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Autores:
Paulo Bilynskyj, Beatriz V. P.
Pestilli
Aula 06
14 de Abril de 2020
Sumário
1 - Noções introdutórias .................................................................................................................................... 5
4 – Prisão .......................................................................................................................................................... 18
Desculturação ................................................................................................................................................................. 34
5 – Técnicas contemporâneas.......................................................................................................................... 37
Perfilamento Criminal..................................................................................................................................................... 41
Tabela de QI .................................................................................................................................................................... 48
9.2.1 – Mobbing.............................................................................................................................................................. 67
Resumo............................................................................................................................................................. 70
CRIMINOLOGIA CONTEMPORÂNEA
1 - NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
Guerreiros,
Como vimos no decorrer do nosso curso, a Criminologia amadureceu. Como ciência, passou a ter
autonomia, objetos próprios de investigação e também adquiriu, ao longo dos anos, uma metodologia
própria.
Com isso, o estudo do crime esbarrou-se na figura do criminoso que, durante certo tempo ganhou espaço,
teorias e experimentos a fim de justificar as razões pelas quais o homem era e é capaz de cometer crimes.
Nesse sentido, as escolas Criminológicas foram surgindo, teorias foram lançadas e, como bem se sabe, a
Criminologia não é uma ciência exata. Sendo assim, pode-se dizer que algumas teorias que subsidiam a
conduta criminosa ganharam força, outras não.
Com o passar dos anos, o estudo “crime-criminoso, criminoso-crime”, se expandiu, ao passo que a
Criminologia voltou seus olhos à uma terceira figura: a vítima. Na oportunidade, descobriu-se que a vítima
merecia ser estudada, seja porque o Estado devia preocupar-se com ela, seja porque a figura da vítima tem
o poder de influenciar na conduta criminosa ou porque é dever do Estado colaborar no reparo à vítima ou
garantir que isso seja feito. Pois bem, a vítima passou a ser parte do objeto de estudo da Criminologia e
ganhou importante espaço em nosso estudo.
De modo geral, pode-se dizer que como ciência, a Criminologia está em constante evolução. Desse modo,
teorias que outrora eram esclarecedoras podem, hoje, não fazer tanto sentido. Outras demandam de um
complemento, digamos, “mais moderno”.
Veremos ao longo deste capítulo que, ao nos referirmos à Criminologia Contemporânea, estaremos
amadurecendo, esticando e evoluindo todas as teorias, modelos, teses, metodologias e ideologias
estudadas até aqui.
Como o próprio nome sugere, “Contemporânea” quer dizer: Que ou quem é do tempo atual1.
Isso quer dizer que estudaremos, a partir desta aula, a Criminologia atual e como (de que forma, com quais
métodos), é possível empregá-la em nosso Estado Democrático de Direito.
Veremos que, predominantemente, um Estado Democrático de Direito tem como plano de fundo, uma
orientação prevencionista. Isso significa que, seu interesse é concentrando em evitar o delito, e não puni-
lo, como anteriormente demostravam inúmeras teorias. Veremos inclusive, na próxima aula, que em
reforço à esta ideia prevencionista, há programas dirigidos à prevenção primária, secundária e terciária.
Nesse sentido e, para garantir esta orientação prevencionista, medidas indiretas atuam sobre o delito. É
dizer que, em uma sociedade democrática, preliminarmente, o delito não é alcançado diretamente e sim,
as causas das quais ele é o efeito. Ou seja, as medidas a serem adotadas devem ter como alvo o indivíduo
e o meio em que ele vive.
Portanto, pode-se dizer que isto é Criminologia Contemporânea. É a adoção de todos estes fatores, que
somados, passam a ter uma medida de cunho prevencionista. A fim de garanti-la, passaremos agora ao
estudo do atual cenário democrático, do sistema carcerário, dos modelos de justiça disponíveis, a forma de
atuação da política criminal, os testes contemporâneos e demais instrumentos utilizados a fim de se
garantir este modelo prevencionista.
1
"contemporâneo", in Dicionario Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-
2013, https://dicionario.priberam.org/contempor%C3%A2neo [consultado em 07-11-2019].
Prevenir o crime envolve inúmeras questões, sobretudo, aquelas que demandam um acompanhamento
pormenorizado sobre a matéria criminológica de acordo com a realidade e atualidade de cada espaço
geográfico. Só assim, é possível chegar às soluções viáveis cujo impacto influencie nos índices
criminológicos atuais, de forma positiva é claro.
Por isso, é relevante saber que, atualmente, a Criminologia desenvolve-se sob um viés moderno. A ciência
empírica que outrora fora relevante ao estudo criminológico, se limitada aos ensinamentos daquela época,
não traz soluções para o hoje. É que os tempos mudaram. O criminoso que atuava de forma discreta ou
limitada não atua mais ou atua pouco. Hoje, a ousadia é a maior característica da criminalidade. Foi preciso
amadurecer.
Na Criminologia Contemporânea essa é a pauta de estudo. É possível notar que ela se volta, o tempo todo,
às questões modernas, amadurecendo técnicas e testes que auxiliam as pesquisas sobre o tema e
fornecem à política criminal informações mais madurais sobre o crime.
1. Justiça Restaurativa
2. Justiça Terapêutica
3. Justiça Instantânea
É dizer que o foco, no modelo de Justiça Restaurativa, está direcionado à reparação do dano, pautando-se,
portanto, na ideia de Direito Penal Mínimo. Aqui, vale um parêntese para lembrá-los de alguns conceitos
importantes.
É que, desde os primórdios, fala-se em Direito Penal Mínimo e Direito Penal Máximo.
Direito Penal Mínimo – Também é chamado de Minimalismo Penal, propõe como tese a
proposição de um Direito Penal de "mínima intervenção, com máximas garantias".
Direito Penal Máximo – ao contrário do Direito Penal Mínimo tem se a ideia de que o
Direito Penal é a solução para tudo e todos os problemas da sociedade. Ou seja, o
Direito Penal é o meio de controle social mais eficaz porque ele restringe a liberdade do
ser humano, por isso, ele DEVE SER APLICADO EM PRIMEIRO LUGAR.
Nesse contexto, foram várias as legislações que surgiram a partir de Teorias como estas. No Brasil, por
exemplo, podemos citar a Lei de Crimes Hediondos, Lei nº 8072 criada em 90 pelo legislador que
influenciado pela ideia de Direito Penal Máximo, Movimento Lei e Ordem e Teorias
das Janelas Quebradas, implantou um sistema de política criminal SEVERA, a fim de
tentar diminuir a criminalidade. Isso fez com que novos tipos penais fossem criados,
proporcionando um aumento de penas e endurecesse o regime de cumprimento
de pena em alguns casos. (Para ser mais preciso em nosso exemplo, podemos
demostrar a rigidez na forma de progressão dos crimes hediondos que não
acompanham o regime simples de progressão da LEP, art. 102, que prevê a possibilidade de progressão
com 1/6 de cumprimento da pena. Ao contrário do que se tem, a Lei de Crimes Hediondos endurece o
benefício da progressão, prevendo tal possibilidade a partir de 2/5 de cumprimento da pena para primários
e 3/5 para reincidentes).
Contudo, embora tenhamos exemplos práticos de influência da Teoria do Direito Penal Máximo em nosso
país, não se pode dizer que ela é predominante. Como já fora dito, num Estado Democrático de Direito, as
medidas são indiretas e a orientação é preventiva. Isso significa que, a regra, é a adoção de uma justiça que
restaura. Portanto, pauta-se em um Direito Penal Mínimo, priorizando:
Note que, neste modelo, a figura da vítima é novamente valorada. Aliás, as partes, devem, num modelo
restaurativo, participar de forma colaborativa visando à resolução do conflito, de forma mais amigável
possível, ensejando ainda, redução do dano no mínimo. A propósito, essa é a função do
mediador/facilitador, trazer, mediante a colaboração do poder público e da sociedade, instrumentos que
viabilizam o diálogo.
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem competência para a
conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as
regras de conexão e continência.
A pena é substituída pela conscientização, já que a decisão do juiz pode e deve ser mais flexível, uma vez
que a preocupação é o “pós-processo”, é o retorno das partes à sociedade. Você já deve estar se
perguntando, ou, pode ser que já tenha conseguido visualizar nosso exemplo de justiça restaurativa. É isso
mesmo, no Brasil, a título de exemplo, podemos citar a Lei 9099/98.
Sabemos que no âmbito penal, a Lei 9099/98 gravita em negociações e, a títulos de exemplos, podemos
citar:
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes da
aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da
composição dos danos civis.
Fora do JECRIM, também encontramos legislações pautadas em medidas restaurativas, como por
exemplo:
Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando
seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços.
Composição dos danos por parte do infrator, como forma de benefício – (Art. 27, Lei 9.605/98)
Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena
restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá
ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da
mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade.
É oportuno ressaltar que, acerca do tema Justiça Restaurativa, a ONU já elaborou recomendações aos
estados membros, para que a matéria seja implantada e desenvolvida em seus territórios. É o que
podemos encontrar nas Resolução abaixo:
Outro tema que merece destaque é a implementação da Justiça Restaurativa no âmbito policial. No Brasil,
a Polícia de São Paulo foi pioneira ao incluir em sua estrutura os NECRIM’s, conhecidos como NÚCLEOS
ESPECIAIS CRIMINAIS, responsáveis pela mediação de conflitos de Menor Potencial Ofensivo. Na prática,
as sessões são presididas por um delta. O objetivo é, dentro deste padrão restaurativo, resolver o litígio e,
em caso de êxito, o acordo é encaminhado ao Judiciário para homologação.
Vejam como este tema foi explorado em provas de concurso da Defensoria Pública:
Alunos rebeldes, que jogam bombas no recreio, usam drogas ou cometem violência contra o
professor são expulsos da escola. Depois, expulsos novamente de outra instituição, acabam
desistindo de estudar. Continuam cometendo delitos até que, por fim, são recolhidos à
Fundação Casa. A trajetória é muito conhecida por juízes da Vara da Infância, que sabem que
o resgate desses menores para a sociedade vai se tornando cada vez mais difícil. No entanto,
a aplicação da Justiça Restaurativa nas escolas do Estado de São Paulo tem rompido esse ciclo
de violência e recuperado adolescentes para o convívio social e escolar sem a necessidade de
aplicação de medidas de caráter meramente punitivo". (Portal CNJ em 06/01/2015).
A. somente I;
B. somente II;
C. somente I e III;
D. somente II e III;
E. I, II e III.
Gabarito: Letra C
Tecidas as considerações sobre a Justiça Restaurativa, estudaremos agora um outro modelo, também
presente na Criminologia Contemporânea, o chamado Modelo de Justiça Terapêutico.
Go!
No Brasil, o modelo de Justiça Terapêutica foi iniciado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul e
voltou-se ao atendimento, especificamente, do usuário de drogas infrator. Além disso, a doutrina aponta
que a Justiça Terapêutica tem origem no Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8069/90,
especificamente no art. 98, III, veja:
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos
nesta Lei forem ameaçados ou violados:
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
Nesse sentido, a justiça terapêutica é vista como um modelo de proteção, uma vez que a criança ou
adolescente em situação de risco, por sua própria conduta, deve ser protegida, sujeitando-se às medidas
protetivas do art. 101 do mesmo diploma legal. Veja:
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar,
dentre outras, as seguintes medidas:
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e
toxicômanos;
VII - acolhimento institucional;
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
IX - colocação em família substituta
§ 1 o O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis
como forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em família
substituta, não implicando privação de liberdade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 2 o Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual
e das providências a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da criança ou adolescente do convívio
familiar é de competência exclusiva da autoridade judiciária e importará na deflagração, a pedido do
Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se
garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício do contraditório e da ampla defesa. (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009) Vigência
§ 3 o Crianças e adolescentes somente poderão ser encaminhados às instituições que executam programas de
acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio de uma Guia de Acolhimento, expedida pela
autoridade judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre outros: (Incluído pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência
I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou de seu responsável, se conhecidos; (Incluído pela
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, com pontos de referência; (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009) Vigência
III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-los sob sua guarda; (Incluído pela Lei nº 12.010,
de 2009) Vigência
IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência
§ 4 o Imediatamente após o acolhimento da criança ou do adolescente, a entidade responsável pelo programa
de acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano individual de atendimento, visando à
reintegração familiar, ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada em contrário de autoridade
judiciária competente, caso em que também deverá contemplar sua colocação em família substituta,
observadas as regras e princípios desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 5 o O plano individual será elaborado sob a responsabilidade da equipe técnica do respectivo programa de
atendimento e levará em consideração a opinião da criança ou do adolescente e a oitiva dos pais ou do
responsável. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 6 o Constarão do plano individual, dentre outros: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
I - os resultados da avaliação interdisciplinar; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; e (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a criança ou com o adolescente acolhido e seus pais
ou responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por expressa e fundamentada
determinação judicial, as providências a serem tomadas para sua colocação em família substituta, sob direta
supervisão da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 7 o O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local mais próximo à residência dos pais ou do
responsável e, como parte do processo de reintegração familiar, sempre que identificada a necessidade, a
família de origem será incluída em programas oficiais de orientação, de apoio e de promoção social, sendo
facilitado e estimulado o contato com a criança ou com o adolescente acolhido. (Incluído pela Lei nº 12.010,
de 2009) Vigência
§ 8 o Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o responsável pelo programa de acolhimento familiar
ou institucional fará imediata comunicação à autoridade judiciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo
prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 9 o Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração da criança ou do adolescente à família de
origem, após seu encaminhamento a programas oficiais ou comunitários de orientação, apoio e promoção
social, será enviado relatório fundamentado ao Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada
das providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos técnicos da entidade ou responsáveis
pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar, para a destituição do poder
familiar, ou destituição de tutela ou guarda. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo de 15 (quinze) dias para o ingresso com a ação de
destituição do poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estudos complementares ou de
outras providências indispensáveis ao ajuizamento da demanda. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um cadastro contendo informações
atualizadas sobre as crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar e institucional sob sua
responsabilidade, com informações pormenorizadas sobre a situação jurídica de cada um, bem como as
providências tomadas para sua reintegração familiar ou colocação em família substituta, em qualquer das
modalidades previstas no art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e
os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Assistência Social, aos quais incumbe
deliberar sobre a implementação de políticas públicas que permitam reduzir o número de crianças e
adolescentes afastados do convívio familiar e abreviar o período de permanência em programa de
acolhimento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Ainda no âmbito da legislação penal, são exemplos de normas com aplicabilidade terapêutica a:
Lei nº 11.343/2006 – que prevê justiça terapêutica aos usuários de drogas (Art. 28); e ainda tipifica
a conduta como MPO – menor potencial ofensivo;
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal,
drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às
seguintes penas:
(...) III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
Outro destaque que merece ser lembrado é o fato de que a Lei de Drogas reafirma a ideia de Justiça
Restaurativa nas normas brasileiras, mas não só pelo exemplo acima. Ao contrário, a Lei nº 11.343/2006
excluiu a possibilidade de aplicação de PPL – Pena Privativa de Liberdade ao usuário de drogas, e vale
lembrar, que a redação anterior trazia tal previsibilidade no art. 16 da Lei nº 6.368/76.
