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EXAME DE ORDEM
DIREITO
PENAL
Capítulo 08
CAPÍTULOS
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SOBRE ESTE CAPÍTULO
A apostila de número 08 do nosso curso de Direito Penal tratará sobre Extinção da Punibilidade,
matéria que é extremamente cobrada no Exame de ordem! De acordo com a nossa equipe de
inteligência, esse assunto esteve presente impressionante 6 VEZES nos últimos 3 anos! Não
Aqui, a banca costuma seguir o seu padrão: Apresentar um caso hipotético, pelo qual a resposta
é respaldada na legislação vigente. Por isso, recomendamos a leitura atenta da letra seca da lei
Vamos juntos!
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SUMÁRIO
Capítulo 8 .................................................................................................................................................. 6
8.6.2 Alcance.................................................................................................................................................................... 11
8.7.1 Anistia...................................................................................................................................................................... 12
8.7.2 Graça........................................................................................................................................................................ 14
8.9.1 Prescrição............................................................................................................................................................... 18
8.9.2 Decadência............................................................................................................................................................ 18
3
8.9.3 Perempção ............................................................................................................................................................ 19
8.11 RETRATAÇÃO DO AGENTE, NOS CASOS EM QUE A LEI A ADMITE (INCISO VI) .................. 23
8.12.3 Aplicabilidade....................................................................................................................................................... 25
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8.13.11 Prescrição no concurso de crimes ...................................................................................................... 48
GABARITO ............................................................................................................................................... 64
JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................... 68
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DIREITO PENAL
Capítulo 8
8.1 Introdução
A punibilidade é a consequência do crime, não seu elemento. Dessa forma, praticada uma
contravenção penal ou um crime, nasce automaticamente a punibilidade, consubstanciada na
possibilidade jurídica do Estado impor uma sanção penal ao responsável. O direito de punir (ius
puniendi) deve ser compreendido sob um tríplice aspecto: direito, dever e poder.
Em regra, a extinção da punibilidade não exclui a infração penal, a qual permanece intacta
com a superveniência de causa extintiva, desaparecendo, tão somente, o poder do Estado de
legal e por força de sua eficácia retroativa, provoca a atipicidade temporária do fato cometido
pelo agente, resultando na exclusão da infração penal.
A doutrina entende que a rol do Art. 107 do Código Penal é exemplificativo, tendo em
vista que possui algumas causas de extinção da punibilidade, não excluindo as diversas causas
encontradas no próprio Código Penal e na legislação especial.
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Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
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Súmula n.º 554, STF. O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos,
julgado da condenação
São causas extintivas da punibilidade que atingem somente a pretensão punitiva, uma
vez que ocorrem antes do trânsito em julgado: decadência, perempção, renúncia do direito
de queixa, perdão aceito, retratação do agente e perdão judicial.
Por outro lado, duas outras causas atingem apenas a pretensão executória: indulto e a
graça. Além disso, o sursis e o livramento condicional, previstos fora do art. 107 do Código
Penal, afetam exclusivamente a pretensão executória, em face do término do período de prova
sem revogação.
Por fim, existem causas de extinção da punibilidade que podem direcionar-se tanto contra
a pretensão punitiva como contra a pretensão executória, dependendo do momento em que
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8.4 Efeitos1
As causas extintivas que afetam a pretensão executória, salvo nas hipóteses de abolitio
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Questão 02
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Questão 06
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Conceitos É aquele cuja existência É aquele que resulta É o praticado para
depende da prática da união de dois ou assegurar a execução,
anterior de outro crime, mais crimes. a ocultação, a
chamado de principal. impunidade ou a
vantagem de outro
crime.
Possui dois fundamentos: (1) o princípio da personalidade da pena: a pena não pode
passar da pessoa do condenado; (2) o brocardo de justiça pelo qual a morte tudo apaga (mors
omnia solvit).
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8.6.2 Alcance
por expressa disposição constitucional, a obrigação de reparar o dano, até os limites das forças
da herança, e a decretação do perdimento de bens.
persecução penal, pode ser o suspeito (está sendo investigado), o indiciado (delegado fez o
indiciamento), o acusado (MP ofereceu a denúncia), o querelado (queixa-crime), o réu (juiz
A extinção da punibilidade pela morte de um dos agentes não se comunica aos demais
agentes envolvidos na prática do crime.
O art. 62 do Código de Processo Penal é claro ao exigir seja a prova da morte efetuada
correntes:
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1.ª posição: o réu pode ser processado somente pelo crime de falso, pois o
ordenamento jurídico brasileiro não contempla a revisão criminal pro societate. É a
posição dominante em sede doutrinária; e
2.ª posição: poderá haver revogação da decisão judicial, pois a declaração com falso
fundamento não faria coisa julgada em sentido estrito. Em verdade, trata-se de
decisão judicial inexistente, inidônea a produzir os efeitos inerentes à autoridade da
coisa julgada. É a posição do Supremo Tribunal Federal e também do Superior
Tribunal de Justiça.
Anistia, graça e indulto são formas de clemência soberana emanadas de órgãos alheios
ao poder judiciário, que dispensam, em determinadas hipóteses, a total ou parcial incidência da
lei penal. Concretizam a renúncia do Estado ao direito de punir. A anistia é concedida pelo
Poder Legislativo, já a graça e o indulto são concedidas pelo Poder Executivo.
Contudo, para ocorrer à extinção da punibilidade exige-se decisão judicial. Essas causas
punir.
