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Aula 07

Criminologia p/ PC-PR (Delegado) -


Pós-Edital

Autores:
Paulo Bilynskyj, Beatriz V. P.
Pestilli
Aula 07
15 de Abril de 2020

80584989806 - Enzo Eenato


Paulo Bilynskyj, Beatriz V. P. Pestilli
Aula 07

Sumário
1 – Noções introdutórias.................................................................................................................................... 5

2 – Prevenção Criminal: Noções ........................................................................................................................ 6

2.1 – Prevenções em matéria penal - diverge da criminológica .................................................................... 8

2.1.1 – Prevenção Geral....................................................................................................................................................


1503104
9

2.1.2 – Prevenção Especial ............................................................................................................................................. 11

2.2 – Prevenções em matéria Criminológica – diverge da penal ................................................................. 20

2.2.1 – A Prevenção como dissuasão ............................................................................................................................. 21

2.2.2 – A Prevenção como intervenção seletiva no cenário do crime ........................................................................... 21

2.2.3 – A Prevenção como prevenção especial .............................................................................................................. 21

2.3 – Modelos Teóricos básicos de prevenção ao Delito.............................................................................. 22

2.3.1 – Modelo Clássico .................................................................................................................................................. 24

2.3.2 – Modelo Neoclássico ............................................................................................................................................ 25

2.4 – Espécies ou Classificações da prevenção – por Medina ...................................................................... 26

2.4.1 – Dimensão Clássica............................................................................................................................................... 27

A – Prevenção Primária .................................................................................................................................................. 28

O tema em provas .......................................................................................................................................................... 29

B – Prevenção Secundária .............................................................................................................................................. 31

O tema em provas .......................................................................................................................................................... 33

C – Prevenção Terciária .................................................................................................................................................. 34

O tema em provas .......................................................................................................................................................... 35

2.4.2 – Dimensão Política ............................................................................................................................................... 37

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A – Modelo Tradicional................................................................................................................................................... 37

B – Modelo liberal........................................................................................................................................................... 38

C – Modelo Radical ......................................................................................................................................................... 38

2.4.3 – Dimensão Pluridimensional ................................................................................................................................ 38

A – Prevenção por meio do sistema de justiça penal ..................................................................................................... 39

B – Prevenção situacional do delito ............................................................................................................................... 40

O tema em provas .......................................................................................................................................................... 41

C – Prevenção comunitária ............................................................................................................................................. 41

D – Prevenção evolutiva ou de desenvolvimento .......................................................................................................... 42

2.5 – Os Fatores Sociais como influenciadores criminológicos .................................................................... 42

2.5.1 – Pobreza E Miséria ............................................................................................................................................... 43

O Tema em provas .......................................................................................................................................................... 43

2.5.2 – Sistema Econômico ............................................................................................................................................. 44

2.5.3 – Educação ............................................................................................................................................................. 44

2.5.4 – Meios De Comunicação ...................................................................................................................................... 44

O Tema em provas .......................................................................................................................................................... 44

2.5.5 – Mal Vivência........................................................................................................................................................ 45

O Tema em provas .......................................................................................................................................................... 46

2.5.6 – Habitação ............................................................................................................................................................ 46

2.5.7 – Política ................................................................................................................................................................ 46

O Tema em provas .......................................................................................................................................................... 47

2.5.8 – Preconceito ......................................................................................................................................................... 47

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3 – Modelos de reação ao crime ...................................................................................................................... 48

3.1 – Modelo Clássico ou Dissuasório .......................................................................................................... 49

3.2 – Modelo Ressocializador ....................................................................................................................... 51

3.3 – Modelo Restaurador............................................................................................................................ 55

O tema em provas .......................................................................................................................................................... 58

4 - Processos de Criminalização ....................................................................................................................... 59

4.1 - Criminalização Primária ...................................................................................................................... 59

4.2 – Criminalização Secundária .................................................................................................................. 61

4.2.1 – Desvio Secundário ou efeito reprodutor da criminalização ............................................................................... 63

5 – Estatística Criminal e Cifras Criminais da Criminologia Contemporânea .................................................. 64

5.1 – Cifra Negra .......................................................................................................................................... 66

 O tema em provas ................................................................................................................................................... 67

 O tema em provas ................................................................................................................................................... 72

5.2 – Cifra Dourada ...................................................................................................................................... 73

5.2.1 - Fatores de natureza social ................................................................................................................................... 75

5.2.2 - Fatores de natureza jurídico-formas ................................................................................................................... 75

5.2.3 - Fatores de natureza econômica .......................................................................................................................... 76

 O tema em provas ................................................................................................................................................... 76

5.3 – Cifra Cinza............................................................................................................................................ 78

5.4 – Cifra Amarela....................................................................................................................................... 80

5.5 – Cifra Verde ........................................................................................................................................... 80

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Resumo............................................................................................................................................................. 81

Destaques à Jurisprudência e Legislação ......................................................................................................... 91

Principais artigos .......................................................................................................................................... 91

Art. 59, CP – Dosimetria para prevenção ....................................................................................................................... 91

Individualização da pena (art. 5º, XLVI, CF) .................................................................................................................... 92

Legalidade (art. 5º, XXXIX, CF). ....................................................................................................................................... 92

Art. 126 LEP – Modelo Ressocializador no Brasil ............................................................................................................ 92

Arts. Da Lei 9.099/95 – Modelo Restaurador ................................................................................................................. 93

Súmulas ........................................................................................................................................................ 94

Súmula Vinculante nº 56 ................................................................................................................................................ 94

Considerações finais......................................................................................................................................... 94

Questões comentadas...................................................................................................................................... 95

Lista de questões............................................................................................................................................ 112

Gabarito ..................................................................................................................................................... 132

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PREVENÇÃO DA INFRAÇÃO PENAL NO ESTADO


DEMOCRÁTICO DE DIREITO
1 – NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
Guerreiros,

Na aula passada, falamos sobre a Criminologia Contemporânea, de modo que foi possível demonstrar a
disciplina como uma ciência em constante evolução, demonstrando, portanto, uma Criminologia:

 Amadurecida;
 Esticada em teorias, modelos, teses, metodologias e ideologias.

Falamos sobre a forma e métodos que ela tem sido empregada em nosso Estado Democrático de Direito.

Amadurecemos no conceito contemporâneo e vimos que, predominantemente, em um Estado


Democrático de Direito, o plano de fundo possui uma orientação prevencionista. Isso significa que, seu
interesse é concentrando em evitar o delito, e não puni-lo, como antigamente.

Por isso, destacamos:

 Os modelos de justiça atual;


 Também falamos das prisões como fator de influência no sistema prevencionista;
 Destacamos as técnicas contemporâneas abordadas neste modelo de estado;
 Também abordamos os fatores sociais criminológicos atuais;
 Bem como os modelos de Criminologia contemporâneos.

Evoluindo em nossa aula, expliquei que em reforço à esta ideia prevencionista, programas dirigidos à
prevenção são criados e destaquei como exemplos os programas de: prevenção primária, prevenção
secundária e prevenção terciária, e que este seria o tema da nossa aula.

Nesse sentido, vale lembrar que:

Para garantir esta orientação prevencionista, medidas indiretas atuam sobre o delito. É dizer
que, em uma sociedade democrática, preliminarmente, o delito não é alcançado diretamente e

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sim, as causas das quais ele é o efeito. Ou seja, as medidas a serem adotadas devem ter como
alvo o indivíduo e o meio em que ele vive.
Sendo assim, no que tange ao indivíduo, deve-se observar: a personalidade, o caráter e o
temperamento, com a finalidade de verificar o que motiva sua conduta. Por outro lado, em
relação ao meio em que ele vive, ou ao meio social, a doutrina ressalta a importância de que
seu estudo seja feito no maior raio de alcance possível, com vistas a conjugar medidas: sociais,
políticas e econômicas que proporcionam uma melhoraria na qualidade de vida das pessoas.
Portanto, pode-se dizer que isto é Criminologia Contemporânea. É a adoção de todos estes
fatores, que somados, passam a ter uma medida de cunho prevencionista. A fim de garanti-la,
passaremos agora ao estudo do atual cenário democrático, do sistema carcerário, dos modelos
de justiça disponíveis, a forma de atuação da política criminal, os testes contemporâneos e
demais instrumentos utilizados a fim de se garantir este modelo prevencionista.

Dito isso, passaremos agora ao estudo da prevenção criminal e da reação social, como importantes fatores
criminológicos contemporâneos.

Boa aula.

2 – PREVENÇÃO CRIMINAL: NOÇÕES


Guerreiro,

Falar em prevenção criminal é falar em um conjunto de medidas, sejam elas públicas ou privadas,
adotadas a fim de impedir a prática de delitos, envolvendo não só:

 As políticas sociais para a redução da delinquência,


 Como também as políticas criminais com a formulação de respostas acertadas.

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Nas palavras de José Cesar Naves de Lima Júnior1:

A prevenção do delito consiste no conjunto de ações destinadas a evitar sua prática. Neste ponto, conforme
afirmado por Nestor Sampaio Penteado Filho, dois tipos de medidas são adotados para alcançar esta
finalidade, a primeira atingindo indiretamente o delito e a segunda, diretamente.

Neste caso, quanto às medidas indiretas, os autores referem-se àquelas que atuam sobre as causas do
delito, sendo que, quando se cessam, cessam-se também seus efeitos.

Com isso significa que o delito não é alcançado diretamente, mas sim suas causas das quais ele é efeito.
Estas medidas têm como alvo o indivíduo e o meio em que ele vive. Quanto ao indivíduo deve ser
examinada a personalidade, o caráter e temperamento, com vistas a motivar sua conduta.

Em contrapartida, no tocante ao meio social, é necessário seu estudo no maior raio de amplitude possível
de modo a conjugar medidas sociais, e políticas que proporcionam uma melhoria na qualidade de vida das
pessoas2.

E aqui vale um parêntese.

É necessário destacar que o tema prevenções, estudado a partir da Criminologia, não pode ser confundido
com aquele estudado em matéria penal.

Embora ambas tracem pontilhados de assuntos que se encontram, como por exemplo, as consequências
da aplicação da pena perante a sociedade e o criminoso, não trabalham o mesmo contexto no tocante às
prevenções.

1
LIMA JÚNIOR, José César Naves. Manual de Criminologia. 5ª. Edição. Revista atualizada e
ampliada. Salvador: Editora JusPodivm,2018. Pg. 103.

2 2
Op. Cit., p. 103

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Se de um lado ao analisar o art. 59 do CP, podemos extrair que o legislador impôs ao juiz que ao fazer a
dosimetria da pena atente-se à prevenção, veja:

Art. 59 – O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente,
aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima,
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.

E a partir disso, podemos dividir essa aludida prevenção em prevenção geral e especial,
sendo ainda subdivididas em positiva e negativa, e de outro, a Criminologia trouxe simplesmente a
prevenção dividida em três graus ou formas, a saber: primária, secundária e terciária.

2.1 – PREVENÇÕES EM MATÉRIA PENAL - DIVERGE DA


CRIMINOLÓGICA

Assim, merece destaque o seguinte esquema:

I - Prevenções do Direito Penal:

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Positiva

Geral

Negativa

PREVENÇÕES DP

Positiva

Especial

Negativa

2.1.1 – Prevenção Geral

Nesta, quando a pena é imposta a qualquer indivíduo, os demais componentes da sociedade reagem a
isso, podendo ser feito de forma positiva ou negativa:

a.) Prevenção Geral Positiva: vai ocorrer quando os cidadãos sentem o efeito da aplicação
da pena e integram-se socialmente, daí ter a função integradora. Em razão da aplicação da pena, a
sociedade acredita que o sistema penal funciona e fica unida em torno disso. É o que ocorre quando
alguém é preso por um crime qualquer que choca a nação, como um homicídio de pais contra
filhos. Diante da prisão e posterior aplicação da pena, a sociedade acredita que as leis penais estão
funcionando corretamente. Cumpre ressaltar que nem sempre a prevenção geral positiva tem os
seus efeitos sentidos socialmente. Veja-se o caso de crimes como os de colarinho branco, os quais
dificilmente são aplicadas as penas e devidamente punidos. Nesse tipo de criminalidade não existe
a prevenção geral positiva, ficando a sociedade desacreditada quanto à punição nesses crimes.
Assim, pode-se dizer que inexiste a prevenção geral positiva para os crimes de colarinho branco,
uma vez que eles são de difícil punição e a sociedade não coloca fé na aplicação de pena, o que gera
uma desintegração e fragilização na confiança nas Instituições. Nas palavras de Luhmann, há uma
quebra das expectativas sociais, o que gera, por consequência, uma desestabilização do sistema
diante da falibilidade da punição nos crimes de colarinho branco. Em virtude disso, ao contrário,
quando são feitas punições desse tipo de criminalidade de crimes de colarinho branco, a sociedade
passa a acreditar novamente no sistema penal, pois isso não é costumeiro historicamente no Brasil.

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Com a concretização de prisões e punições, a sociedade passa a integrar-se novamente (função


integradora) e acredita que existe uma luz no fim do túnel3.

b) Prevenção Geral Negativa: Também conhecida como função exemplificadora. É que, ao


aplicar uma pena a qualquer indivíduo, integrantes de uma sociedade vão entender isso como um
exemplo do que ocorre com alguém quando se comete certos tipos de crime. A mensagem recebida
pela sociedade é: ora, se alguém rouba, o sistema penal age rapidamente então, quem rouba será
punido pelo sistema penal.

A crítica da doutrina é relacionada aos crimes de colarinho branco. Para o Promotor de Justiça, Autor e
Professor Christiano Gonzaga, a prevenção geral negativa não é tão sentida em crimes desta espécie, já
que não são punidos, in verbis:

(...) prevenção geral negativa não é tão sentida, mais uma vez, nos crimes de colarinho-branco. Isso se dá
porque não há aplicação de penas para esse tipo de criminalidade. Dificilmente alguém é punido por esse tipo
de crime, o que causa na sociedade o estímulo de cometer esses delitos, uma vez que a punição é algo cada
vez mais distante. Hoje em dia, os crimes de colarinho-branco, por não serem devidamente punidos, geram até
uma certa ideia utilitarista na população de praticá-los, pois se ninguém está sendo punido e muitos estão
praticando, a sociedade passa a fazer igual e ingressar no mundo da criminalidade. Em virtude disso,
aumentam-se os crimes de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e certos crimes contra a
Administração Pública (peculato, corrupções passiva e ativa etc.). A impunidade desses crimes está ligada de
forma direta ao crescimento proporcional da prática dos crimes de colarinho-branco. São grandezas
inversamente proporcionais, pois quanto menor a punição maior o crescimento em progressão geométrica
desse tipo de delito.

3
GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva.
2018. p. 119.

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2.1.2 – Prevenção Especial

Aqui, a análise sobre os efeitos da pena é na pessoa do acusado e não na sociedade, ao contrário do que
propõe a prevenção geral.
Embora esta também seja dividida em prevenção positiva e prevenção negativa. Vejamos:

a. Prevenção especial positiva

Positiva foca o lado útil da aplicação da pena, consistente na ressocialização do condenado. Nas palavras
de Christiano Gonzaga4:

Na prevenção especial, quando alguém está cumprindo pena, devem ser permitidos a ele os benefícios da
execução penal, como a progressão de regime, a remição da pena pelo trabalho e pelo estudo, saídas
temporárias, entre outros. Somente com essa reinserção social gradativa é que a pena terá cumprido o seu
papel ressocializador.

É a partir deste viés ressocializador que o STF editou a Súmula Vinculante nº 56, em que se determina o
cumprimento da pena em regime domiciliar, caso inexistam os regimes semiaberto e aberto5:

A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional
mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS.

4
GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva.
2018. p. 120.

5
STF. Plenário. Aprovada em 29/06/2016.

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Neste caso, imagine a seguinte situação:

Exemplo.

Mévio, foi condenado à pena de 5 anos de reclusão, tendo o juiz fixado o regime semiaberto. Ocorre que,
no momento de cumprir a pena, verificou-se que não havia no local, estabelecimento destinado ao regime
semiaberto que atendesse todos os requisitos da LEP.

João poderá cumprir a pena no regime fechado enquanto não há vagas no semiaberto?

NÃO! Nos moldes da Súmula Vinculante nº 56, a falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a
manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso.

O juiz e professor Márcio Cavalcante6, explica:

No Brasil, adota-se o sistema progressivo. Assim, de acordo com o CP e com a LEP, as penas
privativas de liberdade deverão ser executadas (cumpridas) em forma progressiva, com a

6
Fonte: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2016/08/sv-56.pdf Acesso em 19.01.2019

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transferência do apenado de regime mais gravoso para menos gravoso tão logo ele preencha os
requisitos legais. O STF destacou, no entanto, que este sistema progressivo de cumprimento de
penas não está funcionando na prática. Isso porque há falta de vagas nos regimes semiaberto e
aberto. Desse modo, os presos dos referidos regimes estão sendo mantidos nos
estabelecimentos de regime fechado e provisórios. Essa situação viola duas garantias
constitucionais da mais alta relevância:
 A individualização da pena (art. 5º, XLVI) e;
 A legalidade (art. 5º, XXXIX).
A manutenção do condenado em regime mais gravoso do que é devido caracteriza-se como
"excesso de execução", havendo, no caso, violação ao direito do apenado. Vale ressaltar que
não é possível "relativizar" esse direito do condenado com base em argumentos ligados à
manutenção da segurança pública. A proteção à integridade da pessoa e ao seu patrimônio
contra agressões injustas está na raiz da própria ideia de Estado Constitucional. A execução de
penas corporais em nome da segurança pública só se justifica se for feita com observância da
estrita legalidade. Permitir que o Estado execute a pena de forma excessiva é negar não só o
princípio da legalidade, mas a própria dignidade humana dos condenados (art. 1º, III, da CF/88).
Por mais grave que seja o crime, a condenação não retira a humanidade da pessoa condenada.
Ainda que privados de liberdade e dos direitos políticos, os condenados não se tornam simples
objetos de direito (art. 5º, XLIX, da CF/88).

CONCEITO DE "ESTABELECIMENTO SIMILAR" E DE "ESTABELECIMENTO ADEQUADO"


O Código Penal, ao tratar sobre os regimes semiaberto e aberto, prevê o seguinte:
Art. 33 (...) § 1º - Considera-se:
b) regime semiaberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial
ou estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou
estabelecimento adequado.

Há importante discussão acerca do que vêm a ser estabelecimento similar e estabelecimento


adequado. A Lei de Execuções Penais trata do tema nos arts. 91 a 95, mas também não define
em que consistem tais estabelecimentos. Na prática, existem pouquíssimas colônias agrícolas e
industriais no país. Dessa forma, alguns Estados mantêm os presos do regime semiaberto em
estabelecimentos similares, ou seja, unidades prisionais diferentes do regime semiaberto, onde
os presos possuem um pouco mais de liberdade.
De igual forma, em muitos Estados não existem casas de albergado e os detentos que estão no
regime aberto ficam em unidades diferentes dos demais presos. Há discussão se essa prática é
válida ou não. O STF decidiu que os magistrados possuem competência para verificar, no caso
concreto, se tais estabelecimentos onde os presos do regime semiaberto e aberto ficam,
podem ser enquadrados como "estabelecimento similar" ou "estabelecimento adequado".
Assim, os presos do regime semiaberto podem ficar em outra unidade prisional que não seja

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colônia agrícola ou industrial, desde que se trate de estabelecimento similar (adequado às


características do semiaberto). De igual forma, os presos do regime aberto podem cumprir
pena em outra unidade prisional que não seja casa de albergado, desde que se trate de um
estabelecimento adequado.
Veja como o STF resumiu este entendimento em uma tese:
Os juízes da execução penal podem avaliar os estabelecimentos destinados aos regimes
semiaberto e aberto, para qualificação como adequados a tais regimes. São aceitáveis
estabelecimentos que não se qualifiquem como “colônia agrícola, industrial” (regime
semiaberto) ou “casa de albergado ou estabelecimento adequado” (regime aberto) (art. 33,
§1º, “b” e “c”, do CP). No entanto, não deverá haver alojamento conjunto de presos dos
regimes semiaberto e aberto com presos do regime fechado. STF. Plenário. RE 641320/RS, Rel.
Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/5/2016 (repercussão geral) (Info 825).
DÉFICIT DE VAGAS NO ESTABELECIMENTO ADEQUADO E PARÂMETROS ADOTADOS NO RE
641.320/RS (PARTE FINAL DA SV):

O que fazer em caso de déficit de vagas no estabelecimento adequado?


Havendo “déficit” de vagas, deve ser determinada:
a) a saída antecipada de sentenciado no regime com falta de vagas;
b) a liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai antecipadamente ou é
posto em prisão domiciliar por falta de vagas;

c) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progrida ao


regime aberto. STF. Plenário. RE 641320/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/5/2016
(repercussão geral) (Info 825).

Objetivo das medidas acima é o de que surjam novas vagas nos regimes semiaberto e aberto:
As vagas nos regimes semiaberto e aberto não são inexistentes, são insuficientes. Assim, de um
modo geral, a falta de vagas decorre do fato de que já há um sentenciado ocupando o lugar.
Dessa forma, o STF determinou, como alternativa para resolver o problema, antecipar a saída
de sentenciados que já estão no regime semiaberto ou aberto, abrindo vaga para aquele que
acaba de progredir.

Exemplo de como essas medidas fazem surgir vaga no regime semiaberto: João estava
cumprindo pena no regime fechado e progrediu para o regime semiaberto. Ocorre que não há
vagas na unidade prisional destinada ao regime semiaberto. João não poderá continuar
cumprindo pena no fechado porque haveria excesso de execução. Nestes casos, o que
acontecia normalmente é que João seria colocado em prisão domiciliar. No entanto, o STF
afirmou que essa alternativa (prisão domiciliar) não deve ser a primeira opção para o caso.
Diante disso, o STF entendeu que o juiz das execuções penais deverá antecipar a saída de um
detento que já estava no regime semiaberto, fazendo com que surja a vaga para João. Em

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nosso exemplo, Francisco, que estava cumprindo pena no regime semiaberto, só teria direito
de ir para o regime aberto em 2018. No entanto, para dar lugar a João, Francisco receberá o
benefício da "saída antecipada" e ficará em liberdade eletronicamente monitorada, ou seja,
ficará livre para trabalhar e estudar, recolhendo-se em casa nos dias de folgas, sendo sempre
monitorado com tornozeleira eletrônica. Com isso, surgirá mais uma vaga no regime
semiaberto e esta será ocupada por João.

E se a ausência de vaga for no regime aberto?


Ex: Pedro progrediu para o regime aberto, mas não há vagas, o que fazer? Neste caso, o Juiz
deverá conceder a um preso que está no regime aberto a possibilidade de cumprir o restante
da pena não mais no regime aberto (pena privativa de liberdade), mas sim por meio de pena
restritiva de direitos e/ou estudo. Ex: Tiago, que estava no regime aberto, só acabaria de
cumprir sua pena em 2018. No entanto, para dar lugar a Pedro, o Juiz oferece a ele a
oportunidade de sair do regime aberto e cumprir penas restritivas de direito e/ou estudo. Com
isso, surgirá nova vaga no aberto. Assim, se não há estabelecimentos adequados ao regime
aberto, a melhor alternativa não é a prisão domiciliar, mas a substituição da pena privativa de
liberdade que resta a cumprir por penas restritivas de direito e/ou estudo.

Benefícios devem ser concedidos aos detentos que estão mais próximos de progredir ou de
acabar a pena:

Vale ressaltar que os apenados que serão beneficiados com a saída antecipada ou com as penas
alternativas deverão ser escolhidos com base em critérios isonômicos. Assim, tais benefícios
deverão ser deferidos aos sentenciados que satisfaçam os requisitos subjetivos (bom
comportamento) e que estejam mais próximos de satisfazer o requisito objetivo, ou seja,
aqueles que estão mais próximos de progredir ou de encerrar a pena. Para isso, o STF
determinou que o CNJ faça um "Cadastro Nacional de Presos", com as informações sobre a
execução penal de cada um deles. Isso permitirá verificar os apenados com expectativa de
progredir ou de encerrar a pena no menor tempo e, em consequência, organizar a fila de saída
com observação da igualdade.

Por que o STF afirma que a prisão domiciliar não pode ser a primeira opção, devendo-se adotar
as medidas acima propostas?
Segundo o STF, a prisão domiciliar apresenta vários inconvenientes, que irei aqui resumir:
1º) Para ter esse benefício, cabe ao condenado providenciar uma casa, na qual vai ser acolhido.
Nem sempre ele tem meios para manter essa residência. Nem sempre tem uma família que o
acolha.
2º) O recolhimento domiciliar puro e simples, em tempo integral, gera dificuldades de caráter
econômico e social. O sentenciado passa a necessitar de terceiros para satisfazer todas as suas
necessidades – comida, vestuário, lazer. De certa forma, há uma transferência da punição para

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a família, que terá que fazer todas as atividades externas do sentenciado. Surge a necessidade
de constante comunicação com os órgãos de execução da pena, para controlar saídas
indispensáveis – atendimento médico, manutenção da casa etc.

3º) Existe uma dificuldade grande de fiscalização se o apenado está realmente cumprindo a
restrição imposta.

