Você está na página 1de 127

Aula 13

PGMs - Direito
Administrativo
2023 (Curso Regular)

Autor
Rodolfo Breciani Penna 11 de dezembro 2022
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Sumário
Considerações Iniciais ........................................................................................................................................ 5

Responsabilidade Civil do Estado ....................................................................................................................... 5

1 - Introdução ................................................................................................................................................. 5

2 - Evolução da Responsabilidade civil do Estado .......................................................................................... 5

2.1 - Teoria da irresponsabilidade estatal (the king can do not wrong) ........................................................................... 5

2.2 - Responsabilidade com previsão legal....................................................................................................................... 6

2.3 - Teoria da responsabilidade subjetiva (teoria civilista) ............................................................................................. 6

2.4 - Teoria da culpa do serviço (culpa anônima ou faute du service) ............................................................................. 7

2.5 - Teoria da responsabilidade objetiva ........................................................................................................................ 7

2.6 - Teoria do risco integral ............................................................................................................................................. 8

3 - Responsabilidade Civil do Estado no Ordenamento Jurídico Brasileiro .................................................... 8

3.1 - Responsabilidade objetiva ........................................................................................................................................ 8

3.2 - Elementos da responsabilidade civil do Estado...................................................................................................... 11

3.3 - Causas excludentes da responsabilidade ............................................................................................................... 12

3.4 - Responsabilidade contratual e extracontratual ..................................................................................................... 14

3.5 - Responsabilidade por atos lícitos ........................................................................................................................... 14

3.6 - Responsabilidade civil do Estado por omissão ....................................................................................................... 15

3.7 - Jurisprudência dos Tribunais Superiores ................................................................................................................ 20

4 - Responsabilidade Civil por Danos de Obra Pública ................................................................................. 22

4.1 - Responsabilidade decorrente de má execução da obra......................................................................................... 22

4.2 - Responsabilidade civil pelo “simples fato da obra” ............................................................................................... 22

5 - Responsabilidade Civil por Atos Legislativos........................................................................................... 23

5.1 - Leis inconstitucionais.............................................................................................................................................. 23

5.2 - Lei de efeitos concretos .......................................................................................................................................... 24

cj.estrategia.com | 2
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

5.3 - Omissão legislativa ................................................................................................................................................. 24

6 - Responsabilidade Civil por Atos Jurisdicionais ........................................................................................ 25

6.1 - Erro judiciário ......................................................................................................................................................... 25

6.2 - Prisão além do tempo fixado na sentença ............................................................................................................. 26

6.3 - Demora na prestação jurisdicional ......................................................................................................................... 26

7 - Responsabilidade Civil por Atos de Notários e Registradores ................................................................ 27

7.1 - Natureza do serviço de notas e de registros .......................................................................................................... 27

7.2 - Forma de ingresso no cargo de titular de serviços de notas e de registros e de remoção .................................... 27

7.3 - Responsabilidade civil do Estado por atos de notários e registradores ................................................................. 28

7.4 - Conclusão ............................................................................................................................................................... 30

8 - Responsabilidade Civil por atos de Multidões (Atos Multitudinários) .................................................... 31

9 - Reparação do Dano ................................................................................................................................. 31

9.1 - Denunciação da lide ............................................................................................................................................... 32

9.2 - Ação de regresso .................................................................................................................................................... 32

10 - Prescrição da Ação de Reparação Civil ................................................................................................. 33

10.1 - (Im)prescritibilidade da ação de ressarcimento ................................................................................................... 34

Resumo............................................................................................................................................................. 34

Jurisprudência citada ....................................................................................................................................... 40

Considerações Finais ........................................................................................................................................ 45

Questões Comentadas ..................................................................................................................................... 45

Magistratura ................................................................................................................................................................... 45

Promotor ........................................................................................................................................................................ 59

Defensor ......................................................................................................................................................................... 71

Procurador ...................................................................................................................................................................... 76

Delegado ......................................................................................................................................................................... 96

cj.estrategia.com | 3
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Outros ........................................................................................................................................................................... 104

Lista de Questões ........................................................................................................................................... 107

Magistratura ................................................................................................................................................................. 107

Promotor ...................................................................................................................................................................... 111

Defensor ....................................................................................................................................................................... 114

Procurador .................................................................................................................................................................... 116

Delegado ....................................................................................................................................................................... 122

Outros ........................................................................................................................................................................... 124

Gabarito.......................................................................................................................................................... 125

Magistratura ................................................................................................................................................................. 125

Promotor ...................................................................................................................................................................... 125

Defensor ....................................................................................................................................................................... 126

Procurador .................................................................................................................................................................... 126

Delegado ....................................................................................................................................................................... 126

Outros ........................................................................................................................................................................... 127

cj.estrategia.com | 4
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO


CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Prezado aluno, na aula de hoje estudaremos o tema “Responsabilidade Civil do Estado”, tema de grande
incidência em todas as provas de carreiras jurídicas.

Sem tempo a perder, vamos à nossa aula.

Qualquer dúvida, críticas ou sugestões, podem me contactar nos canais a seguir:

E-mail: prof.rodolfopenna@gmail.com
Instagram: https://www.instagram.com/rodolfobpenna

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

1 - INTRODUÇÃO
A responsabilidade civil da Administração Pública é o dever de reparação dos danos, patrimoniais ou
extrapatrimoniais, causados a terceiros pela conduta estatal, seja comissiva ou omissiva.

Um dos principais fundamentos para a responsabilidade civil estatal é o princípio da isonomia e da equidade.
A atuação do Estado busca beneficiar toda coletividade. Assim, não seria justo que, se toda coletividade se
beneficia da atuação estatal, apenas um indivíduo ou um pequeno grupo de pessoas sofresse prejuízos
decorrente dessa mesma atuação. É necessário que esse prejuízo seja socializado e distribuído à sociedade
da mesma forma (repartição dos encargos sociais).

Esse fundamento dá ensejo ainda ao entendimento de que o Estado, em determinados casos, deve ser
responsável diante de terceiros prejudicados mesmo quando o prejuízo seja decorrente de uma conduta
lícita dos seus agentes. Estudaremos essas hipóteses detalhadamente.

2 - EVOLUÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

2.1 - Teoria da irresponsabilidade estatal (the king can do not wrong)

A teoria da irresponsabilidade é típica dos Estados absolutistas (soberanos), em que não havia qualquer
limitação do poder estatal.

cj.estrategia.com | 5
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Essa teoria decorre do entendimento vigente à época de que o rei nunca cometia erros (the king
can do not wrong). Nesta fase, o Estado se confundia com o próprio monarca (“o estado sou
eu”, Luis XIV), sendo impossível a sua responsabilização, tendo em vista a impossibilidade de
aquele governante cometer erros.

A irresponsabilidade se baseava ainda na ideia de que o poder estatal era, em certa medida, uma verdadeira
expressão do poder divino.

A seu turno, se o rei não errava, também não podia haver responsabilização pelas condutas dos seus agentes,
uma vez que o rei não poderia errar na escolha dos agentes do Estado.

O Brasil não passou por essa fase da irresponsabilidade. Além disso, mesmo os países que adotavam a teoria
da irresponsabilidade, admitiam, em alguns casos, a responsabilização do Estado com base em lei específica.

2.2 - Responsabilidade com previsão legal

Nesta fase, o Estado somente poderia ser responsabilizado em casos pontuais, quando houvesse previsão
legal específica no sentido da responsabilidade. Eram situações muito restritas.

2.3 - Teoria da responsabilidade subjetiva (teoria civilista)

Com base nesta teoria, o Estado passou a ser responsabilizado na mesma medida que o particular. Isto é,
houve uma evolução em relação à responsabilidade com previsão legal, admitindo-se a responsabilização do
Estado ainda que sem expressa menção na lei. No entanto, era necessário demonstrar a intenção do agente
público em causar o dano, ou seja, a sua culpa em sentido amplo (que abrange a culpa em sentido estrito e
o dolo).

O Estado passou ser responsabilizado quando presentes os elementos da responsabilidade civil em geral:

a) Conduta: prática de um agente atuando nesta qualidade;


b) Dano: prejuízo patrimonial ou extrapatrimonial sofrido por terceiros;
c) Nexo causal: demonstração de que a conduta do agente foi determinante para a ocorrência do
prejuízo;
d) Culpa ou dolo do agente (elemento subjetivo).

2.3.1 - Teoria da culpa individual (atos de império x atos de gestão)

Dentro da fase da responsabilidade subjetiva, houve espaço ainda para uma corrente defensora de que a
responsabilidade do Estado dependia da distinção entre atos de gestão e atos de império, influenciada pela
teoria do fisco.

Os atos de império são aqueles praticados pelo Estado na posição de supremacia em relação ao particular,
em virtude da sua soberania. Para esta teoria, não poderia haver responsabilização estatal por atos de
império.

cj.estrategia.com | 6
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Já os atos de gestão são aqueles praticados pelo Estado quando despido de sua autoridade, atuando em
posição de igualdade com o particular. Neste caso, haveria responsabilização do Estado com base no Direito
Civil, dependendo da demonstração da culpa (em sentido amplo: culpa ou dolo) do agente público.

2.4 - Teoria da culpa do serviço (culpa anônima ou faute du service)

Como era muito difícil para o particular demonstrar a culpa do agente público, a teoria da responsabilidade
subjetiva se mostrou praticamente ineficaz. Assim, evoluiu-se para a teoria da culpa do serviço, também
conhecida como culpa anônima.

De acordo com esta teoria, não seria mais necessário comprovar a culpa do agente público, bastava a
demonstração de uma das seguintes situações:

a) serviço foi mal prestado (não funcionou);


b) serviço foi prestado de forma ineficiente (funcionou mal);
c) serviço prestado com atraso (funcionou com atraso).

Por isso se chama de culpa anônima, pois não precisa identificar o agente culpado nem demonstrar a sua
culpabilidade.

Essa teoria, conforme veremos, é utilizada no Brasil em alguns casos de responsabilidade civil por omissão
do Estado.

2.5 - Teoria da responsabilidade objetiva

A teoria da responsabilidade objetiva acabou com a necessidade de comprovação de qualquer tipo de culpa.
Conforme suas definições, basta a presença dos seguintes elementos para que o Estado seja obrigado a
reparar o dano:

a) Conduta;
b) Dano;
c) Nexo causal.

É desnecessária a aferição de qualquer aspecto relacionado ao elemento subjetivo do agente


público (culpa ou dolo).

No entanto, o Estado poderá se livrar da responsabilidade pelo ressarcimento dos prejuízos se comprovar a
existência de uma causa excludente da responsabilidade, tal como a culpa exclusiva da vítima, culpa
exclusiva de terceiro, caso fortuito e força maior. Além disso, poderá reduzir a sua responsabilidade caso
comprovada culpa concorrente.

No Brasil, foi adotada a teoria da responsabilidade objetiva desde a Constituição Federal de 1946, sendo
mantida pela CF/88.

cj.estrategia.com | 7
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

2.6 - Teoria do risco integral

De acordo com esta teoria, o Estado deve ser uma espécie de “garantidor universal”, devendo ressarcir
todos os prejuízos sofridos pelos particulares, desde que presente o nexo causal.

Essa teoria é muito parecida com a teoria do risco administrativo. O traço distintivo entre elas, no entanto,
é que na teoria do risco integral não se admite que o Estado seja eximido da sua responsabilidade, ainda
que comprovada uma cláusula excludente.

A teoria do risco integral foi adotada em alguns casos específicos no Brasil, quando expressamente definido
em lei, como é o caso da responsabilidade ambiental, a responsabilidade por danos nucleares e a
responsabilidade por ataques terroristas a aeronaves.

3 - RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO NO ORDENAMENTO


JURÍDICO BRASILEIRO

3.1 - Responsabilidade objetiva

O fundamento legal da responsabilidade objetiva do Estado se encontra no art. 37, §6º, CF:

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços


públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

O dispositivo citado estabeleceu a responsabilidade civil objetiva do Estado, sendo que este fica obrigado a
reparar os danos causados pelos seus agentes, atuando nesta qualidade, independentemente de
demonstração de culpa.

Por outro lado, a Lei Maior definiu a responsabilidade civil subjetiva e regressiva dos agentes públicos, que
só responderão regressivamente, caso o Estado seja condenado, se demonstrada a culpa ou dolo em sua
atuação.

3.1.1 - Pessoas sujeitas à responsabilidade objetiva

De acordo com o art. 37, §6º, CF, estão sujeitas à responsabilidade objetiva as seguintes pessoas:

a) Pessoas jurídicas de direito público (Entes Federados, autarquias e fundações públicas de direito
público);
b) Pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos (empresas públicas e
sociedades de economia mista quanto prestadoras de serviços públicos e concessionárias ou
permissionárias de serviços públicos).

Perceba que a situação das empresas estatais é peculiar e varia a depender da atividade explorada:

EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA

cj.estrategia.com | 8
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Prestadora de serviços públicos Responsabilidade objetiva


Exploradora de atividade econômica Responsabilidade subjetiva

Há ainda a peculiar situação da responsabilidade do Estado pelos danos causados pelas entidades da
Administração indireta ou por concessionárias de serviços públicos:

De acordo com a doutrina, o Estado possui responsabilidade subsidiária e objetiva pelos


danos causados pela Administração indireta ou pelas concessionárias e permissionárias
de serviços públicos, o que significa dizer que o Estado fica obrigado a reparar o dano após
esgotadas as tentativas de fazer com que a entidade administrativa ou concessionária faça
o ressarcimento. No mesmo sentido é a jurisprudência do STJ:

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça consolidou entendimento no sentido de


que, embora a autarquia seja responsável pela conservação e manutenção das rodovias,
deve ser reconhecida a responsabilidade subsidiária do Estado, pelos danos causados a
terceiros, em decorrência de sua má conservação, motivo pelo qual não há que se falar em
extinção do processo, sem resolução do mérito, por ilegitimidade passiva. (STJ. 2ª Turma.
AgRg no AREsp 203.785/RS).