Portanto, Guerreiro, diante de tudo que fora exposto neste tópico, é possível reforçar a ideia
inicial de nossa aula, isso porque, conforme se nota, a Justiça Terapêutica colabora
integralmente com o caráter prevencionista do nosso Estado Democrático de Direito, reafirmando assim,
uma Criminologia Contemporânea, frisando, portanto, em evitar o delito, e não puni-lo, como
anteriormente demostravam inúmeras teorias.
Outro modelo de justiça muito presente atualmente e que reforça a ideia prevencionista, é a Justiça
Instantânea.
Conforme explica Natacha Alves (2018, p. 277), a Justiça Instantânea incide em processos que versem
sobre o envolvimento de adolescentes em atos infracionais, o modelo encontra previsão no art. 88, v, da
Lei nº 8.069/90.
No Brasil, o primeiro estado a adotar o modelo de Justiça Instantânea também foi o Rio Grande do Sul.
4 – PRISÃO
Guerreiro,
Evidentemente que a Criminologia Contemporânea traz inúmeras saídas e seus estudos colaboram de
forma excepcional à política criminal.
Por outro lado, é possível chocar-se com os problemas modernos no Brasil, a exemplo, temos o sistema
penitenciário como grande representante dessa categoria de problemas contemporâneos e, por isso,
excelente tema a ser explorado em provas.
Veremos neste tópico, em especial, a prisão como pena hegemônica à alternativa de prisão, a
consequência das medidas privativas de liberdade e como refletem no Sistema Penitenciário brasileiro.
Lembrando que nosso objetivo é destacar o tema “Prisão” na contemporaneidade, pontuando as críticas e
considerações de importantes estudiosos como Baratta, Foucault, entre outros.
Vamos lá!
Ainda sobre prisão, outro tema que muito se discute atualmente é a prisão como pena hegemônica à
alternativas de prisão.
Estas são de irrefutável importância para redução do alto índice carcerário. Neste sentido, contribuem com
a ideia prevencionista, aproximando, oportunamente, o autor da vítima e o réu, evita os efeitos da
prisionalização e ainda reduz o que podemos chamar de estigma criminoso, fazendo, inclusive, com que a
reincidência, seja evitada.
Também temos as penas restritivas de direitos (Art. 43 a 48 do CP), no entanto, a doutrina destaca que são
penas que encontram resistência devido a cultura conservadora fazendo com que tais medidas fiquem em
segundo plano.
Consequência disto, como já fora dito, é o grande número de encarceramento de pessoas, trazendo,
sofrimento as pessoas encarceradas, efeito de estigma criminoso, pois, o preso passa a ter uma nova
cultura dentro dos presídios sendo que, ao sair dali, dificilmente estará preparado para uma ressocialização
e daí, passa a cometer novos crimes, tornando-se um verdadeiro reincidente.
Note que as penas restritivas de direito, permanecessem em segundo plano, quedando-se a pena de prisão
como hegemônica. Daí porque, parcela da doutrina garantista reage tecendo críticas no sentido de que, a
despeito de salutar a implementação de medidas que minimizem o sofrimento das pessoas encarceradas
– política de redução de danos -, não se deve admitir que as medidas substitutivas à prisão consistam em
um regime adicional ao sistema penalógico tradicional e importem na relegitimização do sistema
punitivo. (Natacha Alves, 2018. p.292)
Fernandes Vieira, por exemplo, complementa a necessidade da alteração legislativa como medida que se
impõe. Afinal, conforme destaca o doutrinador, a alteração tem como finalidade reduzir o índice de
encarceramento já que a finalidade da pena não é imprimir modelos restritivos de liberdades às hipóteses
que outrora figurava como liberdade, isso, para o autor, é ampliar o modelo punitivista do qual não
fazemos parte (como estrutura democrática de direito).
Guerreiros,
Que o sistema penitenciário brasileiro, nos dias de hoje, está falido, é notório.
Caracterizado pela superlotação nos presídios, pelas condições insalubres e desumanas dentro das celas,
entendemos ser contestável a inidoneidade das penas privativas de liberdade para cumprimento da função
ressocializadora.
Nossa afirmação pode ser subsidiada pelas constantes rebeliões nos presídios brasileiros, a exemplo,
citamos os casos das rebeliões tenebrosas que ocorreram nos mais variados presídios brasileiros em 2018
e em 2017 por problemas de superlotação e por ausência de preocupação do Poder Público com as
condições mínimas de cumprimento de pena.
É evidente que se almejou pura e simplesmente encarcerar o criminoso, mas se esqueceu de que ele é um
ser humano e possui vontades que podem resultar em atos animalescos e vingativos. O que se pugna é a
solução social dos problemas, muito se valendo da prevenção primária (que será vista em item próprio)
como a correta forma de desenvolver uma nação2.
2
GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva.
2018. p. 39.
Por esta e outras, que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos
Estados Americanos (OEA) condenou os atos de violência e instou o Estado a apurar os fatos. Ressalte-se
que o contexto sistemático de reiteração de atos de violência nas unidades prisionais do Estado brasileiro
já levara o órgão a pronunciar advertências em outras oportunidades, clamando pela adoção de medidas
urgentes para o enfrentamento da problemática, como redução da superpopulação carcerária e controle
efetivo para reprimir o ingresso de armas e objetos ilícitos nos presídios, prevenir a ação de “organizações
criminosas” nas unidades prisionais, investigar e punir atos de violência e corrupção. (Natacha Alves, 2018,
p. 280)
Guerreiros,
Como dissemos há pouco, o cenário brasileiro é caótico e, além das situações visíveis e
nítidas, o caos também pode ser evidenciado pelos dados quantitativos constantes do levantamento
Nacional de Informações Penitenciárias do Ministério da Justiça, o INFOPEN, que hoje possui dados e
relatórios de 2014 a 2016.
O tema em provas
a. Certo
b. Errado
Gabarito: Certo
Vale destacar que a questão foi elaborada tendo por base os dados divulgados no ano de 2014. Entretanto,
deve-se atentar que o enunciado se refere expressamente ao cômputo da população carcerária abarcando
o número de pessoas em regime de prisão domiciliar: o que, desde aquele ano, alçava o Brasil ao terceiro
lugar no Ranking mundial.
O INFOPEN em dezembro de 2014, registrava uma população penitenciária composta de 622.202 pessoas,
situando o Brasil em quarto lugar no ranking mundial de maior população carcerária, atrás apenas dos
Estados Unidos 2.217,00, China com 1.657.812 e Rússia com 644.237. Visualmente falando, temos o
seguinte cenário:
EUA
2.217,00
China
1.657.812
Rússia
644.237
BRASIL
622.202
Já em junho de 2017, o Ministério da Justiça divulgou os dados referentes ao ano de 2016, onde consta o
crescimento carcerário que de 622.202 pessoas passou a ser de 726.712 pessoas, fazendo com que o brasil
ultrapassasse a Rússia, alcançando a terceira posição. Com isso, temos:
EUA
2.217,00
China
1.657.812
BRASIL
726.712
Rússia
O tema em provas
(FCC/ DPE ES Defensor Público – 2016) Considerando a atual conjuntura de política criminal
brasileira, é correto afirmar que:
A eficiência do trabalho policial pode ser verificada pelo baixo índice de letalidade e o alto
índice de prisões efetuadas.
A proteção de direitos humanos tem sido o principal resultado da política criminal brasileira,
uma vez que o aumento da população prisional demonstra que os bens jurídicos estão sendo
cada vez mais protegidos por meio do direito penal.
Gabarito: B
No tocante à situação carcerária feminina, verificou-se, segundo dados divulgados pelo DEPEN, que o
número de mulheres presas passou de 5.601 em 2000, para 44.721 em 2016, registrando-se um aumento
de 698%, o que, segundo a quarta edição do World Female Imprisionment List divulgada em 2017, situa o
Brasil em quatro lugar no ranking mundial dos países de maior índice de aprisionamento de mulheres,
atrás dos Estados Unidos – cerca de 211. 870, China 107.131 e Rússia 48.4783.
O tema em provas
3
OLIVEIRA, Natacha Alves de Oliveira. Manual de Criminologia. Salvador: Editora JusPodivm,2018.
Pg. 281.
fenômeno criminal a partir das suas causas biopsíquicas e sociais e propugnava pelo combate à
criminalidade.
II) Em meados do século XX, surge a Criminologia Crítica, que, orientada pelo paradigma da
reação social (labelling approach), passou a estudar o fenômeno da criminalização primária e
secundária promovida pelo sistema penal, descobrindo a sua atuação seletiva e estigmatizante.
III) A política criminal prevista na legislação brasileira é preponderantemente penal, uma vez
que apresenta a pena como o principal instrumento de combate à criminalidade, à qual são
atribuídas as funções retributiva e preventiva.
IV) A prisão é a principal modalidade de pena utilizada pelo Direito Penal brasileiro, cuja função
declarada ou manifesta, a teor do art. 1º da Lei de Execução Penal, é a prevenção especial
positiva, embora as pesquisas científicas revelem que essa modalidade de sanção exerce as
funções invertidas, latentes ou reais de estigmatização e exclusão social.
V) As estatísticas criminais do Estado de Santa Catarina, relativas ao ano de 2004, revelam que,
diferentemente dos demais estados da federação, a população carcerária estadual não superou
o número de vagas existente.
Estão corretos:
a) Apenas II e V
Comentários
A- Errada. O enunciado I está correto, pois definiu de forma perfeita os marcos teóricos lá
tratados (Escola Clássica e Escola Positivista). A Escola Clássica preocupou-se com a limitação
legal ao poder punitivo, enquanto a Escola Positivista abordou o caráter etiológico do crime e
buscou investigar as suas causas. O enunciado V está incorreto, porque inexiste no país sistema
carcerário que esteja trabalhando com o limite legal de presos e sem que haja superpopulação
carcerária.
B - Errada. O enunciado II está correto, pois a Criminologia Crítica foi orientada pela
Criminologia Interacionista, sendo esta anterior àquela. A base de estudo da Criminologia
Crítica era o efeito estigmatizante do sistema penal e também dos controles sociais informais, o
que denotava o caráter seletivo do Direito Penal. As criminalizações primária e secundária
referem-se a esse tipo de escolha punitiva em relação aos crimes de colarinho-azul, ou seja, os
cometidos por pessoas de baixa renda. O enunciado IV está correto, uma vez que a Lei de
Execução Penal prega a ideia de ressocialização do criminoso, conferindo-se o caráter de
prevenção especial positiva para a pena, de forma que a preocupação do sistema é com a
reinserção social do agente.
C - Errada. O enunciado I está correto, como já se demonstrou acima. O enunciado III também
está correto, uma vez que a Política Criminal tem por finalidade, no Brasil, impor as duas
finalidades da pena, quais seja, retribuição e prevenção, como bem destaca o art. 59, caput,
parte final, CP. Essa não foi a alternativa correta porque além dos enunciados citados outros
também estão corretos.
D - Errada. O enunciado III está correto como já se explicitou acima. Pelas mesmas razões, já se
demonstrou acima que o enunciado V também está incorreto.
E - Certa. Essa é a alternativa correta, conforme já se explicitou acima que os enunciados estão
corretos, sendo que esta alternativa é a que possui o maior número de enunciados corretos.
Gabarito: Letra E
Merece destaque que, em comparação ao total registrando na década de 90, apurou-se um crescimento da
população carcerária da ordem de 707%.
Vale dizer que o quadro de superlotação dos nossos presídios apresenta natureza estrutural e endêmica, o
que resulta no mau funcionamento crônico do sistema penitenciário e espraiando-se por todos os estados
da federação.