4º) A prisão domiciliar pura e simples não garante a ressocialização porque é extremamente
difícil para o apenado conseguir um emprego no qual ele trabalhe apenas em casa.

RESUMO
Teses que foram firmadas pelo STF em repercussão geral:
A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em
regime prisional mais gravoso;
Os juízes da execução penal podem avaliar os estabelecimentos destinados aos regimes
semiaberto e aberto, para qualificação como adequados a tais regimes. São aceitáveis
estabelecimentos que não se qualifiquem como “colônia agrícola, industrial” (regime
semiaberto) ou “casa de albergado ou estabelecimento adequado” (regime aberto) (art. 33,
§1º, “b” e “c”, do CP). No entanto, não deverá haver alojamento conjunto de presos dos
regimes semiaberto e aberto com presos do regime fechado.
Havendo déficit de vagas, deverá determinar-se: (i) a saída antecipada de sentenciado no
regime com falta de vagas; (ii) a liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai
antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar por falta de vagas; (iii) o cumprimento de
penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progride ao regime aberto.

Até que sejam estruturadas as medidas alternativas propostas, poderá ser deferida a prisão
domiciliar ao sentenciado. STF. Plenário. RE 641320/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
11/5/2016 (repercussão geral) (Info 825).
APELO AO LEGISLADOR

No julgamento do RE 641.320/RS, o STF adotou a chamada técnica do "apelo ao legislador"


solicitando que o Congresso Nacional avalie a possibilidade de promover mudanças na lei com
o objetivo de:
Reformular a legislação de execução penal, adequando-a à realidade, sem abrir mão de
parâmetros rígidos de respeito aos direitos fundamentais;
Compatibilizar os estabelecimentos penais à atual realidade;
Impedir o contingenciamento do FUNPEN;
Facilitar a construção de unidades funcionalmente adequadas – pequenas, capilaridades;
Permitir o aproveitamento da mão-de-obra dos presos nas obras de civis em estabelecimentos
penais;

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Limitar o número máximo de presos por habitante, em cada unidade da federação, e revisar a
escala penal, especialmente para o tráfico de pequenas quantidades de droga, para permitir o
planejamento da gestão da massa carcerária e a destinação dos recursos necessários e
suficientes para tanto, sob pena de responsabilidade dos administradores públicos;
Fomentar o trabalho e estudo do preso, mediante envolvimento de entidades que recebem
recursos públicos, notadamente os serviços sociais autônomos;
Destinar as verbas decorrentes da prestação pecuniária para criação de postos de trabalho e
estudo no sistema prisional.

INTERPRETAÇÃO CONFORME
Na decisão, o STF também adotou a técnica de interpretação conforme a Constituição para:

a) excluir qualquer interpretação que permita o contingenciamento do Fundo Penitenciário


Nacional (FUNPEN), criado pela Lei Complementar 79/94;

b) estabelecer que a utilização de recursos do Fundo Penitenciário Nacional (FUNPEN) para


financiar centrais de monitoração eletrônica e penas alternativas é compatível com a
interpretação do art. 3º da LC 79/94.

MEDIDAS QUE O STF DETERMINOU AO CNJ


A fim de tentar minimizar os problemas acima expostos e conseguir implementar as teses que
foram definidas, o STF determinou que o CNJ apresente:
Projeto de estruturação do Cadastro Nacional de Presos, com etapas e prazos de
implementação, devendo o banco de dados conter informações suficientes para identificar os
mais próximos da progressão ou extinção da pena;

Relatório sobre a implantação das centrais de monitoração e penas alternativas, acompanhado,


se for o caso, de projeto de medidas ulteriores para desenvolvimento dessas estruturas;
Projeto para reduzir ou eliminar o tempo de análise de progressões de regime ou outros
benefícios que possam levar à liberdade;
Relatório, que deverá avaliar

(a) a adoção de estabelecimentos penais alternativos;


(b) o fomento à oferta de trabalho e o estudo para os sentenciados;
(c) a facilitação da tarefa das unidades da Federação na obtenção e acompanhamento dos
financiamentos com recursos do FUNPEN;

(d) a adoção de melhorias da administração judiciária ligada à execução penal.

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DECISÃO MANIPULATIVA
Decisão manipulativa (manipuladora): A decisão tomada pelo STF e acima explicada pode ser
classificada como uma "decisão manipulativa" de caráter aditivo. Gilmar Mendes, citando a
doutrina italiana de Riccardo Guastini, afirma que decisão manipulativa é aquela mediante a
qual "o órgão de jurisdição constitucional modifica ou adita normas submetidas a sua
apreciação, a fim de que saiam do juízo constitucional com incidência normativa ou conteúdo
distinto do original, mas concordante com a Constituição" (RE 641320/RS). Decisão
manipulativa, portanto, como o nome indica, é aquela em que o Tribunal Constitucional
manipula o conteúdo do ordenamento jurídico, modificando ou aditando a lei a fim de que ela
se torne compatível com o texto constitucional. Trata-se de instituto que surgiu no direito
italiano, sendo, atualmente, no entanto, adotada em outros Tribunais constitucionais no
mundo.

Espécies de decisões manipulativas: As decisões manipulativas podem ser divididas em:

1) Decisão manipulativa de efeitos aditivos (SENTENÇA ADITIVA): Verifica-se quando o


Tribunal declara inconstitucional certo dispositivo legal não pelo que expressa, mas pelo que
omite, alargando o texto da lei ou seu âmbito de incidência.
"A sentença aditiva pode ser justificada, por exemplo, em razão da não observância do
princípio da isonomia, notadamente nas situações em que a lei concede certo benefício ou
tratamento a determinadas pessoas, mas exclui outras que se enquadrariam na mesma
situação. Nessas hipóteses, o Tribunal Constitucional declara inconstitucional a norma na parte
em que trata desigualmente os iguais, sem qualquer razoabilidade e/ou nexo de causalidade.
Assim, a decisão se mostra aditiva, já que a Corte, ao decidir, 'cria uma norma autônoma'',
estendendo aos excluídos o benefício. " (LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado.
São Paulo: Saraiva, 2014, p. 177).
Ex1: ADPF 54, Rel. Min. Marco Aurélio, julgada em 12/4/2012, na qual o STF julgou
inconstitucional a criminalização dos abortos de fetos anencéfalos atuando de forma criativa ao
acrescentar mais uma excludente de punibilidade – no caso de o feto padecer de anencefalia –
ao crime de aborto. Ao decidir o mérito da ação, assentando a sua procedência e dando
interpretação conforme aos arts. 124 a 128 do Código Penal, o STF proferiu uma típica decisão
manipulativa com eficácia aditiva em matéria penal.
Ex2: MI 670, Red. para o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 25/10/2007, na qual o STF
determinou a aplicação aos servidores públicos da Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre o exercício
do direito de greve na iniciativa privada, pelo que promoveu extensão aditiva do âmbito de
incidência da norma.
2) Decisão manipulativa de efeitos substitutivos (SENTENÇA SUBSTITUTIVA): Na decisão
manipulativa substitutiva, a Corte Constitucional declara a inconstitucionalidade de parte de
uma lei (ou outro ato normativo) e, além disso, substitui a regra inválida por outra, criada pelo

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próprio Tribunal, a fim de que se torne consentânea com a Constituição. Há, neste caso, uma
forma de direito judicial, considerando que se trata de um direito criado pelo Tribunal.
Ex: a MP 2183-56 alterou o Decreto-lei nº 3.365/41 e estabeleceu que, no caso de imissão
prévia na posse, na desapropriação por necessidade ou utilidade pública e interesse social,
havendo divergência entre o preço ofertado em juízo e o valor do bem, fixado na sentença,
deverá incidir juros compensatórios de até 6% ao ano. Ao julgar ADI contra esta MP, o STF
afirmou que esse percentual de 6% era inconstitucional e determinou que este percentual
deveria ser de 12% ao ano (ADI 2332, Rel. Min. Moreira Alves, julgado em 05/09/2001).

Observe que, com o intuito de conceder à pena o caráter ressocializador, todas as interpretações legais
devem estar atinentes àquilo que beneficia o condenado, pois se deve primar pelo seu retorno ao
convívio social7.

b.2) Prevenção especial negativa: com enfoque mais voltado ao condenado em si, almeja-se
que ele não volte a delinquir, uma vez que a aplicação de pena e consequente envio ao
cárcere impedirá que se pratiquem novos delitos. Essa é a função chamada de
neutralizadora. Uma vez que ele se encontra recolhido ao estabelecimento prisional, o
cometimento de novos delitos torna-se bastante difícil.8
Obviamente, não podemos afirmar que todas as vertentes da prevenção possuem a finalidade atendida.
Principalmente aqui no Brasil. Na opinião do professor Christiano Gonzaga, com quem concordamos:

Deve ser apenas destacado que, no Brasil, como sói acontecer, não é fácil fazer valer qualquer espécie de
prevenção, até mesmo a especial negativa, que tem por fim neutralizar o condenado. Em episódio recente de
carnificina humana, alguns presidiários no norte do país se rebelaram e mataram os rivais pertencentes a
outra facção criminosa, num verdadeiro banho de sangue. Ora, aparentemente neutralizados, os presidiários

7
GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva.
2018. p. 120.

8
GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva.
2018. p. 120.

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cometeram inúmeros crimes de homicídio, restando totalmente falha a prevenção especial negativa nesse
ponto.

O que podemos concluir, é que as prevenções no direito penal, NÃO SÃO, nem poderiam ser hábeis, em
todas as suas especificações (seja na em relação ao condenado, seja em relação à sociedade), para impedir
novos cometimentos de delitos.

É por esta razão que se estudada as formas de prevenção da Criminologia (que pode ser de três ordens:
primária, secundária e terciária). A intenção é, certamente, dar melhores soluções no combate ao
surgimento do crime ou, após seu surgimento, impedir que o crime se propague.

2.2 – PREVENÇÕES EM MATÉRIA CRIMINOLÓGICA – DIVERGE DA


PENAL

Como dissemos acima, a prevenção na sistemática da Criminologia, é estudada a partir de uma ideia ou
intuito de:

 Melhorar as soluções no combate ao surgimento do crime ou,


 Após o seu surgimento, impedir que ele se alastre.

Natacha Alves (2018, p. 154), nos explica que Garcia Pablos de Molina, sistematiza as diferentes acepções
do termo prevenção em três categorias, a saber:

Prevenção como
prevenção como prevenção
Prevenção como dissuasão intervenção seletiva no
especial
cenário do crime

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2.2.1 – A Prevenção como dissuasão

Significa dissuadir o potencial infrator por meio do efeito intimidatório da pena, operando sobre seu
processo motivacional (dissuasão).

2.2.2 – A Prevenção como intervenção seletiva no cenário do crime

Trata-se da dissuasão mediata ou (in)direta, alcançada por meio de instrumentos não penais que alterem o
cenário do crime, modificando alguns de seus fatores ou elementos – espaços físicos, desenho
arquitetônico e urbanístico, atitude da vítima etc., de modo a aumentar os riscos e diminuir os benefícios
para o infrator.

2.2.3 – A Prevenção como prevenção especial

A prevenção do delito não seria um objetivo autônomo da sociedade e dos poderes públicos, mas sim o
efeito último perseguido pelos programas de ressocialização e reinserção, que teria como destinatário não
infrator potencial, mas o apenado, com o escopo precípuo de evitar sua reincidência (e não de evitar a
criminalidade). Verifica-se em tal acepção um déficit etiológico – implica em uma intervenção tardia no
problema criminal – social (aponta uma marca cega, individualista e ideológica na eleição de seus
destinatários e no desenho dos correspondentes programas) e comunitário (concede um protagonismo
desmedido às instâncias oficiais do sistema legal.

Em reforço ao tema, Nestor Sampaio Penteado Filho (2016, p. 95) conceitua a prevenção criminal da
seguinte forma:

A prevenção criminal dá-se por meio da adoção de um conjunto de medidas direta (profilaxia direta:
Direcionam-se à infração penal em formação in intinere) ou indiretas (profilaxia indireta: Recaem de forma
indireta sobre o crime, atuando sobre suas causas e tendo como alvo o indivíduo e o meio em personalidade,
caráter e temperamento, como motivadores de sua conduta), com o escopo inibitório do fenômeno criminal.

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2.3 – MODELOS TEÓRICOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO DELITO


Bem, seguindo na ideia da orientação de cunho prevencionista, diz-se que a prevenção delitiva, portanto,
nada mais é do que o conjunto de ações que visam evitar, direto ou indiretamente, a ocorrência do
delito.9

É por esta razão que um conjunto de normas e regras às quais todos devem se sujeitar são editadas. Daí
porque, havendo a transgressão cabe aos Estado acionar o Judiciário para o Exercício de sua pretensão
punitiva restaurar a ordem.

Nas palavras de Hoffmann (2018. p. 2015):

Reparar o dano, ressocializar o delinquente e reprimir o crime são focos centrais do conteúdo científico da
criminologia no cenário atual. Nesse panorama, a prevenção do delito é um assunto recorrente em todas as
esferas do poder público. Estudam-se os fatores inibidores e estimulantes da criminalidade para a elaboração
de programas prevencionista. Fatores como desemprego, miséria, falta de assistência social, desigualdade e
corrupção estimulam o fenômeno criminal, enquanto trabalho, educação, saúde, democracia, igualdade e
justiça social inibem o crime.

É por essa razão, dois tipos de medidas para prevenção criminais são adotados, a saber:

9
FONTES, Eduardo & HOFFAMANN Henrique. Criminologia. 1ª. Edição. 2ª. tir.:ago/2018. Salvador:
Editora JusPodivm, 2018. p. 215.

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Medidas para previnir

Atuam de maneira mediata


Ex. melhorias na condição
(IN)direta sobre o crime, ao incidir em
de vida populacional
relação às causas do delito

Incidem de forma imediata


Direta Ex. pena e regime prisional
sobre o póprio delito.

Dentre os princípios prevencionistas, Hoffmann10 destaca:

 Existencialismo absoluto da relação causa-efeito (nada existe sem uma causa);


 Prevenção é a única responsável pela neutralização das causas criminógenas;
 Solução para o problema criminal está na transformação do mau caráter em bom
caráter.

10
FONTES, Eduardo & HOFFAMANN Henrique. Criminologia. 1ª. Edição. 2ª. tir.:ago/2018. Salvador:
Editora JusPodivm, 2018. p. 216.

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Nesse sentido, dois modelos teóricos do delito são estudados, a saber:

1. Modelo Clássico
2. Modelo Neoclássico

É o que estudaremos a seguir, mas antes, vale mencionar a prevenção situacional. Cuida-se de método de
prevenção do crime que busca diminuir as oportunidades que influenciam na concretização do delito.
Pressupõe a seletividade do crime11.

2.3.1 – Modelo Clássico

O foco deste modelo é no efeito intimidatório que vem do rigor e severidade da pena – aquela abstrata
prevista para o delito. In verbis:

Centra os olhares na pena, isto é, na suposta eficácia preventiva decorrente do caráter intimidador da sanção
penal em relação ao criminoso12.

11
FONTES, Eduardo & HOFFAMANN Henrique. Criminologia. 1ª. Edição. 2ª. tir.:ago/2018. Salvador:
Editora JusPodivm, 2018. p. 217.

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A crítica apontada ao modelo são várias, dentre elas, destacamos, nas palavras de Molina (MOLINA, Gomes
2008, p. 404-405):

i. A capacidade preventiva de determinado meio não depende de sua natureza penal ou não
penal, mas dos efeitos que produz;
ii .A intervenção penal possui elevados custos à sociedade;
iii. A pena, em verdade, reflete o fracasso do Estado no enfrentamento efetivo das mazelas
sociais;
iv. Trata-se de uma demonstração simplória do processo motivacional e do mecanismo
dissuasório da pena.

2.3.2 – Modelo Neoclássico

Em sentido contrário, o modelo Neoclássico foca no efetivo funcionamento do ordenamento jurídico,


especialmente como é percebido pelo infrator.

As críticas são (MOLINA, Gomes 2008, p. 404-405):

12
FONTES, Eduardo & HOFFAMANN Henrique. Criminologia. 1ª. Edição. 2ª. tir.:ago/2018. Salvador:
Editora JusPodivm, 2018. p. 217.

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i. Efetividade do sistema penal não enfrenta efetivamente as causas do crime;


ii. Ignora outras variáveis que devem ser consideradas na análise do incremento da
criminalidade para além da efetividade ou não do sistema penal.

2.4 – ESPÉCIES OU CLASSIFICAÇÕES DA PREVENÇÃO – POR


MEDINA
Quanto às classificações da prevenção e a sistematização feita por Medina Ariza (apud VIANA, 2017, p.
340/341), esta é proposta, sob três modelos principais, de classificação da prevenção criminal, a saber:

1. Dimensão Clássica;
2. Dimensão Política; e
3. Dimensão Pluridimensional.

Podemos resumi-las da seguinte forma:

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Classificação
de Medina

Dimensão Dimensão Dimensão


Clássica Política Pluridimensional

Prevenção por Prevenção Prevenção


Prevenção Modelo Prevenção
meio do sistema situacional do evolutiva ou
primária tradicional de justiça penal delito
Comunitária
desenvolvimeno

Prevenção
Modelo liberal Recompensa
Secundária

Prevenção Sentimento de
Modelo radical
Terceária Culpa do infrator

Veremos a partir de agora, cada uma delas.

2.4.1 – Dimensão Clássica

Nas palavras de Garcias-Pablos Molina (2003, p. 984), essa classificação se pauta em diferentes critérios, a
saber: maior ou menor relevância etiológica dos respectivos programas, seus destinatários, os
instrumentos e mecanismos utilizados, âmbito e fins perseguidos.

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A – Prevenção Primária

Nas palavras de José Cesar Naves de Lima13, in verbis:

A prevenção primária consiste nos programas de prevenção destinados a criar os


pressupostos aptos a neutralizar as causas do delito, como a educação, e a socialização – enfoque etiológico -.
Incide sobre as causas do problema, quer dizer, na concretização de direito fundamentais de todos, como
acesso a saúde, educação, moradia, trabalho, segurança, enfim, da qualidade de vida. Tem como destinatário
toda a população, demanda investimento de alto custo, e exige tempo para produzir resultados, pois visa a
melhoria da qualidade de vida das pessoas, de forma a permitir que resolvam seus conflitos sem violência. Os
administradores públicos (Presidente da República, Governadores etc.) são incumbidos de sua concretização,
que deverá incidir sobre a raiz do problema. Assim, a qualidade na prestação de serviços públicos, intervenção
comunitária, implementação de direitos sociais e a conscientização da sociedade devem reduzir as situações
carências criminógenas. Trata-se, pelo exposto, de instrumentos preventivos de médio e longo prazo. (Grifo
do autor)

Noutras palavras, podemos dizer que a prevenção primária consiste na forma mais eficaz de prevenir o
cometimento de crimes, uma vez que ela age antes do seu nascedouro, operando-se uma planejada
realização de políticas públicas.

É sabido que países mais desenvolvidos, como Suécia, Suíça e Japão, possuem um viés de implementação
de políticas públicas muito acentuado, em que o Estado é responsável em prover todas as necessidades

13 13
LIMA JÚNIOR, José César Naves Manual de Criminologia. 5ª. Edição. Revista atualizada e
ampliada. Salvador: Editora JusPodivm,2018. Pg. 104.

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básicas (direitos sociais) dos seus cidadãos. Não havendo a falta de direitos elementares, o cidadão não se
sente motivado a cometer crimes para ter saúde (hospital), educação (escola) e segurança pública
(policiamento). Ele já tem isso só pelo fato de ser cidadão, sendo tal fator suficiente para ter-se o mínimo
existencial. Em que pese essa seja a melhor forma de prevenir-se o crime, é a mais morosa de ser
implementada, pois a construção de um hospital, de escolas ou equipar adequadamente a polícia, tudo
isso é difícil e esbarra em inúmeros fatores burocráticos. Ademais, para fins puramente eleitoreiros, a
prevenção primária é ruim, posto que a sociedade já está cansada de falsas promessas de construção de
escolas, hospitais e mais segurança pública. Essa promessa estéril de construir uma sociedade com base
sólida na educação, com atendimento médico de primeiro mundo e proteção policial em cada esquina já se
tornou desanimadora e está cada vez mais desacreditada. Daí nem mesmo nesse ponto com justificativa
eleitoral está valendo a prevenção primária. Todavia, é bom que se registre que ela é a forma mais eficaz
de impedir-se o surgimento do crime, uma vez que a sua atuação é feita na origem de tudo14.

O tema em provas

(CESPE/PCPE Delegado de Polícia Civil – 2016) A Criminologia reconhece que não basta reprimir
o crime, deve-se atuar de forma imperiosa na prevenção dos fatores criminais. Considerando
essa informação, assinale a opção correta acerca de prevenção de infração penal.

a. Para a moderna criminologia, a alteração do cenário do crime não previne o delito: a falta
das estruturas físicas sociais não obstaculiza a execução do plano criminal do delinquente.

b. A prevenção terciária do crime implica na implementação efetiva de medidas que evitam o


delito, com a instalação, por exemplo, de programas de policiamento ostensivo em locais de
maior concentração de criminalidade.

c. No estado democrático de direito, a prevenção secundária do delito atua diretamente na


sociedade, de maneira difusa, a fim de implementar a qualidade dos direitos sociais, que são

14
GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva.
2018. p. 121.

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considerados pela criminologia fatores de desenvolvimento sadio da sociedade que mitiga a


criminalidade.

d. Trabalho, saúde, lazer, educação, saneamento básico e iluminação pública, quando


oferecidos à sociedade de maneira satisfatória, são considerados forma de prevenção primária
do delito, capaz de abrandar os fenômenos criminais.

e. A doutrina da criminologia moderna reconhece a eficiência da prevenção primária do delito,


uma vez que ela atua diretamente na pessoa do recluso, buscando evitar a reincidência penal e
promover meios de ressocialização do apenado.

Gabarito: D

(VUNESP/ PCSP Fotógrafo Técnico Pericial) A prevenção criminal


_______________________destina-se a atuar na educação, emprego, moradia e segurança,
onde o Estado deve garantir o exercício dos direitos sociais a todos. Assinale a alternativa que
preencha corretamente a lacuna.

a.Secundária

b.Terciária

c.Primária

d.Quaternária

e.Especial

Gabarito: C

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B – Prevenção Secundária

José Naves vai nos dizer que, segundo o magistério de Sumariva, a prevenção secundária
atua em momento posterior ao crime ou na sua iminência. Desta maneira, conduz sua atenção para o
momento e local em que o fenômeno da criminalidade se revela, orientando-se pelos grupos que
apresentam maior risco de sofrer ou pratica o delito, e complementa:

Portanto, tem como foco os setores do corpo social que mais podem sofrer com a criminalidade, e não o
indivíduo propriamente dito, estando relacionado com as ações policiais, programas de apoio, e controle das
comunicações, dentre outros instrumentos seletivos de curto e médio prazo. Diante do clamor público e da
onda crescente da criminalidade que assola o país a prevenção secundária é a mais presente nas ações de
Estado, seja por meio do aumento de efetivo policial, reaparelhamento das polícias, políticas públicas dirigidas
a grupos de risco ou vulneráveis, como os alcoólatras, usuários de drogas, vítimas de violência doméstica e
familiar, homossexuais, e outras minorias.

Note que a prevenção secundária é, naturalmente, mais falha que a primária. Isso porque, atua depois que
o crime surgiu. Neste caso, o combate ao crime é feito no local onde ele surgiu, comumente nos locais mais
pobres das periferias, em que comunidades são carentes de direitos sociais básicos, daí terem que apelar
para a prática de delitos para ter saúde, por exemplo, medicamento para mãe que está doente.

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Pertinentemente, cumpre citar um trecho da Obra do Professor Christiano Gonzaga 15, que expõe o
seguinte:

Nesse tipo de prevenção, impera o fortalecimento da Polícia, uma vez que qualquer crime que
ocorra deve ser por ela combatido, devendo isso dar-se nos chamados focos de criminalidade.
Em virtude disso, é que se tem a criação de certas equipes especiais de policiamento, como
aquelas destinadas a fazer rotas nas periferias, em locais onde o crime já surgiu e é ali
demasiadamente praticado. Esse tipo de política de atuação amealha muito mais votos do que
a prevenção primária, pois ela permite uma falsa sensação de segurança quando se tem
policiamento nas ruas e nos focos de criminalidade. Não é com outra razão que muitos políticos
são eleitos porque levantam a bandeira da segurança pública. Até mesmo aqueles que não
possuem legitimidade constitucional (Artigo 22, I, CF: compete privativamente à União legislar
sobre: Direito Penal) para fazer leis penais, como Vereadores e Deputados Estaduais, são
eleitos quando bradam aos quatro cantos que o compromisso primordial é com o combate ao
crime e com a elaboração de leis penais mais duras.

