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Samanta dos Santos Medeiros - sammymedeiros4@gmail.com - CPF: 412.578.998-30


Você acaba de adquirir o material: Legislação Mapeada Extreme para o concurso de
Investigador da Polícia Civil de São Paulo (PC SP) – PÓS-EDITAL.

Esse material é totalmente focado no certame e aborda os principais pontos da dis-


ciplina de Criminologia.

Além disso, nos trechos e dispositivos mais importantes para a prova do concurso de
Investigador da PC SP constam algumas explicações para facilitar a compreensão do aluno.

Galera, fiquem bastante atentos às novidades legislativas, pois a sua banca poderá co-
brá-las em sua prova.

A leitura da lei é fundamental para a sua aprovação, pois, em análise estatística do


concurso, verificou-se que a grande maioria das questões de direito cobradas nesse certame
são resolvidas somente com base da lei seca.

Bons Estudos!

Rumo à aprovação!!

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SUMÁRIO
CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................................................................................................... 5
CRIMINOLOGIA ............................................................................................................................................. 5
Conceito, Objeto, Método e Finalidade ................................................................................................... 5
HISTÓRIA DA CRIMINOLOGIA ................................................................................................................... 7
Escola Clássica ................................................................................................................................................ 8
Escola Positiva ................................................................................................................................................ 8
Escola de Política Criminal .......................................................................................................................... 9
Terza Scoula ................................................................................................................................................. 10
SOCIOLOGIA CRIMINAL – Teoria do consenso e conflito ................................................................. 10
Modelos sociológicos de consenso e de conflito ................................................................................ 10
Teoria do Consenso .................................................................................................................................... 11
Escola de Chicago ........................................................................................................................................ 11
Teoria de Associação Diferencial............................................................................................................. 12
Teoria de Anomia ........................................................................................................................................ 12
Teoria de Subcultura Delinquente .......................................................................................................... 13
Teoria do Conflito ....................................................................................................................................... 14
Labelling Approach (Etiquetamento) ..................................................................................................... 14
Teoria Crítica ou Radical............................................................................................................................ 14
VITIMOLOGIA ............................................................................................................................................... 15
Classificação das Vítimas ........................................................................................................................... 15
Vitimização primária, secundária e terciária ........................................................................................ 16
Vitimização indireta e Heterovitimização ............................................................................................. 18
Distúrbios comportamentais da vítima ................................................................................................. 18
Vitimodogmática......................................................................................................................................... 20
CRIMINALIDADE DE MASSA, MODERNA E ORGANIZADA ............................................................... 20
NOVA CRIMINOLOGIA ............................................................................................................................... 21
Teorias e conceitos associados à nova criminologia .......................................................................... 21
Perspectiva crítica da criminologia ......................................................................................................... 24
Visão histórica e crítica da evolução dos estudos feministas na criminologia ............................ 25
Teorias criminológicas feministas ........................................................................................................... 26
Criminologia QUEER ................................................................................................................................... 27
Teorias e conceitos relacionados à criminologia QUEER ................................................................... 28
Criminologia racial ...................................................................................................................................... 29
Teorias da criminologia racial .................................................................................................................. 30

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Criminologia feminista negra .................................................................................................................. 31
Teorias da criminologia feminista negra............................................................................................... 31
Criminologia clínica .................................................................................................................................... 32
Criminologia ambiental ............................................................................................................................. 35
Teorias relacionadas à criminologia ambiental ................................................................................... 37
Criminologia cultural ................................................................................................................................. 38
MODELOS DE PREVENÇÃO E REAÇÃO AO FENÔMENO CRIMINAL ................................................ 40
Prevenção Primária ..................................................................................................................................... 40
Prevenção Secundária ................................................................................................................................ 40
Prevenção Terciária .................................................................................................................................... 41
FATORES SOCIAIS DE CRIMINALIDADE ................................................................................................. 41
Fatores Sociais ............................................................................................................................................. 41
INSTÂNCIAS DE CONTROLE SOCIAL ...................................................................................................... 43
Controle Social Formal............................................................................................................................... 43
Controle Social Informal ........................................................................................................................... 43
CRIMES DO COLARINHO BRANCO ......................................................................................................... 44
Surgimento do White Collar Crimes ....................................................................................................... 44
Características dos crimes de colarinho branco................................................................................... 45
Cifra Dourada – Crimes de Colarinho Branco ....................................................................................... 45

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Pessoal!

Antes de iniciarmos o estudo de Criminologia, apresentaremos os assuntos que foram cobrados no


edital de Investigador da PC SP:

CRIMINOLOGIA

Inicialmente precisamos compreender o conceito e algumas características específicas da matéria de


criminologia.

Conceito, Objeto, Método e Finalidade

Basicamente, criminologia significa o estudo do crime. É uma ciência empírica, ou seja, é baseada na
observação e na experiência, e interdisciplinar que possui o objetivo de analisar o crime, a persona-
lidade do autor do comportamento delitivo, a vítima e o controle social (comportamento da soci-
edade em relação a criminalidade) as condutas criminosas.

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Crime

Autor/Delinquente

Criminologia

Vítima

Controle Social

Ademais, tem como finalidade a colaboração com estratégias de combate à criminalidade, os fato-
res criminais e a Política Criminal diante de recomendações científicas, diminuindo o índice de cri-
minalidade em face da sociedade.

Portanto, conforme ensina o Prof. Nestor Sampaio Penteado Filho, “A criminologia é um conjunto
de conhecimentos que estudam o fenômeno e as causas da criminalidade, a personalidade do de-
linquente, sua conduta delituosa e a maneira de ressocializá-lo”.

Para tanto, é necessário entender com maior profundidade os objetos da criminologia, já expostos
acima.

Crime: é toda atividade verificativa que analisa a conduta antissocial, suas causas geradoras e o
tratamento para não gerar a sua reincidência. Em outras palavras, é o estudo da incidência da crimi-
nalidade em uma população específica, momentos temporais da sociedade e formas de combate.

Autor/Delinquente: já o estudo do infrator é analisado a partir da perspectiva da personalidade,


histórico social, desagregação familiar e meios econômicos e sociais que o indivíduo se comporta na
sociedade.

Vítima: quanto a este objeto de estudo é de extrema relevância para a criminologia, pois a vítima
é a pessoa física ou jurídica que sofreu o dano ou a violência que o Estado foi ineficiente em evitar,
portanto, este estudo é direcionado às consequências sofridas pelo ato criminoso nos âmbitos polí-
tico, social, familiar, econômico e pessoal, tem como objetivo o auxílio da ciência na implementação
de programas de assistência e tratamento.

Controle social: é o conjunto de meios de intervenção Estatal a fim de induzir a sociedade em


atuar em conformidade às normas jurídicas a fim de manter a paz social. Desta forma, os índices de
criminalidade poderão ser amenizados com políticas públicas e privadas que afastam os delinquen-
tes a praticar o crime.

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Em relação aos métodos de estudo utilizados, o examinador do concurso acaba colocando termos
de outras áreas de estudo para confundir o aluno. Portanto, tome bastante cuidado na hora de ler a
questão e assinalar a alternativa correta, pois os métodos utilizados na criminologia, são: i) humana,
ii) empírica, iii) interdisciplinar ou multidisciplinar, iv) integrada, v) indutiva, v) ciência do “ser”, vi)
zetética e vii) analítica.

Tome Nota

Para que não haja mais confusão, fixe o conteúdo a partir do quadro abaixo:

CRIMINOLOGIA

i) Crime
OBJETO ii) Autor/Delinquente
iii) Vítima
iv) Controle Social

MÉTODO i) Humana
ii) Empírica – observação
iii) Interdisciplinar ou Multidisciplinar
iv) Integrada
v) Indutiva
vi) Ciência do “Ser”
vii) Zetética
viii) Analítica

i) Combate à Criminalidade
FINALIDADE ii) Fatores Criminais
iii) Política Criminal

HISTÓRIA DA CRIMINOLOGIA

Historicamente, não há uniformidade na doutrina quanto ao surgimento da criminologia pelos pa-


drões científicos. A maioria dos doutrinadores afirmam que o fundador da criminologia mordera foi
Cesare Lombroso, com a publicação do seu livro “O Homem Delinquente”, em 1876.

Importante

Alguns doutrinadores franceses informam que Paul Topinard é o fundador por ter incluído, pela
primeira vez, em seu livro científico o termo criminologia e, por fim, os italianos afirmam que o pre-
cursor da criminologia moderna é Rafael Garófalo.

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A seguir, estudaremos as principais Escolas Criminológicas com maior incidência nos concursos da
banca.

Escola Clássica

A Escola Clássica determina que a responsabilidade criminal é do delinquente, levando em conside-


ração a responsabilidade moral e sustenta pelo livre-arbítrio, inerente ao ser humano. Isso quer dizer
que o homem é um ser livre e racional, capaz de pensar, tomar decisões e agir em consequência
disso.

As ideias iluministas influenciaram os principais intelectos da Escola Clássica, quais sejam: Cesare
Beccaria, Francesco Carrara e Giovanni Carmignani.

Os princípios fundamentais da Escola Clássica são:

O crime é um ente jurídico: não é uma ação, mas sim uma infração - Carrara.

A punibilidade deve ser baseada no livre-arbítrio.

A pena deve ter nítido caráter de retribuição pela culpa moral do delinquente (maldade), de
modo a prevenir o delito com certeza, rapidez e severidade e a restaurar a ordem externa.

Método e raciocínio lógico-dedutivo.

A premissa específica desta Escola é derivada do utilitarismo que defende a ideia de que as ações
humanas devem ser julgadas e contribuam para restauração da ordem social.

Escola Positiva

Já a Escola Positiva é influenciada pelos iluministas e fisiocratas da Europa. Esta escola teve três
grandes fases, quais sejam: antropológica – Lombroso, sociológica – Ferri e jurídica – Garófalo.

Antropológica: os estudos de Cesare Lombroso assumiram a forma multidisciplinar, pois anali-


sam as estruturas físicas, como: estrutura torácica, estatura, peso, tipo de cabelo, comprimento das
mãos e pernas, etc.

Além disso, na visão antropológica não havia delito senão com a múltiplas causas – com variações
ambientais e sociais, através da utilização do método empírico-indutivo. Em razão disso, determinou
que: “o criminoso nasce criminoso” – determinismo biológico.

Sociológica: genro de Lombroso, Enrico Ferri afirma que a criminalidade deriva dos fenômenos
antropológicos, físicos e culturais. Entende que a responsabilidade moral deve ser substituída pela
responsabilidade social e que a razão de punir é defesa social, ou seja, a prevenção é mais eficaz que
a repressão.

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Jurídica: Rafael Garófalo determinou que o crime está no homem e que revela uma degenera-
ção, ou seja, a periculosidade é o propulsor do delinquente, portanto há a necessidade de interven-
ção penal – a medida de segurança.

Os princípios fundamentais da Escola Positiva são:

O direito penal é obra humana.

A responsabilidade social decorre do determinismo social.

O delito é um fenômeno natural e social – fatores biológicos, físicos e sociais.

A pena é um instrumento de defesa social (prevenção geral).

Método indutivo-experimental.

Os objetos de estudo da ciência penal são o crime, o criminoso, a pena e o processo.

Escola de Política Criminal

Esta corrente criminológica tem como fundadores os alemães Franz von Lizst, Adolhe Prins e Von
Hammel. Von Lizst ampliou o conceito das ciências penais com a explicação das causas do delito e
as causas e efeitos da pena.

Para esta Escola, a pena é um instrumento para garantir a ordem e segurança social e possui função
de prevenção geral visando a sociedade e prevenção negativa para intimidar os delinquentes com a
finalidade de inibir os cidadãos.

Os princípios fundamentais da Escola de Política Criminal são:

Distinção entre os imputáveis e inimputáveis – pena para os normais e medida de segurança para
os perigosos.

O crime como fenômeno humano-social e como fato jurídico.

Função finalística da pena – prevenção especial.

Método indutivo-experimental.

A eliminação ou substituição das penas privativas de liberdade de curta duração.

O crime é um mal de desestabiliza o comportamento social e o delinquente é a pessoa que precisa


aprender a se adaptar à ordem social a partir das regras impostas pelo Estado.

