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DE IPATINGA
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Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo apli-
cado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são
para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma
função específica, mostradas a seguir:
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SUMÁRIO
01
INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13
CRIMINOLOGIA .................................................................................................... 13
FUNCIONALISMO ................................................................................................. 14
EVOLUÇÃO HISTÓRICA ...................................................................................... 15
CÓDIGOS PENAIS NO BRASIL ........................................................................... 16
DIVISÃO DO CÓDIGO PENAL ............................................................................. 17
DIREITO PENAL DE EMERGÊNCIA, SIMBÓLICO E PROMOCIONAL .............. 18
VELOCIDADES DO DIREITO PENAL .................................................................. 19
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................. 21
02
INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 24
CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME ..................................................................... 25
FONTES ................................................................................................................ 26
CARACTERÍSTICAS DA LEI PENAL ................................................................... 29
INTERPRETAÇÃO DA NORMA PENAL .............................................................. 30
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................. 34
UNIDADE PRINCÍPIOS............................................................................................. 36
03
INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 36
TEMPO DO CRIME ............................................................................................... 40
LEI PENAL NO ESPAÇO ...................................................................................... 42
LUGAR DO CRIME ............................................................................................... 43
CONCEITO DE INFRAÇÃO PENAL ..................................................................... 44
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................. 46
04
INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 49
OBJETO MATERIAL E OBJETO JURÍDICO ........................................................ 51
VITIMIZAÇÃO PRIMÁRIA, SECUNDÁRIA E TERCIÁRIA ................................... 52
TEORIA TRIPARTITE ........................................................................................... 53
FATO TÍPICO ........................................................................................................ 54
ILICITUDE (ANTIJURIDICIDADE) ........................................................................ 63
CULPABILIDADE .................................................................................................. 69
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................. 74
05
INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 77
TENTATIVA ........................................................................................................... 77
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA............................................................................... 78
ARREPENDIMENTO EFICAZ ............................................................................... 79
ARREPENDIMENTO POSTERIOR ....................................................................... 79
CRIME IMPOSSÍVEL............................................................................................. 80
CONCURSO DE PESSOAS .................................................................................. 81
CONCURSO DE CRIMES ..................................................................................... 84
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................. 88
8
UNIDADE PENAS PROIBIDAS ............................................................................... 91
06
INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 91
PENAS PERMITIDAS ............................................................................................ 92
APLICAÇÃO DA PENA ......................................................................................... 93
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................. 96
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 100
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CONFIRA NO LIVRO
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INTRODUÇÃO
A partir desse momento passaremos a estudar o chamado Direito Penal com
o objetivo de aprender sobre seu conceito, seus institutos, suas regras, suas divi-
sões e seus princípios. O Direito Penal é o ramo do direito público responsável pelo
estudo das infrações penais e suas consequências jurídicas, tendo como uma das
sanções a privação da liberdade do indivíduo que atuou de forma contrária à norma
penal. Nesse sentido, podemos perceber que ele traz em seu seio a pior forma de
sanção entre todos os ramos do direito, a possibilidade de encarceramento do con-
denado, a retirada da liberdade daquele que cometeu um crime ou uma contraven-
ção penal. Por esse motivo tratamos o Direito Penal como um “soldado de reserva”,
chamado a atuar quando os outros ramos do Direito não conseguem resolver har-
monicamente a situação ocasionada. Ademais, é o Direito Penal o responsável por
resguardar os bens mais importantes dentro da sociedade, como exemplo a vida, a
liberdade e a segurança.
Nesse momento abordaremos algo mais real, visível, palpável, para a eluci-
dação do assunto, imagine que há duas pessoas envolvidas em uma relação jurídi-
ca de compra e venda, na qual uma delas deseja comprar o automóvel da outra,
nesse momento celebram um contrato, um deles entrega o veículo e o outro se
obriga a pagar os valores de forma parcelada. Após algum tempo percebe-se que
um deles não realizou sua parte no acordo celebrado, vindo a se tornar inadimplen-
te, não pagando os valores devidos ao proprietário anterior do bem, observamos
que este devedor detém a posse do veículo, mas ao contrário do convencionado,
não realizou o pagamento do mesmo, seja porque perdeu seu emprego, seja por-
que não conseguiu inserir os gastos dentro de seus ganhos mensais. Vejamos que,
se o devedor não conseguiu realizar o pagamento por circunstâncias alheias à sua
vontade, não se torna necessário, nesse caso específico, a atuação do Direito Pe-
nal, bastando o Direito Civil para a busca do pagamento devido, para o retorno do
bem ao credor ou até mesmo para a modificação das cláusulas contratuais. Ao con-
trário, quando estamos diante de um crime de homicídio, onde uma pessoa retira a
vida de outra, devemos chamar o Direito Penal para atuar no caso concreto, pois
aqui temos a lesão a um bem jurídico de maior importância, a vida, não conseguin-
do por meio dos outros ramos do Direito dar uma resposta adequada, tanto para a
vítima ou seus familiares, quanto para a coletividade e o próprio autor delito.
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Perceberam? Direito Penal como “soldado de reserva”, “ultima ratio”, ou seja,
a ultima razão para a tentativa de restabelecer a ordem jurídica, de organizar o caos
social gerado pela delinquência, pela criminalidade, por aqueles que não respeitam
os direitos mais importantes dentro de uma sociedade. Que me desculpem os ou-
tros ramos do Direito, mas o Direito Penal é o que mais pulsa, o mais vibrante, o
mais intrigante e o mais querido. Por isso, a partir desse momento, iremos navegar
dentro do Direito Penal, conhecendo suas estruturas, desvendando seu teor, tendo
a certeza que você possa terminar essa matéria extremamente apaixonado.
Agir, eis e inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que que-
rer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito.
Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio
se não o fizerem ali? Fernando Pessoa
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DIREITO PENAL UNIDADE
INTRODUÇÃO
CRIMINOLOGIA
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são “criminologia”, sendo esta o ramo que estuda quatro fatores, o crime, o crimino-
so, a vítima e o controle social, sendo mais abrangente que o Direito Penal, este ul-
timo que se contenta com o chamado crime ou contravenção penal e a pena ou a
medida de segurança.
A criminologia amplia o espectro, aumenta a visão sobre o fato delinquencial,
visualizando além do crime a pessoa do criminoso, sua postura, seu comportamento
no seio da sociedade, suas dores e pensamentos, suas angústias e anseios, estuda
ainda a vítima e sua importância para o acontecimento do crime, bem como a efici-
ência e eficácia de um controle sobre esses desvios de condutas.
Rogério Sanches (2019, p. 35) revela que:
Fique atento. No Direito Penal Brasileiro não há diferença entre crime e delito, sendo
sinônimos, já a contravenção penal se trata de condutas de menor potencial lesivo para
a sociedade, sendo ações humanas de menor ofensividade. Quando falamos do gênero
“infração penal” estamos nos referindo tanto a crime ou delito, quanto a contravenção
penal, e quando falamos em “sanção penal” nos referimos a pena ou medida de segu-
rança.
FUNCIONALISMO
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Nesse sentido, passamos a indagar sobre a verdadeira função do Direito Pe-
nal dentro da sociedade, a sua real necessidade, nos perguntando se o Direito Penal
é mesmo viável e, se viável, para que serve e qual a sua finalidade. O funcionalismo
tenta resolver essa questão e se divide em funcionalismo teleológico e funcionalismo
sistêmico, para os que defendem a ideologia teleológica o Direito Penal tem a fun-
ção de assegurar os bens jurídicos, ou seja, para essa corrente a finalidade será a
proteção dos bens que a matéria visa abrigar, sendo os bens individuais e coletivos
mais importantes para a sociedade, já os que defendem a ideologia sistêmica o Di-
reito Penal serve para assegurar o império da norma, tornando a norma coercitiva,
apta a gerar medo para aqueles que visam descumprir o ordenamento penal, para
esses últimos a finalidade não se trata de proteção dos bens mais importantes, pois
quando ele é chamado a atuar já ocorreu o crime e, sendo assim, não houve efetiva
proteção do bem jurídico tutelado pelo Estado.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
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rior para o próprio homem, mas não qualquer um, esse homem será a vítima ou
seus familiares, a punição pelo crime passa para quem sofreu os danos, como
exemplo os familiares do morto passam a ter o direito de retirar a vida do autor do
crime de homicídio ou, se este já tiver falecido, detém o direito de retirar a vida de
um de seus familiares, na lesão corporal a vítima passa a ter o direito de lesionar da
mesma forma que sofreu, no crime de furto detém o direito de cortar a mão do furta-
dor, uma frase marcante e que apresenta com clareza os ideais dessa época é a
frase “olho por olho, dente por dente”, tão utilizada no Código de Hamurabi, sendo
um dos mais antigos conjuntos de leis escritas já encontrados, datado do século
XVIII a.C.. Na vingança pública, observando a desproporcionalidade, exageros e
discrepâncias aplicadas, a responsabilidade pela aplicação das sanções passa para
um terceiro alheio ao ocorrido, um ente que estaria equidistante das partes com a
finalidade de racionalizar o sistema e aplicar penas humanas, justas e proporcionais,
as penas agora serão arbitradas por alguém que estaria fora das consequências do
crime, de forma a analisar todos os pontos e contrapontos de maneira imparcial, po-
dendo aplicar um resultado mais consoante com os ditames da justiça, esse ente a
princípio imparcial é o Estado. Pois bem, três momentos diferentes, a divindade, a
vitima e o Estado, todos eles em momentos diferentes responsáveis pela aplicação
das consequências jurídicas da infração penal.
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ber quais os códigos que marcaram presença durante o desenvolvimento de nosso
país.
Durante o período de colonização portuguesa, que se inicia no descobrimento
até o ano de 1821, o Brasil foi regido pelas chamadas Ordenações, sendo normas
originárias de Portugal que também se aplicavam em suas colônias, durante esse
lapso temporal de mais de três séculos o Brasil obedeceu à Ordenação Afonsina,
Ordenação Manuelina e Ordenação Filipina. Com a formação de um império inde-
pendente o Brasil passou a necessitar de uma codificação própria, autêntica, que
não carregasse o fardo das normas portuguesas, com isso, em 1830, aprovou o Có-
digo Criminal do Império. Consequentemente, com a Proclamação da República,
passou a vigorar o Código Criminal da República, em 1890, tendo como ponto de
destaque o fato de proibir a pena de morte e a prisão de caráter perpétuo. Em se-
quencia tivemos a Consolidação da Leis Penais em 1932, o Código Penal de 1940,
o Código Penal de 1969, que se estabeleceu em um período de instabilidade e in-
certeza, no Regime Militar, e o Código Penal de 1984, este que revogou a parte ge-
ral do Código de 1940.
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preceito secundário, continuando no mesmo exemplo, homicídio, temos como resul-
tado, na sua modalidade simples, a pena de reclusão de seis a vinte anos.
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VELOCIDADES DO DIREITO PENAL
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supressão de direitos constitucionalmente assegurados.
Conseguimos, dessa forma, criticar a busca de uma celeridade processual
sem a observância de direitos arduamente conquistados ao longo dos anos, tem de
haver um equilíbrio entre a velocidade do processo e a garantia de direitos constitu-
cionalmente assegurados, de nada vale uma decisão final rápida e equivocada. De
outro lado um procedimento demorado tem como consequência a sensação de im-
punidade.
Direito penal esquematizado: parte geral, 2017. (Breve História do Direito Penal)
Link: https://bit.ly/2CNEVX6
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FIXANDO O CONTEÚDO
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4. Na evolução histórica passamos pelas seguintes fases da vingança:
a) Vingança divina, vingança individual e vingança privada
b) Vingança divina, vingança privada e vingança social
c) Vingança geral, vingança privada e vingança pública
d) Vingança Estatal, vingança divina e vingança coletiva
e) Vingança divina, vingança privada e vingança pública
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que não geram benefício na sociedade.
e) Nenhuma das alternativas anteriores
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ITER CRIMINIS – CAMINHO DO UNIDADE
CRIME
INTRODUÇÃO
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a cogitação e a preparação, não se interessando o Direito Penal por essas fases,
salvo se a preparação estiver elencada como delito autônomo no Código, ou seja, a
preparação somente será punida se houver um tipo penal criminalizando certa con-
duta. Quando um indivíduo deseja falsificar moedas e compra instrumentos que te-
rão essa finalidade o ato da compra se trata de mera preparação da falsificação, po-
rém o legislador nesse caso específico criou um tipo penal com a finalidade de in-
criminar esse mero ato preparatório, o artigo 291 do Código Penal revela ser crime
adquirir, fornecer, possuir ou guardar maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer
objeto especialmente destinado à falsificação de moeda.
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atos? Todas essas perguntas devem ser analisadas para se chegar à conclusão se
ocorreu um crime ou não, por isso, de maneira meramente didática, dividimos o cri-
me em três momentos a serem analisados, chamada de teoria tripartite porque parte
a análise do crime em três camadas importantes, sendo que somente se passa a
analisar a camada posterior se a anterior estiver totalmente preenchida.
Para se chegar à conclusão se o fato praticado por alguém é crime deve ocor-
rer à análise destes três momentos necessários, o primeiro é chamado de fato típico,
o segundo de ilicitude ou antijuridicidade e o terceiro de culpabilidade. No fato típico
a grosso modo analisamos sobre a conduta, se o resultado gerado foi ocasionado
por esta conduta e se há uma norma que proíba tal ação ou omissão; na ilicitude ou
antijuridicidade verificamos se o fato praticado não encontra amparo nas normas
vigentes; na culpabilidade analisamos o grau de reprovabilidade social da ação, se o
ocorrido é reprovável coletivamente. Só após passarmos por estas três etapas po-
demos dizer que houve um crime, um delito.
