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FACULDADE DE ESTUDOS SOCIAIS DO ESPÍRITO SANTO

CURSO DE DIREITO

HERYLLEN SABINO AZEVEDO NÚNIS


LEANDRO JUNIO DE MELO PIEDADE
LEIDSON DA COSTA E SOUZA
JOSÉ VINÍCIUS PEREIRA
MAYARA PEREIRA MARTINS FURTADO
THAMIRIS TEIXEIRA DA SILVA DE BRITO
VANDO DE SOUZA GUSMÃO
WENDERSON FIALHO DA SILVA

ENCARCERAMENTO BRASILEIRO:
UMA QUESTÃO DE HUMANIDADE

CARIACICA-ES
2021
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HERYLLEN SABINO AZEVEDO NÚNIS


LEANDRO JÚNIOR DE MELO PIEDADE
LEIDSON DA COSTA E SOUZA
JOSÉ VINÍCIUS PEREIRA
MAYARA PEREIRA MARTINS FURTADO
THAMIRIS TEIXEIRA DA SILVA DE BRITO
VANDO DE SOUZA GUSMÃO
WENDERSON FIALHO DA SILVA

ENCARCERAMENTO BRASILEIRO:
UMA QUESTÃO DE HUMANIDADE

Trabalho apresentado à disciplina de Hermenêutica


Jurídica, para compor parte da nota avaliativa do 1º
período do curso de Direito, sob orientação do prof.
Halley Jhason Medeiros Mendes.

CARIACICA-ES
2021
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 3
2 O SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO E A RESSOCIALIZACÃO.............................4
3 PROBLEMAS ENFRENTADOS DENTRO DO SISTEMA PRISIONAL......................5
4 REINTEGRAÇÃO SOCIAL.........................................................................................5
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................5
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................5
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1 Introdução

Este artigo tem por objetivo identificar as razões e as motivações que fazem o réu
primário a cometer novos crimes após sua vivência dentro da prisão, assunto esse que
tem suscitado vários debates em razão de que a falência do sistema prisional brasileiro
representa um dos mais graves problemas sociais da atualidade. Teoricamente, a
finalidade das penas privativas de liberdade é a reintegração social dos egressos,
controle e prevenção da criminalidade.

Na prática, as condições humanas e ambientais do cárcere no Brasil configuram-se


como a mola propulsora para a profissionalização criminal dos apenados. Os elevados
índices de reincidência e a realidade que tem sido frequentemente denunciada pela
imprensa demonstram que segregar os infratores nas prisões não tem sido instrumento
eficiente para se atingir os fins sociais previstos pela legislação penal brasileira. Com
tudo não é apenas a vida do indivíduo dentro do sistema prisional, mas sim, a
reintegração dele em sociedade e em como ele se ressocializa com o ambiente da qual
vive.

Há uma inegável discrepância entre a realidade do sistema prisional e o que é de fato


aplicado dentro desse processo. É imprescindível fomentar que as leis regulamentadas
dentro da vigência que atua nesse poder em questão preconizam todo o amparo do
sujeito em sua viabilidade subjetiva. Sem a pretensão de esgotar o assunto,
considerada sua complexidade e dimensão, buscou-se identificar as principais questões
relacionadas ao colapso do cárcere no país.

A falta de política pública e o descaso é algo recorrente no que diz respeito ao processo
de reincidência e ressocialização do indivíduo no espaço onde vive. Para possibilitar a
ressocialização, ou seja, o convívio em sociedade após o cárcere dos presos é
necessário colocar em prática as normas existentes no ordenamento jurídico.

A solução para que a ressocialização se efetive é uma política carcerária que garanta
dignidade e humanização ao preso em todos os sentidos e que, principalmente seja
significativa para a construção do sujeito reincido na sociedade.

Em face disso é importante salientar, e principalmente, se atentar para uma questão


relevante referente ao Direito e que faz parte do cotidiano das questões sociais do país,
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cujo virou objeto do problema principal da pesquisa em questão: Qual a influência da


reincidência no encarceramento brasileiro? Existe uma gama que fomenta a discussão
inicial demarcada pelos seguintes questionamentos: à mudança de estado do réu
primário para réu reincidente justificaria a aplicação de pena mais rigorosa, em respeito
ao princípio da individualização da pena.