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Terza Scoula

Decorrente da junção das Escolas Clássica e Positiva, cujos expoentes são Manuel Carnevale, Ber-
nardino Alimena e João Impallomeni, a Terza Scoula ou Terceira Escola Italiana determina que a
pena é uma necessidade ética para que o sistema penal seja reequilibrado, mas a pena tem o caráter
indeterminado, devendo se adequar as especificidades do delinquente.

Os princípios fundamentais da Escola Terza Scoula são:

Distinção entre os imputáveis e inimputáveis.

A responsabilidade moral baseada no determinismo – quem não tiver a capacidade de se levar


pelos motivos deverá receber uma medida de segurança.

O crime como fenômeno social e individual.

A pena com caráter aflitivo, cuja finalidade é a defesa social.

O delito é o produto da conjugação de fatores internos e externos.

SOCIOLOGIA CRIMINAL – Teoria do consenso e conflito

A sociologia criminal busca explicar e justificar a maneira como fatores do meio ambiente social
que atuam sobre a conduta individual, de forma a conduzirem o homem à iniciativa delitiva, o crime
é um fenômeno social.

É o estudo das causas que levam o homem ao crime, não desconsiderando a própria forma de or-
ganização da sociedade.

Modelos sociológicos de consenso e de conflito

São teorias que tentam explicar as causas dos crimes na sociedade e qual a reação da sociedade que
recebe a prática do crime. O pensamento criminológico moderno é influenciado por duas visões: i)
funcionalista – teoria da integração ou do consenso e ii) argumentativo – teoria do conflito.

Exemplos das teorias do consenso e do conflito:

Teoria do Consenso: Escola de Chicago, Teoria de Associação Diferencial, Teoria da Anomia, Teoria
da Desorganização Social, Teoria da Subcultura Delinquente e Teoria da Neutralização.

Teoria do Conflito: Labelling Approach (Etiquetamento ou Rotulação) e Teoria Crítica ou Radical.

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Teoria do Consenso

Ligada a movimentos conservadores – movimentos de direita (busca a responsabilização pessoal


e racional do delinquente). O objetivo da sociedade ocorre com a existência de concordância com
as regras de convívio social. Os sistemas sociais dependem da voluntariedade de pessoas e institui-
ções, que dividem os mesmos valores.

Em outras palavras, digamos que a sociedade é como uma máquina e os membros são engrenagens;
para a teoria do consenso se todas as engrenagens estão funcionando corretamente a máquina está
em perfeita harmonia, todavia, na medida em que uma engrenagem sai fora do eixo, ou seja, um
membro do corpo social infringe uma lei, serão necessárias aplicações diretas para reinserir a engre-
nagem no eixo.

Escola de Chicago

Com a Revolução Industrial houve um grande êxodo rural, com forte expansão comercial americano
e consolidação da burguesia. Com este aumento populacional, não havia preparação nas cidades
para abrigar a população recém-chegada da zona rural, criando assim as elites e classe baixa.

Em função do crescimento desordenado na cidade de Chicago, nos Estados Unidos, aumentou a


periferia e, com ela, vieram os inúmeros problemas sociais, econômicos, culturais, criando um ambi-
ente favorável à instalação da criminalidade, sem o devido controle social.

Os meios diferentes de adaptação das pessoas às cidades acabam por propiciar a mesma conse-
quência: implicação moral e social em um processo de interação na cidade. Com os avanços do
progresso cultura aceleram a mobilidade social, fazendo aumentar a alteração, com as mudanças
de empregos, residências, bairros, incidindo em ascensão ou queda social.

Com isso, a Escola de Chicago demonstra que o crescimento desordenado das cidades faz desapa-
recer o controle social informal, ou seja, as pessoas vão se tornando anônimas, de modo que a fa-
mília, trabalho, clube e vizinhança não são capazes de impedir os atos antissociais, aumentando a
criminalidade na região.

Como essas organizações sociais informais não são instalados órgãos estatais, como delegacias, es-
colas, hospitais e creches, criam a sensação de autonomia e insegurança, potencializando o surgi-
mento de grupos armados e facções criminosas que se intitulam mantenedores da ordem.

Chegou-se à conclusão que o meio ambiente influenciava na conduta criminosa, o crescimento da


população representava o crescimento da criminalidade (a cidade é responsável pelo crescimento
da criminalidade).

A principal proposta é a ecologia criminal que visa o combate à criminalidade através da melhoria
estética e dos padrões, com planejamentos estratégicos de inserção do Estado na região:

Mudança efetiva nas condições econômicas e sociais das crianças.

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Fortalecimento dos mecanismos de controle social informal.

Estado atuante especialmente sobre a pobreza e desemprego, visando a desigualdade social.

Teoria de Associação Diferencial

Esta teoria afirma que o comportamento delinquente é aprendido e não herdado. Criada pelo so-
ciólogo Edwin Sutherland, a teoria da associação diferencial é um processo de apreensão de com-
portamentos divergentes que exige conhecimento e habilidade para acumular ações diferentes.

A época do desenvolvimento desta teoria, no final da década de 30, criou-se a expressão White
Collar Crimes, ou seja, crimes o colarinho branco para designar os autores de crimes específicos
com a finalidade de diferenciar dos demais criminosos comuns.

As classes sociais mais altas influenciam as mais baixas, inclusive em razão do monopólio dos meios
de comunicação em massa – através de modelos, comportamentos e estereótipos.

Desta forma, a prática criminal é aprendida através dos grupos empresariais, organizações crimino-
sas, portanto o processo de aprendizagem é decorrente da interação. Esta teoria determina que
ninguém nasce criminoso, mas a criminalidade é uma consequência de uma socialização incorreta.

A maior contribuição de Sutherland foi a conclusão que existe um equívoco em se afirmar que as
classes pobres é que cometem grande parcela dos crimes.

Teoria de Anomia

Esta teoria advém do sociólogo Émile Durkheim inseriu o termo anomia, que significa ausência de
normas. Em outras palavras, trata-se de uma situação de falta de objetivos sociais e ausência de
normas e de enfraquecimento da consciência coletiva, pois a população deixa de respeitar as normas
vigentes.

Entrando na visão criminológica, a teoria da anomia, criada por Robert Merton, é a compreensão do
crime a partir de estrutura social. O cometimento do crime é um fenômeno normal na sociedade e
quando a anomia está inclusa os índices de criminalidade são altas.

Merton afirma que para uma sociedade ser civilizada é necessário a criação de metas culturais (me-
tas que a sociedade elege como padrão social – qualidade de vida, casa própria, carro) e meios
institucionalizados (os meios legais – estudos, trabalho, investimentos) para alcançar estas metas.
Assim, a anomia é o insucesso de alcançar estas metas culturais pelos meios institucionalizados,
ignoram as leis vigentes (roubar para obter dinheiro para comprar a casa).

Crime: comportamento capaz de violar o consciente coletivo.

Pena: passa a ser o instrumento de defesa do consciente coletivo e preservação da sociedade.

O consciente coletivo é a estrutura social responsável por definir os meios e metas culturais domi-
nantes, bem como quais os meios institucionalizados considerados legítimos.

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Tome Nota

A sociedade é dividida em cinco camadas, quais sejam:

Modos de Adaptação (Camadas Metas Culturais (Status, poder, Meios Institucionalizados (es-
da sociedade) riqueza, qualidade de vida) cola, trabalho, investimento)

Conformidade (vivem harmonio- Aceita Aceita


samente em sociedade)

Inovação (criminosa) Aceita Não aceita

Ritualismo (vivem de rotina) Não aceita Aceita

Evasão/Retraimento (margem da Renúncia Renúncia


sociedade – moradores de rua)

Rebelião (criminosa – radicais, Não aceita Não aceita


anarquistas)

Desta forma, as vezes que o Estado falha com o cidadão é preciso resgatá-lo, pois quando isso não
é possível, há uma disfunção.

Teoria de Subcultura Delinquente

Por fim, esta teoria é a última teoria do consenso criada por Albert Cohen. Esta teoria surge como
uma tentativa de resposta aos problemas da minoria marginalizada – minoria étnica, política, racial
e cultural.

A teoria da subcultura delinquente é baseada em três ideias básicas: i) caráter pluralista da ordem
social, ii) cobertura da conduta divergente e iii) semelhanças estruturais do comportamento regular
e irregular.

Ex.: Gangues de jovens delinquentes que os membros aceitam os valores do grupo, como valor
social dominante, acima das normas do Estado.

Segundo Cohen, a subcultura delinquente é caracterizado por três fatores:

Não utilitarismo da ação: muitos delitos não possuem motivação racional.

Malícia da conduta: o prazer de prejudicar o outro.

Negativismo: oposição do padrão da sociedade.

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A existência dessa subcultura criminal mostra como forma de reação necessária das minorias menos
favorecidas antes as exigências sociais de sobrevivência.

Teoria do Conflito

Teoria ligada a movimentos revolucionários – movimentos de esquerda. A teoria do conflito deter-


mina que a harmonia social advém da força e coerção, com a correlação entre dominantes e domi-
nados. As sociedades pacificam através da imposição de normas, não há voluntariedade na aplicação
da paz social. Sendo assim, o conflito seria natural, de certa forma, desejado quando controlado,
para o progresso e mudanças necessárias da sociedade.

Labelling Approach (Etiquetamento)

A teoria do Labelling Approach ou Teoria do Etiquetamento surgiu nos Estados Unidos na década
de 60, por Erving Goffman e Howard Becker. A criminalidade não é uma qualidade da conduta
humana, mas a consequência do processo em que atribui essa característica.

Esta teoria descreve que o problema criminológico da ação para o plano da reação, fazendo com
que a característica comum de todos os delinquentes seja a resposta que lhe é dada após o come-
timento do crime.

A criminalidade é criada pela própria sociedade, mediante a imposição de etiquetas criminais a certos
indivíduos, por membros da justiça criminal (policiais, promotores, juízes e sistemas penitenciários).
Estes indivíduos fora do padrão social não são aceitos como membros do grupo, são consideradas
pessoas não confiáveis para viver com as regras acordadas no grupo.

A consequência desta política é reduzida a política dos quadros Ds.

Descriminalização

Diversão

Devido Processo Legal

Desinstitucionalização

A principal proposta é o desaforamento das penitenciárias que visa o combate à criminalidade


através da criação de institutos despenalizadores (Lei 9.099/96 – Lei dos Juizados Especiais).

Teoria Crítica ou Radical

Por fim, esta teoria é inspirada no marxismo, que entende que o capitalismo é a base da criminali-
dade, pois gera o valor do egoísmo levando o homem a delinquir. A realidade não é neutra, o pro-
cesso de estigmatização da população marginalizada que estende a classe trabalhadora, alvo pre-
ferencial do sistema punitivo, criando um clamor social da criminalização e prisão com a finalidade
de manter a ordem social.

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As principais características da corrente crítica:

A concepção conflitual da sociedade e do direito – direito penal se ocupa de proteger os interes-


ses do grupo social dominante.

Reclama compreensão e até apreço pelo criminoso.

Critica severamente a criminologia tradicional.

O capitalismo é a base da criminalidade.

Propõe reformas estruturais na sociedade para a redução das desigualdades e consequente-


mente da criminalidade.

Importante

A teoria crítica é sinônimo da criminologia crítica e criminologia radical. Algumas vezes as bancas
incluem nas questões criminologia crítica e criminologia radical, mas todas são sinônimas.

VITIMOLOGIA

Este é o tema mais cobrado na PC SP, portanto atenção nos estudos!

A Vitimologia é a ciência que se ocupa da vítima e da vitimização, cujo objeto é a existência de menos
vítimas na sociedade, quando esta tiver real interesse. Este é o ramo da criminologia que estuda a
personalidade das vítimas dos delitos e seu estatuto psicossocial, além dos efeitos psicológicos nelas
provocados pelo crime.

Classificação das Vítimas

Benjamin Mendelsohn é considerado o fundador da Vitimologia, pois a primeira classificação impor-


tante das vítimas é atribuída a ele. Ele classifica as diferentes vítimas de acordo com a situação em
que estão inseridas.

