diversos e apreciáveis ao tempo da instauração da primeira ação penal. Habeas corpus não
conhecido. Ordem concedida de ofício para anular a ação penal n. 04504661-2, que tramitou perante o d. Juízo de
Direito da 2ª Vara Criminal da Comarca de Belo Horizonte/MG, por violação ao princípio ne bis in idem.
STJ, 6ª Turma, REsp. 1.324.760-SP, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 16/12/2014,
DJe 18/2/2015.
RECURSO ESPECIAL. PROCESSO PENAL. REVISÃO CRIMINAL. PUBLICAÇÃO DE ACÓRDÃO QUE NÃO CORRESPONDE
AO JULGAMENTO DO ÓRGÃO COLEGIADO. COISA JULGADA. NÃO OCORRÊNCIA. PERCEPÇÃO DO EQUÍVOCO PELO
TRIBUNAL APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO. DESCONSIDERAÇÃO DA PUBLICAÇÃO. POSSIBILIDADE. SEGURANÇA
JURÍDICA. LEALDADE E ÉTICA PROCESSUAIS. PRETENDIDAS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DECORRENTES DE ATOS
ILÍCITOS. DESCONSIDERAÇÃO. SUSPEIÇÃO DE JULGADORES. UTILIZAÇÃO DE EXPRESSÕES INADEQUADAS.
CIRCUNSTÂNCIA INSUFICIENTE A CONFIGURAR PARCIALIDADE NO JULGAMENTO. 1. O processo, em sua atual
fase de desenvolvimento, é reforçado por valores éticos, com especial atenção ao papel desempenhado pelas
partes, cabendo-lhes, além da participação para construção do provimento da causa, cooperar para a efetivação, a
69
observância e o respeito à veracidade, à integralidade e à integridade do que se decidiu, conforme diretrizes do
Estado Democrático de Direito. 2. A publicação intencional de acórdão ideologicamente falso – que não retrata,
em nenhum aspecto, o julgamento realizado – com o objetivo de beneficiar uma das partes, mesmo após o
trânsito em julgado, não pode reclamar a proteção de nenhum instituto do sistema processual (coisa julgada,
segurança jurídica etc.) 3. Ao sistema de invalidades processuais aplicam-se todas as noções da teoria do direito
acerca do plano de validade dos atos jurídicos de maneira geral. No processo, a validade do ato processual, tal
como ocorre com os fatos jurídicos, também diz respeito à adequação do suporte fático que lhe subjaz e lhe serve
de lastro. 4. A manutenção dos efeitos da publicação ilícita, eventualmente pretendida pelas partes, refoge à própria
finalidade da revisão criminal que, ao superar a intangibilidade da sentença transitada em julgado, cede espaço
aos impetrativos da justiça substancial. 5. É bem verdade que a revisão criminal encontra limitações no direito
brasileiro, e a principal delas diz respeito à modalidade de decisão que pode desconstituir. Desde que instituída a
revisão criminal na Constituição de 1891, é tradição do processo penal brasileiro reconhecer – tomando o princípio
do favor rei como referência – que somente as sentenças de condenação podem ser revistas. 6. A revisão pro
societate, cumpre dizer, reclamaria a mesma lógica que explica a revisão pro reo, qual seja, a necessidade de
preservar a verdade e a justiça material, sobretudo quando o tempo demonstra a falsidade das provas sobre as
quais se assentou a decisão absolutória, de modo a comprometer a legitimidade da sentença perante a comunhão
social. 7. Embora entre nós não se preveja, normativamente, ainda que em caráter excepcional, a possibilidade de
revisão do julgado favorável ao réu, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal autoriza desconstituir decisão
terminativa de mérito em que se declarou extinta a punibilidade do acusado, em conformidade com os arts. 61 e
62 do Código de Processo Penal, tendo em vista a comprovação, posterior ao trânsito em julgado daquela decisão,
de que o atestado de óbito motivador do decisum fora falsificado. 8. Ainda que a hipótese em exame não reproduza
o caso de certidão de óbito falsa, retrata a elaboração de acórdão de conteúdo ideologicamente falsificado sobre
o qual se pretende emprestar os efeitos da coisa julgada, da segurança jurídica e da inércia da jurisdição, o que