Ora, é sabido que para fazer leis penais é necessário estar no Congresso Nacional, seja como
Deputado Federal, seja como Senador. Todavia, o povo não tem esse conhecimento da
Constituição Federal para a competência legislativa, sendo suficiente para a eleição de certos
políticos o discurso emocional e com bravatas. Apesar de ser a prevenção secundária a forma
mais eficaz de eleger-se o político, ela demonstra que a sociedade perdeu a luta contra o crime,
que nasceu nos grotões de pobreza exatamente pela falta de implementação de políticas
públicas. Um bom exemplo de implementação da prevenção secundária nos focos de
criminalidade é o que se fez na cidade do Rio de Janeiro, nos locais de alto índice de
criminalidade, como na famosa comunidade carente chamada de “favela da Rocinha”. Nela foi
implantada a Unidade de Polícia Pacificadora, ou simplesmente UPP, em que se instala uma
unidade da Polícia Militar de forma permanente no coração da comunidade carente, como
forma de inibir os criminosos a cometerem delitos, pois a presença estatal tem por fim impor

15
GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva.
2018. p. 122.

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esse freio aos criminosos. Ainda que a ideia seja boa, sabe-se que uma simples UPP no meio de
um furacão da criminalidade é quase que remar contra a maré, pois é difícil colocar um policial
com poucos recursos no meio de uma localidade dominada pelo tráfico com armas de última
geração. Todavia, a chamada UPP não deixa de ser um exemplo de prevenção secundária.

Desta forma, só podemos concluir que face ao crescimento do índice da criminalidade e do clamor público
fomentado pela mídia a prevenção secundária é, sem dúvidas, a mais presente nas ações do Estado,
vislumbrando nos investimentos para incremento quantitativo e qualitativo das polícias, bem como na
adoção de políticas públicas dirigidas a grupos de risco ou vulneráveis.

O tema em provas

(CESPE/ DPF Delegado Federal – 2013) No que se refere à prevenção da infração penal, julgue
o próximo item.

a.Ações como controle dos meios de comunicação e ordenação urbana, orientadas a


determinados grupos ou subgrupos sociais, estão inseridas no âmbito da chamada prevenção
secundária do delito.

Gabarito: Certo

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C – Prevenção Terciária

A prevenção terciária atua após o delito e tem como destinatária a população


carcerária, assumindo caráter ressocializador com o escopo de evitar a reiteração criminosa16.

Aqui, semelhança há com a prevenção secundária, já que, está prevenção também é operacionalizada pela
Política Criminal e o Direito Penal.

No conceito trazido por José Naves, temos que:

Incide sobre os detentos através de programas destinados a prevenir a reincidência. Sua realização se dá por
meio de medidas alternativas, como serviços comunitários, e liberdade assistida. Atua após a prática do crime
revelando caráter punitivo e ressocializante, cuja finalidade é evitar a reiteração do comportamento delituoso
(reincidência). Sumariva afirma que a prevenção terciária é insuficiente e parcial por não agir sobre as causas
do delito. Tendo como destinatário a população carcerária, com raras exceções, tem-se revelado na prática
muito ineficiente. Calhau atribuiu ao conjunto informal de regras existentes no universo prisional, seja da
administração penitenciária que, como demonstrado, atua tardiamente. Regras orais, não escritas, injustas,
desproporcionais e punitivas criam um ambiente de angústia e sofrimento permanente para os detentos que
aos poucos vão sendo despersonalizados, e acabam perdendo a humanidade, transformando-se em objeto.

Note que a prevenção terciária é a forma mais falha de que se tem notícia. Ora, é que o criminoso é o alvo
a ser mirado.

Após ter dado errada a implementação de políticas públicas, bem como não ter sido possível combater os
focos de criminalidade, agora a única saída que se tem é a atuação em cima do criminoso. Com base nisso,
o Estado busca as melhores formas de impedir que ele volte a delinquir, seja por meio de sua neutralização

16
De OLIVEIRA, Natacha Alves. Criminologia. 1ª. Edição, 2ª. Tir. Out./2018. Salvador: Editora
JusPodivm,2018. Pg. 158.

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numa penitenciária, seja por métodos mais eficazes de ressocialização, como a já aplicada remição pelo
estudo. Em que pese seja uma forma de prevenir o crime, não é a mais adequada, sendo também a mais
falha e menos útil com fins eleitorais, uma vez que o condenado não tem mais os seus direitos políticos
enquanto estiver cumprindo pena, daí não ser útil para qualquer fim político. Todavia, de forma a tornar a
sociedade mais segura, pois esse condenado irá sair algum dia, a melhor forma é pensar em algo que faça
com que ele se torne um cidadão mais evoluído quando tiver que ser reinserido socialmente. Por ser uma
prevenção que demonstra a falência do combate ao crime, ela tem poucas análises doutrinárias mais
relevantes17.

O tema em provas

(CESPE/PCGO Delegado de Polícia Civil Substituto – 2017) Considerando que, para a


criminologia, o delito é um grave problema social, que deve ser enfrentado por meio de
medidas preventivas, assinale a opção correta acerca da prevenção do delito sob o aspecto
criminológico.

a. A transferência da administração das escolas públicas para organizações sociais sem fins
lucrativos, com a finalidade de melhorar o ensino público do Estado, é uma das formas de
prevenção terciária do delito.

b. O aumento do desemprego no Brasil incrementa o risco das atividades delitivas, uma vez
que o trabalho, como prevenção secundária do crime, é um elemento dissuasório, que opera
no processo motivacional do infrator.

c. A prevenção primária do delito é a menos eficaz no combate à criminalidade, uma vez que
opera, etiologicamente, sobre pessoas determinadas por meio de medidas dissuasórias e a
curto prazo, dispensando prestações sociais.

17
GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva.
2018. p. 122.

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d. Em caso de a Força Nacional de Segurança Pública apoiar e supervisionar as atividades


policiais de investigação de determinado estado, devido ao grande número de homicídios
não solucionados na capital do referido estado, essa iniciativa consistirá diretamente na
prevenção terciária do delito.

e. A prevenção terciária do crime consiste no conjunto de ações reabilitadoras e dissuasórias


atuantes sobre o apenado encarcerado, na tentativa de se evitar a reincidência.

Gabarito: E

(VUNESP/PCSP Atendente de Necrotério Policial – 2014) A prevenção terciária consiste em:

a. Programas destinados a crianças e adolescentes de resistência ao consumo de drogas.


b. Atuação por meio de ações policiais sobre os grupos que apresentam maior risco de sofrer
ou praticar mais delitos.
c. Atuação, por meio de punição exemplar do delinquente em público, como meio de
intimidação aos demais criminosos.
d. Programas destinados a prevenir a reincidência, todo por público-alvo o preso e o egresso
do sistema prisional.
e. Programas destinados a criar pressupostos aptos a neutralizar e inibir as causas da
criminalidade.

Gabarito: D

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2.4.2 – Dimensão Política

A dimensão política é sintetizada a partir de 03 (três) modelos, conforme propõe a doutrina majoritária.

Neste caso, embora já tenhamos falado, não é demais lembrá-los que temos a seguinte divisão:

Dimensão Política

Modelo tradicional Modelo liberal Modelo radical

A – Modelo Tradicional

A prevenção deve se voltar a dissuasão geral e especial, sob o efeito intimidatório da pena de prisão,
devendo-se adotar, para aumentar a efetividade desta, estratégias situacionais de vigilância e
incapacitação18.

18
De OLIVEIRA, Natacha Alves. Criminologia. 1ª. Edição, 2ª. Tir. Out./2018. Salvador: Editora
JusPodivm,2018. Pg. 160.

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B – Modelo liberal

A prevenção deve se voltar tanto ao âmbito individual quanto ao âmbito social, haja vista considerar o
crime um problema social, devendo-se adotar estratégias de tratamento individual ou intervenção familiar
comunitária19.

C – Modelo Radical

A prevenção deve visar a redução das igualdades sociais, uma vez que o crime é considerado uma
construção histórica e social, produto dos grupos detentores de poder, refletindo, assim, as desigualdades
inerentes às estruturas sociais vigentes20.

2.4.3 – Dimensão Pluridimensional

A dimensão pluridimensional é seccionada pela doutrina em 04 categorias, vale lembrar:

19
De OLIVEIRA, Natacha Alves. Criminologia. 1ª. Edição, 2ª. Tir. Out./2018. Salvador: Editora
JusPodivm,2018. Pg. 160.

20
De OLIVEIRA, Natacha Alves. Criminologia. 1ª. Edição, 2ª. Tir. Out./2018. Salvador: Editora
JusPodivm,2018. Pg. 160.

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Classificação de
Medina

Dimensão
Pluridimensional

Prevenção por Prevenção


Prevenção
meio do sistema situacional do
comunitária
de justiça penal delito

Recompensa

Sentimento de Culpa
do infrator

Vamos a elas.

A – Prevenção por meio do sistema de justiça penal

A prevenção se exerce sob ameaça de um castigo, leia-se, pelo efeito intimidatório da pena, valendo-se
das estratégias de dissuasão (fazer com que o criminoso reconheça que o crime é um mal com
consequências graves), incapacitação ou inocuização (retirar o criminoso de circulação mediante sua
segregação ao cárcere) e reabilitação (adequar o preso ao convívio social.)21

21
De OLIVEIRA, Natacha Alves. Criminologia. 1ª. Edição, 2ª. Tir. Out./2018. Salvador: Editora
JusPodivm,2018. Pg. 161.

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B – Prevenção situacional do delito

Inspirada nas teorias criminológicas da eleição racional e das atividades cotidianas, é exercida pela
redução das oportunidades que influenciam na concretização da vontade delitiva, mediante a modificação
do cenário do crime, incrementando os riscos, dificuldades ou custos e reduzindo as expectativas e lucros
associados a práticas delitivas22.

A exemplo, citamos a instalação de ofendículos e a contratação de vigilantes.

São modalidades de prevenção situacional do delito: prevenção situacional da recompensa e prevenção


situacional do sentimento de culpa do ofendido.

i. Prevenção situacional da recompensa: Visa reduzir as recompensas ou ganhos


decorrentes das condutas criminosas, minimizando os estímulos sua prática. Ex.
Substituição do dinheiro em moeda por cartão magnético.
ii. Prevenção situacional do sentimento de culpa do ofendido: Dar-se-á pela adoção de
medidas, como campanhas educativas, que reforcem a condenação moral da conduta
desviante e influenciam positivamente o comportamento do indivíduo, em
conformidade com as regras e normas de conduta, visando um comportamento pró-
social. Ex. Proibição da embriaguez ao volante e campanhas educativas “se dirigir não
beba”.

22
De OLIVEIRA, Natacha Alves. Criminologia. 1ª. Edição, 2ª. Tir. Out./2018. Salvador: Editora
JusPodivm,2018. Pg. 161.

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O tema em provas

(VUNESP / PCSP Fotógrafo Técnico Pericial – 2014) A modalidade preventiva que cuida da
diminuição das oportunidades que influenciam na vontade delitiva, dificultando a prática do
crime, é chamada de prevenção:

a.Geral

b.Qualitativa

c.Especial

d.Quantitativa

e.Situacional

Gabarito: E

C – Prevenção comunitária

A prevenção visa ao enfretamento de comportamentos antissociais da sociedade, exercendo-se por meio


da adoção de programas com estratégias orientadas a alterar as condições sociais e instituições sociais (ex.
Família, clubes, organizações etc.) que neles repercutem, vinculando-se às explicações da sociologia
urbana23.

23
De OLIVEIRA, Natacha Alves. Criminologia. 1ª. Edição, 2ª. Tir. Out./2018. Salvador: Editora
JusPodivm,2018. Pg. 162.

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D – Prevenção evolutiva ou de desenvolvimento

Essa prevenção procura elidir o desenvolvimento do comportamento criminoso individual, mediante a


redução dos fatores de risco e ampliação dos fatores de proteção revelados a partir de estudos de
desenvolvimento humano24.

2.5 – OS FATORES SOCIAIS COMO INFLUENCIADORES


CRIMINOLÓGICOS

Guerreiros,

Os fatores sociais são, sem dúvidas, fortes influenciadores criminológicos.

Também chamados pela doutrina de fatores sociais criminógenos, o desemprego, a miséria, a falta de
assistência social, desigualdade, corrupção política, outros empecilhos, são elementos que estimulam a
criminalidade, enquanto a justiça social, garantia do trabalho, educação, saúde, democracia, igualdade de
oportunidades e outros direitos sociais consubstanciam, sem dúvida alguma, meios recalcitrantes da
criminalidade25.

É com base nesse estudo, que programas prevencionistas são elaborados. Veremos a partir de agora, numa
abordagem de cunho sociológico, estes importantes fatores sociais que influenciaram a criminalidade.

24
De OLIVEIRA, Natacha Alves. Criminologia. 1ª. Edição, 2ª. Tir. Out./2018. Salvador: Editora
JusPodivm,2018. Pg. 162.

25
LIMA JÚNIOR, José César Naves Manual de Criminologia. 5ª. Edição. Revista atualizada e
ampliada. Salvador: Editora JusPodivm,2018. Pg. 104.

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2.5.1 – Pobreza E Miséria

A pobreza e a miséria, considerada uma forma extrema de pobreza, em que há


ausência de condições mínimas para a sobrevivência, por vezes, ensejam um sentimento de exclusão e
revolta social, fazendo com que, pessoas comuns, passem a integrar o mundo do crime, seja de forma
esporádica, seja adotando-o como forma de subsídio para uma dignidade mínima.

Embora, a pobreza, nas estatísticas criminais, demonstre que a maioria dos autores de crimes,
principalmente aqueles relacionados a patrimônio, são de situação econômica pobre, é obvio que ela não é
pode ser considerada fator condicionante único da criminalidade. No Brasil, tal percepção pode se dar
através da grande monta de cometimento de crimes de colarinho branco, que ultimamente tem assolado
nosso país.

O Tema em provas

(VUNESP/PCSP Fotógrafo Pericial – 2014) Pode-se citar como um dos fatores sociais
desencadeados da criminalidade:

a.As condições favoráveis de habitação ou moradia.

b.O desemprego, no caso dos crimes do colarinho branco.

c.A migração, pela facilidade de adaptação em hábitos e culturas locais.

d.O crescimento populacional ordenado e planejado

e.A pobreza, no caso dos crimes contra o patrimônio

Gabarito: E

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2.5.2 – Sistema Econômico

É montado sob uma perspectiva de desigualdades sociais e precária economia. O baixo poder aquisitivo
popular, consequência de uma arbitrária política salarial, é um forte influenciador criminal, além disso, a
má distribuição de renda, inflação e a especulação do mercado, compondo o sistema econômico, faz com
que aqueles que se sentem em desvantagem econômica, mergulhe, como forma ilusória de equilíbrio
econômico, na criminalidade.

2.5.3 – Educação

A educação, seja ela familiar, social ou escolar, exerce, sem dúvidas, importante função na formação da
personalidade de cada indivíduo. A ausência ou restrição de conhecimento torna o indivíduo vulnerável à
prática de condutas ilícitas e a justificativa, nesses casos, é a sobrevivência na sociedade.

2.5.4 – Meios De Comunicação

Meios de comunicação dos mais variados como rádio, TV, jornais, filmes, mídias digitais, exercem grande e
influente função pedagógicas, sobre a sociedade, podendo o fomento e a divulgação da criminalidade
influenciar na criminalidade.

O Tema em provas

(VUNESP/PCSP Fotógrafo Pericial – 2014). Os meios de comunicação em massa, sobretudo a


televisão:

a.Apenas divulgam notícias, não criando qualquer estereótipo de comportamento.

b.Em hipótese alguma, são fatores que influenciam na criminalidade.

c.Cumprem a Constituição Federal, apresentando programação que respeita valores éticos da


pessoa humana.

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d.Influenciam na criminalidade, acobertados por um discurso de liberdade de imprensa,


exibindo sexo e violência.

e.Influenciam na criminalidade ao ajudar na formação social e cultural do indivíduo.

Gabarito: D

2.5.5 – Mal Vivência

É definida por Hilário Veiga de Carvalho, como um grupo polimorfo de indivíduos


marginalizados, que vive em situação de parasitismo, sem aptidão para o trabalho, por razões de ordem
biológica ou pela exclusão social. Em síntese, resulta da adoção deliberada ou desafortunada, de um modo
de vida marginal. Ex. Andantes, mendigos etc.

Os fatores para a mal vivência podem ser de: I) origem biológica (mal vivência étnica: inadaptação às
regras mínimas sociais de convívio. Ex. Ciganos. Mal vivência constitucional/orgânica: não fixação da
moralidade em um lugar específico em função de uma instabilidade socioeconômica. Ex. Andarilhos,
tropeiros etc. e ainda mal vivência de neuróticos: indivíduos com debilidade mental que adotam uma vida
nômade) ou II) fatores mesológicos (infância abandonada: caracteriza-se por crianças órfãs e que vivam
em lares abandonados ou desfeitos)26.

26
De OLIVEIRA, Natacha Alves. Criminologia. 1ª. Edição, 2ª. Tir. Out./2018. Salvador: Editora
JusPodivm,2018. Pg. 168.

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O Tema em provas

(VUNESP/PCSP Fotógrafo Técnico Pericial – 2014) entende-se por mal vivência:

a.O jovem que sai de casa antes de completar 18 anos

b.O grupo polimorfo de indivíduos que vivem à margem da sociedade

c.A família que discute constantemente

d.O homem que bate na mulher

e.O filho que agride os pais

Gabarito: B

2.5.6 – Habitação

A proliferação de favelas pode ser detectada facilmente em países emergentes ou em desenvolvimento.


Nestes casos, há condições de vida muito precárias, como por exemplo, saneamento, higiene, estruturas
de acesso, meios de locomoção, educação de difícil implementação etc., consequentemente, isso faz com
que o crime se torne atraente e um mecanismo facilitador de uma vida estável com melhorias básicas
significativas.

2.5.7 – Política

A organização política da sociedade exerce, sem dúvidas, influência na vida dos


diversos grupos sociais e, consequentemente, no fenômeno criminal, conforme maior ou menor grau de
liberdade que gozem seus cidadãos, haja vista a imitação pelo povo das elites governantes.

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O Tema em provas

(VUNESP/PCSP Fotógrafo Técnico Pericial – 2014) Os fatores que contribuem para a


criminalidade de cunho social são:

a.Biológicos e mesológicos

b.Ambientais e costumeiros

c.Oportunistas e costumeiros

d.Ocasionais e cotidianos

e.Relevantes e intrigantes

Gabarito: A

2.5.8 – Preconceito

É a preconcepção de uma ideia, positiva ou negativa, despida de uma análise crítica em relação a uma coisa
ou a uma pessoa. Geralmente, é veiculado por julgamentos desfavoráveis ou generalizações apressadas,
dando ensejo à discriminação. A discriminação é campo fértil para conflitos sociais, sendo obstáculo para a
convivência pacífica entre as pessoas. Assim, devem ser combatidas todas as formas de discriminação em
razão da raça, cor, etnia, origem, religião etc.

Guerreiro,

Superado os modelos de prevenção ao delito, veremos agora os tipos de reação ao crime / delito.

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3 – MODELOS DE REAÇÃO AO CRIME


Guerreiro,

Uma vez que o crime ocorre, consequentemente, algum instrumento de reação é ativado a fim de impedir
que consequências danosas sejam geradas.

Ao estudarmos os modelos de reação ao crime, veremos que o estudo pode ser, resumidamente definido,
como as estratégias e implementações de políticas públicas relacionadas a esfera criminal.

Nas palavras de Natacha Alves:

Os modelos de reação social ao delito apresentam programas para a implementação da política criminal,
visando à composição do conflito social e ao controle da criminalidade para a manutenção da ordem e da paz
social27.

Nesse sentido, podemos destacar os 03 (rês) principais modelos de reação ao delito também chamado de
modelos de implementação de política criminal, são eles:

1. Modelo Clássico, também chamado de Modelo Dissuasório ou Modelo Retributivo;


2. Modelo Ressocializador; e

27 27
De OLIVEIRA, Natacha Alves. Criminologia. 1ª. Edição, 2ª. Tir. Out./2018. Salvador: Editora
JusPodivm,2018. Pg. 175.

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3. Modelo Restaurador, também chamado de Modelo Integrador, Consensual de Justiça


ou ainda Justiça Restaurativa.

Veremos agora cada um destes modelos.

3.1 – MODELO CLÁSSICO OU DISSUASÓRIO


Guerreiro,

O Modelo Clássico também pode aparecer na sua prova com outras nomenclaturas, isso porque ele
também se apresenta como Modelo Retributivo ou Dissuasório e, como o próprio nome sugere, este
modelo tem como fundamento:

A punição do delinquente que deve ser, sob essa perspectiva, intimidatória e proporcional ao
dano causado.

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Nas palavras de Christiano Gonzaga28:

Como tudo que tem início, o modelo clássico ou dissuasório foi o primeiro modelo de reação ao crime. Por
meio dele, ao mal causado pelo crime deve ser retribuído pelo mal da pena. Numa visão hegeliana, a pena
deve ser vista como um castigo proporcional ao delito cometido. Não se preocupa com a ressocialização do
agente, mas apenas que ele sofra as consequências de uma prisão em virtude da sua conduta criminosa.
(Grifo nosso)

Portanto, não é exagero frisar que neste modelo de reação ao crime, a política criminal apresentada é a
pena com finalidade exclusivamente RETRIBUTIVA, e por isso, deve ser PROPORCIONAL ao dano causado.
Note que tal modelo apresenta um caráter exclusivamente INTIMIDATÓRIO a fim de reprovar o mal
causado com uma justa retribuição, a PENA.

Note que o modelo, embora tenha como plano de fundo uma finalidade retributiva, acaba por gerar uma
consequência prevencionista.

O raciocínio é “se pagarmos o mal feito com o mal da pena” todos saberão que sempre haverá uma
penalidade a ser aplicada, na proporção do delito cometido, e isso prevenirá futuros delitos.

Importante neste caso é:

 Pagar o MAL com o MAL DA PENA;


 Desenvolver a função RETRIBUTIVA, gerando pena PROPORCIONAL, com caráter INTIMIDATÓRIO,
PREVENINDO futuros delitos.

X Não há preocupação em ressocialização;

28
GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva.
2018. p. 109.

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X Não há preocupação com a reparação dos danos causados.


Outro fato que merece destaque versa sobre os protagonistas deste modelo, que são:

 Estado; e
 Delinquente.

Isso significa que a vítima é excluída por esse modelo, (o que rende inúmeras críticas, como por exemplo,
as de Molina29, devido a importância que as vítimas exercem no questionamento da gênese e da etiologia
do delito) e os conflitos são potencializados ao invés de resolvidos devido ao retribucionismo.

Em relação ao delinquente, também merece destaque que as sanções penais somente são aplicadas aos:

 Imputáveis e
 Semi-imputáveis

Uma vez que os inimputáveis são submetidos à tratamento psiquiátrico.

Portanto, como característica principal, pode-se dizer que tal modelo procura persuadir o delinquente a
não praticar o delito por meio da intimidação do sistema retributivo.

3.2 – MODELO RESSOCIALIZADOR


Por outro lado, o Modelo Ressocializador intervém na vida e na pessoa do delinquente, buscando a
reinserção social do condenado.

29
MOLINA, Antônio Garcia-Pablos de. O que é criminologia? Tradução Danilo Cymrot. 1ª. Edição.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 158.

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O Modelo Ressocializador possui um viés mais HUMANISTA, utilizando a pena como uma
finalidade de PREVENÇÃO ESPECIAL POSITIVA, portanto, note que a finalidade, ao contrário do que propõe
o sistema clássico, está concentrada na reinserção da pessoa do condenado e não à retribuição de seu
mal.

Nas palavras de Christiano Gonzaga30:

Como o próprio nome deixa a perceber, o que se busca é a reinserção social do condenado após o
cometimento do delito. Afasta-se daquele viés em que a expiação é a única busca quando da aplicação da
pena, pois deve ser lembrado que o condenado num futuro próximo irá voltar ao convívio social, o que torna a
responsabilidade da sociedade elevada. Com essa ideia é que surgem mecanismos de ressocialização cada vez
mais eficazes, como a remição da pena pelo trabalho e pelo estudo. Não se deve apenas desejar que o crime
seja combatido com a pena, mas que o criminoso não volte a delinquir; e isso somente ocorrerá quando ele
tiver uma aceitação social, seja pelo trabalho, seja pelo estudo. Do contrário, as penitenciárias serão apenas
locais de expiação e de reunião de delinquentes que em breve estarão nas ruas para o cometimento de novos
crimes. Nesse tipo de modelo, a sociedade passa a ter um papel fundamental, pois é ela que vai receber o
condenado para fazer um novo trabalho, estudar e relacionar-se de forma lícita com seus pares. Por isso a
progressão de regime e a remição da pena contam diretamente com a atuação do corpo social, seja pela carta
de emprego que algum empregador terá que conceder ao condenado, seja pela aceitação em algum tipo de
faculdade ou curso para que o condenado possa estudar. A participação da comunidade passa a ser de suma
importância para resgatar o ser humano que existe no condenado, abandonando aquele instinto selvagem e
animal que cometeu o crime.

30
GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva.
2018. p. 129.

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Aqui o exemplo que pode ser considerado, inclusive da adoção desse tipo de modelo no Brasil, é o art. 126,
Lei de Execução Penal, em que se admite a remição pelo estudo como forma de ressocializar o agente.
Veja:

Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir,
por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena.