8.7.1 Anistia
criminosos do raio de incidência do Direito Penal. A clemência estatal é concedida por lei
ordinária editada pelo Congresso Nacional. A competência da União para concessão de anistia
Perceba que tanto a anistia quanto a abolitio criminis são reguladas por lei ordinária. Por
isso, afirma-se que são as causas extintivas da punibilidade mais fortes de todas, as quais
fim, a anistia é destinada a fatos e não a pessoas, embora possam ser impostas condições
específicas ao réu ou condenado (anistia condicionada).
ESPÉCIES
ANISTIA
INCONDICIONADA É aquela que não impõe nenhuma condição para ser aceita.
Logo, o beneficiário não pode recusá-la.
(RELATIVA)
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EFEITOS
A anistia possui eficácia ex tunc, alcançando fatos passados. Além disso, apaga todos os
5.º, XLIII, da Constituição Federal: “a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça
ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e
8.7.2 Graça
graça atinge somente a pretensão executória, ou seja, manifesta-se após o trânsito em julgado
da condenação.
Tem por objeto crimes comum, com sentença condenatória transitada em julgado,
poderá ser provocado por petição do condenado, por iniciativa do Ministério Público, do
Conselho Penitenciário, ou da autoridade administrativa (LEP, art. 188).
É ato concedido por decreto do Presidente da República. É um ato privativo (pode ser
delegado aos Ministros de Estado, ao Procurador Geral da República ou ao Advogado Geral da
União) e discricionário.
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EFEITOS
ESPÉCIES
GRAÇA
Em regra, a graça não pode ser recusada, salvo quando proposta comutação de pena
(CPP, art. 739) ou submetida a condições para sua concessão. Assim, uma vez concedida a graça
ou indulto individual, e anexada aos autos cópia do decreto, o juiz declarará extinta a
punibilidade ou ajustará a execução aos termos do decreto, em caso de comutação da pena.
art. 5.º, XLIII, considera insuscetíveis de graça a prática de tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os crimes definidos como hediondos.
8.7.3 Indulto
ESPÉCIES
INDULTO
Incondicionado É aquela que não impõe nenhuma condição para ser aceita. Logo, o
beneficiário não pode recusá-la.
Condicionado Impõe uma ou mais condições. Portanto pode ser recusado pelo
destinatário.
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1.ª posição: a regra é inconstitucional, por abranger hipótese não prevista no texto
constitucional; e
2.ª posição: a regra é constitucional, pois a graça seria gênero do qual o indulto é
espécie. É a atual posição do Supremo Tribunal Federal.
Dessa forma, a prática de falta disciplinar de natureza grave, em regra, não interfere no
Súmula n.º 535, STJ. A prática de falta grave NÃO interrompe o prazo para fim
Encontra previsão legal no art. 2.º, caput, do Código Penal, é quando a nova lei que exclui
do âmbito do Direito Penal um fato até então considerado criminoso. Tem natureza jurídica de
causa de extinção da punibilidade.
Não serve como pressuposto da reincidência, nem configura maus antecedentes. Alcança
a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Permanecem, entretanto, os efeitos
civis de eventual condenação, isto é, a obrigação de reparar o dano provocado pela infração
Por fim, o juízo competente para aplicar a abolitio criminis será sempre o órgão do Poder
Judiciário em que a ação penal estiver em trâmite.
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8.9 PRESCRIÇÃO, DECADÊNCIA E PEREMPÇÃO (INCISO IV)
8.9.1 Prescrição
8.9.2 Decadência
seu titular durante o prazo legalmente previsto. Há a consumação do termo prefixado pela lei,
para o oferecimento da queixa (nas ações penais privadas) ou representação (nas ações penais
públicas condicionadas).3
do crime, ou, no caso de ação penal privada subsidiária da pública, do dia em que se esgota o
prazo para oferecimento da denúncia (CP, art. 103).
de interrupção e suspensão.
DECADÊNCIA PRESCRIÇÃO
Só ocorre depois da propositura da ação. Pode ocorrer antes ou durante a ação penal,
ou até mesmo após o trânsito em julgado
da condenação.
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Questão 04
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Ocorre só na ação penal privada e na ação Ocorre em qualquer espécie de ação penal.
penal pública condicionada à representação.
Extingue o direito de queixa ou de Extingue o direito de punir.
representação, e consequentemente, o
direito de punir.
É improrrogável, não se suspende nem se É improrrogável, mas pode ser suspensa ou
interrompe. interrompida.
8.9.3 Perempção4
Não é aplicável na ação penal privada subsidiária da pública, tendo em vista que nessa
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-
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Questão 01
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III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a
sucessor.
A presença do querelante deve ser necessária para a prática do ato processual. Assim,
não se faz obrigatório o seu comparecimento na audiência preliminar, tanto por ser ato anterior
ao recebimento ou rejeição da queixa-crime, quanto pelo fato de se tratar de mera faculdade
conferida às partes.
No que tange a falta de pedido de condenação nas alegações finais, esse fenômeno não
tem lugar na ação penal pública, pois o magistrado pode proferir sentença condenatória mesmo
com pedido de absolvição do Ministério Público. Não é preciso que o querelante manifeste
expressamente o pedido de condenação, bastando que dos seus termos possa extrair-se esse
propósito.
60, III, do CPP, exigindo-se habilitação no prazo legal para prosseguimento da lide, sob pena de
perempção.