Nesse momento não se preocupe em gravar todas as três etapas, pois o intui-
to inicial é de apenas abordar o assunto para se ter uma noção do que se trata a
teoria tripartite, pois mais pra frente iremos nos aprofundar na matéria.
FONTES
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significando isso que ocorre uma uniformidade em todo o território nacional quando
o assunto são as infrações penais e seu nascedouro, como consequência direta te-
mos que não há crimes específicos a uma determinada área nacional, não detendo
os Estados ou os Municípios competência para a produção de normas penais. Fonte
formal significa a forma de cognição da norma penal, a forma de conhecimento da lei
penal, quando queremos conhecer sobre as normas penais devemos nos dirigir a
um local determinado, sendo este local a lei, a Constituição Federal, os Tratados
Internacionais de Direitos Humanos, a jurisprudência, os princípios, os complemen-
tos das normas penais em branco, a doutrina e os costumes.
Nas belas lições de Rogério Sanches (2019, p. 59):
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próprio nome revela se trata de acordos celebrados entre países no sentido de res-
peitar cada vez mais direitos considerados gerais, que atingem todos os cidadãos
independente de sua origem e nacionalidade, sendo importante revelar que, como
os Estados são soberanos em seus territórios, tais tratados somente criam crimes no
âmbito internacional, não sendo capaz de fazer nascer um delito dentro de um terri-
tório que tem a independência como valor maior, porém os tratados trazem os cha-
mados mandados internacionais de criminalização, revelando meios para que os
Estados possam criar certas infrações penais importantes para a humanidade, como
exemplo a tortura, a pornografia infantil, a violência contra a mulher, o genocídio e o
crime organizado. A jurisprudência se trata de decisões judiciais que se revelam im-
portantes e por isso devem ser seguidas pelos demais órgãos do Poder Judiciário,
quando há necessidade de que os demais órgãos acompanhem certos entendimen-
tos ditos superiores há a criação do que chamamos de súmulas vinculantes, que
vinculam os demais a julgar de certa forma, a jurisprudência se torna importante na
verificação das normas penais porque pode ocorrer a definição de conceitos impor-
tantes, alguns crimes trazem uma pena maior se ocorridos no período de repouso
noturno ou ocorrido à noite, sendo que as decisões irão definir qual será estes perí-
odos na omissão da lei. Os princípios detém uma grande importância no Direito co-
mo um todo, sendo os responsáveis por imposição de limites e barreiras para que
não ocorra a desproporcionalidade das normas penais, violar um principio é pior que
violar uma regra, pois ao desconsiderar um principio bem verdade estará desrespei-
tando todo o ordenamento, os princípios trazem matrizes balizadoras que devem
sempre ser respeitadas, no Direito Penal podemos dar o exemplo do principio da
intervenção mínima que trata a infração penal como um soldado de reserva, que
somente será chamado quando os demais ramos do Direito não conseguirem resol-
ver satisfatoriamente certas demandas, sendo assim, como o Direito Penal detém a
pior das penas, deve agir somente quando extremamente necessário, sob pena de
penalizar os cidadãos com a restrição de suas liberdades em questões anãs, de
pouca importância, mas para frente iremos perceber os princípios agindo como limi-
tadores de responsabilização criminal, como exemplo temos o princípio da insignifi-
cância como excludente da tipicidade, não considerando típicas as ações que atin-
gem bens de terceiros de pouca importância, bens irrelevantes. Alguns crimes car-
regam em si uma certa incompletude, não conseguindo o julgador determinar a inci-
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dência ou não de certa conduta como crime sem que necessite de uma complemen-
tação, percebam que no delito relativo ao tráfico de drogas não há a conceituação
do que se considera droga, devendo se socorrer à Portaria 344 da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária para verificar quais as substâncias são proibidas para fins de
criminalização, essas normas incompletas são chamadas de normas penais em
branco, por isso o complemento da norma penal completa o seu sentido, dando luz
ao que até então estaria obscuro. A doutrina são as opiniões dos doutores do assun-
to, local onde cada especialista insere seus posicionamentos e discutem sobre de-
terminada matéria, sendo local onde se deve buscar um maior conhecimento para
uma melhor aplicação da norma. Os costumes se tratam de comportamentos uni-
formes e constantes pela convicção de sua obrigatoriedade, em determinados gru-
pos podemos facilmente perceber sobre suas regras e como estes se comportam
diante de certos fatos, um ponto importante é que costume não tem o condão de
criar uma infração penal, sendo que esta somente se dá mediante lei, sendo vedado
o chamado costume incriminador.
No que se refere ao costume este não pode criar infração penal e nem mesmo pode re-
vogar uma infração existente, porém pode o costume ser analisado para verificar a ade-
quação social de determinado comportamento, como exemplo na culpabilidade temos a
chamada exigibilidade de conduta diversa, para ser crime deve ser exigível que o agente
aja de outro modo, como exemplo um gerente que mediante ameaça de matar sua famí-
lia se desloca até sua empresa bancária e subtrai dinheiro do cofre para entrega aos
criminosos não pratica crime algum por ser inexigível que tomasse outra ação senão
aquela que tomou, ou seja, qualquer pessoa em seu lugar, mediante possibilidade de
morte de seus familiares, agiria de tal modo. Alguns autores entendem que o crime de
venda de produtos piradas e o jogo do bicho não seriam considerados crimes pois já
teriam sido incorporados ao costume da sociedade brasileira.
A lei penal é dotada de certas características que lhe são peculiares, a exclu-
sividade, a imperatividade, a generalidade e a impessoalidade. A exclusividade trata
que somente a lei penal pode definir o que é infração e, como consequência, impor
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determinada sanção penal; a imperatividade revela que a lei penal é imposta a todos
independente da vontade de cada um, se porventura ocorrer seu desrespeito a pena
será aplicada mesmo contra a vontade do infrator; a generalidade dispõe que todos
devem obedecer a norma penal, toda a coletividade deve respeitar as normas cria-
das; a impessoalidade diz que a lei penal é relativa a fatos e não a pessoas, não se
separa normas de acordo com características físicas de cada um, de acordo com as
peculiaridades individuais, mas sim sobre os comportamentos que infringem direitos
de terceiros, comportamentos negativos que desestabilizam a harmonia social.
A lei penal ainda pode ser chamada de incriminadora ou não incriminadora, a
primeira se revela quando ocorre a criação de uma infração penal e a imposição de
uma sanção pelo seu descumprimento, como exemplo quando se define o crime de
furto, estabelecendo que ocorra quando se subtrai, para si ou para outrem, coisa
alheia móvel, ou seja, quando se retira bem de outrem sem violência ou grave ame-
aça e estabelece, como consequência desse fato, a pena de reclusão de um a qua-
tro anos, por outro lado a lei penal não incriminadora ocorre quando se quer permitir
determinada conduta, a retirando de ser um fato típico, um crime, como exemplo a
legítima defesa, quando se busca esclarecer ou explicar o conteúdo da lei, buscando
delimitar o âmbito de aplicação da norma ou quando se estende a aplicação da in-
fração, no que se refere à sua extensão, temos a possibilidade de punição pela ten-
tativa.
Todo conteúdo depende de uma certa interpretação para ocorrer o seu en-
tendimento, quando alguém nos quer passar uma informação, seja essa através de
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símbolos, desenhos ou imagens, temos de decifrar através da lógica e da razão o
sentido daquilo que está sendo dito ou mostrado, essa interpretação é necessária
para que tome sentido a comunicação, a comunicação se revela plena quando o que
está sendo emitido é exatamente o que está sendo recebido, já a comunicação inefi-
caz ocorre quando há uma distorção no seu entendimento pelo receptor.
A norma penal não tem um tratamento diferente, como sua fonte se dá atra-
vés da escrita, por meio de símbolos, passa a ser necessária sua interpretação pelo
destinatário e pelo aplicador da norma e essa forma de se interpretar pode se dar
por diversas maneiras. A interpretação pode ser autêntica ou legislativa, quando se
dá pela própria lei, a própria norma penal revela o sentido de certa palavra ou conte-
údo, pode ser ainda doutrinária ou científica quando os estudiosos do Direito inter-
pretam a norma e a expõem em seus livros, artigos ou trabalhos, podendo ser tam-
bém judicial ou jurisprudencial quando os próprios tribunais revelam o significado de
certa norma ao aplicá-la em um caso concreto. Há ainda outras séries de modos de
interpretação como a gramatical ou literal, que se dá quando se leva em considera-
ção o sentido literal da palavra, a interpretação teleológica quando se busca a ver-
dadeira vontade da lei, a intenção da norma penal, pode ser ainda sistemática quan-
do se analisa o conjunto das normas como um todo, o corpo de leis existentes em
nosso território, pode ainda ser progressiva ou evolutiva quando se leva em conside-
ração as evoluções científicas e o progresso da ciência.
Dentre todas as possibilidades de interpretações algumas delas merecem
destaque por sua importância, são elas a interpretação conforme a Constituição, a
interpretação extensiva, a interpretação analógica e, por último, a analogia. A Consti-
tuição da República se trata da norma máxima existente em nosso Estado, estando
acima de todas as outras normas ditas infraconstitucionais, que estão abaixo da
Constituição, caso essas normas inferiores contrariem o disposto na norma superior
serão retiradas do ordenamento jurídico, não tendo validade, por isso dizemos que a
Constituição irradia seu mandamento em todas as demais normas existentes, reali-
zando o que chamamos de filtro constitucional, quando analisamos as normas pos-
tas devemos vê-las através da lente constitucional, observando a vontade da Consti-
tuição, dando plena validade à norma interpretada, em todas as formas interpretati-
vas devemos dar preferência à interpretação conforme o texto Constitucional. A in-
tepretação extensiva se dá quando a utilizamos para estender o alcance da norma
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penal, alguns autores entendem que esse tipo de interpretação viola o principio da
estrita legalidade, onde somente devemos entender como infração penal o que está
legalmente escrito, não podendo aumentar seu alcance, porém, por questão de lógi-
ca e bom senso, encontramos situações na qual alargamos o alcance de determina-
do preceito incriminador, exemplo prático é o crime de bigamia, onde pessoa já ca-
sada contrai novo matrimônio, regra que se aplica também quando estamos diante
de uma poligamia, pois necessariamente para se chegar nessa ultima se passou
pela primeira. Na chamada interpretação analógica a própria norma penal autoriza
que casos semelhantes sejam alcançados, pois há uma impossibilidade fática do
legislador inserir todas as formas semelhantes que se quer incriminar, não temos
aqui a falta de uma legislação criminal, mas sim um fato que se proíbe e o próprio
artigo determina que outras situações semelhantes sejam abrangidas, exemplo prá-
tico é o crime de homicídio qualificado mediante paga ou mediante promessa de re-
compensa, revelando o código que outros motivos torpes sejam enquadrados como
qualificadores, veja que neste caso a norma insere uma causa específica e autoriza
que outras iguais sejam também tratadas como tal, temos a inserção de uma fórmu-
la casuística seguida de uma fórmula genérica, o delito de homicídio é qualificado
quando praticado mediante paga ou promessa de rempensa ou, frisa-se “ou” por
outro motivo torpe, sendo qualquer outro motivo desprezível, repugnante e moral-
mente reprovável, outro exemplo se encontra no Código de Trânsito Brasileiro onde
expressa ser crime a condução de veículo automotor sob efeito de álcool ou outra
substancia psicoativa que determine dependência. Por ultimo temos a analogia, que
bem verdade não se trata de uma interpretação, mas sim de uma integração da
norma penal, pois aqui não temos a presença de uma lei que cria a infração, mas
sim uma omissão legislativa, socorrendo o aplicar da norma de uma situação similar
para poder incriminar a conduta, veja que não há como interpretar o que não existe,
por isso não é possível no Direito Penal realizar a chamada analogia, pois esta fere
diretamente o principio da legalidade, de que somente se cria infração mediante lei
especifica, suponhamos que se cria determinada infração onde somente se conside-
ra autor o cônjuge, se a norma descreveu o cônjuge não pode o julgador estender
ao companheiro em união estável, pois para fins penais esses não podem ser equi-
parados. Ainda sobre analogia temos a separação em analogia in malan partem, que
prejudica o réu, e a analogia in bonan partem, que beneficia o réu, a não autorização
32
da analogia no Direito Penal se restringe aos fatos que prejudique o réu, sendo per-
mitido nos casos que o beneficie, nesse sentido se uma norma penal cria uma
isenção de pena para o cônjuge esse benefício pode ser estendido para o compa-
nheiro.
33
FIXANDO O CONTEÚDO
34
e) Ilicitude, culpabilidade e fato típico
5. Fonte é o local onde se faz nascer a norma, no que se refere ao Direito Penal o
órgão responsável por sua criação é:
a) Estado
b) Município
c) União
d) Território
e) Nenhuma das alternativas
6. De acordo com o princípio da legalidade, qual a única fonte capaz de criar uma
norma penal:
a) Lei
b) Jurisprudência
c) Princípios
d) Costumes
e) Doutrina
35
PRINCÍPIOS UNIDADE
INTRODUÇÃO
36
retirar do ordenamento fatos não mais necessários de proteção. Exemplo do sentido
negativo é a retirada do ordenamento jurídico brasileiro do crime de adultério, fato
esse que pode ser resolvido pelo Direito Civil com a separação, divórcio, divisão de
bens e guarda dos filhos.
Um princípio grandemente discutido se trata do principio da insignificância ou
bagatela, que tem como base o fato do Direito Penal somente tratar de bens rele-
vantes, não abarcando a proteção de bem fúteis, pequenos ou irrisórios, o bem lesi-
onado tem de atingir seu proprietário de forma importante. Nesse diapasão, procura-
se limitar a atuação penal a fatos que concretamente desestruturam o seio social,
com essa restrição um furto de um objeto de pequeno valor seria atípico, não se en-
caixaria como crime, devendo haver a reparação somente na área civil, destaque-se
que a análise sobre o valor do objeto tem como ponto de partida a posição da pró-
pria vítima, se abastada ou não. Com a finalidade de buscar uma aplicação uniforme
em todo o território nacional o Supremo Tribunal Federal elencou quatro requisitos
para estabelecer a aplicação da insignificância como ponto de afastamento da res-
ponsabilidade penal, deve então haver no caso concreto a mínima ofensividade da
conduta, a ausência de periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabi-
lidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica.