§ 1o A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de:

I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade de ensino
fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação
profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias;

II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho.


§ 2o As atividades de estudo a que se refere o § 1o deste artigo poderão ser desenvolvidas de
forma presencial ou por metodologia de ensino a distância e deverão ser certificadas pelas
autoridades educacionais competentes dos cursos frequentados.

§ 3º Para fins de cumulação dos casos de remição, as horas diárias de trabalho e de estudo
serão definidas de forma a se compatibilizarem.

§ 4º O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos


continuará a beneficiar-se com a remição

§ 5º O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 (um terço) no caso
de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena,
desde que certificada pelo órgão competente do sistema de educação.

§ 6º O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que usufrui liberdade
condicional poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de educação
profissional, parte do tempo de execução da pena ou do período de prova, observado o
disposto no inciso I do § 1o deste artigo.

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§ 7º O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses de prisão cautelar.

§ 8º A remição será declarada pelo juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa.

Vale destacar que no Modelo Ressocializador, a sociedade passa a ser protagonista na busca pela melhora
no comportamento do condenado, fazendo com que ele seja resgatado e tenha um novo papel na
construção dos anseios sociais.

Assim, a figura de algum Professor que irá ministrar a aula ou curso com o viés de
reinserir o criminoso novamente na sociedade, por exemplo, representa a participação da sociedade na
reintegração do condenado na sociedade, o que bem delimita a ideia do modelo aqui em apreço.

O Discurso deste Modelo é que:

Não se deve desistir do condenado só pelo fato de ele ter cometido um crime, sob pena de
ter-se uma expiação perpétua para todo aquele que tiver praticado um delito e ter ido para
uma penitenciária. A sociedade deve dar uma segunda chance a ele.

Ressalte-se que o Modelo Ressocializador NÃO DEFENDE QUE O CRIMINOSO TENHA TRATAMENTO
BENÉFICO APÓS O COMETIMENTO DO DELITO, mas que ele seja tratado igual ser humano, na letra da lei.

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Sabe-se que não é fácil tratar de forma digna aquele que destroçou uma família, como num delito de
homicídio, por exemplo, mas a sociedade é pautada no Estado Democrático de Direito, sendo a lei o farol
que orienta e rege toda a sociedade. Se o único viés for o de punir, não se necessita do Direito para pautar
as relações sociais, podendo ser implementada a tirania social com sede única de vingança. O criminoso
deve, de fato, pagar o mal causado pelo crime, mas também merece ser ressocializado para tornar-se uma
pessoa melhor31.

3.3 – MODELO RESTAURADOR


Finalmente, chegamos ao modelo RESTAURADOR, também chamado de Modelo Integrado, Consensual de
Justiça Penal ou Justiça Restaurativa.

CUIDADO!

ESTE MODELO É O RESTAURADOR e não se confunde com o RESSOCIALIZADOR, visto no


tópico anterior!

Diferente do modelo anterior, este:

Busca o reestabelecimento do status quo ante dos protagonistas do conflito criminal, com a
composição de interesses entre as partes envolvidas no conflito criminal e a reparação do dano
sofrido pela vítima, mediante acordo, consenso, transação, conciliação, mediação ou

31
GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva.
2018. p. 129.

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negociação, propiciando a restauração do delito, a assistência ao ofendido e a recuperação do


delinquente32.

Noutras palavras, significa dizer que é por meio deste modelo que se busca o retorno da vítima ao status
quo ante ao cometimento do delito, de forma a tentar resgatar o momento anterior à violação dos bens
jurídicos.

Passam a compor, de forma principal, esse modelo de reação, a vítima e o condenado, ficando de fora o
Estado. O principal enfoque é a busca pela conciliação entre autor e vítima, daí muitos chamarem esse modelo
também de conciliatório. Nada mais salutar para o retorno ao momento de normalidade anterior ao crime do
que o entendimento mútuo entre as partes33.

No ordenamento jurídico Brasileiro, a Lei 9.099/95, é exemplo da implementação deste modelo,


principalmente, no aspecto em que a composição civil e a transação penal são instrumentos importantes
de resolução de conflitos entre autor e vítima. Veja:

Art. 72. Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o autor


do fato e a vítima e, se possível, o responsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz
esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de
aplicação imediata de pena não privativa de liberdade.
Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por conciliador sob sua orientação.

32
De OLIVEIRA, Natacha Alves. Criminologia. 1ª. Edição, 2ª. Tir. Out./2018. Salvador: Editora
JusPodivm,2018. Pg. 176.

33
GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva.
2018. p. 131.

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Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Justiça, recrutados, na forma da lei


local, preferentemente entre bacharéis em Direito, excluídos os que exerçam funções na
administração da Justiça Criminal.

Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz
mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente.

Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública
condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa
ou representação.

Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a
oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo.

Parágrafo único. O não oferecimento da representação na audiência preliminar não implica


decadência do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei.

Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública


incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a
aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.

Além desses dois institutos despenalizadores, mas em menor proporção, podemos citar ainda:

 A suspensão condicional do processo como forma de também extinguir a punibilidade, desde que o
agente cumpra todas as condições propostas no prazo legal (art. 89, da Lei 9.099/95), veja:

Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por
esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a
quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime,
presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).

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Vale destacar que a diferença deste último instituto para os outros dois é que já há uma ação penal em
andamento proposta contra o agente, mas que poderá ser extinta caso sejam satisfeitas todas as
condicionantes legais.

Não obstante, também pode ser considerado um instituto despenalizador e, principalmente, exemplo de
modelo restaurativo ou integrador. Claro que esse tipo de modelo restaurativo não será hábil para resolver
todo e qualquer problema criminal entre autor e vítima, mas sim aqueles fatos considerados mais brandos
e com violação patrimonial, como nos casos de furtos.

O tema em provas

CESPE/PCGO Delegado de Polícia – 2017

Em busca do melhor sistema de enfrentamento a criminalidade, a criminologia estuda


diversos modelos de reação ao delito. A respeito desses modelos, assinale a opção correta:

a.De acordo com o modelo clássico de reação ao crime, os envolvidos devem resolver o
conflito entre si, ainda que haja necessidade de inobservância das regras técnicas estatais de
resolução da criminalidade, flexibilizando-se leis para se chegar ao consenso.

b.Conforme o modelo ressocializador de reação ao delito, a existência de leis que


recrudescem o sistema penal faz que se previna a reincidência, uma vez que o infrator
racional irá sopesar o castigo com o eventual proveito obtido.

c.Para a criminologia, as medidas despenalizadoras, com o viés reparador à vítima, condizem


com o modelo integrador de reação ao delito, de modo a inserir os interessados como
protagonistas na solução do conflito.

d.A fim de facilitar o retorno do infrator à sociedade, por meio de instrumentos de


reabilitação aptos a retirar o caráter aflitivo da pena, o modelo dissuasório de reação ao
crime propõe uma inserção positiva do apenado no seio social.

e.O modelo integrador de reação ao delito visa prevenir a criminalidade, conferindo especial
relevância ao ius puniendi estatal, ao justo, rápido e necessário castigo ao criminoso, como
forma de intimidação e prevenção do crime na sociedade.

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Gabarito: C

Bem, superado os modelos de implementação da política criminal, que visam à composição do conflito
social e ao controle da criminalidade, veremos agora os processos de Criminalização.

4 - PROCESSOS DE CRIMINALIZAÇÃO
A Criminalização é o processo de seleção penal levado a cabo pelo conjunto de agências que formam o
sistema penal, desenvolvendo-se em duas etapas, a saber: criminalização primária e criminalização
secundária. (Natacha Alves de Oliveira, 2018, p.198)

É o que veremos a seguir.

4.1 - CRIMINALIZAÇÃO PRIMÁRIA


Guerreiros,

A criminalização primária, conforme nos revela ZAFFARONI (et al, 2015, p. 43): “O ato e o efeito de
sancionar uma lei penal material que incrimina ou permite a punição de certas pessoas.”

Noutras palavras é a edição de uma norma penal incriminadora. Aqui, os olhos devem voltar-se ao
legislador. Este é o ponto inicial de análise.

Natacha Alves (2018, p. 196), complementa:

Trata-se de um ato formal programático, em regra, oriundo de agencias políticas (Poder Legislativo e Poder
Executivo), cujo cumprimento incumbirá às agências de criminalização secundária (delegados de polícia,
promotores, advogados, defensores públicos, juízes, agentes penitenciários.

E Christiano Gonzaga vai dizer:

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O destaque feito para esse tipo de criminalização está nos bens jurídicos que o legislador almeja tutelar com a
sua atuação legislativa. Como se sabe, existem dois tipos bem delineados de crimes para a Criminologia, os de
colarinho-branco e os de colarinho-azul. Dentro desse viés, percebe-se claramente que o legislador penal tem
uma preocupação primária com os crimes de colarinho-azul, enquanto com os de colarinho-branco há
inúmeros diplomas legais que o tratam de forma benéfica, até mesmo descriminalizando certas condutas,
mediante alguns requisitos, como pagamento do tributo ou repatriação de valores. A ideia que se tem é que os
crimes de colarinho-azul são os que realmente atacam bens jurídicos relevantes, como a vida, patrimônio e
integridade física, enquanto os crimes de colarinho-branco não são sentidos os seus efeitos, de forma direta,
pela maioria da sociedade. A ausência de um hospital ou de uma escola somente se torna relevante depois que
a pessoa vai buscar a saúde e educação e percebe que esses bens básicos não existem. O desvio de verba
pública feito lá atrás não é sentido num primeiro momento. Com esse viés, o legislador se sente mais
confortável em endurecer tipos penais que afetam diretamente a sociedade, como exemplo contemporâneo
tem-se o crime de furto de semovente domesticável de produção, em que o legislador penal tornou qualificado
o crime de furtar um animal que seja usado na produção comercial, como exemplo de gados de corte. Ora,
esse é o exemplo clássico de que a preocupação do legislador é com a criminalidade que viola bens
patrimoniais de forma direta, pois é isso que gera, sob certo aspecto, uma imediata insegurança pública.

Seja como for, note que são tipificações que demonstram o estágio das leis penais brasileiras e, revelam
nitidamente, seus olhares voltados para que tutela os bens jurídicos ofendidos pelos criminosos de
colarinho-azul, por exemplo.

Importantes doutrinadores, fazem alusão ao chamado Direito Penal Simbólico ou ainda, Direito Penal do
Pânico. São casos em que se cria um Direito Penal apenas para atender os movimentos sociais
instantâneos que clamam, porém, não há qualquer efetividade, na norma criada. Exemplo muito citado na
doutrina34, é o caso, voltado para impedir que os integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra
(MST) pratiquem crimes de furtos em grandes propriedades e isso seja apenas um crime de furto simples,
veio o legislador penal e alçou o tipo à forma qualificada, o que impede a alegação de princípio da
insignificância ou até mesmo outros benefícios penais.

É por ter criado essa norma, num dado momento histórico, sabendo que esta é uma situação que gera
pânico no meio rural, que surge, por exemplo, o nome de Direito Penal Simbólico

34
GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva.
2018. p. 47.

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De outra feita, os crimes de colarinho branco são cada vez mais esquecidos pelo legislador, no enfoque da
criminalização primária, uma vez que tais tipos penais ou são descriminalizados ou passam a ter,
gradativamente, um tratamento penal mais benéfico. Como exemplo, pode ser citada a Lei n. 13.254/2016,
em que a chamada repatriação de valores permite que o agente que cometera crimes como de lavagem de
dinheiro, sonegação fiscal, falsidade documental, entre outros, pode ser beneficiada pela extinção da
punibilidade quando fizer o pagamento do imposto devido. Isso é cada vez mais difícil em crimes de
colarinho azul, pois o normal é que estes sempre sejam tratados de forma rígida. Dessa forma, a
criminalização primária, realizada pelo legislador, tem o seu enfoque nos crimes de colarinho azul.
(Christiano Gonzaga, 2018, p. 124)

Na mesma linha de raciocínio, a criminalização secundária vem abordar a construção dos crimes e dos
criminosos por parte dos controles sociais formais. Vamos à análise.

4.2 – CRIMINALIZAÇÃO SECUNDÁRIA


A Criminalização Secundária é o exercício da ação punitiva que se manifesta concretamente quando
alguém pratica um ato criminalizado primariamente.

Observe-se que o sistema penal, com destaque para as agências policiais, atua de forma seletiva em
relação a criminalização secundária, realizando, em função de uma própria limitação operacional, apenas
ínfima parcela do programa primário, o que faz com que a impunidade seja a regra e a criminalização
secundária a exceção. (Natacha Alves, 2018, p. 196)

Noutras palavras, pode-se dizer que enquanto o enfoque da criminalização primária se resume no ato ou
efeito de sancionar uma lei, a secundária irá recair sobre fatos grosseiros que sejam de mais fáceis
detecção e sobre pessoas que causem menos problemas. Isto é, incapazes de acessar positivamente o

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poder político e econômico e os meios de comunicação de massa o que viola o princípio constitucional da
Isonomia35.

Foi por isso que dissemos que, na mesma linha de raciocínio da criminalização primária, a criminalização
secundária vem abordar a construção dos crimes e dos criminosos por parte dos controles sociais formais.
Não é diferente esse tipo de abordagem daquele tipo visto na criminalização primária, pois o enfoque a ser
criminalizado ainda é o crime de colarinho azul, é o que diz o professor Christiano Gonzaga, in verbis:

Pelo que se constata na forma de atuação dos personagens que integram os controles sociais formais (Polícia,
Ministério Público e Poder Judiciário), o alvo a ser atingido, na ampla maioria dos crimes, é o criminoso de
baixa renda. As operações táticas da Polícia Militar são voltadas para o combate ao crime nos focos de
criminalidade, inevitavelmente presentes nas áreas mais pobres da sociedade (periferia). Nesta região, há uma
presunção de que existem criminosos à solta e que a qualquer tempo podem praticar um delito, o que é aceito
socialmente e até mesmo incentivado. Não se tem notícia de algum tipo de operação nos moldes da famosa
“Lava-Jato” em tempos passados nem mesmo atualmente em outros estados da Federação. Isso apenas
comprova que o restante do Brasil está preocupado em combater os crimes de colarinho-azul, sendo esse o
crime perseguido pelos controles sociais formais. Além disso, combater crimes de colarinho-branco demanda
uma expertise peculiar e gasta-se muito dinheiro para estruturar uma operação nos mesmos moldes, não
sendo costumeiro o Estado fazer esse tipo de combate. Esse tipo de constatação apenas serve para comprovar
que os controles sociais formais foram concebidos para atuar nos chamados crimes de colarinho-azul, sendo a
criminalização secundária focada nesse tipo de delinquência.

A título de exemplo do quanto exposto, podemos citar a abordagem de atuação nos crimes de colarinho
azul, quando a Polícia faz uma incursão nas comunidades carentes, os alvos são sempre pessoas de baixa
renda, que são revistadas de forma humilhante e como se fossem todas bandidas, pelo simples fato de
serem pobres e morarem em zonas de criminalidade acentuada. De outro lado, a mesma Polícia não faz
esse tipo de abordagem em locais nobres, como altos condomínios de luxo. Se alguma pessoa estiver
correndo com uma pasta preta nesses locais, nunca se pensa ser algum operador de propinas a trabalho de
algum político corrupto, mas sim um executivo que está atrasado para uma reunião, ainda que a primeira

35
Zaffaroni et al, 2015, p. 46

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alternativa seja a verdadeira. Trata-se de uma criminalização secundária com viés voltado para os crimes
de colarinho azul.36

4.2.1 – Desvio Secundário ou efeito reprodutor da criminalização

O desvio secundário também chamado de efeito reprodutor, ocorre quando as pessoas selecionadas pelo
sistema penal passam a ser rotuladas como delinquentes, havendo sua exposição pública pelos meios de
comunicação social, o que contribui para a preconceituosa construção de um estereótipo, associado à
classe social, etnia, idade, gênero e aparência estética. Esse estereótipo, por sua vez, passa a ser o
principal critério seletivo na criminalização secundária, o que justifica a existência de certa uniformidade
estética da população carcerária, representada por caracteres que foram considerados pelo determinismo
biológico como causas do delito, quando, em verdade, seriam causas da criminalização. Observe-se,
porém, a possibilidade de virem a se tornar causas do delito na hipótese em que a pessoa assumir o papel
vinculado ao estereótipo, comportamento esse denominado de desvio secundário ou efeito reprodutor da
criminalização37.

Por fim, vale dizer que a doutrina critica.

A crítica é no sentido de que se tornam reféns ou mais vulneráveis à criminalização secundária, pessoas
com características que se enquadram nos estereótipos criminais que apenas consigam efetuar crimes
grosseiros de fácil detecção.

36
GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva.
2018. p. 125.

37
OLIVEIRA, Natacha Alves de Oliveira. Manual de Criminologia. Salvador: Editora JusPodivm,2018.
Pg. 196.

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5 – ESTATÍSTICA CRIMINAL E CIFRAS CRIMINAIS DA


CRIMINOLOGIA CONTEMPORÂNEA
Guerreiro,

Desde o século XIX, implementamos um tratamento científico de estatística criminal que ganhou espaço e
tornou-se relevante para o estudo do fenômeno criminológico. Isso significa que passamos a relacionar os
ilícitos cometidos a fatores de criminalidade e, a partir desse cruzamento, norteamos nossa política
criminal.

Subsídio à
Fatores de
Ilícitos política
criminalidade
criminal

Embora o levantamento seja imprescindível e muito significativo, não podemos desprezar que muitas
infrações penais não chegam ao conhecimento das autoridades oficiais, consequentemente, temos uma
distorção dos resultados acerca da realidade fenomênica.

A partir desta realidade, surgem 03 (Três) nomenclaturas doutrinárias, de ordem conceitual, a fim de
proporcionar a leitura das estatísticas criminal, são elas: Criminalidade real, Criminalidade revelada,
aparente ou registrada e Cifras ocultas também chamada de Cifras negras. Veja:

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Criminalidade real: Refere-se ao número efetivo de


crimes ocorridos em determinado local dentro de um
espaço delimitado.

Criminalidade revelada, aparente ou registrada: Trata-se


do número de crimes que chegam ao conhecimento do
Estado.

Cifras ocultas ou cifras negras: Corresponde ao percentual


de crimes que não chega ao conhecimento do Estado.
Tem-se, assim, que a cifra oculta corresponde,
matematicamente, ao resultado da diferença entre a
criminalidade real e a criminalidade revelada.

Não é demais reforçar, embora tenha ficado óbvio, que a criminalidade real é sempre maior que a
criminalidade revelada (aparente ou registrada).

Bem, com o tempo, notou-se que o índice da cifra oculta variará a depender:

 Do delito e
 A classe social do delinquente.

E é exatamente por isso que a doutrina começa a desenhar novas classificações relacionadas às cifras,
destacamos:

 Cifra negra;
 Cifra dourada;
 Cifra cinza;
 Cifra amarela;

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 Cifra verde;

Nas palavras de SUMARIVA (2017, p. 127-134), a definição variará, basicamente, de acordo com o tipo de
crime cometido, o bem jurídico tutelado pelo tipo penal violado, a classe social a que pertença o autor do
fato e a instância de resolução do conflito.

Agora, passaremos ao estudo das cifras. Vamos lá?

5.1 – CIFRA NEGRA

A expressão cifra pode indicar o resultado de uma soma, um cálculo ou quantidade total de
algo. O Brasil é um país populoso e de proporções continentais, portanto, imaginar que todos
os crimes ocorridos em nosso território são apurados e investigados pela polícia é uma
ingenuidade. Muitos delitos praticados sequer chegam ao conhecimento das autoridades
policiais, e quando não são apurados nem punidos, passam a compor a denominada cifra negra
do Direito Penal38.

38
FONTES, Eduardo & HOFFAMANN Henrique. Criminologia. 1ª. Edição. 2ª. tir.:ago/2018. Salvador:
Editora JusPodivm, 2018. p. 240.

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A expressão cifra negra, cifra também chamada de cifra oculta ou


zona escura, dark number ou ciffre noir, corresponde ao número de
crimes não levados ao conhecimento das autoridades públicas.

Nas palavras de Christiano Gonzaga39:

Nas chamadas cifras negras ou ocultas estão os crimes de colarinho-branco que não são descobertos e ficam
fora das estatísticas sociais. Como os seus autores gozam do chamado “cinturão da impunidade”, os seus
delitos ficam encobertos, ocorrendo o que se chama de cifra oculta ou negra da criminalidade. Cumpre
ressaltar que tais delitos são infinitamente superiores aos delitos que são descobertos e que entram nas
estatísticas sociais, uma vez que os crimes de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e contra a administração
pública que realmente ocorrem e não são punidos constituem a grande maioria. Já as chamadas cifras
douradas ou de ouro correlacionam-se aos crimes de colarinho-branco que são oficialmente conhecidos e
punidos, o que, claramente, constituem uma minoria ínfima perto dos que acontecem e não são descobertos.

 O tema em provas

(FCC/ DPE SP Defensor Público – 2009) A expressão cifra negra ou oculta, refere-se:
a. À descriminantes putativas, nos casos em que não há tipo culposo do crime
cometido.
b. Ao fracasso do autor na empreitada em que a maioria tem êxito.
c. À porcentagem de presos que não voltam da saída temporária do semiaberto.
d. À porcentagem de crimes não solucionados ou punidos porque, num sistema
seletivo, não caíram sob a égide da polícia ou da justiça ou da administração
carcerária, porque nos presídios “não estão todos os que são”.

39 39
GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva.
2018. p. 47.

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e. À porcentagem de criminalização da pobreza e a globalização, pelas quais o centro


exerce seu controle sobre a periferia, cominando penas e criando fato típicos de
acordo com seus interesses econômicos, determinando estigmatização das
minorias.

Gabarito: Letra D

Atente-se para o fato de que, neste caso, consequentemente, à diferença entre a criminalidade real e a
criminalidade revelada.

Vale destacar que o emprego do término relaciona-se diretamente com os crimes de colarinho azul
também chamados de blue colar crimes, que em referência à gola do macacão azul utilizado como
uniforme por operários em fábricas, refere-se à criminalidade de rua, ou seja, aos delitos praticados por
indivíduos economicamente menos favorecidos, como os crimes de ordem patrimonial, por exemplo, ou
mesmo àqueles contra a vida.

Aqui, chamamos atenção:

Os crimes de colarinho azul não se confundem com crimes de colarinho branco. Os crimes de
colarinho azul se contrapõem aos crimes de colarinho branco. Este, ao contrário daquele, faz
referência às camisas brancas utilizadas pelos executivos, representando a criminalidade da ELITE.

Explico.

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É que em 1949, o criminologista Edwin Sutherland passou a estudar os crimes cometidos pelos altos
executivos americanos, os quais infringiam praticamente leis como de combate à sonegação fiscal e
lavagem de dinheiro. Veja o que nos conta o Promotor de Justiça e Professor, Christiano Gonzaga40:

Pelo que se percebe, claramente, os executivos sempre estão bem alinhados em ternos caríssimos e com
camisas com colarinho-branco impecável, daí surgindo a expressão white-collar. De outro lado, os operários
braçais que trabalham no chão da fábrica, bem como motoristas de ônibus e pessoas de baixa renda, usam
uniformes azuis com colarinhos da mesma cor, o que se convencionou chamar de blue-collar.

Em sua obra chama O crime de colarinho branco, Sutherland delimita dois pontos importantíssimos na
análise da criminalidade moderna, sendo:

“1ª) evidenciar que as pessoas de classe socioeconômica alta cometem muitos delitos e estas condutas
deveriam ser incluídas no campo das teorias gerais do delito; e, face às evidências. 2ª) Apresentar hipóteses
que possam explicar tanto os crimes de colarinho-branco como os demais ilícitos.41”

Pelo trecho citado, é possível notar que a prática de crimes não é exclusiva dos criminosos de colarinho
azul, o que aparta o caráter de patologia inerente aos criminosos ou ainda a exclusividade de que apenas
pessoas pobres delinquem.

Como sabemos, o crime é um ente social, portanto, seu estudo em todas as suas formas é medida que se
impõe, uma vez que ele pode nascer em qualquer local, bastando para tanto que exista uma interação
social.

Daí a crítica, Sutherland vai nos dizer que os criminosos de colarinho


branco dificilmente são responsabilizados criminalmente por suas
condutas, gozando de um verdadeiro “cinturão de impunidade”, uma
vez que estão num determinado estrato social que a justiça criminal
não consegue alcançar, muito por causa do poder econômico que ostentam e pelas amizades envolvendo

40
GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva.
2018. p. 47.

41
GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva.
2018. p. 47.

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funcionários públicos. O mesmo não ocorre com os criminosos de colarinho azul, pois o sistema penal
parece ter sido feito apenas para eles, bastando uma visita em qualquer penitenciária para constatar que
as celas estão recheadas de pessoas da mesma cor e do mesmo estrato social42.

E foi assim que chegamos ao tema deste tópico na nossa aula, pois, é a partir de todo esse andamento que
surge uma outra dicotomia consistente nas chamadas cifras negras ou ocultas e cifras douradas ou de
ouro, todas propostas por Edwin Sutherland.