Por outro lado, mesmo reincidente, o réu tem direito a uma pena que cumpra a função
de prevenção especial positiva de forma que apesente métodos como à APAC. Mas o
que é um réu reincidente de acordo com o Código Penal? Segundo o Artigo 63 do
Código Penal, “verifica-se à reincidência quando o agente comete novo crime, depois
de transitar em julgado à sentença que, no país ou no estrangeiro, o tenha condenado
por crime anterior”.

É de suma importância fomentar que a violência e o sistema carcerário brasileiro têm


aumentado descontroladamente atualmente. Pode-se observar que o presídio está
superlotado e sem espaço, configurando assim em um sistema precário e totalmente
sem estrutura para receber o indivíduo que precisa cumprir uma pena.

As principais características da maioria dos reincidentes são; jovens de gênero


masculino, com baixa escolaridade e classe social baixa. Pois a vivência em sociedade
é ´monomaníaca` onde está imperando a desigualdade social, e a lei do consumismo, ´
que poucos tem muito e muitos nada tem`.

Os projetos como a APAC e outros, lutam e fazem sua parte, porém quando estas
pessoas saem de lá até tendo uma profissão, além de malvistos pela sociedade,
quando vão à procura de serviço os empregadores em sua maioria pedem atestado de
bons antecedentes, e de imediato ficam receosos de oferecer o serviço, tirando a
chance desse cidadão de arrumar um emprego e ser novamente inserido no mercado
de trabalho.

2 O SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO E A RESSOCIALIZACÃO

O sistema prisional brasileiro tem como objetivo a ressocialização e a punição da


criminalidade. O senso comum é de que o encarceramento seja o instrumento
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disponível pelo Estado para proteger a sociedade de indivíduos que, pela prática
infrações, possam colocar em risco o equilíbrio e a segurança da vida em comunidade.
Entretanto, a realidade que tem sido denunciada é de que a prisão cumpre finalidades
incompatíveis com as propostas de reintegração social do infrator e de controle da
criminalidade.

Ao contrário, durante o período de segregação, os apenados são preparados para


prática de crimes mais graves e por um alto custo operacional para o Estado. Os
grupos criminosos que se formam na comunidade carcerária mandam e desmandam na
organização dos presídios.

As péssimas condições de higiene, alimentação, assistência médica e jurídica


aumentam a revolta dos presos. A ingerência do Estado, a corrupção e o mau-preparo
dos funcionários públicos agravam o problema, tornando o ambiente prisional
incompatível com as finalidades previstas pela lei. Assim sendo, o Estado assume a
responsabilidade de combater os crimes, isolando o sujeito da sociedade, através da
prisão, e privando de sua liberdade, deixando de ser um risco para a sociedade. Sobre
este posicionamento, Foucault (2011) ensina:

[...] a reforma propriamente dita, tal como ela se formula


nas teorias do direito ou que se esquematiza nos
projetos, é a retomada política ou filosófica dessa
estratégia, com seus objetivos primeiros: fazer da
punição e da repressão das ilegalidades uma função
regular, extensiva à sociedade; não punir menos, mas
punir melhor; punir talvez com uma severidade atenuada,
mas para punir com mais universalidade e necessidade;
inserir mais profundamente no corpo social o poder de
punir. (FOUCAULT, 2011, p.79)

Dessa forma, segundo Ottoboni (2001) “O delinquente é condenado e preso por


imposição da sociedade, ao passo que recuperá-lo é um imperativo de ordem moral, do
qual ninguém deve se escusar”. O sistema carcerário no Brasil está precisando cumprir
a legalidade, pois a precariedade e as condições subumanas que os detentos vivem
atualmente são assuntos delicados.
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Tendo em vista, que os presídios se tornaram grandes e aglomerados depósitos de


pessoas, tem-se que a superlotação, a falta de assistência média e até mesmo higiene
pessoal, acarretam doenças graves e incuráveis, onde o mais forte irá subordinar o
mais fraco. Assim, Assis (2007) dispõe que:

O sistema penal e, consequentemente o sistema prisional


não obstante sejam apresentados como sendo de
natureza igualitária, visando atingir indistintamente as
pessoas em função de suas condutas, têm na verdade
um caráter eminentemente seletivo, estando estatística e
estruturalmente direcionado às camadas menos
favorecidas da sociedade. (ASSIS, 2007)

Ainda expressa Mirabete (2008) que:

A falência de nosso sistema carcerário tem sido


apontada, acertadamente, como uma das maiores
mazelas do modelo repressivo brasileiro, que,
hipocritamente, envia condenados para penitenciárias,
com a apregoada finalidade de reabilitá-lo ao convívio
social, mas já sabendo que, ao retornar à sociedade,
esse indivíduo estará mais despreparado,
desambientado, insensível e, provavelmente, com maior
desenvoltura para a prática de outros crimes, até mais
violentos em relação ao que o conduziu ao cárcere.
(MIRABETE, 2008, p. 89)

Ainda neste sentido, afirma o autor D’urso (1999) que:

A nação reclama reformas profundas no sistema;


portanto, caberá às autoridades observar os reclamos da
população e com esta dividir a responsabilidade do ônus
social do homem preso e do sucesso de sua
recuperação, o que, até hoje, lamentavelmente, se tem
mostrado como uma grande utopia. (D’URSO 1999, p.
54)

Sendo que na visão do autor Casella (1980) ele diz que:

Múltiplas são as funções do trabalho do presidiário,


reconhecidas como verdadeiras necessidades:
1

favorecem o estado psicológico para que o condenado


aceite sua pena; impedem a degeneração decorrente do
ócio; disciplinam a conduta; contribuem para a
manutenção da disciplina interna; prepará-lo para a
reintegração na sociedade após a liberação; permitem
que os presidiários vivam por si próprios. (CASELLA,
1980, p. 424)

Com todas as indagações teóricas, é importante salientar que tanto a sociedade,


quanto o estado, possui um papel fundamental na integração do preso perante a sua
liberdade. Papel do qual só é evidente, quando o sujeito se depara com a realidade no
mercado de trabalho, no convívio social entre outros.

Portanto, ressocializar é dar ao preso o suporte necessário para reintegrá-lo a


sociedade, é buscar compreender os motivos que o levaram a praticar tais delitos, é dar
a ele uma chance de mudar, de ter um futuro melhor independente daquilo que
aconteceu no passado e principalmente, desenvolver práticas e atividades que
possibilita a inserção desse indivíduo rente a população.

3 PROBLEMAS E DESAFIOS DENTRO DO SISTEMA PRISIONAL

No Brasil, o cumprimento das penas privativas de liberdade é disciplinado pela


Constituição Federal, pelo Código Penal e regulamentado pela Lei 7210/84, a Lei de
Execuções Penais (LEP), que tem como foco a ressocialização do apenado. Entretanto,
observa-se uma enorme distância entre as disposições legais e a realidade.

A integridade física e moral dos detentos é prevista como cláusula pétrea na


Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso XLIX. O artigo 38 do Código Penal dispõe
que o preso conserva todos aqueles direitos não atingidos pela perda da liberdade,
como, por exemplo, alimentação suficiente e vestuário, proporcionalidade na
distribuição do tempo para o trabalho, descanso e recreação, assistência à saúde,
jurídica e à educação.

Um dos principais problemas enfrentado dentro do sistema prisional é a superlotação,


devido ao elevado número de presos, sendo um dos mais graves obstáculo envolvendo
o sistema penal atualmente. Assim como também, a falta de assistência médica,
1

violência, higiene e alimentação aos presos, fatores que contribuem para a decadência
do sistema prisional brasileiro. Afinal, a desestruturação ocasiona o descrédito da
prevenção e da reabilitação do condenado, ante um ambiente, cujo fatores culminaram
para que chegasse a um cenário precário.