O principio da legalidade é tratado como princípio de máxima importância,
pois somente se cria infração penal através de lei, mediante a movimentação de um
processo legislativo sem mácula, de forma a obter a participação dos representantes
do povo. No artigo quinto da Constituição Federal consta que ninguém será obrigado
a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei, o mesmo artigo
também revela que não há crime sem lei anterior que o defina nem pena sem prévia
cominação legal, isso significa que para haver certa infração penal o destinatário
(povo) deve saber de antemão que a conduta é proibida, deve ter ciência de que, se
agir de certo modo, haverá a imposição de uma pena e a possibilidade da restrição
de sua liberdade, bem como deve conhecer as consequências do seu ato, somente
após a criação da infração que ela passa a ser proibida, não podendo voltar ao pas-
sado para punir fatos anteriores ao seu nascimento. Esses dispositivos constitucio-
nais são uma limitação do poder estatal no sentido de que não ocorra punições e
responsabilizações penais ao arbítrio da vontade do julgador ou de certos detentores
do poder, é como se dissesse ao Estado “você pode punir mas desde que crie a lei
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anteriormente ao fato e desde que descreva anteriormente as consequências desse
ato, tudo isso observando estritamente um processo legislativo integro”. O principio
da legalidade tem como desdobramento o principio da reserva legal, no sentido de
que a infração penal somente é criada através de lei estrita, por meio de lei ordinária
ou lei complementar, não podendo ser criada por qualquer espécie legal; o princípio
da anterioridade, que revela a necessidade da criação da lei em momento anterior à
conduta que se quer proibir, não podendo retroagir para atingir fatos passados; o
princípio da existência de lei escrita, sendo que a lei deve ser manifestada em um
documento escrito, que todos tenham potencialidade de conhecimento, impedindo a
criação de leis pelo costume; o principio da taxatividade, indicando que a lei deve ser
certa, tem de ter clareza em sua redação, não podendo gerar dúvidas ou impor du-
plicidades de entendimento e, por último, o principio da necessidade, no sentido de
que a lei tem de ser necessária, últil, não podendo haver criação de normas sem
sentido, sem finalidade, sem sua necessária aplicabilidade no mundo concreto.
Temos ainda o principio da ofensividade ou da lesividade informando que pa-
ra haver aplicação no Direito Penal se exige lesão ou perigo de lesão ao bem jurídi-
co tutelado pela norma, somente ocorre crime diante de uma ofensa concreta, é a
soma de dois fatos, uma ação dotada de uma negatividade, de um desvalor, somado
a um resultado negativo, é ação mais resultado, da conduta de alguém deve gerar
necessariamente uma lesão a outrem. Nesse sentido tal principio também é dotado
de um caráter limitador, pois proíbe incriminação de atividade interna, que somente
ocorre dentro do indivíduo, como exemplo o fato de querer ou pensar em cometer
um delito; proíbe a incriminação de conduta que não exceda o âmbito do próprio au-
tor, nesse sentido a autolesão ou a tentativa de suicídio não podem ser incrimina-
das, sendo tratada como distúrbio de saúde e não como atividade delinquencial; pro-
íbe a incriminação de simples estado ou condição existencial, pois o que se quer
proibir é a conduta da pessoa e não a pessoa, não importa o que a pessoa é, mas
sim o que ela faz, se a pessoa é egoísta, rancorosa, mal educada ou negativa isso
não interessa ao Direito Penal, somente interessa o que ela faz contra terceiros, por
isso chamamos de Direito Penal do fato e não Direito Penal do autor; por ultimo pro-
íbe incriminação de conduta que não afete qualquer bem jurídico, para ser crime
passa a ser necessário que se afete um bem jurídico de terceiro, um patrimônio jurí-
dico de outra pessoa.
38
O principio da responsabilidade pessoal determina que ninguém será castiga-
do por fato de outrem, sendo um avanço no que se refere às penas, pois no modelo
arcaico havia a responsabilidade daquele que não cometia o delito, como exemplo
temos o fato de, na antiguidade, alguém matar o pai de seu desafeto, este também
teria o direito de matar o pai do ofensor, percebam que neste modelo um individuo
que não cometesse o delito estaria pagando a pena do autor, a lesão da sanção pe-
nal estaria recaindo sobre a pessoa que não cometeu o ilícito penal. Atualmente tal
modelo não mais existe, recaindo a sanção sobre aquele que realizou a atividade
delituosa, muito se discute sobre e pena de multa e o pagamento de fiança, sendo
um exemplo atual de pena que passa da pessoa do condenado, pois parentes ou
amigos próximos da vítima podem despender do valor para realizar o pagamento,
seria a sanção atingindo outras pessoas que não o próprio infrator.
O principio da presunção de inocência revela que o acusado se mantém ino-
cente até que ocorra a prova em contrário, sendo que esta somente se dá após o
transito em julgado da sentença penal condenatória, o que ocorre ao final do pro-
cesso penal, momento no qual não caibam mais recursos. O ônus, ou seja, a tarefa
de provar que o sujeito agiu contrário às normas penais incumbe à acusação, que
via de regra se dá por meio do Ministério Público, o responsável pela denúncia, sen-
do que a condenação deve derivar da certeza do julgador.
Atualmente muito se fala a respeito da dignidade da pessoa humana, sendo
um princípio de ordem universal que deve ser respeitado em todos os momentos
das atividades humanas, ordem essa que se reflete no âmbito do Direito Penal no
sentido de que não se pode impor qualquer tipo de pena, restringindo aquelas que
detêm caráter indigno, cruel, desumano e degradante. Toda vez que se utiliza uma
pessoa como meio para se alcançar algo estará, em ultima análise, ferindo a digni-
dade da pessoa humana, pois o individuo nesse caso estaria sendo usado como
objeto para a persecução de uma finalidade, ao contrário, o individuo deve ser um
fim em si mesmo, para sua própria felicidade e desenvolvimento, e não para a per-
secução de objetivos de terceiros.
O principio da individualização da pena revela que a pena deve ter relação
com o fato, não havendo uma sanção penal que seja aquém ou além do necessário,
para cada crime uma imposição diferente de acordo com as circunstâncias do seu
cometimento. Tal principio tem previsão constitucional no artigo quinto e deve ser
39
observado em três momentos, na criação pelo legislador, pois ao inserir uma infra-
ção penal no mundo concreto deve observar o comportamento que se quer proibir e,
em contrapartida, lhe dar uma sanção penal que seja adequada ao seu fim, nesse
sentido quanto maior a importância do bem jurídico protegido maior será a repri-
menda penal, deve ser observado também na aplicação pelo magistrado, pois ao
impor a pena o juiz observará uma série de circunstâncias para se chegar no valor
final, a culpabilidade de cada indivíduo será analisada e, ao final, mesmo que duas
pessoas tenham participado do crime, haverá para estas a imposição de tempo e
forma diferente de aplicação da pena, pois cada qual responde de acordo com sua
culpabilidade e suas características pessoais, por ultimo, será o principio observado
na fase chamada de execução da pena, após ocorrer o trânsito em julgado e o acu-
sado passar para a condição de condenado, devendo realizar o pagamento de sua
pena, nesta fase chamada de execução as características da pena e da pessoa
condenada será observado, como exemplo temos estabelecimentos e locais distin-
tos para condenados do sexo masculino e feminino, bem como separação de acordo
com a periculosidade de cada um.
TEMPO DO CRIME
40
utiliza qual dessas teorias? Analisando o artigo quarto do Código Penal visualizamos
que adotou a teoria da atividade, pois descreve que considera-se praticado o crime
no momento da ação ou omissão, mesmo que outro seja o momento do resultado.
Nesse sentido é importante saber quando ocorreu a ação ou omissão criminosa,
pois esta irá interferir numa série de consequências penais, como exemplo a me-
noridade.
41
tratar de uso pessoal responderá por um crime, se amanhã, após a prisão desse
indivíduo, o legislador decidir retirar esse crime do ordenamento jurídico, não mais
existindo esse tipo penal, essa novidade legislativa irá retroagir e alcançar fatos que
ocorreram antes dela, retirando os efeitos penais anteriormente adotados, sendo
chamado de abolitio criminis, abolição da figura típica penal que passa a beneficiar
os agentes que tenham praticado a infração antes da supressão da figura típica.
A ultra-atividade ocorre quando a lei não mais existe, mas ainda continua a
abarcar os fatos ocorridos durante o tempo de sua existência, o artigo terceiro do
Código Penal revela que a lei excepcional ou temporária, embora decorrido o prazo
de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao
fato praticado durante sua vigência, leis temporárias são as criadas por prazo de-
terminado e leis excepcionais as que têm como base um evento transitório, como a
guerra ou o estado de calamidade pública, que perduram enquanto durar o fato
emergencial, percebam que se após expirado o prazo de sua duração essa não fos-
se mais aplicada perderia sua eficácia, perderia seu sentido, imagine um exemplo
prático, um crime é criado durante o tempo dos Jogos Olímpicos para proteger a
propriedade dos símbolos artísticos, seria delito vender boneco falsificado dos Jo-
gos, sendo que essa lei somente teria validade no ano relativo aos Jogos, essa nor-
ma continuaria a abarcar os casos mesmo após o esgotamento de seu prazo.
Rogério Sanches descreve que (2019, p. 121)
42
territorialidade, aplicando a lei penal do local do crime.
Nesse momento outra pergunta deve ser respondida, o que se trata como ter-
ritório brasileiro? A primeira coisa que nos vem à mente seria o mapa geográfico do
Brasil, tão visualizado nas aulas de geografia, mas a resposta não é tão fácil, para
responder o que se considera território brasileiro temos de seguir algumas regras
necessárias, pois o território nacional é a soma do espaço físico e o espaço jurídico
(ou por ficção). O espaço físico é o espaço terrestre, marítimo ou aéreo (terra, mar e
ar) a 12 milhas marítimas a partir da linha de baixa-mar, sendo este o local de sobe-
rania do Brasil, uma milha marítima equivale a 1852 metros. O espaço jurídico ou
por ficção se trata das embarcações e aeronaves brasileiras, pública ou a serviço do
Brasil onde quer que se encontrem, bem como as embarcações e aeronaves brasi-
leiras, mercantes ou de propriedade privada em alto-mar ou espaço aéreo corres-
pondente. Se a embarcação ou aeronave é pública ou está a serviço da nação brasi-
leira será considerado território nacional onde quer que se encontre, mesmo se tiver
dentro de outro território, agora, se privada ou mercante e se encontra em alto-mar
ou espaço aéreo correspondente, será território brasileiro desde que seja embarca-
ção ou aeronave brasileira, isso porque o alto-mar ou seu espaço aéreo não é de
propriedade de nenhum Estado-Nação, sendo um local neutro, de utilização geral.
Podemos ter ainda o que chamamos de intraterritorialidade, quando uma lei
penal estrangeira é aplicada a crimes cometidos no território brasileiro, o que ocorre
com as chamadas imunidades diplomáticas, onde certos agentes, por sua importân-
cia e representatividade do país de origem, mesmo dentro do território nacional, res-
pondem pela lei de seu país, evitando influências indevidas. Por outro lado podemos
ter o que chamamos de extraterritorialidade, sendo a lei penal brasileira aplicada em
crimes cometidos no estrangeiro, como exemplo nos crimes praticados contra a vida
ou liberdade do Presidente da República.
LUGAR DO CRIME
43
e o envia pelos correios, perceba que João pode se encontrar em uma cidade dis-
tante de José, a conduta se dá na cidade do autor do crime e o resultado na cidade
da vítima, qual delas terá a competência para julgar o caso? O artigo sexto do Códi-
go Penal relata que se considera praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação
ou a omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir
o resultado, adotando a chamada teoria da ubiquidade, servindo os dois locais como
responsáveis pela ocorrência da infração penal.
Sendo assim temos o chamado crime a distancia, ocorrendo quando o crime
percorre território de dois países; temos o crime em trânsito, quando o crime percor-
re território de mais de dois países e o crime plurilocal que ocorre quando o crime
percorre dois ou mais territórios do mesmo país.
44
Direito penal esquematizado: parte geral, 2017. (Princípios Constitucionais)
Link: https://bit.ly/2E2rl2Q
45
FIXANDO O CONTEÚDO
46
b) Possibilidade da retroatividade in pejus
c) Possibilidade da retroatividade benéfica
d) Impossibilidade de qualquer tipo de retroatividade
e) Impossibilidade da retroatividade benéfica
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a) 5 anos.
b) 20 anos.
c) 30 anos.
d) 40 anos.
e) 45 anos.
48
UNIDADE
SUJEITOS DO CRIME
INTRODUÇÃO
49
ser praticado por qualquer um, não sendo necessária nenhuma condição do sujeito
ativo, como exemplo ser esse homem ou mulher, independente do autor, pode ser
praticado livremente por qualquer indivíduo. No chamado crime próprio o tipo exige
qualidade ou condição especial da gente, não podendo ser praticado por qualquer
pessoa, no crime de infanticídio temos a conduta de “matar, sob a influência do es-
tado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após”, nessa atividade delitu-
osa, na leitura do artigo, chegamos à conclusão de que o crime somente poderá ser
praticado pela mãe da criança, pois somente esta sofre as consequências do estado
puerperal, sendo uma disfunção psíquica que atinge a mãe e, por este motivo, aca-
ba retirando a vida do próprio filho. Por último temos o crime de mão própria onde o
tipo exige qualidade ou condição especial do agente e se dirige a indivíduo determi-
nado, não podendo este ser substituído por ninguém, não admitindo, via de regra,
coautoria, nesse tipo penal há um plus em relação ao crime denominado de próprio,
pois mais do que condição especial o agente não pode ser substituído, vejam que no
crime de falso testemunho somente aquele que detém a característica de testemu-
nha e que está naquele momento praticando o testemunho pode praticar o crime, e
não admite outro autor agindo conjuntamente com este.