Apontamos, como exemplo, alguns fatores responsáveis pela cifra negra, ou seja, pela não comunicação de
crimes pelas vítimas às autoridades responsáveis e, consequentemente, por sua não apuração e
impunidade:

 O aumento do risco de vitimização secundária

E aqui. Vale um parêntese.

Cumpre lembrá-los que: A vitimização secundária decorre do sistema criminal de justiça e também é
conhecida por sobrevitimizar, in verbis43:

A vitimização secundária, notoriamente sentida pela atuação das instituições estatais diante de um crime,
ocorre quando a vítima vai procurar ajuda estatal diante da prática da infração penal sofrida por ela. Ao
chegar a uma Delegacia de Polícia em que os agentes públicos não possuem o necessário preparo para o seu
acolhimento, ela é novamente vitimizada, o que é chamado também de sobrevitimização. Toma-se por
exemplo o crime de estupro, em que a vítima que acabou de sofrer esse ataque brutal ao seu bem jurídico vai
até uma Autoridade Policial pedir ajuda. Todavia, como se estivesse lidando com mais um crime qualquer,
manda que ela vá até o Instituto Médico-Legal fazer o exame de corpo de delito para comprovar a prática do
crime em tela. Muitas vezes são Delegados de Polícia que não entendem a natureza feminina que fora
despedaçada e, em vez de fazer uma acolhida inicial, tratam a vítima como um pedaço de carne.

42
Op. Cit.

43
Op. Cit.

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Significa dizer que, trata o sofrimento causado às vítimas pelas investigações e curso do processo penal,
como vergonha, constrangimento, ataques etc.

Fechado o parêntese.

 Com o destrato e desconfiança de sua palavra pelas autoridades oficiais;


 A descrença na justiça;
 A possibilidade de perder dias de trabalho comparecendo, seja à delegacia, seja ao fórum a
==16ef80==

fim de prestar declarações;


 O medo de represálias pelo autor do fato;
 A vergonha;
 A estigmatização em crimes de ordem sexual;
 A dependência do autor, tanto financeira como psicológica - principalmente nos casos cuja
pauta cuja é a violência é doméstica e familiar contra a mulher;
 Falhas na legislação (conceitos dúbios ou lacunosos, violação ao princípio da taxatividade)
 Entre outros.

Além disso, não é demais lembrá-los que os aspectos penais também são fatores influentes para fazer com
que um crime deixe de ser investigado ou julgado. Nesse sentido, penas desproporcionais à conduta
praticada, interfere diretamente no posicionamento da vítima que, sabendo que o criminoso pode ser
punido com penas inexpressivas ou ainda, que ele pode nem chegar a ser punido, faz com que a vítima
deixe de repassar às autoridades pertinentes o ocorrido.

Além disso, destacamos também como fatores responsáveis pela cifra negra:

 Imunidades parlamentares;
 As próprias deficiências relacionadas à investigação criminal, como a falta de estrutura
material e humana dos órgãos responsáveis pela investigação criminal, a burocratização de IP;
 Corrupção
 Corrupção da polícia e aumento da milícia;
 Interesses políticos nas investigações;

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 Politização da polícia com a remoção de autoridades responsáveis pela investigação, bem


como, pela condução da ação, a exemplo, citamos: Delegado de Polícia e Membros de
Parquet;
 A morosidade da justiça e à persecução penal em juízo gerando prescrições penais;
 Falta de efetividade nos programas de proteção às vítimas e testemunhas;
 Atraso tecnológico
 Falta de cooperação internacional e outros.

 O tema em provas

(VUNESP/PCSP Médico Legista – 2014) A expressão “cifra negra”, em Criminologia,


corresponde ao número de:
a. Erros judiciais (decisões judiciais incompatíveis com a realidade dos fatos).
b. Crimes ocorridos e não reportados à autoridade.
c. Criminosos reincidentes.
d. Prisões efetuadas injustamente.
e. Crimes ocorridos em ambientes públicos, mas cuja autoria permanece ignorada

Gabarito: B

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A doutrina utiliza em sentido amplo a expressão cifra negra


como sinônimo de cifra oculta, significando o percentual de
crimes não revelados, ou apurados pelo Estado. Todavia, deve-
se atentar que o termo cifra negra também é utilizado em
sentido estrito quando circunscrito à criminalidade do colarinho
azul, em contraposição à cifra dourada, que, por sua vez, refere-se à criminalidade do colarinho branco44.

5.2 – CIFRA DOURADA


A cifra dourada é considerada espécie do gênero cifra oculta.

Também chamado de White-collar crimes, ou cifras de ouro e refere-se à crimes de colarinho branco não
revelados ou não apurados pelo Estado.

Numa versão brasileira, doutrinadores trouxeram o conceito de cifras negras e douradas para o Brasil com
a simples máxima entre os crimes conhecidos e punidos e os não conhecidos e não punidos, sem
reservar o estudo apenas para os crimes de colarinho branco, como foi a ideia originária de Edwin
Sutherland.

Para aclarar o que se entende pela expressão cifras ocultas da criminalidade no Brasil, citamos, nas
palavras de Christiano Gonzaga45, o escólio de Salo de Carvalho:

“A cifra oculta da criminalidade corresponderia, pois, à lacuna existente entre a totalidade dos eventos
criminalizados ocorridos em determinados tempo e local (criminalidade real) e as condutas que efetivamente

44
OLIVEIRA, Natacha Alves de Oliveira. Manual de Criminologia. Salvador: Editora JusPodivm,2018.
Pg. 199.

45
GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva.
2018. p. 48.

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são tratadas como delito pelos aparelhos de persecução criminal (criminalidade registrada). E os fatores
explicativos da taxa de ineficiência do sistema penal são inúmeros e dos mais distintos, incluindo desde sua
incapacidade operativa ao desinteresse das pessoas em comunicar os crimes dos quais foram vítimas ou
testemunhas. Como variável obtém-se o diagnóstico da baixa capacidade de o sistema penal oferecer resposta
adequada aos conflitos que pretende solucionar, visto que sua atuação é subsidiária, localizada e, não
esporadicamente, filtrada de forma arbitrária e seletiva pelas agências policiais (repressivas, preventivas ou
investigativas).”

Portanto, aqui no Brasil, a ideia que prossegue é a de que os crimes conhecidos e punidos - cifras de ouro -
são os crimes cometidos por pessoas de baixa renda, ou chamados de blue-collar, veja:

No Brasil, portanto, a ideia que persiste é a de que os crimes conhecidos e punidos (cifras de ouro) são os
crimes cometidos por pessoas de baixa renda, ou chamados de blue-collar, enquanto os crimes não
conhecidos, e por isso não punidos, possuem o conceito de cifras ocultas e são cometidos pelas pessoas de alta
renda (white-collar). Da mesma forma, que na versão originária de Sutherland, as chamadas cifras negras são
bem maiores que as cifras douradas, pois os crimes que de fato acontecem e não são descobertos são
infinitamente superiores, tais cifras no Brasil referem-se aos crimes de colarinho-branco e também aos de
colarinho-azul. Foi nessa toada que surgiu o antagonismo entre criminosos de colarinho-branco e colarinho-
azul, quando se quer referir aos tipos de infrações penais cometidos por pessoas de diferentes classes sociais,
sendo muito comum em provas de concursos públicos a utilização de tais expressões, devendo apenas ser
atentado para o que foi o pensamento original em Sutherland e o que é o pensamento atual, sendo ambas as
formas corretas, devendo apenas ser identificado qual momento histórico está sendo questionado46.

Seja como for, é valido esclarecer que, a expressão do colarinho branco, difundida por Edwin Sutherland,
compreende os delitos econômicos em sentido amplo, como por exemplo:

 O crime e lavagem de capitais previsto na Lei nº 9.613/98,


 Os crimes contra a ordem tributária, Lei nº 137/90;
 Os crimes contra a ordem econômica, Lei nº 8.176/91;
 Crimes contra a ordem previdenciária – Lei n 8176/91;
 Aqueles crimes de ordem eleitoral, Lei nº 4737/65,

46
Op. Cit.

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Praticados por pessoas de respeitabilidade, elevado status social, conhecidas como “a elite”, valendo-se de
seus conhecimentos técnicos, habilidade profissional e influência pessoal ou política.

A partir dessa escassa perseguição de crimes de colarinho branco é que a doutrina aponta três ordens de
fatores, a saber: fatores de natureza social, fatores de natureza jurídico-formal e fatores de natureza
econômica.

Em síntese, vamos ao estudo de cada um desses fatores.

5.2.1 - Fatores de natureza social

Contrariamente ao que se dá nas infrações típicas de classes sociais menos favorecidas, os autores dos
denominados crimes do colarinho branco ostentam prestígio social, inexistindo um estereotípico que
oriente as agências oficias na perseguição das infrações penais e sendo escasso o efeito, estigmatizam-te
das sanções aplicadas. Assim, o fato criminoso é tido socialmente como uma prática generalizada,
conhecida e tolerada por todos.47

5.2.2 - Fatores de natureza jurídico-formas

Refere-se à competência de comissões especiais e dos órgãos ordinários, para certos tipos de infrações, em
dadas sociedades. Registre-se que as manobras criminosas nos delitos econômicos se valem de complexas
estruturas societárias e de intrincados procedimentos financeiros, dificultando a individualização da
conduta dos autores do fato e demandando a necessidade de minuciosa perícia técnica 48.

47
OLIVEIRA, Natacha Alves de Oliveira. Manual de Criminologia. Salvador: Editora JusPodivm, 2018.
Pg. 201.

48
Op. Cit.

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5.2.3 - Fatores de natureza econômica

A capacidade econômica do autor do fato permite a contramão de advogados de renomado prestígio e, até
mesmo, o exercício de pressões sobre os denunciantes. 49

 O tema em provas

(VUNESP/ PCSP Escrivão de Polícia – 2014) A Criminologia moderna estuda o fenômeno


da criminalidade por meio da estatística criminal. Nessa seara, a expressão “cifra
dourada” designa:
a. O total de delitos registrados e de conhecimento do poder público que são
elucidados.
b. As infrações penais praticadas pela elite, não reveladas ou apuradas; trata-se de um
subtipo da “cifra negra”, a exemplo do crime de sonegação fiscal

49
OLIVEIRA, Natacha Alves de Oliveira. Manual de Criminologia. Salvador: Editora JusPodivm, 2018.
Pg. 201.

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c. As infrações penais de maior gravidade, como, por exemplo, o homicídio, que, ao


ser elucidado, permite ao poder público planejar melhor suas ações e alterar a
legislação
d. As infrações penais de menor potencial ofensivo, por enquadrar-se na Lei n.º
9.099/95, a exemplo do delito de perturbação do sossego alheio
e. O percentual de delitos praticados pela sociedade de baixa renda que não chega ao
conhecimento do poder público por falta de registro, e, portanto, não são
elucidados.

Gabarito: B

No julgamento da ação penal nº 470 – STF, foi o Ministro Fux que se valeu das expressões cunhadas por
Sutherland, declarando em seu voto as seguintes palavras:

Caso Mensalão

“O desafio na seara dos crimes de colarinho branco é alcançar a plena efetividade da tutela
penal dos bens jurídicos não individuais. Tendo em conta que se trata de delitos cometidos
sem violência, incruentos, não atraem para si a mesma repulsa social dos crimes do colarinho
azul."
Ministro Luiz Fux - STF

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5.3 – CIFRA CINZA


Ao contrário do que estudamos até agora, a cifra cinza trata do número de crimes registrados na Delegacia
de Polícia e que são solucionados em sede policial, sem que haja instauração de processo na esfera
criminal para que o fato criminoso seja levado a julgamento.

Frise-se:

 São solucionados
 Em sede policial

Para Christiano Gonzaga50:

Entende-se por essa expressão as infrações penais que ocorrem, mas são solucionadas no âmbito da própria
Delegacia de Polícia, por meio de não oferecimento de representação, desistência da vítima de continuar o
procedimento e ausência de testemunhas que queiram falar sobre os fatos, ou seja, quando ocorre alguma
solução extraprocessual que impede a continuidade do feito. Assim, são as infrações penais que caem no vazio
e no esquecimento, como se fossem cinzas ao vento.

Os exemplos citados pela doutrina (Natacha Alves, p. 203. 2018) são:

 O não oferecimento ou retratação da representação criminal nos casos de ação penal


pública condicionada à representação, haja vista sua natureza jurídica, segundo a
doutrina majoritária, de condição de procedibilidade, na forma do art. 5º, §4º c/c art.
24 do CPP

Neste caso, in verbis:

50
GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva.
2018. p. 203.

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Art. 5o. Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
(...)
§ 4o. O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser
iniciado.

E ainda:

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá,
quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver
qualidade para representá-lo.

Crimes de ação penal de iniciativa privada, em relação aos quais o IP depende de


requerimento das partes; Oferecimento da queixa-crime cabe ao ofendido ou a quem tenha
qualidade para representá-lo.

Em reforço:

Art. 5º. CPP: Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
(...)
§ 5o. - Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento
de quem tenha qualidade para intentá-la.

E ainda:

Art. 30- CPP. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação privada.

Nesse ínterim é que surge espaço para a medição pela polícia como forma de resolução de conflitos,
evidentemente, trata-se de uma forma alternativa que, à luz da justiça restaurativa e sob a velha
perspectiva de um sistema penal humanizado, dissonante da lógica punitiva-retributiva, promova o diálogo
entre as partes para a busca de uma solução consensual e horizontalizada da contenda.

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5.4 – CIFRA AMARELA

A cifra amarela trata das ocorrências em que há abuso e violência policial contra indivíduo,
que deixam de ser levadas ao conhecimento dos órgãos públicos, como por exemplo, delegacias de polícia,
ouvidoria, ministério público, corregedoria, etc., por termor de sofrer represálias 51.

5.5 – CIFRA VERDE


Consiste nas ocorrências referentes aos crimes contra o meio ambiente que não chegam ao conhecimento
dos órgãos policiais. Por exemplo, o crime de maus tratos a animais previstos no art. 32, da Lei nº 9.605/99
ou ainda o crime de pichação urbana, também com previsão no mesmo diploma legal 52.

51
OLIVEIRA, Natacha Alves de Oliveira. Manual de Criminologia. Salvador: Editora JusPodivm, 2018.
Pg. 204.

52
Op. Cit.

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RESUMO

Prevenção Criminal
o Conceito
 Consiste no conjunto de ações destinadas a evitar sua prática.
o Divisões
 Primária
 Secundária
 Terciária

Prevenção Penal
o Não se confunde com a prevenção da matéria de Criminologia.
o Divisões
 Geral: a pena é imposta a qualquer indivíduo, os demais componentes da sociedade reagem a isso,
podendo ser feito de forma positiva ou negativa:
Positiva: quando os cidadãos sentem o efeito da aplicação da pena e integram-se
socialmente, daí ter a função integradora.
 Negativa: Também conhecida como função exemplificadora. É que, ao aplicar uma pena a
qualquer indivíduo, integrantes de uma sociedade vão entender isso como um exemplo do que
ocorre com alguém quando se comete certos tipos de crime.

 Especial: a análise sobre os efeitos da pena é na pessoa do acusado e não na sociedade, ao


contrário do que propõe a prevenção geral.
 Positiva: foca o lado útil da aplicação da pena, consistente na ressocialização do
condenado.

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Negativa: enfoque mais voltado ao condenado em si, almeja-se que ele não volte a
delinquir, uma vez que a aplicação de pena e consequente envio ao cárcere impedirá que se
pratiquem novos delitos. Essa é a função chamada de neutralizadora. Uma vez que ele se encontra
recolhido ao estabelecimento prisional, o cometimento de novos delitos torna-se bastante difícil.

Mnemônico

Positiva

Geral

Negativa

PREVENÇÕES DP

Positiva

Especial

Negativa

Fatores sociais como influenciados criminológicos


o Conceito
 Também chamados pela doutrina de fatores sociais criminógenos, são elementos que estimulam
a criminalidade.

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Pobreza e miséria;
Sistema Econômico;
 Educação;
 Meios de Comunicação;
 Mal vivência;
 Habitação;
 Política;
 Preconceito
 Outros.

Modelos Teóricos de prevenção ao delito


o Conceito
É o conjunto de ações que visam evitar, direto ou indiretamente, a ocorrência do delito.

o Medidas para prevenção criminal:


 Indireta
Atuam de maneira mediata sobre o crime, ao incidir em relação às causas do delito.
 Ex. melhorias na condição de vida populacional
 Direta
 Incidem de forma imediata sobre o próprio delito.
 Ex. pena e regime prisional

Mnemônico

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Medidas para previnir

Atuam de maneira mediata


Ex. melhorias na condição de
(IN)direta sobre o crime, ao incidir em
vida populacional
relação às causas do delito

Incidem de forma imediata


Direta Ex. pena e regime prisional
sobre o póprio delito.

o Princípios prevencionistas
 Existencialismo absoluto da relação causa-efeito (nada existe sem uma causa);
 Prevenção é a única responsável pela neutralização das causas criminógenas;
 Solução para o problema criminal está na transformação do mau caráter em bom caráter.

o Modelos teóricos do delito


 Clássico
 O foco deste modelo é no efeito intimidatório que vem do rigor e severidade da pena –
aquela abstrata prevista para o delito. Centra os olhares na pena, isto é, na suposta eficácia
preventiva decorrente do caráter intimidador da sanção penal em relação ao criminoso .

 Neoclássico

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 Foca no efetivo funcionamento do ordenamento jurídico, especialmente como é


percebido pelo infrator.

Classificação da prevenção
o De acordo com a classificação de medina, três são as espécies.
 DIMENSÃO CLÁSSICA
 DIMENSÃO POLÍTICA
 DIMENSÃO PLURIDIMENSIONAL

Mnemônico

Classificação
de Medina

Dimensão Dimensão Dimensão


Clássica Política Pluridimensional

Prevenção por Prevenção


Prevenção Modelo Prevenção Prevenção
meio do sistema situacional do
primária tradicional de justiça penal delito
Comunitária comunitária

Prevenção
Modelo liberal Recompensa
Secundária

Prevenção Sentimento de
Modelo radical
Terceária Culpa do infrator

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Dimensão Clássica
o Conceito
 Nas palavras de Garcías-Pablos Molina (2003, p. 984), essa classificação se pauta em diferentes
critérios, a saber: maior ou menor relevância etiológica dos respectivos programas, seus destinatários, os
instrumentos e mecanismos utilizados, âmbito e fins perseguidos.

o Subdivisões
 Prevenção Primária
 Consiste nos programas de prevenção destinados a criar os pressupostos aptos a
neutralizar as causas do delito, como a educação, e a socialização – enfoque etiológico.

 Prevenção Secundária
 Atua em momento posterior ao crime ou na sua iminência. Desta maneira, conduz sua
atenção para o momento e local em que o fenômeno da criminalidade se revela, orientando-se pelos
grupos que apresentam maior riso de sofrer ou pratica o delito.

 Prevenção Terciária.
 Atua após o delito e tem como destinatária a população carcerária, assumindo caráter
ressocializador com o escopo de evitar a reiteração criminosa53.

53
De OLIVEIRA, Natacha Alves. Criminologia. 1ª. Edição, 2ª. Tir. Out./2018. Salvador: Editora
JusPodivm,2018. Pg. 158.

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Dimensão Política
o Subdivisões
 Modelo Tradicional
 A prevenção deve se voltar a dissuasão geral e especial, sob o efeito intimidatório da pena
de prisão, devendo-se adotar, para aumentar a efetividade desta, estratégias situacionais de vigilância e
incapacitação.

 Modelo Liberal
 A prevenção deve se voltar tanto ao âmbito individual quanto ao âmbito social, haja vista
considerar o crime um problema social, devendo-se adotar estratégias de tratamento individual ou
intervenção familiar comunitária.

 Modelo Radical
 A prevenção deve visar a redução das igualdades sociais, uma vez que o crime é
considerado uma construção histórica e social, produto dos grupos detentores de poder, refletindo,
assim, as desigualdades inerentes às estruturas sociais vigentes.

Mnemônico

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Dimensão Política

Modelo tradicional ou
Modelo liberal Modelo radical
conservador

Dimensão Pluridimensional
o Subdivisões
 Prevenção por meio do sistema de justiça penal
 Se exerce sob ameaça de um castigo, leia-se, pelo efeito intimidatório da pena, valendo-se
das estratégias de dissuasão, incapacitação ou inocuização e reabilitação.

 Prevenção situacional do delito


Inspirada nas teorias criminológicas da eleição racional e das atividades cotidianas, é
exercida pela redução das oportunidades que influenciam na concretização da vontade delitiva,
mediante a modificação do cenário do crime, incrementando os riscos e dificuldades.
 Prevenção situacional da recompensa: Visa reduzir as recompensas ou ganhos
decorrentes das condutas criminosas, minimizando os estímulos da sua prática. Ex.
Substituição do dinheiro em moeda por cartão magnético.
 Prevenção situacional do sentimento de culpa do ofendido: Dar-se-á pela adoção
de medidas, como campanhas educativas, que reforcem a condenação moral da conduta

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desviante e influenciam positivamente o comportamento do indivíduo, em conformidade


com as regras e normas de conduta, visando um comportamento pró-social. Ex. Proibição da
embriaguez ao volante e campanhas educativas “se dirigir não beba”. Reduzindo as
expectativas e lucros associados a práticas delitivas.

Mnemônico

Classificação de
Medina

Dimensão
Pluridimensional

Prevenção por Prevenção Prevenção


Prevenção
meio do sistema situacional do evolutiva ou
Comunitária
de justiça penal delito desenvolvimeno

Recompensa

Sentimento de
Culpa do infrator

Prevenção Comunitária
o Conceito
 A prevenção visa ao enfretamento de comportamentos antissociais da sociedade, exercendo-se
por meio da adoção de programas com estratégias orientadas a alterar as condições sociais e instituições
sociais (ex. família, clubes, organizações etc.) que neles repercutem, vinculando-se às explicações da
sociologia urbana.

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Prevenção Evolutiva ou de desenvolvimento


o Conceito
 Essa prevenção procura elidir o desenvolvimento do comportamento criminoso individual,
mediante a redução de dos fatores de risco e ampliação dos fatores de proteção revelados a partir de
estudos de desenvolvimento humano.

Modelos de reação ao delito


o Conceito
Os modelos de reação social ao delito apresentam programas para a implementação da política
criminal, visando à composição do conflito social e ao controle da criminalidade para a manutenção da
ordem e da paz social.
o Divisões
 MODELO CLÁSSICO OU DISSUASÓRIO
 MODELO RESSOCIALIZADOR
 MODELO RESTAURADOR

Modelo Clássico
o Conceito
Também chamado de modelo retributivo, tem como base a punição do delinquente que deve ser,
sob essa perspectiva, intimidatória e proporcional ao dano causado.

Modelo Ressocializador
o Conceito

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 Este intervém na vida e na pessoa do delinquente. O que se busca é a reinserção social do


condenado após o cometimento do delito. Afasta-se daquele viés em que a expiação é a única busca quando
da aplicação da pena, pois deve ser lembrado que o condenado num futuro próximo irá voltar ao convívio
social, o que torna a responsabilidade da sociedade elevada. Com essa ideia é que surgem mecanismos de
ressocialização cada vez mais eficazes, como a remição da pena pelo trabalho e pelo estudo.

Modelo Restaurador
o Conceito
 Também chamado de modelo integrado, consensual de Justiça Penal ou Justiça Restaurativa
busca o reestabelecimento do status quo ante dos protagonistas do conflito criminal, com a composição de
interesses entre as partes envolvidas no conflito criminal e a reparação do dano sofrido pela vítima,
mediante acordo, consenso, transação, conciliação, mediação ou negociação, propiciando a restauração do
delito, a assistência ao ofendido e a recuperação do delinquente.

DESTAQUES À JURISPRUDÊNCIA E LEGISLAÇÃO

PRINCIPAIS ARTIGOS

Art. 59, CP – Dosimetria para prevenção

Art. 59 – O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente,
aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima,
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.

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Individualização da pena (art. 5º, XLVI, CF)

Art. 5º, CF(...)

XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade;

b) perda de bens;

c) multa;

d) prestação social alternativa;

e) suspensão ou interdição de direitos;

Legalidade (art. 5º, XXXIX, CF).

Art.5º, CF

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;

Art. 126 LEP – Modelo Ressocializador no Brasil

Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho
ou por estudo, parte do tempo de execução da pena.

§ 1o A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de:

I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade de ensino fundamental,
médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas, no
mínimo, em 3 (três) dias;

II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho.

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§ 2o As atividades de estudo a que se refere o § 1o deste artigo poderão ser desenvolvidas de forma
presencial ou por metodologia de ensino a distância e deverão ser certificadas pelas autoridades
educacionais competentes dos cursos frequentados.

§ 3º Para fins de cumulação dos casos de remição, as horas diárias de trabalho e de estudo serão definidas
de forma a se compatibilizarem.

§ 4º O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos continuará a


beneficiar-se com a remição

§ 5º O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 (um terço) no caso de
conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena, desde que
certificada pelo órgão competente do sistema de educação.

§ 6º O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que usufrui liberdade condicional
poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional, parte do tempo de
execução da pena ou do período de prova, observado o disposto no inciso I do § 1o deste artigo.