Por fim, a responsabilidade objetiva alcança as entidades elencadas no dispositivo constitucional


ainda que o dano seja causado a terceiro não usuário do serviço público prestado. De acordo
com o STF, a Constituição não fez qualquer ressalva quanto à pessoa que sofre o dano, não
cabendo ao Poder Judiciário fazer.

I - A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço


público é objetiva relativamente a terceiros usuários e não-usuários do serviço, segundo
decorre do art. 37, § 6º, da Constituição Federal. II - A inequívoca presença do nexo de
causalidade entre o ato administrativo e o dano causado ao terceiro não-usuário do serviço
público, é condição suficiente para estabelecer a responsabilidade objetiva da pessoa jurídica
de direito privado (RE 591874).

3.1.2 - Fundamentos da responsabilidade objetiva

A responsabilidade objetiva estatal é sustentada basicamente por dois entendimentos:

a) Teoria do risco administrativo

Esta teoria sustenta que o Estado assume prerrogativas especiais para o exercício suas atribuições perante
os cidadãos. Essas atividades exercidas pelo poder público possuem riscos inerentes de causar dano a
particulares. Assim, da mesma maneira que a coletividade se beneficia destas atividades que trazem riscos,
também deve ser responsável quando o risco se transformar efetivamente em dano a terceiros.

b) Repartição dos encargos sociais

cj.estrategia.com | 9
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Outro fundamento importante para a responsabilidade objetiva é a repartição dos encargos sociais. Sob este
prisma, sustenta-se que a atividade da Administração Pública beneficia toda a coletividade, pelo que não
seria justo que a mesma atividade prejudicasse apenas uma pessoa ou um grupo de pessoas.

Se todos são beneficiados pela função administrativa, todos devem também se responsabilizar pelos danos
por ela causados. Assim, as reparações devem ser realizadas pela Administração, cujo patrimônio pertence
à coletividade.

3.1.3 - Teorias da responsabilidade civil objetiva do Estado

A responsabilidade objetiva decorre da teoria objetiva, também conhecida como teoria do risco. Essa teoria
abarca duas espécies, quais sejam, a teoria do risco administrativo e a teoria do risco integral.

A teoria do risco, como gênero, estabelece que o Estado, em razão das suas atividades, deve arcar com um
risco maior, respondendo quando verificado o dano na prática. Essa responsabilidade independe da
demonstração de culpa ou dolo do agente ou de culpa do serviço, tendo em vista que decorre diretamente
dos riscos assumidos pela Administração.

a) Teoria do risco administrativo

Essa teoria, adotada como regra no ordenamento jurídico brasileiro, responsabiliza o Ente Público de forma
objetiva pelos danos que seus agentes causarem, atuando nesta qualidade, a terceiros.

No entanto, admite a exclusão da responsabilidade em determinadas situações em que seja verificada a


exclusão de algum dos elementos desta responsabilidade, tais como a culpa exclusiva da vítima, a culpa
exclusiva de terceiro, o caso fortuito e a força maior.

b) Teoria do risco integral

Já para a teoria do risco integral, a responsabilidade do Estado também é objetiva, porém, não admite
exclusão da responsabilidade. Verificado o dano e o nexo causal, surge para a Administração Pública o dever
de indenizar o particular.

Trata-se da responsabilidade absoluta do Estado pelos danos causados no território nacional, tendo em vista
que parte da premissa do Estado como “garantidor universal”.

A teoria do risco administrativo foi adotada como a regra do ordenamento jurídico brasileiro. No
entanto, excepcionalmente, o ordenamento jurídico admite a aplicação da teoria do risco
integral:

Risco integral
 Dano decorrente de atividade nuclear: o art. 21, XXIII, “d”, da CF estabelece a
responsabilidade objetiva para danos nucleares, tendo em vista o alto risco evolvendo a
atividade. A maioria da doutrina, neste ponto, entende que a responsabilidade objetiva é
baseada na teoria do risco integral.

cj.estrategia.com | 10
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

 Dano ambiental: o STJ possui entendimento consolidado de que a responsabilidade civil


por dano ambiental é objetiva e informada pelo risco integral, seja para a Administração
Pública, seja para o particular, não importando se a poluição foi comissiva ou omissiva,
direta ou indireta (STJ, REsp 1374284/MG). Além disso, a responsabilidade é solidária entre
todos os participantes no dano. No entanto, a responsabilidade do Estado quando
considerado poluidor indireto (omissão em fiscalizar, por exemplo) é solidária, porém, de
execução subsidiária, ou seja, somente haverá execução contra o Estado após a tentativa
frustrada de execução do particular que provocou o dano de forma direta.

 Danos decorrentes de ataques terroristas ou atos de guerra a aeronaves brasileiras: Lei


10.302/2001: “Art. 1º Fica a União autorizada a assumir as responsabilidades civis perante
terceiros no caso de danos a bens e pessoas no solo, provocados por atentados terroristas
ou atos de guerra contra aeronaves de empresas aéreas brasileiras no Brasil ou no exterior.”

A assunção da responsabilidade não decorre de qualquer demonstração de culpa ou dolo


e, uma vez assumida, não pode ser invocada qualquer excludente de responsabilidade.
Neste caso, a União assume a posição de garantidos universal.

3.2 - Elementos da responsabilidade civil do Estado

Para configuração da responsabilidade objetiva, é necessária a verificação de três elementos: a) conduta; b)


dano; c) nexo causal.

a) Conduta (fato administrativo): para que o Estado seja responsabilizado, é necessária a existência de
uma conduta, comissiva ou omissiva, de seus agentes públicos atuando nesta qualidade ou quando
a conduta tenha relação direta com o exercício da função pública.

Vale destacar que a conduta lícita dos agentes públicos também pode ensejar a responsabilização objetiva
do Estado quando causar danos desproporcionais, anormais e específicos.

O STF possui entendimento de que o Estado é responsável pelos danos causados por
disparo de arma de fogo pertencente à corporação, dado por Policial Militar, ainda que
este esteja de folga, tendo em vista que a conduta está relacionada à sua atuação (RE
135310). De acordo com a Corte, alguns aspectos ensejam a responsabilidade do Estado:
a) o servidor é policial 24h por dia; b) autodeclaração da condição de policial durante o
evento danoso; c) arma pertencente ao Estado; d) culpa in elegendo da Administração na
seleção do profissional.

É importante ficar atento ainda, pois a Corte Suprema possui um julgado dissonante. Trata-
se de decisão que negou a responsabilidade do Estado por homicídio praticado por policial
que possuía relacionamento afetivo com a vítima. Neste caso, a decisão se fundamentou
no caráter privado do relacionamento, embora a arma utilizada seja de propriedade do
Estado (RE 363.423).

b) Dano: lesão a determinado bem jurídico da vítima, seja ele patrimonial ou extrapatrimonial.

cj.estrategia.com | 11
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Com relação aos danos patrimoniais, poderá ser um dano emergente ou lucro cessante. O primeiro
representa a diminuição efetiva do patrimônio da vítima, enquanto o segundo trata da diminuição potencial
do patrimônio, relacionado com o que a vítima deixou de receber em virtude da conduta estatal (ex.:
motorista de táxi que ficou sem trabalhar em decorrência de colisão de um veículo do Estado com o seu
veículo).

Já os danos extrapatrimoniais estão ligados à violação dos direitos de personalidade dos cidadãos, tais como
a honra, a imagem, a reputação, dentre outros.

Há ainda outras espécies de danos que podem ser cumulados com estes, tais como os danos estéticos, danos
sociais, dano moral coletivo, a serem estudados em matéria própria.

c) Nexo causal: é o vínculo entre a conduta e o dano. A relação de causa e efeito entre a conduta estatal
e a lesão sofrida pela vítima. Para explicar o nexo causal, foram criadas algumas teorias:
i) Teoria da equivalência das condições (equivalência dos antecedentes causais ou conditio
sine qua non): para essa teoria, os antecedentes que contribuírem de qualquer forma para a
lesão devem ser considerados equivalentes e ensejadores de responsabilização. Para excluir
o nexo causal, seria necessário verificar que eliminação hipotética da conduta da cadeia de
ações manteria o resultado inalterado. Qualquer outra conduta que, uma vez eliminada,
alterasse o resultado lesivo, seja o eliminando ou reduzindo, deveria ser considerada como
causa da lesão.

Essa teoria é muito criticada, tendo em vista que produz um regresso infinito do nexo de causalidade, o que
acarreta segurança jurídica (ex.: se uma determinada pessoa foi assassinada por envenenamento de um pão,
seria o caso de responsabilizar o padeiro que, caso não tivesse fabricado o pão, não haveria assassinato).

ii) Teoria da causalidade adequada: considera como causa do dano apenas a conduta que, em
abstrato, seja a mais adequada a causar a lesão. Rompeu com a equivalência dos
antecedentes, considerando como causa apenas o antecedente com maior probabilidade de
produzir o resultado danoso.

A crítica que se faz a essa teoria é responsabilizar alguém por um mero juízo de probabilidade e não de
certeza.

iii) Teoria da causalidade direta e imediata: também pode ser denominada de teoria da
interrupção do nexo causal. Para essa teoria, os antecedentes não se equivalem, sendo que
apenas o evento que se vincular direta e imediatamente ao dano será considerado a sua
causa. Trata-se da teoria consagrada no art. 403 do CC.

3.3 - Causas excludentes da responsabilidade

Estudamos que a teoria do risco administrativo estabelece a responsabilidade objetiva do Estado, porém,
admitindo a exclusão desta responsabilidade em alguns casos. As cláusulas de exclusão apontadas em geral
são: a) culpa exclusiva da vítima; b) culpa de terceiro; c) caso fortuito e força maior. Há ainda uma outra
causa que, embora não exclua a responsabilidade, faz com que esta seja reduzida proporcionalmente, qual
seja, a culpa concorrente da vítima.

cj.estrategia.com | 12
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

As excludentes de responsabilidade decorrem da própria redação do art. 37, 6º, CF, que estabelece a
responsabilidade civil objetiva do Estado apenas quando o dano for causado pelo agente público.

Além disso, a caracterização da responsabilidade do Estado está vinculada à previsibilidade e evitabilidade


do evento danoso, não sendo possível a sua responsabilização por eventos imprevisíveis ou previsíveis, mas
de consequências inevitáveis.

a) Culpa exclusiva da vítima

É a hipótese em que o dano é causado por fato da própria vítima (autolesão). Por exemplo, no caso em que
uma pessoa se lança em frente a uma viatura da polícia que estava na velocidade correta para a pista e
dirigindo com segurança com o objetivo de tirar a sua própria vida, ou quando a vítima atravessa a rua de
forma imprudente e com o sinal verde para o veículo estatal que trafegava corretamente, não há como
responsabilizar o Estado, tendo em vista que não há nexo causal entre a conduta do estado e o dano sofrido
pelo particular. O dano foi causado pela conduta da própria vítima.

b) Culpa exclusiva de terceiro (fato de terceiro)

Trata-se do dano causado pelo fato de um terceiro que não possui vínculo jurídico com o Estado. Neste caso,
também não há nexo causal entre conduta estatal e o dano sofrido pela vítima. A responsabilização deve ser
buscada em face do terceiro que causou o dano.

O Estado somente será responsabilizado se houver comprovação de falta do serviço, conforme estudaremos
na responsabilidade estatal por omissão. Assim, se tinha conhecimento da probabilidade do dano e possuía
o dever de agir, porém, se omitiu, poderá ser responsabilizado.

c) Caso fortuito e força maior

São eventos naturais ou humanos imprevisíveis ou previsíveis, porém inevitáveis, que causam danos às
pessoas sem qualquer vínculo com a atuação do Estado. Esses eventos excluem o nexo causal, pois não será
possível verificar uma relação de causa e efeito entre conduta Estatal e o dano sofrido pela vítima.

Pode-se citar como exemplo os desastres naturais, tais como enchentes, tempestades, a queda de uma
árvore em um veículo, dentre outros.

Da mesma forma que na hipótese de culpa de terceiro, o Estado poderá ser responsabilizado em caso de ter
ciência da possibilidade da ocorrência do dano e, tendo possibilidade de agir, se omitir, responderá na forma
omissiva com base na teoria da culpa anônima. Por exemplo, no caso da árvore que caiu e danificou veículo,
se foram realizadas diversas notificações em relação a essa possibilidade e a Administração deixou de agir,
poderá ser responsabilizada.

3.3.1 - Causa de redução da responsabilidade – culpa concorrente

Por fim, a culpa concorrente não é uma hipótese de exclusão da responsabilidade do Estado, mas apenas de
redução desta. Isto porque não exclui o nexo de causalidade, tendo em vista que o Estado contribuiu para a
ocorrência do dano.

cj.estrategia.com | 13
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Ocorre, no entanto, que a vítima também contribuiu, com sua conduta, para que o dano ocorresse. Neste
caso, o Estado deve responder na medida da sua contribuição para o dano (art. 945, CC).