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Por último, a ação penal pode ser considerada perempta com a morte do querelante na
ação penal privada personalíssima. O único exemplo vigente é possível no crime tipificado pelo
art. 236 do Código Penal (induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento).
A renúncia é o ato unilateral pelo qual o ofendido (ou seu representante legal) desiste
A renúncia pode ocorrer na ação penal exclusivamente privada, mas não na subsidiária
da pública, pois se o ofendido deixar de oferecer queixa o Ministério Público poderá iniciar a
ação penal enquanto não extinta a punibilidade do agente, pela prescrição ou por qualquer
outra causa.
poderes especiais. Todavia, a renúncia poderá ser tácita, isto é quando resulta da prática de ato
incompatível com a vontade de exercê-lo, que admitirá todos os meios de prova.
Com relação as competência dos Juizados Especiais, nos crimes de iniciativa privada e
pública condicionada à representação, à representação, o acordo entre ofensor e ofendido,
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configura hipótese de violação ao princípio da indivisibilidade, implicando, por isso mesmo, em
renúncia tácita.
Por fim, a renúncia apenas pode ser exercida antes do oferecimento da queixa. No caso
de morte da vítima, o direito de oferecer queixa passará ao cônjuge, ascendente, descendente
ou irmão (CADI). E a renúncia por parte de um dos colegitimados não impedirá o exercício da
ação penal privada pelos outros.
O perdão é o ato pelo qual o querelante ou seu representante legal desiste de prosseguir
com andamento do processo, já em curso, desculpando o ofensor pela prática do crime e
Pode ocorrer a qualquer momento, depois do início da ação penal privada, até o trânsito
em julgado da sentença condenatória.
O perdão pode ser tácito, isto é, aquele que resulta da prática de ato incompatível com
a vontade de prosseguir na ação (CP, art. 106, § 1.º) e admitirá todos os meios de prova.
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Art. 106, § 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível com
O querelado será intimado a dizer, dentro de 03 dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo,
ser cientificado de que o seu silêncio importará em anuência.
(INCISO VI)
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Falso testemunho (art. 342, §2º)
Falsa perícia (art. 342, §2º)
cabalmente da calúnia ou da difamação (CP, art. 143). De igual modo, o Código Penal admite a
retratação no art. 342, § 2.º, segundo o qual o fato deixa de ser punível se, antes da sentença
Art. 342, § 2º. O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em
8.12.1 Conceito
Ato que concede o perdão possui natureza de sentença, até porque apura se os requisitos
estão presentes.
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8.12.3 Aplicabilidade
8.12.4 Incomunicabilidade
O perdão judicial tem natureza subjetiva ou pessoal, por isso não se comunica no caso
de concurso de pessoas. Assim, a extinção da punibilidade só irá ocorrer para quem efetivamente
A sentença concessiva de perdão judicial não é condenatória, eis que não existe
condenação sem pena. Também não se trata de uma sentença absolutória, já que quem é
absolvido não precisa ser perdoado.
Desta forma, nos termos da Súmula 18 do STJ, pode-se afirmar que a sentença que
declara.
possui natureza subjetiva, por isso só pode ser concedido na sentença ou no acordão. Assim, é
necessária a instrução criminal para apurar os seus requisitos. Já as escusas absolutórias,
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8.12.7 Distinção entre perdão judicial e perdão do ofendido
8.13 PRESCRIÇÃO
8.13.1 Introdução
O Estado é o titular exclusivo do direito de punir, mesmo nos crimes de ação penal
privada, em que há a transferência do direito à persecução penal. Esse direito tem natureza
abstrata, podendo ser exercido sobre todas as pessoas.
Limite material – princípio da reserva legal (crime e pena devem estar previsto em
lei), princípio da insignificância, princípio da lesividade;
Limite formal – devido processo legal, contraditório, ampla defesa, vedação de provas
ilícitas;
Limite temporal – prescrição.
8.13.2 Conceito
Pretensão punitiva é o interesse do Estado de aplicar a pena a quem violou a lei penal.
Já a pretensão executória é o interesse do Estado no cumprimento da pena, fazer com que uma
pena já aplicada seja efetivamente cumprida.
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8.13.3 Natureza jurídica
Prevista no art. 107, IV, 1.ª figura, do Código Penal, a prescrição é causa de extinção da
punibilidade. Ressalta-se que a prescrição não apaga o crime, mas sim retira do Estado o direito
de punir.
8.13.4 Alocação
O cômputo de seu prazo segue a regra do Art. 10 do Código Penal, incluindo o dia do
começo e excluindo o dia do final, contando-se os dias, os meses e os anos pelo calendário
comum.
Por fim, destaca-se que a prescrição é matéria preliminar (deve ser examinada pelo juiz
antes do enfretamento do mérito) e de ordem pública (pode e deve ser reconhecida pelo juiz,
inclusive de ofício, a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição), nos termos do art. 61
do CPP. Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade,
8.13.5 Fundamentos
Segurança jurídica ao responsável pela infração penal: o estado possui prazos para
punir o agente, não sendo justa nem correta a imposição ou a execução de uma
sanção penal muito tempo depois da prática do crime ou da contravenção penal.
Luta contra a ineficiência do Estado: os órgãos estatais responsáveis pela apuração,
processo e julgamento de infrações penais devem atuar com zelo e celeridade, em
obediência à eficiência dos entes públicos.