A Lei de Execução Penal, por exemplo, estabelece, em seu art. 88, que o cumprimento
de pena segregatória se dê em cela individual com área mínima de 6 metros
quadrados, o que, como é sabido por tudo o que é amplamente divulgado pela
imprensa, não ocorre nas penitenciárias nacionais.

Além disso, o art. 85 da LEP prevê que deve haver compatibilidade entre a estrutura
física do presídio e a sua capacidade de lotação, entretanto, a superlotação tem como
efeito imediato não só a violação das normas da LEP, mas também, de princípios
constitucionais.

Indagando à superlotação prisional expõe o autor Camargo (2005) que:

As prisões encontram-se abarrotadas, não fornecendo ao


preso a sua devida dignidade. Devido à superlotação
muitos dormem no chão de suas celas, às vezes no
banheiro, próximo a buraco de esgoto. Nos
estabelecimentos mais lotados, onde não existe nem
lugar no chão, presos dormem amarrados às grades das
celas ou pendurados em rede. Contudo, a superlotação
prisional no Brasil é diversa do artigo 85 da Lei de
Execução Penal, o qual prevê, “O estabelecimento penal
deverá ter lotação compatível com a sua estrutura e
finalidade”. (CAMARGO, 2005)

Contudo, a superlotação prisional no Brasil é diversa do artigo 85 da Lei de Execução


Penal, o qual prevê, “O estabelecimento penal deverá ter lotação compatível com a sua
estrutura e finalidade”. Nas expressões de Assis (2007), em relação ao descaso nos
presídios, diz que:

A superlotação das celas, sua precariedade e sua


insalubridade tornam as prisões num ambiente propício à
proliferação de epidemias e ao contágio de doenças.
Todos esses fatores estruturais aliados ainda à má
1

alimentação dos presos, seu sedentarismo, o uso de


drogas, a falta de higiene e toda a lugubridade da prisão,
fazem com que um preso que adentrou lá numa condição
sadia, de lá não saia sem ser acometido de uma doença
ou com sua resistência física e saúde fragilizadas.
(ASSIS, 2007)

Devido a esta lotação de presos no sistema prisional brasileiro, dificulta a separação


dos considerados de alta periculosidade dos que cometeram crimes mais leves,
fazendo assim, que ambos convivam. No entanto, essa realidade contradiz o que
preceitua o artigo 84 da Lei de Execução Penal, dispondo que “o preso provisório ficará
separado do condenado por sentença transitada em julgado. 1º: O preso primário
cumprirá pena em seção distinta daquela reservada para os reincidentes”.

Assim o artigo 88 da LEP dispõe que:

Art. 88. O condenado será alojado em cela individual que


conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório.
Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade
celular:

a) salubridade do ambiente pela concorrência dos


fatores de aeração, insolação e condicionamento
térmico adequado à existência humana;

b) ) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados).


Este é um dos artigos mais discordante se
comparado a realidade, tendo em vista, que na
maioria dos presídios as condições de vida dos
apenados são precárias.

É difícil falar em ressocialização dos presos, quando o sistema prisional não oferece as
condições para a aplicação do que está estabelecido no artigo 83 da LEP que prevê, “o
estabelecimento penal, conforme a sua natureza, deverá contar em suas dependências
com áreas e serviços destinados a dar assistência, educação, trabalho, recreação e
prática esportiva”. (OLIVEIRA, 2007)
1

Então, se observa que na prática não são todos os estabelecimentos penais que
cumprem os referidos dispositivos legais, consequentemente, impossibilitando a
ressocialização dos apenados.

4 REINTEGRAÇÃO SOCIAL

No que diz respeito ao trabalho do preso, a pesquisa oficial, realizada em abril de 2006,
indica que apenas 33,16 % da população carcerária paulista exercem algum trabalho
na prisão. Mais uma vez, observa-se um hiato entre teoria e prática penitenciária. A Lei
de Execuções Penais estabelece, no artigo 41, inciso II, que constitui um direito do
preso a atribuição de trabalho e sua remuneração. O artigo 32 dispõe que as atividades
atribuídas aos apenados devem considerar suas habilidades pessoais, suas condições
físicas e as oportunidades oferecidas pelo mercado para quando recuperar sua
liberdade.