3.4 - Responsabilidade contratual e extracontratual

O art. 37, §6º, da CF, ao estabelecer a responsabilidade objetiva, trata apenas da responsabilidade
extracontratual, ou seja, relacionada aos danos causados pela atuação da Administração Pública em face dos
cidadãos em geral, que não possuam um vínculo jurídico específico com o Estado.

Já a responsabilidade contratual diz respeito aos danos causados a pessoa que possua um vínculo negocial
especial válido com a Administração Pública, sendo causados pela inexecução contratual.

De acordo com Rafael Oliveira1, não se aplica a responsabilidade objetiva aos danos causados a pessoas que
possuem um vínculo negocial com o Estado (contratos) ou um vínculo institucional (ex.: servidores públicos).

3.5 - Responsabilidade por atos lícitos

Em regra, a responsabilidade está vinculada aos deveres jurídicos que, uma vez violados e verificado um
prejuízo decorrente desta violação, enseja o dever de reparação.

No entanto, em casos específicos, o ordenamento jurídico estabelece responsabilidade civil por


atos lícitos.

Quanto ao Estado, conforme estudamos, o princípio da igualdade e a repartição dos encargos sociais
determinam que um pequeno grupo de pessoas não sofra sozinho os prejuízos decorrentes da atividade
estatal, que beneficia toda a coletividade. Se toda sociedade é beneficiada, deve também se responsabilizar
pelos danos.

A doutrina, todavia, somente admite a responsabilidade civil do Estado por ato lícito em duas situações:

a) Expressa previsão legal;


b) Sacrifício desproporcional ao particular: dano anormal e específico ou dano desproporcional
causado a vítima (ex.: ato administrativo que determina o fechamento do único acesso a uma rua de
lojas, inviabilizando a atividade econômica no local).

Os danos normais e genéricos que decorram da conduta lícita do Estado são considerados dentro do
chamado risco social, ao qual estão sujeitos todos os cidadãos que vivem em sociedade, e não enseja o dever
de indenizar.

1
OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de direito administrativo. 7. Ed. São Paulo: Método, 2019. P. 793.

cj.estrategia.com | 14
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Uma mesma conduta estatal pode gerar danos anormais e específicos em relação a
determinada pessoa e danos normais e genéricos em relação a outras. A este fenômeno a
doutrina dá o nome de “teoria do duplo efeito dos atos administrativos”, tendo em vista
que gera efeitos diferentes em relação aos cidadãos.

3.6 - Responsabilidade civil do Estado por omissão

As diversas correntes doutrinárias que buscam explicar a responsabilidade por omissão e a ausência de uma
uniformidade das decisões judiciais tornam o assunto complexo. Todavia, buscaremos expor as informações
mais importantes e mais cobradas em provas de concursos.

Em primeiro lugar, as correntes doutrinárias acerca da responsabilidade civil do Estado por omissão são as
seguintes:

CORRENTES DOUTRINÁRIAS: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR OMISSÃO


A responsabilidade deve ser objetiva, tendo em vista que o art. 37 §6º, CF, não faz
1ª Corrente
distinção entre condutas comissivas e omissivas;
Responsabilidade subjetiva com presunção de culpa do poder público, tendo em vista que,
2ª Corrente na omissão, o Estado não causa o dano, mas atua de forma ilícita (com culpa),
descumprindo o dever legal de evitar o dano;
Faz distinção entre omissão genérica e omissão específica. No primeiro caso, a
3ª Corrente responsabilidade deve ser subjetiva. Já no segundo caso, a responsabilidade deve ser
objetiva, tendo em vista o dever de agir para da Administração para evitar o dano.

Na jurisprudência dos tribunais superiores, havia relativa divergência. O STF possui o entendimento de que
a responsabilidade civil do Estado nos casos de omissão é objetiva, desde que comprovada a omissão
específica, isto é, o descumprimento de um dever específico de agir, como, por exemplo, o dever de
preservar a integridade física e psíquica dos detentos sob sua custódia (art. 5º, XLIX). Neste caso, decidiu que
o Estado deve indenizar a família por morte do detento. Vale lembrar, todavia, que a responsabilidade civil
objetiva do Estado é fundamentada na teoria do risco administrativo, admitindo-se a exclusão da
responsabilidade no caso de demonstração de que não tinha como evitar o evento2.

Nos casos de omissão genérica por descumprimento de um dever genérico, como é o caso do dever de
fornecer segurança pública, a Corte Suprema assentou o entendimento de que se trata de responsabilidade
subjetiva, com fundamento na teoria da culpa anônima. Por exemplo, se um indivíduo é assaltado no ponto
de ônibus, em regra, não há um dever específico de o Estado estar naquele local, naquele momento, e evitar
o dano. O poder público possui apenas o dever genérico de fornecer segurança pública, mas não é possível,
por inviabilidade fática, estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Neste caso em específico, a

2
STF. 2ª Turma. ARE 700927 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/08/2012.

cj.estrategia.com | 15
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

responsabilidade civil do Estado, para o STF, é subjetiva com base na culpa anônima. Assim, caberia ao
indivíduo prejudicado comprovar que o ente público, tendo sido reiteradamente informado acerca das
atividades criminosas que ocorrem no local, não agiu, agiu com atraso ou agiu insuficientemente,

O STJ, por sua vez, vinha decidindo de acordo com a 2ª corrente doutrinária, segundo a qual a
responsabilidade civil do Estado por omissão deve ser sempre subjetiva, fundamentada na teoria da culpa
anônima.

Não obstante, recentemente, a Corte Superior vem se aproximando do entendimento do STF:

Em primeiro lugar, afirmou que se aplica igualmente ao estado o que previsto no art. 927,
parágrafo único, do Código Civil, relativo à responsabilidade civil objetiva por atividade
naturalmente perigosa, irrelevante o fato de a conduta ser comissiva ou omissiva.

A regra geral do ordenamento brasileiro é de responsabilidade civil objetiva por ato comissivo
do Estado e de responsabilidade subjetiva por comportamento omissivo. Contudo, em
situações excepcionais de risco anormal da atividade habitualmente desenvolvida, a
responsabilização estatal na omissão também se faz independentemente de culpa. REsp
1.869.046-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em
09/06/2020, DJe 26/06/2020

Em seguida, a segunda turma da Corte Superior aderiu ao posicionamento do STF, afirmando a


responsabilidade objetiva do Estado por omissão específica. No caso, julgou pedido de indenização por
assassinato de paciente em hospital público, afirmando que havia o dever específico da entidade pública de
zelar pela segurança dos pacientes. Desta forma, definiu a responsabilidade objetiva da entidade pública por
omissão.

O hospital que deixa de fornecer o mínimo serviço de segurança, contribuindo de forma


determinante e específica para homicídio praticado em suas dependências, responde
objetivamente pela conduta omissiva3.

Nos fundamentos, afirmou: conforme assevera a doutrina, "não é dado ao intérprete restringir
onde o legislador não restringiu, sobretudo em se tratando de legislador constituinte", esta
Corte, em diversos julgados, tem procurado alinhar-se ao entendimento do Excelso Pretório de
que - inclusive por atos omissivos - o Poder Público responde de forma objetiva, quando
constatada a precariedade/vício no serviço decorrente da falha no dever legal e específico de
agir.

(...) Logo, é de se concluir que a conduta do hospital que deixa de fornecer o mínimo serviço de
segurança e, por conseguinte, despreza o dever de zelar pela incolumidade física dos seus

3
REsp 1.708.325-RS, Rel. Min. Og Fernandes, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 24/05/2022.

cj.estrategia.com | 16
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

pacientes contribuiu de forma determinante e específica para o homicídio praticado em suas


dependências, afastando-se a alegação da excludente de ilicitude, qual seja, fato de terceiro.

Vale destacar que essa foi uma decisão da segunda turma do STJ e não do plenário, mas foi a última decisão
da Corte sobre o tema. É importante acompanhar os futuros posicionamentos deste órgão jurisdicional para
efetivamente definir a sua adesão ao entendimento da Corte Suprema.

Diante do exposto, podemos resumir os posicionamentos das Cortes Superiores da seguinte forma:

JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR OMISSÃO


 Entendimento tradicional: A responsabilidade civil do Estado por omissão deve ser subjetiva, com
fundamento da culpa anônima.

STJ  Em se tratando de atividade naturalmente perigosa, aplica-se o art. 927, parágrafo único, do
Código Civil: ainda que se trate de omissão, a responsabilidade é objetiva.

 Segunda turma: adotou o entendimento do STF exposto abaixo.


 Omissão específica (omissão própria): responsabilidade objetiva.
STF
 Omissão genérica (omissão imprópria): responsabilidade subjetiva, com base na culpa
anônima.

Para provas objetivas, deve ser adotado o entendimento do STF. Para provas discursivas, deve-se expor toda
a discussão e os posicionamentos de cada Corte.

Destaca-se ainda a nomenclatura usada pelo autor Marçal Justen Filho4 para se referir à omissão específica
e genérica que caiu na última prova para Delegado da Polícia Federal. Segundo o autor: "Os casos de ilícito
omissivo próprio são equiparáveis aos atos comissivos, para efeito da responsabilidade civil."

Ou seja, a omissão própria (no âmbito da responsabilidade civil do Estado) equipara-se à omissão específica,
que, por sua vez, é equiparada ao ato comissivo (ação). Por este motivo, atrai a responsabilidade objetiva.

Por outro lado, a omissão imprópria, equipara-se à omissão genérica, atraindo a responsabilidade subjetiva
do Estado.

Segundo o renomado autor5: "O grande problema são as hipóteses de ilícito omissivo impróprio, em que o
sujeito não está obrigado a agir de modo determinado e específico." Nesse caso, a responsabilidade do
Estado é subjetiva, devendo-se comprovar a culpa da Administração (culpa anônima).

4
Justen Filho, MARÇAL. Curso de Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2018. P. 1307 a 1310

5
Idem.

cj.estrategia.com | 17
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Mas por que, então, omissão própria ou imprópria? Porque, quando o direito impõe ao Estado o dever de
agir de modo específico e determinado e este se omite, trata-se de uma omissão indevida em sentido
próprio. O simples ato de se omitir é, em si, ilícito.

Já omissão genérica é imprópria porque pode ou não haver uma omissão reprovável/ilícita do Estado.

Essa distinção foi adotada em julgado recente do STF, no voto do Min. Edson Fachin no RE 608.880/MS:

"É possível, na visão do professor paranaense, então, pensar em danos que decorrem
diretamente de uma infração a dever jurídico, que caracteriza hipótese de ilícito omissivo
próprio. E também é possível pensar em casos em que a norma visa a impedir a ocorrência de
determinado resultado danoso, o qual viria a se consumar em razão de ausência de ação de
cautelas necessárias a tanto, caracterizando, assim, ilícito omissivo impróprio."

Omissão específica Omissão própria

Omissão genérica Omissão imprópria

➢ Responsabilidade civil por morte do preso

STF: É objetiva a responsabilidade da adm. por morte de detento pois se trata de omissão
específica de observância do dever do art. 5º, XLIX, CF e do dever de custódia. Poderá ser
excluída se comprovar que a morte ocorreria de qualquer maneira, pois exclui o nexo causal
e a responsabilidade objetiva do Estado é fundamentada na teoria do risco administrativo (RE
841526/RS, rel. Min. Luiz Fux, 30.3.2016).

De acordo com o STF, há um dever específico estabelecido pela Constituição de o Estado zelar pela
integridade física e moral do preso:

Art. 5º (...) XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;

➢ Responsabilidade civil por suicídio do preso

STF: O Estado responde objetivamente pelo suicídio do detento, tendo em vista o seu dever
de zelar pela integridade física e moral dos presos (art. 5º, XLIX, CF) e em virtude do seu dever
de custódia. No entanto, o Estado poderá excluir a sua responsabilidade se comprovar (e o
ônus o prova lhe pertence) que não tinha como evitar a morte do detento. O Min. Luiz Fux
exemplificou esta hipótese:

cj.estrategia.com | 18
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

a) Se o detento que cometeu suicídio já vinha apresentando indícios de que poderia tirar
a própria vida, o Estado deve ser responsabilizado, tendo em vista que o evento era
previsível;
b) Se o preso nunca havia demonstrado a ideação suicida, o Estado não deve ser
responsabilizado, uma vez que o evento foi um ato repentino e imprevisível.

STF. 2ª Turma. ARE 700927 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/08/2012.

➢ Responsabilidade civil por maus tratos de detento

STF: É dever do Estado manter em seus presídios padrões mínimos de humanidade previstos
no ordenamento jurídico (art. 5º, XLIX, CF). Desta forma, deve indenizar os presos pelos danos
sofridos, inclusive morais, desde que comprovados, em razão da falta ou insuficiência das
condições legais de encarceramento. Como é dever do Estado promover condições mínimas
de humanidade, quando isto não é implementado há omissão específica, sendo a
responsabilidade objetiva (RE 580252, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Relator(a) p/
Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 16/02/2017).

➢ Responsabilidade civil por roubo, furto ou sequestro nas dependências de prestadoras de serviços
públicos

Neste ponto, o STF e o STJ já proferiram decisões aparentemente divergentes.

Em um primeiro momento, o STF decidiu que pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público
é objetivamente responsável por crime de furto praticado em suas dependências. O caso envolveu a DERSA
(Desenvolvimento Rodoviário S/A), empresa responsável por rodovia que determinou a parada de um
caminhão ao ser constatado excesso de peso na balança. Neste período em que o caminhão ficou parado, a
carga foi furtada, o que, segundo o STF, enseja a responsabilidade objetiva da prestadora de serviços (STF.
1ª Turma. RE 598356/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/5/2018. Info 901).