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Impertinência da sanção penal: conforme Beccaria (Dos Delitos e das Penas), para
combater a criminalidade é preciso punir de forma justa, séria e rápida. A sanção
penal aplicada muito após a prática do crime é inadequada, a pena perde suas
finalidades (prevenção geral, prevenção especial), tornando-se um mero instrumento
de ataque do Estado contra o cidadão.
A partir do momento em que o Poder Originário permitiu apenas essas duas exceções
acima, afirmou implicitamente que as penas de todas as demais infrações penais prescrevem,
sendo a prescrição elevada à categoria de direito fundamental do ser humano.
Por tal razão, o STJ firmou o entendimento que no caso de citação por edital e
consequente aplicação do Art. 366 do CPP, não se admite a suspensão da prescrição por tempo
indefinido, o que poderia configurar uma situação de imprescritibilidade.
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Súmula n.º 415, STJ. O período de suspensão do prazo prescricional é regulado
Entretanto, o STF já decidiu que a Constituição Federal não veda seja indeterminado o
prazo de suspensão da prescrição, uma vez que não se constitui em hipótese de
Por fim, conforme já decidido pelo o STF, as penas dos crimes contra a humanidade
Prescrição e decadência são causas extintivas da punibilidade, previstas no art. 107, IV, do
CP, que ocorrem em razão da inércia do titular de um direito, durante determinado prazo
previsto em lei. A prescrição e a decadência diferenciam-se em três pontos:
PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
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DIREITO Atinge diretamente o direito Atinge diretamente o direito de
de punir. ação e indiretamente o direito de
punir.
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8.13.9 Prescrição da pena privativa de liberdade
Dispositivo legal
Está disciplinada pelo art. 109, caput, do Código Penal: “A prescrição, antes de transitar
em julgado a sentença final, [...], regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada
ao crime...”.
Cálculo
O cálculo é feito com base na pena em abstrato, tendo em vista que a prescrição retira
enquadrando-a em algum dos incisos do art. 109 do Código Penal, com os quais podemos
formar uma tabela:
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O maior prazo prescricional do Código Penal é de 20 anos. Já o menor prazo, previsto
Anote-se, porém, que subsiste o prazo prescricional de 2 (dois) anos em três hipóteses:
(a) para a pena de multa, quando for a única cominada ou aplicada (CP, art. 114, I); e (b) para
o crime tipificado no art. 28, caput, da Lei 11.343/2006 (porte de droga para consumo pessoal),
nos termos do art. 30 da Lei de Drogas; e (c) no art. 125, VII, Código Penal Militar (Decreto-lei
O art. 115 do Código Penal determina a redução dos prazos prescricionais quando o
agente for menor de 21 anos ao tempo do crime e maior de 70 anos na data da sentença. Será
Com relação a senilidade, imagine a seguinte situação: “A” aos 69 anos na data da
sentença condenatória, obviamente não terá redução. Contudo, a defesa recorre e na data do
acórdão confirmatório da condenação o réu está com 71 anos, será aplicada a condenação?
O STF sempre entendeu que não seria aplicada a redução, uma vez que a idade de 70
anos devia ser verificada na data da primeira decisão condenatória. Contudo, na Ação Penal (AP)
516 entendeu que bastava que o réu seja maior de 70 anos na data do trânsito em julgado da
condenação.
Destaca-se que o Professor Cleber Masson afirma que seria qualquer recurso interposto
pelo réu, já o Professor Márcio Cavalcante na explicação do julgado da AP 516 (Info 731) salienta
que seria apenas no caso de embargos de declaração.
Por fim, embora o Estatuto do Idoso adote um critério etário, isto é a pessoa com 60
anos ou mais deve ser considerada idosa, firmou-se o entendimento que a redução pela metade
continua valendo apenas para o maior de 70 anos, eis que os fundamentos do Estatuto (proteção
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Questão 03
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da hipossuficiência) e da redação são totalmente diversos (fragilidade da pessoa para cumprir a
pena).
Termo inicial
Em regra, a prescrição começa a fluir a partir do momento em que o crime foi consumado,
nos termos do art. 111, I do CP. Assim, pode-se afirmar que o CP, para fins de prescrição, adota
a teoria do resultado, no que tange ao inciso I. Os demais incisos, são exceções a teria do
resultado.
enquanto nos crimes formais e nos de mera conduta opera-se a partir da prática da conduta
criminosa.
Nesses delitos, enquanto não encerrada a permanência, é dizer, enquanto não cessada a
Causas interruptivas
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São as causas aptas a zerar o prazo prescricional, ou seja, desprezam todos os prazos
II - pela pronúncia;
VI - pela reincidência
Destaca-se o rol do art. 117 do CP é taxativo, uma vez que a interrupção da prescrição é
prejudicial ao réu. Não cabe analogia para criação de outras hipóteses. A seguir veremos cada
recebimento pode ainda ocorrer em 2.º grau de jurisdição, conforme a Súmula n.º 709 do STF:
Súmula n.º 709 do STF. Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o
acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde logo,
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A denúncia ou a queixa recebida por juízo absolutamente incompetente não interrompe
a prescrição. Por sua vez, o recebimento da denúncia ou da queixa por juízo relativamente
incompetente interrompe a prescrição.