Nesse contexto, é importante ressaltar que a Corte Europeia, assentou entendimento de Direitos Humanos
de que casos graves de superlotação, por si só, implicam em, outros aspectos da condição detentiva hão de
ser levados em consideração a fim de se verificar a dignidade da execução penal, como associarem-se à
exiguidade de espaço, a falta de ventilação, o acesso limitado ao passeio, a audiência de intimidade na cela
etc. (Rodrigo Roig, 2017, p. 575)
Nesse sentido e, diante das falhas estruturais do sistema carcerário, vale lembrar da recente decisão do STF
sobre o Sistema Carcerário Brasileiro e o Estado de Coisas Inconstitucional:
Entenda o caso5:
4
OLIVEIRA, Natacha Alves de Oliveira. Manual de Criminologia. Salvador: Editora JusPodivm,2018.
Pg. 281.
5
Fonte: https://www.dizerodireito.com.br/2015/09/entenda-decisao-do-stf-sobre-o-sistema.html
Obs.: conceito baseado nas lições de Carlos Alexandre de Azevedo Campos (O Estado de Coisas
Inconstitucional e o litígio estrutural. Disponível em: http://www.conjur.com.br/2015-set-
01/carlos-campos-estado-coisas-inconstitucional-litigio-estrutural), artigo cuja leitura se
recomenda.
Origem
A ideia de que pode existir um Estado de Coisas Inconstitucional e que a Suprema Corte do país
pode atuar para corrigir essa situação surgiu na Corte Constitucional da Colômbia, em 1997,
com a chamada "Sentencia de Unificación (SU)". Foi aí que primeiro se utilizou essa expressão.
Depois disso, a técnica já teria sido empregada em mais nove oportunidades naquela Corte.
Existe também notícia de utilização da expressão pela Corte Constitucional do Peru.
Pressupostos:
Segundo aponta Carlos Alexandre de Azevedo Campos, citado na petição da ADPF 347, para
reconhecer o Estado de Coisas inconstitucional, exige-se que estejam presentes as seguintes
condições:
a) Vulneração massiva e generalizada de direitos fundamentais de um número significativo de
pessoas;
b) Prolongada omissão das autoridades no cumprimento de suas obrigações para garantia e
promoção dos direitos;
c) A superação das violações de direitos pressupõe a adoção de medidas complexas por uma
pluralidade de órgãos, envolvendo mudanças estruturais, que podem depender da alocação de
recursos públicos, correção das políticas públicas existentes ou formulação de novas políticas,
dentre outras medidas; e
A Corte adota, portanto, uma postura de ativismo judicial estrutural diante da omissão dos
Poderes Executivo e Legislativo, que não tomam medidas concretas para resolver o problema,
normalmente por falta de vontade política.
Situações excepcionais
Na petição inicial, que foi subscrita pelo grande constitucionalista Daniel Sarmento, defende-se
que o sistema penitenciário brasileiro vive um "Estado de Coisas Inconstitucional".
São apontados os pressupostos que caracterizam esse ECI:
a) Violação generalizada e sistêmica de direitos fundamentais;
b) Inércia ou incapacidade reiterada e persistente das autoridades públicas em modificar a
conjuntura;
c) Situação que exige a atuação não apenas de um órgão, mas sim de uma pluralidade de
autoridades para resolver o problema.
A ação foi proposta contra a União e todos os Estados-membros.
a) Quando forem decretar ou manter prisões provisórias, fundamentem essa decisão dizendo
expressamente o motivo pelo qual estão aplicando a prisão e não uma das medidas
cautelares alternativas previstas no art. 319 do CPP;
c) Quando forem impor cautelares penais, aplicar pena ou decidir algo na execução penal,
levem em consideração, de forma expressa e fundamentada, o quadro dramático do sistema
penitenciário brasileiro;
d) Estabeleçam, quando possível, penas alternativas à prisão;
e) Abrandar os requisitos temporais necessários para que o preso goze de benefícios e direitos,
como a progressão de regime, o livramento condicional e a suspensão condicional da pena,
quando ficar demonstrado que as condições de cumprimento da pena estão, na prática, mais
severas do que as previstas na lei em virtude do quadro do sistema carcerário; e
f) Abatam o tempo de prisão, se constatado que as condições de efetivo cumprimento são, na
prática, mais severas do que as previstas na lei. Isso seria uma forma de "compensar" o fato de
o Poder Público estar cometendo um ilícito estatal.
O STF ainda não julgou definitivamente o mérito da ADPF, mas já apreciou o pedido de liminar.
O que a Corte decidiu?
O STF decidiu conceder, parcialmente, a medida liminar e deferiu apenas os pedidos "b"
(audiência de custódia) e "h" (liberação das verbas do FUNPEN).
Vale ressaltar que a responsabilidade por essa situação deve ser atribuída aos três Poderes
(Legislativo, Executivo e Judiciário), tanto da União como dos Estados-Membros e do Distrito
Federal.
No entanto, o Plenário entendeu que o STF não pode substituir o papel do Legislativo e do
Executivo na consecução de suas tarefas próprias. Em outras palavras, o Judiciário deverá
superar bloqueios políticos e institucionais sem afastar, porém, esses poderes dos processos de
formulação e implementação das soluções necessárias. Nesse sentido, não lhe incumbe definir
o conteúdo próprio dessas políticas, os detalhes dos meios a serem empregados. Com base
nessas considerações, foram indeferidos os pedidos "e" e "f".
Quanto aos pedidos “a”, “c” e “d”, o STF entendeu que seria desnecessário ordenar aos juízes e
Tribunais que fizessem isso porque já são deveres impostos a todos os magistrados pela CF/88
e pelas leis. Logo, não havia sentido em o STF declará-los obrigatórios, o que seria apenas um
reforço.
STF. Plenário. ADPF 347 MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/9/2015 (Info 798).
Note que, a permanência e tolerância da atual conjuntura carcerária, além da flagrante violação ao sistema
internacional de proteção de direitos humanos implica em tornar letra morta as regras constitucionais nas
quais se contêm o imperativo categórico de que, “ninguém será submetido a tratamento cruel, degradante
ou desumano” na forma do art. 5º, inciso III da CR, in verbis:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
(...)
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
Seja como for, análises críticas são tecidas ao modelo carcerário das sociedades capitalistas
contemporâneas, é o que veremos a partir de agora.
Em uma análise crítica ao cenário moderno prisional, Alessandro Baratta teceu inúmeras críticas (2014, p.
184-186) ressaltando o processo negativo da ressocialização a que é submetido o preso. A crítica é tecida
a partir de dupla perspectiva, a saber:
Educação para
Desculturação ser criminoso
e e
Aculturação Educação para
ser um bom
preso
Desculturação
Aculturação ou Prisionalização
Neste caso, uma minoria de criminosos, com forte orientação antissocial, domina a hierarquia e
organização informal da comunidade e, pelo poder e prestígio de que goza, serve de modelo para os
demais. (Natacha Alves, 2018, p. 282)
Outro grande teórico que fomentou as ideias abolicionistas, apesar de não poder ser
considerado um deles, foi Michel Foucault, ao discorrer no seu famoso livro Vigiar e punir acerca do
sistema carcerário e das estruturas de poder. Ao analisar a forma com que se aplicavam as sanções
criminais, Foucault ofereceu vasto material crítico para que outros pensadores pudessem desenvolver uma
política alternativa a essa espécie de restrição da liberdade, uma vez que os presídios eram vistos apenas
como estruturas voltadas para encarcerar e sem nenhum viés ressocializador. A forma precisa e cruel com
que Foucault expôs as entranhas do sistema carcerário fez com que houvesse uma revisitação das ideias
punitivas e novas concepções foram pensadas, dando ensejo até mesmo para ideias mais liberais, que
podem ser chamadas de abolicionistas6.
6
GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva.
2018. p. 39.
Nessa senda, Foucault afirma que a prisão fracassa na tarefa de reduzir a prática de crimes e,
contrariamente, apresenta-se como meio hábil à produção da delinquência, que seria uma
forma política ou economicamente menos perigosa de ilegalidade. Assim, produz-se o
delinquente como sujeito patologizado, aparentemente marginalizado, mas centralmente
controlado. Desta feita, a prisão objetiva a delinquência por trás da infração, consolidando a
delinquência no movimento das ilegalidades.
O tema em provas
(FCC / DPE SP Defensor Público – 2015) “ O atestado de que a prisão fracassa em reduzir os
crimes deve talvez ser substituído pela hipótese de que a prisão conseguiu muito bem
produzir a delinquência, tipo especificado, forma política ou economicamente menos
perigosa − talvez até utilizável − de ilegalidade; produzir delinquentes, meio aparentemente
marginalizado mas centralmente controlado; produzir o delinquente como sujeito
patologizado.
O trecho acima, extraído de “Vigiar e punir”, sintetiza uma importante conclusão de Michel
Foucault decorrente de suas análises sobre a prisão como uma instituição disciplinar
moderna. Para o autor, a prisão permite
Gabarito: A
Guerreiros, finalizada a nossa análise sobre os modelos de justiça contemporânea e os reflexos dos
superencarceramento prisional, a situação dos presídios no Brasil, agora passaremos ao estudo das
técnicas contemporâneas, os testes criminológicos bem como os modelos de Criminologia contemporâneo.
Start!
5 – TÉCNICAS CONTEMPORÂNEAS
Guerreiros, a Criminologia moderna insere em seu contexto técnicas e testes criminológicos. De forma
resumida, temos o seguinte quadro:
Método
Investigação empírico-
indutivo
Investigação
Técnicas
extensiva
Investigação Investigação
Sociológica Intensiva
Investigação-
Ação
7
OLIVEIRA, Natacha Alves de Oliveira. Manual de Criminologia. Salvador: Editora JusPodivm, 2018.
Pg. 207.
Nesse sentido, alguns objetos de investigação levam à utilização de métodos e técnicas de caráter mais
quantitativo e empírico, enquanto outros permitem uma análise mais intensiva.9
8
PENTEADO, FILHO Nestor Sampaio. Manual esquemático de criminologia. São Paulo: Saraiva,
2012. P. 35
9
FONTES, Eduardo & HOFFAMANN Henrique. Criminologia. 1ª. Edição. 2ª. tir.:ago/2018. Salvador:
Editora JusPodivm, 2018. p. 255.
Ou ainda, como conceituado por Eduardo Fontes e Henrique Hoffmann (p. 256, 2018) in verbis:
Distingue-se pela análise em profundidade das características e opiniões de uma população determinada, sob
diferentes ângulos e pontos de vista. Privilegia-se a abordagem direta das pessoas em seus próprios contextos
de interação.
5.2.3 – Investigação-Ação
Dá-se por meio da intervenção direta dos cientistas (criminólogos, delegados de polícia, promotores de
justiça, juízes etc.), com o objetivo de aplicação direta do conhecimento produzido11.
Dentro desta técnica, Penteado Filho vai destacar a técnica de investigação criminal chamada de
recognição visuográfica de local de crime.
10
OLIVEIRA, Natacha Alves de Oliveira. Manual de Criminologia. Salvador: Editora JusPodivm, 2018.
Pg. 207.
11
Op. Cit.
Criador: A recognição visuográfica de local de crime foi criada por Marco Antônio Desgualdo,
em São Paulo no ano de 1994.
Objetivo: Reconstrução da cena do crime por meio da reconstituição de seus fragmentos e
vestígios, levando o pesquisador experiente (delegado de polícia) a coletar informações que
possam construir um perfil criminológico do autor do delito. A técnica, inicialmente aplicada
aos crimes contra a vida de autoria ignorada, pretende reunir a maior gama de informações
para a investigação do delito, tais como data, hora, local, condições climáticas, informes de
testemunhas e de pessoas que tiveram a ciência do fato criminoso, dados sobre a vítima
(identidade, hábitos, comportamentos etc.) e croqui descritivo. Em síntese, pretende promover
uma “radiografia panorâmica do delito”, permitindo a construção de um perfil psicológico-
criminal de seu autor12.
Outro tema de grande relevância e, ainda trabalhado por alguns doutrinadores, dentro do capítulo de
investigação-ação é o Perfilamento Criminal.
Perfilamento Criminal
12
Op. Cit., p. 208.
Merece atenção a lei 12.654/2012. Com seu advento, o perfil genético do criminoso PODE ser OBTIDO a
partir da coleta não invasiva de material genético do suspeito ou condenado, basicamente em duas
hipóteses:
Art. 5o-A. Os dados relacionados à coleta do perfil genético deverão ser armazenados em banco de dados de
perfis genéticos, gerenciado por unidade oficial de perícia criminal. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)
§ 1o As informações genéticas contidas nos bancos de dados de perfis genéticos não poderão revelar traços
somáticos ou comportamentais das pessoas, exceto determinação genética de gênero, consoante as normas
constitucionais e internacionais sobre direitos humanos, genoma humano e dados genéticos. (Incluído pela Lei
nº 12.654, de 2012)
§ 2o Os dados constantes dos bancos de dados de perfis genéticos terão caráter sigiloso, respondendo civil,
penal e administrativamente aquele que permitir ou promover sua utilização para fins diversos dos previstos
nesta Lei ou em decisão judicial. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)
13
FONTES, Eduardo & HOFFAMANN Henrique. Criminologia. 1ª. Edição. 2ª. tir.:ago/2018. Salvador:
Editora JusPodivm, 2018. p. 256.