§ 7º O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses de prisão cautelar.

§ 8º A remição será declarada pelo juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa.

Arts. Da Lei 9.099/95 – Modelo Restaurador

Art. 72. Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o autor do fato e a vítima
e, se possível, o responsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a
possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não
privativa de liberdade.

Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por conciliador sob sua orientação.

Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Justiça, recrutados, na forma da lei local,
preferentemente entre bacharéis em Direito, excluídos os que exerçam funções na administração da
Justiça Criminal.

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Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença
irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente.

Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à
representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação.

Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a oportunidade de
exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo.

Parágrafo único. O não oferecimento da representação na audiência preliminar não implica decadência do
direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei.

Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo
caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de
direitos ou multas, a ser especificada na proposta.

Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por
esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a
quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro
crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código
Penal).

SÚMULAS

Súmula Vinculante nº 56

A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional
mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Guerreiros,

Cumprimos mais uma meta hoje.

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Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato conosco. Estou disponível no fórum no Curso,
por e-mail e, inclusive, pelo Instagram.

Aguardo vocês na próxima aula. Até lá!

Paulo Bilynskyj

E-mail: pbilynskyj@gmail.com
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QUESTÕES COMENTADAS

1. (VUNESP/PCSP Agente de Polícia – 2013) Entende (m)-se por prevenção primária:


a. As ações policiais dirigidas aos indivíduos vulneráveis.
b. As políticas públicas dirigidas aos grupos de risco.
c. Aquela dirigida exclusivamente ao preso, em busca de sua reinserção familiar e/ou social.
d. O trabalho de conscientização social, o qual atua no fenômeno criminal, em sua etiologia.
e. Aquela que age em momento posterior ao crime ou na iminência de seu acontecimento.

Comentários

A prevenção primária consiste nos programas de prevenção destinados a criar os pressupostos aptos a
neutralizar as causas do delito, como a educação, e a socialização – enfoque etiológico -. Incide sobre as
causas do problema, quer dizer, na concretização de direito fundamentais de todos, como acesso a saúde,
educação, moradia, trabalho, segurança, enfim, da qualidade de vida. Tem como destinatário toda a
população, demanda investimento de alto custo, e exige tempo para produzir resultados, pois visa a
melhoria da qualidade de vida das pessoas, de forma a permitir que resolvam seus conflitos sem violência.

Gabarito: D

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2. (VUNESP/PCSP Escrivão de Polícia – 2013) As políticas públicas de prevenção criminal terciária


têm por público-alvo:
a. a vítima de violência doméstica.
b. o adolescente.
c. o preso.
d. o idoso.
e. O usuário de drogas ilícitas.

Comentários

A prevenção criminal terciária incide sobre os detentos através de programas destinados a prevenir a
reincidência. Sua realização se dá por meio de medidas alternativas, como serviços comunitários, e
liberdade assistida. Atua após a prática do crime revelando caráter punitivo e ressocializante, cuja
finalidade é evitar a reiteração do comportamento delituoso (reincidência). Sumariva afirma que a
prevenção terciária é insuficiente e parcial por não agir sobre as causas do delito. Tendo como destinatário
a população carcerária, com raras exceções, tem-se revelado na prática muito ineficiente. Calhau atribuiu
ao conjunto informal de regras existentes no universo prisional, seja da administração penitenciária que,
como demonstrado, atua tardiamente. Regras orais, não escritas, injustas, desproporcionais e punitivas
criam um ambiente de angústia e sofrimento permanente para os detentos que aos poucos vão sendo
despersonalizados, e acabam perdendo a humanidade, transformando-se em objeto.

Note que a prevenção terciária é a forma mais falha de que se tem notícia. Ora, é que o criminoso é o alvo
a ser mirado.

Gabarito

Letra C

3. (VUNESP/PCSP Investigador de Polícia – 2013) A atuação das polícias, do ministério público e da


justiça criminal, quando focada em determinados grupos ou setores da sociedade, por possuírem
maior risco de praticar o crime ou de ser vitimados por este, constitui programa de prevenção:
a. secundária.

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b. quaternária.
c. primária.
d. quinária.
e. terciária.

Comentários

A prevenção secundária atua em momento posterior ao crime ou na sua iminência e tem como foco os
setores do corpo social que mais podem sofrer com a criminalidade, e não o indivíduo propriamente dito,
estando relacionado com as ações policiais, programas de apoio, e controle das comunicações, dentre
outros instrumentos seletivos de curto e médio prazo. Diante do clamor público e da onda crescente da
criminalidade que assola o país a prevenção secundária é a mais presente nas ações de Estado, seja por
meio do aumento de efetivo policial, reaparelhamento das polícias, políticas públicas dirigidas a grupos de
risco ou vulneráveis, como os alcoólatras, usuários de drogas, vítimas de violência doméstica e familiar,
homossexuais, e outras minorias.

Note que a prevenção secundária é, naturalmente, mais falha que a primária. Isso porque, atua depois que
o crime surgiu. Neste caso, o combate ao crime é feito no local onde ele surgiu, comumente nos locais mais
pobres das periferias, em que comunidades são carentes de direitos sociais básicos, daí terem que apelar
para a prática de delitos para ter saúde, por exemplo, medicamento para mãe que está doente.

Pertinentemente, cumpre citar um trecho da Obra do Professor Christiano Gonzaga 54, que expõe o
seguinte:

Nesse tipo de prevenção, impera o fortalecimento da Polícia, uma vez que qualquer crime que ocorra
deve ser por ela combatido, devendo isso dar-se nos chamados focos de criminalidade.

Gabarito: Letra A

54
GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva.
2018. p. 122.

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4. (VUNESP / PCSP Delegado de Polícia – 2014) A prevenção criminal que está voltada à segurança e
qualidade de vida atuando na área da educação, emprego:
a. Primária
b. Individual
c. Secundaria
d. Estrutural
e. Terciária

Comentário

A prevenção primária consiste nos programas de prevenção destinados a criar os pressupostos aptos a
neutralizar as causas do delito, como a educação, e a socialização – enfoque etiológico -. Incide sobre as
causas do problema, quer dizer, na concretização de direito fundamentais de todos, como acesso a saúde,
educação, moradia, trabalho, segurança, enfim, da qualidade de vida. Tem como destinatário toda a
população, demanda investimento de alto custo, e exige tempo para produzir resultados, pois visa a
melhoria da qualidade de vida das pessoas, de forma a permitir que resolvam seus conflitos sem violência.

Gabarito: A

5. (ACAFE/DELEGADO DE POLÍCIA SC – 2014) Quanto ao estatuto da disciplina Criminologia e sua


relação com a Política criminal, é CORRETA afirmar:
a. A Criminologia desenvolvida com base no chamado “paradigma etiológico”, de matriz positivista,
e a Política criminal dela decorrente, exerceram influência marcante sobre vários níveis do
sistema penal brasileiro (legal, doutrinário), exceto na execução penal.
b. A seletividade do sistema penal significa que a criminalização é desigualmente distribuída entre
os vários grupos e classes sociais, apesar da prática de condutas legalmente definidas como
crime ocorrer em todos eles e que a Lei, em princípio, é igual e geral para todos, resultando a
desigualdade no momento da seleção dos criminosos pela Polícia, Ministério Público e Justiça.
c. A Criminologia desenvolvida com base no chamado “paradigma da reação ou controle social”,
que origina a Criminologia crítica, estuda o sistema penal, incluindo a agência policial, como

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parte integrante de seu objeto, e conclui que a seletividade estigmatizante é a lógica estrutural
de seu funcionamento.
d. A obra “Dos delitos e das penas” (1764), de Cesar Beccaria, constitui a matriz mais autorizada do
nascimento da Criminologia como uma disciplina autodenominada de “ciência” causal-explicativa
da criminalidade.
e. A Criminologia é uma disciplina complexa e plural, pois existem diferentes paradigmas e teorias
criminológicas que, desde o século XVII, se desenvolvem no mundo ocidental, inclusive na
América Latina e no Brasil. Seu objeto varia de acordo com os diferentes paradigmas. Entretanto,
seu método experimental tem permanecido constante.

Comentários

Alternativa A: ERRADA. É CORRETA afirmar que a Criminologia desenvolvida com base no chamado
“paradigma etiológico”, de matriz positivista, e a Política criminal dela decorrente, exerceram
influência marcante na execução penal, já que há a possibilidade de remição da pena, seja por
trabalho, estudo etc., demonstrando assim, tanto a prevenção especial quanto a prevenção
terciária em relação ao condenado. O erro da alternativa, portanto, está em dizer que a influência
marcante foi sobre vários níveis do sistema penal brasileiro (legal, doutrinário), exceto na execução
penal.

Alternativa B: ERRADA. A criminalização não é desigualmente distribuída, ao contrário, criminaliza-


se muito mais aquelas condutas praticadas por pobres, tido como crimes de colarinho azul do que os
crimes cometidos por ricos (crimes de colarinho-branco). Sendo assim, a lei não é igual e geral para
todos.

Alternativa C: CORRETA. A Criminologia crítica realmente destaca o estudo do sistema penal,


incluindo a agência policial, como parte integrante de seu objeto, e conclui que a seletividade
estigmatizante é a lógica estrutural de seu funcionamento. Ademais, A agência policial é um exemplo
de atuação estigmatizante utilizado como forma de dominação social, selecionando-se certas
condutas do colarinho-azul para punição.

Alternativa D: ERRADA. A obra “Dos delitos e das penas” (1764), é anterior ao positivismo e,
consequentemente, um exemplo da Escola Clássica da Criminologia, enquanto a Criminologia como
uma disciplina autodenominada de “ciência” causal-explicativa da criminalidade está relacionado ao
período posterior à Escola Clássica.

Alternativa E: ERRADA. A criminologia não de desenvolve de forma autônoma desde sempre na


América Latina, tampouco no Brasil, seu objeto não é variável tendo mudado apenas a perspectiva
depois da Escola Positivista, não sendo usual a aplicação durante a Escola clássica que utilizava o
método dedutivo, baseando-se na análise lógico-abstrata do Direito Penal.

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Gabarito: C

6. (MPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA – 2011 ) Examine as afirmações abaixo e após responda:


I. A criminologia crítica parte da premissa de que a Criminologia não deve ter por objeto apenas o
crime e o criminoso como institucionalizados pelo direito positivo, mas deve questionar também as
bases estruturais econômicas e sociais que caracterizam a sociedade na qual vive o autor da
infração penal.
II. Entende a doutrina que cabe à criminologia crítica questionar os fatos como expressão da
decadência dos sistemas socioeconômicos e políticos.
III. Conforme entendimento doutrinário, cabe à criminologia crítica reter como material de interesse
para o Direito Penal apenas o que efetivamente mereça punição reclamada pelo consenso social, e
denunciando todos os expedientes destinados a incriminar condutas que, apenas por serem
contrárias aos poderosos do momento, política ou economicamente, venham a ser transformadas
em crimes.
IV. Na visão dos doutrinadores da criminologia crítica, o princípio do fim ou da prevenção da pena é
questionado a partir do entendimento de que a ressocialização não pode ser obtida numa
instituição como a prisão, que sempre seria convertida num microcosmo no qual se reproduzem e
agravam as graves contradições existentes no sistema social exterior.
V. No entendimento dos doutrinadores da criminologia crítica, o princípio da culpabilidade é
questionado a partir da teoria das subculturas, segundo a qual o comportamento humano não
representa a expressão de uma atitude interior dirigida contra o valor que tutela a norma penal,
pois não existe apenas o sistema de valor oficial, mas uma série de subsistemas de valores
decorrentes dos mecanismos de socialização e de aprendizagem dos grupos e do ambiente em que
o indivíduo se encontra inserto.

Assinale a alternativa que corresponde a sequência correta:

a. Todas as afirmativas estão corretas.


b. As afirmativas I, III, IV e V são as únicas corretas.
c. As afirmativas IV e V são as únicas corretas.
d. As afirmativas II e III são incorretas.
e. Todas as afirmativas são incorretas.

Comentários

Item I: CORRETA. Esta é a Criminologia Crítica, que defende o fator econômico intimamente ligado ao
surgimento do crime e do criminoso. Aqui, adota-se a ideia da pirâmide social em que o topo está ocupado
pelos ricos e a base composta pelos pobres.

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Item II: CORRETA. O fator econômico-social visto como estimulador de práticas criminosas é conatural à
Criminologia Crítica.

Item III: CORRETA. A visão do Direito Penal como instrumento de denominação social para criminalizar
condutas, de forma que uma classe (rica) subjugue a outra classe (pobre) é a bandeira discriminatória
recriminada pela Criminologia Crítica, já que a lei deveria ser igual para todos.

Item IV: CORRETA. Na visão dos doutrinadores da criminologia crítica, o princípio do fim ou da prevenção
da pena é questionado a partir do entendimento de que a ressocialização não pode ser obtida numa
instituição como a prisão, sim. Para eles é um erro a prevenção da pena ter apenas o papel de castigar, não
por outro motivo, os presídios tornam-se verdadeiras universidades do crime e, com isso, há chance
mínima de ressocialização.

Item V: CORRETA. Há sim a teoria das subculturas delinquentes, composta por integrantes que: i)
desrespeitam as culturas dominantes (tipificações oficiais), e; ii) passam a criar as suas condutas ou
códigos de condutas que regem os seus integrantes. A título de exemplo, reitero as facções como CV e
PCC.

Gabarito: A

7. (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA GO – 2017) A respeito do conceito e das funções da criminologia,


assinale a opção correta.
a. A criminologia tem como objetivo estudar os delinquentes, a fim de estabelecer os melhores passos
para sua ressocialização. A política criminal, ao contrário, tem funções mais relacionadas à
prevenção do crime.
b. A finalidade da criminologia em face do direito penal é de promover a eliminação do crime.
c. A determinação da etimologia do crime é uma das finalidades da criminologia.
d. A criminologia é a ciência que, entre outros aspectos, estuda as causas e as concausas da
criminalidade e da periculosidade preparatória da criminalidade.
e. A criminologia é orientada pela política criminal na prevenção especial e direta dos crimes
socialmente relevantes, mediante intervenção nas manifestações e nos efeitos graves desses crimes
para determinados indivíduos e famílias.

Comentários

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Alternativa A: ERRADA. Se de um lado a criminologia tem como objetivo estudar o delinquente e a


criminalidade, de outro, a política criminal tem função relacionada não só a prevenção do crime,
mas de igual modo, com a repressão do crime.

Alternativa B: ERRADA. Erradíssimo, acredito que a essa altura você já tenha decorado que a
criminologia tem a finalidade de compreender o fenômeno criminal, sendo, sua proposta a de
informar a sociedade sobre seus objetos de estudo: crime, criminoso, vítima, controle social.

Alternativa C: ERRADA. A etimologia do crime não é finalidade da criminologia. Vide comentário letra
A e B.

Alternativa D: CORRETA. De fato, a criminologia é a ciência que, entre outros aspectos, estuda as
causas e as concausas da criminalidade e da periculosidade preparatória da criminalidade.

Alternativa E: ERRADA. O erro está em afirmar que a criminologia é orientada pela política criminal,
além do mais, bastava lembrar que a política criminal é atividade do estado que tem como finalidade
prevenir e reprimir o crime utilizando medidas penais e extrapenais e esse não coaduna com o
objetivo da criminologia.

Gabarito: D

8. (VUNESP/DELEGADO DE POLÍCIA SP – 2014) A obra O homem delinquente, publicada em 1876, foi


escrita por:
a. Cesare Lombroso.
b. Enrico Ferri.
c. Rafael Garófalo.
d. Cesare Bonesana.
e. Adolphe Quetelet.

Comentários

Foi Césare Lombroso que escreveu a obra O homem delinquente ou L’Umo Delinquente em 1876. Anote-
se que a característica dessa obra, muito cobrada em prova, consiste no fato de ela ter como fundamento
ou base (como se refere alguns autores), o Contrato Social de Rousseau. Assim, a proposta era

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 A legalidade dos crimes e da mesma forma, das penas;


 A prevenção geral das penas;
 O fim da tortura; e da pena de morte, substituídos pela prisão perpétua

Muito se destacou também a necessidade de leis mais claras além de publicidade nos julgamentos.

Entendido?

Então vamos aos comentários.

Letra A: CORRETA. De fato, foi Cesare Lombroso que escreveu a obra O homem delinquente ou L’Umo
Delinquente em 1876.

Letra B: INCORRETA. Enrico foi responsável por escrever Sociologia Criminale em 1982.

Letra C: INCORRETA. Rafael Garófalo escreveu a obra Criminologia em 1885.

LETRA D: INCORRETA. Bonesana, também chamado de Marques de Beccaria, foi autor da famosíssima
obra Dos delitos e das penas, escrita em 1764.

Letra E: INCORRETA. O Destaque de Adolphe Quetelet está no fato de ele ser o autor principal da Escola
Cartográfica, tendo publicado o Ensaio de física social em 1835.

Então, pela ordem cronológica, que tal o seguinte quadro:

Ano Obra Autor


Cesare Boesana / Marques de
1764 Dos delitos e das penas
Beccaria / Beccaria
1835 Ensaio de física social Adolphe Quetelet
1876 O homem delinquente Cesare Lombroso
1885 Criminologia Rafael Garófalo
1892 Sociologia Criminale Enrico Ferri

Gabarito: A

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9. (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA DO – 2017) Considerando que, para a criminologia, o delito é um


grave problema social, que deve ser enfrentado por meio de medidas preventivas, assinale a opção
correta acerca da prevenção do delito sob o aspecto criminológico.
a. A transferência da administração das escolas públicas para organizações sociais sem fins lucrativos,
com a finalidade de melhorar o ensino público do Estado, é uma das formas de prevenção terciária
do delito.
b. O aumento do desemprego no Brasil incrementa o risco das atividades delitivas, uma vez que o
trabalho, como prevenção secundária do crime, é um elemento dissuasório, que opera no processo
motivacional do infrator.
c. A prevenção primária do delito é a menos eficaz no combate à criminalidade, uma vez que opera,
etiologicamente, sobre pessoas determinadas por meio de medidas dissuasórias e a curto prazo,
dispensando prestações sociais.
d. Em caso de a Força Nacional de Segurança Pública apoiar e supervisionar as atividades policiais de
investigação de determinado estado, devido ao grande número de homicídios não solucionados na
capital do referido estado, essa iniciativa consistirá diretamente na prevenção terciária do delito.
e. A prevenção terciária do crime consiste no conjunto de ações reabilitadoras e dissuasórias atuantes
sobre o apenado encarcerado, na tentativa de se evitar a reincidência.

Comentários

Alternativa A: ERRADA. O investimento em escolas é, sem dúvidas, uma forma de prevenção primária, já
que a educação reflete nas causas do delito. Ademais, qualquer investimentos em direitos da pessoa e que
tenham poder de conscientização, como ensino, saúde, segurança, qualidade de vida e educação, são
modelos de prevenção de médio a longo prazo, por isso, a prevenção primária.

Alternativa B: ERRADA. O aumento do desemprego no Brasil incrementa o risco das atividades delitivas,
uma vez que o trabalho, como prevenção secundária do crime, é forma de prevenção terciária. Vale dizer
que a prevenção secundária é aquela que incide no momento do crime ou depois de seu cometimento,
tendo como foco, as ações policiais, programas comunitários e etc.

Alternativa C: ERRADA. A prevenção primária do delito não é a menos eficaz, ao contrário, tem incidência
sobre a concretização dos direitos da pessoa.

Alternativa D: ERRADA. A prevenção terciária do crime consiste em evitar a reincidência.

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Alternativa E: CORRETA. Exatamente, A prevenção terciária do crime consiste em evitar a reincidência, ou


seja, trabalha na sua prevenção, de modo que é chamada à existência por intermédio de medidas
socioeducativas, por exemplo.

Gabarito: E

10. (ACADEPOL/DELEGADO DE POLÍCIA SP – 2011) A prevenção terciária da infração penal, no Estado


Democrático de Direito, está relacionada
a. Ao controle dos meios de comunicação.
b. Aos programas policiais de prevenção.
c. À ordenação urbana.
d. À população carcerária.
e. Ao surgimento de conflito.

Comentários

LETRA A: ERRADA. Os controles dos meios de comunicação apresentam-se sob o viés dos fatores sociais da
criminalidade, uma vez que possuem um papel tanto pedagógico quando de influência no comportamento
social.

LETRA B: ERRADA. Os programas policiais são formas de prevenção secundária.

LETRA C: ERRADA. A ordenação urbana está relacionada com a prevenção primária.

LETRA D: CORRETA. De fato, a prevenção terciária está relacionada a à população carcerária. Ao


preocupar-se com a prevenção da reincidência, a prevenção terciária acaba por propor sua realização por
meio de medidas socioeducativas, como liberdade assistida, prestação de serviços comunitários sendo
voltada à reeducação do preso.

LETRA E: ERRADA. Nada a ver. O Conflite ignora a existência de acordos e valores e dependem da força e
coerção, justificando as relações sociais conflituosas a partir de uma desigualdade de autoridade, daí
porque, a força e coerção.

Gabarito: D

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11. (MPDFT/PROMOTOR DE JUSTIÇA DF – 2004 ) É INCORRETO afirmar, no tocante ao Direito Penal, à


Criminologia e à Política Criminal:
a. A Ciência do Direito Penal e a moderna Criminologia diferenciam-se porque aquela se ocupa
dogmaticamente do Direito Positivo, enquanto esta é ciência empírica de caráter interdisciplinar
que se interessa, dentre outros temas, pelo delinquente, pelo crime e pela resposta social ao
comportamento desviante.
b. A Política Criminal orienta a evolução da legislação penal e a sua aplicação conforme as
finalidades materiais do Direito Penal.
c. A evolução da Criminologia caracterizou-se pela ampliação de seu campo de estudo,
compreendendo, ao lado do delinquente, do delito e suas causas, também a vítima, as formas de
reação social e de controle da criminalidade.
d. Há despenalização, em sentido estrito, quando a lei penal promove a abolitio criminis,
substituindo a pena por sanção de outro ramo do Direito.
e. A função simbólica do Direito Penal é marcada pela reiterada edição de normas penais,
normalmente mais rigorosas, cuja eficácia real é duvidosa, mas que atuam proporcionando à
coletividade uma tranquilizadora sensação de segurança jurídica.

Comentários

Letra A: CERTA. Realmente essas são as diferenças básicas entre o Direito Penal que é ciência
dogmática cujo interesse é por normas positivadas e a Criminologia, ciência empírica cujo método é
interdisciplinar.

Letra B: CERTA. Com toda certeza a política criminal orienta a evolução legislativa. Ademais, é
utilizada como filtro na escolha de soluções estudadas na ciência da criminologia a fim de criar as Leis
Penais, ou seja, o direito positivado.

Letra C: CERTA. São objetos de estudo da criminologia o delito, delinquente, a vítima e controle
social.

Letra D: ERRADA. Os institutos não se confundem. A despenalização não está ligada à abolitio
criminis, aliás, são institutos completamente diferentes. Se de um lado na despenalização eu tenho a
substituição de uma pena privativa de liberdade por outra pena mais branda, a título de exemplo,
podemos utilizar o art. 28 da Lei de Drogas, de outro, na abolitio criminis o tipo penal é
descriminalizado, a conduta deixa de ser crime e põe-se um fim também nas penas.

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Letra E: CERTA. É isso mesmo, o Direito Penal simbólico é aquele cuja finalidade é tipificar condutas
para atender ao clamor social momentâneo, sendo, na prática, leis com efeitos reais mínimos ou
quase inexistentes. É lei para cego ver, leis sensacionalistas com finalidade, geralmente política.

Gabarito: D

12. (FUNDEP/PROMOTOR DE JUSTIÇA MG – 2013) É característica da chamada “nova criminologia”:


a. A concepção de que a reação penal se aplica de igual maneira a todos os autores de delitos.
b. A busca da explicação dos comportamentos criminalizados partindo da criminalidade como um
dado ontológico pré-constituído à reação social.
c. O estudo do comportamento criminoso com o emprego do método etiológico das determinações
causais de objetos naturais.
d. O deslocamento do interesse cognoscitivo das causas do desvio criminal para os mecanismos
sociais e institucionais através dos quais é construída a “realidade social” do desvio.

Comentários

Letra A: ERRADA. A nova criminologia ou criminologia crítica não defende a tese de igualdade na
aplicação de pena. Ao contrário. A nova criminologia propõe uma sociedade sob dois vieses: i) ricos e;
ii) pobres, acrescentando a eles o Direito Penal como um instrumento de denominação social. No
entanto, a teoria aponta que nessa bifurcação, só há punições para determinada classe, a de
colarinho-azul (os pobres), enquanto os ricos (colarinho branco) recebem uma espécie de centurião
protetor, chamado de: centurião da impunidade.

Letra B: ERRADA. É a Escola Clássica e não a “nova criminologia” que levam em consideração o crime
e o criminoso a partir da lei penal, de forma que, o aspecto social é irrelevante. Para a nova
criminologia os dados sociais na formação do crime é que são relevantes, sendo dispensável, a
positivação de tais condutas.