Nos casos em que o despacho de recebimento for anulado, posteriormente, não poderá
2. Pronúncia
Trata-se de decisão interlocutória mista não terminativa, tendo em vista que encerra a
primeira fase dos crimes de competência do júri. A prescrição considera-se interrompida com a
Apenas a pronúncia interrompe a prescrição, as demais decisões que podem ser lançadas
na primeira fase do júri (impronuncia, desclassificação e absolvição sumária) não interrompem
a prescrição.
Súmula n.º 191, STJ. A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que
Exclusiva dos crimes de competência do tribunal do júri, e ocorre quando o réu foi
pronunciado, e contra essa decisão a defesa interpôs recurso em sentido estrito, com
fundamento no art. 581, IV, do Código de Processo Penal, ao qual foi negado provimento.
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Opera-se a interrupção na data de sessão de julgamento do recurso pelo Tribunal
originária.
No concurso de pessoas:
A palavra "autores" engloba tanto coautores como partícipes do crime. Cleber Masson
traz o seguinte exemplo para facilitar o entendimento: “A” e “B” são regularmente processados
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pelo crime de roubo. Aquele é condenado, e este, absolvido. O Ministério Público interpõe
a prescrição interrompida para “B”, diante da sentença condenatória recorrível proferida contra
“A”.
No concurso de crimes
Crimes conexos são aqueles que possuem alguma ligação entre si. Quando tais crimes
forem objeto do mesmo processo, diga-se, da mesma ação penal, ou seja, forem imputados ao
Destaca-se que somente poderá ser possível a comunicabilidade quando os crimes forem
Causas impeditivas
As causas impeditivas da prescrição estão disciplinadas pelo Art. 116 do Código Penal.
Importa dizer que esse artigo sofreu alteração pela Lei n.º 13.964/2019 (Pacote Anticrime).
Antes do Pacote anticrime, havia apenas duas hipóteses impeditivas. Após, passamos a
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II - enquanto o agente cumpre pena no II - enquanto o agente cumpre pena no
estrangeiro; exterior; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
2019)
As questões prejudiciais estão previstas nos arts. 92 (relativas ao estado civil das pessoas)
e 93 (relativas a questões diversas) do Código de Processo Penal.
No CPP, o juiz criminal pode resolver todas as questões prejudiciais, salvo as relativas ao
estado civil das pessoas que somente podem ser resolvidas pelo juízo civil.
pacote Anticrime).
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A alteração trazida no inciso II, pelo pacote anticrime, nada mais é que uma modificação
da redação, trocando “no estrangeiro” para “no exterior”. Como podemos ver, houve apenas
uma mudança terminológica na redação.
Continuará não correndo o prazo prescricional enquanto o agente não for extraditado e
cumprir pena no exterior. O legislador manteve essa situação, vez que o cumprimento da pena
no exterior possa ser maior que o prazo prescricional, podendo ensejar a perda do direito de
punir do Estado.
No inciso III, temos uma novidade que é a impossibilidade do prazo prescricional correr
durante o processamento e julgamento dos Embargos de Declaração.
O jurista Fábio Roque Araújo, no dia 01.01.2020, trouxe várias explicações acerca das
mudanças introduzidas pelo Pacote Anticrime. O legislador pretende evitar aquela situação
corriqueira em que o sujeito uma vez condenado no STF, opõe embargos de declaração. Quando
Da mesma forma ocorrerá quando houver recursos aos tribunais superiores, casos eles
Essa mudança tem o condão de impedir que atitudes procrastinatórias levem o feito a
prescrição. Assim, se houver a interposição do mesmo recurso, nos tribunais superiores, e esses
recursos forem inadmissíveis, o sujeito não poderá se beneficiar de eventual prescrição que
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Inciso IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não
persecução penal.
O pacote anticrime veio para institucionalizar o acordo de não persecução penal. Esse
acordo já existia em um ato do CNMP. Mas a grande crítica era justamente ele não ter previsão
em lei.
Assim, enquanto o sujeito não cumprir ou rescindir o acordo de não persecução penal,
não haverá o computo da prescrição. Faz sentido, visto que o acordo de não persecução penal
tem o intuito de evitar uma ação penal caso o investigado cumpra as condições e não aguardar
uma prescrição.
se restringe ao Código Penal, podendo ser encontradas nos seguintes diplomas legais:
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um
ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia,
poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o
acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro
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crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional
Conceito
ambas as partes) que se verifica entre a publicação da sentença condenatória recorrível e seu
trânsito em julgado para a defesa.
intercorrente porque ocorre após a sentença condenatória recorrível, mas antes do trânsito em
julgado da condenação para a defesa.
Cálculo
É calculada com base na pena concreta. Nos termos da Súmula 146 do Supremo Tribunal
Federal: “A prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada na sentença, quando não
há recurso da acusação”.
Termo inicial
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Depois do trânsito em julgado para a acusação, seja com o decurso in albis do prazo
recursal, seja com o não provimento do seu recurso pelo Tribunal, há duas posições acerca do
momento adequado para o seu reconhecimento:
1. Pode ser reconhecida exclusivamente pelo Tribunal, pois o magistrado de 1.ª instância,
ao proferir a sentença, esgota a sua atividade jurisdicional.
2. Pode ser decretada em 1.º grau de jurisdição, por se tratar de matéria de ordem
pública, a qual pode ser reconhecida de ofício a qualquer tempo (CPP, art. 61, caput).
É o entendimento do Superior Tribunal de Justiça.