Por sua vez, o STJ entendeu que uma concessionária de rodovia não responde por crime de roubo e
sequestro ocorridos nas dependências de estabelecimento por ela mantido para a utilização de usuários. De
acordo com a Corte, a segurança que a concessionária deve fornecer aos usuários diz respeito ao bom estado
de conservação e sinalização da rodovia.

Veja que a divergência é apenas aparente. O STJ reconheceu que a responsabilidade no caso era objetiva,
com base no art. 37, §6º, CF. No entanto, a responsabilidade era excluída, vez que o dano decorreu de fato
exclusivo de terceiro.

➢ Responsabilidade civil do Município por danos causados pelo comércio de fogos de artifício

Recentemente o STF se manifestou quando à responsabilidade civil dos Municípios por danos causados pelo
comércio de fogos de artifícios:

cj.estrategia.com | 19
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Para que fique caracterizada a responsabilidade civil do Município por danos decorrentes do
comércio de fogos de artifício, é necessário que exista a violação de um dever jurídico
específico de agir, que ocorrerá quando for concedida a licença para funcionamento sem as
cautelas legais ou quando for de conhecimento do poder público eventuais irregularidades
praticadas pelo particular. STF. Plenário. RE 136861/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o
ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/3/2020 (repercussão geral – Tema 366) (Info
969).

➢ Responsabilidade civil do Estado por danos causados por agentes policiais a jornalista em
manifestação

É objetiva a Responsabilidade Civil do Estado em relação a profissional da imprensa ferido por


agentes policiais durante cobertura jornalística, em manifestações em que haja tumulto ou
conflitos entre policiais e manifestantes. Cabe a excludente da responsabilidade da culpa
exclusiva da vítima, nas hipóteses em que o profissional de imprensa descumprir ostensiva e
clara advertência sobre acesso a áreas delimitadas, em que haja grave risco à sua integridade
física. RE 1209429/SP, relator Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de
Moraes, julgamento em 10.6.2021 (Informativo 1021-STF)

3.7 - Jurisprudência dos Tribunais Superiores

Para deixar o estudo mais dinâmico e objetivo, passo a citar a jurisprudência relevante dos Tribunais
Superiores, ainda não citadas nesta aula, de forma esquematizada:

 A Administração Pública pode responder civilmente pelos danos causados por seus
agentes, ainda que estes estejam amparados por causa excludente de ilicitude penal (REsp
1266517/PR).
 É objetiva a responsabilidade civil do Estado pelas lesões sofridas por vítima baleada em
razão de tiroteio ocorrido entre policiais e assaltantes (REsp 1266517/PR).
 O Estado não responde civilmente por atos ilícitos praticados por foragidos do sistema
penitenciário, salvo quando os danos decorrem direta ou imediatamente do ato de fuga (RE
608880 e AgRg no AREsp 173291/PR).
 De acordo com os precedentes do STJ, as concessionárias de serviços rodoviários estão
subordinadas à legislação consumerista. A presença de animais na pista coloca em risco a
segurança dos usuários da rodovia, respondendo as concessionárias pelo defeito na
prestação do serviço que lhes é outorgado pelo Poder Público concedente. (REsp
687.799/RS).
 O Ente Público responde objetivamente pelos danos causados por acidente em Rodovia
sob sua administração, em razão da presença de animal transitando na pista, situação que
denota negligência na manutenção e fiscalização. É dever do Estado promover vigilância
ostensiva e adequada, proporcionando segurança possível àqueles que trafegam pela
rodovia. Assim, há conduta omissiva e culposa do Ente Público, caracterizada pela
negligência, apta a responsabilizar o Ente Público, nos termos do que preceitua a teoria da
Responsabilidade Civil do Estado, por omissão, salvo se demonstrada uma das causas
excludentes da responsabilidade. (AgInt no AgInt no REsp. 1.631.507/CE).

cj.estrategia.com | 20
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

 A despeito de situações fáticas variadas no tocante ao descumprimento do dever de


segurança e vigilância contínua das vias férreas, a responsabilização da concessionária é uma
constante, passível de ser elidida tão somente quando cabalmente comprovada a culpa
exclusiva da vítima. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 – Tema 517 – AgRg no
AREsp 676392/RJ).

CUIDADO! Apesar desta jurisprudência estar assim redigida na jurisprudência em teses do


STJ, edição nº 61, entendimento 12, é pacífico o entendimento de que é possível a exclusão
da responsabilidade do Estado por outros motivos, tais como a culpa de terceiro, caso
fortuito e força maior, não apenas quando houver culpa exclusiva da vítima.
 No caso de atropelamento de pedestre em via férrea, configura-se a concorrência de
causas, impondo a redução da indenização por dano moral pela metade, quando: (i) a
concessionária do transporte ferroviário descumpre o dever de cercar e fiscalizar os limites
da linha férrea, mormente em locais urbanos e populosos, adotando conduta negligente no
tocante às necessárias práticas de cuidado e vigilância tendentes a evitar a ocorrência de
sinistros; e (ii) a vítima adota conduta imprudente, atravessando a via férrea em local
inapropriado. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 – Tema 518 – AgRg no AREsp
724028/RJ)
 Não há nexo de causalidade entre o prejuízo sofrido por investidores em decorrência de
quebra de instituição financeira e a suposta ausência ou falha na fiscalização realizada pelo
Banco Central no mercado de capitais AgRg no REsp 1405998/SP).
 As ações indenizatórias decorrentes de violação a direitos fundamentais ocorridas
durante o regime militar são imprescritíveis, não se aplicando o prazo quinquenal previsto
no art. 1| do Decreto n. 20.910/1932 (AgRg no REsp 1479984/RS).

Destaque-se ainda a jurisprudência do STJ acerca da morte de indivíduo com responsabilidade do Estado e
o pagamento de indenização por danos materiais aos dependentes, sob a forma de pensão mensal.

De acordo com a corte, havendo responsabilidade do Estado pela morte do indivíduo, é devida a indenização
por danos materiais aos filhos menores e ao cônjuge, cuja dependência econômica é presumida, mormente
em família de baixa renda, dispensando a demonstração por qualquer outro meio de prova6.

O valor que vem sendo fixado é o de 2/3 do salário da vítima ou do salário-mínimo até a expectativa média
de vida da vítima, segundo tabela do IBGE na data do óbito, ou até o falecimento da viúva, com a reversão

6
A idade limite para o pagamento da pensão como indenização veria entre 24 e 25 anos. Precedentes: AgInt no REsp
1.880.254/MT, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, DJe 25/03/2021; AgInt no REsp 1.880.112/DF, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 11/12/2020; AgInt no REsp 1.603.756/MG, Rel. Min. Og Fernandes, Segunda Turma, DJe
12/12/2018; AgInt no REsp 1.554.466/RJ, Rel. Min. Assusete Magalhães, Segunda Turma, DJe 22/8/2016; AgInt no AREsp
1.517.574/RJ, Rel. Min. L uiz Felipe Salomão, Quarta Turma, DJe 04/02/2020; AgInt no AREsp 1.551.780/MS, Rel. Min. Luiz Felipe
Salomão, Quarta Turma, DJe 16/12/2019. AgRg no REsp n. 1.388.266/SC, relator Ministro Humberto Martins, Segunda Turma,
julgado em 10/5/2016, DJe de 16/5/2016.

cj.estrategia.com | 21
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

em favor exclusiva desta após o menor completar 24 anos de idade7. Esse valor é repartido entre a viúva e
os demais dependentes e o valor pago aos filhos é acrescido à cota da viúva quando estes completam a idade
limite.

A indenização por danos materiais em decorrência do evento morte é diversa e independente do benefício
previdenciário e da indenização por danos morais, podendo todos serem cumulados. “A indenização por ato
ilícito é autônoma em relação a qualquer benefício previdenciário que a vítima receba.”8

4 - RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS DE OBRA PÚBLICA


A regra para a responsabilidade civil do Estado por danos decorrentes de obra pública varia a depender da
origem do dano e do executor da obra.

4.1 - Responsabilidade decorrente de má execução da obra

No caso de responsabilização por má execução ou defeitos constatados na obra pública, é necessário realizar
uma distinção quanto ao responsável pela sua execução.

a) Obra executada diretamente pelo Estado: neste caso, a responsabilidade civil será indiscutivelmente
objetiva, fundamentada no art. 37, §6º, CF e com base na teoria do risco administrativo;
b) Obra executada por particular contratado pelo Estado: quando a obra é executada por um
empreiteiro, mediante contrato administrativo, a responsabilidade civil pelos danos causados por
culpa exclusiva do particular será subjetiva, seguindo a regra da responsabilidade civil para a iniciativa
privada.

Por outro lado, neste último caso, quando o dano é decorrente da má execução da obra
executada por particular contratado pela Administração Pública, o Estado também será
responsável, porém, de forma subsidiária e subjetiva, apenas se for comprovada a sua culpa na
fiscalização da execução do contrato.

4.2 - Responsabilidade civil pelo “simples fato da obra”

Nesta hipótese, não há má execução ou culpa de nenhuma das partes. O dano causado pelo particular
decorre do simples fato de a obra estar sendo executada. Tome-se por exemplo o fechamento de uma rua
com grande fluxo de veículos para manutenção do sistema de saneamento básico. Neste caso, mesmo não

7
REsp n. 1.709.727/SE, relator Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 5/4/2022, DJe de 11/4/2022.

8
AgRg no REsp n. 1.388.266/SC, relator Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 10/5/2016, DJe de 16/5/2016

cj.estrategia.com | 22
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

havendo má execução da obra, os postos de gasolina ali localizados sofrerão prejuízos, tendo em vista que,
pelo período da obra, não haverá fluxo de carros por aquele local, inviabilizando a sua atividade econômica.

É irrelevante pesquisar quem está executando a obra. Demonstrado o prejuízo pelo particular prejudicado,
tem-se a responsabilidade objetiva do Estado.

O fundamento da responsabilidade objetiva no caso dos danos pelo “simples fato da obra” é que toda a
coletividade será beneficiada por aquela atividade, sendo injusto que apenas um particular ou um grupo de
particulares sofram prejuízos pela atividade que beneficiará a todos. Assim, é justo que haja a “repartição
dos riscos sociais”.

RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANO DE OBRA PÚBLICA


Espécie de dano Solução
a) Executada diretamente pelo Poder Público: Responsabilidade
civil objetiva;
Má execução da obra b) Executada por particular contratado: Responsabilidade subjetiva
do particular e responsabilidade subjetiva e subsidiária do
Estado.
Responsabilidade objetiva do Estado com base na repartição dos riscos
“Simples fato da obra”
sociais.

5 - RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATOS LEGISLATIVOS


Os atos legislativos são as leis em sentido amplo editadas pelo Poder Legislativo. Trata-se dos atos editados
pela Casa Legislativa no exercício de sua atividade típica legiferante.

Neste caso, a doutrina e a jurisprudência possuem entendimento pacífico de que, em regra, não
há responsabilidade civil do Estado por atos legislativos. O principal fundamento para esta
conclusão é que as leis são atos de caráter geral, abstrato e erga omnes, não ensejando a
produção de efeitos individualizados. São atos dirigidos à sociedade ou a uma comunidade
específica, e não direcionados a particulares individualizados.

Entretanto, a doutrina aponta três casos em que os atos legislativos podem acarretar a responsabilização
estatal: a) leis inconstitucionais; b) leis de efeitos concretos; e c) omissão legislativa.

5.1 - Leis inconstitucionais

No caso das leis inconstitucionais, o fundamento para a responsabilização estatal é o ato ilícito editado pelo
Poder Legislativo, que extrapola os limites formais e/ou materiais estabelecidos na Constituição Federal.
Neste caso, havendo prejuízos individuais decorrentes da lei declarada inconstitucional, o particular poderá
buscar indenização em face do poder público.

cj.estrategia.com | 23
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

No entanto, em razão da presunção de constitucionalidade das leis, será necessária a declaração da sua
inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal em ação direta de inconstitucionalidade ou outra
espécie de ação de controle concentrado da constitucionalidade das leis.

Por outro lado, a declaração de inconstitucionalidade não enseja, por si só, o dever de indenizar por parte
do Estado. O particular deve comprovar, em ação individual, o dano sofrido em decorrência da lei.

5.2 - Lei de efeitos concretos

A inexistência de responsabilidade do estado por atos legislativos decorre da natureza geral e abstrata desses
atos. Ocorre que, na lei de efeitos concretos, o ato legislativo não é dotado de generalidade e abstração.
Em vez disso, trata-se de ato individual e concreto, que atinge uma situação individualizada.

Trata-se de lei apenas em sentido formal, sendo, entretanto, um ato administrativo em sentido material,
pois atinge uma situação jurídica individual. Por este motivo, deve-se aplicar a regra geral da
responsabilidade civil do estado por atos administrativos, qual seja, a responsabilidade objetiva com base no
art. 37, §6º, CF.