Do outro lado da conduta criminosa temos aquele que sofre as consequências
do crime, aquele sob o qual recai a conduta criminosa, o sujeito passivo, podendo
essa ser uma pessoa física ou jurídica. No crime de furto, que se caracteriza quando
alguém subtrai coisa alheia móvel para si ou para outrem sem a utilização de amea-
ça ou violência, pode haver a subtração de um bem de uma pessoa física ou de uma
pessoa jurídica, de uma empresa, não havendo obstáculos para tal possibilidade.
Para mais do que essas possibilidades, pessoa física ou jurídica, o sujeito passivo
pode ser um ente indeterminado, destituído de personalidade, como exemplo a famí-
lia ou a própria coletividade, no crime contra o respeito aos mortos a vítima não é o
de cujus, aquele que morreu, pois com a morte perde a personalidade jurídica, sen-
do assim a vitima passa a ser sua família, agora, mesmo que uma pessoa jurídica
não esteja legalmente constituída, com todos os requisitos para sua criação, pode
ainda estar no polo passivo do crime.
No que se refere ao sujeito passivo esse pode ser ainda denominado de
constante ou eventual, o primeiro será sempre o Estado, pois a partir do momento
que se transferiu ao Estado a responsabilidade pela estabilidade social, pela co-
50
brança de obediência às regras postas, todo distúrbio no que se refere à inobser-
vância das leis terá como vítima a própria figura estatal, todo o crime atingirá o Esta-
do, pois esse tem como tarefa movimentar toda sua estrutura no sentido de prevenir
lesões a bem jurídicos alheios, no segundo, o sujeito passivo eventual será o titular
do interesse protegido, sendo este pessoa jurídica, pessoa física, a coletividade ou o
Estado. Nesse momento se faz uma pergunta, pode o homem, ao mesmo tempo,
ser sujeito ativo e passivo de um crime? A resposta será negativa, muito embora
temos delitos que podem aparentar a configuração dessa hipótese, como exemplo a
autolesão insculpida no artigo 171, V, não haverá tal possibilidade, no exemplo cita-
do a autolesão se dá especificamente para fraude, como exemplo a finalidade de
recebimento de seguro, nesse sentido a figura passiva não será o indivíduo que se
auto lesiona, mas sim a empresa seguradora, que terá um desfalque em seu patri-
mônio.
No que tange à classificação do sujeito passivo esse pode ser comum, próprio
ou de mão própria, seguindo os mesmos moldes do sujeito ativo. Além dessa classi-
ficação temos o crime bi comum, o bi próprio e o de dupla subjetividade passiva. O
crime bi comum se dá quando os sujeitos ativos e passivos são comuns, no delito de
roubo pode haver sua pratica por qualquer pessoa e também pode ser vítima qual-
quer individuo, não se exigindo condição ou qualidade especial de nenhum dos dois
polos. Ocorre o crime bi próprio, ao contrário, quando se exige qualidade ou condi-
ção especial do sujeito ativo e do sujeito passivo, já tivemos a oportunidade de falar
sobre o crime de infanticídio, sendo este exemplo um delito bi próprio, pois o sujeito
ativo deve necessariamente a parturiente, ou seja a mãe, e a vitima será o neonato,
o filho. Por ultimo o crime de dupla subjetividade passiva se dá quando se tem obri-
gatoriamente uma pluralidade de vítimas, não podendo seu somente uma vítima,
mas várias, como exemplo temos no Código Penal o delito de violação de corres-
pondência, onde um terceiro viola a intimidade do remetente e do destinatário ao
mesmo tempo.
Além dos sujeitos da relação penal temos o objeto material, que se trata da
pessoa ou da coisa sobre a qual recai a conduta criminosa, e o objeto jurídico que
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se refere ao bem jurídico protegido pela norma penal. Parece de difícil entendimen-
to, mas vamos esclarecer, no crime de roubo o objeto material é o bem roubado, o
material roubado, se um individuo mediante grave ameaça subtrai um celular de ter-
ceiro o bem material é o celular, já o objeto jurídico é o bem jurídico protegido, no
caso em análise seria o patrimônio do sujeito passivo, da vítima da atitude crimino-
sa, o delito de roubo visa proteger o patrimônio individual ou coletivo.
Nesse sentido podemos relatar que no crime de homicídio temos como sujeito
ativo uma pessoa física, capaz e com 18 anos completos, tendo como sujeito passi-
vo constante o Estado e como sujeito passivo eventual a vítima, o objeto material é o
cadáver, a pessoa morta, já o objeto jurídico se trata da vida, o que o delito quer pro-
teger com a proibição da conduta criminosa.
Quando estamos diante de uma atividade criminosa a vítima pode sofrer con-
sequências que ultrapassam a esfera do próprio delito, do momento no qual sofre a
conduta considerada criminosa, a infração penal traz resultados que vão além do
homicídio, do furto ou do delito sexual, a vítima sofre no momento do crime, mas
também sofre após esse lapso temporal.
A chamada vitimização primária decorre do crime, é consequência direta da
atividade delinquencial, quando um indivíduo sofre um ataque ao seu bem jurídico
que a norma penal quer proteger estamos diante de uma vitimização primária. No
delito de calúnia quando a vítima recebe acusação falsa de um crime específico há
uma lesão à sua honra, nesse momento o bem protegido pela norma foi lesionado.
Porém, para além dessa lesão temos outras que merecem atenção, a vitimi-
zação secundária decorre do tratamento do Estado dado à vítima, em muitas ocasi-
ões a vítima é tratada como mero objeto na persecução penal, ou seja, na busca
pela responsabilização do criminoso a pessoa que sofre as consequências da infra-
ção é vista somente como um objeto de prova e não como alguém que merece toda
a atenção do Estado devido ao fato de, por uma falha na segurança do sistema pú-
blico, ter sido atingida pelo um infrator, ocasiona via de regra um desrespeito à dig-
nidade da pessoa humana, já que a vítima será um meio para atingir um certo resul-
tado, a prisão do infrator, e não um fim em si mesmo com a proteção de todos seus
52
direitos, inclusive o de ser amparado pelo Estado material e psicologicamente, bus-
cando restaurar ou pelo menos minimizar os efeitos do crime. No delito contra a dig-
nidade sexual, o estupro, por exemplo, a vítima sofre no momento do crime (vitimi-
zação primária), mas sofre também no momento em que é encaminhada para a Po-
lícia Militar para a confecção do boletim de ocorrência policial, sofre ainda quando é
encaminhada à ao Instituto Médico Legal e passa pelos exames para a verificação
das lesões sofridas, sofre quando é intimada na Delegacia de Polícia para prestar
seu depoimento em cartório, sofre quando é intimada para audiência no Fórum e é
novamente ouvida no processo penal diante dos advogados, autor do crime, promo-
tor, magistrado, serventuários e estagiários da justiça, em suma há uma série de
lesões, não materiais mas psicológicas, ao longo de todo o andamento e marcha
processual, verificando que na maioria das vezes não há profissionais aptos e trei-
nados para evitar o agravamento do próprio crime.
Temos ainda o que entendemos como vitimização terciária, que se trata da
lesão pós-crime que decorre do meio social, se refere ao modo como a sociedade
vai tratar e visualizar a vitima, seus familiares, seu círculo de amigos, as pessoas na
relação de trabalho, em alguns tipos penais a vítima sofre com o preconceito da so-
ciedade, ocorrendo o que entendemos como inversão de valores, onde a vítima pas-
sa a carregar uma certa responsabilidade pela ocorrência do delito, como se a sua
postura desencadeie uma ação criminosa ou, no mínimo, justifique tal conduta, nos
delitos sexuais o tipo de roupa da vitima de estupro passa a ser julgado como carac-
terizador do desrespeito do infrator, frases como “depois reclama de ser estuprada”
torna-se comum, perde-se a característica social da empatia, de se colocar no lugar
do outro.
TEORIA TRIPARTITE
53
norma.
No primeiro momento é analisado o fato típico, no segundo momento a ilicitu-
de, chamada também de antijuridicidade, no terceiro se analisa a culpabilidade. O
fato típico nada mais é do que verificar se há a presença de certos requisitos para a
responsabilização do agente, nessa primeira fase analisamos a conduta, o resulta-
do, o nexo causa e a tipicidade, a existência de uma infração penal deve ser anali-
sada à luz do caso conceto, por isso se torna de extrema importância a atenção
quanto ao que o agente praticou, se houve um resultado danoso e se a lesão ocasi-
onada foi praticada pela ação do agente. Feitas essas análises passamos para a
segunda fase, chamada de ilicitude, analisamos se não houve a presença de quatro
circunstâncias, a legítima defesa, o estado de necessidade, o estrito cumprimento de
dever legal ou o exercício regular de um direito. Realizada a análise do primeiro e do
segundo momento, necessário se analisar ainda a culpabilidade, que se trata um de
um juízo de reprovabilidade da conduta, momento no qual visualizamos a imputabili-
dade, a potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa. Pare-
ce complicado, mas vamos pormenorizar cada uma dessas fases para que o assun-
to se torne mais claro.
Nas descrições de Rogério Sanches encontramos que (2019, p. 219)
Fato típico, portanto, pode ser conceituado como ação ou omissão humana,
antissocial que, norteada pelo principio da intervenção mínima, consiste
numa conduta produtora de um resultado que se subsome ao modelo de
conduta proibida pelo Direito Penal, seja crime ou contravenção penal. Do
seu conceito extraímos seus elementos: conduta, nexo causal, resultado e
tipicidade.
FATO TÍPICO
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uma vontade exteriorizada e a consecução de um objetivo, dessa forma deve ser
responsabilizado por sua conduta. De outro modo podemos ter causas que excluem
a conduta exatamente porque excluem a voluntariedade do agente, sendo estas o
caso fortuito, a força maior, o estado de inconsciência completa e os movimentos
reflexos. O caso fortuito se trata de um evento que provém da natureza, como
exemplo temos um vento forte ou um terremoto, se nessas ocasiões alguém involun-
tariamente causa danos a terceiros não há responsabilização penal, imaginem que
devido a um terremoto uma pessoa empurra outra e cai sobre ela, provocando neste
o deslocamento de seu ombro, gerando lesão corporal de natureza grave, não pode-
rá ser responsabilizado penalmente por falta da conduta, que deve ser voluntária,
livre, sem mácula, sem impedimento; imaginem ainda que uma pessoa dirige seu
veículo de forma prudente, observando todas as normas de segurança da via, porém
ocorre uma tempestade e seu veículo é atingido por um raio e, devido a este impac-
to elétrico, seu carro muda de direção e atropela um terceiro que caminhava próximo
ao automóvel, existe uma força da natureza que agiu e causou o resultado danoso,
não poderá o motorista ser responsabilizado pelo homicídio culposo, pois não há
conduta humana voluntária e livre. A força maior é uma atuação humana manifesta-
da em fato de terceiro, não temos aqui uma força da natureza, mas sim outra pessoa
que o força a praticar determinada conduta, essa força se manifesta através de uma
atuação física, pois o agente detém superioridade em comparação ao obrigado,
ocorre uma sobreposição física do coator sobre o coagido, a coação física irresistível
se trata de uma exemplo, visualizem a seguinte figura, para matar seu desafeto uma
pessoa coloca a arma na mão de outra e o força, fisicamente, a atirar, coloca o dedo
deste no gatilho e o obriga, por meio da força, a disparar, não há voluntariedade de
quem atirou, pelo contrário, é forçado a realizar o ato, nesse sentido não temos a
presença da voluntariedade, excluindo sua responsabilização criminal pela inexis-
tência da conduta, que deve ser voluntária e dirigida a uma finalidade. O estado de
inconsciência completa se trata de uma hipótese na qual o agente perde a respon-
sabilidade penal pelos seus atos, o sonambulismo e a hipnose são exemplos claros
de tal figura, nesses momentos o agente não realiza uma conduta típica por livre e
espontânea vontade, mas sim porque está carregado por um momento de inconsci-
ência, pode ocorrer que durante uma hipnose o hipnotizado agrida seu psicólogo
devido ao fato de imaginar sua vida passada e sofrer algum tipo de distúrbio que o
55
faça atacar seu médico, esse exemplo exclui a voluntariedade da conduta. O movi-
mento reflexo se trata de uma reação automática do organismo a um estimulo exter-
no, como exemplo o choque e o susto, em ambos não temos a voluntariedade do
agente, imaginem que o proprietário de um veículo encosta-se a seu carro que está
energizado, devido a este fato, por um movimento que não pode controlar, desfere
Nem todo estado de inconsciência causa a exclusão da responsabilidade penal, tais es-
tados não podem ser provocados pelo próprio agente, na embriaguez, quando o agente
bebe com a finalidade de se embriagar, mesmo se encontrando em estado de inconsci-
ência haverá sua responsabilização, pois a ação de ingerir bebida alcóolica foi livre. Ve-
remos adiante que a embriaguez, a depender de seu tipo, pode excluir a culpabilidade,
mas não excluirá a conduta.