Redução da pena imposta pela sentença e pendência de recurso da acusação
Na hipótese em que a pena imposta pela sentença de 1.ª instância for reduzida pelo
Tribunal, a prescrição superveniente (entre a sentença e o acórdão) deve ser calculada com base
na pena aplicada pela sentença condenatória, teor da regra prevista no art. 110, § 1.º, do Código
Penal.6
PRESCRIÇÃO RETROATIVA
Cálculo
É o que se extrai do art. 110, § 1.º, do Código Penal, e também da Súmula 146 do
Supremo Tribunal Federal:
Súmula n.º 146, STF. A prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada
6
Questão 05
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Termo inicial
Justifica-se seu nome, “retroativa”, pelo fato de ser contada da sentença ou acórdão
condenatórios para trás. É calculada da sentença condenatória para trás. Desta forma, no campo
dos crimes em geral, a prescrição retroativa pode ocorrer entre a publicação da sentença ou
acórdão condenatórios e o recebimento da denúncia ou queixa.
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PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA OU PRESCRIÇÃO DA
CONDENAÇÃO
Conceito
A pretensão executória é o interesse e o dever de o Estado fazer com que uma pena, já
aplicada, seja efetivamente cumprida. Desta forma, a prescrição da pretensão executória é a
Forma de contagem
É calculada com base na pena em concreto. Assim, enquadra-se a pena aplicada no art.
109 do CP. É o que consta da Súmula 604 do Supremo Tribunal Federal:
Também se aplica o art. 115 do CP, o qual prevê a redução pela metade para os menores
Por fim, o art. 113 do CP prevê que no caso de fuga ou evasão do condenado a prescrição
será regulada pelo resto da pena que falta a ser cumprida. Consagra-se, aqui, o entendimento
Termo inicial
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O art. 112 do CP disciplina o termo inicial:
Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr:
julgado para ambas as partes, mas, a partir do momento em que isso ocorre, seu
termo inicial retroage ao trânsito em julgado para a acusação. É o que se infere do
interrupção deva computar-se na pena. Esse critério, previsto no art. 112, II, do
Código Penal, abrange as seguintes situações:
Causas interruptivas
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Art. 117. O curso da prescrição interrompe-se:
[...]
VI – pela reincidência.
Reincidência
Anterior à condenação: aumenta em 1/3.
Posterior à condenação: Interrompe a prescrição da pretensão executória
O art. 107, §1º do CP prevê a incomunicabilidade das causas de interrupção da PPE para
o concurso de pessoas e para o concurso de crimes.
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Art. 107, § 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção
O fato de o agente estar preso por outro crime torna impossível que o Estado execute a
pena. Visa impedir que as penas pequenas fiquem impunes quando o condenado está
cumprindo uma pena longa.
RETROATIVA EM PERSPECTIVA
Conforme o parágrafo único do art. 109 do Código Penal: “Aplicam-se às penas restritivas
de direitos os mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade”.
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No tocante à prescrição da pretensão executória de pena restritiva de direitos
descumprida pelo condenado, o prazo é calculado de acordo com o tempo faltante da pena
alternativa aplicada em substituição à pena privativa de liberdade.
Conforme dispõe o art. 119 do Código Penal: “No caso de concurso de crimes, a extinção
da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente”. Esse dispositivo é aplicável ao
de cada um dos delitos, isoladamente, e não sobre a pena final, resultante da soma das
reprimendas cabíveis a cada um dos crimes.
Esse raciocínio igualmente se aplica ao concurso formal impróprio, ou imperfeito (CP, art.
70, caput, in fine), pois nele as penas dos diversos crimes também devem ser somadas.
considerar somente a pena inicial, isto é, a pena derivada de um dos crimes, sem o aumento
decorrente do concurso formal próprio ou da continuidade delitiva.
Nesse sentindo, a Súmula 497 do STF que, embora se refira ao crime continuado, vale
Súmula n.º 497, STF. Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-
se pela pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente
da continuação.
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Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá:
cumulativamente aplicada.
prescrição da pretensão executória, quando a multa já transitou em julgado e não foi paga,
deve-se usar o art. 51 do CP, caracterizando uma dívida de valor. Portanto, prescreve em cinco
anos.
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QUADRO SINÓTICO
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
A punibilidade é a consequência do crime, não seu elemento.
Dessa forma, praticada uma contravenção penal ou um crime,
Introdução nasce automaticamente a punibilidade, consubstanciada na
possibilidade jurídica do Estado impor uma sanção penal ao
responsável.
A pretensão punitiva é interesse do Estado em aplicar a
sanção penal: surge com a prática da infração penal. Já a
Momento de pretensão executória é o interesse do Estado em exigir o
cumprimento de uma sanção penal já imposta: nasce com o
ocorrência
trânsito em julgado da condenação (após o trânsito em
julgado da condenação para ambas as partes).
Pretensão punitiva: As causas de extinção da punibilidade
que atingem a pretensão punitiva eliminam todos os efeitos
penais de eventual sentença condenatória já proferida. Assim,
a sentença não irá gerar reincidência, nem maus antecedentes,
bem como a obrigação de reparar o dado.
Efeitos
Pretensão executória: As causas extintivas que afetam a
pretensão executória, salvo nas hipóteses de abolitio criminis
e anistia, apagam unicamente o efeito principal da
condenação, é dizer, a pena. Subsistem os efeitos secundários
da sentença condenatória: pressuposto da reincidência e
constituição de título executivo judicial no campo civil.