5.3 - Omissão legislativa

O estado poderá ser responsabilizado civilmente quando comprovada a mora legislativa desproporcional.
Neste caso, há duas situações que podem surgir.

a) Prazo para edição do ato normativo estabelecido na Constituição: quando a Constituição Federal
estabelece prazo para a edição do ato legislativo, ultrapassado esse prazo e verificado prejuízo ao
particular, o Estado poderá ser responsabilizado pela sua conduta inconstitucional que acarretou
dano na esfera individual do administrado.
b) Reconhecimento da mora legislativa pelo Poder Judiciário: quando a Lei Maior não estabelece prazo
para a atuação legislativa, a responsabilidade do estado somente terá lugar se reconhecida a sua
mora legislativa por decisão proferida em sede de mandado de injunção ou ação direta de
inconstitucionalidade por omissão. Após esta decisão, abre-se caminho para o particular comprovar
o prejuízo individual decorrente da mora legislativa estatal.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR ATOS LEGISLATIVOS


Hipótese Requisitos
 Declaração de inconstitucionalidade pelo STF em ação direta;
Lei inconstitucional
 Prejuízos individuais devidamente comprovados em ação judicial.
Lei de efeitos
 Responsabilidade civil objetiva com base na teoria do risco administrativo.
concretos
 Prazo constitucional para edição de ato normativo descumprido ou mora
Omissão legislativa legislativa reconhecida pelo Judiciário;
 Prejuízo individual comprovado em ação judicial.

cj.estrategia.com | 24
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

6 - RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATOS JURISDICIONAIS


O Poder Judiciário exerce a função típica jurisdicional ao dizer o direito no caso concreto com caráter de
definitividade, porém, também exerce a função atípica administrativa, relacionada às atividades
administrativas dos órgãos judiciais (licitações, contratações, admissão de pessoal etc.).

No caso do exercício da sua atividade atípica administrativa, a responsabilidade do Estado, por óbvio, será
objetiva, com base no art. 37, §6º, CF.

No entanto, o grande debate ocorre quando se trata da atividade típica jurisdicional do Poder Judiciário.

Em regra, prevalece o entendimento doutrinário e jurisprudencial pela ausência de responsabilidade civil


do Estado por atos tipicamente jurisdicionais, conforme os seguintes fundamentos:

a) Recurso e coisa julgada: às partes é dado o direito de recorrer contra decisões que julguem contrárias
ao ordenamento jurídico, sendo o recurso o instrumento que a parte que se sente prejudicada possui
para evitar prejuízos. Há também que se considerar que, após a formação da coisa julgada, a decisão
se torna imutável, não cabendo ao particular buscar indenização alegando erro do judiciário;
b) Soberania estatal: alguns autores ainda pontuam que o Poder Jurisdicional é uma expressão da
soberania do Estado, não sujeito à responsabilização em geral;
c) Independência do magistrado: a atuação do juiz é fundamentada no livre convencimento motivado
e a ameaça de responsabilização por decisões judiciais poderia abalar a independência do
magistrado.

Entretanto, é apontada uma situação excepcional, em que será possível a responsabilidade civil do estado
por ato jurisdicional: trata-se da situação prevista no art. 5º, LXXV, da CF, que dispõe o seguinte:

Art. 5º (...) LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar
preso além do tempo fixado na sentença;

Desta forma, o dispositivo aponta duas hipóteses em que o estado pode ser condenado a indenizar o
particular por ato jurisdicional, havendo mais uma apontada pela doutrina:

a) Erro judiciário;
b) Prisão além do tempo fixado em sentença;
c) Demora na prestação jurisdicional.

6.1 - Erro judiciário

O erro judiciário deve ser considerado aquele erro teratológico, substancial e inescusável. Todavia, há
discussão quanto ao alcance da responsabilização por erro judiciário.

A doutrina majoritária entende que apenas o erro judiciário relacionado à jurisdição penal é que pode ensejar
a responsabilidade civil do Estado, uma vez que o art. 5º, LXXV, CF trata da jurisdição criminal.

cj.estrategia.com | 25
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Por outro lado, parcela minoritária da doutrina sustenta que o art. 5º, LXXV não fez distinção entre a
jurisdição civil e penal, devendo a responsabilidade estatal, neste caso, abranger qualquer espécie de decisão
equivocada.

O primeiro entendimento é o adotado na atualidade pelo ordenamento jurídico brasileiro.

Por outro lado, qualquer que seja o entendimento adotado, a doutrina ainda impõe que, para que haja
responsabilização do Estado por erro judiciário, é necessário que a coisa julgada seja desconstituída por meio
de ação rescisória ou revisão criminal, tendo em vista que não seria possível admitir a existência de duas
decisões conflitantes no ordenamento jurídico, violando a segurança jurídica.

6.2 - Prisão além do tempo fixado na sentença

O descumprimento do prazo prisional pode decorrer tanto da atividade jurisdicional quanto da atividade
administrativa, relacionada à administração penitenciária. Apenas no primeiro caso é que teríamos uma
hipótese de responsabilização por ato jurisdicional, vez que o segundo caso decorre da atuação
administrativa.

Vale destacar ainda que não cabe responsabilização do Estado por prisão preventiva devidamente
fundamentada, ainda que o preso venha a ser absolvido por sentença posteriormente:

O decreto judicial de prisão preventiva, quando suficientemente fundamentado e obediente


aos pressupostos que o autorizam, não se confunde com o erro judiciário a que alude o inc.
LXXV do art. 5º da Constituição da República, mesmo que o réu ao final do processo venha a
ser absolvido ou tenha sua sentença condenatória reformada na instância superior (RE 429518
AgR).

6.3 - Demora na prestação jurisdicional

Há ainda parcela da doutrina que sustenta a possibilidade de responsabilização civil do Estado por demora
injustificada da prestação jurisdicional. Seria uma hipótese, em síntese, de erro judiciário por omissão, tendo
em vista o dever de conferir duração razoável ao processo (art. 5º, LXXVIII, CF):

LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do


processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação

No entanto, não poderia haver responsabilidade civil pelo simples descumprimento do prazo processual pelo
juiz, pois, como se sabe, trata-se de prazos impróprios. A demora deve ser desproporcional e injustificada,
causando danos comprovados ao jurisdicionado.

Citamos essa corrente, vez que se encontra na doutrina. No entanto, a hipótese é de difícil verificação na
prática e difícil adoção pelos Tribunais.

cj.estrategia.com | 26
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

7 - RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATOS DE NOTÁRIOS E


REGISTRADORES

7.1 - Natureza do serviço de notas e de registros

Os serviços notariais e registrais são exercidos em caráter privado por delegação do Poder Público (art. 236,
CF):

Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do
Poder Público.

Os serviços de notas e de registros consistem em serviços de organização técnica e administrativa destinados


a garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos.

As principais legislações que regulamentam tais serviços são:

i. Lei 6.015/73 - Lei de Registros Públicos

ii. Lei 7.433/85 - requisitos para a lavratura de Escrituras Públicas

iii. Decreto 93.240/86 - Regulamenta a Lei 7.433/85

iv. Lei 8.935/94 - Lei dos Serviços Notariais e de Registro

v. Lei 9.492/97 = Lei de Protesto de Títulos

vi. Lei 10.406/2002 - Novo Código Civil

Os serviços extrajudiciais constituem serviços públicos, fiscalizados pelo Poder Judiciário de cada
Estado-membro e são exercidos em caráter privado por meio de delegação do poder público,
por pessoa física aprovada em concurso público de provas e títulos. Tal delegatário recebe a
denominação de tabelião (ou notário), se prestador de serviços de notas e de protesto de títulos,
ou de oficial de registro (ou registrador), se prestador de serviços de registro.

7.2 - Forma de ingresso no cargo de titular de serviços de notas e de registros e de remoção

Notário ou Tabelião e Oficial de Registro ou Registrador são profissionais do direito dotados de fé pública a
quem é delegado o exercício da atividade notarial e de registro.

A forma de ingresso nestes cargos é por meio de aprovação em concurso público, sendo nula a investidura
como titular de serviço de notas ou de registros sem prévia aprovação em concurso:

CF, Art. 236 (...)

cj.estrategia.com | 27
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

§ 3º O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e


títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de
provimento ou de remoção, por mais de seis meses.

Da mesma maneira, a remoção de uma serventia extrajudicial para outra se dá mediante concurso público
de provas e títulos.

Existem reiteradas decisões do STF no sentido de que a investidura ou remoção em serventias extrajudiciais
sem concurso público de provas e títulos é nula.

7.3 - Responsabilidade civil do Estado por atos de notários e registradores

Sempre existiu controvérsia acerca da responsabilidade civil dos notários e dos registradores, bem como do
Estado, pelos danos causados a terceiros nesta atividade.

No primeiro caso (responsabilidade dos titulares de serventias extrajudiciais), a controvérsia se dava em


virtude da dificuldade de enquadramento da atividade no art. 37, §6º da Constituição, ou seja, na
caracterização dos titulares como agentes públicos ou como delegatários de serviço públicos.

Isto porque, se enquadrados como agentes públicos, o Estado responderia direta e objetivamente, conforme
art. 37, §6º, CF, e os notários e registradores responderiam apenas de forma subjetiva e em eventual ação
de regresso. Por outro lado, caracterizada a atividade como delegação de serviço público, os notários e
registradores responderiam direta e objetivamente (art. 37, §6º, CF) e o Estado responderia apenas
subsidiariamente.

Existem alguns entendimentos doutrinários que podem ser assim resumidos:

a) 1ª corrente: existe responsabilidade direta e objetiva do Estado, tendo em vista que os titulares de
serviços de notas e de registros são agentes públicos, aprovados mediante concurso público, para
exercerem função pública, conforme art. 37, §6º da CF. Neste caso, caberia ao Estado a ação
regressiva contra o titular do cartório se existente dolo ou culpa.

Além disso, também haveria responsabilidade direta subjetiva do titular do cartório. Assim, seria possível
ao terceiro que sofreu o dano ingressar com ação indenizatória em face do Estado ou em face do titular da
serventia extrajudicial, devendo, neste último caso, comprovar a culpa em sentido amplo.

Esse entendimento é baseado no art. 37, §6º, CF, no art. 22 da lei 8.935/94 e no art. 38 da lei 9.492/97:

Lei 8.935/94

Art. 22. Os notários e oficiais de registro são civilmente responsáveis por todos os prejuízos que
causarem a terceiros, por culpa ou dolo, pessoalmente, pelos substitutos que designarem ou
escreventes que autorizarem, assegurado o direito de regresso.

Lei 9.492/97:

cj.estrategia.com | 28
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Art. 38. Os Tabeliães de Protesto de Títulos são civilmente responsáveis por todos os prejuízos
que causarem, por culpa ou dolo, pessoalmente, pelos substitutos que designarem ou
Escreventes que autorizarem, assegurado o direito de regresso.

b) 2ª corrente: a responsabilidade é direta, pessoal e objetiva dos titulares de serviços de notas e de


registros, tendo em vista se enquadram no conceito de pessoa privada prestadora de serviço público
delegado, conforme art. 37, § 6º, CF.

Para esta parcela doutrinária, tratando-se de delegação de serviço público, o delegatário responde de forma
objetiva, cabendo ao Estado apenas a responsabilidade subsidiária.

CF, Art. 37 (...)

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços


públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

c) 3ª corrente: a responsabilidade seria solidária e objetiva entre Estado e os titulares de cartórios.


Este entendimento se baseava no art. 37, § 6º da CF relativamente ao Estado, considerando os
titulares de cartórios como agentes públicos, e na antiga redação do art. 22 da lei 8.935/94, que
previa a responsabilidade desses agentes, sem falar em dolo ou culpa. Vejamos como era e como
ficou o art. 22 da referida lei:

Art. 22. Os notários e oficiais de registro, temporários ou permanentes, responderão pelos danos
que eles e seus prepostos causem a terceiros, inclusive pelos relacionados a direitos e encargos
trabalhistas, na prática de atos próprios da serventia, assegurado aos primeiros direito de
regresso no caso de dolo ou culpa dos prepostos. (Redação dada pela Lei n| 13.137, de 2015)

Art. 22. Os notários e oficiais de registro são civilmente responsáveis por todos os prejuízos que
causarem a terceiros, por culpa ou dolo, pessoalmente, pelos substitutos que designarem ou
escreventes que autorizarem, assegurado o direito de regresso. (Redação dada pela Lei n|
13.286, de 2016).

Logo, verifica-se que esta terceira corrente está ultrapassada, tendo em vista que o dispositivo em que se
fundamentava foi alterado para prever a responsabilidade subjetiva dos notários e registradores.
Atualmente, só se pode sustentar uma responsabilidade objetiva dos titulares de cartórios se for possível
enquadrar a atividade como serviço público delegado, fazendo incidir o art. 37, §6º, CF.

Portanto, só é possível defender a primeira ou a segunda corrente.

As decisões das cortes superiores sempre foram conflitantes, ora adotando a primeira corrente, ora
adotando a segunda corrente.

Entretanto, o STF definiu o tema em sede de Repercussão Geral, ao julgar o RE 842846, cuja decisão, por
sua natureza didática, transcrevemos em parte a seguir:

cj.estrategia.com | 29
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

1. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do


Poder Público. Tabeliães e registradores oficiais são particulares em colaboração com o
poder público que exercem suas atividades in nomine do Estado, com lastro em delegação
prescrita expressamente no tecido constitucional (art. 236, CRFB/88).

(...)

3. O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público e os atos de seus


agentes estão sujeitos à fiscalização do Poder Judiciário, consoante expressa determinação
constitucional (art. 236, CRFB/88). Por exercerem um feixe de competências estatais, os
titulares de serventias extrajudiciais qualificam-se como agentes públicos.

4. O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que,
no exercício de suas funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra
o responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa.

5. Os serviços notariais e de registro, mercê de exercidos em caráter privado, por delegação


do Poder Público (art. 236, CF/88), não se submetem à disciplina que rege as pessoas
jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos. É que esta alternativa
interpretativa, além de inobservar a sistemática da aplicabilidade das normas
constitucionais, contraria a literalidade do texto da Carta da República, conforme a dicção
do art. 37, § 6º, que se refere a “pessoas jurídicas” prestadoras de serviços públicos, ao passo
que notários e tabeliães respondem civilmente enquanto pessoas naturais delegatárias de
serviço público, consoante disposto no art. 22 da Lei n| 8.935/94.