As vítimas são classificadas como:

Vítima completamente inocente (vítima ideal): é aquela que não tem nenhuma participação
no evento criminoso. É atingida pelo criminoso de forma aleatória.

Ex.: vítimas de terrorismo, vítima de bala perdida.

Vítima menos culpada que o criminoso (vítima por ignorância): é aquela que contribui de
alguma forma para o resultado danoso.

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Ex.: vítimas que frequenta locais perigosos, vítima que expõe objetos de valor.
Importante

Teoria da Periculosidade – perigosidade vitimal: é o estado psíquico e comportamental que a vítima


se coloca estimulando a vitimização. A vítima apresenta comportamento inadequado que de certo
modo facilita, instiga ou provoca a ação do criminoso.

Vítima tão culpada quanto o criminoso: é aquela cuja a participação ativa é imprescindível para
a caracterização de um crime. Há uma postura ativa por parte da vítima no sentido de viabilizar o
crime.

Ex.: vítimas de estelionato (a vítima é engada a entregar o bem ao criminoso).

Vítima mais culpada que o criminoso (vítima provocadora, simuladora ou imaginária): é a


vítima que incentiva diretamente a prática criminosa.

Ex.: vítimas nos crimes de homicídio e lesão corporal privilegiados (após a injusta provocação da
vítima).

Vítima como única culpada: hipóteses onde não há crime, por culpa exclusiva da vítima.

Ex.: sujeito embriagado que atravessa rodovia movimentada – vindo a falecer atropelado, pessoa
que toma medicamento sem atender o prescrito na bula, vítima de roleta-russa, suicídio.

Vitimização primária, secundária e terciária

Dentro do tema de Vitimologia, é a classificação em relação a vitimização, que identifica todas as


vezes que o indivíduo é vitimado dentro de uma cadeia criminosa, quais sejam: i) vitimização pri-
mária, ii) vitimização secundária ou sobrevitimização e iii) vitimização terciária.

Vitimização primária: é aquela em que a vítima sofre as consequências da ação criminosa dire-
tamente. Decorre de um delito que viola os direitos da vítima e pode causar danos de natureza
patrimonial, físico, psicológico.

Ex.: mulher estuprada por perigoso delinquente.

Vitimização secundária ou sobrevitimização: a vítima sofre as consequências do próprio pro-


cedimento oficial do Estado. Constrangimento da vítima pela autoridade policial ao comunicar a
ocorrência de um delito (vergonha, ataques).

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Ex.: vítima de estupro constrangida pelas investigações e durante o processo ao ter de relembrar
todo o episódio que a traumatizou.

Vitimização terciária: é causada pela omissão do Estado e da sociedade que não amparam a
vítima. Percebe-se diversos momentos os órgãos públicos incentivam a vítima a não denunciarem o
fato criminoso (cifra negra).

Ex.: delegacias incentivam a vítima a não registrarem o crime comunicado, com a justificativa de
impossibilidade de identificação do criminoso, enquanto que a família e amigos do corpo social da
vítima também a incentivam a não comunicar o crime para não haver constrangimento (precon-
ceito/tabu do crime).

Primária Danos decorrentes do crime

Vitimização Secundária Decorre do sistema criminal

Decorre da omissao do Estado


Terciária
e da sociedade

Tome Nota

Existe também a vitimização quaternária. Este tema ainda não foi objeto de concurso, mas impor-
tante observar.

Processo que o indivíduo se aterroriza em ser tornar vítima de crime, ou seja, medo e insegurança
psicológica.

Mais do que o mero temor individual, a vitimização quaternária se destaca por conta do medo ge-
neralizado na sociedade diante dos alardes – especialmente retratados pela mídia – da ocorrência
desenfreada de crimes.

A vitimização quaternária pode ocorrer de duas formas:

Pessoa que já foi vítima de crime ou é próxima de alguma vítima e, por conta do episódio trau-
mático passa a apresentar sentimento de insegurança, medo ou temor de se tornar vítima.

Ex.: indivíduo que passa a ter medo de caminhar na rua do bairro onde mora diante do medo de
ser vítima de roubo.

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Insegurança gerada em parte da sociedade diante de notícias da mídia – exageradas e sensaci-
onalistas – de que determinada região está cada vez mais perigosa, ou de que já cada vez mais
golpes pela internet.

Ex.: indivíduo que tem medo de realizar compras pela internet diante das inúmeras notícias de
que cada vez mais pessoas tornam-se vítimas de estelionato, de clonagem de cartões de créditos.

Vitimização indireta e Heterovitimização

A vitimização indireta é o sofrimento experimentado por pessoas do círculo íntimo, terceiros atin-
gidos indiretamente pelas consequências do crime.

Ex.: familiares e amigos da vítima que sofreu o crime de estupro.

Já a Heterovitimização é o estado psicológico onde a própria vítima começa a buscar motivos para
se auto culpar, tenta justificar a conduta do criminoso (procura se responsabilidade pelo crime so-
frido).

Ex.: a vítima se culpa por ter usado determinada roupa.

Distúrbios comportamentais da vítima

Em razão da existência da relação o crime sofrido e o trauma causado na vítima, algumas vítimas
poderão apresentar distúrbios comportamentais. Estudaremos os principais distúrbios a seguir.

Síndrome de Estocolmo: estado psicológico de autopreservação desenvolvido por algumas pes-


soas vitimadas em sequestros ou em qualquer outro crime limitador do direito de ir e vir capaz
de gerar um ambiente de extremo estresse, passando a criar até mesmo laços de afeto e apreço com
o criminoso.

Síndrome de Londres: estado psicológico autopreservação desenvolvido por algumas pessoas


vitimadas em sequestros ou em qualquer outro crime limitador do direito de ir e vir capaz de
gerar um ambiente de extremo estresse, em que a vítima passa a desenvolver um sentimento de
ódio, repulsa, extremo desconforto, com a presença do autor do delito, gerando certa agressividade.

Síndrome da Mulher Maltratada: estado psicológico de autopreservação desenvolvido pela ví-


tima mulher, decorrente do convívio com cônjuge abusador (psicológica, física e sexualmente), ou
seja, na esfera da violência doméstica. Nesta síndrome, a mulher absorve a violência até que chega
a seu limite e revida contra o agressor – lesionando ou até matando.

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Importante

Em caso de questionamento pela banca, sendo admitida a aplicação da Síndrome da Mulher Mal-
tratada em caso de homicídio ou lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a fundamentação
para a absolvição da mulher é a INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA (não há culpabilidade).

Síndrome do Abandono Aprendido ou Síndrome do Desamparo Aprendido: o estudo reali-


zado por Martin Seligam concluiu que o ‘desamparo aprendido’ é semelhante à depressão em seres
humanos, repetidas punições inevitáveis e sem a possibilidade de resistência causaria a depressão
nas vítimas, aplicado na violência doméstica e familiar. Parte da ciencia reconhece que a repetição
da violência faz com que a vítima não consiga reagir. Esta síndrome pode explicar o motivo pela qual
as vítimas de violência doméstica não procuram as autoridades ao sofrerem os abusos.

Síndrome de Lima: é o estado psicológico em que o criminoso, geralmente sequestradores,


desenvolvem sentimentos positivos, como admiração, simpatia, afeto, cumplicidade, em relação as
suas vítimas.

Importante

Na prática, é raro algum caso de crime que se manifesta a síndrome de Lima, mas é possível verificar
alguns sinais característicos, quais sejam: i) criminosos evitam machucar as vítimas, ii) gestos que
demonstram amabilidade em relação às vítimas, iii) preocupação com o bem-estar das vítimas e iv)
concessão por parte dos criminosos com a libertação de algumas vítimas ou outras regalias a elas.

Síndrome de Barbie: parte do pressuposto que a mulher é objetivada pela sociedade. Meninas
são influenciadas por meios dos brinquedos e brincadeiras a estarem sempre servindo alguém ou
cuidando de algo, em muitos não desenvolvendo a noção de que possui direitos e liberdades de
escolha. Esta síndrome gera um grande obstáculo na apuração de crimes sexuais e abusos, pois as
mulheres não pedem socorro às autoridades por sentir que não são verdadeiras vítimas, gerando,
mais uma vez, cifra negra.

Síndrome da Gaiola de Ouro: condição psicológica em que a vítima reclama do relacionamento


que possui com alguém, sabe da possibilidade de rompimento, mas decide pela manutenção do
estado atual. Trata-se de uma prisão em que a vítima é a carcereira de si mesma. Geralmente por
questões patrimoniais, comodidade, tabus sociais (benefício secundário).

Síndrome da Mulher de Potifar: trata-se da simulação de crimes sexuais (imputação falsa de


um crime contra a dignidade sexual), motivo ao fato de ter sido rejeitada pelo pretendente, com
intuito de se vitimizar, a mulher produz provas contra quem a rejeitou para prejudicar o terceiro. A

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finalidade desta síndrome é verificar a veracidade da palavra da vítima diante do contexto probatório
apresentado ao juiz.

Vitimodogmática

Recentemente, a expressão vitimodogmática, frequentemente mencionada na literatura estrangeira,


emergiu como resultado da necessidade de abandonar uma abordagem simplista em relação ao
crime, que polariza a situação em uma pessoa inteiramente inocente (a vítima) e outra completa-
mente culpada (o criminoso). No entanto, é reconhecido que, na dinâmica do crime, a vítima interage
com o agente e o ambiente, o que pode ocasionalmente implicar em sua contribuição para o evento
criminoso.

De acordo com Elena Larrauri, a vitimodogmática se refere à totalidade das perspectivas adotadas
por juristas penais que enfatizam todos os aspectos do direito penal nos quais a vítima é levada em
consideração.

Vitimodogmática é uma serie de postulados vitimológicos na qual se estuda o comportamento da


vítima em face do crime — mais especificamente, sua contribuição para que este ocorresse.

No momento presente, a vitimodogmática direciona seus esforços para examinar o papel da vítima
no cometimento de um crime e como isso influencia na determinação da pena do autor, abrangendo
desde uma completa isenção até uma mera redução.

CRIMINALIDADE DE MASSA, MODERNA E ORGANIZADA

A criminalidade de massa, moderna e organizada é um fenômeno complexo que desafia as forças


de segurança em todo o mundo, incluindo o estado de São Paulo, onde a Polícia Civil desempenha
um papel fundamental na investigação e combate a essas atividades criminosas. Esse tema é crucial
para entender as dinâmicas criminais contemporâneas e os desafios enfrentados pelas autoridades
na manutenção da ordem pública.

A criminalidade de massa se caracteriza por ser um fenômeno difuso que envolve um grande número
de indivíduos que participam de atividades criminosas em larga escala. Isso pode incluir crimes como
tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, contrabando, roubos em série, entre outros. Essas organiza-
ções criminosas modernas são altamente sofisticadas, adaptáveis e muitas vezes transnacionais, o
que as torna ainda mais desafiadoras de enfrentar.

No contexto da Polícia Civil de São Paulo, a luta contra a criminalidade de massa envolve várias
estratégias e abordagens. Primeiramente, é essencial investir em inteligência policial para entender
as operações dessas organizações criminosas, identificar líderes, suas redes de contatos e rotas de
tráfico. A cooperação entre diferentes órgãos de segurança e agências de aplicação da lei, tanto a
nível estadual quanto nacional, é fundamental para combater a natureza transnacional desses gru-
pos.

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Outro aspecto importante é a legislação e o sistema judicial. É necessário que as leis sejam atualiza-
das e adaptadas para enfrentar as novas formas de crime organizado, garantindo que os criminosos
sejam devidamente responsabilizados por suas ações. Além disso, é fundamental fortalecer a capa-
cidade investigativa e de coleta de provas da Polícia Civil para garantir que os casos contra esses
grupos criminosos sejam bem fundamentados.

A prevenção também desempenha um papel crucial na abordagem da criminalidade de massa. Isso


inclui programas de conscientização nas comunidades afetadas, medidas socioeducativas e oportu-
nidades de reabilitação para aqueles que desejam deixar o mundo do crime. A integração entre a
polícia e as agências de assistência social é fundamental para enfrentar as causas subjacentes da
criminalidade, como o desemprego e a falta de oportunidades.