I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato
Causas de como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
extinção da V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão
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A extinção da punibilidade pela morte de um dos agentes não
se comunica aos demais agentes envolvidos na prática do
crime.
Morte do
O art. 62 do Código de Processo Penal é claro ao exigir seja
agente
a prova da morte efetuada exclusivamente com a certidão de
óbito.
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dano provocado pela infração penal e a constituição de título
executivo judicial.
PRESCRIÇÃO
Prescrição é a perda da pretensão punitiva ou da pretensão
executória em face da inércia do Estado durante determinado
Conceito tempo legalmente previsto.
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intercorrente/superveniente. Não há trânsito em julgado da
condenação para AMBAS as partes (acusação e defesa). Na a
retroativa e na intercorrente há trânsito em julgado para
acusação, mas não para a defesa.
Apaga todos os efeitos de eventual sentença condenatória já
proferida.
A competência depende do estágio da persecução penal.
condenação
Trata-se de construção doutrinária e jurisprudencial. Decreta-
Prescrição
se a extinção da punibilidade com fundamento na perspectiva
virtual, de que, mesmo na hipótese de eventual condenação,
inevitavelmente ocorrerá a prescrição retroativa.
projetada,
antecipada,
prognostical ou
retroativa em
perspectiva
Conforme o parágrafo único do art. 109 do Código Penal:
Prescrição das
“Aplicam-se às penas restritivas de direitos os mesmos prazos
penas restritivas previstos para as privativas de liberdade”.
de direitos
Conforme dispõe o art. 119 do Código Penal: “No caso de
Prescrição no concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre
a pena de cada um, isoladamente”. Esse dispositivo é aplicável
concurso de ao concurso material, ao concurso formal e ao crime
crimes continuado.
Prescrição da observe:
Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá:
pena de multa I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou
aplicada;
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II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena
privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou
cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.
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QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
(XXIX EXAME DE ORDEM – FGV - 2019) João, por força de divergência ideológica, publicou,
em 03 de fevereiro de 2019, artigo ofensivo à honra de Mário, dizendo que este, quando no
exercício de função pública na Prefeitura do município de São Caetano, desviou verba da
compareceram.
Diante da ausência injustificada do querelante, poderá a defesa de João requerer ao juiz o
reconhecimento
A) da decadência, que é causa de extinção da punibilidade.
Comentário:
A ausência injustificada do querelante a qualquer ato do processo a que deva estar presente
Questão 2
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(XXVI EXAME DE ORDEM – FGV - 2018) Jorge foi condenado, definitivamente, pela prática de
cumprimento da pena por Jorge e da submissão ao processo por João, foi publicada e entrou
em vigência uma lei que deixou de considerar as condutas dos dois como criminosas. Ao
tomarem conhecimento da vigência da lei nova, João e Jorge o procuram, como advogado, para
a adoção das medidas cabíveis.
Com base nas informações narradas, como advogado de João e de Jorge, você deverá esclarecer
que
A) não poderá buscar a extinção da punibilidade de Jorge em razão de a sentença condenatória
já ter transitado em julgado, mas poderá buscar a de João, que continuará sendo considerado
primário e de bons antecedentes.
B) poderá buscar a extinção da punibilidade dos dois, fazendo cessar todos os efeitos civis e
penais da condenação de Jorge, inclusive não podendo ser considerada para fins de reincidência
ou maus antecedentes.
C) poderá buscar a extinção da punibilidade dos dois, fazendo cessar todos os efeitos penais
Comentário:
Questão de fácil entendimento, mas que pode gerar engano quanto aos efeitos penais e
"Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em
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Veja que a lei dispõe que somente os efeitos PENAIS serão cessados, não diz, portanto, sobre
os efeitos extrapenais.
Questão 3
(XXIV EXAME DE ORDEM – FGV - 2017) No dia 28 de agosto de 2011, após uma discussão no
trabalho quando todos comemoravam os 20 anos de João, este desfere uma facada no braço
de Paulo, que fica revoltado e liga para a Polícia, sendo João preso em flagrante pela prática do
injusto de homicídio tentado, obtendo liberdade provisória logo em seguida. O laudo de exame
de delito constatou a existência de lesão leve.
pelas partes.
Submetido a julgamento em sessão plenária em 18 de julho de 2017, os jurados afastaram a
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Comentário:
Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao
tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70
(setenta) anos. METADE DO PRAZO - SENDO DOIS ANOS.
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no §
1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze;
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito;
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro;
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não
excede a dois; 4 ANOS POR TER SIDO UM
Questão 4
(XXIII EXAME DE ORDEM – FGV - 2017) Silva foi vítima de um crime de ameaça por meio de
uma ligação telefônica realizada em 02 de janeiro de 2016. Buscando identificar o autor, já que
nenhum membro de sua família tinha tal informação, requereu, de imediato, junto à companhia
telefônica, o número de origem da ligação, vindo a descobrir, no dia 03 de julho de 2016, que
a linha utilizada era de propriedade do ex-namorado de sua filha, Carlos, razão pela qual foi até
a residência deste, onde houve a confissão da prática do crime.
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perante o Promotor de Justiça, que tinha interesse em representar em face do autor do fato,
diz que não mais tem interesse na representação. Ainda assim, considerando que a ação penal
é pública condicionada, o Promotor de Justiça ofereceu denúncia, no dia 07 de julho de 2016,
alegar que
A) ocorreu decadência, pois se passaram mais de 6 meses desde a data dos fatos.