7. A responsabilização objetiva depende de expressa previsão normativa e não admite


interpretação extensiva ou ampliativa, posto regra excepcional, impassível de presunção.

11. Repercussão geral constitucional que assenta a tese objetiva de que: o Estado responde,
objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de suas
funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos
casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa.

RE 842846, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 27/02/2019, PROCESSO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-175 DIVULG 12-08-2019 PUBLIC 13-08-2019.

7.4 - Conclusão

Portanto, o entendimento atual é de que o Estado responde direta e objetivamente pelos atos
dos serviços de notas e de registros, assegurado o dever de regresso em face do titular da
serventia extrajudicial no caso de dolo ou culpa.

cj.estrategia.com | 30
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

8 - RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATOS DE MULTIDÕES (ATOS


MULTITUDINÁRIOS)
Regra geral, os atos causados por multidões, tais como em protestos, manifestações e outros, não geram
responsabilidade civil do Estado, vez que não existe nexo causal entre o dano e conduta estatal. A conduta
decorre de fato de terceiro e não do Estado. Por este motivo, a responsabilização deve ser individualizada,
atribuindo-se o dever de indenizar ao causador do dano ou à eventual organização do evento.

No entanto, excepcionalmente, o Estado será responsabilizado quando comprovado que possuía ciência
prévia da manifestação coletiva e meios para evitar a ocorrência dos danos, caracterizando a previsibilidade
e evitabilidade do evento danoso. Assim, poderá haver a responsabilização do Estado por omissão, com base
na culpa anônima (falta do serviço).

9 - REPARAÇÃO DO DANO
A reparação do dano sofrido pelo particular pode ser buscada pela via administrativa, por meio de um
requerimento administrativo formulado diretamente ao órgão competente, ou por meio de uma ação
judicial.

Conforme já estudado neste curso, a ação judicial deve ser proposta diretamente contra o Ente Público.
Não cabe ao particular lesado escolher se propõe a ação de reparação contra o Estado ou o servidor, também
não cabendo a propositura da ação em litisconsórcio passivo entre o Ente Público e o agente público.

O servidor público somente responderá regressivamente, isto é, o particular que sofreu o dano decorrente
da atuação do servidor deverá ingressar com ação diretamente contra o Estado, não cabendo propor ação
em face do servidor público, seja individualmente ou em litisconsórcio com o Ente Público. Apenas se houver
condenação da Administração é que esta poderá, constatado dolo ou culpa na atuação do agente, propor
ação regressiva de ressarcimento em face deste.

Trata-se do princípio da dupla garantia, que protege o particular lesado, devendo propor a ação em face da
pessoa que possui maior capacidade econômica para cobrir o prejuízo, e protege o servidor público, para
que possa atuar livremente sem a ameaça de ser processado a qualquer momento.

O STF confirmou esse entendimento em sede de repercussão geral, por meio do


tema 940: “A teor do disposto no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, a ação por
danos causados por agente público deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa
jurídica de direito privado prestadora de serviço público, sendo parte ilegítima
para a ação o autor do ato, assegurado o direito de regresso contra o responsável
nos casos de dolo ou culpa.”

(RE 1027633, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em


14/08/2019, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-268
DIVULG 05-12-2019 PUBLIC 06-12-2019)

cj.estrategia.com | 31
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

9.1 - Denunciação da lide

Outra discussão relevante diz respeito à possibilidade de o Ente Público, uma vez demandado em juízo para
reparar o dano causado ao particular, de denunciar à lide o agente público quando verificada culpa ou dolo.

O entendimento majoritário é de que a denunciação à lide do agente público é vedada, uma vez que
promoveria uma ampliação subjetiva e objetiva do processo. Subjetiva, pois seria acrescentada uma nova
parte e objetiva, pois seria acrescentada uma nova discussão de mérito, qual seja, a culpa do agente.

Na ação proposta apenas em face da Administração Pública, não se discute culpa ou dolo. Todavia, uma vez
denunciado o agente à lide, essa discussão passaria a fazer parte do processo, prejudicando o particular, vez
que haveria necessidade de uma instrução probatória maior, aumentando a duração do processo e,
consequentemente, o tempo para que o particular seja indenizado.

No entanto, a par de não existirem decisões recentes sobre o tem nos Tribunais Superiores, o STJ já decidiu
pela possibilidade de denunciação à lide do agente público, deixando claro que se trata de uma faculdade da
Administração Pública, e não de uma obrigação, podendo optar por ingressar com uma ação de regresso
autônoma.

Outra possibilidade se afigura no caso de o autor da ação alegar culpa ou dolo do agente como fundamento
dos seus pedidos, como no caso de responsabilidade por omissão genérica do Estado. Nesta hipótese, não
estaria presente o fundamento de ampliação objetiva do processo, tendo em vista que a culpa já está sendo
discutida, abrindo-se a possibilidade de denunciação à lide.

9.2 - Ação de regresso

A reparação do dano pelo agente público que atuou com culpa ou dolo pode ser viabilizada pela via
administrativa ou judicial. A Administração Pública, em um primeiro momento, instaura processo
administrativo em contraditório para averiguar a culpa do agente. Constatada a responsabilidade subjetiva,
o pagamento poderá ser realizado de forma espontânea ou pela via judicial, à escolha da Administração.

Vale ressaltar que não é possível impor o desconto em folha de pagamento dos agentes públicos do valor
referente ao ressarcimento ao erário, salvo prévia autorização do agente.

Já a ação judicial de regresso a ser proposta em face do agente público causador do dano possui os seguintes
requisitos:

a) Condenação transitada em julgado do Ente Público;


b) Efetivo pagamento de indenização à vítima;
c) Culpa ou dolo do agente público.

Repare que o interesse jurídico na propositura da ação não nasce com o trânsito em julgado da decisão
condenatória, mas com o efetivo pagamento de indenização à vítima.

cj.estrategia.com | 32
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

10 - PRESCRIÇÃO DA AÇÃO DE REPARAÇÃO CIVIL


A prescrição é a extinção da pretensão de ressarcimento pelo decurso do tempo fixado na lei. A prescrição
da ação de reparação proposta pela vítima em face do Ente Público é de 5 (cinco) anos, a teor do art. 1º, do
Decreto 20.910/32, art. 2º do Decreto-Lei 4.597/42 e art. 1º-C da Lei 9.494/97).

Decreto 20.910/1932:

Art. 1| As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer
direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza,
prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem.

No entanto, havia divergência com relação a este prazo. Parcela da doutrina vinha questionando se este
prazo não foi reduzido para 3 (três) anos em virtude da vigência do Código Civil de 2002 (art. 206, §3º, V). O
panorama da discussão era o seguinte:

a) Primeira posição: o prazo é de cinco anos, tendo em vista que o Decreto 20.910/32, recepcionado
com força de lei, e a lei 9.494/97 são leis especiais em relação ao Código Civil, sabendo-se que a lei
especial prevalece em face da lei geral;
b) Segunda posição: o prazo a ser aplicado deveria ser de 3 (três) anos, tendo em vista que o Código
Civil é lei posterior. Além disso, deveria ser realizada uma interpretação sistemática e histórica, pois
a finalidade do Decreto 20.910/32 era proteger a Administração, uma vez que o prazo prescricional
geral das ações de ressarcimento na época era de 20 anos, sendo que o decreto previu o prazo de
cinco anos para favorecer a Administração Pública.

Atualmente, essa finalidade perdeu a razão de existir, tendo em vista que o prazo prescricional geral da ação
de ressarcimento é de três anos (art. 206, §3º, V, CC), devendo ser aplicado o prazo mais favorável ao Ente
Público. Inclusive, este é o sentido do art. 10 do Decreto 20.910/32, estabelecendo que o disposto nos artigos
daquele ato normativo não altera as prescrições de menor prazo, constantes das leis e regulamentos, as
quais ficam subordinadas às mesmas regras.

Jurisprudência do STJ
Após divergência entre a 1ª e a 2ª Turma, a 1ª seção do STJ definiu a tese aplicável ao caso:

 A prescrição das pretensões de reparação civil em face da Fazenda Pública é de cinco


anos, tendo em vista o caráter de especialidade do Decreto 20.910/32 sobre o Código Civil
(EREsp1.081.885/RR).

 Além disso, também é de 5 anos o prazo prescricional das pretensões de ressarcimento


em face das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos (art. 1º-C,
lei 9.494/97).

 O termo inicial da prescrição para o ajuizamento de ações de responsabilidade civil em


face do Estado por ilícitos praticados por seus agentes é a data do trânsito em julgado da
sentença penal condenatória (AgRg no REsp 1536911/PE).

cj.estrategia.com | 33
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

10.1 - (Im)prescritibilidade da ação de ressarcimento

Conforme estudamos no nosso curso, em 2016, o STF proferiu decisão estabelecendo que a ação de
ressarcimento de danos decorrentes de ilícito civil era prescritível: “É prescritível a ação de reparação de
danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil. Dito de outro modo, se o Poder Público sofreu um dano
ao erário decorrente de um ilícito civil e deseja ser ressarcido, ele deverá ajuizar a ação no prazo prescricional
previsto em lei (RE 669069/MG)”.

Posteriormente, a Corte Suprema manifestou um entendimento ainda mais restritivo. Estabeleceu que
somente o ressarcimento ao erário decorrente de ato de improbidade administrativa praticado com dolo é
imprescritível. No caso de ato de improbidade que causa prejuízo ao erário praticado com culpa, a ação de
ressarcimento é prescritível (RE 852475/SP).

Assim, o entendimento válido hoje é o seguinte:

São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso


tipificado na Lei de Improbidade Administrativa (RE 852475/SP).

Já as demais ações de ressarcimento, inclusive por ato de improbidade praticado de forma


culposa, são prescritíveis.

Quanto ao prazo de prescrição da ação de regresso/ressarcimento da Fazenda Pública em face do agente


público, há divergência entre os juristas. Parcela da doutrina entende ser de 3 (três) anos, na forma do art.
206, §3º, V, CC.

Por outro lado, o STJ já se posicionou no sentido de que esse prazo é de 5 (cinco) anos, em razão do princípio
da isonomia, uma vez que o prazo prescricional para que o particular busque indenização em face da
Administração é quinquenal, na forma do art. 1º, Decreto 20.910/32.

O aluno deve tomar cuidado nas provas objetivas. Recomenda-se analisar bem o enunciado e, em regra,
adotar o entendimento do STJ (5 anos). Nas provas discursivas, explicar os dois entendimentos.

Logo, as ações de regresso em geral contra o particular são prescritíveis, sendo o prazo prescricional de cinco
anos. Somente será imprescritível se decorrente de um ato de improbidade administrativa cometido na
modalidade dolosa.

RESUMO
 EVOLUÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

 Fase da irresponsabilidade Estatal: decorre do entendimento vigente à época de que o rei nunca cometia
erros (“the king can do not wrong”). Nesta fase, o Estado se confundia com o próprio monarca (“o estado
sou eu”, Luis XIV), sendo impossível a sua responsabilização, tendo em vista a impossibilidade de aquele
governante cometer erros.

cj.estrategia.com | 34
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

 Responsabilidade com previsão legal: o Estado somente poderia ser responsabilizado em casos pontuais,
quando houvesse previsão legal específica no sentido da responsabilidade.

 Teoria da responsabilidade subjetiva: Com base nesta teoria, o Estado passou a ser responsabilizado na
mesma medida que o particular. Era necessário demonstrar a intenção do agente público em causar o dano,
ou seja, a sua culpa em sentido amplo (que abrange a culpa em sentido estrito e o dolo).

Dentro da fase da responsabilidade subjetiva, houve espaço ainda para a teoria da culpa individual, que
fazia distinção entre atos de império e atos de gestão. Para esta teoria, não poderia haver responsabilização
estatal por atos de império. Já para os atos de gestão, haveria responsabilização do Estado com base no
Direito Civil.

 Teoria da culpa do serviço (faute du service): também conhecida como culpa anônima, estabelecia que
não era mais necessário comprovar a culpa do agente público, bastava a demonstração de uma das
seguintes situações:

a) serviço foi mal prestado (não funcionou);


b) serviço foi prestado de forma ineficiente (funcionou mal);
c) serviço prestado com atraso (funcionou com atraso).

 Teoria da responsabilidade objetiva: desnecessária a aferição de qualquer aspecto relacionado ao


elemento subjetivo do agente público. No entanto, o Estado poderá se livrar da responsabilidade pelo
ressarcimento dos prejuízos se comprovar a existência de uma causa excludente da responsabilidade

 Teoria do risco integral: de acordo com esta teoria, o Estado deve ser uma espécie de “garantidor
universal”, devendo ressarcir todos os prejuízos sofridos pelos particulares, desde que presente o nexo
causal. Na teoria do risco integral não se admite que o Estado seja eximido da sua responsabilidade, ainda
que comprovada uma cláusula excludente.

 RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO NO ORDENAMENTO JURÍDICO

 Responsabilidade objetiva

Art. 37, §6º, CF:

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços


públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

O dispositivo citado estabeleceu a responsabilidade civil objetiva do Estado. Por outro lado, a Lei Maior
definiu a responsabilidade civil subjetiva e regressiva dos agentes públicos, que só responderão
regressivamente, caso o Estado seja condenado, se demonstrada a culpa ou dolo em sua atuação.