Letra C: ERRADA. As causas sociais não possuem influência nenhuma no surgimento do crime e do
criminoso, o emprego do método etiológico pela nova criminologia considera o aspecto social. Vale
um parêntese, método etiológico é o estudo sobre a origem do crime e criminoso. Fechado o
parêntese, é dizer que esse estudo ao considerar o aspecto social, tem como consequência a

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visualização da sociedade sob os dois i) ricos e; ii) pobres, ocasionando, portanto, uma pirâmide
social.

Letra D: CORRETA. Exatamente isso. A maior característica da nova criminologia é a sua área de
análise cognoscitivo ser completamente social. Isso significa que, o surgimento do crime e do
criminoso, para eles, surge no campo da interação social sendo que, nesta análise, os mecanismos de
controles sociais são tidos como parâmetro para dominar a classe menos favorecida (colarinhos-
azuis). Fala-se, inclusive, que o Direito Penal, por exemplo, é um instrumento de controle, mas que,
utilizado apenas pela elite para subjugar aqueles criminosos pobres que cometem crimes do
colarinho azul, não sendo utilizado jamais, para subjugar a classe daqueles que detém o poder
(direito) os ricos.

Gabarito: D

13. (UFPR/DEFENSOR PÚBLICO PR – 2014) Em relação às distintas teorias criminológicas, a ideia de


que o “desviante” é, na verdade, alguém a quem o rótulo social de criminoso foi aplicado com
sucesso foi desenvolvida pela teoria
a. Da anomia.
b. Da reação social ou labelling approach.
c. Da subcultura delinquente.
d. Da ecologia criminal.

Comentários s

Letra A: ERRADA. Para a teoria da anomia a falta da confiança é a tese central. Fala-se na falta de
confiança da sociedade nas normas existentes, já que, para a sociedade as normas não são eficazes a
ponto de reger relações, por isso, a sensação de falta de leis – fenômeno conhecido como anomia.

Letra B: CORRETA. A teoria da reação social trabalha a rotulagem ou etiquetamento de condutas. As


condutas trazidas à baila são aquelas denominadas desviadas, feitas pelos controles sociais formais
(MP, Polícia e Judiciário).

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Letra C: ERRADA. Absolutamente falsa a afirmação, isso porque, a subcultura corresponde à


formação de grupos contrários ao discurso da cultura dominante que, consequentente, passam a
criar códigos e culturas próprias, surgindo uma espécie de subcultura ou segunda cultura. Vale
lembrar que a subcultura é tida como contrárias aos interesses sociais e são tipificadas como
criminosas. A título de exemplo, podemos citar as culturas criadas por organizações criminosos como
CV ou PCC.

Letra D: ERRADA. A Ecologia é ligada diretamente à Escola de Chicago e, por isso, é dizer que os
ecológicos influenciam na formação da delinquência citando 03 círculos concêntricos como tese: i)
periferia, subúrbio, centro cívico, sendo relevante no estudo do crime a análise da arquitetura do
espaço cultural.

Gabarito: B

14. (CEFET/DELEGADO DE POLÍCIA BA – 2008) No âmbito da criminologia da reação social, o trabalho


da Polícia Civil pode ser considerado como a:
a. Expressão do controle social informal.
b. Contribuição de uma agência do controle social formal.
c. Manifestação do controle social difuso.
d. Manifestação do controle empresarial.
e. Expressão particular de uma visão de justiça.

Comentários

Dois são os tipos de controles sociais que trabalhamos ao longo de nossas aulas; i) controles sociais
formais e ii) controles sociais informais;

Comentários

 O Controle social formal é representado pela Polícia, MP e Poder Judiciário;


 Enquanto o controle social (IN)formal é representado pelas Escolas, igrejas e família;

Alternativa A: ERRADA. A polícia representa o controle social formal.

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Alternativa B: CERTA. De fato, o trabalho da Polícia Civil pode sim ser considerado de uma agencia de
controle, desde que seja formal, como prega o enunciado. Ademais, ela como estatal exerce uma
função fundamental na escolha de comportamentos desviados.

Alternativa C: ERRADA. Não existe na criminologia essa espécie de controle.

Alternativa D: ERRADA. Não existe na criminologia essa espécie de controle.

Alternativa E: ERRADA. Não podemos confundir justiça (poder judiciário) com polícia. Embora ambas
instituições represente o controle social formal, não se confundem. Por isso a assertiva está errada,
pois polícia não tem nada a ver com a visão de justiça que é representada pelo Poder Judiciário.

Gabarito: B

15. (MP/PROMOTOR DE JUSTIÇA SC – 2008) Julgue os itens a seguir:


I. O Código de Hamurabi, concebido na Babilônia entre 2067 e 2925 a.C. e na atualidade pertencente
ao acervo do Museu do Louvre em Paris, não continha disposições penais em sua composição.
II. Segundo a “Lei Térmica de Criminalidade” de Quetelet, fatores físicos, climáticos e geográficos
podem influenciar no comportamento criminoso.
III. Entende-se por “Cifra Negra” da criminalidade o conjunto de crimes cuja violência produz elevada
repercussão social.
IV. Seguidor da Antropologia Criminal, Lombroso entendia que havia um tipo humano irresistivelmente
levado ao crime por sua própria constituição, de um verdadeiro criminoso nato.
V. Em sua obra Dos delitos e das penas, escrita por volta de 1765, Cesare Bonesana, o Marquês de
Beccaria, defendeu uma legislação penal rigorosa, aprovando a prática da tortura e da pena de
morte.

a. Apenas I, III e V estão CORRETAs.


b. Apenas II e IV estão CORRETAs.
c. Apenas IV e V estão CORRETAs.
d. Apenas II e III estão CORRETAs.
e. Apenas III, IV e V estão CORRETAs.

Comentários

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ITEM I: ERRADO. O Código de Hamurabi ou Lei de Talião, tinha disposições penais além de pregar a
máxima “dente por dente, olho por olho”, gerando, consequentemente, um caráter penalista.

ITEM II: CORRETO. De fato, são de Quelet os estudos que envolvem fatores físicos, climáticos e
geográficos que influenciam sobremaneira no comportamento criminoso

ITEM III: ERRADO. A cifra negra representa os crimes que não ingressam nas estatísticas oficiais.

ITEM IV: CORRETO. Foi Lombroso o responsável pela teoria do criminoso nato.

ITEM V: ERRADO. Beccaria apontava para a necessidade de penas certas, assim, não poderiam ser
desumanas, suas teorias vinham muito em virtude da influência do período do Iluminismo.

Gabarito: B

16. (FCC/DEFENSOR PÚBLICO SP – 2019) A expressão “cifra negra” ou oculta, refere-se:


a. Às descriminantes putativas, nos casos em que não há tipo culposo do crime cometido.
b. Ao fracasso do autor na empreitada em que a maioria tem êxito.
c. Á porcentagem de presos que não voltam da saída temporária do semiaberto.
d. À porcentagem de crimes não solucionados ou punidos porque, num sistema seletivo, não
caíram sob a égide da polícia ou da justiça ou da administração carcerária, porque nos presídios
“não estão todos os que são”.
e. à porcentagem de criminalização da pobreza e à globalização, pelas quais o centro exerce seu
controle sobre a periferia, cominando penas e criando fatos típicos de acordo com seus
interesses econômicos, determinando estigmatização das minorias.

Comentários

LETRA A: ERRADA. Na forma do art. 20, parágrafo único, as descriminantes putativas ocorrem nos
casos em que o agente imagina estar atuando dentro dos casos de excludentes de ilicitude.

LETRA B: ERRADA. Absolutamente errado. A cifra negra não tem absolutamente nada a ver com o
conceito da assertiva, mas reflete os crimes não solucionados.

LETRA C: ERRADA. Absolutamente errado. A cifra negra não tem absolutamente nada a ver com o
conceito da assertiva, mas reflete os crimes não solucionados.

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LETRA D: CORRETA. De fato, as cifras negras ou ocultas da criminalidade corresponde aos crimes
que ocorrem, mas que não são descobertos pelos órgãos de segurança pública, o que permite a
assertiva de que elas são bem superiores à chamada criminalidade oficial. Como o sistema penal é
seletivo, impossível punir todos os crimes que ocorrem, mas apenas aqueles escolhidos pelos
controles sociais formais, tendo em vista a sua maior gravidade aparente.

LETRA E: ERRADA. Este é o conceito da criminologia crítica.

Gabarito: D

LISTA DE QUESTÕES

1. (VUNESP/SP ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL – 2018) Assinale a alternativa que concilia os princípios
do Estado Democrático de Direito com a necessidade de prevenção da infração penal, sob a ótica
do atual pensamento criminológico.
a. A violação aos direitos fundamentais do preso, ainda que com a intenção de prevenir crimes, acaba
por provocá-los.
b. A pena indeterminada em abstrato e aplicada de acordo com a gravidade em concreto do fato, a
livre critério de cada juiz, é mais eficaz em termos de prevenção criminal.
c. A superlotação carcerária demonstra um deficit de aplicação da Lei de Execução Penal, contudo
pode até contribuir para a prevenção de infrações penais.
d. A conduta do policial que, em legítima defesa própria ou de terceiros, provoca a morte de alguém
que se opôs a uma intervenção legal deve ser equiparada aos crimes de homicídios a fim de que
seja destacada a letalidade policial.
e. Os limites impostos pelos direitos fundamentais na investigação do crime são obrigatórios nos
termos constitucionais, mas reduzem a eficácia da prevenção criminal.

2. (VUNESP/BA DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL – 2018) Assinale a alternativa que indica a correta
relação da Criminologia com a Política Criminal, Direito Penal ou com o Sistema de Justiça
Criminal.

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a. O Direito Penal é condicionante e moldura da criminologia, visto que esta tem por objeto o estudo
do crime e, assim, parte em suas diversas correntes e teorias, das definições criminais dogmáticas e
legais postas pelo Direito Penal, e a elas se circunscreve.
b. A Criminologia, especialmente em sua vertente crítica, tem como incumbência a explicação e
justificação do Sistema de Justiça Criminal que tem por finalidade a implementação do Direito Penal
e consequente prevenção criminal.
c. A Política Criminal é uma disciplina que estuda estratégias estatais para atuação preventiva sobre a
criminalidade, e que tem como uma das principais finalidades o estabelecimento de uma ponte
eficaz entre a criminologia, enquanto ciência empírica, e o direito penal, enquanto ciência
axiológica.
d. A Política Criminal é condicionante e moldura da criminologia, visto que esta tem por objeto o
estudo do crime e, assim, parte em suas diversas correntes e teorias, das definições criminais
dogmáticas e legais postas pela Política Criminal, e a elas se circunscreve.
e. As teorias criminológicas da integração ou do consenso apontam o sistema de justiça criminal como
fator que pode aprofundar a criminalidade, deslocando o problema criminológico do plano da ação
para o da reação.

3. (CESPE/GO DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO – 2017) A respeito do conceito e das funções da


criminologia, assinale a opção correta.
a. A criminologia tem como objetivo estudar os deliquentes, a fim de estabelecer os melhores passos
para sua ressocialização. A política criminal, ao contrário, tem funções mais relacionadas à
prevenção do crime.
b. A finalidade da criminologia em face do direito penal é de promover a eliminação do crime.
c. A determinação da etimologia do crime é uma das finalidades da criminologia.
d. A criminologia é a ciência que, entre outros aspectos, estuda as causas e as concausas da
criminalidade e da periculosidade preparatória da criminalidade.
e. A criminologia é orientada pela política criminal na prevenção especial e direta dos crimes
socialmente relevantes, mediante intervenção nas manifestações e nos efeitos graves desses crimes
para determinados indivíduos e famílias.

4. (VUNESP/SP PERITO CRIMINAL – 2014) No tocante à temática da prevenção da infração à lei


penal, é correto afirmar que a prevenção
a. secundária consiste em, dentre outras, políticas criminais voltadas exclusivamente à reintegração
do preso na sociedade.

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b. terciária consiste em políticas públicas de conscientização de todos os cidadãos quanto à


importância de se cumprirem as leis, mediante o fornecimento de serviços públicos de qualidade,
tais como saúde, educação e segurança.
c. geral busca, por meio da pena, intimidar os indivíduos propensos a delinquir, inibindo-os de
transgredir a lei penal.
d. geral negativa busca, por meio da pena, a reeducação e a ressocialização do criminoso.
e. primária consiste em, dentre outras, ações policiais de repressão às práticas delituosas.

5. (CESPE/DPF DELEGADO – 2013) No que se refere à prevenção da infração penal, julgue o próximo
item.

Na terminologia criminológica, criminalização primária equivale à chamada prevenção primária.

a. Certo
b. Errado

6. (VUNESP/SP ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLÍCIAL – 2014) São fins básicos da Criminologia,


dentre outros,
a. os valores do ressarcimento e da indenização da vítima pelos danos sofridos.
b. a prevenção e o controle do fenômeno criminal.
c. o processo e o julgamento judicial do criminoso.
d. o diagnóstico e a profilaxia das enfermidades mentais, mediante tratamento ambulatorial e
internação hospitalar.
e. a vingança e o castigo públicos do criminoso.

7. (VUNESP/SP PERITO CRIMINAL – 2013) Assinale a alternativa correta, a respeito da Criminologia.


a. Constitui seu objeto a análise apenas do delito e do delinquente, ficando o estudo da vítima sob a
alçada da psicologia social.
b. São características fundamentais de seu método o dogmatismo e a intervencionalidade.
c. É uma técnica de investigação policial, que faz parte das Ciências Jurídicas.
d. São suas finalidades a explicação e a prevenção do crime bem como a intervenção na pessoa do
infrator e avaliação dos diferentes modelos de resposta ao crime.

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e. É uma ciência dogmática e normativista, que se ocupa do estudo do crime e da pena oriunda do
comportamento delitivo.

8. (PC/SP DELEGADO DE POLÍCIA – 2012) A prevenção terciária da infração penal, no Estado


Democrático de Direito, está relacionada:
a. ao controle dos meios de comunicação.
b. aos programas policiais de prevenção.
c. à ordenação urbana.
d. à população carcerária.
e. ao surgimento de conflito.

9. (PC/SP DELEGADO DE POLÍCIA – 2012) O comportamento abusivo, praticado com gestos, palavras
e atos que, praticados de forma reiterada, levam á debilidade física ou psíquica de uma pessoa:
a. define reação ao crime.
b. define assédio moral.
c. é um mecanismo intimidatóno, mas não criminoso.
d. é a despersonalização do eu, que aflige grande número de detentos.
e. define efetividade do impacto dissuasório.

10. (CESPE/PE DELEGADO DE POLÍCIA – 2016) Acerca dos modelos teóricos explicativos do crime,
oriundos das teorias específicas que, na evolução da história, buscaram entender o
comportamento humano propulsor do crime, assinale a opção correta.
a. O modelo positivista analisa os fatores criminológicos sob a concepção do delinquente como
indivíduo racional e livre, que opta pelo crime em virtude de decisão baseada em critérios
subjetivos.
b. O objeto de estudo da criminologia é a culpabilidade, considerada em sentido amplo; já o direito
penal se importa com a periculosidade na pesquisa etiológica do crime.
c. A criminologia clássica atribui o comportamento criminal a fatores biológicos, psicológicos e sociais
como determinantes desse comportamento, com paradigma etiológico na análise causal-explicativa
do delito.

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d. Entre os modelos teóricos explicativos da criminologia, o conceito definitorial de delito afirma que,
segundo a teoria do labeling approach, o delito carece de consistência material, sendo um processo
de reação social, arbitrário e discriminatório de seleção do comportamento desviado.
e. O modelo teórico de opção racional estuda a conduta criminosa a partir das causas que
impulsionaram a decisão delitiva, com ênfase na observância da relevância causal etiológica do
delito.

11. (VUNESP/SP AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA POLÍCIAL – 2013) A falta de amparo dos órgãos
públicos às vítimas, a omissão do Estado e da sociedade proporcionam, muitas vezes, o não
registro do crime, ocorrendo o que se chama de “cifra negra” (quantidade de crimes que não
chegam ao conhecimento do Estado). O fenômeno mencionado é conhecido por vitimização.
a. quintenária.
b. terciária.
c. quaternária.
d. secundária
e. primária.

12. (CESPE/SE DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL – 2018) Texto 1A9-I: Sentença

Ação: Medidas Protetivas de Urgência (Lei Maria da Penha)

Processo n.º: XXXXXXX

Ana de Jesus foi à polícia reclamar que Mário, seu ex-namorado, alcoólatra e usuário de drogas, lhe fez
ameaça de morte e ainda lhe deu umas refregas (sic), ao que se seguiram a comunicação do fato e o
pedido de medida protetiva. É lamentável que a mulher não se dê ao respeito e, com isso, faça
desmerecido o poder público. Simplesmente decidir que o agressor deve manter determinada distância da
vítima é um nada. Depois que o sujeito, sentindo só a debilidade do poder público, invadir a distância
marcada, caberá à vítima, mais uma vez, chamar a polícia, a qual, tendo ido ao local, o afastará dali. Mais
que isso, legalmente, pouco há que fazer. Enfim, enquanto a mulher não se respeitar, não se valorizar,
ficará nesse ramerrão sem fim — agressão, reclamação na polícia, falta de proteção. Por outro lado, ainda
vige o instituto da legítima defesa, muito mais eficaz que qualquer medidazinha (sic) de proteção. Intimem-
se, inclusive ao MP.

Texto 1A9-II

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No Brasil, a edição da Lei Maria da Penha retratou a preocupação da sociedade com a violência doméstica
contra a mulher, e a incorporação do feminicídio ao Código Penal refletiu o reconhecimento de conduta
criminosa reiterada relacionada à questão de gênero. Mesmo com tais medidas, que visam reduzir a
violência contra as mulheres, as estatísticas nacionais apontam para um agravamento do problema. No
caso do estado de Sergipe, de acordo com dados do Panorama da Violência contra as Mulheres no Brasil
(2016), a taxa de violência letal contra mulheres é superior à taxa nacional, enquanto a taxa de estupros é
inferior, o que pode ser resultado de uma subnotificação desse tipo de violência.

Considerando os textos apresentados, julgue o item que se segue, pertinentes aos objetos da criminologia.

De acordo com estudos vitimológicos, a diferença entre os crimes sexuais praticados e os comunicados às
agências de controle social é de aproximadamente 90%, o que estaria em consonância com os dados do
Panorama da Violência contra as Mulheres no Brasil (texto 1A9-II), que indica a ocorrência de
subnotificação nos casos de estupros praticados em Sergipe. Esse fenômeno, de apenas uma parcela dos
crimes reais ser registrada oficialmente pelo Estado, é o que a criminologia chama de cifra negra da
criminalidade.

a. Certo
b. Errado

13. (VUNESP/RO DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO – 2017) Considerando o estudo da Criminologia,


assinale a alternativa correta.
a. Giovanni Falcone foi o primeiro nome do estudo da Criminologia Crítica no Brasil.
b. Cifra negra refere-se à falta de diversidade da literatura criminal.
c. A Escola Clássica nasceu na Suíça, no final do séc. XX.
d. Enrico Ferri é um expoente da teoria do Etiquetamento.
e. Raffaele Garofalo está ligado à Escola Criminal Positiva.

14. (INSTITUTO ACESSO/ES DELEGADO DE POLÍCIA – 2019) Constitui um dos objetivos metodológicos
da teoria do Labelling Approach (Teoria do Etiquetamento Social) o estudo detalhado da atuação
do controle social na configuração da criminalidade. Assinale a alternativa correta:
a. Para o labelling approach, o controle social penal possui um caráter seletivo e discriminatório
gerando a criminalidade.

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b. O labelling approach é uma teoria da criminalidade que se aproxima do paradigma etiológico


convencional para explicar a distribuição seletiva do fenômeno criminal.
c. Para o labelling approach, um sistemático e progressivo endurecimento do controle social penal
viabilizaria o alcance de uma prevenção eficaz do crime.
d. O labelling approach, como explicação interacionista do fato delitivo, destaca o problema
hermenêutico da interpretação da norma penal.
e. O labelling approach surge nos EUA nos anos 80, admitindo a normalidade do fenômeno delitivo e
do delinquente.

15. (INSTITUTO ACESSO/ES DELEGADO DE POLÍCIA – 2019) Uma informação confiável e contrastada
sobre a criminalidade real que existe em uma sociedade é imprescindível, tanto para formular um
diagnóstico científico, como para desenhar os oportunos programas de prevenção. Assinale a
alternativa correta:
a. A criminalidade real corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes. A
criminalidade revelada corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do
Estado. A cifra negra corresponde à ausência de registro de práticas antissociais do poder político e
econômico.
b. A criminalidade real corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do Estado.
A criminalidade revelada corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes. A
cifra negra corresponde à ausência de registro de práticas antissociais do poder político e
econômico.
c. A criminalidade real corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do Estado.
A criminalidade revelada corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes. A
cifra negra corresponde à quantidade de delitos não comunicados ou não elucidados dos crimes de
rua.
d. A criminalidade real corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do Estado.
A criminalidade revelada corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes. A
cifra negra corresponde à violência policial, cujos índices não são levados ao conhecimento das
corregedorias.
e. A criminalidade real corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes. A
criminalidade revelada corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do
Estado. A cifra negra corresponde à quantidade de delitos não comunicados ou não elucidados dos
crimes de rua.

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16. (FUNDEP/DPE-MG DEFENSOR PÚBLICO – 2019) Analise o trecho a seguir.

“De acordo com o Infopen, um sistema de informações estatísticas do sistema penitenciário brasileiro
desenvolvido pelo Ministério da Justiça, o Brasil tem a quarta maior população carcerária do mundo. São
aproximadamente 700 mil presos sem a infraestrutura para comportar este número. A realidade é de celas
superlotadas, alimentação precária e violência. Situação que faz do sistema carcerário um grave problema
social e de segurança pública. Além da precariedade do sistema carcerário, as políticas de encarceramento
e aumento de pena se voltam, via de regra, contra a população negra e pobre. Entre os presos, 61,7% são
pretos ou pardos. Vale lembrar que 53,63% da população brasileira têm essa característica. Os brancos,
inversamente, são 37,22% dos presos, enquanto são 45,48% na população em geral. E, ainda, de acordo
com o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), em 2014, 75% dos encarcerados têm até o ensino
fundamental completo, um indicador de baixa renda.”

Entre as Teorias Macrossociológicas da Criminalidade, qual alternativa a seguir melhor identifica a


realidade do sistema penal e carcerário brasileiro, de acordo com o trecho citado?

a. Teoria da Lei e Ordem, classificada como uma teoria de consenso. Essa teoria parte da premissa de
que os pequenos delitos devem ser rejeitados de plano, fazendo com que os delitos mais graves
sejam inibidos, atuando como prevenção geral.
b. Teoria do Labelling Approach, classificada como uma teoria de consenso. A teoria afirma que o
comportamento criminoso é apreendido, mas nunca herdado, criado ou desenvolvido pelo sujeito
ativo.
c. Teoria da Associação Diferencial, classificada como uma teoria de conflito. Referida teoria afirma
ser o capitalismo a base da criminalidade, na medida em que promove o egoísmo, o qual, por sua
vez, leva os homens a delinquir.
d. Teoria do Etiquetamento, classificada como uma teoria de conflito. Afirma que a criminalidade não
é uma qualidade da conduta humana, mas a consequência de um processo em que se atribui ao
indivíduo tal “adjetivo”, principalmente pelas instâncias formais de controle social.

17. (FCC/DPE-AM DEFENSOR PÚBLICO – 2018) O funcionalismo na criminologia:


a. surge com a dogmática contemporânea alemã e suas inovações em matéria de prevenção do delito.
b. reúne as escolas que se enquadram na crítica à guerra às drogas e o consequente controle social da
pobreza que engendra.

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c. opôs-se à Escola Positivista ao propor um modelo social baseado no conflito e no papel do sistema
penal na luta de classes.
d. fundamenta os movimentos de lei e ordem e de tolerância zero surgidos na Europa na década de
1980.
e. defende que a pena tem como função a manutenção da coesão e harmonia social em um quadro
social caracterizado pelo consenso.

18. (FCC/DPE-RS DEFENSOR PÚBLICO – 2018) O trecho abaixo integra uma letra musical do
grupo Facção Central. Dentre as várias formas de interpretação desse fragmento escrito, pode-se
dizer que ele suscita a reflexão sobre as técnicas de prevenção dos delitos e as formas
alternativas de solução de conflitos. “(...) Ocupamos os bondes dos 157 em transferência, Porque
não fomos convidados pras feiras de ciência Pela indução diária a trilha dos para-fal, Em vez de
pena merecíamos perdão judicial.”

Com relação às funções da criminologia, e com base no trecho apresentado acima, é correto afirmar que:

a. as situações de perdão judicial são vedadas às análises criminológicas.


b. a criminologia é uma matéria jurídica que veda reflexões teóricas sobre as realidades fáticas ou as
narrativas artísticas.
c. a identificação da autoria do crime, o isolamento do local do fato e a realização das perícias são
abordagens exclusivas da criminologia.
d. a reflexão suscitada é uma das funções da criminologia.
e. a criminologia se ocupa do “dever ser” e, por isso, representações sociais (como expressões
artísticas) devem ser excluídas de qualquer estudo.