Ainda dentro da conduta esta pode ser dolosa, culposa, comissiva ou omissi-
va. A conduta dolosa ocorre quando o agente quer praticar o resultado ou assume o
risco na produção deste, no primeiro momento há o que chamamos de dolo direto,
quando o agente quer e persegue o resultado por ele imaginado, já no segundo
ocorre a existência do dolo eventual, quando o agente assume o risco da produção
do resultado, vejam que podemos esclarecer a diferença através de exemplos, ocor-
re dolo direto quando o agente deseja a prática do crime e gasta seus esforços para
sua realização, um agente querendo lesionar outrem desfere sobre este pauladas e
pratica o crime de lesão corporal; ocorre, por outro lado, do lado evental, quando um
agente pratica uma disputa não autorizada entre veículos automotores em via públi-
ca e não importa se nessa corrida venha a lesionar terceiros, se para esse motorista
tanto faz a vida dos pedestres que se encontram na via, se visualiza a possibilidade
do evento danoso e assume a produção desse risco haverá a responsabilização por
crime doloso. A conduta culposa ocorre quando há voluntariedade e nesta há a rea-
lização de um evento ilícito não desejado pelo agente, mas que lhe era previsível ou
previsto, que poderia ser evitado se empregasse a cautela esperada, percebam que
na conduta culposa a finalidade do agente é lícita, mas por imprudência, negligência
56
ou imperícia ocorre a produção de uma lesão em terceiros. No meio social devemos
obedecer certos cuidados que culminam em um harmonioso convívio entre os indi-
víduos, por isso temos regras como as de trânsito onde devemos conduzir os veícu-
los obedecendo todas as regras estipuladas para que, com essa observância, não
pratiquemos lesões a outros indivíduos que integram essa mesma sociedade, as
condutas denominadas culposas se dão exatamente na falta de atenção a estes cui-
dados básicos perante a coletividade, a imprudência significa um agir precipitado,
uma ação afoita, sem os cuidados necessários que o caso o requer, na imprudência
temos um fazer, temos uma ação positiva empregada por alguém, um operador de
máquinas pesadas que realiza seu trabalho na empresa sem observar os cuidados
necessários ao seu mister, realizando manobras descuidadas pratica uma atividade
por meio da imperícia, se porventura lesionar terceiros responderá pelo resultado
mediante culpa, da mesma forma age com conduta culposa a pessoa que dirige seu
veículo com velocidade incompatível com a via existente e assim causa um acidente
lesionando terceiros; a negligência se trata de um não fazer, de não tomar os cuida-
dos necessários que deveria realizar, é um não agir, uma ausência de precaução,
antes de realizar certa conduta o individuo deixa de tomar os cuidados necessários
que a atividade requer, a pessoa que não realiza a troca de seus pneus gastos e ao
conduzir seu veículo, devido a uma pista molhada e a condição dos pneus, perde o
controle de seu automóvel e lesiona um pedestre pratica o evento danoso mediante
negligência; a imperícia, a seu turno, se dá quando ocorre a falta de aptidão técnica
para o exercício de arte, ofício ou profissão, um claro despreparo técnico ou prático
para aquele que o pratica, sendo assim o agente policial que em determinada ope-
ração porta uma arma de longo alcance na qual não tem treinamento e não sabe
manusear e, durante a tentativa de alimentar sua arma com munição, acaba dispa-
rando contra seu colega de trabalho, pratica a ação mediante falta de aptidão técni-
ca no qual deveria, antes de portar a arma, realizar. Em todas as modalidades cul-
posas o resultado atingido não é querido pelo agente, por aquele que o pratica, pelo
contrário, o agente não quer que o crime ocorra, não quer e não assume o risco da
produção do resultado danoso, este ocorre por sua falta de atenção e cuidado que a
convivência social o requer. Ainda sobre a conduta culposa o resultado deve ser
previsível, não necessariamente deve ser previsto pelo agente, mas através de um
raciocínio lógico deve haver a possibilidade de prever o possível acontecimento da-
57
noso, ao dirigir em velocidade incompatível é previsível que ocorra um acidente, de
antemão o indivíduo pode realizar essa atividade intelectual e analisar a possibilida-
de de um dano, já se o fato for imprevisível não ocorrerá a responsabilização pela
culpa, indivíduo que pega seu jetsky e se desloca até alto-mar, onde sabe-se que
não há presença de banhistas, e inicia a realização de manobras arriscadas, mas
neste momento há a presença de um nadador passando pelo local e é atingido pelo
piloto, age sem previsibilidade, percebam que neste caso o piloto adotou todos os
cuidados para que não ocorra o dano e, em alto-mar seria imprevisível que ali tives-
se algum tipo de banhista ou pessoas que poderiam ser lesionadas. A conduta co-
missiva se dá com a movimentação física e corpórea de alguém com o objetivo de
praticar uma ação desvaliosa, ocorre à violação de um tipo proibitivo, a conduta co-
missiva é realizada com um fazer do agente, o indivíduo pratica algo que desenca-
deia em uma atividade criminosa, quando um agente compra uma arma e dispara
contra seu inimigo pratica uma ação, um fazer, um gasto de energia no sentido de
completar uma atividade anteriormente pensada. A conduta omissiva se revela na
não realização de uma conduta valiosa, é um não fazer, uma omissão do agente no
sentido de não se movimentar para praticar algo que deveria ser praticado, no delito
de omissão de socorro o agente deixa de realizar uma atividade essencial, ele se
mantém inerte diante da necessidade de realizar uma conduta que possa minimizar
os danos causados à vítima, percebam que na conduta comissiva o agente viola um
tipo proibitivo, o delito visa proteger um bem jurídico e, com isso, pune aquele que o
praticar, no delito de homicídio se pune aquele que matar alguém, a conduta de ma-
tar é proibitiva, visa a sua não ocorrência, já na conduta omissiva o agente viola uma
norma mandamental, o objetivo da norma é fazer com que o agente realiza a ativi-
dade que se considera necessária, a norma nesse sentido ‘manda’ que o agente a
faça sob pena de ser responsabilizado pelo resultado danoso, no exemplo acima
citado a omissão de socorro penaliza aquele que não socorre à vitima nos casos que
possa realizar esse socorro sem risco pessoal.
No fato típico analisamos além da conduta a existência do resultado, pelo
principio da lesividade somente pode ocorrer a criação e a responsabilização penal
quando lesionamos direitos de terceiros, por isso a existência do resultado passa a
ser primordial para a existência do próprio delito, sendo assim o resultado que se
analisa é a lesão a um bem tutelado pela norma penal. Da conduta contrária ao Di-
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reito podemos ter dois tipos de resultados, o primeiro chamado de resultado natura-
lístico, sendo a modificação do mundo exterior, a ocorrência de algo visível pelos
olhos, no crime de homicídio ocorre à morte da vitima e esse falecimento é a modifi-
cação do mundo visualizado pelos sentidos, o segundo resultado é chamado de
normativo, sendo a lesão ou o perigo de lesão a um bem jurídico tutelado pela nor-
ma penal, no delito de tráfico de drogas o bem jurídico tutelado é a saúde pública,
sendo que na sua ocorrência não há uma modificação no mundo real percebido pe-
los sentidos, mas sim uma lesão ao bem que se quer proteger, as saúde do usuário
e da própria coletividade.
Após a análise da conduta e do resultado passamos para o nexo causal, sen-
do este o vinculo que une a conduta ao resultado, uma relação de causa e efeito. Na
ocorrência de um crime não basta que ocorra a verificação de uma conduta e de um
resultado, mas temos que unir essa conduta à sua consequência, ou seja, temos de
verificar se foi da conduta que houve a realização do resultado, da violação ao direi-
to, no crime de homicídio por arma de fogo temos a morte da vitima, portanto temos
uma conduta de alguém no sentido de retirar a vida de outro, a pergunta que deve
ser realizada é “a morte da vitima ocorreu devido aos disparos efetuados contra
ela?”, se a resposta for positiva temos a presença do nexo causal, da ligação entre a
conduta e o resultado lesivo, agora, caso contrário, se o resultado morte se originou
de outro fato que não a conduta do agente temos a interrupção do nexo causal, não
respondendo o agente pelo resultado gerado, só podemos responsabilizar o que deu
causa ao resultado não querido pelo Direito. Perceba a seguinte sequência, João
compra explosivos, lê o jornal da manhã, furta um veículo, toma café da tarde, com-
pra uma arma de fogo, namora de noite, se desloca até o banco, explode o caixa
eletrônico e foge com o dinheiro, nesses atos alguns são responsáveis por dar cau-
sa à lesão contra o bem alheio, outros não são aptos a gerar o resultado, a compra
do explosivo, o furtar do veiculo, a compra da arma, a explosão do caixa e a fuga
com o dinheiro são causas que geraram a diminuição patrimonial da vítima, já o fato
de lê o jornal, tomar um café e namorar de noite não são capazes de ocasionar o
resultado, não sendo considerados causa, percebemos assim que a análise da cau-
sa se dá por meio de uma atividade intelectual, se abstratamente eu retiro certa
conduta e o resultado ainda ocorrer significa que este não será causa do crime, se
eu retiro o fato do autor do crime ter tomado café da manhã percebo que a lesão ao
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bem patrimonial do banco continua a ocorrer, não sendo este fato causa do resulta-
do, agora se eu retiro mentalmente a compra do explosivo, não ocorreria a lesão,
logicamente a compra é causa do resultado ocasionado.
Essa relação de causa e efeito é importante de ser analisada, pois pode ocor-
rer situações em que há uma associação de fatores para a ocorrência do resultado,
pode ocorrer uma diversidade de combinações na dinâmica do crime. Vejamos um
exemplo prático, Ticio, desejando a morte de Paulo, lhe desfere variadas facadas,
durante o socorro o bombeiro deixa Paulo cair da maca gerando traumatismo crani-
ano, no percurso para o hospital a ambulância sofre um acidente de trânsito, agra-
vando a situação da vítima, já no hospital Paulo é acometido de infecção hospitalar,
vindo a morrer devido à infecção e não devido aos ferimentos provocados por Tício,
como resolver a situação? Verificamos que devemos analisar o nexo causal para se
chegar a uma responsabilização correta do infrator, por isso analisaremos alguns
casos para melhor compreensão da matéria. Maria, querendo a morte de João, rea-
liza contra estes disparos de arma de fogo, horas antes do disparo Ana ministra ve-
neno na comida de João, socorrido ao hospital João morre em decorrência do vene-
no e não pelos disparos de arma de fogo, percebam que a causa que gerou o resul-
tado foi anterior ao disparo, a causa efetiva ocorreu antes do comportamento de Ma-
ria, nesse sentido Maria deve responder por tentativa de homicídio e não por homi-
cídio consumado. Pedro coloca veneno no lanche de Marcos, Marcos bebe o vene-
no e assiste a uma partida de futebol, momento no qual o teto desaba e o mata,
morre em consequência do desabamento e não pelo veneno aplicado, a causa efeti-
va é posterior à conduta de Pedro, respondendo este por tentativa de homicídio e
não por sua consumação. Toda vez que a concausa, ou seja, a causa conjunta, for
absolutamente independente, não tendo relação com o comportamento ilícito prati-
cado pelo autor do crime, teremos a responsabilização por crime tentado e não por
crime consumado. Alison, portador de hemofilia, é vítima de um golpe de faca de
Ronaldo, o golpe não o mataria isoladamente, entretanto, tendo dificuldade em es-
tancar o sangue, acaba morrendo, se verifica que ocorre uma união entre as causas,
por isso chamada de relativamente independente, no caso em análise a causa é an-
terior ao comportamento do individuo que esfaqueou, respondendo Ronaldo pelo
resultado, pela morte de Alison, na forma consumada. Cláudio é vitima de disparo de
arma de fogo praticada por Renato, levado ao hospital Cláudio morre em decorrên-
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cia de infecção hospitalar, note que se não fosse os disparos a vitima não seguiria
para o hospital e não haveria a infecção hospitalar, porém a infecção se trata de
desdobramento normal sobre quem sofre um atentado e se desloca até o hospital,
nesse sentido, mesmo não tendo a morte sido causada diretamente pelo disparo
Nos crimes denominados de omissivos não haverá a existência de nexo causal, pois a
omissão se trata de uma não fazer, de uma inércia do autor do crime, não há essa rela-
ção porque no nada não se pode criar o resultado. Porém temos o chamado nexo nor-
mativo ou nexo de evitaçao, o nexo de se evitar a ocorrência de um resultado danoso, o
individuo é obrigado a atuar evitando o dano e não o faz.
haverá a responsabilidade penal por homicídio consumado e não pela simples ten-
tativa.
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cos resultantes do abandono’, quando temos esse encaixe perfeito entre o caso
concreto e a norma existente chamamos de adequação típica imediata ou direta; por
outro lado, quando temos a necessidade de nos socorrer a outra norma para ade-
quar o fato ao descrito pelo legislador chamamos de adequação mediata ou indireta,
Rafael decide retirar a vida de Elton, mas por circunstâncias alheias à sua vontade
não consegue consumar seu intento criminoso, sobrevivendo Elton dos ataques de
Rafael, vejam que o caso em análise não se encaixa perfeitamente no artigo 121 do
Código Penal, pois este descreve “matar alguém” e não ocorre esse resultado, para
se ter o encaixe perfeito com o artigo 121 a vítima deveria efetivamente morrer, nes-
se momento gera uma pergunta, mas Rafael ficará impune? Obviamente que não,
pois o Código Penal descreve em seu artigo 14, II, a responsabilidade penal pena
tentativa, revelando que haverá a tentativa quando o agente, iniciada a execução,
não a consuma por circunstâncias alheias à sua vontade, e continua relatando que
pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de
um a dois terços, no caso em apreço existe a necessidade de buscar uma norma
chamada de extensão para completar o encaixe com o tipo penal, necessário se faz
socorrer ao artigo referente à tentativa para se criminalizar a conduta.