ressoa incongruente com a própria natureza da revisão criminal que é a de fazer valer a verdade. 9. A
desconstituição do acórdão falso não significa que houve rejulgamento da revisão criminal, muito menos se está a
admitir uma revisão criminal pro societate. Trata-se de simples decisão interlocutória por meio da qual o Judiciário,
dada a constatação de flagrante ilegalidade na proclamação do resultado de seu julgado, porquanto sedimentado
em realidade fática inexistente e em correspondente documentação fraudada, corrige o ato e proclama o resultado
verdadeiro (veredicto). Pensar de modo diverso (é que) ensejaria ofensa ao princípio do devido processo legal, aqui
analisado sob o prisma dos deveres de lealdade, cooperação, probidade e confiança, que constituem pilares de
sustentação do sistema jurídico-processual. 10. O processo, sob a ótica de qualquer de seus escopos, não pode
tolerar o abuso do direito ou qualquer outra forma de atuação que dê azo à litigância de má-fé. Logo, condutas
contrárias à verdade, fraudulentas ou procrastinatórias conspurcam o objetivo publicístico e social do processo, a
merecer uma resposta inibitória exemplar do Judiciário. 11. Portanto, visto sob esse prisma, não há como se tolerar,
como argumento de defesa, suposta inobservância à segurança jurídica quando a estabilidade da decisão que se
pretende seja obedecida é assentada justamente em situação de fato e em comportamento processual que o
70
ordenamento jurídico visa coibir. 12. A seu turno, o emprego, por desembargador que oficiou nos autos, de
expressões inadequadas ou de linguajar não compatível com a nobre função de julgar não significa, por si só, a
ocorrência de julgamento parcial. A suspeição se comprova pelo laço íntimo de afeição ou de desafeição e não
pela ausência de técnica escorreita de linguagem. 13. Recurso Especial não provido.
STJ - RHC: 55142 MG 2014/0343392-0, Relator: Ministro FELIX FISCHER, Data de Julgamento:
12/05/2015, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 21/05/2015
PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. AÇÃO PENAL PRIVADA. INÉPCIA DA
QUEIXA-CRIME. INOCORRÊNCIA. PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE. ART. 49 DO CPP. RECURSO DESPROVIDO. I - Se
a queixa, fundada em elementos suficientes, permite a adequação típica, ela não é inepta e nem peca pela falta de
justa causa (precedentes). II - In casu, consta da queixa-crime que o recorrente utilizava em sua empresa
equipamento cuja patente de invenção teria sido concedida ao querelante, perante o INPI - Instituto Nacional da
Propriedade Industrial. Relata, ainda, que por meio de medida cautelar de busca e apreensão, foi realizada perícia,
que teria constatado a contrafação em um dos itens patenteados. Conclui, por fim, que o ora recorrente "adquire
as peças de reposição de pessoas que não estão autorizadas pelo titular da patente ou as produz em suas
dependências". Não há que se falar, portanto, na presente hipótese, em inépcia da queixa-crime. III - Na hipótese,
também não se vislumbra a alegada violação ao princípio da indivisibilidade da ação penal privada, porquanto a
despeito das alegações do recorrente de que o querelante deixou de observar o referido princípio, da análise
acurada da exordial acusatória conclui-se que em momento algum o querelante renunciou, nem ao menos
tacitamente, ao jus accusationis. IV - "O reconhecimento da renúncia tácita ao direito de queixa exige a
demonstração de que a não inclusão de determinados autores ou partícipes na queixa-crime se deu de forma
deliberada pelo querelante" (v.g.: HC 186.405/RJ, Quinta Turma, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe de 11/12/2014). Recurso
ordinário desprovido.
71
MAPA MENTAL
72
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LIMA, Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal. 6ª ed. Salvador – Jus Podivm. 2018.
73