Em resumo, a criminalidade de massa, moderna e organizada representa um desafio significativo


para a Polícia Civil de São Paulo e para as forças de segurança em todo o mundo. Enfrentar esse
fenômeno requer uma abordagem multidisciplinar que inclui inteligência policial, cooperação inte-
rinstitucional, reformas legislativas e esforços de prevenção. Somente por meio de uma resposta
coordenada e abrangente, as autoridades podem esperar reduzir a influência dessas organizações
criminosas e proteger a sociedade contra seus efeitos prejudiciais.

NOVA CRIMINOLOGIA

A "Nova Criminologia" é uma abordagem criminológica que emergiu nas décadas de 1960 e 1970
como uma reação às abordagens tradicionais da criminologia. Ela questionou as teorias criminoló-
gicas convencionais que focavam principalmente no indivíduo criminoso e em suas características,
como personalidade e comportamento desviante, em busca de explicações para o crime. Em vez
disso, a Nova Criminologia concentrou-se mais nas causas estruturais e sociais do crime.

A Nova Criminologia foi influenciada por várias correntes de pensamento, incluindo o marxismo, o
interacionismo simbólico e a teoria do conflito. Ela enfatizou a importância de entender como fatores
sociais, econômicos e políticos podem contribuir para a criminalidade, e como o sistema de justiça
criminal muitas vezes perpetua desigualdades e injustiças sociais.

Teorias e conceitos associados à nova criminologia

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Teoria do Conflito: A Nova Criminologia vê o conflito como um elemento fundamental
na compreensão da criminalidade. Ela argumenta que a criminali-
dade é uma manifestação do conflito de interesses entre grupos so-
ciais, particularmente entre os poderosos e os marginalizados.

Teoria do Labelling (Ro- Essa teoria enfoca como as pessoas são rotuladas como criminosas
tulagem): e como esse rótulo pode influenciar seu comportamento futuro. Ela
destaca que o sistema de justiça criminal não é neutro e que a rotu-
lagem pode criar ou intensificar a criminalidade.

Teoria da Anomia e Es- A Nova Criminologia examina como a desigualdade social e econô-
trutura Social: mica podem levar à anomia, um estado de normas sociais fracas ou
ausentes. Isso pode resultar em comportamento desviante e crimi-
nalidade, particularmente entre aqueles que são privados de opor-
tunidades.

Teoria da Crítica ao Fun- Ela critica as abordagens funcionalistas da criminologia, que veem a
cionalismo: criminalidade como uma parte normal da sociedade. A Nova Crimi-
nologia argumenta que a criminalidade não é funcional, mas sim
uma resposta à desigualdade e à opressão.

Teoria da Criminalização A Nova Criminologia distingue entre a criminalização primária, que


Primária e Secundária: envolve a definição de certos comportamentos como criminosos, e
a criminalização secundária, que envolve a aplicação seletiva da lei e
o tratamento desigual com base em características pessoais.

Teoria do Controle So- Ela considera como as instituições sociais, como escolas e famílias,
cial: exercem controle social sobre os indivíduos. A Nova Criminologia
explora como o controle social pode contribuir para a conformidade
ou desvio.

Teoria do Realismo de Esta teoria argumenta que a Nova Criminologia deve se concentrar
Esquerda (Left Realism): em questões práticas e na prevenção do crime. Ela busca uma abor-
dagem realista para enfrentar as causas da criminalidade, sem ro-
mantizar o crime.

Teoria do Materialismo Essa teoria aplica os princípios do materialismo histórico à crimino-


Histórico: logia, examinando como as relações de produção e a estrutura eco-
nômica influenciam a criminalidade e o sistema de justiça criminal.

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A seguir vamos abordar alguns dos principais conceitos e temas associados à Nova Criminologia.

Criminologia crítica: A Nova Criminologia é muitas vezes considerada uma forma de criminologia
crítica, pois questiona o sistema de justiça criminal e as estruturas sociais que influenciam o compor-
tamento criminoso.

Desvio primário e secundário: A Nova Criminologia distingue entre desvio primário (atos que podem
ser considerados desviantes, mas não levam a uma identidade criminal) e desvio secundário (atos
que resultam em uma identidade criminal e uma carreira criminal).

Rotulação e estigmatização: A teoria da rotulagem é fundamental para a Nova Criminologia. Ela


argumenta que a sociedade rotula certos comportamentos como desviantes e que essa rotulagem
pode levar à estigmatização e ao aumento da atividade criminal.

Conflito de classe e estratificação social: A Nova Criminologia examina como as desigualdades de


classe e a estratificação social podem estar ligadas ao crime. Ela sugere que o sistema de justiça
criminal pode servir aos interesses das classes dominantes.

Controle social: A Nova Criminologia analisa como as instituições sociais, como a família, a escola e
a igreja, exercem controle social e influenciam o comportamento dos indivíduos.

É importante notar que a Nova Criminologia não é uma única teoria ou abordagem unificada, mas
sim um conjunto de perspectivas críticas que compartilham uma preocupação com as causas sociais
do crime e a resposta do sistema de justiça criminal a ele. Essa abordagem influenciou o desenvol-
vimento de criminologias críticas posteriores, como a criminologia feminista e a criminologia cultural.

E o que isso quer dizer?

Dentro do campo da criminologia, nasceu a criminologia crítica que se concentra em abordagens


teóricas e análises críticas das questões relacionadas ao crime, à criminalidade, ao sistema de justiça
criminal e às estruturas sociais mais amplas, diferente da criminologia que conhecemos que tendem
a se concentrar em explicar o comportamento criminoso individual, olhando para fatores como per-
sonalidade, psicologia e biologia.

Com isso, a criminologia crítica argumenta que o crime e o comportamento desviante são produtos
das estruturas sociais e econômicas em que as pessoas vivem. Isso inclui questões de desigualdade,
pobreza, marginalização e conflito social. Com isso, muitas vezes aborda o conflito de classe como
um fator central na compreensão do crime. Ela sugere que as desigualdades econômicas e sociais
são fundamentais para a compreensão das causas do crime. Essa perspectiva examina como a soci-
edade rotula e estigmatiza certos grupos, categorizando-os como criminosos ou desviantes. A rotu-
lagem pode levar a uma profecia autorrealizável, na qual as pessoas rotuladas como criminosas têm
maior probabilidade de se envolver em atividades criminosas.

E como isso é feito? A criminologia crítica analisa as instituições de controle social, como o sistema
de justiça criminal e o sistema penitenciário, e questiona como essas instituições podem ser usadas
para exercer controle sobre grupos marginalizados. Essa perspectiva compartilha afinidades com a

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teoria do conflito, argumentando que as sociedades são caracterizadas por desigualdades de poder
e recursos, o que leva a conflitos e, por sua vez, ao crime.

A criminologia crítica muitas vezes critica políticas criminais que focam em punição e encarcera-
mento em detrimento de abordagens mais sociais e preventivas. Enquanto desafia as abordagens
convencionais que veem o crime como um problema individual ou como resultado de escolhas pes-
soais, enfatizando em vez disso o contexto social e econômico mais amplo, ela busca entender o
papel das estruturas de poder e desigualdade na criação e na resposta ao crime. Essa perspectiva
tem influenciado o desenvolvimento de políticas criminais mais progressistas e medidas de justiça
social.

Desse modo, é importante que a gente saiba os motivos pelos quais a criminologia crítica é conhe-
cida por seu ceticismo em relação ao sistema legal e de justiça criminal, vamos lá?

Perspectiva crítica da criminologia

A criminologia crítica não aceita simplesmente o código penal como um conjunto de leis objetivas.
Em vez disso, ela investiga como, por que e para quem esses códigos foram elaborados, destacando
que as leis criminais não são neutras, mas muitas vezes refletem interesses e poderes dominantes na
sociedade. Assim ela não se limita a estudar comportamentos que se enquadram estritamente nas
definições legais de crime. Ela também se interessa por comportamentos que implicam forte desa-
provação social, reconhecendo que nem tudo o que é prejudicial à sociedade é criminalizado.

Através disso, a criminologia crítica busca entender o desempenho prático do sistema penal e o
compara funcional e estruturalmente com outros instrumentos formais de controle social, como po-
líticas sociais, educação e sistemas de saúde mental, se preocupando em gerir o risco de comporta-
mentos antissociais, sejam eles criminosos ou não. Desse modo, ela não tem como objetivo principal
a reforma ou a transformação do indivíduo, mas sim a minimização dos danos e a separação dos
"criminosos" dos "cidadãos decentes".

Essa transição da criminologia neoclássica para a "nova criminologia administrativa ou atuarial" se


concentra em calcular riscos e prevenir o crime, em vez de se preocupar com questões de culpa,
motivação, dissuasão ou reabilitação. Resumidamente falando, a criminologia crítica adota uma
abordagem excludente, buscando isolar aqueles considerados "desviantes" para evitar perturbações
no funcionamento da sociedade.

Essa perspectiva crítica da criminologia destaca a complexidade do sistema de justiça criminal e


questiona seu papel na sociedade, bem como os interesses subjacentes que podem influenciar as
leis e as políticas criminais. Ela também enfatiza a importância de considerar medidas preventivas e
sociais para abordar questões de criminalidade e desvio, em vez de se concentrar exclusivamente na
punição.

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Visão histórica e crítica da evolução dos estudos feministas na criminologia

Os estudos feministas na criminologia começaram na década de 1970 com o objetivo de examinar


o papel e a experiência das mulheres no sistema de justiça criminal. Eles destacaram a invisibilidade
das mulheres nas pesquisas criminológicas e buscaram corrigir essa lacuna. Com o tempo, houve
uma crítica e uma separação dos estudos feministas em relação às abordagens positivistas na crimi-
nologia. Isso se deu devido à necessidade de superar as limitações do positivismo, como o determi-
nismo biológico e o sexíssimo, que não forneciam uma compreensão adequada da criminalidade
feminina.

Os estudos feministas na criminologia também começaram a incorporar perspectivas do pós-colo-


nialismo. Isso levou a uma crítica à universalização da criminologia feminista e à necessidade de
reconhecer a diversidade dentro das próprias mulheres, levando à discussão sobre interseccionali-
dade.

A categoria de estudos de gênero se desenvolveu na década de 1980 e revolucionou a análise femi-


nista na criminologia. Os estudos de gênero permitiram uma análise mais ampla dos processos de
criminalização relacionados às demandas femininas e questionaram as teorias criminológicas tradi-
cionais. A criminologia feminista criticou a visão universalizada de que as mulheres não são as prin-
cipais agentes criminosas ou que cometem crimes em número insignificante em comparação com
os homens. Essa crítica destaca a invisibilidade das mulheres no sistema de justiça criminal e a ne-
cessidade de uma análise mais aprofundada da delinquência feminina.

A criminologia feminista se expandiu quando as mulheres de diferentes marcadores sociais come-


çaram a perceber que suas experiências não eram totalmente representadas pela teoria feminista
inicial. Isso levou a uma consideração mais cuidadosa das diferenças sociais dentro da categoria de
mulheres, incluindo raça, etnia, classe social e outras características.

Em resumo, os estudos feministas na criminologia evoluíram ao longo do tempo, incorporando pers-


pectivas pós-coloniais, de gênero e interseccionais. Essa evolução tem contribuído para uma com-
preensão mais abrangente das experiências das mulheres no sistema de justiça criminal e uma crítica
mais profunda das estruturas sociais que afetam as mulheres de maneiras diversas e complexas.

Pontos chaves que precisamos saber sobre esse assunto:

Diferenciação da Criminalidade por Gênero: A criminologia feminista reconhece a importância de


diferenciar a criminalidade por gênero e destaca que a criminologia tradicional muitas vezes foca
predominantemente nos crimes cometidos por homens. Isso pode levar à associação automática de
mulheres com crimes menos violentos ou criminosos em potencial, em contraste com a figura mas-
culina considerada violenta.

Recorte Social e Questões de Raça/Etnia: A análise da criminologia feminista reconhece que as


mulheres no sistema penal brasileiro não formam um grupo homogêneo e que pertencem despro-
porcionalmente a grupos étnicos minoritários. Isso indica a importância de considerar o recorte so-
cial e os impactos de raça e etnia nas experiências das mulheres no sistema de justiça criminal.