De acordo com o art. 37, §6º, CF, estão sujeitas à responsabilidade objetiva as seguintes pessoas:

a) Pessoas jurídicas de direito público (Entes Federados, autarquias e fundações públicas de direito
público);

cj.estrategia.com | 35
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

b) Pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos (empresas públicas e sociedades
de economia mista quanto prestadoras de serviços públicos e concessionárias ou permissionárias de
serviços públicos).

De acordo com a doutrina, o Estado possui responsabilidade subsidiária e objetiva pelos danos causados
pela Administração indireta ou pelas concessionárias e permissionárias de serviços públicos. No mesmo
sentido é a jurisprudência do STJ:

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça consolidou entendimento no sentido de que,


embora a autarquia seja responsável pela conservação e manutenção das rodovias, deve ser
reconhecida a responsabilidade subsidiária do Estado, pelos danos causados a terceiros, em
decorrência de sua má conservação, motivo pelo qual não há que se falar em extinção do
processo, sem resolução do mérito, por ilegitimidade passiva. (STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp
203.785/RS).

Os fundamentos da responsabilidade objetiva são: a) Teoria do risco administrativo; b) Repartição dos


encargos sociais.

 Elementos da responsabilidade objetiva

a) Conduta (fato administrativo): para que o Estado seja responsabilizado, é necessária a existência de
uma conduta, comissiva ou omissiva, de seus agentes públicos atuando nesta qualidade ou quando
a conduta tenha relação direta com o exercício da função pública.
b) Dano: lesão a determinado bem jurídico da vítima, seja ele patrimonial ou extrapatrimonial.
c) Nexo causal: é o vínculo entre a conduta e o dano.

 Causas excludentes da responsabilidade objetiva

a) Culpa exclusiva da vítima: hipótese em que o dano é causado por fato da própria vítima (autolesão).
b) Culpa exclusiva de terceiro (fato de terceiro): dano causado pelo fato de um terceiro que não possui
vínculo jurídico com o Estado.
c) Caso fortuito e força maior: eventos naturais ou humanos imprevisíveis ou previsíveis, porém
inevitáveis, que causam danos às pessoas sem qualquer vínculo com a atuação do Estado.

 Causa de redução da responsabilidade: a culpa concorrente não é uma hipótese de responsabilidade do


Estado, mas apenas de redução desta. A vítima também contribuiu, com sua conduta, para que o dano
ocorresse. Neste caso, o Estado deve responder na medida da sua contribuição para o dano (art. 945, CC).

 Responsabilidade contratual e extracontratual

O art. 37, §6º, da CF, ao estabelecer a responsabilidade objetiva, trata apenas da responsabilidade
extracontratual

cj.estrategia.com | 36
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

De acordo com Rafael Oliveira9, não se aplica a responsabilidade objetiva aos danos causados a pessoas que
possuem um vínculo negocial com o Estado (contratos) ou um vínculo institucional (ex.: servidores públicos).

 Responsabilidade por atos lícitos: a doutrina somente admite a responsabilidade civil do Estado por ato
lícito em duas situações:

a) Expressa previsão legal;


b) Sacrifício desproporcional ao particular: dano anormal e específico ou dano desproporcional
causado a vítima (ex.: ato administrativo que determina o fechamento do único acesso a uma rua de
lojas, inviabilizando a atividade econômica no local).

 Responsabilidade civil do Estado por omissão

JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR OMISSÃO


 Entendimento tradicional: A responsabilidade civil do Estado por omissão deve ser subjetiva, com
fundamento da culpa anônima.

STJ  Em se tratando de atividade naturalmente perigosa, aplica-se o art. 927, parágrafo único, do
Código Civil: ainda que se trate de omissão, a responsabilidade é objetiva.

 Segunda turma: adotou o entendimento do STF exposto abaixo.


 Omissão específica (omissão própria): responsabilidade objetiva.
STF
 Omissão genérica (omissão imprópria): responsabilidade subjetiva, com base na culpa
anônima.

Deve ser adotado o entendimento do STF para provas objetivas em geral. Para provas discursivas, deve-se
expor toda a discussão e os posicionamentos de cada Corte.

➢ Responsabilidade civil por morte do preso: STF: É objetiva a responsabilidade da adm. por morte de
detento pois se trata de omissão específica de observância do dever do art. 5º, XLIX, CF e do dever
de custódia. Poderá ser excluída se comprovar que a morte ocorreria de qualquer maneira
➢ Responsabilidade civil por suicídio do preso: STF: O Estado responde objetivamente pelo suicídio do
detento, tendo em vista o seu dever de zelar pela integridade física e moral dos presos (art. 5º, XLIX,
CF) e em virtude do seu dever de custódia. No entanto, o Estado poderá excluir a sua responsabilidade
se comprovar (e o ônus o prova lhe pertence) que não tinha como evitar a morte do detento.
➢ Responsabilidade civil por maus tratos de detento: STF: É dever do Estado manter em seus presídios
padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico (art. 5º, XLIX, CF). Desta forma,
deve indenizar os presos pelos danos sofridos, inclusive morais, desde que comprovados, em razão
da falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento

9
OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de direito administrativo. 7. Ed. São Paulo: Método, 2019. P. 793.

cj.estrategia.com | 37
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

 RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS DE OBRA PÚBLICA

RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANO DE OBRA PÚBLICA


Espécie de dano Solução
a) Executada diretamente pelo Poder Público: Responsabilidade
civil objetiva;
Má execução da obra b) Executada por particular contratado: Responsabilidade subjetiva
do particular e responsabilidade subjetiva e subsidiária do
Estado.
Responsabilidade objetiva do Estado com base na repartição dos riscos
“Simples fato da obra”
sociais.

 RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATOS LEGISLATIVOS

Em regra, não há responsabilidade civil do Estado por atos legislativos. O principal fundamento para esta
conclusão é que as leis são atos de caráter geral, abstrato e erga omnes, não ensejando a produção de
efeitos individualizados. São atos dirigidos à sociedade ou a uma comunidade específica, e não direcionados
a particulares individualizados.

Entretanto, a doutrina aponta três casos em que os atos legislativos podem acarretar a responsabilização
estatal: a) leis inconstitucionais; b) leis de efeitos concretos; e c) omissão legislativa.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR ATOS LEGISLATIVOS


Hipótese Requisitos
 Declaração de inconstitucionalidade pelo STF em ação direta;
Lei inconstitucional
 Prejuízos individuais devidamente comprovados em ação judicial.
Lei de efeitos
 Responsabilidade civil objetiva com base na teoria do risco administrativo.
concretos
 Prazo constitucional para edição de ato normativo descumprido ou mora
Omissão legislativa legislativa reconhecida pelo Judiciário;
 Prejuízo individual comprovado em ação judicial.

 RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATOS JURISDICIONAIS

Em regra, prevalece o entendimento doutrinário e jurisprudencial pela ausência de responsabilidade civil do


Estado por atos tipicamente jurisdicionais, conforme os seguintes fundamentos: a) recurso e coisa julgada;
b) soberania estatal; c) independência do magistrado.

Entretanto, é apontada uma situação excepcional em que se admite a responsabilidade civil do Estado:

Art. 5º (...) LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar
preso além do tempo fixado na sentença;

a) Erro judiciário;
b) Prisão além do tempo fixado em sentença;
c) Demora na prestação jurisdicional.

cj.estrategia.com | 38
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

 RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATOS DE NOTÁRIOS E REGISTRADORES

O STF definiu o tema em sede de Repercussão Geral, ao julgar o RE 842846:

Repercussão geral constitucional que assenta a tese objetiva de que: o Estado responde,
objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de suas funções,
causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo
ou culpa, sob pena de improbidade administrativa.
RE 842846, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 27/02/2019, PROCESSO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-175 DIVULG 12-08-2019 PUBLIC 13-08-2019.

 RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATOS DE MULTIDÕES

Excepcionalmente, o Estado será responsabilizado quando comprovado que possuía ciência prévia da
manifestação coletiva e meios para evitar a ocorrência dos danos, caracterizando a previsibilidade e
evitabilidade do evento danoso.

 REPARAÇÃO DO DANO

A reparação do dano sofrido pelo particular pode ser buscada pela via administrativa, por meio de um
requerimento administrativo formulado diretamente ao órgão competente, ou por meio de uma ação
judicial.

Conforme já estudado neste curso, no caso de ação judicial, deve ser proposta diretamente contra o Ente
Público. O servidor público somente responderá regressivamente.

A ação judicial de regresso a ser proposta em face do agente público causador do dano possui os seguintes
requisitos:

a) Condenação transitada em julgado do Ente Público;


b) Efetivo pagamento de indenização à vítima;
c) Culpa ou dolo do agente público.

 PRESCRIÇÃO DA AÇÃO DE REPARAÇÃO CIVIL

A prescrição é a extinção da pretensão de ressarcimento pelo decurso do tempo fixado na lei. A prescrição
da ação de reparação proposta pela vítima em face do Ente Público é de 5 (cinco) anos, a teor do art. 1º, do
Decreto 20.910/32, art. 2º do Decreto-Lei 4.597/42 e art. 1º-C da Lei 9.494/97).

Decreto 20.910/1932:

Art. 1| As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer
direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza,
prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem.

cj.estrategia.com | 39
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso tipificado na Lei
de Improbidade Administrativa (RE 852475/SP).

Já as demais ações de ressarcimento, inclusive por ato de improbidade praticado de forma culposa, são
prescritíveis, devendo a ação ser proposta no prazo de 3 (três) anos, na forma do art. 206, §3º, V, CC).

JURISPRUDÊNCIA CITADA
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ESTADO POR DANOS CAUSADOS PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
INDIRETA E PELAS CONCESSIONÁRIAS OU PERMISSIONÁRIAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS

Embora a autarquia seja responsável pela conservação e manutenção das rodovias, deve ser
reconhecida a responsabilidade subsidiária do Estado, pelos danos causados a terceiros, em
decorrência de sua má conservação, motivo pelo qual não há que se falar em extinção do
processo, sem resolução do mérito, por ilegitimidade passiva. (STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp
203.785/RS).

RESPONSABILIDADE POR DANOS CAUSADOS A NÃO-USUÁRIOS DO SERVIÇO PÚBLICO

I - A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público
é objetiva relativamente a terceiros usuários e não-usuários do serviço, segundo decorre do
art. 37, § 6º, da Constituição Federal. II - A inequívoca presença do nexo de causalidade entre o
ato administrativo e o dano causado ao terceiro não-usuário do serviço público, é condição
suficiente para estabelecer a responsabilidade objetiva da pessoa jurídica de direito privado (RE
591874).

RESPONSABILIDADE POR DANO AMBIENTAL

O STJ possui entendimento consolidado de que a responsabilidade civil por dano ambiental é
objetiva e informada pelo risco integral, seja para a Administração Pública, seja para o particular,
não importando se a poluição foi comissiva ou omissiva, direta ou indireta. Além disso, a
responsabilidade é solidária entre todos os participantes no dano. No entanto, a
responsabilidade do Estado quando considerado poluidor indireto (omissão em fiscalizar, por
exemplo) é solidária, porém, de execução subsidiária, ou seja, somente haverá execução contra
o Estado após a tentativa frustrada de execução do particular que provocou o dano de forma
direta (STJ, REsp 1374284/MG).

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR DISPARO DE ARMA DE FOGO DE POLICIAL

O STF possui entendimento de que o Estado é responsável pelos danos causados por disparo de
arma de fogo pertencente à corporação, dado por Policial Militar, ainda que este esteja de folga,
tendo em vista que a conduta está relacionada à sua atuação. De acordo com a Corte, alguns

cj.estrategia.com | 40
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

aspectos ensejam a responsabilidade do Estado: a) o servidor é policial 24h por dia; b)


autodeclaração da condição de policial durante o evento danoso; c) arma pertencente ao Estado;
d) culpa in elegendo da Administração na seleção do profissional (RE 135310).

É importante ficar atento ainda, pois a Corte Suprema possui um julgado dissonante. Trata-se de decisão que
negou a responsabilidade do Estado por homicídio praticado por policial que possuía relacionamento afetivo
com a vítima. Neste caso, a decisão se fundamentou no caráter privado do relacionamento, embora a arma
utilizada seja de propriedade do Estado (RE 363.423).

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO OBJETIVA COM BASE NO ART. 927, PARÁGRAFO ÚNICO DO CC

Aplica-se igualmente ao estado o que previsto no art. 927, parágrafo único, do Código Civil,
relativo à responsabilidade civil objetiva por atividade naturalmente perigosa, irrelevante o fato
de a conduta ser comissiva ou omissiva.
A regra geral do ordenamento brasileiro é de responsabilidade civil objetiva por ato comissivo do
Estado e de responsabilidade subjetiva por comportamento omissivo. Contudo, em situações
excepcionais de risco anormal da atividade habitualmente desenvolvida, a responsabilização
estatal na omissão também se faz independentemente de culpa. REsp 1.869.046-SP, Rel. Min.
Herman Benjamin, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 09/06/2020, DJe 26/06/2020

RESPONSABILIDADE CIVIL POR MORTE DE PRESO

É objetiva a responsabilidade da adm. por morte de detento pois se trata de omissão específica
de observância do dever do art. 5º, XLIX, CF e do dever de custódia. Poderá ser excluída se
comprovar que a morte ocorreria de qualquer maneira, pois exclui o nexo causal e a
responsabilidade objetiva do Estado é fundamentada na teoria do risco administrativo (RE
841526/RS, rel. Min. Luiz Fux, 30.3.2016).