§ 3o As informações obtidas a partir da coincidência de perfis genéticos deverão ser consignadas em laudo
pericial firmado por perito oficial devidamente habilitado. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)
Projetivos
De
Personalidade
Testes
Prospectivos
De Inteligência
Vamos às definições.
Técnica de Rorschach:
Teste PMK – Psicodiagnóstico Miocinético de Periculosidade Delinquencial:
Teste do Desenho ou HTP – House Tree, Person
Tat ou Teste de apercepção temática
Consiste em uma técnica de avaliação psicológica desenvolvida por um psiquiatra e psicanalista suíço,
Hermann Rorschach em 1884 – 1922, pela qual há apresentação ao examinado de pranchas contendo
manchas de tintas abstratas e simétricas, para que, responda com o que tais manchas se parecem14.
Trata-se de técnica criada pelo médico e psicólogo Emilio Mira (1896 – 1864, baseada na teoria da
consciência, pela qual há um correlato muscular ao fenômeno psíquico consciente. Estuda a personalidade
do examinado a partir da análise de traços e desenhos feitos a lápis, visando avaliar aspectos como
depressão e elação, tônus vitais, impulsividade, explosão, ansiedade, emotividade15.
Foi concebido em 1948. Por Jhon N. Buck (1906-1983, com a finalidade de traçar a personalidade do
indivíduo através da interpretação do desenho de uma árvore, de uma casa e de uma pessoa16.
Trata-se de teste formulado por Henry Murray (1893 – 1988), no qual são apresentadas 20 lâminas
contendo quadros artísticos, com exceção de uma que permanece em branco, as quais servirão de ponto
de partida para que o indivíduo construa histórias17.
14
OLIVEIRA, Natacha Alves de Oliveira. Manual de Criminologia. Salvador: Editora JusPodivm, 2018.
Pg. 216.
15
Op. Cit., p. 217.
16
Op. Cit.
Os testes de personalidade prospectivos, mais profundo que os projetivos, visam traçar personalidade do
examinado em caráter sigiloso, explorando suas intenções presentes e futuras, a fim de extrair suas
crenças, suas potencialidades lesivas ou não, sua (in)sensibilidade moral, seu (des)temor à justiça e à pena,
a razão da vida criminosa, o motivo pelo qual causa mal às vítimas etc. Dependem, assim, da habilidade do
responsável e da sinceridade do examinando. (FARIAS JÚNIOR, 2015, p. 149)
Além disso, extraem ou, ao menos, tentam extrair, crenças e potencialidades lesivas, freios de contenções
de boas condutas, temos ou não, os porquês da vida criminal e causação de sofrimento as vítimas.
Em reforço, Alfredo Binet e Theodore Simon (1905) conceituaram a idade mental, a fim de se determinar
diferentes níveis de inteligência.
17
Op. Cit.
De forma resumida, pode-se afirmar que, tanto na Psicologia como na Criminologia ambas procuram medir
a inteligência por meio do quociente de inteligência (QI), e é a partir dele que podemos chegar a idade
mental, que não acompanha obrigatoriamente a idade cronológica.
Assim, o QI é resultado da divisão da idade mental pela cronológica multiplicada por cem, ou seja:
Idade Mental
QI = ______________________ x 100
Idade Cronológica
Ocorre que, para se chegar a idade mental sai utilizados diversos testes. A seguir, destacamos os principais
explorados na doutrina.
É por meio deles que o resultado do teste de QI, conforme a pontuação alcançada, o indivíduo pode ser
classificado de acordo com seu estado mental, ou seja, do mais inteligente para o menos inteligente, em:
hiperfrênico, normal ou hipofrênico.
O teste considera como pessoas normais aquelas com QI cujo resultado corresponda a 90 e 120.
Para Farias Júnior, (2015, p. 153-154). Os superdotados assim como os idiotas, têm dificuldade de
socialização, podendo praticar condutas de interesse criminal. Tal afirmação pode ser conferida através da
sintetização e classificação, apresentada na tabela de QI. Vejamos:
Tabela de QI
promover sua
subsistência em
condições normais.
Débil Mental Entre 50 e 90 Entre 7 e 12 anos Incapacidade de lutar
pela vida em
igualdade de
condições com
pessoas normais.
Normal Entre 90 e 120 Entre 12 e 18 anos Capacidade de prover
a vida e manter
relacionamento
normal.
QI Super Entre 120 e 140 Entre 17 e 22 anos Excepcional
capacidade de
assimilação,
impaciência e
irritabilidade.
QI Genial Acima de 140 Acima de 22 anos Assimilação muito
rápida, o que o torna
um desajustado ou
inadaptado.
Formulam-se questões para avaliar o nível de habilidade de raciocínio do examinado, que variará conforme
o grau e natureza da sua instrução18.
18
OLIVEIRA, Natacha Alves de Oliveira. Manual de Criminologia. Salvador: Editora JusPodivm, 2018.
Pg. 219.
Visa aferir o nível de controle mental, atenção e habilidade para o exercício de certas tarefas 19.
Apresentam-se palavras ao examinado, pedindo que aponte sua semelhança ou relação. Ex. banana e
laranja se relacionam/assemelham por ambas serem alimentos ou, mais especificamente, frutas. Neste
caso o examinador pode conferir maior valor à segunda resposta20.
Apresenta-se ao examinado, de forma desordenada, uma série de gravuras que compõe uma história,
pedindo que as ordene. Ex. policial em perseguição a criminoso.21
Pede-se ao examinado que complete uma figura selecionando a opção que completa seu sentido. Ex. figura
em que uma parte é mutilada22.
19
Op. Cit.
20
Op. Cit.
21
Op. Cit.
22
Op. Cit.
Pede-se para o examinando indicar a sequência de partes desenhadas para a recomposição da figura de
um cubo. Permite identificar lesões no lobo central, impulsividade e outros traços comportamentais e
distúrbios mentais23.
Pede-se ao examinado para associar determinados símbolos, a fim de aferir sua habilidade intelectual. Para
melhor resultado no teste importam a acuidade visual, coordenação e velocidade motora. As pessoas mais
velhas, neuróticos ou instáveis tendem a apresentar pior desempenho24.
Pede-se ao examinado que recomponha um objeto, decomposto em três - um boneco, um perfil e uma
mão - ou quatro peças - um boneco, um perfil, uma mão e um elefante25.
23
Op. Cit.
24
Op. Cit.
25
Op. Cit.
Pede-se ao examinado que defina coisas, animais, homens etc. de forma a aferir sua habilidade de
raciocínio, definição e vocabulário26.
A pobreza;
Os meios de comunicação;
Habitação;
Migração;
Crescimento populacional;
Preconceito;
Educação;
Mal vivência.
26
Op. Cit.
Nas palavras de Eduardo Fontes e Henrique Hoffmann27, podemos oferecer os seguintes conceitos:
A POBREZA: Estatísticas criminais evidenciam que existe uma relação de proximidade entre pobreza
e criminalidade. Evidentemente, não se trata de fator determinista ou condicionante extremo, caso
contrário não existiria crimes do colarinho branco. Mas não se pode negar que em certas categorias
delitivas, a exemplo dos crimes contra o patrimônio, a imensa maioria dos delinquentes é pobre e
com formação deficiente. Nesse sentido, a má distribuição de renda atua como fator
potencializador da delinquência.
PRECONCEITO: O Estereótipo negativo em ideia equivocada preconcebida sobre raça, cor, etnia,
religião e outros aspectos, acaba por fomentar animosidade e a desarmonia, culminando na prática
de crimes.
EDUCAÇÃO: Educação e ensino são fatores inibitórios da criminalidade, de maneira que assumem
relevância especial tanto a educação formal quanto a educação informal.
27
FONTES, Eduardo & HOFFAMANN Henrique. Criminologia. 1ª. Edição. 2ª. tir.:ago/2018. Salvador:
Editora JusPodivm, 2018. p. 259.
Como visto, num Estado Democrático de Direito, o saber criminológico tem como norte a orientação
prevencionista (prevenção) do delito, uma vez que o interesse é evitar e não punir. Daí porque, vale
destacar as palavras de Eduardo Viana “enfrentar os fatores criminógenos de risco com medidas de cunho
não ´penal28” para o controle da criminalidade.
Reparar o dano, ressocializar o delinquente e reprimir o crime são focos centrais do conteúdo científico
da Criminologia no cenário atual.
No estado democrático de direito, duas são as medidas a fim de prevenir o crime, são elas:
1. Medidas indiretas: aquelas que atuam de maneira mediata sobre o crime, ao incidir em relação às
causas do delito. Ex. melhoria nas condições e na vida da população
2. Medidas diretas: aquelas que de forma imediata incidem sobre o próprio delito. Ex. pena e regime
prisional.
28
VIANA, Eduardo. Criminologia. 5ª. Edição. Revista atualizada e ampliada. Salvador: Editora
JusPodivm,2018. Pg. 338.
A criminologia ambiental é uma família de teorias que compartilham um interesse comum nos eventos
delitivos e nas circunstancias imediatas em que eles ocorrem. Enquanto a criminologia tradicional aborda as
ocorrências criminosas como um fenômeno aleatório, como expressão da conduta desviante do indivíduo, a
criminologia ambiental compreende o crime como um fenômeno seletivo, que envolve as leis, o criminoso e a
vítima, em determinado tempo e lugar, sob condições específicas.
29
WORTLEY, Richard; MAZEROLLE; TOWNSLEY, Michael, eds. Environmental Criminology and
Crime Analysis. 2 ed. New York: Toutledge, 2016. p. 2.
criando-se adequadamente os meios de impedir a vitimização de pessoas nos mais variados espaços
urbanos. Pelo que se descreveu acima, a Criminologia Ambiental é uma espécie de mapeamento do crime,
com vistas a auxiliar os órgãos de segurança pública no enfrentamento da criminalidade 30.
Dentro do campo dos fatores condicionantes da criminalidade, surgem quatro teorias que sistematizam a
chamada Criminologia Ambiental, a saber: teoria das atividades rotineiras, teoria da escolha racional,
teoria do padrão racional e teoria da oportunidade.
Na teoria das atividades rotineiras, para que ocorra um crime, deve haver a existência de um dos três
elementos presentes em qualquer espaço urbano, consubstanciados no provável agressor, alvo adequado
e ausência de guardião. No que se refere ao primeiro (agressor), ele pode ser um potencial delinquente
quando possui uma das seguintes características: patologia individual, maximização do lucro, subproduto
de um sistema social perverso ou deficiente, desorganização social e oportunidade31.
Por meio dela o criminoso sempre vai escolher cometer ou não o delito com base em aspectos racionais,
não tendo a emoção nenhuma influência na sua escolha. O criminoso analisa a possibilidade ou não de
beneficiar-se da prática criminosa, havendo uma perspectiva meramente utilitarista. O delinquente é
30
GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva.
2018. p. 59.
31
Op. Cit.
guiado pela relação risco/recompensa, como se fosse um empresário do crime. Se o risco é elevado, com
absoluta certeza a recompensa também será, podendo ser citado como exemplo o assalto a um carro-
forte, em que a escolha para esse tipo de criminalidade está relacionada única e exclusivamente ao
elemento valor a ser subtraído, pois o risco é elevadíssimo. Caso os autores optem por fazer tal delito é
porque avaliaram que o risco vale a pena pelo montante total a ser subtraído. Pelo que se percebe,
diferentemente da teoria das atividades rotineiras, o criminoso escolhe fazer determinado delito numa
simples análise racional entre valor a ser obtido e possibilidade de ser pego, relegando-se a segundo plano
elementos como vítima adequada e existência de guardião. Na teoria da escolha racional, o guardião existe
e inclusive é robusto (empresas de segurança privada e até mesmo policiamento ostensivo), mas não é
levado em consideração como ponto relevante, pois o que se está analisando é apenas a relação
custo/benefício e a forma de driblar momentaneamente o citado guardião 32.
Por meio dessa abordagem, toma-se como base o padrão da criminalidade, levando-se em consideração
fatores como infratores, vítimas e lugares, havendo uma certa repetição (padronização) entre eles.
Importante ressaltar que também é analisado o tipo penal praticado de forma reiterada, com o escopo de
entender o porquê da escolha de aludida infração penal. Como exemplo, cita-se o tráfico de drogas, que é
reinante nas comunidades carentes, motivado pela ausência de força estatal para o seu combate, bem
como pela inexistência de implementação de políticas públicas, o que estimula os moradores de tais
localidades a escolher o caminho do tráfico para conseguir ter o mínimo existencial33.
Por meio dela, investiga-se apenas o aspecto da interação do indivíduo com o ambiente social. O criminoso
irá observar o melhor momento para a realização do delito, valendo-se da oportunidade existente num
32
Op. Cit., p. 61.
33
Op. Cit.
dado local ou horário para obter o ganho almejado. Deve ser ressaltado que o elemento oportunidade
pode ser diferente para cada tipo penal, como exemplo num crime de furto de veículo automotor, em o
que se visualiza é a inexistência de algum guardião e se o local é de difícil acesso e pouco iluminado. Já para
o crime de estupro, o autor escolhe a vítima pela sua fragilidade corporal e também pela local ermo onde
será executado o delito, como terrenos baldios ou imóveis abandonados.34
Parte da premissa que a noção da cultura é fluída, e que a todo momento passa por transformações.