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Colonialismo e Universalização: A criminologia feminista critica o caráter colonialista da análise
de gênero, que muitas vezes se baseia nas experiências de mulheres brancas como paradigma. Essa
universalização não representa adequadamente as experiências de mulheres de diferentes origens
étnicas, culturais e sociais.

Abordagens Criminológicas Diversas: A criminologia feminista abriu espaço para uma variedade
de abordagens criminológicas que vão além das questões de gênero isoladamente. Isso inclui teorias
feministas negras, teoria queer e teoria latino-americana, que incorporam perspectivas mais amplas
sobre raça, sexualidade e marginalização social em suas análises.

Inclusão de Marcadores Sociais: A análise de gênero na criminologia feminista não deve ser iso-
lada, mas sim considerar os marcadores sociais, como raça, classe social, orientação sexual e outros,
que interagem para moldar a experiência das mulheres no sistema de justiça criminal.

Novos Paradigmas Criminológicos: A criminologia feminista não apenas incluiu as mulheres na


discussão das teorias criminológicas, mas também trouxe à tona a necessidade de discutir questões
que vão além do gênero isoladamente. Ela reconhece a complexidade das identidades e das experi-
ências das pessoas e promove a inclusão de uma variedade de perspectivas e marcadores sociais no
campo da criminologia.

Isso significa que, a criminologia feminista se dedica a explorar como o gênero afeta todas as facetas
do crime, da criminalidade e do sistema de justiça criminal.

Teorias criminológicas feministas

Essas teorias buscam entender como as estruturas de poder de gênero influenciam a criminalidade,
a justiça criminal e as experiências das mulheres no sistema de justiça.

Algumas das principais teorias criminológicas feministas:

Teoria Feminista Esta abordagem enfatiza a igualdade de gênero e argumenta que as mulhe-
Liberal: res devem ter os mesmos direitos e oportunidades que os homens. Na crimi-
nologia, essa teoria questiona a discriminação de gênero no sistema de jus-
tiça criminal e busca garantir tratamento igual para mulheres e homens.

Teoria Feminista Esta teoria vai além da busca por igualdade e desafia a estrutura patriarcal da
Radical: sociedade. Ela argumenta que o patriarcado é a raiz da opressão de gênero
e da criminalidade. Na criminologia, essa abordagem explora como o patri-
arcado influencia as causas da criminalidade feminina e as respostas do sis-
tema de justiça criminal.

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Teoria Feminista Esta teoria combina elementos do feminismo com a análise marxista da es-
Marxista: trutura de classe. Ela examina como a opressão de gênero está ligada à ex-
ploração de classe e como esses fatores podem influenciar a criminalidade e
a justiça criminal.

Teoria da Inte- Essa teoria busca integrar a análise de gênero em todas as áreas da crimino-
gração de Gê- logia, reconhecendo que o gênero desempenha um papel importante em to-
nero: dos os aspectos da criminalidade, desde a vítima até o infrator e o sistema de
justiça criminal.

Teoria da Asso- Esta teoria se baseia na Teoria da Associação Diferencial de Edwin Sutherland,
ciação Diferen- mas a aplica especificamente às experiências das mulheres na criminalidade.
cial de Gênero: Ela examina como as mulheres podem ser socializadas de maneira diferente
dos homens em relação à criminalidade e como suas redes sociais influen-
ciam suas escolhas criminosas.

Teoria da Opor- Esta teoria explora como as oportunidades para cometer crimes podem ser
tunidade Dife- diferentes para mulheres e homens devido às expectativas de gênero e ao
rencial de Gê- acesso a oportunidades criminosas.
nero:

Teoria da Mas- Essa teoria investiga como as normas de masculinidade podem influenciar a
culinidade e criminalidade. Ela examina como os homens podem se envolver em compor-
Crime: tamentos criminosos para provar sua masculinidade ou cumprir expectativas
de gênero.

Teoria da Dupla Esta teoria considera como as mulheres de grupos minoritários enfrentam
Desvantagem: uma dupla desvantagem devido à sua raça/etnia e gênero. Ela explora como
essas mulheres podem enfrentar discriminação e desigualdade adicionais no
sistema de justiça criminal.

Criminologia QUEER

A Criminologia Queer é uma abordagem da criminologia que se concen-


tra nas questões de sexualidade, identidade de gênero e diversidade se-
xual no contexto do crime e da justiça criminal. Ela se baseia na teoria
queer, que é uma teoria crítica que questiona e desafia as normas de
gênero e sexualidade tradicionais.

O que precisamos saber?

Queer como Termo Descritivo: "Queer" é um termo que foi historicamente usado como um in-
sulto homofóbico, mas foi reapropriado por muitas pessoas LGBTQ+ como um termo de identidade
que desafia as categorias convencionais de gênero e sexualidade. Na Criminologia Queer, o termo é

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usado de forma descritiva e política para destacar as experiências e as identidades não conformes
com as normas de gênero e sexualidade.

Análise Crítica: A Criminologia Queer busca analisar criticamente como as leis, políticas e práticas
do sistema de justiça criminal afetam as pessoas LGBTQ+ e outras minorias sexuais. Ela também
investiga como as normas sociais em torno da sexualidade e da identidade de gênero podem influ-
enciar a criminalização e a punição.

Discriminação e Violência: Uma das áreas de foco da Criminologia Queer é o estudo da discrimi-
nação e da violência direcionadas às pessoas LGBTQ+. Isso inclui a análise de crimes de ódio moti-
vados pela orientação sexual ou identidade de gênero, bem como a violência policial e a discrimina-
ção institucional.

Questões de Encarceramento: A Criminologia Queer também examina as experiências das pes-


soas LGBTQ+ no sistema de justiça penal, incluindo o tratamento em prisões e centros de detenção.
Isso pode envolver questões de segurança, acesso a cuidados de saúde e respeito à identidade de
gênero.

Interseccionalidade: Assim como na Criminologia Feminista, a Criminologia Queer também adota


uma abordagem interseccional. Isso significa que ela reconhece que as experiências das pessoas
LGBTQ+ podem ser moldadas por outros marcadores sociais, como raça, classe social e idade, e que
essas identidades interagem de maneiras complexas.

Advocacia e Ativismo: Além de ser uma área acadêmica, a Criminologia Queer também tem uma
dimensão de advocacy e ativismo. Muitos pesquisadores e ativistas que trabalham nessa área estão
envolvidos em esforços para promover a igualdade e a justiça para pessoas LGBTQ+ no sistema de
justiça criminal.

Teorias e conceitos relacionados à criminologia QUEER

Teoria Queer: A teoria queer é fundamental na Criminologia Queer e argumenta que as identidades
de gênero e sexualidade não são binárias, fixas ou normativas. Ela desafia as noções tradicionais de
gênero e sexualidade e explora como as normas sociais contribuem para a criminalização de com-
portamentos e identidades não conformes.

Teoria da Performatividade de Gênero: Esta teoria, desenvolvida por Judith Butler, sugere que o
gênero é uma performance social e que as normas de gênero são construídas através de atos repe-
tidos. Na Criminologia Queer, essa teoria é usada para examinar como as expectativas de gênero
influenciam as experiências de pessoas LGBTQ+ no sistema de justiça criminal.

Teoria da Criminalização da Identidade Queer: Esta teoria explora como as identidades queer são
frequentemente criminalizadas ou estigmatizadas. Isso pode incluir a criminalização de atividades
sexuais consensuais entre adultos do mesmo sexo, leis de sodomia, leis de vestimenta e outras res-
trições baseadas na identidade de gênero ou sexualidade.

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Teoria da Polícia Queer: Essa teoria analisa como as forças policiais interagem com pessoas LGBTQ+
e como a polícia muitas vezes reproduz preconceitos e estereótipos em suas práticas. Também ex-
plora como as prisões podem ser espaços perigosos para pessoas LGBTQ+ devido à violência e
discriminação.

Teoria do Prisma Queer: Esta teoria sugere que as experiências de pessoas LGBTQ+ variam signifi-
cativamente com base em sua raça, classe, idade e outras identidades. Ela destaca a importância de
considerar as interseções de identidade ao examinar as experiências de criminalização e justiça para
pessoas queer.

Teoria da Lavagem Rosa (Pinkwashing): Essa teoria analisa como algumas instituições, governos
ou empresas usam a promoção de direitos LGBTQ+ como uma estratégia de relações públicas, en-
quanto ignoram ou perpetuam injustiças em relação a pessoas queer em outras áreas, como direitos
humanos ou justiça criminal.

Teoria da Justiça Restaurativa Queer: Esta teoria explora abordagens alternativas à justiça que
levam em consideração as necessidades e experiências de vítimas e infratores LGBTQ+, buscando
resoluções que não perpetuem a discriminação ou a estigmatização.

Essas teorias da Criminologia Queer ajudam a fornecer uma compreensão mais completa das expe-
riências de pessoas LGBTQ+ em relação ao sistema de justiça criminal e à criminalização de identi-
dades e comportamentos não heteronormativos. Elas destacam a importância de considerar as di-
mensões de gênero e sexualidade ao analisar questões criminológicas e de justiça social.

A Criminologia Queer desafia as normas e as estruturas de poder que perpetuam a discriminação e


a marginalização das pessoas LGBTQ+ no contexto do crime e da justiça criminal. Ela busca ampliar
a compreensão das experiências das minorias sexuais e contribuir para políticas mais inclusivas e
equitativas.

Criminologia racial

A Criminologia Racial é uma subdisciplina da criminologia que se concentra na análise das relações
entre raça, etnia e criminalidade. Ela examina como o sistema de justiça criminal pode estar envolvido
em práticas discriminatórias e como essas práticas afetam desproporcionalmente grupos raciais e
étnicos específicos.

O que precisamos saber?

Superpoliciamento de Comunidades Raciais Minoritárias: A Criminologia Racial explora como co-


munidades racialmente minoritárias podem ser alvo de superpoliciamento, onde a presença policial
é mais intensa e as paradas, prisões e abordagens são mais frequentes.

Efeito da Guerra às Drogas: Ela analisa como a "Guerra às Drogas" e as políticas de aplicação da
lei relacionadas podem ter contribuído para a criminalização de comunidades negras e latinas, re-
sultando em disparidades significativas nas taxas de prisão por crimes relacionados a drogas.

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Efeito do Sistema Penal na Comunidade: A Criminologia Racial também investiga como o envol-
vimento em prisões e sistemas penais pode afetar negativamente as comunidades minoritárias, in-
cluindo o impacto nas famílias, na educação e no emprego.

Justiça Restaurativa e Abolição: Ela considera abordagens alternativas à justiça que buscam abor-
dar as questões subjacentes à criminalidade e à desigualdade racial, em vez de se concentrar apenas
na punição.

Teorias da criminologia racial

Teoria do Processamento Diferencial: Esta teoria sugere que as disparidades raciais no sistema de
justiça criminal ocorrem devido ao tratamento diferencial de indivíduos de diferentes raças. Isso
pode incluir a seleção seletiva de julgamentos, prisões, abordagens policiais e sentenças mais severas
com base na raça.

Teoria do Conflito Racial: Essa teoria examina como o conflito racial e étnico pode contribuir para
o crime e a criminalização de grupos raciais minoritários. Ela explora como a discriminação e a opres-
são podem levar a tensões raciais que se manifestam em atividades criminosas.

Teoria da Subcultura Delinquente: Esta teoria sugere que as disparidades raciais no crime podem
ser atribuídas à existência de subculturas delinquentes em comunidades minoritárias. Ela argumenta
que as normas e os valores dentro dessas subculturas podem levar a taxas de criminalidade mais
elevadas em grupos raciais específicos.

Teoria do Controle Social: Essa teoria explora como as instituições sociais, como escolas e famílias,
exercem controle social sobre os indivíduos. Na Criminologia Racial, essa teoria pode ser aplicada
para entender como as comunidades minoritárias podem ter menos recursos e apoio social, o que
pode contribuir para o envolvimento em atividades criminosas.