Além desses requisitos do fato típico a doutrina elenca ainda uma causa su-
pralegal de exclusão da tipicidade, qual seja o princípio da insignificância ou da ba-
gatela, revelando que para ser considerado crime o fato deve atingir o bem jurídico
protegido de uma forma relevante, caso contrário, se a lesão for irrelevante, de pe-
quena monta, de forma a não prejudicar a vítima, o caso não poderá ser tratado pelo
Direito Penal, mas sim por outros ramos do Direito, isso porque a pena somente se
dá através da ultima ratio, um soldado de reserva que somente adentra ao campo de
batalha caso os outros ramos não consigam resolver o fato concreto, o furto de uma
galinha, de uma barra de chocolate, de uma caneta, a principio não traz uma lesão
relevante à vítima, que pode se utilizar o Direito Civil para a busca da regularidade
de seu direito, não necessitando da intervenção da pena e da privação da liberdade
do autor, é chamada de norma supralegal porque não está contida na norma, sendo
criação doutrinária.
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ILICITUDE (ANTIJURIDICIDADE)
O artigo 23 do Código Penal revela que não há crime quando o agente pratica o fato em
estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento do dever legal ou no
exercício regular de um direito.
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retirada de bens para penhora que, autorizado judicialmente, é uma agressão ao
patrimônio alheio, mas permitido devido a uma dívida declarada judicialmente, por
esse motivo a agressão deve ser injusta, não permitida, para que o agente possa
atuar amparado pela legítima defesa.
Essa agressão injusta não necessariamente se trata de um crime, pois pode
ser praticada, por exemplo, por um menor de 18 anos, este no qual não pratica cri-
me, mas sim um fato que deve ser corrigido de acordo com o Estatuto da Criança e
do Adolescente, não pelo Código Penal, pode ser praticada também por um doente
mental, que não detém capacidade de entender o caráter ilícito de sua conduta e de
comportar-se de acordo com esse entendimento, não praticando crime como vere-
mos mais adiante. Atual ou iminente significa que a agressão deve estar ocorrendo
ou prestes a ocorrer, se a agressão for passada, anterior, se a injusta agressão não
está mais ocorrendo se caracteriza vingança e não legítima defesa, o agente que
agride um individuo que praticou furto em sua residência a dias atrás não age em
legítima defesa, mas sim impelido pelo ódio, pelo rancor e pela emoção, vejam outro
exemplo, uma pessoa está sendo levada pelo seu “amigo” para um local ermo, mo-
mento no qual recebe uma mensagem lhe informando que o suposto amigo na ver-
dade o está levando para uma localidade onde outras pessoas o matarão, nesse
momento o agride e consegue escapar, nesse último caso podemos perceber que a
agressão é iminente, estando prestes a acorrer. Agora, se a agressão for futura
ocorre mera suposição, mas não legítima defesa, alguém que ameaça outrem a pra-
ticar uma lesão contra sua pessoa na próxima semana relata uma agressão futura,
não permitindo que a suposta vítima o agrida por este fato futuro. O uso moderado
dos meios necessários significa que deve haver proporcionalidade entre o ataque e
a defesa, o agente que repele a injusta agressão deve atuar utilizado o meio menos
lesivo à sua disposição, é clássico falarmos que não devemos atacar uma formiga
com um tiro de canhão, pois a conduta é desproporcional, pois haveria outros meios
para repelir a agressão, se alguém é agredido por uma criança de 5 anos de idade
nada justifica que empunhe sua arma e desfira vários disparos contra o menor, bas-
tando empurrá-lo para o lado ou simplesmente o advertir verbalmente, vejam que o
uso do meio será o menos lesivo posto à disposição do agente e que seja capaz e
repelir a agressão, portanto se alguém tem diante de si um bastão e um fuzil e o
bastão for capaz de repelir e parar a agressão deverá utilizá-lo, porém se o agente
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dispuser somente do fuzil deve utilizá-lo para efetuar a parada da lesão a seu direito
ou de outrem.
A legítima defesa pode ser própria ou de outrem, significando que pode haver
a defesa e o resguardo de qualquer bem jurídico, será própria quando a lesão ataca
a própria pessoa que a repele, João desfere facadas em Marcos devido ao fato des-
te agredir sua integridade física, no caso João pratica legítima defesa de sua própria
pessoa, por isso chamada também de legítima defesa in persona, será de terceiros
quando o bem jurídico agredido não for da pessoa que a repele como exemplo um
policial visualiza que certo criminoso está preste a tirar a vida de um cidadão, mo-
mento no qual retira sua arma e retira a vida do agressor, defende no caso concreto
a defesa de um bem que está fora do campo da sua própria pessoa, um bem de ou-
trem, de terceiro, por isso chamado também de legítima defesa ex persona. Por últi-
mo temos que o individuo deve agir mediante o conhecimento da situação de fato
justificante, sendo o único requisito subjetivo presente na legítima defesa, isso signi-
fica que o agente que age deve saber que está fazendo para a defesa própria ou de
terceiro, vejam um exemplo, um traficante local se desloca até o bairro vizinho e ma-
ta outro traficante para a disputa do comércio ilegal de entorpecente, no momento da
morte esse outro traficante estava prestes a atirar em um usuário que lhe devia e
não lhe pagava, percebam que a morte protegeu o bem jurídico vida do usuário,
preenchendo todos os requisitos anteriores, porém quem agiu não sabia que estava
agindo em legítima defesa de terceiro e essa nem era sua finalidade, não podendo
se beneficiar da excludente em estudo.
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Quem repele um ataque de animal que atua sem influência externa não age em legítima
defesa, mas sim em estado de necessidade, porém se o animal tiver sido provocado a
agredir alguém esse agredido estará agindo em legítima defesa, pois o animal se posta
como instrumento na mão do agressor para ferir a integridade física da vítima.
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tária, livre, querendo gerar o perigo. Pode ser utilizada, como na legítima defesa,
para a defesa de direito próprio ou alheio, no primeiro caso temos o chamado estado
de necessidade próprio, quando a pessoa que está sob perigo atua para se salvar,
no segundo caso temos o estado de necessidade de terceiro, tendo como justificati-
va o principio da solidariedade humana, quando terceiro alheio ao perigo age para a
defesa de alguém. Quem se beneficia do estado de necessidade não pode ter no
caso concreto o dever de enfrentar o perigo, o bombeiro que ingressa no imóvel pa-
ra a proteção dos moradores e seu salvamento não pode alegar estado de necessi-
dade para lesionar bem jurídico dos que lá se encontram, o salva-vidas não pode
alegar estado de necessidade ao ingressar em alto-mar para salvar a vida de quem
está se afogando, pois estes detém o dever legal de enfrentar o perigo existente e,
podendo, agir com todos os meios disponíveis para a proteção desses direitos. Ou-
tro requisito é a inevitabilidade do comportamento lesivo, a lesão ao bem do outro
deve ser o único meio para se salvar, se houver uma maneira mais fácil, uma saída
diferente para o salvamento esta deve ser adotada, se houver a possibilidade de
fuga esse meio deve ser adotado para ambos. Diferentemente da legítima defesa o
estado de necessidade exige a observância da ponderação de bens, ocorrendo uma
análise entre o bem protegido e o bem ameaçado, não podendo sacrificar um bem
maior para salvar um bem de menor importância, percebam que se João, para sal-
var a sua vida, sacrifica a vida de José, e esse sacrifício é necessário e não há outro
modo para salvar-se, age em plena observância do estado de necessidade, pois
ambos bens são de igual valor (vida x vida), agora, se João, para salvar seu patri-
mônio, sacrifica a vida de José, não encontramos o necessário ponderamento de
bens, isso porque o bem patrimônio é menor do que o bem vida, que foi sacrificado.
O ultimo requisito se trata do fato do agente conhecer a situação de fato justificante,
requisito subjetivo, sendo necessário que a pessoa que atua sobre a excludente es-
tado de necessidade saiba que age sobre o manto de tal motivo, no exemplo em que
Maria e Camila não percebem que estão em um barco afundando, na presença de
somente um colete salva-vidas, sendo impossível o salvamento de ambas, e uma
retira a vida da outra porque houve uma discussão sobre um antigo namorado e não
por causa do perigo atual não encontramos a presença da exclusão da ilicitude pelo
estado de necessidade, mas sim a ocorrência de um homicídio.
O estrito cumprimento de um dever legal se dá quando temos a presença de
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um agente público no exercício de sua função e a lei o obriga a atuar em determina-
das situações, quando o policial realiza uma prisão em flagrante e usa moderada-
mente de sua força para quebrar a resistência do autor do crime, vindo a lesioná-lo,
não estamos diante de um crime de lesão corporal, mas sim perante uma atividade
que a própria norma determina que o agente o faça, outro exemplo seria o fato do
magistrado na sentença, para justificar o aumento de pena, utiliza de conceito des-
favorável contra o réu, não pratica crime contra a honra, mas sim age dentro das
normas previstas legalmente, ainda dentro do assunto um policial que adentra em
um imóvel sem a permissão do proprietário mas diante da presença de um mandado
de busca e apreensão não pratica o delito de invasão de domicílio. A norma tem de
ser analisada como um todo e o Direito Penal não poderia proibir o que uma outra
norma permite, seria uma discordância legal que não pode existir, sob pena de des-
virtuar todo o complexo normativo.
No exercício regular de um direito temos condutas do cidadão comum que
são autorizadas por meio de lei, não são mandamentos destinados a agentes públi-
cos, mas sim a qualquer do povo, exemplo é o mandamento processual penal que
permite que qualquer do povo possa realizar a prisão em flagrante, restringindo a
liberdade de certo agressor, estaremos diante de uma possibilidade legal em que
todo cidadão pode retirar a liberdade de outro, realizando no caso concreto uma pri-
são em flagrante, outro exemplo são as lesões praticadas em práticas desportivas,
como o boxe e as lutas permitidas em geral, não podendo ser os praticantes respon-
sáveis pela ocorrência da lesões corporais provenientes. O exercício regular de um
direito tem como requisitos a proporcionalidade, a indispensabilidade e o conheci-
mento da situação de fato justificante.
Além das quatro hipóteses legais a doutrina e a jurisprudência criou uma quin-
ta chamada de consentimento do ofendido, sendo uma causa supralegal, pois não
há descrição na norma, nesse sentido caso o ofendido aceite a agressão ao seu
bem jurídico seria uma atividade permitida e não seria considerado uma infração
penal. Agora, basta a aceitação do ofendido para que não ocorra o crime? A respos-
ta é não, pois devem estar presentes certos requisitos para sua existência, caso
contrário o delito ainda persiste, se não houvesse requisitos a eutanásia se trataria
de uma atividade permitida, pois querida e aceita por aquele que está em estado
terminal e solicita que terceiro retire sua vida. Na excludente supralegal o ofedido
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deve ser capaz, em regra maior e mentalmente sadio; o consentimento do ofendido
deve ser válido, praticado com liberdade e consciência, sem a existência de nenhum
tipo de erro, fraude ou coação; o bem protegido deve ser disponível, nesse caso, a
exemplo, a vida se trata de um bem indisponível, pois merecedora de tutela a qual-
quer custo, mesmo que seu titular não a queira; o bem deve ser próprio, não se
permitindo o consentimento sobre bem de terceiros; deve ainda o consentimento ser
prévio ou simultâneo à agressão, não se permitindo o consentimento posterior, após
a ocorrência da lesão; o consentimento ainda deve ser expresso, inequívoco, reali-
zado de forma que não gere dúvidas; por último deve o agente ter a ciência da situ-
ação de fato justificante.
CULPABILIDADE
Após a análise dos dois primeiros substratos do crime, qual seja o fato típico e
a ilicitude, passamos para o último substrato, a culpabilidade, que se trata do juízo
de reprovabilidade da conduta, percebam que enquanto o fato típico e a ilicitude são
um juízo de reprovação sobre o fato, a culpabilidade é um juízo de reprovação sobre
o autor do fato, analisa a posição de quem o praticou, se este detinha condições de
verificar a ilicitude do fato ou se agiu mediante uma força moral externa que o obri-
gou a contrariar a norma, ou até mesmo se não tinha maturidade psicológica para o
exercício da inobservância aos preceitos legais (menoridade). A culpabilidade tem
como elementos a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e a exigibilida-
de de conduta diversa.
A imputabilidade se trata da análise se é possível atribuir a alguém a respon-
sabilidade da infração, pois aquele que age em desconformidade com os preceitos
legais penais deve agir com higidez psíquica, sendo uma pessoa mentalmente sa-
dia, e mediante a dominação de sua vontade, sendo esta livre e sem mácula. As
chamadas causas de inimputabilidade se tratam da anomalia psíquica, da menori-
dade e da embriaguez.
O artigo 26 do Código Penal revela que é isento de pena quem, por doença
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado era, ao tempo da ação
ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de de-
terminar-se de acordo com esse entendimento. Percebam que se o agente é doente
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mental e não tem possibilidade de agir e se portar de acordo com as normas penais,
não poderá ser responsabilizado penalmente pela infração. A doença mental que se
trata é no sentido amplo, ou seja, qualquer distúrbio que afete sobremaneira o indi-
víduo, pode ser a esquizofrenia, a psicose maníaco-depressiva, a psicose alcóolica,
a paranoia, a epilepsia, a demência senil, a histeria ou outras existentes.
Sobre o doente mental não se aplica nenhuma consequência jurídica? O do-
ente mental é livre para cometer infrações penais? Muito embora um doente mental
de forma absoluta não comete um crime, pois exclui sua culpabilidade (terceiro
substrato do crime) pela inimputabilidade, a absolvição será imprópria, determinando
que este se submeta a uma medida de segurança, que pode ser uma internação em
hospital psiquiátrico ou tratamento ambulatorial, neste ponto se difere da chamada
absolvição própria que não detém nenhuma consequência jurídica de privação de
liberdade, é importante destacar que para o inimputável por doença mental a medida
de segurança se posta como um tratamento ao indivíduo que é acometido pelo dis-
túrbio, pela patologia, e não uma pena que é imposta pela conduta contrária à nor-
ma.