Propõe que o crime a sua repressão são processos culturais, com significados e consequências
inevitavelmente construídos a partir de uma interpretação coletiva35.
34
Op. Cit., p. 63
35
FONTES, Eduardo & HOFFAMANN Henrique. Criminologia. 1ª. Edição. 2ª. tir.:ago/2018. Salvador:
Editora JusPodivm, 2018. p. 27.
unicamente a condição das mulheres. Contudo, com o seu amadurecimento, o feminismo tornou-se mais
inclusivo, e passou a levar em consideração outros aspectos da cultura dos relacionamentos humanos 36.
A atual sociedade é, por natureza, heterossexista e pautada na hegemonia do comportamento tido como o
tradicionalmente correto, restando totalmente discriminado aquele que pensa de forma desviante do comum
e que não aceita os dogmas impostos pela maioria. Relacionar-se com uma pessoa do mesmo sexo é visto
como algo até mesmo doentio por certos segmentos sociais (Igreja etc.), o que enaltece ainda mais a
necessidade de se entender o atual estágio do queer e, por consequência, a criminologia queer. O que se busca
por meio da ideia queer é a oxigenação de novos pensamentos em prol da desconstrução de vetustos dogmas
do establishment, chamando a atenção da sociedade e daqueles que operam as leis (Poder Judiciário e Poder
Legislativo) para a existência de pessoas que pensam diferente e precisam de proteção. Hoje, já existem vários
movimentos que representam esse tipo de pensamento, buscando-se implementar a proteção de direitos
(dentro da expressão “direitos humanos”) por meio dos legisladores (eleitos também por essas pessoas),
julgadores e demais entidades civis. Podem ser citados os movimentos de gays, lésbicas, bissexuais e
transexuais. Tais movimentos devem ter voz ativa na sociedade moderna, não podendo mais a população
fingir que eles não existem e são pessoas “estranhas”. Essa é a expressão errada de queer que não se deve
36
FONTES, Eduardo & HOFFAMANN Henrique. Criminologia. 1ª. Edição. 2ª. tir.:ago/2018. Salvador:
Editora JusPodivm, 2018. p. 273.
37
GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva.
2018. p. 59.
defender, mas sim a real ideia de que precisam de proteção, de voz e de implementação por meio das leis das
suas formas de pensar.
Assim, o pensamento criminológico deve sempre ser o mais aberto possível e atento a todas as
diversidades, não podendo centrar-se nos estudos estáticos de uma sociedade tida como hegemônica e
heterossexista, que gera a violenta forma de reação homofóbica, devendo esse fenômeno ser evitado,
sendo, inclusive, a Criminologia útil nesse sentido. O ser queer é estar disposto a pensar na ambiguidade,
nas diferenças, na fluidez das questões sexuais, estimulando-se, outrossim, novas formas de cultura,
afastando-se de preconceitos equivocados de uma sociedade perfeita e pura38.
Sabemos que no Brasil, a regulamentação legal para o combate das organizações criminosas foi feita pela
Lei nª 12.850/2013, exigindo-se a reunião de 4 (quatro) ou mais pessoas com o fim de praticar infrações
penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos ou sejam de caráter transnacional,
conforme disposição do art. 1º da citada lei, vejamos:
Art. 1o Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de
obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado.
§ 1o - Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas
estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente,
38
Op. Cit.
Como se trata de uma criminalidade organizada e voltada para a prática de infrações penais com o escopo
de lucro, o seu método profissional de intimidação difusa é de extrema gravidade e coloca em xeque a
segurança pública, decorrendo disso a necessidade de combater eficazmente esse tipo de associação.
Atualmente, pode-se dizer que é o tipo de criminalidade mais difícil de combater, pois está
estruturalmente voltada para a consecução de benefícios para os seus integrantes, a qualquer custo. Em se
tratando de criminalidade organizada, importante ressaltar a classificação que existe entre dois grupos
distintos, a depender da forma como praticam as suas condutas delituosas e da sua interação social39.
“Criminalidade organizada do tipo mafiosa (Cosa Nostra, Camorra, Ndrangheta e Stida, na Itália; Yakuza, no
Japão; Tríade, na China; e Cartel de Cali, na Colômbia), cuja atividade delituosa se baseia no uso da violência e
da intimidação, com estrutura hierarquizada, distribuição de tarefas e planejamento de lucros, contando com
clientela e impondo a lei do silêncio. Seus integrantes vão desde agentes do Estado até os executores dos
delitos; as vítimas são difusas, e o controle social encontra sério óbice na corrupção governamental; A
criminalidade organizada do tipo empresarial não possui apadrinhados nem rituais de iniciação; tem uma
estrutura empresarial que visa apenas o lucro econômico de seus sócios. Trata-se de uma empresa voltada
para a atividade delitiva. Busca o anonimato e não lança mão da intimidação ou violência. Seus criminosos são
empresários, comerciantes, políticos, hackers etc. As vítimas também são difusas, mas, quando
individualizadas, muitas vezes nem sequer sabem que sofreram os efeitos de um crime.”
Ao chamarmos para a realidade brasileira essas duas classificações, podemos dizer que ambas são
contempladas com exemplos práticos: Comando Vermelho, Primeiro Comando da Capital e Família do
Norte consideradas de criminalidade organizada do tipo mafiosa, em que seus integrantes usam da
39
GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva.
2018. p. 47.
40
PENTEADO FILHO, Nestor Sampaio. Manual esquemático de Criminologia. 2. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012. p. 127.
violência e da grave ameaça para conseguirem o seu fim, havendo internamente uma hierarquia de poder
que segue à risca as ordens e vale-se da lei do silêncio para tudo que ocorre no bojo dessa estrutura, não
havendo espaço para eventuais delações premiadas, pois se essas forem feitas o destino do delator é a
morte.
Noutro giro, a modalidade chamada de criminalidade organizada do tipo empresarial, ao menos no Brasil
dos dias de hoje, também pode ser facilmente identificável, como por exemplo:
Pelo que se constatou na aludida operação, houve uma reunião orquestrada de dois grupos (político e
econômico) com o escopo único de fazer uma promiscuidade sem precedentes entre os setores público e
privado, minando-se todos os anseios sociais de melhorias na educação, saúde etc. De outro lado, o
superfaturamento de obras públicas ensejou o aumento tributário para bancar esse tipo de orgia entre os
poderosos, levando a economia a uma recessão sem precedentes, com inflação, aumento de preços de
combustíveis e empobrecendo da população cada vez mais. O que houve foi uma verdadeira ironia, pois obras
públicas que deveriam beneficiar o público foram utilizadas com o viés de enriquecer única e exclusivamente o
privado, ressaltando-se a importância de entender, atualmente, no que consiste o conceito dessa
criminalidade organizada do tipo empresarial.
Em resumo, a melhor forma de frear esses dois tipos de criminalidade é por meio de políticas públicas
estatais, em que o Estado terá de prover as necessidades básicas de todo ser humano, porque com isso
estará dificultando sobremaneira que referidas organizações criminosas façam a cooptação de pessoas
querendo o ganho fácil que o crime permite e que não estão sendo devidamente amparadas pelo corpo
estatal42.
41
Op. Cit.
42 42
Op. Cit.
9.1 – BULLYING
Bullying é uma palavra de origem inglesa, e tem sido comumente utilizada para descrever comportamentos
agressivos de meninas e meninos no âmbito escolar. As agressões físicas, assédios, ofensas verbais
praticadas com frequência contra colegas sem motivação específica, apenas no intuito de humilhar,
intimidar, e maltratar caracterizam essa espécie de violência que produz incomensuráveis sofrimentos as
suas vítimas e pode deixar sequelas gravíssimas por toda a existência.43
Vale destacar que o Bullying não se limita a menores em escolas ou estabelecimento de ensino, ao
contrário, encontra-se em toda parte.
A palavra Bullying corresponde a valentão, tirano, brigão, mandão, enquanto Bullying, representa o
conjunto de ações violentas praticadas contra uma vítima ou várias delas impossibilitadas de se defender.
Os desdobramentos dessa prática criminosa variam de acordo com a vítima. Dentre eles, destacamos:
43
LIMA JÚNIOR, José César Naves Manual de Criminologia. 5ª. Edição. Revista atualizada e
ampliada. Salvador: Editora JusPodivm,2018. Pg. 157.
O tema em provas
A criminologia da reação social procura expor de forma clara e precisa que o sistema penal
existente nada mais é do que uma maneira de dominação social.
A cifra negra pode ser concebida, resumidamente, no fato de que nem todos os crimes
praticados chegam ao conhecimento oficial do Estado.
Gabarito: A
Art. 1o Fica instituído o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) em todo o território
nacional.
A lei definiu o Termo em inglês em intimidação sistemática, conceituando-o como: todo ato de violência
física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorra sem motivação evidente, praticado por
indivíduo ou grupo, conta uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor
angústia em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas:
Art. 1o Fica instituído o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) em todo o território
nacional.
§ 1o No contexto e para os fins desta Lei, considera-se intimidação sistemática (bullying) todo ato de violência
física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou
grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à
vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.
Na forma do art. 3º, a intimidação do Bullying pode ser classificada, conforme as ações praticadas em:
9.1.3 - Cyberbullying
Com advento da sociedade globalizada e o surgimento de novas formas de comunicação, através dos meios
eletrônicos, a pratica do bullying passou também a ocorrer no âmbito virtual, com a transmissão ou
publicação de mensagens de cunho intimidatório e vexatório por e-mails, redes sociais, sites e blogs, ao
que se denomina de Cyberbullying.
O tema em provas
Gabarito: Certo
Evidentemente, essa prática pode ocorrer em vários ambientes, como por exemplo, familiar, escolar, de
trabalho (mobbing) etc.
9.2.1 – Mobbing
O tema em provas
(PCSP Delegado de Polícia – 2012) O comportamento abusivo, praticado com gestos, palavras
e atos que, praticados de forma reiterada, levam á debilidade física ou psíquica de uma
pessoa:
44
OLIVEIRA, Natacha Alves de Oliveira. Manual de Criminologia. Salvador: Editora JusPodivm,2018.
Pg. 312.
Gabarito: B
9.3 – STALKING
Vale lembrar que na legislação tais condutas são consideradas ilícitas, configurando contravenção penal e
perturbação da tranquilidade. Veja o que diz o art. 65 do Decreto Lei nº 3688/41:
Art. 65. Molestar alguém ou perturbar lhe a tranquilidade, por acinte ou por motivo reprovável:
Pena – prisão simples, de quinze dias a dois meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Em tempo, também é válido destacar que a Lei Maria da Penha, Lei nº 11.340/2006 prevê expressamente a
perseguição contumaz como uma espécie de violência psicológica. Nesse sentido:
Art. 7o São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
(...)
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da
autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas
ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação,
isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade,
ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à
saúde psicológica e à autodeterminação;
O tema em provas
a. Stalking é um termo que designa a forma de violência na qual o sujeito ativo invade
repetidamente a esfera de privacidade da vítima, empregando táticas de perseguição e meios
diversos de atuação, resultando dano à sua integridade psicológica e emocional, restrição à
sua liberdade de locomoção ou lesão à sua reputação, configurando, deste modo, uma
modalidade de assédio moral.
c. A figura criminológica conhecida como “síndrome da mulher de potifar” pode ser utilizada
como técnica de aferição da credibilidade da palavra da vítima nos crimes de conotação
sexual.
Gabarito: A
RESUMO
Estatística Criminal e Cifras Criminais
o Século XIX
Implementamos um tratamento científico de estatística criminal
passamos a relacionar os ilícitos cometidos a fatores de criminalidade e, a partir desse cruzamento,
norteamos nossa política criminal:
Subsídio à
Fatores de
Ilícitos política
criminalidade
criminal
o Estatísticas criminal
Criminalidade real
Criminalidade revelada
Aparente ou registrada
o Cifra Negra / cifra oculta ou zona escura, dark number ou ciffre noir
Conceito
Nas chamadas cifras negras ou ocultas estão os crimes de colarinho-branco que não são descobertos e
ficam fora das estatísticas sociais. Como os seus autores gozam do chamado “cinturão da impunidade”, os
seus delitos ficam encobertos, ocorrendo o que se chama de cifra oculta ou negra da criminalidade
Conceito
A cifra oculta da criminalidade corresponderia, pois, à lacuna existente entre a totalidade dos
eventos criminalizados ocorridos em determinados tempo e local (criminalidade real) e as condutas que
efetivamente são tratadas como delito pelos aparelhos de persecução criminal (criminalidade registrada). E
os fatores explicativos da taxa de ineficiência do sistema penal são inúmeros e dos mais distintos, incluindo
desde sua incapacidade operativa ao desinteresse das pessoas em comunicar os crimes dos quais foram
vítimas ou testemunhas. Como variável obtém-se o diagnóstico da baixa capacidade de o sistema penal
oferecer resposta adequada aos conflitos que pretende solucionar, visto que sua atuação é subsidiária,
localizada e, não esporadicamente, filtrada de forma arbitrária e seletiva pelas agências policiais
(repressivas, preventivas ou investigativas).”
Contrariamente ao que se dá nas infrações típicas de classes sociais menos favorecidas, os autores dos
denominados crimes do colarinho branco ostentam prestigio social, inexistindo um estereotípico que
oriente as agencias oficias na perseguição das infrações penais e sendo escasso o efeito estigmatizam-te
das sanções aplicadas.