Na prática, não é o que acontece. Em tese, o trabalho deveria ser um item importante
no processo de recuperação do infrator. Entretanto, a prisão opera na contramão dos
objetivos sociais a que foi destinada. Os percentuais apontados pelas estatísticas de
2004, realizada pela FUNAP, Fundação Nacional de Amparo ao Preso, são reveladores
desta realidade. Da população carcerária do Estado de São Paulo, considerada
naquele período, 42% não trabalhavam. Dos que trabalhavam, a metade era
remunerada com a importância de R$20,00 por mês. Apenas 5% recebiam salários
entre R$81,00 e R$120,00.

Como consequência, o preso sente-se desmotivado a exercer trabalhos incompatíveis


com suas habilidades e que, em regra, não ensejam perspectivas futuras de inserção
social dos egressos. Na realidade, a motivação ao trabalho penal está relacionada
somente à possibilidade de remição da pena. Ainda na pesquisa realizada pela FUNAP
apurou que a situação da educação dentro dos presídios é tão grave quanto a do
trabalho: 89% da população carcerária masculina e 79% da feminina não se motivam
aos cursos profissionalizantes oferecidos 5402 na prisão. Até maio de 2006, apenas
16,40% dos presos paulistas participam dos programas à disposição no sistema.
1

A educação oferecida dentro dos presídios não viabiliza projetos futuros. As condições
em que as aulas são ministradas desestimulam tanto os professores quanto a
comunidade carcerária: o material didático é escasso e os locais, improvisados. Além
de não oferecer uma estrutura para ambos. Um dos principais fatores do alto nível de
criminalidade é o desemprego e deste, um mercado de trabalho cada vez mais
exigente. Por esta razão, aqueles que não tiveram acesso à cultura e à educação
adequadas são condenados à exclusão.

Quanto ao grau de escolaridade dos apenados, na ocasião de seu encarceramento, o


último censo penitenciário apontou que 83% dos presos paulistas, possuem apenas
ensino fundamental. Estes dados, de certo modo, refletem a realidade social do
brasileiro. Pesquisa realizada em julho de 2005 na região metropolitana de São Paulo
apurou que 17,5 % da população ativa estavam desempregados, sendo que a maior
parte não possui o ensino fundamental completo.

Conforme revelam os dados oficiais, de um total de cento e um mil, duzentos e


cinquenta e dois delitos julgados, 59 % foram relativos a crimes praticados contra o
patrimônio. Trata-se de um círculo vicioso: má-formação escolar, desemprego,
criminalidade e aumento da população carcerária. Evidentemente, nem todos os
desempregados se entregam a práticas criminosas, mas desemprego e criminalidade
são fatores que estão intimamente ligados.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se, ante a realidade do sistema prisional brasileiro que o tratamento dos presos
é totalmente indigno, uma vez que não são tratados como pessoas detentoras de
direitos e deveres, garantidos pela Constituição. Sendo que a Constituição declara que
a dignidade da pessoa humana é um fundamento do Estado democrático de direito
brasileiro. Além de que o Estado deve permanecer em função de todos os cidadãos
brasileiros. A vista disso é inconstitucional violar o princípio da dignidade da pessoa
humana. Enfatizando ainda, que se quer ocorrer o cumprimento legal dos direitos e
garantias resguardadas ao preso.
1

É importante destacar que o Objetivo da Lei de Execução Penal é fazer com que o
criminoso cumpra sua pena e que ao cumprir não venha cometer outro delito. Por isso,
o intuito de ressocialização para que o indivíduo tenha uma nova chance de
permanecer na sociedade, porém fazer com que ele não seja reincidente, ou seja, não
venha a praticar nenhuma ilicitude novamente.

A função de ressocializar do preso foi enfatizada no presente artigo, haja vista a


finalidade de reintegrar o agente criminoso na sociedade. como foi apresentado no
artigo o sistema prisional brasileiro muitas vezes é precário e contraria o previsto na Lei
de Execução Penal. Sendo evidente que o tratamento dos presos influencia para a sua
ressocialização.