Outra causa de inimputabilidade se trata da idade, o artigo 27 do Código Pe-
nal declara que os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, fi-
cando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial, se tratando de uma
presunção absoluta, ou seja, não cabe prova em contrário, se uma pessoa é menor
penalmente não adianta demonstrar através de laudos e exames médicos que deti-
nha a total capacidade de entender a ilicitude de seu ato e que a formação cerebral
já estava completa, basta a comprovação da menoridade por meio de documento
hábil para que seja caracterizada a exclusão de sua culpabilidade, respondendo este
por meio do Estatuto da Criança e do Adolescente, podendo ocorrer a privação de
sua liberdade por até 3 (três) anos de acordo com essa legislação especial, lem-
brando que as crianças, até 12 (doze) anos incompletos, não cometem crime e não
terão consequência penais de privação de sua liberdade.
A terceira hipótese de inimputabilidade se dá pela embriaguez, sendo esta
uma intoxicação transitória pelo álcool ou substâncias de efeito análogo, produtos
que causam o mesmo estado de inconsciência. Nem todas as formas de embriaguez
excluem a imputabilidade do agente, a embriaguez será não acidental, acidental,
patológica ou preordenada. A embriaguez não acidental ocorre quando o agente não
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sofre influencias externas para realizar o uso de substâncias que ocorra a embria-
guez, pode ser voluntária, quando o agente tem a intenção de embriagar-se, o indi-
viduo quer se embriagar, ou culposa, quando o agente por negligência ou imprudên-
cia acaba por se embriagar, por exemplo quando acredita que não vai beber o sufi-
ciente para se embebedar, mas o acaba fazendo, nessas duas hipóteses prescreve
o Código Penal que “não excluem a imputabilidade penal a embriaguez voluntária ou
culposa pelo álcool ou substâncias de efeitos análogos”. A embriaguez acidental
ocorre por caso fortuito, quando o agente desconhece o efeito inebriante da subs-
tância e a ingere, ou se dá por força maior quando o agente passa a ser obrigado a
ingerir, essas duas formas, se ocorrer a embriaguez completa do indivíduo, perden-
do este sua condição de entender a ilicitude do fato, pode ter como consequência a
isenção de pena, isso porque o Código Penal determina que “e isento de pena o
agente que por embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior
era, ao tempo do fato, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento”. A embriaguez patológica se
traduz na presença de uma doença que acomete o agente, sendo tratada como
anomalia psíquica, gerando, se absoluta, a inimputabilidade por doença mental. Por
ultimo, a embriaguez preordenada ocorre quando o agente realiza a ingestão da be-
bida para a realização de determinado crime, acaba ingerindo para que consiga a
coragem necessária para a realização da atividade delinquencial, essa modalidade
de embriaguez agrava a pena, tendo como consequência um resultado mais grave
para o agente, aumentando a pena aplicada ao crime.
Na culpabilidade, em um segundo momento, se analisa a potencial consciên-
cia da ilicitude, que se traduz na possibilidade de compreender a reprovabilidade de
sua conduta, na possibilidade do autor, analisada suas condições pessoas e coleti-
vas, de ter conhecimento da norma, ninguém se livra de uma pena alegando que
desconhece a lei, se a desconhece, mas teve no mundo real e concreto alguma
possibilidade de conhecê-la, será aplicada a consequência penal equivalente. Pense
na seguinte ocorrência, Lucas subtrai para si o veículo de Marcos, sendo preso em
flagrante pelo delito de furto, na Delegacia alega que não tinha conhecimento de que
sua atividade era crime, acreditando ser possível e legal tomar para si o patrimônio
alheio, tal fato não exclui sua culpabilidade, pois Lucas detinha potencial potência
para conhecer que sua conduta se encaixaria no crime de furto, seja através da ob-
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servância das atividades de toda a coletividade que o circundam, através de uma
simples conversa e pergunta a outro cidadão ou amigo ou por meio de uma simples
pesquisa na internet, se houver a potencialidade de conhecimento há a responsabili-
zação pelo crime, mesmo o desconhecendo, ao contrário, se um determinado crime
ocorre dentro de uma tribo indígena que não detém contato com o denominado “ho-
mem branco”, homem social, pois se encontram em local sem internet, sem nenhum
tipo de contato externo, totalmente isolados, não detendo possibilidade de conhecer
a ilicitude de seus atos, ocorrerá a presença da exclusão da culpabilidade, vejam
que pode existir comunidades indígenas absolutamente isoladas dentro de nosso
território no qual ainda existem os descartes de bebês que detém algum tipo de
anomalia física ou mental, pois necessitam de bons membros na tribo para caça,
guerra e colheita, descartando os incapazes por se traduzir em fardo para a própria
sociedade.
Em última análise, a culpabilidade tem como pressuposto a exigibilidade de
conduta diversa, que se traduz na possibilidade de atuar conforme a lei, na possibili-
dade de, ao invés de se utilizar da atitude ilícita, obtiver a oportunidade de escolher
um caminho permitido pela norma e que, nas circunstâncias, fosse razoável exigir-
se, vejam o seguinte exemplo, Jonas, gerente de determinado banco, tem sua famí-
lia presa e ameaçada por criminosos, estes obrigam o gerente a se deslocar até a
agência bancária e retirar todo o dinheiro do cofre, entregando-os posteriormente,
sob pena de retirar a vida de sua esposa e seus filhos, percebam que, se trocar Jo-
nas por qualquer outro cidadão, não se exigirá que tomem outra escolha senão a de
obediência às exigências dos criminosos, se torna inexigível que tomem outra con-
duta que coloque em risco seus familiares, qualquer um teria a mesma postura de
Jonas, a retirada dos valores e entrega aos meliantes, nesse sentido, se ocorre a
inexigibilidade de conduta diversa tem como consequência a exclusão da culpabili-
dade, já se for exigível conduta diferente deverá ocorrer a devida responsabilização.
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Direito penal esquematizado: parte geral, 2017. (Sujeitos do Crime)
Link: https://bit.ly/3l40QKP
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FIXANDO O CONTEÚDO
1. Ao agente inimputável por anomalia psíquica, que não consegue entender o cará-
ter ilícito do fato e determinar-se de acordo com esse entendimento, aplica-se:
a) Absolvição.
b) Absolvição imprópria.
c) Absolvição própria.
d) Condenação própria.
e) Condenação imprópria.
2. Quando o tipo penal exige qualidade ou condição especial do agente que o prati-
ca estaremos diante de um crime:
a) Crime comum.
b) Crime bicomum.
c) Crime próprio.
d) Crime de mão própria.
e) Crime normal.
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c) Da lesão ao meio ambiente nos crimes ambientais.
d) Do comportamento auferido pelos policiais e agentes do judiciário no levantamen-
to de provas.
e) Da lesão gerada pelo crime sofrida pela vítima, consequência direta da atividade
delituosa.
6. Quem repele um ataque de animal que atua sem influência externa, sem a pre-
sença de alguém que o influencie a atacar, age em:
a) Legitima defesa
b) Estado de necessidade
c) Estrito cumprimento de um dever legal
d) Exercício regular de um direito
e) Nenhuma das alternativas anteriores
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c) Embriaguez voluntária
d) Embriagues fortuita ou por força maior
e) Embriaguez culposa
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CONSUMAÇÃO UNIDADE
INTRODUÇÃO
TENTATIVA
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de ter sido surpreendido pela polícia; a tentativa perfeita ou acabada ocorre quando
o agente pratica todos os atos executórios postos à sua disposição, ocorre quando o
autor esgota seus meios e possibilidades de ataque e mesmo assim não gera o re-
sultado pretendido, exemplo quando dispara todas as munições e não acerta seu
desafeto; a tentativa branca ou incruenta ocorre quando o golpe não atinge o corpo
da vítima; a tentativa vermelha ou cruenta ocorre quando a golpe atinge o corpo da
vítima; a tentativa idônea se dá quando o resultado querido pelo agente é possível,
no mundo real o ataque tem o condão de gerar o resultado almejado; a tentativa ini-
dônea ocorre quando o resultado não é possível por absoluta ineficácia do meio ou
absoluta impropriedade do objeto, neste caso específico ocorre o que chamamos de
crime impossível, que veremos mais adiante.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
Pode ocorrer casos em que o indivíduo pretende praticar uma infração penal,
e com isso adentro nas fases da cogitação, preparação e execução do crime, porém
voluntariamente desiste de continuar na caminhada do crime e, sem influências ex-
ternas, acaba não realizando o que, de início, queria realizar. Veja que o agente, na
possibilidade de praticar o crime, desiste, não mais lhe interessando a agressão,
modificando seu dolo inicial, sua vontade anterior, nesse caso estamos falando que
o agente ainda dispõe de meios para alcançar seu resultado, o agente pode prosse-
guir, mas não quer, o que difere da tentativa, pois nesta o agente quer prosseguir,
mas não pode.
O sujeito que não consuma o crime porque resolveu não realizá-lo merece
uma reprimenda menor do que o agente que realiza a consumação do crime ou até
mesmo é impedido de conseguir sua finalidade por circunstâncias alheias à sua von-
tade (tentativa), por isso o Código descreve que o agente que, voluntariamente, de-
siste de prosseguir na execução só responde pelos atos já então praticados. Perce-
bam a seguinte hipótese, Tício, querendo Matar Pedro, desfere três disparos de ar-
ma de fogo, antes do quarto disparo interrompe seu objetivo inicial e, por vontade
própria, não continua com seu intento criminoso, no caso em análise o sujeito ativo
ainda detinha de meios para consumar o crime, mas não o quis, desiste de prosse-
guir em sua empreitada ilícita, dessa forma responde somente pelos atos até então
78
praticados, se tiver acertado Pedro com os disparos responderá pela lesão corporal
praticada, se não tiver acertado nenhum disparo responde por disparo de arma de
fogo. Em suma, na desistência voluntária, quando falamos que responde pelos atos
até então praticados estamos querendo dizer que o sujeito não responderá pela ten-
tativa, por isso tal instituto é chamado de “ponte de ouro”, pois retira a responsabili-
dade pela tentativa voltando o crime somente pelo que já praticou.
ARREPENDIMENTO EFICAZ
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
79
tada criminosa ou realiza outra conduta para salvar o bem exposto ao perigo, tendo
como consequência a responsabilização pelo mal que até então praticou. Porém,
pode o agente que cometeu um crime, após sua consumação, se arrepender, e re-
solver reparar o dano ou restituir o bem lesado, merecendo também um reprimenta
menor na fixação de sua pena.
O Código Penal trata da questão quando descreve que nos crimes cometidos
sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até
o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será
reduzida de um a dois terços. Para receber o benefício concedido legalmente os
crimes devem ser sem violência ou ameaça à pessoa, o crime de roubo não se en-
caixa nas hipóteses legais devido ao fato deste ser praticado mediante violência ou
grave ameaça, já o delito de furto o permite, pois na tipificação do crime não temos a
presença da referida violência ou ameaça à pessoa, o agente simplesmente subtrai
para si ou para outrem um bem de terceiro sem a necessidade de se utilizar de le-
são contra o proprietário do bem. Há ainda um limite temporal para a realização da
restituição ou reparação do bem, qual seja o momento do recebimento da denúncia
ou da queixa, após esse ato, que se dá pela aceitação da peça processual pelo ma-
gistrado, não há que se falar em arrependimento posterior. Nesse momento pode-
mos perguntar, o agente que repara o bem ou restitui a coisa após o recebimento da
denúncia ou da queixa não ganha nenhum benefício legal? Vejam que, se praticado
após o recebimento não caberá mais o arrependimento posterior, mas pode servir
como atenuante genérica, caso no qual a pena final poderá ser um pouco mais
branda, veremos ainda as hipóteses de atenuante de pena no decorrer da matéria.
CRIME IMPOSSÍVEL
80
que somente quis praticá-lo.
Encontramos do Código Penal a existência do chamado crime impossível,
chamado também de tentativa inidônea, revelando que não se pune a tentativa
quando, por absoluta ineficácia do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é
impossível consumar-se o crime.
Vejamos alguns exemplos, João porta uma arma de fogo e espera Pedro em
local distante e escuro, quando João visualiza Pedro passar pela estrada empunha
sua arma e puxa o gatilho, verificando no momento que a arma se encontrava que-
brada e não havia possibilidade alguma de que esta gerasse os disparos. No caso
em questão estamos diante da impossibilidade do crime de homicídio devido ao fato
da arma não disparar de forma alguma, o meio empregado pelo agente é absoluta-
mente ineficaz. Agora vejamos o seguinte, João visualiza Pedro no canto de uma
rua deitado ao chão, neste momento percebe a oportunidade de matar seu desafeto
e desfere várias facadas no corpo, posteriormente descobre que Pedro já se encon-
trava morto quando recebeu os golpes de João, neste caso ocorre a absoluta impro-
priedade do objeto, pois não há como retirar a vida de quem já se encontra falecido.
Nestes dois exemplos existe a presença do chamado crime impossível, não ocor-
rendo punição pelo fato pensado e querido pelo agente, pois de acordo com as aná-
lises fáticas são impossíveis de se concretizar.
CONCURSO DE PESSOAS
81
dessa forma o Código Penal descreve que quem, de qualquer modo, concorre para
o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
Em seu livro Sanches (2019) conceitua o concurso de pessoas , “Entende-se
por concurso de pessoas (concursus delinquentium) a reunião de vários agentes
concorrendo, de forma relevante, para a realização do mesmo evento, agindo todos
com identidade de propósitos.”