Refere-se à competência de comissões especiais e dos órgãos ordinários, para certos tipos de infrações,
em dadas sociedades. Registre-se que as manobras criminosas nos delitos econômicos se valem de
complexas estruturas societárias e de intrincados procedimentos financeiros, dificultando a
individualização da conduta dos autores do fato e demandando a necessidade de minuciosa perícia técnica.
o Cifra Cinza
Conceito
trata do número de crimes registrados na Delegacia de Polícia e que são solucionados em sede policial,
sem que haja instauração de processo na esfera criminal para que o fato criminoso seja levado a
julgamento.
o Cifra Amarela
Conceito
cifra amarela trata das ocorrências em que há abuso e violência policial contra indivíduo, que deixam de
ser levadas ao conhecimento dos órgãos públicos, como por exemplo, delegacias de polícia, ouvidoria,
ministério público, corregedoria, etc., por termos de sofrer represálias45.
o Cifra Verde
Conceito
45
OLIVEIRA, Natacha Alves de Oliveira. Manual de Criminologia. Salvador: Editora JusPodivm, 2018.
Pg. 204.
Consiste nas ocorrências referentes aos crimes contra o meio ambiente que não chegam ao
conhecimento dos órgãos policiais. Por exemplo, o crime de maus tratos a animais previstos no art. 32, da
Lei nº 9.605/99 ou ainda o crime de pichação urbana, também com previsão no mesmo diploma legal 46.
o Técnicas contemporâneas
Espécies
Investigação
Investigação sociológica
Extensiva
Intensiva
Investigação ação
46
Op. Cit.
Método
Investigação empírico-
indutivo
Investigação
Técnicas
extensiva
Investigação Investigação
Sociológica Intensiva
Investigação-
Ação
o Técnicas de investigação
Conceito
A partir do advento da criminologia científica com a Escola Positiva, passou-se a adotar o método
empírico-indutivo, pelo qual o estudo da criminologia se desenvolve a partir da observação da realidade
fática.47
47
OLIVEIRA, Natacha Alves de Oliveira. Manual de Criminologia. Salvador: Editora JusPodivm, 2018.
Pg. 207.
Conceito
investigação extensiva
investigação intensiva
investigação – ação.
Conceito
Conceito
o Investigação-Ação
Conceito
Dá-se por meio da intervenção direta dos cientistas (criminólogos, delegados de polícia, promotores de
justiça, juízes etc.), com o objetivo de aplicação direta do conhecimento produzido.
Conceito
Testes de personalidade
Projetivos
48
OLIVEIRA, Natacha Alves de Oliveira. Manual de Criminologia. Salvador: Editora JusPodivm, 2018.
Pg. 207.
Prospectivos
Testes de inteligência
Projetivos
De
Personalidade
Testes
Prospectivos
De Inteligência
são aqueles que avaliam a personalidade do examinado a partir da interpretação das reações oriundas
dos estímulos preestabelecidos, delineando seu perfil psicológico.
Técnica de Rorschach:
Conceito
Consiste em uma técnica de avaliação psicológica desenvolvida por um psiquiatra e psicanalista suíço,
Hermann Rorschach em 1884 – 1922, pela qual há apresentação ao examinado de pranchas contendo
manchas de tintas abstratas e simétricas, para que, responsa com o que tais manchas se parecem.
Conceito
Trata-se de técnica criada pelo médico e psicólogo Emilio Mira (1896 – 1864, baseada na teoria
da consciência, pela qual há um correlato muscular ao fenômeno psíquico consciente. Estuda a
personalidade do examinado a partir da análise de traços e desenhos feitos a lápis, visando avaliar aspectos
como depressão e elação, tônus vitais, impulsividade, explosão, ansiedade, emotividade.
Conceito
Foi concebido em 1948. Por Jhon N. Buck (1906-1983, com a finalidade de traçar a personalidade do
indivíduo através da interpretação do desenho de uma árvore, de uma casa e de uma pessoa.
Conceito
Trata-se de teste formulado por Henry Murray (1893 – 1988), no qual são apresentadas 20
lâminas contendo quadros artísticos, com exceção de uma que permanece em branco, as quais servirão de
ponto de partida para que o indivíduo construa histórias.
Conceito
o Testes de Inteligência
Conceito
Fórmula:
Idade Mental
QI = ______________________ x 100
Idade Cronológica
Testes explorados
Teste de semelhança
Teste do vocabulário.
o Tabela de QI
Conceito
Formulam-se questões para avaliar o nível de habilidade de raciocínio do examinado, que variará
conforme o grau e natureza da sua instrução.
Conceito
Visa aferir o nível de controle mental, atenção e habilidade para o exercício de certas tarefas
o Teste de semelhança
Conceito
Apresentam-se palavras ao examinado, pedindo que aponte sua semelhança ou relação. Ex.
banca e laranja se relacionam/assemelham por ambas serem alimentos ou, mais especificamente, frutas.
Neste caso examinador pode conferir maior valor à segunda resposta.
Conceito
Apresenta-se ao examinado, de forma desordenada, uma série de gravuras que compõe uma
história, pedindo que as ordene. Ex. policial em perseguição a criminoso.
Conceito
Pede-se ao examinado que complete uma figura selecionando a opção que completa seu
sentido. Ex. figura em que uma parte é mutilada.
Conceito
Pede-se para o examinando indicar a sequência de partes desenhadas para a recomposição da figura de
um cubo. Permite identificar lesões no lobo central, impulsividade e outros traços comportamentais e
distúrbios mentais.
Conceito
Conceito
o Teste do Vocabulário
Conceito
Pede-se ao examinado que defina coisas, animais, homens etc. de forma a aferir sua habilidade de
raciocínio, definição e vocabulário.
A pobreza;
Os meios de comunicação;
Habitação;
Migração;
Crescimento populacional;
Preconceito;
Educação;
Mal vivência.
Criminologia Contemporânea
Conceito
Num Estado Democrático de Direito, o saber criminológico tem como norte a orientação prevencionista
(prevenção) do delito, uma vez que o interesse é evitar e não punir. Daí porque, vale destacar as palavras
de Eduardo Viana “enfrentar os fatores criminógenos de risco com medidas de cunho não ´penal 49” para o
controle da criminalidade.
Medidas indiretas: aquelas que atuam de maneira mediata sobre o crime, ao incidir em relação às
causas do delito. Ex. melhoria nas condições e na vida da população
49
VIANA, Eduardo. Criminologia. 5ª. Edição. Revista atualizada e ampliada. Salvador: Editora
JusPodivm,2018. Pg. 338.
Medidas diretas: aquelas que de forma imediata incidem sobre o próprio delito. Ex. pena e regime
prisional.
o Criminologia Ambiental
Conceito
A criminologia ambiental explora o modo como as oportunidades para práticas criminosas são
geradas, dada a natureza das configurações espaciais existentes.
Conceito
Dentro do campo dos fatores condicionantes da criminalidade, surgem quatro teorias que sistematizam
a chamada criminologia ambiental, a saber: teoria das atividades rotineiras, teoria da escolha racional,
teoria do padrão racional e teoria da oportunidade.
Conceito
Na teoria das atividades rotineiras, para que ocorra um crime, deve haver a existência de um dos três
elementos presentes em qualquer espaço urbano, consubstanciados no provável agressor, alvo adequado
e ausência de guardião. No que se refere ao primeiro (agressor), ele pode ser um potencial delinquente
quando possui uma das seguintes características: patologia individual, maximização do lucro, subproduto
de um sistema social perverso ou deficiente, desorganização social e oportunidade50.
50
Op. Cit.
Por meio dela o criminoso sempre vai escolher cometer ou não o delito com base em aspectos racionais,
não tendo a emoção nenhuma influência na sua escolha.
Conceito
Por meio dessa abordagem, toma-se como base o padrão da criminalidade, levando-se em consideração
fatores como infratores, vítimas e lugares, havendo uma certa repetição (padronização) entre eles.
Importante ressaltar que também é analisado o tipo penal praticado de forma reiterada, com o escopo de
entender o porquê da escolha de aludida infração penal. Como exemplo, cita-se o tráfico de drogas, que é
reinante nas comunidades carentes, motivado pela ausência de força estatal para o seu combate, bem
como pela inexistência de implementação de políticas públicas, o que estimula os moradores de tais
localidades a escolher o caminho do tráfico para conseguir ter o mínimo existencial.
o Teoria da oportunidade
Conceito
Por meio dela, investiga-se apenas o aspecto da interação do indivíduo com o ambiente social. O
criminoso irá observar o melhor momento para a realização do delito, valendo-se da oportunidade
existente num dado local ou horário para obter o ganho almejado. Deve ser ressaltado que o elemento
oportunidade pode ser diferente para cada tipo penal, como exemplo num crime de furto de veículo
automotor, em o que se visualiza é a inexistência de algum guardião e se o local é de difícil acesso e pouco
iluminado. Já para o crime de estupro, o autor escolhe a vítima pela sua fragilidade corporal e também pela
local ermo onde será executado o delito, como terrenos baldios ou imóveis abandonados.51
o Criminologia Cultural
Conceito
Parte da premissa que a noção da cultura é fluída, e que a todo momento passa por transformações.
Propõe que o crime a sua repressão são processos culturais, com significados e consequências
inevitavelmente construídos a partir de uma interpretação coletiv a.
o Criminologia Feminista
Conceito
O feminismo pode ser compreendido como uma visão de mundo e também um fenômeno como um
movimento social. Abarca conjeturas e crenças sobre as origens e consequências a organização social
pautada no gênero, bem como fomenta ações e traça estratégias para a mudança social. Desse modo,
pode-se dizer que o feminismo é, ao mesmo tempo, empírico e analítico Inicialmente, tinha por foco
unicamente a condição das mulheres. Contudo, com o seu amadurecimento, o feminismo tornou-se mais
inclusivo, e passou a levar em consideração outros aspectos da cultura dos relacionamentos humanos.
o Criminologia Queer
Conceito
51
Op. Cit., p. 63
A expressão de origem inglesa queer chama a atenção por vários aspectos, entre eles, o de
significar algo perverso, anormal ou diferente. Contudo, a expressão também representa uma busca pela
releitura do fenômeno queer como algo diferente e que precisa de mais proteção, até pelo fato de ser
diferente e representar a minoria nos meios sociais.
Conceito
O surgimento da criminalidade organizada não só pode como dever ser devidamente estudado
no contexto da Criminologia, pois se trata de uma associação diferencial.
o Bullying
Conceito
Bullying é uma palavra de origem inglesa, e tem sido comumente utilizada para descrever
comportamentos agressivos de meninas e meninos no âmbito escolar. As agressões físicas, assédios,
ofensas verbais praticadas com frequência contra colegas sem motivação específica, apenas no intuito de
humilhar, intimidar, e maltratar caracterizam essa espécie de violência que produz incomensuráveis
sofrimentos as suas vítimas e pode deixar sequelas gravíssimas por toda a existência.
sintomas psicossomáticos
Transtorno de ansiedade;
Depressão
Bulimia;
Mania de limpeza
o Cyberbullying
Conceito
Com advento da sociedade globalizada e o surgimento de novas formas de comunicação, através dos
meios eletrônicos, a pratica do bullying passou também a ocorrer no âmbito virtual, com a transmissão ou
publicação de mensagens de cunho intimidatório e vexatório por e-mails, redes sociais, sites e blogs, ao
que se denomina de Cyberbullying.
o Assédio Moral
Conceito
O Assédio moral, também conhecido como manipulação perversa ou terrorismo psicológico, consiste
no comportamento abusivo, reiterado e sistematizado, externalizado por palavras, gestos, ações
comissivas ou omissivas, que pode acarretar debilidade física ou psíquica da vítima.
o Mobbing
Conceito
No âmbito das relações trabalhistas, tem-se o termo denominado mobbing, de origem alemã, que
designa o comportamento de continua e ostensiva perseguição perpetrado por empregadores, gerentes,
administradores, superiores hierárquicos ou companheiro de trabalho, que possa lesionar a integridade
física, psíquica e moral da vítima.
o Stalking
Conceito
O termo stalking, também é conhecido como perseguição persistente, teve origem nos Estados Unidos
e designa uma forma de violência na qual há a invasão reiterada da esfera de privacidade da vítima,
mediante emprego de táticas de perseguição e meios diversos, tais como ligações telefônicas, envio de
mensagens, publicação de fatos, boatos em seus meios sociais ou em sites internet (cyberstalking), envio
de presentes, espera de sua passagem nos lugares que frequenta etc. resultando em danos a integridade
psicológica e emocional, restrição à sua liberdade de locomoção ou lesão a sua reputação. Dessa forma, é
considerado uma modalidade de assédio moral.
Art. 5o, CPP: Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
I - de ofício;
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de
Polícia.
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação
pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a
procedência das informações, mandará instaurar inquérito.
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser
iniciado.
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a
requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.
Art. 24, CPP: Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas
dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou
de quem tiver qualidade para representá-lo.
Art. 30- CPP. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação privada.
Dispõe sobre a identificação criminal do civilmente identificado, regulamentando o art. 5º, inciso LVIII, da
Constituição Federal.
Art. 1º O civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nos casos previstos
nesta Lei.
I – carteira de identidade;
II – carteira de trabalho;
IV – passaporte;
Parágrafo único. Para as finalidades desta Lei, equiparam-se aos documentos de identificação civis os
documentos de identificação militares.