Teoria do Rótulo (Labelling Theory): Esta teoria sugere que as pessoas são rotuladas como crimi-
nosas com base em características pessoais, incluindo raça e etnia. Ela explora como o estigma re-
sultante da rotulagem pode levar ao envolvimento contínuo em atividades criminosas.

Teoria da Discriminação Racial Sistêmica: Essa teoria enfatiza o papel do racismo sistêmico na
criminalização de grupos raciais minoritários. Ela argumenta que o sistema de justiça criminal, assim
como outras instituições, pode ser permeado por preconceitos e discriminação racial que resultam
em disparidades.

Teoria Crítica Racial: Esta abordagem examina as estruturas de poder e o papel do racismo institu-
cional em todas as instituições, incluindo o sistema de justiça criminal. Ela busca expor e desafiar as
estruturas que perpetuam as disparidades raciais.

Teoria do Privilégio Branco: Esta teoria destaca como o privilégio branco pode influenciar as per-
cepções, decisões e práticas em todas as áreas, incluindo o sistema de justiça criminal. Ela explora
como o privilégio branco pode contribuir para a impunidade de certos grupos e a criminalização de
outros.

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Criminologia feminista negra

É uma abordagem especializada dentro da criminologia fe-


minista que se concentra nas experiências das mulheres ne-
gras em relação ao crime, à criminalidade e ao sistema de
justiça criminal. Ela reconhece que as experiências das mu-
lheres negras são moldadas não apenas pelo seu gênero,
mas também pela sua raça e, muitas vezes, pela sua classe
social.

O que precisamos saber?

História e Contexto: A abordagem leva em consideração a história de discriminação racial e de


gênero que as mulheres negras enfrentaram nos Estados Unidos e em outros lugares. Ela contextu-
aliza as experiências das mulheres negras no sistema de justiça em um contexto histórico e socio-
cultural.

Discriminação e Violência: A Criminologia Feminista Negra investiga a discriminação racial e de


gênero enfrentada pelas mulheres negras em várias fases do sistema de justiça criminal. Isso inclui o
policiamento racializado, a violência policial, a criminalização e as disparidades nas sentenças.

Delinquência e Respostas: A abordagem também considera a delinquência entre as mulheres


negras e analisa como as respostas ao crime diferem com base na raça e no gênero. Isso inclui a
análise das políticas criminais que afetam desproporcionalmente as mulheres negras.

Advocacia e Ativismo: A Criminologia Feminista Negra muitas vezes está associada a movimen-
tos de advocacia e ativismo liderados por mulheres negras. Essas ativistas trabalham para promover
a igualdade, a justiça e a reforma no sistema de justiça criminal.

Teoria e Pesquisa: Os acadêmicos da Criminologia Feminista Negra realizam pesquisas e desen-


volvem teorias que contribuem para a compreensão das experiências das mulheres negras no con-
texto do crime e da justiça. Isso inclui o desenvolvimento de teorias específicas que levam em con-
sideração as interseções de raça e gênero.

Teorias da criminologia feminista negra

Interseccionalidade: A interseccionalidade é um conceito-chave na Criminologia Feminista Negra.


Ele enfatiza que as experiências das mulheres negras não podem ser compreendidas isoladamente,
mas devem ser analisadas considerando a interação de múltiplas identidades, incluindo raça, gênero
e classe social. Isso reconhece que as experiências das mulheres negras podem ser únicas devido à
interseção dessas identidades.

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Teoria da Maternidade como Resistência: Esta teoria examina como as mulheres negras, particu-
larmente mães, podem usar a maternidade como uma forma de resistência contra o sistema de
justiça criminal e a opressão sistêmica. Ela destaca como as mães negras podem lutar por justiça em
nome de seus filhos e comunidades.

Teoria da Etnicidade Criminalizada: Essa teoria explora como a criminalização de certos grupos
étnicos e raciais, incluindo pessoas negras, influencia suas interações com o sistema de justiça crimi-
nal. Ela destaca como as mulheres negras podem ser vistas como "criminosas" com base em este-
reótipos raciais.

Teoria da Racialização do Gênero: Esta teoria sugere que o sistema de justiça criminal pode racia-
lizar o gênero, estereotipando as mulheres negras de maneira única. Isso pode levar à criminalização
de comportamentos que são percebidos como desviantes com base nas normas de gênero e raça.

Teoria da Voz e Empoderamento: A Criminologia Feminista Negra enfatiza a importância de dar


voz às mulheres negras e permitir que elas compartilhem suas experiências e perspectivas. Ela tam-
bém promove o empoderamento das mulheres negras para se tornarem agentes de mudança em
suas comunidades e no sistema de justiça criminal.

Teoria da Discriminação Racial no Sistema de Justiça Criminal: Esta teoria analisa como a discri-
minação racial está presente em todas as etapas do sistema de justiça criminal, desde o policiamento
até a prisão. Ela destaca como as mulheres negras podem ser alvo de tratamento discriminatório
devido a preconceitos raciais.

Teoria da Resiliência e Sobrevivência: A Criminologia Feminista Negra reconhece a resiliência das


mulheres negras em face da adversidade. Ela explora como as mulheres negras têm sobrevivido a
sistemas opressivos e como suas estratégias de sobrevivência podem informar a compreensão da
criminalidade e da justiça.

Criminologia clínica

A Criminologia Clínica é uma abordagem interdisciplinar que se concentra na análise do comporta-


mento criminoso, na compreensão das causas subjacentes e no desenvolvimento de estratégias de
intervenção para indivíduos envolvidos no sistema de justiça criminal. Essa abordagem busca uma
compreensão mais profunda e holística do comportamento criminoso, além de considerar as neces-
sidades individuais dos infratores e as complexas interações que podem contribuir para a criminali-
dade.

O que precisamos saber?

Abordagem Interdisciplinar: A Criminologia Clínica incorpora conhecimentos e métodos de vá-


rias disciplinas, incluindo psicologia, psiquiatria, assistência social, direito, criminologia e outras
áreas. Isso permite uma análise mais completa do comportamento criminoso.

Compreensão das Causas: Os criminologistas clínicos procuram entender as causas subjacentes


do comportamento criminoso, examinando fatores como histórico pessoal, traumas, problemas de
saúde mental, vício, influências ambientais e sociais, entre outros.

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Avaliação Individual: A Criminologia Clínica envolve a avaliação individual de infratores, com
foco em suas características pessoais e necessidades. Isso pode incluir avaliações psicológicas, psi-
quiátricas e sociais para identificar fatores que podem contribuir para o comportamento criminoso.

Intervenção e Tratamento: Com base na avaliação, os criminologistas clínicos desenvolvem es-


tratégias de intervenção e tratamento personalizadas. Isso pode incluir terapias, programas de rea-
bilitação, aconselhamento e encaminhamento para serviços de saúde mental ou de abuso de subs-
tâncias.

Prevenção da Recidiva: Uma das metas principais da Criminologia Clínica é prevenir a reinci-
dência criminal. Isso envolve a implementação de estratégias que abordem as causas subjacentes do
comportamento criminoso e auxiliem os infratores na reintegração à sociedade.

Trabalho com Profissionais do Sistema de Justiça: Os criminologistas clínicos frequentemente


colaboram com profissionais do sistema de justiça, como juízes, advogados, agentes de condicional
e funcionários prisionais, para ajudar a informar as decisões legais e políticas relacionadas ao trata-
mento e à supervisão de infratores.

Ênfase na Resolução de Problemas: A Criminologia Clínica adota uma abordagem pragmática


para resolver os problemas associados ao comportamento criminoso. Ela busca estratégias eficazes
para lidar com os desafios enfrentados pelos infratores e pela sociedade como um todo.

Ética e Direitos humanos: A abordagem da Criminologia Clínica também enfatiza a importância


da ética e dos direitos humanos no tratamento de infratores. Isso inclui garantir que as intervenções
sejam justas, respeitosas e baseadas em evidências.

Agora, vamos diferenciar a Criminologia Clínica Moderna da antiga Antropologia Clínica e da Crimi-
nologia Clínica Tradicional.

A Criminologia Clínica Moderna é uma abordagem mais ampla e interdisciplinar que busca entender
e tratar o comportamento criminoso, considerando tanto os fatores individuais quanto os contextos
sociais e sistêmicos que contribuem para o crime. Ela se diferencia da Antropologia Clínica, que tem
um foco mais amplo na compreensão das culturas, e da Criminologia Clínica Tradicional, que se
concentra principalmente no tratamento individual de infratores. Então, vamos lá:

Antropologia Clínica:

Natureza disciplinar: A Antropologia Clínica é uma disciplina que se origina no campo da an-
tropologia cultural e social. Ela tem como foco principal o estudo das culturas e sociedades humanas,
com ênfase na compreensão das experiências culturais dos indivíduos.

Objetivo Principal: A Antropologia Clínica visa compreender as culturas e as práticas sociais em


um contexto mais amplo, buscando entender como as dinâmicas culturais afetam a vida e o com-
portamento das pessoas. Ela não se concentra especificamente no estudo do comportamento crimi-
noso.

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Criminalidade como Fenômeno Social: A Criminologia Clínica Crítica vê a criminalidade como
um fenômeno de gênese social. Ela argumenta que a sociedade desempenha um papel fundamental
na criação de condições que podem levar ao crime.

Revisão dos Conceitos de Crime e do "Homem Criminoso": Essa perspectiva defende a ne-
cessidade de revisar os conceitos tradicionais de crime e do "homem criminoso". Ela questiona as
normas sociais, os sistemas de justiça penal e os padrões éticos e humanos de relacionamento.

Envolvimento no Processo Judicial e Penal: A Criminologia Clínica Crítica promove um envol-


vimento mais ativo da sociedade no processo judicial e penal, buscando mudanças sociais que pos-
sam prevenir o crime, em vez de apenas tratar os indivíduos infratores.

Metodologia: A pesquisa na Antropologia Clínica envolve frequentemente a observação partici-


pante, a pesquisa etnográfica e a imersão em culturas específicas para compreender profundamente
as perspectivas e práticas culturais dos indivíduos.

Criminologia Clínica Tradicional:

Natureza Interdisciplinar: A Criminologia Clínica Tradicional é uma abordagem que se originou


da criminologia, mas tem uma natureza interdisciplinar. Ela incorpora elementos da psicologia, psi-
quiatria e assistência social para compreender e tratar infratores.

Objetivo Principal: A Criminologia Clínica Tradicional tem como objetivo principal o tratamento
e a reabilitação de infratores. Ela se concentra em avaliar e tratar problemas individuais, como dis-
túrbios de personalidade, vício em drogas, entre outros, como forma de reduzir a reincidência crimi-
nal.

Nexo-Causal Individual: A abordagem tradicional da Criminologia Clínica tende a buscar a causa


da criminalidade no indivíduo, enfocando fatores psicológicos e psiquiátricos como determinantes
do comportamento criminoso. Ela muitas vezes se concentra em avaliar a periculosidade do infrator
e fazer prognósticos com base nas características individuais.

Crime como Infração à Norma Penal: Essa perspectiva vê o crime principalmente como uma
infração à norma penal, muitas vezes desprovida de uma análise mais profunda do contexto social,
econômico e cultural em que o crime ocorre.

Metodologia: Os criminologistas clínicos tradicionais usam avaliações psicológicas, terapias in-


dividuais e em grupo, bem como programas de reabilitação para tratar infratores.

Criminologia Clínica Moderna:

Natureza Interdisciplinar: A Criminologia Clínica Moderna também é uma abordagem interdis-


ciplinar que incorpora elementos da psicologia, psiquiatria, assistência social e outras disciplinas,
mas tem uma ênfase maior na compreensão das causas do comportamento criminoso e na preven-
ção da reincidência.

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Objetivo Principal: A Criminologia Clínica Moderna tem um foco mais amplo, que inclui tanto o
tratamento individual quanto a compreensão das influências ambientais, sociais e psicológicas que
contribuem para o comportamento criminoso. Ela busca não apenas tratar os infratores, mas tam-
bém abordar as questões sistêmicas que podem contribuir para o crime.

Análise das Motivações e Conflitos Sociais: A Criminologia Clínica Moderna expande seu foco
além do indivíduo e busca entender as motivações da criminalidade em relação aos conflitos inter-
pessoais e aos processos sociais. Ela examina as aspirações, motivações e significados por trás do
comportamento criminoso em um contexto mais amplo.