Quando duas ou mais pessoas se unem para praticar um determinado crime,
não teremos a existência de um crime para cada participante, mas sim a ocorrência
de um só crime que estenderá sua responsabilização para todos, se Mário, Gustavo
e Hélio resolvem matar Tício, não termos três crimes de homicídio separadamente,
mas sim somente uma infração penal contra a vida que analisará as condutas de
todos os três agentes delituosos. Percebam que as condutas de todos três agentes
podem no caso concreto ser diferente e terão como resultado quantidade de penas
diferenciadas de acordo com a participação de cada um, um deles pode ter somente
dirigido o veículo, outro pode ter vigiado a rua da residência e o outro efetivamente
entrado e matado a vítima, essas posturas e modos de participar do crime serão
analisadas de forma individual, implicando com isso penas diferentes para cada um
deles.
No concurso de pessoas temos a divisão dos agentes em autor, coautor e
partícipe. Autor é aquele que prativa o verbo nuclear do tipo penal, no delito de furto
aquele que efetivamente subtrai o bem será o autor do delito em questão. Coautor
são aqueles que, juntos, praticam a ação nuclear, no homicídio duas pessoas po-
dem efetivamente atirar contra um terceiro, ambos praticando o verbo matar, atuan-
do em conjunto. Partícipe será o que não realiza o verbo nuclear do tipo penal, mas
concorre de qualquer modo para a execução da atividade criminosa, para o partícipe
se a participação for considerada de menor importância pode haver a diminuição da
pena de m sexto a dois terços. Ainda no que tange à participação essa pode ser ma-
terial ou moral, ocorre a participação material quando o agente auxilia e facilita a
execução do delito, como exemplo o que empresta uma arma para outro efetuar os
disparos, de outro modo, ocorre a participação moral quando o agente instiga ou
induz outra pessoa à prática do crime.
Uma questão merece destaque, a chamada participação dolosamente distin-
ta, determinando o Código Penal que se algum dos concorrentes quis participar de
82
crime menos grave lhe será aplicada a pena deste, iremos nos socorrer a um exem-
plo para esclarecer a questão, Tício e Pedro iniciam, em concurso, um roubo na re-
sidência de Maria, mas durante a execução do crime Pedro decide estuprá-la em um
cômodo vazio da residência, à revelia do consentimento de seu comparsa. Vejam a
questão atentamente, a união de vontade dos autores do delito se deu para a reali-
zação de um crime de roubo, porém Pedro avança, sem o consentimento de Tício, e
pratica modalidade criminosa diversa, tendo como resultado que cada qual respon-
derá pelo crime no qual teve a vontade de cometer, no caso Tício responde por rou-
bo e Pedro por roubo e estupro. Agora, o Código Penal descreve também que, se o
resultado for previsível, a pena será aumentada até metade, vamos esclarecer, Tício
e Pedro se unem para a prática de um crime de roubo, porém Pedro porta uma arma
de fogo para a realização da conduta, sendo que Tício tem conhecimento da exis-
tência da arma, é previsível que, mesmo que Tício queira somente a ocorrência do
crime de roubo, não aceitando um possível delito de homicídio, que o resultado lhe
venha à cabeça, nesse sentido a sua pena, mesmo querendo crime menos grave,
venha a ser aumentada até a metade.
83
CONCURSO DE CRIMES
84
ma aplicada a quem comete somente um, sendo assim o legislador trouxe critério
especiais de aplicação da pena às diferentes circunstâncias analisadas no caso
concreto. No Código Penal temos presentes os artigos 69, 70 e 71 onde diferencia-
se as espécies de concurso, sendo três, o concurso material, o concurso formal e a
continuidade delitiva, e vamos analisar posteriormente cada um deles.
Comecemos pelo concurso material, de antemão já devemos ter em mente
que o concurso material se encontra no artigo 69 do Código Penal, sendo também
chamado de concurso real, quando o agente, mediante mais de uma ação ou omis-
são, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicando-se cumulativamente as
penas privativas de liberdade, aqui já podemos perceber que aplica-se o sistema do
cúmulo material, concurso material é igual ao cúmulo material, soma todas as penas
ao final. Temos como requisitos existentes a pluralidade de condutas e a pluralidade
de crimes, veja, uma pessoa pratica várias condutas e como resultado se tem vários
crimes, vamos a um exemplo para ilustrar a matéria, Tício pratica um roubo em uma
agencia bancária e ao sair furta um veículo que estava estacionado à frente da
agência para utilizar em sua fuga, Tício praticou duas ações, o roubo e o furto em
concurso material. O artigo fala em crimes idênticos ou não, se os crimes forem
idênticos, exemplo de dois furtos o concurso material será homogêneo, ao contrário
se diversos, como no exemplo citado, temos o concurso material heterogêneo.
Falamos de concurso material, agora vamos para o próximo concurso deno-
minado de concurso formal de crimes, chamado também de ideal, estando previsto
no artigo 70 do Código Penal, onde o sujeito, mediante uma só ação ou omissão,
percebam uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não.
Trata-se de um benefício do agente que pratica, por uma ação ou omissão, mais de
um crime, no concurso formal temos, via de regra, a aplicação da maior pena au-
mentada de um percentual fixado em lei, sendo esse percentual o valor de 1/6 até a
metade. Como requisito do concurso formal há presença de uma única conduta e a
pluralidade de crimes ocorridos. Exemplo, Caio dirigindo em velocidade excessiva
atropela dois transeuntes, duas pessoas que passam pela rua, praticando com uma
única conduta, conduzir o veículo, dois homicídios culposos, irá responder, como
pena, a de um homicídio com o aumento previsto na norma. Uma questão merece
destaque, se os dois ou mais resultados forem ocasionados mediante desígnio au-
tônomo, e isso se dá quanto o agente quer os dois resultados, não haverá a aplica-
85
ção de um crime com o aumento pertinente, mas sim a soma das penas dos dois
crimes separadamente, como ocorre no concurso material, analisem a diferença,
Caio quer com um único disparo de arma de fogo de grande calibre matar Caim e
Abel, quer matar dois coelhos com uma cajadada só, ele quer a morte dos dois,
nesse caso ocorrerá a soma das penas dos dois delitos, cúmulo material e não
exasperação da pena (aumento da pena).
Já passamos pelo concurso material e pelo concurso formal, agora vamos
explicar sobre a chamada continuidade delitiva, chamado também de crime continu-
ado, inscrito no artigo 71 do Código Penal e ocorre quando o sujeito, mediante uma
pluralidade de condutas, realiza uma série de crimes da mesma espécie, e estes
tem entre si uma ligação de continuidade, entendido esta ligação como as mesmas
condições de tempo, lugar e maneira de execução. Percebam, o sujeito pratica o
crime e há uma relação de continuidade, de forma que os demais passam a ser en-
tendidos como continuação do primeiro, o agente tem uma unidade de propósito,
suponhamos que Rogerio, que é caixa de um estabelecimento comercial, furta todos
os dias 50 reais no fechamento e relatório final, todos os dias ele subtrai para si uma
quantia de propriedade da empresa, sua finalidade é desfalcar o caixa e furtar a em-
presa, fato este que, por ficção jurídica, será considerado um único fato punível, re-
cebendo um tratamento particular quanto à sua pena, para o quantum da pena o
magistrado ira considerar que um só crime foi praticado, majorando a pena final. O
artigo traz os requisitos necessários para que ocorra a continuidade delitiva, a plura-
lidade de condutas (mais de uma ação ou omissão que tenha como consequência
vários crimes), a pluralidade de crimes da mesma espécie (que são crimes previstos
no mesmo tipo penal, protegendo igual bem jurídico, como exemplo uma sequencia
de furtos de determinada empresa, a existência de uma sequencia de atos que con-
figurem o delito de peculato, onde o servidor público subtrai bens da repartição onde
trabalha, nesses dois exemplos tenho a existência do mesmo tipo penal e igual bem
jurídico protegido), elo de continuidade, que se revela através das mesmas condi-
ções de tempo (a jurisprudência entende que esse tempo deve ser entendido dentro
de um lapso de 30 dias), mesmas condições de lugar (quando são praticados na
mesma comarca ou em comarcas vizinhas, se tratando de regiões metropolitanas ou
união de comarcas que não tenha uma separação apropriada pela continuidade de
sua polaridade urbana), mesma maneira de execução (mesmo modus operandi,
86
sendo a mesma forma de executar o crime). Nesta modalidade a aplicação da pena
se dá pelo sistema da exasperação, escolhendo o juiz qualquer das penas se idênti-
cas, ou a maior delas se distintas, aumentando em 1/6 a 2/3, levando em conta a
quantidade de infrações praticadas. Existe uma particularidade no que tange aos
crimes dolosos praticados contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou gra-
ve ameaça à pessoa, nesse caso poderá o juiz, considerando as circunstancias do
crime, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave se
diversas, até o triplo.
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FIXANDO O CONTEÚDO
4. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano
ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato volun-
tário do agente, estamos diante do(a):
a) Arrependimento posterior.
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b) Consumação.
c) Tentativa.
d) Desistência voluntária.
e) Arrependimento eficaz.
5. Quando não se pune a tentativa por absoluta ineficácia do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, utilizamos o instituto do(a):
a) Tentativa.
b) Tipicidade.
c) Consumação.
d) Crime impossível.
e) Antijuridicidade.
6. Quando relatamos sobre concurso de pessoas queremos dizer que várias pesso-
as podem, e conjunto, praticar uma infração penal, aquele que pratica o verbo nu-
clear do tipo é considerado:
a) Partícipe.
b) Concorrente.
c) Vítima.
d) Autor.
e) Nenhuma das anteriores.
7. Se alguns dos concorrentes quiseram participar de crime menos grave lhe será
aplicada a pena deste, a afirmativa se trata do instituto da:
a) Desistência voluntária.
b) Participação dolosamente distinta.
c) Tentativa.
d) Legitima defesa.
e) Autoria colateral.
89
tade.
c) O agente pratica um fato típico, ilícito e culpável.
d) O agente age para defender desonra própria.
e) O agente, por meio de uma ou mais ação ou omissão, pratica uma pluralidade de
crimes.
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PENAS PROIBIDAS UNIDADE
INTRODUÇÃO
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ao mesmo tempo reconstrói sua dignidade, aprendendo um emprego legal, e gera a
chamada detração, onde a cada três dias de trabalho diminui um dia em sua pena. A
pena de banimento se dá pela expulsão do nacional, nato ou naturalizado, do territó-
rio nacional, sendo uma forma de pena proibida nacionalmente. Por ultimo, a pena
de natureza cruel se trata de qualquer forma de pena indigna, desumana ou degra-
dante, as prisões em sua ampla maioria são locais onde permanece a crueldade do
encarceramento, pois são superlotadas, escuras e insalubres.
PENAS PERMITIDAS
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APLICAÇÃO DA PENA
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60 anos, enfermo ou mulher grávida; j) crime quando o ofendido estiver sob imediata
proteção da autoridade, k) crime praticado em ocasião de incêndio, naufrágio, inun-
dação ou qualquer calamidade pública ou desgraça particular do ofendido, l) crime
praticado em embriaguez preordenada, m) crime praticado por duas ou mais pesso-
as; já as atenuantes se tratam da a) menoridade, b) senilidade, c) desconhecimento
da lei, d) crime praticado sob relevante valor moral ou social, e) ter procurado, por
ato espontâneo e eficiente, logo após o crime, evitar-lhe ou diminuir as consequên-
cias, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano, f) cometido o crime sob coação a
que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob in-
fluência de violenta emoção provocada por ato injusto da vítima, g) confessado es-
pontaneamente perante autoridade a autoria do crime, h) cometido o crime sob in-
fluência de multidão em tumulto, se não o provocou. Interessante notar que nesta
segunda fase a valor da pena encontrada não pode ser menor ou maior do que a
sanção penal existente na infração penal, da mesma forma que a pena base. No
terceiro momento encontramos a pena definitiva, analisando as causas de aumento
e de diminuição existentes tanto na parte geral como na parte especial do Código,
bem como nas legislações chamadas de especiais ou extravagantes, o crime tenta-
do é uma hipótese de causa de diminuição, pois a norma estipula que ocorra a dimi-
nuição de 1/3 a 2/3, já o homicídio traz uma causa de aumento de pena estipulando
que se for praticado contra menor de 14 anos ou maior de 60 deve haver aumento
em 1/3 da pena. Note que as causas de diminuição e aumento estipuladas nesta
terceira fase se encontram na legislação penal em frações, aqui, ao contrário das
outras duas fases, a sanção penal final pode ficar abaixo do mínimo estipulado no
tipo criminoso ou acima do máximo.
94
Direito penal esquematizado: parte geral, 2017. (Das penas)
Link: https://bit.ly/3j2RvkF
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FIXANDO O CONTEÚDO
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4. A chamada pena de banimento se trata:
a) Da expulsão de estrangeiro do território nacional
b) Da expulsão de brasileiro de um certo Estado Federativo
c) Da expulsão de portugueses do território nacional
d) Da expulsão do nacional, nato ou naturalizado, do território nacional
e) Nenhuma das alternativa anteriores
7. Na fase de aplicação da pena o magistrado analisa três fases, sendo elas, res-
pectivamente:
a) Pena intermediária, pena base e pena definitiva
b) Pena definitiva, pena base e pena intermediária
c) Pena base, pena definitiva e pena intermediária
d) Pena base, pena intermediária e pena definitiva
e) Nenhuma das anteriores
8. Nas fases de aplicação da pena ocorre que, em uma delas, se pode fixar a pena
aquém do mínimo e além do máximo inserido no preceito secundário do tipo pe-
nal, essa fase se trata da:
a) Pena base
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b) Pena intermediária
c) Pena definitiva
d) Pena revisional
e) Nenhuma das anteriores
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GABARITO DO FIXANDO O CONTEÚDO
UNIDADE 1 UNIDADE 2 UNIDADE 3 UNIDADE 4 UNIDADE 5 UNIDADE 6
C D A B A E
D E D C D C
E D A A E D
E B C E A D
E C E B D D
A A C B D C
E D C E B D
C D D D E C
99
REFERÊNCIAS
100