Art. 3º Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal quando:
III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si;
Parágrafo único. As cópias dos documentos apresentados deverão ser juntadas aos autos do inquérito, ou
outra forma de investigação, ainda que consideradas insuficientes para identificar o indiciado.
Art. 5º A identificação criminal incluirá o processo datiloscópico e o fotográfico, que serão juntados aos
autos da comunicação da prisão em flagrante, ou do inquérito policial ou outra forma de investigação.
Parágrafo único. Na hipótese do inciso IV do art. 3 o, a identificação criminal poderá incluir a coleta de
material biológico para a obtenção do perfil genético. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)
Art. 5o-A. Os dados relacionados à coleta do perfil genético deverão ser armazenados em banco de dados
de perfis genéticos, gerenciado por unidade oficial de perícia criminal. (Incluído pela Lei nº 12.654, de
2012)
§ 1o As informações genéticas contidas nos bancos de dados de perfis genéticos não poderão revelar
traços somáticos ou comportamentais das pessoas, exceto determinação genética de gênero, consoante as
normas constitucionais e internacionais sobre direitos humanos, genoma humano e dados
genéticos. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)
§ 2o Os dados constantes dos bancos de dados de perfis genéticos terão caráter sigiloso, respondendo civil,
penal e administrativamente aquele que permitir ou promover sua utilização para fins diversos dos
previstos nesta Lei ou em decisão judicial. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)
§ 3o As informações obtidas a partir da coincidência de perfis genéticos deverão ser consignadas em laudo
pericial firmado por perito oficial devidamente habilitado. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)
Art. 7º No caso de não oferecimento da denúncia, ou sua rejeição, ou absolvição, é facultado ao indiciado
ou ao réu, após o arquivamento definitivo do inquérito, ou trânsito em julgado da sentença, requerer a
retirada da identificação fotográfica do inquérito ou processo, desde que apresente provas de sua
identificação civil.
Art. 7o-A. A exclusão dos perfis genéticos dos bancos de dados ocorrerá no término do prazo estabelecido
em lei para a prescrição do delito. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)
Art. 7o-B. A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados sigiloso, conforme
regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)
Lei nº 12.654/2012 - Altera as Leis nos 12.037, de 1o de outubro de 2009, e 7.210, de 11 de julho de 1984
- Lei de Execução Penal, para prever a coleta de perfil genético como forma de identificação criminal, e
dá outras providências.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o O art. 5o da Lei no 12.037, de 1o de outubro de 2009, passa a vigorar acrescido do seguinte
parágrafo único:
“Art. 5º.(...)
Parágrafo único. Na hipótese do inciso IV do art. 3o, a identificação criminal poderá incluir a coleta de
material biológico para a obtenção do perfil genético
Art. 2o A Lei no 12.037, de 1o de outubro de 2009, passa a vigorar acrescida dos seguintes artigos:
“Art. 5o-A. Os dados relacionados à coleta do perfil genético deverão ser armazenados em banco de dados
de perfis genéticos, gerenciado por unidade oficial de perícia criminal.
§ 1o As informações genéticas contidas nos bancos de dados de perfis genéticos não poderão revelar
traços somáticos ou comportamentais das pessoas, exceto determinação genética de gênero, consoante as
normas constitucionais e internacionais sobre direitos humanos, genoma humano e dados genéticos.
§ 2o Os dados constantes dos bancos de dados de perfis genéticos terão caráter sigiloso, respondendo
civil, penal e administrativamente aquele que permitir ou promover sua utilização para fins diversos dos
previstos nesta Lei ou em decisão judicial.
§ 3o As informações obtidas a partir da coincidência de perfis genéticos deverão ser consignadas em laudo
pericial firmado por perito oficial devidamente habilitado.”
“Art. 7o-A. A exclusão dos perfis genéticos dos bancos de dados ocorrerá no término do prazo
estabelecido em lei para a prescrição do delito.”
“Art. 7o-B. A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados sigiloso, conforme
regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo.”
Art. 3o A Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 - Lei de Execução Penal, passa a vigorar acrescida do
seguinte art. 9o-A:
“Art. 9o-A. Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave contra
pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, serão
submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA - ácido
desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor.
§ 2o A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz competente, no caso de inquérito
instaurado, o acesso ao banco de dados de identificação de perfil genético.”
Art. 4o Esta Lei entra em vigor após decorridos 180 (cento e oitenta) dias da data de sua publicação.
Perfil Genético
Lei nº 12.037/2009
Art. 5o-A. Os dados relacionados à coleta do perfil genético deverão ser armazenados em banco de dados
de perfis genéticos, gerenciado por unidade oficial de perícia criminal. (Incluído pela Lei nº 12.654, de
2012)
§ 1o As informações genéticas contidas nos bancos de dados de perfis genéticos não poderão revelar
traços somáticos ou comportamentais das pessoas, exceto determinação genética de gênero, consoante as
normas constitucionais e internacionais sobre direitos humanos, genoma humano e dados
genéticos. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)
§ 2o Os dados constantes dos bancos de dados de perfis genéticos terão caráter sigiloso, respondendo civil,
penal e administrativamente aquele que permitir ou promover sua utilização para fins diversos dos
previstos nesta Lei ou em decisão judicial. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)
§ 3o As informações obtidas a partir da coincidência de perfis genéticos deverão ser consignadas em laudo
pericial firmado por perito oficial devidamente habilitado. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)
Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de dados reveladores da personalidade, observando a ética
profissional e tendo sempre presentes peças ou informações do processo, poderá:
I - Entrevistar pessoas;
Art. 9o-A. Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave contra
pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, serão
submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA - ácido
desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor.
§ 2o A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz competente, no caso de inquérito
instaurado, o acesso ao banco de dados de identificação de perfil genético.
Art. 1o Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção
da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o Fica instituído o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) em todo o território
nacional.
§ 1o No contexto e para os fins desta Lei, considera-se intimidação sistemática (bullying) todo ato de
violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por
indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor
e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.
Art. 2o Caracteriza-se a intimidação sistemática (bullying) quando há violência física ou psicológica em atos
de intimidação, humilhação ou discriminação e, ainda:
I - ataques físicos;
II - insultos pessoais;
V - grafites depreciativos;
VI - expressões preconceituosas;
VIII - pilhérias.
Art. 3o A intimidação sistemática (bullying) pode ser classificada, conforme as ações praticadas, como:
VIII - virtual: depreciar, enviar mensagens intrusivas da intimidade, enviar ou adulterar fotos e dados
pessoais que resultem em sofrimento ou com o intuito de criar meios de constrangimento psicológico e
social.
II - capacitar docentes e equipes pedagógicas para a implementação das ações de discussão, prevenção,
orientação e solução do problema;
VI - integrar os meios de comunicação de massa com as escolas e a sociedade, como forma de identificação
e conscientização do problema e forma de preveni-lo e combatê-lo;
VII - promover a cidadania, a capacidade empática e o respeito a terceiros, nos marcos de uma cultura de
paz e tolerância mútua;
VIII - evitar, tanto quanto possível, a punição dos agressores, privilegiando mecanismos e instrumentos
alternativos que promovam a efetiva responsabilização e a mudança de comportamento hostil;
IX - promover medidas de conscientização, prevenção e combate a todos os tipos de violência, com ênfase
nas práticas recorrentes de intimidação sistemática (bullying), ou constrangimento físico e psicológico,
cometidas por alunos, professores e outros profissionais integrantes de escola e de comunidade escolar.
Art. 5o É dever do estabelecimento de ensino, dos clubes e das agremiações recreativas assegurar medidas
de conscientização, prevenção, diagnose e combate à violência e à intimidação sistemática (bullying).
Art. 6o Serão produzidos e publicados relatórios bimestrais das ocorrências de intimidação sistemática
(bullying) nos Estados e Municípios para planejamento das ações.
Art. 7o Os entes federados poderão firmar convênios e estabelecer parcerias para a implementação e a
correta execução dos objetivos e diretrizes do Programa instituído por esta Lei.
Art. 8o Esta Lei entra em vigor após decorridos 90 (noventa) dias da data de sua publicação oficial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Guerreiros,
Chegamos ao fim da aula de hoje. Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato conosco.
Estou disponível no fórum no Curso, por e-mail e, inclusive, pelo Instagram.
Paulo Bilynskyj
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QUESTÕES COMENTADAS
1. (FUNDEP/ MP MG-PROMOTOR DE JUSTIÇA-2013) É característica da chamada “nova
criminologia”:
a. A concepção de que a reação penal se aplica de igual maneira a todos os autores de delitos.
b. A busca da explicação dos comportamentos criminalizados partindo da criminalidade como um
dado ontológico pré-constituído à reação social.
c. O estudo do comportamento criminoso com o emprego do método etiológico das determinações
causais de objetos naturais.
d. O deslocamento do interesse cognoscitivo das causas do desvio criminal para os mecanismos sociais
e institucionais através dos quais é construída a “realidade social” do desvio.
Comentário52
a. Errado. A chamada “nova criminologia”, também conhecida como “criminologia crítica”, busca
separar a sociedade em dois grandes grupos. O primeiro dos ricos e o segundo dos pobres, sendo o
Direito Penal um instrumento de dominação social. Na mesma linha, demonstra que os crimes
punidos são apenas os de colarinho-azul, enquanto os de colarinho-branco gozam do chamado
“cinturão da impunidade”.
b. Errada. A “nova criminologia” trabalha os dados sociais na formatação do crime e do criminoso,
sendo dispensável a ideia prévia de condutas positivadas. Os chamados dados pré-constituídos são
inerentes à Escola Clássica, em que o crime e o criminoso são criados a partir da perspectiva da
própria lei penal, não sendo relevante o aspecto social.
c. Errada. O chamado paradigma etiológico (estudo sobre a origem do crime e do criminoso) é
visualizado pela Escola Crítica ou “nova criminologia” no aspecto social, em que há uma dicotomia
clara entre os criminosos de alta renda (elite) e os de baixa renda (camada mais pobre),
ocasionando uma pirâmide social. As causas naturais não possuem influência nenhuma no
surgimento do crime e do criminoso.
d. Certa. A área de análise (cognoscitivo) da citada escola é puramente social, em que se vislumbra o
surgimento do crime e do criminoso no aspecto relativo à interação social. Nessa linha de
raciocínio, pugna-se pela análise dos mecanismos de controles sociais como parâmetros para
dominar a classe mais desfavorecida. O Direito Penal seria um mecanismo de controle que está nas
mãos da elite para subjugar os criminosos de colarinho-azul, de forma a criminalizar apenas as
condutas praticadas por esse último grupo de pessoas.
Gabarito: D
52
GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva.
2018. p.
I – O Código de Hamurabi, concebido na Babilônia entre 2067 e 2925 a.C. e na atualidade pertencente ao
acervo do Museu do Louvre em Paris, não continha disposições penais em sua composição.
II – Segundo a “Lei Térmica de Criminalidade” de Quetelet, fatores físicos, climáticos e geográficos podem
influenciar no comportamento criminoso.
III – Entende-se por “Cifra Negra” da criminalidade o conjunto de crimes cuja violência produz elevada
repercussão social.
IV – Seguidor da Antropologia Criminal, Lombroso entendia que havia um tipo humano irresistivelmente
levado ao crime por sua própria constituição, de um verdadeiro criminoso nato.
V – Em sua obra Dos delitos e das penas, escrita por volta de 1765, Cesare Bonesana, o Marquês de
Beccaria, defendeu uma legislação penal rigorosa, aprovando a prática da tortura e da pena de morte.
Comentários53
a. Errada. O enunciado I está incorreto, uma vez que o Código de Hamurabi, também chamado de Lei
de Talião, continha disposições penais e pregava a aplicação da máxima “dente por dente, olho por
olho”, dando nítido caráter penalista ao diploma. O enunciado III está errado, uma vez que cifra
negra se refere aos crimes que não ingressam nas estatísticas oficiais. O enunciado V está errado
porque Beccaria pregava o oposto do que está descrito, e seus estudos apontaram para a
53
GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva.
2018. p.
necessidade de penas certas, mas que não fossem desumanas, muito em virtude da influência do
período do Iluminismo.
b. Certa. O enunciado II está correto, pois são de Quetelet os estudos envolvendo as leis térmicas e
que influenciam sobremaneira no comportamento criminoso. O enunciado IV também está correto,
uma vez que Lombroso foi quem cunhou a expressão criminoso nato com base nos estudos da
antropologia criminal.
c. Errada. Pelo que já se expôs acima, o enunciado V está errado, pois Beccaria pregou foi o contrário
e buscava a humanização das punições.
d. Errada. Já foi explicitado acima que o enunciado III está equivocado.
e. Errada. Já se explicou acima que os enunciados III e V estão equivocados.
Gabarito: B
Estão corretas:
a. Apenas II e IV estão CORRETAs.
b. Apenas III e V estão CORRETAs.
Comentários
ITEM I: CORRETO. De fato, este é o pensamento de Michel Foucault, para ele, a prisão é o único meio
capaz de impedir que o criminoso de ficar livre na sociedade, voltando a cometer novos delitos. Inclusive,
em sua obra Vigiar e punir, Foucault cita várias formas de prisões que deram certo ao longo da História,
em especial para aquelas que se utilizaram do chamado “panóptico” de Bentham, que consiste numa torre
de vigi colocada no meio do presídio para que fosse possível ver tudo o que os detentos estivessem
fazendo.