B) a representação não foi válida, pois não foi realizada pelo ofendido.
C) ocorreu retratação válida do direito de representação.
Comentário:
Nesse caso, a representação, em si, foi válida, eis que realizada por legitimado (cônjuge do
falecido), bem como realizada dentro do prazo de seis meses a contar da data em que a vítima
teve ciência da autoria do fato.
A retratação da representação também ocorreu de forma válida, eis que se deu antes do
oferecimento da denúncia (art. 25 do CPP), motivo pelo qual o MP não poderia ter denunciado
o infrator
Questão 5
(XXII EXAME DE ORDEM – FGV- 2017) No dia 15 de abril de 2011, João, nascido em 18 de
maio de 1991, foi preso em flagrante pela prática do crime de furto simples, sendo, em seguida,
concedida liberdade provisória. A denúncia somente foi oferecida e recebida em 18 de abril de
2014, ocasião em que o juiz designou o dia 18 de junho de 2014 para a realização da audiência
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especial de suspensão condicional do processo oferecida pelo Ministério Público. A proposta foi
aceita pelo acusado e pela defesa técnica, iniciando-se o período de prova naquele mesmo dia.
Três meses depois, não tendo o acusado cumprido as condições estabelecidas, a suspensão foi
acusação.
Intimado da decisão respectiva, João procura você, na condição de advogado(a), para saber
sobre eventual prescrição, pois tomou conhecimento de que a pena de 01 ano, em tese,
prescreve em 04 anos, mas que, no caso concreto, por força da menoridade relativa, deve o
prazo ser reduzido de metade.
Comentário:
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em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.
Questão 6
(XX EXAME DE ORDEM – FGV - 2016) No dia 29/04/2011, Júlia, jovem de apenas 20 anos de
idade, praticou um crime de lesão corporal leve (pena: de 03 meses a 01 ano) em face de sua
rival na disputa pelo amor de Thiago. A representação foi devidamente ofertada pela vítima
dentro do prazo de 06 meses, contudo a denúncia somente foi oferecida em 25/04/2014. Em
29/04/2014 foi recebida a denúncia em face de Júlia, pois não houve composição civil, transação
Nesta hipótese,
A) poderá ser requerido pelo advogado de Júlia o reconhecimento da prescrição pela pena ideal,
pois entre a data dos fatos e o recebimento da denúncia foram ultrapassados mais de 03 anos.
B) deverá, caso aplicada ao final do processo a pena mínima prevista em lei, ser reconhecida a
prescrição da pretensão punitiva retroativa, pois entre a data dos fatos e o recebimento da
C) não foram ultrapassados 03 anos entre a data dos fatos e do recebimento da denúncia, pois
abstrato.
Comentário:
62
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o
do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade [no caso, um
ano] cominada ao crime, verificando-se:
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a
dois;
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:
do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.
[portanto, o prazo de prescrição é de dois anos]
Crime cometido no dia 29/04/2011. No dia 29/04/2013 já se encontrava prescrito, smj (art. 10,
CP)
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GABARITO
Questão 1 - D
Questão 2 - C
Questão 3 - B
Questão 4 - C
Questão 5 - D
Questão 6 - D
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QUESTÃO DESAFIO
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GABARITO QUESTÃO DESAFIO
É a análise de possível pena para o réu caso condenado. Não se admite a prescrição em
perspectiva.
Segundo Márcio André Lopes: “A prescrição virtual ocorre quando o juiz, verificando que já se
passaram muitos anos desde o dia em que o prazo prescricional começou ou voltou a correr,
entende que mesmo que o inquérito ou processo continue, ele não terá utilidade porque muito
provavelmente haverá a prescrição pela pena em concreto. Para isso, o juiz analisa a possível
pena que aplicaria para o réu se ele fosse condenado e, a partir daí, examina se, entre os marcos
interruptivos presentes no processo, já se passaram mais anos do que o permitido pela lei”.
“projetada” ou “antecipada”. O STF e o STJ afirmam que é inadmissível a prescrição virtual por
dois motivos principais: a) em virtude da ausência de previsão legal; b) porque representaria
AgR/MT)
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LEGISLAÇÃO COMPILADA
Da extinção da punibilidade
Prescrição
Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se computando
o acréscimo decorrente da continuação.
A prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada na sentença, quando não há recurso da acusação.
É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena
hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal.
A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri venha a desclassificar o crime.
Perdão Judicial
A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito
condenatório.
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JURISPRUDÊNCIA
HC 316.110/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 25/06/2019,
DJe 01/07/2019
O termo “sentença” contido no art. 115 do Código Penal se refere à primeira decisão condenatória, seja a do juiz
singular ou a proferida pelo Tribunal, não se operando a redução do prazo prescricional quando a sentença
condenatória é confirmada em sede de apelação.
Comentário: O termo "sentença", mencionado no art. 115 do CP, deve ser entendido como "primeira decisão
condenatória, seja sentença ou acórdão proferido em apelação”.
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MAPA MENTAL
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral (arts. 1º ao 120). 3. ed. Salvador: JusPodivm, 2015.
Estefam, André: Direito penal esquematizado: parte geral / André Estefam e Victor Eduardo Rios Gonçalves;
coordenador Pedro Lenza. – 5. ed. – São Paulo: Saraiva, 2016. – (Coleção esquematizado).
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1 / Cleber Masson. – 13. ed. – Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019.
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