Crime no Contexto Familiar e Ambiental: Essa abordagem considera o contexto familiar, am-
biental e histórico do indivíduo como fatores importantes na compreensão do crime. Ela explora
como esses fatores podem influenciar o comportamento criminoso.

Metodologia: Os criminologistas clínicos modernos podem utilizar avaliações psicológicas e te-


rapias, mas também se envolvem em pesquisas mais abrangentes para entender os fatores de risco,
as políticas criminais e as intervenções eficazes na prevenção da criminalidade.

Criminologia ambiental

É uma subdisciplina da criminologia que se concentra no estudo do crime ambiental, ou seja, ativi-
dades criminosas que causam danos ao meio ambiente. Ela investiga como as leis ambientais são
violadas, as causas subjacentes dessas violações e as consequências para o meio ambiente e a soci-
edade.

O que precisamos saber?

Definição de Crime Ambiental: A Criminologia Ambiental lida com uma ampla gama de ativi-
dades ilegais que prejudicam o meio ambiente, como poluição do ar e da água, desmatamento ilegal,
pesca predatória, tráfico de animais silvestres, descarte ilegal de resíduos tóxicos e muito mais. Ela
também abrange crimes relacionados à degradação do meio ambiente, como a destruição de habi-
tats naturais.

Causas e Motivações: A Criminologia Ambiental investiga as causas subjacentes das violações


ambientais, incluindo motivos econômicos, negligência, falta de regulamentação eficaz e falta de
conscientização ambiental. Ela também considera os benefícios financeiros de atividades criminosas
em detrimento do meio ambiente.

Impacto no Meio Ambiente: Uma parte crucial do estudo da Criminologia Ambiental é a avali-
ação do impacto das atividades criminosas no meio ambiente. Isso envolve a análise dos danos cau-
sados à biodiversidade, ecossistemas, qualidade do ar e da água, e a saúde das comunidades huma-
nas afetadas.

Legislação e Políticas ambientais: A Criminologia Ambiental analisa as leis, regulamentações e


políticas ambientais que estão em vigor e como elas são aplicadas. Ela também examina as deficiên-
cias na legislação e na aplicação da lei, que podem facilitar o crime ambiental.

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Aplicação da Lei e Justiça Ambiental: Os criminologistas ambientais exploram como as autori-
dades policiais, tribunais e agências reguladoras respondem aos crimes ambientais. Isso inclui a aná-
lise das penalidades impostas a infratores e questões relacionadas à justiça ambiental, que conside-
ram as desigualdades na distribuição dos impactos negativos das violações ambientais.

Prevenção e Controle: A Criminologia Ambiental também se preocupa com a prevenção do


crime ambiental. Ela examina estratégias de controle, como regulamentações mais rígidas, fiscaliza-
ção eficaz, conscientização pública e educação ambiental.

Interdisciplinaridade: Dada a complexidade das questões ambientais, a Criminologia Ambiental


muitas vezes adota uma abordagem interdisciplinar, colaborando com especialistas em ecologia,
ciências ambientais, direito ambiental e outras áreas.

Ativismo e Advocacia: Além da pesquisa acadêmica, muitos criminologistas ambientais estão


envolvidos em ativismo e advocacia para promover uma maior conscientização sobre questões am-
bientais e pressionar por políticas e práticas mais sustentáveis.

Lembre-se!

Uma das funções essenciais da Criminologia Ambiental é mapear os crimes e padrões criminais re-
lacionados ao meio ambiente. Essa análise detalhada é crucial para o desenvolvimento de estratégias
eficazes de prevenção e controle do crime ambiental.

E como isso é feito?

Mapeamento de Crimes Ambientais: A Criminologia Ambiental envolve a coleta de dados sobre


crimes ambientais, como poluição, desmatamento ilegal, pesca predatória, tráfico de animais silves-
tres e outros. Isso inclui a identificação de áreas geográficas onde esses crimes ocorrem com maior
frequência.

Identificação de Padrões: Através da análise dos dados coletados, os criminologistas ambientais


podem identificar padrões criminais, como horários, locais e métodos usados pelos infratores. Isso
ajuda a entender como o crime ambiental opera e quais são os fatores de risco associados.

Causas e Motivações: Além de mapear os crimes, a Criminologia Ambiental procura entender as


causas e motivações por trás desses atos criminosos. Isso pode envolver a análise das razões econô-
micas, sociais e psicológicas que levam as pessoas a cometerem crimes ambientais.

Estratégias de Prevenção: Com base nas análises de mapeamento e padrões criminais, os cri-
minologistas ambientais podem desenvolver estratégias de prevenção. Isso pode incluir a imple-
mentação de regulamentações mais rigorosas, o aumento da fiscalização, a conscientização pública
e a educação ambiental.

Monitoramento e Avaliação: A Criminologia Ambiental também inclui o monitoramento e a


avaliação contínuos das estratégias de prevenção. Isso permite ajustar as abordagens conforme ne-
cessário e avaliar sua eficácia na redução do crime ambiental.

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Colaboração com Autoridades e Organizações Ambientais: Os criminologistas ambientais fre-
quentemente colaboram com autoridades policiais, agências reguladoras, organizações ambientais
e outros atores relevantes para combater o crime ambiental de maneira eficaz.

Conscientização Pública: Além das estratégias de prevenção, a Criminologia Ambiental também


desempenha um papel importante na conscientização pública sobre questões ambientais e na pro-
moção da responsabilidade ambiental.

Apoio à Tomada de Decisão: Os dados e análises fornecidos pela Criminologia Ambiental po-
dem ser úteis para a formulação de políticas ambientais, bem como para apoiar decisões judiciais
relacionadas a crimes ambientais.

Teorias relacionadas à criminologia ambiental

Teoria das Atividades Rotineiras:

Aplicação na Criminologia Ambiental: Essa teoria pode ser aplicada para analisar a convergência de
fatores que levam ao crime ambiental. Por exemplo, o crime ambiental pode ocorrer quando há uma
convergência no espaço e no tempo de oportunidades para a poluição ou exploração ilegal de re-
cursos naturais, a ausência de segurança ou fiscalização ambiental eficaz e a presença de infratores
em potencial.

Teoria da Desorganização Social:

Aplicação na Criminologia Ambiental: A Teoria da Desorganização Social pode ser usada para com-
preender por que certas áreas estão mais suscetíveis ao crime ambiental do que outras. Ela explora
fatores como a coesão social, a presença de redes de apoio e a qualidade das instituições comuni-
tárias em uma determinada área. Esses fatores podem influenciar a capacidade da comunidade de
resistir ao crime ambiental ou reportá-lo às autoridades.

Teoria da Escolha Racional:

Ligação na Criminologia Ambiental: Ela sugere que os infratores avaliam os custos e benefícios de
suas ações antes de cometerem um crime. Isso pode ser aplicado para entender por que empresas
ou indivíduos podem optar por violar regulamentações ambientais, considerando os possíveis ga-
nhos financeiros em relação às penalidades.

Teoria do Conflito Social:

Aplicação na Criminologia Ambiental: Essa teoria pode ser aplicada para entender como os conflitos
em torno dos recursos naturais, terras e acesso a oportunidades econômicas podem contribuir para
o crime ambiental. Por exemplo, a competição por recursos escassos, como áreas de pesca, pode
levar à pesca predatória e ao tráfico de animais silvestres.

Teoria do Labelling (Rotulagem):

Aplicação na Criminologia Ambiental: A Teoria do Labelling se concentra nas etiquetas sociais e nos
processos de rotulagem que ocorrem quando um indivíduo ou grupo é identificado como criminoso.

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Na Criminologia Ambiental, essa teoria pode ser usada para examinar como as pessoas e empresas
envolvidas em atividades de crime ambiental são rotuladas e tratadas pela sociedade e pelo sistema
de justiça. Isso pode incluir questões de estigmatização ou impunidade para certos infratores ambi-
entais, dependendo de como eles são rotulados.

Criminologia cultural

A Criminologia Cultural é uma abordagem da criminologia que se concentra na análise das repre-
sentações culturais, narrativas, símbolos e discursos relacionados ao crime, à criminalidade e ao sis-
tema de justiça criminal. Ela explora como a cultura influencia e é influenciada pela maneira como a
sociedade percebe e responde ao crime e à delinquência.

Além disso, a criminologia cultural não se dedica à classificação pormenorizada dos grupos desvian-
tes, mas sim ao reconhecimento da influência da cultura na criação de comportamentos desviantes
e na resposta da sociedade a esses comportamentos. Ela se concentra em como as normas, valores,
representações simbólicas e narrativas culturais podem impor expectativas de conformidade ou des-
vio, e como a sociedade reage aos indivíduos que não se conformam a essas expectativas.

Ela enfatiza a importância da cultura na formação das percepções sobre o crime e no estabeleci-
mento de normas sociais em relação ao que é considerado desviante. E também explora como a
cultura popular, a mídia de massa e outras formas de expressão cultural podem influenciar as atitu-
des e crenças sobre o crime e a justiça criminal.

O que precisamos saber?

Narrativas e Representações: A Criminologia Cultural examina as narrativas culturais que mol-


dam nossa compreensão do crime e dos criminosos. Isso inclui análises de filmes, programas de
televisão, literatura, música e outras formas de expressão cultural que retratam o crime e a justiça
criminal.

Estigmatização e Esteriotipação: Ela investiga como a cultura muitas vezes estigmatiza e este-
reotipa certos grupos sociais, associando-os a comportamentos criminosos. Esses estereótipos po-
dem influenciar atitudes e políticas em relação a esses grupos.

Mediação da Realidade: A Criminologia Cultural reconhece que a mídia desempenha um papel


importante na mediação da realidade do crime para o público. Isso pode afetar a percepção pública
do crime e do sistema de justiça criminal.

Análise de Imagens e Símbolos: Ela analisa as imagens e os símbolos culturais associados ao


crime e à justiça, como o uso de algemas, uniformes policiais, insígnias e ícones criminais em filmes
e na mídia popular.

Construção Social do Crime: A Criminologia Cultural explora como o crime é uma construção
social, e não apenas um fenômeno objetivo. Ela questiona como a sociedade define o que é crime e
como essa definição é influenciada por fatores culturais.

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Cultura Popular: Ela investiga como a cultura popular, incluindo a cultura de massa e a cultura
de subgrupos, contribui para a formação das percepções e atitudes em relação ao crime. Isso inclui
a análise de subculturas criminais.

Poder e Controle: A Criminologia Cultural examina como o poder e o controle são representados
e exercidos na cultura em relação ao crime e à justiça criminal. Isso pode incluir a análise das repre-
sentações do sistema de justiça como heróis ou vilões.

Consciência Crítica: Uma das metas da Criminologia Cultural é desenvolver a consciência crítica
em relação à forma como a cultura molda nossas visões sobre o crime e a justiça. Isso envolve a
reflexão sobre como as narrativas culturais podem ser tendenciosas e influenciar a política criminal.

A Criminologia Cultural se baseia em várias teorias e conceitos que ajudam a entender como a cul-
tura influencia a percepção e a resposta ao crime e à criminalidade.

Vamos conhecê-las?

Teoria do Realismo do Crime Mídia (Media Crime Realism): Esta teoria sugere que a mídia de-
sempenha um papel fundamental na formação das percepções públicas sobre o crime. Ela argu-
menta que a mídia muitas vezes exagera a gravidade e a frequência dos crimes, criando um clima de
medo e alarmismo que afeta a política criminal e a opinião pública.

Teoria da Cultura de Culpa (Culture of Blame): Essa teoria argumenta que a cultura contemporâ-
nea tende a culpar os indivíduos por suas ações criminosas, ignorando os fatores sociais e econômi-
cos que podem contribuir para o crime. Ela explora como a cultura de culpa influencia as políticas
de justiça criminal e a percepção do criminoso como alguém moralmente falho.

Teoria da Representação Simbólica (Symbolic Representation Theory): Essa teoria examina


como os símbolos e as imagens são usados para representar o crime e a justiça na cultura popular.
Ela analisa como símbolos como algemas, uniformes de polícia e tribunal são usados para transmitir
mensagens culturais sobre o sistema de justiça.