Outro grande problema é a superlotação carcerária, tendo em vista, que muitos presos
convivem em uma cela que não supre o número de presos, tampouco segue o devido
cumprimento legal estabelecido na Lei de Execução Penal. Ambiente esse, onde o mais
forte prevalece sobre o mais fraco, gerando muito abalo físico e moral, além da falta de
privacidade, presença de doença, sujeira e estresse, local este que a lei prevê total
subsídio ao preso. Um verdadeiro reflexo desumano que se depara na sociedade
quando o preso estiver inserido nela.

Observa-se que os direitos previstos tanto na Constituição quanto na Lei de Execução


Penal precisam ser mantidos, pois embora o sistema prisional se encontra em uma
situação lamentável, o poder público dispõe de recursos suficientes para reconstituir o
sistema prisional brasileiro proporcionando aos presos a sua ressocialização, entretanto
a única coisa que falta é a iniciativa do Estado.

Chega-se à conclusão, ante o exposto que seria essencial e necessária a construção


de novas unidades prisionais, com objetivo de desafogar esse sistema superlotado e
solucionar vários outros problemas como a falta de assistência médica, higiene e
alimentação, diminuindo consequentemente a transmissão de doenças, muitas vezes
incuráveis. Dessa forma, fazer com que ocorra o devido cumprimento legal.

É necessário repensar as relações do poder e refletir eticamente a respeito dos valores


vigentes na sociedade contemporânea. Para reverter o caos em que se encontra o
sistema penitenciário é necessária a superação de limites.
1

A extinção do cárcere não se apresenta como uma solução que possa trazer resultados
práticos imediatos, até porque a sociedade atual não comporta a abolição do sistema
penitenciário. Não se espera zerar os índices de reincidência e de criminalidade. Mas é
possível vislumbrar instrumentos capazes de minimizar os efeitos negativos da prisão e
de garantir um mínimo de segurança ao meio social. Entre sociólogos e juristas, várias
propostas são discutidas. Entre elas, há o entendimento geral de que diminuir a
superlotação carcerária é uma das mais urgentes medidas necessárias para amenizar
os sintomas. Entretanto, não basta criar estabelecimentos penais.

É necessário reservar a prisão apenas para os casos em que não haja outra forma
punitiva viável, evitando-se que os estabelecimentos penais se transformem em meros
depósitos de mazelas sociais. Além disso, os estudiosos do assunto entendem ser
necessário e urgente aprimorar os mecanismos de acompanhamento da execução da
pena, haja vista que há casos em que, mesmo cumprido o tempo de prisão imposta, o
apenado continua encarcerado por absoluta falta de controle do estabelecimento penal,
carência de vagas no regime semiaberto ou por morosidade da Vara de Execuções.

O desenvolvimento de programas de informatização ligando o sistema penitenciário, o


Ministério Público e Poder Judiciário, agilizaria a execução penal e representaria uma
contribuição ímpar para o desafogamento das prisões. As propostas apresentadas
também convergem no sentido de que a separação classificatória dos presos é
indispensável para a consecução das finalidades da pena de prisão, evitando-se que
infratores ocasionais se “especializem” pelo convívio com infratores “profissionais”.

Neste sentido, há o entendimento de que é urgente um investimento em capacitação


técnica de profissionais para realização adequada do exame criminológico, tanto para a
classificação dos presos, quanto para a concessão de benefícios aos mesmos. Na
prática, a progressão de regime e os indultos são concedidos sem nenhum estudo
criterioso do comportamento do apenado.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

TJRN - Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte. APAC tem reincidência quatro
vezes menor que regime comum no RN. Conselho Nacional de Justiça CNJ, 2017.
1

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em visita a Apac de Santa Luzia – MG. 2019. Disponível em:<
https://defatoonline.com.br/sergio-moro-conhece-modelo-de-ressocializacao-de-presos-
em-visita-a-apac-de-santa-luzia/>. Acesso em: 15 de setembro de 2021.

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NOVELLI, Rodrigo Fernando. A Teoria do garantismo penal e o princípio penal da


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2014.
1

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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm>. Acesso em: 16 de
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1

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