19. (PGR/ PROCURADOR DA REPÚBLICA – 2013) CRIMINOLOGIA PODE SER ENTENDIDA COMO A
CIÊNCIA DO SER, QUE VISA REUNIR INFORMAÇÕES VÁLIDAS E CONFIÁVEIS SOBRE O “PROBLEMA
CRIMINAL”, SENDO CERTO QUE SEU OBJETO SE DIVIDE NO ESTUDO EMPÍRICO E
INTERDISCIPLINAR DO CRIME, DO CRIMINOSO, DA VÍTIMA E DA REAÇÃO SOCIAL. DIANTE DISSO, É
INCORRETO AFIRMAR:
a. Para a moderna vitimologia, nem sempre a vítima possui um papel neutro ou involuntário na
dinâmica do fato criminoso, razão pela qual existiriam fatores de predisposição vitimal, podendo-
se, através de estudos empíricos, efetuar uma melhor prevenção do crime, não por intermédio da
abstenção do infrator, mas por uma mudança de atitude da vítima em potencial.
b. Para a teoria do etiquetamento ou teoria do labelling approach, bastante utilizada nos estudos
criminológicos contemporâneos, considera-se que as agências ou instâncias formais de controle

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não têm qualquer influência na perpetração do crime, decorrendo este de fatores ou falhas das
agências ou instâncias informais de controle.
c. Para a teoria crítica, não há uma causa ontológica do crime, decorrendo o status de criminoso de
um atributo imposto pelas classes dominantes com o objetivo de subjugar indivíduos integrantes
dos baixos estratos sociais, por intermédio, dentre outros mecanismos opressivos, da manipulação
das leis penais por parte dos detentores do poder econômico, o que é característico de um modelo
capitalista de sociedade.
d. Para a teoria do crime do colarinho branco considera-se como tal o ilícito perpetrado por pessoas
de elevado status social, no âmbito de suas atividades profissionais, sendo certo que, por diversos
motivos, tais pessoas gozam de um cinturão de impunidade. Isso não impede a constatação de que
a criminalidade perpassa todas as camadas sociais, ao contrário dos estudos que a associavam à
pobreza ou à patologias psicológicas, biológicas ou sociais.

20. (VUNESP/SP INVESTIGADOR DE POLÍCIA – 2013) Entende-se por Etiologia Criminal a ciência que
estuda e investiga:
a. a criminalística, isto é, o processo de desenvolvimento do crime.
b. a transmissão congênita de fatores psicológicos, propensos ao desenvolvimento da criminalidade.
c. a criminogênese, que objetiva explicar quais são as causas do crime.
d. o fenômeno do delito e as formas de prevenção secundária.
e. a transmissão genética de fatores biológicos, propensos ao desenvolvimento da criminalidade.

21. (UEG/GO DELEGADO DE POLÍCIA – 2018) Sobre o labelling approach e sua influência sobre o
pensamento criminológico do século XX, constata-se que:
a. a criminalidade se revela como o processo de anteposição entre ação e reação social.
b. recebeu influência decisiva de correntes de origem fenomenológica, tais como o interacionismo
simbólico e o behaviorismo.
c. o sistema penal é entendido como um processo articulado e dinâmico de criminalização.
d. parte dos conceitos de conduta desviada e reação social como termos independentes para
determinar que o desvio e a criminalidade não são uma qualidade intrínseca da conduta.
e. no processo de criminalização seletiva o funcionamento das agências formais de controle mostra-se
autossuficiente e autorregulado.

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22. (FCC/DPE-AM DEFENSOR PÚBLICO – 2018) Ficaria claro, com ele, que a maneira pela qual as
sociedades e suas instituições reagem diante de um fato é mais determinante para defini-lo como
delitivo ou desviado do que a própria natureza do fato (...).

A teoria criminológica descrita na passagem acima é conhecida por

a. Escola de Chicago.
b. Associação Diferencial.
c. Escola Positivista.
d. Reação Social.
e. Garantismo Penal.

23. (FUMARC/MG DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO – 2018) “Por debaixo do problema


da legitimidade do sistema de valores recebido pelo sistema penal como critério de orientação
para o comportamento socialmente adequado e, portanto, de discriminação entre conformidade
e desvio, aparece como determinante o problema da definição do delito, com as implicações
político-sociais que revela, quando este problema não seja tomado por dado, mas venha
tematizado como centro de uma teoria da criminalidade. Foi isto o que aconteceu com as teorias
da ‘reação social’, ou labeling approach, hoje no centro da discussão no âmbito da sociologia
criminal.” BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal. Introdução à
sociologia do Direito Penal. 3. ed. Rio de Janeiro: Revan: Instituto Carioca de Criminologia. p. 86.
(Coleção Pensamento Criminológico)
Com base no excerto acima, referente ao paradigma do labeling approach, analise as asserções a
seguir:

I – O labeling approach tem se ocupado em analisar, especialmente, as reações das instâncias oficiais de
controle social, ou seja, tem estudado o efeito estigmatizante da atividade da polícia, dos órgãos de
acusação pública e dos juízes.

PORQUE
II – Não se pode compreender a criminalidade se não se estuda a ação do sistema penal, pois
o status social de delinquente pressupõe o efeito da atividade das instâncias oficiais de controle social da
delinquência.

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Está CORRETO o que se afirma em:

a. I e II são proposições falsas.


b. I e II são proposições verdadeiras e II é uma justificativa correta da I.
c. I é uma proposição falsa e II é uma proposição verdadeira.
d. I é uma proposição verdadeira e II é uma proposição falsa.

24. (VUNESP/DPE-RO DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO – 2017) Assinale a alternativa que contém
somente teorias consagradas na Sociologia Criminal.
a. Teoria do recolhimento e Teoria da reação típica.
b. Teorias Multifatoriais e Teoria “ecológica da escola de Chicago”.
c. Labelling Aproach e Teoria “escatológica da escola de Boston”.
d. Teoria do Processo Crime e Teoria do Processo Penal.
e. Teoria do Livre Arbítrio e Teoria da reação cultural.

25. (FCC/DPE-PR DEFENSOR PÚBLICO – 2017) A criminologia da reação social:


a. concentra seus estudos nos processos de criminalização.
b. corresponde a uma teoria do consenso.
c. explica o comportamento criminoso como fruto de um aprendizado.
d. identificou as subculturas delinquentes.
e. explica a existência do homem criminoso pelo atavismo.

26. (NC-UFPR /DPE-PR DEFENSOR PÚBLICO – 2014) Em relação às distintas teorias criminológicas, a
ideia de que o “desviante” é, na verdade, alguém a quem o rótulo social de criminoso foi aplicado
com sucesso foi desenvolvida pela Teoria:
a. da anomia.
b. da associação diferencial.
c. da subcultura delinquente.
d. da ecologia criminal.

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e. da reação social ou Labelling Approach.

27. (PC/SP ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL – 2010) A teoria do “Labelling Approach” ou da Reação Social
é também conhecida como:
a. Teoria da Anomia.
b. Teoria da Subcultura.
c. Teoria Ecológica.
d. Teoria do etiquetamento ou rotulação.
e. Teoria Espacial.

28. (FCC/DPE-SP DEFENSOR PÚBLICO – 2012) Assinale a alternativa correta.


a. A criminologia crítica defende a análise individualizada da periculosidade do agente como direito
inerente ao princípio do respeito à dignidade humana.
b. A Escola positivista pregava a análise puramente objetiva do fato, deixando em segundo plano as
características pessoais de seu autor.
c. A teoria retributiva dos fins da pena foi desenvolvida a partir dos estudos de Lombroso e Garofalo,
em meados do século XVIII.
d. A teoria do labelling approach dispõe-se a estudar, dentre outros aspectos do sistema punitivo, os
mecanismos de reação social ao delito e a influência destes na reprodução da criminalidade.
e. A teoria finalista da ação é fruto da concepção positivista de livre-arbítrio, que entende o homem
como ser determinado pelas circunstâncias sociais.

29. (VUNESP/CE DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL 1ª CLASSE – 2015) Assinale a alternativa correta em
relação aos modelos teóricos de reação social ao delito.
a. São três os modelos: o dissuasório, o ressocializador e o integrador; o primeiro, também conhecido
como modelo clássico, tem o foco na punição do criminoso, procurando mostrar que o crime não
compensa; o segundo tem o foco no criminoso e sua ressocialização, procurando reeducá-lo para
reintegrá-lo à sociedade; e o terceiro, conhecido como justiça restaurativa, que defende uma
intervenção mínima estatal em que o sistema carcerário só atuará em último caso.
b. Apresentam dois modelos bem distintos: o tradicional e o moderno, por entender que um tem foco
na punição e recuperação do delinquente, e o outro tem foco na reparação do delito; o primeiro

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olha para o delinquente e o segundo, somente para a vítima, não importando a recuperação do
delinquente.
c. Estão divididos em dois modelos: o concreto e o abstrato, nos quais os objetivos são comuns, ou
seja, ambos estão focados no sujeito ativo do delito e em como fazer com que ele não volte a
delinquir; o primeiro visa aplicar uma pena privativa de liberdade e o segundo, uma pena
pecuniária.
d. São três os modelos teóricos: o moderno, o contemporâneo e o tradicional; o modelo moderno
objetiva tratar a prevenção do delito como um problema social, no qual todos têm responsabilidade
na ressocialização do criminoso; o modelo contemporâneo entende que há necessidade das penas
serem proporcionais ao bem jurídico protegido, enquanto que o modelo tradicional busca no
sistema de justiça criminal (Polícia, Ministério Público, Poder Judiciário e Sistema Penitenciário) a
efetividade para a prevenção do delito.
e. São caracterizados por três modelos, também conhecido como as três velocidades do direito penal,
um direito penal mais “duro” para os crimes mais violentos, um direito penal mais brando, como,
por exemplo, para os crimes de menor potencial ofensivo e um direito penal intermediário, um
meio termo, para os demais crimes.

30. (VUNESP/SP ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL – 2013) Constituem medidas diretas de


prevenção do delito, dentre outras:
a. o planejamento familiar e a alfabetização de adultos.
b. os programas de incentivo à qualificação profissional.
c. a campanha de prevenção de doenças e o incentivo à frequência a cultos religiosos
d. os programas de construção de moradias populares.
e. as políticas públicas de desestímulo ao jogo de azar, à prostituição e ao consumo de drogas ilícitas

31. (VUNESP/SP ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL – 2013) Entendese que a prevenção criminal
terciária;
a. é o trabalho de conscientização social, que ataca a inclinação à prática criminosa em sua origem.
b. é a modalidade exclusivamente voltada à figura do encarcerado, pois visa sua reintegração familiar
e social.
c. constitui uma das formas de participação popular na gestão pública.
d. representa os métodos e mecanismos profiláticos de combate às causas da criminalidade.
e. é o aparato de repressão criminal, de modo a desestimular futuras práticas delitivas.

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32. (VUNESP/SP ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL – 2014) O conceito de prevenção delitiva, no Estado
Democrático de Direito, e as medidas adotadas para alcançá-la são.
a. o conjunto de ações que visam evitar a ocorrência do delito, atingindo direta e indiretamente o
delito.
b. o conjunto de ações que visam estudar o delito, atingindo direta e indiretamente o criminoso
c. o conjunto de ações adotadas pela vítima que visam evitar o delito, atingindo o delinquente direta e
indiretamente.
d. o conjunto de ações que visam estudar o criminoso, atingindo o ato delitivo direta e indiretamente.
e. o conjunto de ações que visam estudar o crime, atingin- do o criminoso direta e indiretamente.

33. (VUNESP/SP ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL – 2014) Uma das formas que o Estado Brasileiro adota
como controle e inibição criminal é a pena prevista para cada crime, cuja teoria adotada pelo Código
Penal Brasileiro é a mista, de acordo com o artigo 59 do Código Penal, que tem como finalidade a:
a. prevenção e a retribuição
b. indenização e a repreensão.
c. punição e a reparação.
d. inibição e a reeducação.
e. conciliação e o exemplo.

34. (VUNESP/SP AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA – 2013) Compreende-se por “prevenção delitiva” o


conjunto de ações que visam evitar a ocorrência do delito. Assim sendo, a prevenção terciária está
focada.
a. na migração, com o objetivo de evitar grande concentração populacional numa determinada região,
favorecendo o desemprego, moradias irregulares e conflito étnico.
b. no recluso, o que permite identificar o destinatário; visa a sua recuperação, evitando a reincidência,
é rea lizada por meio de medidas socioeducativas e ressocializadoras.
c. na raiz do conflito criminal, para neutralizá-lo antes que o problema se manifeste, como educação,
em- prego, moradia e segurança; é, sem dúvida nenhuma, a mais eficaz.

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d. nos setores da sociedade que podem, a médio e longo prazos, desencadear problemas criminais;
apresenta-se por meio de ações policiais e controle dos meios de comunicação.
e. no controle de natalidade, por meio de ações educativas de planejamento e controle familiar,
estrutu- rado nos programas sociais do governo com apoio financeiro.

35. (VUNESP/SP AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA POLICIAL – 2013) Quanto à teoria neorretribucionista,


é correto afirmar:
a. surgiu na Europa, no século passado, baseada na teoria do consenso, tem como objetivo coibir o
crime organizado e os crimes transnacionais, o que inibiria os crimes menos graves.
b. surgiu na Itália, na década de sessenta, é uma das mais importantes teorias do conflito, por meio
dessa teoria, a criminalidade não é resultante somente da conduta humana, mas a consequência de
um processo em que se atribui uma qualidade à pessoa.
c. surgiu nos Estados Unidos, inspirada na escola de Chicago, com a denominação “lei e ordem” ou
“tolerância zero”, decorrente da teoria das janelas quebradas, tem como objetivo coibir os
pequenos delitos, o que inibiria os mais graves.
d. surgiu na Alemanha, no século XIX, defende que o comportamento do criminoso é aprendido,
nunca herdado, criado ou desenvolvido pelo sujeito ativo, tem como objetivo identificar e punir
rigorosamente o criminoso para servir de exemplo, a chamada prevenção geral.
e. surgiu na Inglaterra, está baseada na teoria da sub- cultura delinquente, ou seja, o comportamento
criminoso é um sintoma de dissociação entre as aspirações socioculturais e os meios desenvolvidos
para alcançar essas aspirações.

36. (VUNESP/SP AGENTE DE POLÍCIA – 2013) Entende(m)-se por prevenção primária:


a. as ações policiais dirigidas aos indivíduos vulneráveis.
b. as políticas públicas dirigidas aos grupos de risco.
c. aquela dirigida exclusivamente ao preso, em busca de sua reinserção familiar e/ou social.
d. o trabalho de conscientização social, o qual atua no fenômeno criminal, em sua etiologia.
e. aquela que age em momento posterior ao crime ou na iminência de seu acontecimento

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37. (VUNESP/SP PAPILOSCOPISTA POLICIAL – 2013) A prevenção criminal secundária é aquela que
atua:
a. na recuperação do recluso, visando a sua socialização por meio do trabalho e estudo, evitando sua
reincidência.
b. em setores específicos ou de maior vulnerabilidade da sociedade, por meio de ação policial,
programas de apoio e controle das comunicações.
c. na qualidade de vida de um povo, na proteção aos bens patrimoniais e nos direitos individuais e
sociais.
d. nos direitos sociais universalmente conhecidos, como educação, moradia e segurança.
e. na reparação do dano causado em razão da delinquência, assistindo o recluso com programas
psicológicos e de assistência social.

38. (MPE/SC PROMOTOR DE JUSTIÇA – 2012) I – FRANZ VON LISZT, ao desenvolver o Programa de
Marburgo (1882), criou um modelo integrado e relativamente harmônico entre dogmática e política
criminal, postulando ser tarefa da ciência jurídica estabelecer instrumentos flexíveis e
multifuncionais, com escopo de ressocializar e intimidar as mais diversas classes de delinqüentes.

II – KARL BINDING (1841-1920), em sua mais famosa obra “As normas e sua contravenção”, desenvolve a
definição de normas como proibições ou mandatos de ação.

III – A Teoria da Anomia caracteriza-se por ser uma política ativa de prevenção que intenta tutelar a
sociedade, protegendo também o delinqüente, pois visaria assegurar-lhe, através de condições e vias
legais, um tratamento apropriado.

IV – EUGENIO RAÚL ZAFFARONI pauta o seu pensamento abolicionista no entendimento de que o sistema
penal caracteriza-se por sua inutilidade e incapacidade de resolução dos problemas para os quais se
propõe solucionar. Defende a tese de que o sistema penal poderia ser substituído por outras formas
alternativas de controle social, como, por exemplo, a reparação e a conciliação.

V – O modelo penal de Defesa Social nega totalmente o livre-arbítrio (pressuposto da culpabilidade), pelo
fato de o crime não ser mais o resultado de vontade livre do sujeito, mas sim de (pré)condições individuais,
físicas ou sociais.

a. Apenas as assertivas II e IV estão corretas.


b. Apenas as assertivas I e II estão corretas.
c. Apenas as assertivas I, III e IV estão corretas.
d. Apenas as assertivas I, III, IV e V estão corretas.

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e. Todas as assertivas estão corretas.

39. (MPDFT/ PROMOTOR DE JUSTIÇA – 2011) Assinale a alternativa falsa:


a. As teorias criminológicas de cunho etiológico- individualizante têm na personalidade deficitária do
criminoso o principal fator explicativo da criminalidade.
b. A teoria da anomia e a teoria da subcultura representam exemplos do paradigma criminológico
etiológico sócio-cultural.
c. A prevenção geral negativa, por meio da punição do autor do delito, tem por propósito desmotivar
outros membros da sociedade a realizarem condutas similares.
d. A teoria da prevenção geral positiva limitadora concebe o direito penal como um instrumento a
mais de controle social, caracterizado pela sua formalização.
e. A teoria preventiva especial positiva atribui à pena a função declarada de ressocializar o agente, o
que o faz por meio da inocuização.

40. (MPE/PR PROMOTOR DE JUSTIÇA – 2011) Examine as afirmações abaixo e após responda:

I-A criminologia crítica parte da premissa de que a Criminologia não deve ter por objeto apenas o crime e o
criminoso como institucionalizados pelo direito positivo, mas deve questionar também as bases estruturais
econômicas e sociais que caracterizam a sociedade na qual vive o autor da infração penal.

II-Entende a doutrina que cabe à criminologia crítica questionar os fatos como expressão da decadência
dos sistemas sócio-econômicos e políticos.

III-Conforme entendimento doutrinário, cabe à criminologia crítica reter como material de interesse para o
Direito Penal apenas o que efetivamente mereça punição reclamada pelo consenso social, e denunciando
todos os expedientes destinados a incriminar condutas que, apenas por serem contrárias aos poderosos do
momento, política ou economicamente, venham a ser transformadas em crimes.

IV-Na visão dos doutrinadores da criminologia crítica, o princípio do fim ou da prevenção da pena é
questionado a partir do entendimento de que a ressocialização não pode ser obtida numa instituição como
a prisão, que sempre seria convertida num microcosmo no qual se reproduzem e agravam as graves
contradições existentes no sistema social exterior.

V-No entendimento dos doutrinadores da criminologia crítica, o princípio da culpabilidade é questionado a


partir da teoria das subculturas, segundo a qual o comportamento humano não representa a expressão de

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uma atitude interior dirigida contra o valor que tutela a norma penal, pois não existe apenas o sistema de
valor oficial, mas uma série de subsistemas de valores decorrentes dos mecanismos de socialização e de
aprendizagem dos grupos e do ambiente em que o indivíduo se encontra inserto.

a. todas as afirmativas estão corretas.


b. as afirmativas I, III, IV e V são as únicas corretas.
c. as afirmativas IV e V são as únicas corretas.
d. as afirmativas II e III são incorretas.
e. todas as afirmativas são incorretas.

41. (FCC/DPE-MA DEFENSOR PÚBLICO – 2018) O realismo criminológico de esquerda:


a. propõe a ideia da “janela quebrada”, segundo a qual a luta contra os pequenos distúrbios cotidianos
faz recuar os grandes problemas criminais.
b. é uma vertente do abolicionismo penal que defende a superação do direito penal na sociedade atual
por meio de uma política criminal pacifista.
c. entende que não só a reação ao delito, mas o delito em si é um problema verdadeiro que afeta a
classe trabalhadora.
d. é um campo de pensamento conhecido no Brasil como “esquerda punitiva” e que deslegitima
criminalizações, ainda que os pobres sejam os mais atingidos.
e. surgiu na América Latina como forma de contrapor o pensamento criminológico eurocêntrico e
destacar os problemas da realidade local.

42. (VUNESP/SP INVESTIGADOR DE POLÍCIA – 2014) Quando ocorre a falta de amparo da família, dos
colegas de trabalho e dos amigos, e a própria sociedade não acolhe a vítima, incentivando-a a não
denunciar o delito às autoridades, ocorrendo o que se chama de cifra negra, está-se diante da
vitimização:
a. caracterizada.
b. secundária.
c. descaracterizada.
d. primária.
e. terciária.

43. (FCC/DPE-SP DEFENSOR PÚBLICO – 2009) A expressão 'cifra negra' ou oculta, refere-se:

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a. às descriminantes putativas, nos casos em que não há tipo culposo do crime cometido.
b. ao fracasso do autor na empreitada em que a maio ria têm êxito.
c. à porcentagem de presos que não voltam da saída temporária do semi-aberto.
d. à porcentagem de crimes não solucionados ou puni dos porque, num sistema seletivo, não caíram
sob a égide da polícia ou da justiça ou da administração carcerária, porque nos presídios 'não estão
todos os que são'.
e. à porcentagem de criminalização da pobreza e à globalização, pelas quais o centro exerce seu
controle sobre a periferia, cominando penas e criando fatos típicos de acordo com seus interesses
econômicos, determinando estigmatização das minorias.

44. (INSTITUTO ACESSO/ES DELEGADO DE POLÍCIA – 2019) Uma informação confiável e contrastada
sobre a criminalidade real que existe em uma sociedade é imprescindível, tanto para formular um
diagnóstico científico, como para desenhar os oportunos programas de prevenção. Assinale a
alternativa correta:
a. A criminalidade real corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes. A
criminalidade revelada corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do
Estado. A cifra negra corresponde à ausência de registro de práticas antissociais do poder político e
econômico.
b. A criminalidade real corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do Estado.
A criminalidade revelada corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes. A
cifra negra corresponde à ausência de registro de práticas antissociais do poder político e
econômico.
c. A criminalidade real corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do Estado.
A criminalidade revelada corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes. A
cifra negra corresponde à quantidade de delitos não comunicados ou não elucidados dos crimes de
rua.
d. A criminalidade real corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do Estado.
A criminalidade revelada corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes. A
cifra negra corresponde à violência policial, cujos índices não são levados ao conhecimento das
corregedorias.
e. A criminalidade real corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes. A
criminalidade revelada corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do
Estado. A cifra negra corresponde à quantidade de delitos não comunicados ou não elucidados dos
crimes de rua.

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45. (FCC/DPE-RS DEFENSOR PÚBLICO – 2018) O trecho abaixo integra uma letra musical do
grupo Facção Central. Dentre as várias formas de interpretação desse fragmento escrito, pode-se
dizer que ele suscita a reflexão sobre as técnicas de prevenção dos delitos e as formas
alternativas de solução de conflitos. “(...) Ocupamos os bondes dos 157 em transferência, Porque
não fomos convidados pras feiras de ciência Pela indução diária a trilha dos para-fal, Em vez de
pena merecíamos perdão judicial.”

Com relação às funções da criminologia, e com base no trecho apresentado acima, é correto afirmar que:

a. as situações de perdão judicial são vedadas às análises criminológicas.


b. a criminologia é uma matéria jurídica que veda reflexões teóricas sobre as realidades fáticas ou as
narrativas artísticas.
c. a identificação da autoria do crime, o isolamento do local do fato e a realização das perícias são
abordagens exclusivas da criminologia.
d. a reflexão suscitada é uma das funções da criminologia.
e. a criminologia se ocupa do “dever ser” e, por isso, representações sociais (como expressões
artísticas) devem ser excluídas de qualquer estudo.

46. (VUNESP/SP INVESTIGADOR DE POLÍCIA – 2013) Entende-se por Etiologia Criminal a ciência que
estuda e investiga:
a. a criminalística, isto é, o processo de desenvolvimento do crime.
b. a transmissão congênita de fatores psicológicos, propensos ao desenvolvimento da criminalidade.
c. a criminogênese, que objetiva explicar quais são as causas do crime.
d. o fenômeno do delito e as formas de prevenção secundária.
e. a transmissão genética de fatores biológicos, propensos ao desenvolvimento da criminalidade.

GABARITO
1. A 6. B
2. C 7. D
3. D 8. D
4. C 9. B
5. B 10. D

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11. D 29. A
12. A 30. E
13. E 31. B
14. A 32. A
15. E 33. A
16. D 34. B
17. E 35. C
18. D 36. D
19. B 37. B
20. C 38. B
21. C 39. E
22. D 40. A
23. B 41. C
24. B 42. E
25. A 43. D
26. E 44. E
27. D 45. D
28. D 46. C

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