ITEM II: CORRETO. Enrico Ferri, embora pertença à Escola Positivista, foi o primeiro autor que acrescentou
os estudos da sociologia na análise do fenômeno criminógeno, mantendo-se os fatores físico e
antropológico trabalhados por Lombroso.
ITEM III: CORRETO. De fato, Garófalo tratou do crime enquanto fenômeno natural regido pela antropologia
e pela sociologia.
ITEM IV: CORRETO. Realmente, o modelo tradicional da arquitetura prisional, destaca-se em Santa
Catarina, fugindo do convencional, a técnica denominada “cela prisional móvel”, consistente no
reaproveitamento de “conteiners” adaptados para uso na condição unidades celulares.
ITEM V: CORRETO. V também está correto, pois tal modelo de fato fora utilizado no estado de Santa
Catarina como alternativa aos presídios fixos, valendo-se de unidades móveis e mais fáceis de serem
utilizadas.
Gabarito: E
Comentários
Letra A: CERTA. Realmente essas são as diferenças básicas entre o Direito Penal que é ciência
dogmática cujo interesse é por normas positivadas e a Criminologia, ciência empírica cujo método é
interdisciplinar.
Letra B: CERTA. Com toda certeza a política criminal orienta a evolução legislativa. Ademais, é
utilizada como filtro na escolha de soluções estudadas na ciência da criminologia a fim de criar as Leis
Penais, ou seja, o direito positivado.
Letra C: CERTA. São objetos de estudo da criminologia o delito, delinquente, a vítima e controle
social.
Letra D: ERRADA. Os institutos não se confundem. A despenalização não está ligada à abolitio
criminis, aliás, são institutos completamente diferentes. Se de um lado na despenalização eu tenho a
substituição de uma pena privativa de liberdade por outra pena mais branda, a título de exemplo,
podemos utilizar o art. 28 da Lei de Drogas, de outro, na abolitio criminis o tipo penal é
descriminalizado, a conduta deixa de ser crime e põe-se um fim também nas penas.
Letra E: CERTA. É isso mesmo, o Direito Penal simbólico é aquele cuja finalidade é tipificar condutas
para atender ao clamor social momentâneo, sendo, na prática, leis com efeitos reais mínimos ou
quase inexistentes. É lei para cego ver, leis sensacionalistas com finalidade, geralmente política.
Gabarito: D
Comentários
Letra A: ERRADA. A criminologia não é ciência normativa, tampouco se preocupa com a repressão
social contra o delito por meio de regras coibitivas, cuja transgressão implica sanções. Ao contrário, a
criminologia é ciência autônoma, empírica e interdisciplinar, importante fonte de informação para
estratégias de prevenção criminal conferindo subsídios à políticas públicas.
LETRA C: ERRADA. Erradíssimo, quase toda absurda a assertiva. Primeiro que a não é objetivo da
criminologia a criação ou estabelecimento de comandos legais de repressão à criminalidade e
despreza. Segundo que ela não se ocupa em estudar o homem apenas em seu aspecto antropológico,
essa é apenas uma das teorias vista no decorrer do estudo, é a teoria de Lombroso. Finalmente. A
criminologia considera sim o meio social como fatores criminógenos. Assertiva erradíssima, para ficar
mais errada que isso faltou dizer que a finalidade da criminologia como ciência é buscar a
ressocialização ou a eliminação do crime.
LETRA D: ERRADA. Embora estese sejam os objetos de estudo da criminologia, não são tidos a partir
de fatos abstratos. Ao contrário, a criminologia parte do concreto para a formulação de teorias
abstratas.
LETRA E: ERRADA. Está errada a segunda parte da assertiva, pois, embora a criminologia tenha como
objeto de estudo a diversidade patológica e a disfuncionalidade do comportamento criminal do
indivíduo delinquente ela não produz fundamentos seguros, de nenhuma ordem, para definições
jurídico-formal do crime e da pena.
Gabarito: B
LISTA DE EXERCÍCIOS
1. (CESPE/MA DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL – 2018) A criminologia considera que o papel da vítima
varia de acordo com o modelo de reação da sociedade ao crime. No modelo:
a. clássico, a vítima é a responsável direta pela punição do criminoso, sendo figura protagonista no
processo penal.
b. ressocializador, busca-se o resgate da vítima, de modo a reintegrá-la na sociedade.
c. retribucionista, o objetivo restringe-se ao ressarcimento do dano pelo criminoso à vítima.
d. da justiça integradora, a vítima é tida como julgadora do criminoso.
e. restaurativo, o foco é a participação dos envolvidos no conflito em atividades de reconciliação, nas
quais a vítima tem um papel central.
2. (CESPE/MA DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL – 2018) Dados publicados em dezembro de 2017 pelo
Ministério da Justiça mostram que o Brasil tem uma taxa de superlotação nos estabelecimentos
prisionais na ordem de 197,4%.
Sob o enfoque da prevenção da infração penal no Estado democrático de direito, a superlotação carcerária
aludida no fragmento de texto anterior é um problema que prejudica a
I prevenção primária.
II prevenção secundária.
6. (FGV/DPE-RO ANALISTA DE DEFENSORIA PÚBLICA – 2015) “Alunos rebeldes, que jogam bombas
no recreio, usam drogas ou cometem violência contra o professor são expulsos da escola. Depois,
expulsos novamente de outra instituição, acabam desistindo de estudar. Continuam cometendo
delitos até que, por fim, são recolhidos à Fundação Casa. A trajetória é muito conhecida por juízes da
Vara da Infância, que sabem que o resgate desses menores para a sociedade vai se tornando cada vez
mais difícil. No entanto, a aplicação da Justiça Restaurativa nas escolas do Estado de São Paulo tem
rompido esse ciclo de violência e recuperado adolescentes para o convívio social e escolar sem a
necessidade de aplicação de medidas de caráter meramente punitivo". (Portal CNJ em 06/01/2015).
Em relação à Justiça Restaurativa, analise as características a seguir:
a. somente I;
b. somente II;
c. somente I e III;
d. somente II e III;
e. I, II e III.
10. (VUNESP/SP MÉDICO LEGISTA – 2014) A Reforma Penal de 1984, que alterou integralmente a
Parte Geral do Código Penal e editou a Lei de Execução Penal, especialmente em dispositivos como o
cumprimento progressivo da pena privativa de liberdade, bem como a Lei n.º 9.714/98, que
reformulou o sistema de penas alternativas, são exemplos concretos da aplicação da teoria
sociológica da criminalidade conhecida como:
a. justiça restaurativa.
b. gradient tendency.
c. labbelling approach.
d. teoria da anomia.
e. terceira escola.
11. (VUNESP/SP AGENTE DE POLÍCIA – 2013) É correto afirmar que a Criminologia contemporânea
tem por objetos:
a. o delito, o delinquente, a vítima e o controle social.
b. a tipificação do delito e a cominação da pena.
c. apenas o delito, o delinquente e o controle social.
d. apenas o delito e o delinquente.
e. apenas a vítima e o controle social.
Numere as seguintes assertivas de acordo com a ideia de criminologia que representam, utilizando (1) para
a criminologia positivista e (2) para a escola liberal clássica do direito penal.
( ) Objetivava uma política criminal baseada em princípios como os da humanidade, legalidade e utilidade.
a. 1, 1, 2, 2, 1.
b. 1, 2, 1, 2, 2.
c. 2, 2, 1, 1, 1.
d. 2, 1, 2, 2, 2.
14. (UEG/GO DELEGADO DE POLÍCIA – 2018) Em Vigiar e Punir, Michel Foucault (1926-1984) aborda a
transformação dos métodos punitivos a partir de uma tecnologia do corpo, dentre cujos aspectos
fundamentais destaca-se:
a. a coexistência entre diversas economias políticas do castigo, mas, fundamentalmente, a mudança
qualitativa que representou substituição do carcerário pelo patibular.
b. o pensamento criminológico centrado na figura do homem delinquente, o que constitui a força
motriz para o surgimento e consolidação da prisão como mecanismo de controle.
c. o cumprimento dos fins declarados da pena de prisão na medida em que separa os espaços sociais
livres de castigo e os que devem ser objeto da repressão estatal.
d. o abandono completo do suplício corporal como tecnologia encarceradora que passa ser utilizada a
partir do século XIX.
e. o cárcere como dispositivo preponderante sobre o qual se ergue a sociedade disciplinar.
15. (VUNESP/SP AGENTE DE TELECOMUNICAÇÕES POLICIAL – 2018) É correto afirmar que as medidas
voltadas à população carcerária, com caráter punitivo e com desiderato na recuperação do recluso
para evitar, por meio da ressocialização, sua reincidência,
a. integram a prevenção primária, atacando a raiz do conflito e visando à recuperação do criminoso,
diminuindo-se os indicadores criminais.
b. são relevantes para a criminologia, impactando na diminuição dos indicadores criminais, entretanto
não podem ser consideradas como medidas de prevenção.
c. são relevantes para a criminologia e integram a prevenção terciária, visando à recuperação do
criminoso.
d. são relevantes para a criminologia, atacando a raiz do conflito e visando à recuperação do
criminoso, entretanto não podem ser consideradas como medidas de prevenção.
e. são relevantes para a vitimologia, atacando a raiz do conflito e visando à recuperação do criminoso,
entretanto não podem ser consideradas como medidas de prevenção.
16. (CESPE/GO DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO – 2017) Considerando que, para a criminologia, o
delito é um grave problema social, que deve ser enfrentado por meio de medidas preventivas,
assinale a opção correta acerca da prevenção do delito sob o aspecto criminológico.
a. A transferência da administração das escolas públicas para organizações sociais sem fins lucrativos,
com a finalidade de melhorar o ensino público do Estado, é uma das formas de prevenção terciária
do delito.
b. O aumento do desemprego no Brasil incrementa o risco das atividades delitivas, uma vez que o
trabalho, como prevenção secundária do crime, é um elemento dissuasório, que opera no processo
motivacional do infrator.
c. A prevenção primária do delito é a menos eficaz no combate à criminalidade, uma vez que opera,
etiologicamente, sobre pessoas determinadas por meio de medidas dissuasórias e a curto prazo,
dispensando prestações sociais.
d. Em caso de a Força Nacional de Segurança Pública apoiar e supervisionar as atividades policiais de
investigação de determinado estado, devido ao grande número de homicídios não solucionados na
capital do referido estado, essa iniciativa consistirá diretamente na prevenção terciária do delito.
e. A prevenção terciária do crime consiste no conjunto de ações reabilitadoras e dissuasórias atuantes
sobre o apenado encarcerado, na tentativa de se evitar a reincidência.
17. (CESPE/PE DELEGADO DE POLÍCIA – 2016) A criminologia reconhece que não basta reprimir o
crime, deve-se atuar de forma imperiosa na prevenção dos fatores criminais. Considerando essa
informação, assinale a opção correta acerca de prevenção de infração penal.
a. Para a moderna criminologia, a alteração do cenário do crime não previne o delito: a falta das
estruturas físicas sociais não obstaculiza a execução do plano criminal do delinquente.
b. A prevenção terciária do crime implica na implementação efetiva de medidas que evitam o delito,
com a instalação, por exemplo, de programas de policiamento ostensivo em locais de maior
concentração de criminalidade.
c. No estado democrático de direito, a prevenção secundária do delito atua diretamente na
sociedade, de maneira difusa, a fim de implementar a qualidade dos direitos sociais, que são
considerados pela criminologia fatores de desenvolvimento sadio da sociedade que mitiga a
criminalidade.
d. Trabalho, saúde, lazer, educação, saneamento básico e iluminação pública, quando oferecidos à
sociedade de maneira satisfatória, são considerados forma de prevenção primária do delito, capaz
de abrandar os fenômenos criminais.
e. A doutrina da criminologia moderna reconhece a eficiência da prevenção primária do delito, uma
vez que ela atua diretamente na pessoa do recluso, buscando evitar a reincidência penal e
promover meios de ressocialização do apenado.
a. terciária.
b. quinária.
c. secundária.
d. primária.
e. quaternária.
20. (INSTITUTO ACESSO/ES DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL – 2019) No Estado Democrático de Direito a
prevenção criminal é integrante da agenda federativa passando por vários setores do Poder Público,
não se restringindo à Segurança Pública e ao Judiciário. Com relação à prevenção criminal, assinale a
afirmativa correta:
a. A prevenção primária se orienta aos grupos que ostentam maior risco de protagonizar o problema
criminal, se relacionando com a política legislativa penal e com a ação policial.
b. A prevenção secundária corresponde a estratégias de política cultural, econômica e social, atuando,
por exemplo, na garantia da educação, saúde, trabalho e bem-estar social.
c. A prevenção terciária se orienta aos grupos que ostentam maior risco de protagonizar o problema
criminal, se relacionando com a política legislativa penal e com a ação policial.
d. A prevenção secundária tem como destinatário o condenado, se orientando a evitar a reincidência
da população presa por meio de programas reabilitadores e ressocializadores.
e. A prevenção primária corresponde a estratégias de política cultural, econômica e social, atuando,
por exemplo, na garantia da educação, saúde, trabalho e bem-estar social.
GABARITO
1. E
2. B
3. C
4. A
5. E
6. C
7. A
8. B
9. B
10. C
11. A
12. A
13. C
14. B
15. C
16. E
17. D
18. C
19. D
20. E
21. A