Teoria do Crime Espetacular (Spectacular Crime Theory): Esta teoria explora como o crime muitas
vezes é retratado como um espetáculo na mídia e na cultura popular. Ela argumenta que crimes
espetaculares, especialmente aqueles que envolvem violência extrema, são frequentemente sensa-
cionalizados e explorados para entretenimento e lucro.

Teoria da Sensibilidade ao Estigma (Stigma Sensitivity Theory): Essa teoria examina como as
pessoas que têm ou tiveram experiência com o sistema de justiça criminal, como ex-presidiários, são
estigmatizadas e marginalizadas na sociedade. Ela explora como o estigma afeta suas vidas e opor-
tunidades futuras.

Teoria da Exclusão Simbólica (Symbolic Exclusion Theory): Essa teoria analisa como certos gru-
pos sociais são simbolicamente excluídos da cultura dominante, tornando-se invisíveis ou represen-
tados de maneira distorcida em relação ao crime e à criminalidade. Isso inclui minorias étnicas, gru-
pos LGBTQ+ e outros que podem ser estigmatizados na cultura.

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Teoria da Hiperrealidade (Hyperreality Theory): Esta teoria sugere que as representações do
crime na mídia e na cultura popular muitas vezes se tornam hiper-realistas, distorcendo a percepção
da realidade. Isso pode levar as pessoas a confundirem a ficção com a realidade e a reagirem de
acordo com essas percepções distorcidas.

Teoria da Comunicação do Risco (Risk Communication Theory): Esta teoria explora como as
mensagens sobre o crime e a segurança são comunicadas ao público. Ela analisa como a comunica-
ção do risco pode influenciar a percepção do perigo e as medidas de segurança adotadas pela soci-
edade.

Por fim, lembre-se que a Criminologia cultural é a também chamada Teoria da Subcultura Criminal
e, além disso, pode ser usada para educar o público sobre questões complexas relacionadas ao crime,
justiça criminal e desigualdade. Ela ajuda as pessoas a entenderem como as narrativas culturais po-
dem influenciar suas crenças e percepções.

MODELOS DE PREVENÇÃO E REAÇÃO AO FENÔMENO CRIMINAL

A prevenção criminal é o conjunto de ações que visam evitar a ocorrência de um crime. A finalidade
do sistema penal como um todo é a prevenção de um delito.

Para alcançar este objetivo, são utilizados diversos mecanismo de prevenção estatal.

Prevenção Primária

Investimentos nos direitos básicos que incidem sobre as caudas do problema (desigualdade social e
concretização dos direitos fundamentais) que o Estado garante aos cidadãos, como a garantia de
educação, saúde, trabalho, segurança e qualidade de vida, instrumentos preventivos de médio e
longo prazo.

Todo o aparelho estatal é protagonista nesta prevenção, exceto a Justiça Penal.

Prevenção Secundária

São prevenções que incidem sobre a iminência ou já está acontecendo, destinados aos setores mais
vulneráveis à criminalidade, como programas de apoios, controle de comunicações. Instrumentos
preventivos de curto a médio prazo.

Todo o aparelho estatal é protagonista nesta prevenção, agora, com ênfase em órgãos de segu-
rança pública (policiamento).

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Prevenção Terciária

A prevenção terciária possui como pressuposto o fracasso do Estado na tentativa de prevenção da


criminalidade. Portanto, o foco é para evitar a reincidência delitiva, através da aplicação de sanções
penais com a finalidade de inibir nova prática de crime.

O protagonista neste tipo de prevenção é o sistema penitenciário e a justiça de execuções penais,


com a ressocialização do preso.

Ataca as raízes da
Primária criminalidade - direitos e
garantias constitucionais

Setores da comunidade -
Prevenção Secundária policiamento e assistencia
social

Terciária Ressocializaçao do preso

FATORES SOCIAIS DE CRIMINALIDADE

Na criminologia existem alguns fatores sociais principais que podem influenciar a criminalidade. Es-
tudaremos os principais fatores sociais cobrados nos diversos concursos para carreiras policiais.

Fatores Sociais

Fator Econômico: A desigualdade social é um dos principais fatores que influenciam na crimina-
lidade. A má distribuição de renda, precária situação econômica e poder aquisitivo de parcela signi-
ficativa da população (construída pela elite política) são um dos fatores mais prejudiciais na socie-
dade para manter a ordem social e evitar a criminalidade.

Pobreza e miséria: a pobreza e a condição de miserabilidade podem gerar sentimento de ex-


clusão social e até revolta contra o sistema, levando à prática de crimes com intuito de uma tentativa
de compensação da justiça social.

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Desnutrição e fome: consequência da pobreza e a condição de miserabilidade, a fome e a des-
nutrição podem gerar danos psicossomáticos na formação do indivíduo. Convém lembrar que a ju-
risprudência admite que o furto famélico uma hipótese de estado de necessidade (art. 24 do Código
Penal), preenchidos os seguintes requisitos: i) fato praticado para saciar ou mitigar a fome, ii) ausên-
cia de opção para o agente matar a própria fome, iii) subtração de alimento capaz de diretamente
contornar a emergência e iv) impossibilidade de trabalho ou insuficiência de recursos obtidos pelo
trabalho.

Habitação: o problema de habitações precárias gera ambientes propícios para revolta, baixa
qualidade de vida e exposição à subcultura, como o aumento das favelas nas cidades (sem acesso a
água e esgoto, energia elétrica).

Educação: a precariedade do sistema regular de ensino e restrição de algumas crianças e ado-


lescentes ao acesso, em razão do distanciamento, falta de vagas, necessidade de cuidar dos irmãos
ou trabalho, dificultam o desenvolvimento do cidadão, espelhando-se na figura do criminoso.

Má vivência: a classe de indivíduos vistos como ‘parasitários’, pois não possuem aptidão ao
trabalho, em razão de ordem biológica ou social, geralmente são andarilhos, prostitutas, moradores
de rua.

Migração: a acomodação dos imigrantes nas áreas urbanas ou rurais dificultam na absorção da
mão-de-obra, o qual auxilia no aumento dos índices de desempregos. Além disso, com o enfrenta-
mento das dificuldades de adaptabilidade no país, cresce o fator social da má vivência, por falta de
estruturas estatais de recebimento desses indivíduos.

Preconceito: as discriminações sociais, raciais, educacionais podem contribuir para aumentar os


conflitos sociais, dificultando a manutenção da ordem pacífica social.

Política: os governos são as ferramentas de efetivação de políticas sociais que mantém a popu-
lação estabelecida e ordenada. Esta influência na vida dos cidadãos aumentam ou diminuem os di-
reitos gozados. Quer dizer que, o governo é comandado através de uma organização política eliti-
zada (com amplo acesso aos direitos básicos), possibilitando a facilitação de medidas públicas às
classes sociais do meio em que os políticos vivem, dificultando a criação de políticas sociais às classes
marginalizadas.

Crescimento populacional: o êxodo rural ainda é um dos grandes fatores sociais que influen-
ciam a criminalidade, pois há o crescimento desordenado das cidades e não há vagas nos mercados
de trabalho, havendo maiores índices de desempregos ou subempregos, aumentando assim, a po-
breza e a miséria.

Meios de comunicação: as mídias sociais e meios de comunicação contribuem para a exposição


dos problemas sociais, afastando ainda mais as classes marginalizadas, fomentando a repercussão
dos crimes e normalizando a violência.

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INSTÂNCIAS DE CONTROLE SOCIAL

No Estado Democrático de Direito, a maioria da sociedade dita os valores sociais predominantes a


manutenção da harmonia social. O controle social é o mecanismo de preservação desses valores
dominantes. Em outras palavras, toda convivência mínima em sociedade necessita de mecanismos e
de instrumentos que assegurem a harmonia de seus membros. Busca-se a prevalência dos padrões
de comportamento sociais dominantes.

O controle social é dividido entre controle social formal e controle social informal.

Controle Social Formal

Controle Social Formal: grupos, agências, órgãos, entes estatais que tem vínculo com o sistema
de justiça criminal.

Ex.: Ministério Público, Polícia Judiciária, Polícia Militar, entre outros.

Ainda no controle social formal, existem instâncias pelas quais os grupos que atuam neste controle:

I) 1ª Seleção: confecciona os boletins de ocorrência – inicia a investigação, cumpre mandados de


busca e apreensão, entre outros.

II) 2ª Seleção: promove a denúncia criminal, inquéritos civis, ações civis públicas, entre outras atri-
buições privativas do cargo.

III) 3ª Seleção: dá seguimento às ações penais – prolata a sentenças penais condenatórias, decreta
prisões cautelares e definitivas, entre outros.

Tome Nota

O mecanismo de controle social formal é subsidiário aos mecanismos de controle social informal,
pois aqui entra o princípio da intervenção mínima do Estado, no qual será utilizado quando o meca-
nismo de controle social informal for ineficiente para prevenção do crime.

Controle Social Informal

Controle Social Informal: grupos sem vínculo com o Estado, sistema de justiça penal.

Ex.: grupo de amigos, família, colegas de trabalho.

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1ª Seleção: Polícia Civil e
Federal

Controle Social Formal


2ª Seleção: Ministério Público
(vinculados ao Estado)

Sistema de Controle Social 3ª Seleção: Poder Judiciário

Controle Social Informal


Família, Igreja, Amigos,
(Desvinculados do
Trabalho, Escola
Estado - Criminal)

CRIMES DO COLARINHO BRANCO

Como estudamos anteriormente, Edwin Sutherland apresentou a expressão “White Collar Crimes”
(que no português: Crimes de Colarinho Branco) quando elaborou a Teoria da Associação Diferencial.

Surgimento do White Collar Crimes

Esta expressão surgiu pela diferenciação histórica na década de 30, onde os trabalhadores que usa-
vam colarinho branco eram trabalhadores de classe social mais privilegiada, enquanto que os traba-
lhadores de colarinho azul eram os operários, trabalhadores braçais.

Sutherland criou o termo White Collar crime para dar ênfase à posição social dos criminosos (que
seria o fator determinante do seu tratamento diferenciado), e trouxe para o campo científico o es-
tudo do comportamento de empresários, homens de negócios, e políticos, como autores de crimes
profissionais e econômicos, o que antes não ocorria.

Desta forma, este tipo de crimes é cometido por indivíduo graduado, ou seja, que possui um certo
nível educacional elevado em comparação com outros tipos penais.

Ex.: crimes contra a ordem tributária, crimes contra as relações de consumo, crimes contra o
mercado de ações, crimes contra a economia popular.

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Características dos crimes de colarinho branco

Percebe-se que os crimes de colarinho branco envolvem ativos patrimoniais (ações, dinheiro, infor-
mações privilegiadas). Os crimes de colarinho branco possuem características próprias e simultâ-
neas.

São elementos do crime de colarinho branco:

Existência de crime.

Cometido por pessoas respeitáveis.

Elevado status social do criminoso.

Fato relacionado com as ocupações profissionais.

Violação da confiança.

Danosidade social da conduta.

Cifra Dourada – Crimes de Colarinho Branco

Práticas criminosas impunes em razão da condição pessoal privilegiada do infrator – alto poder aqui-
sitivo.

Sutherland ainda afirma que “o curso financeiro do crime de colarinho branco é provavelmente su-
perior do que o custo financeiro de todos os crimes de comumente são considerados o problema
da criminalidade”. Desta forma, os crimes de colarinho branco violam a confiança social, diminuindo
a moralidade social e produzindo a desorganização em larga escala.

Tome Nota

Todo crime praticado por uma pessoa que seja economicamente favorecida não necessariamente
comete crime de colarinho branco. É necessário que o indivíduo faça o uso dessa condição privile-
giada para a realização da prática criminosa.

Ex.: Um grande empresário venha praticar um crime de sonegação fiscal – pratica um crime de
colarinho branco. Contudo, caso este grande empresário pratique um crime de lesão corporal – pra-
tica um crime comum, não há o que se falar em crime de colarinho branco, mas sim crimes de rua
(classes sociais economicamente desfavorecidas – estão vulneráveis a atuação do sistema penal, cifra
azul).

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