RESPONSABILIDADE CIVIL POR SUICÍDIO DE PRESO

O Estado responde objetivamente pelo suicídio do detento, tendo em vista o seu dever de zelar
pela integridade física e moral dos presos (art. 5º, XLIX, CF) e em virtude do seu dever de custódia.
No entanto, o Estado poderá excluir a sua responsabilidade se comprovar (e o ônus o prova lhe
pertence) que não tinha como evitar a morte do detento. O Min. Luiz Fux exemplificou esta
hipótese:
A) Se o detento que cometeu suicídio já vinha apresentando indícios de que poderia tirar a
própria vida, o Estado deve ser responsabilizado, tendo em vista que o evento era previsível;
B) Se o preso nunca havia demonstrado a ideação suicida, o Estado não deve ser
responsabilizado, uma vez que o evento foi um ato repentino e imprevisível.
STF. 2ª Turma. ARE 700927 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/08/2012.

RESPONSABILIDADE CIVIL POR MAUS TRATOS DE PRESO

cj.estrategia.com | 41
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

É dever do Estado manter em seus presídios padrões mínimos de humanidade previstos no


ordenamento jurídico (art. 5º, XLIX, CF). Desta forma, deve indenizar os presos pelos danos
sofridos, inclusive morais, desde que comprovados, em razão da falta ou insuficiência das
condições legais de encarceramento. Como é dever do Estado promover condições mínimas de
humanidade, quando isto não é implementado há omissão específica, sendo a responsabilidade
objetiva (RE 580252, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR
MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 16/02/2017).

RESPONSABILIDADE CIVIL DO MUNICÍPIO POR DANOS CAUSADOS POR FOGOS DE ARTIFÍCIO

Para que fique caracterizada a responsabilidade civil do Município por danos decorrentes do
comércio de fogos de artifício, é necessário que exista a violação de um dever jurídico específico
de agir, que ocorrerá quando for concedida a licença para funcionamento sem as cautelas legais
ou quando for de conhecimento do poder público eventuais irregularidades praticadas pelo
particular. STF. Plenário. RE 136861/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre
de Moraes, julgado em 11/3/2020 (repercussão geral – Tema 366) (Info 969).

JURISPRUDÊNCIA DIVERSA

 A Administração Pública pode responder civilmente pelos danos causados por seus agentes, ainda que
estes estejam amparados por causa excludente de ilicitude penal (REsp 1266517/PR).

 É objetiva a responsabilidade civil do Estado pelas lesões sofridas por vítima baleada em razão de tiroteio
ocorrido entre policiais e assaltantes (REsp 1266517/PR).

 O Estado não responde civilmente por atos ilícitos praticados por foragidos do sistema penitenciário, salvo
quando os danos decorrem direta ou imediatamente do ato de fuga (AgRg no AREsp 173291/PR).

 De acordo com os precedentes do STJ, as concessionárias de serviços rodoviários estão subordinadas à


legislação consumerista. A presença de animais na pista coloca em risco a segurança dos usuários da rodovia,
respondendo as concessionárias pelo defeito na prestação do serviço que lhes é outorgado pelo Poder
Público concedente. (REsp 687.799/RS).

 O Ente Público responde objetivamente pelos danos causados por acidente em Rodovia sob sua
administração, em razão da presença de animal transitando na pista, situação que denota negligência na
manutenção e fiscalização. É dever do Estado promover vigilância ostensiva e adequada, proporcionando
segurança possível àqueles que trafegam pela rodovia. Assim, há conduta omissiva e culposa do Ente Público,
caracterizada pela negligência, apta a responsabilizar o Ente Público, nos termos do que preceitua a teoria
da Responsabilidade Civil do Estado, por omissão, salvo se demonstrada uma das causas excludentes da
responsabilidade. (AgInt no AgInt no REsp. 1.631.507/CE).

 A despeito de situações fáticas variadas no tocante ao descumprimento do dever de segurança e vigilância


contínua das vias férreas, a responsabilização da concessionária é uma constante, passível de ser elidida tão

cj.estrategia.com | 42
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

somente quando cabalmente comprovada a culpa exclusiva da vítima. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C
do CPC/73 – Tema 517 – AgRg no AREsp 676392/RJ).

CUIDADO! Apesar desta jurisprudência estar assim redigida na jurisprudência em teses do STJ, edição nº 61,
entendimento 12 é pacífico o entendimento de que é possível a exclusão da responsabilidade do Estado por
outros motivos, tais como a culpa de terceiro, caso fortuito e força maior, não apenas quando houver culpa
exclusiva da vítima.

 No caso de atropelamento de pedestre em via férrea, configura-se a concorrência de causas, impondo a


redução da indenização por dano moral pela metade, quando: (i) a concessionária do transporte ferroviário
descumpre o dever de cercar e fiscalizar os limites da linha férrea, mormente em locais urbanos e populosos,
adotando conduta negligente no tocante às necessárias práticas de cuidado e vigilância tendentes a evitar a
ocorrência de sinistros; e (ii) a vítima adota conduta imprudente, atravessando a via férrea em local
inapropriado. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 – Tema 518 – AgRg no AREsp 724028/RJ)

 Não há nexo de causalidade entre o prejuízo sofrido por investidores em decorrência de quebra de
instituição financeira e a suposta ausência ou falha na fiscalização realizada pelo Banco Central no mercado
de capitais AgRg no REsp 1405998/SP).

 As ações indenizatórias decorrentes de violação a direitos fundamentais ocorridas durante o regime


militar são imprescritíveis, não se aplicando o prazo quinquenal previsto no art. 1| do Decreto n.
20.910/1932 (AgRg no REsp 1479984/RS).

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR PRISÃO PREVENTIVA

O decreto judicial de prisão preventiva, quando suficientemente fundamentado e obediente aos


pressupostos que o autorizam, não se confunde com o erro judiciário a que alude o inc. LXXV do
art. 5º da Constituição da República, mesmo que o réu ao final do processo venha a ser absolvido
ou tenha sua sentença condenatória reformada na instância superior (RE 429518 AgR).

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR ATOS DE NOTÁRIOS E REGISTRADORES

11. Repercussão geral constitucional que assenta a tese objetiva de que: o Estado responde,
objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de suas
funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos
casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa.
RE 842846, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 27/02/2019, PROCESSO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-175 DIVULG 12-08-2019 PUBLIC 13-08-2019.

1. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público.
Tabeliães e registradores oficiais são particulares em colaboração com o poder público que exercem suas
atividades in nomine do Estado, com lastro em delegação prescrita expressamente no tecido constitucional
(art. 236, CRFB/88).

cj.estrategia.com | 43
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

(...)

3. O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público e os atos de seus agentes estão
sujeitos à fiscalização do Poder Judiciário, consoante expressa determinação constitucional (art. 236,
CRFB/88). Por exercerem um feixe de competências estatais, os titulares de serventias extrajudiciais
qualificam-se como agentes públicos.

4. O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de
suas funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de
dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa.

5. Os serviços notariais e de registro, mercê de exercidos em caráter privado, por delegação do Poder
Público (art. 236, CF/88), não se submetem à disciplina que rege as pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviços públicos. É que esta alternativa interpretativa, além de inobservar a sistemática
da aplicabilidade das normas constitucionais, contraria a literalidade do texto da Carta da República,
conforme a dicção do art. 37, § 6º, que se refere a “pessoas jurídicas” prestadoras de serviços públicos, ao
passo que notários e tabeliães respondem civilmente enquanto pessoas naturais delegatárias de serviço
público, consoante disposto no art. 22 da Lei n| 8.935/94.

7. A responsabilização objetiva depende de expressa previsão normativa e não admite interpretação


extensiva ou ampliativa, posto regra excepcional, impassível de presunção.

AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS

O STF confirmou esse entendimento em sede de repercussão geral, por meio do tema 940: “A
teor do disposto no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, a ação por danos causados por agente
público deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito privado prestadora de
serviço público, sendo parte ilegítima para a ação o autor do ato, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.”
(RE 1027633, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 14/08/2019,
PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-268 DIVULG 05-12-2019 PUBLIC 06-
12-2019)

PRESCRIÇÃO DA AÇÃO DE REPARAÇÃO

 A prescrição das pretensões de reparação civil em face da Fazenda Pública é de cinco anos, tendo em
vista o caráter de especialidade do Decreto 20.910/32 sobre o Código Civil (EREsp1.081.885/RR).

 Além disso, também é de 5 anos o prazo prescricional das pretensões de ressarcimento em face das
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos (art. 1º-C, lei 9.494/97).

 O termo inicial da prescrição para o ajuizamento de ações de responsabilidade civil em face do Estado por
ilícitos praticados por seus agentes é a data do trânsito em julgado da sentença penal condenatória (AgRg
no REsp 1536911/PE).

(IM)PRESCRITIBILIDADE DA AÇÃO DE RESSACIMENTO AO ERÁRIO

cj.estrategia.com | 44
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso


tipificado na Lei de Improbidade Administrativa (RE 852475/SP).
Já as demais ações de ressarcimento, inclusive por ato de improbidade praticado de forma
culposa, são prescritíveis.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da nossa aula sobre a Responsabilidade Civil do Estado.

O assunto é de grande importância para provas objetivas e subjetivas, devendo ser estudado com atenção.

Aguardo vocês na próxima aula. Até lá!

Qualquer dúvida, podem me contactar nos canais abaixo.

Rodolfo Penna

E-mail: prof.rodolfopenna@gmail.com

Instagram: https://www.instagram.com/rodolfobpenna

QUESTÕES COMENTADAS
Magistratura

1. (FAURGS / TJ-RS / 2022) No tocante à responsabilidade extracontratual do Estado no Brasil,


assinale a afirmativa INCORRETA.

(A) Quando, juntamente com a conduta estatal, o cidadão lesado contribuir para o evento danoso, haverá
compensação das responsabilidades, na medida da participação do indivíduo e do Estado, aplicando-se o
princípio da proporcionalidade.

(B) Por responsabilidade objetiva, entende-se a desnecessidade de o lesado pela conduta estatal provar a
existência de culpa do agente ou a falha na prestação do serviço.

(C) No direito de regresso, em que fazem parte da relação jurídica o Estado e seu agente, aplica-se a
responsabilidade subjetiva, sendo necessária a caracterização do dolo ou culpa (do agente público).

(D) A Constituição Federal, em seu artigo 37, §6°, consagra a teoria do risco integral, com relação ao Estado,
segundo a doutrina dominante.

cj.estrategia.com | 45
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

(E) As pessoas jurídicas de direito privado, prestadoras de serviço público, responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, de forma primária, sendo o Estado, neste caso, responsável
de forma subsidiária.

Comentários

O fundamento legal da responsabilidade objetiva do Estado se encontra no art. 37, §6º, CF:

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços


públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

O dispositivo citado estabeleceu a responsabilidade civil objetiva do Estado, sendo que este fica obrigado
a reparar os danos causados pelos seus agentes, atuando nesta qualidade, independentemente de
demonstração de culpa. Assim, a alternativa D está incorreta.

De acordo com o art. 37, §6º, CF, estão sujeitas à responsabilidade objetiva as seguintes pessoas:

c) Pessoas jurídicas de direito público (Entes Federados, autarquias e fundações públicas de direito
público);
d) Pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos (empresas públicas e sociedades
de economia mista quanto prestadoras de serviços públicos e concessionárias ou permissionárias de
serviços públicos).

De acordo com a doutrina, o Estado possui responsabilidade subsidiária e objetiva pelos danos causados
pela Administração indireta ou pelas concessionárias e permissionárias de serviços públicos. Portanto, a
alternativa E está correta.

Para a teoria do risco integral, a responsabilidade do Estado também é objetiva, porém, não admite exclusão
da responsabilidade. Verificado o dano e o nexo causal, surge para a Administração Pública o dever de
indenizar o particular. A teoria do risco administrativo foi adotada como a regra do ordenamento jurídico
brasileiro. No entanto, excepcionalmente, nos casos em que há expressa previsão na lei, adota-se a teoria
do risco integral: danos decorrentes de atividade nuclear (art. 21, XXIII, “d”, da CF), o dano ambiental (STJ,
REsp 1374284/MG) e os danos decorrentes de ataques terroristas ou atos de guerra a aeronaves brasileiras
(Lei 10.302/2001).

Por outro lado, a Lei Maior definiu a responsabilidade civil subjetiva e regressiva dos agentes públicos, que
só responderão regressivamente, caso o Estado seja condenado, se demonstrada a culpa ou dolo em sua
atuação. Assim, a alternativa C está correta.

A teoria da responsabilidade objetiva acabou com a necessidade de comprovação de qualquer tipo de culpa.
Conforme suas definições, basta a presença dos seguintes elementos para que o Estado seja obrigado a
reparar o dano:

a) Conduta;
b) Dano;

cj.estrategia.com | 46
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

c) Nexo causal.

É desnecessária a aferição de qualquer aspecto relacionado ao elemento subjetivo do agente


público (culpa ou dolo).

Portanto, a alternativa B está correta.

Por fim, a alternativa A está correta. A culpa concorrente não é uma hipótese de responsabilidade do Estado,
mas apenas de redução desta. A vítima também contribuiu, com sua conduta, para que o dano ocorresse.
Neste caso, o Estado deve responder na medida da sua contribuição para o dano (art. 945, CC).

2. (FGV / TJ-AP / 2022) A sociedade empresária Alfa exercia a venda de produtos alimentícios em uma
mercearia, com licença municipal específica para tal atividade. No entanto, os proprietários do comércio
também desenvolviam comercialização de fogos de artifício, de forma absolutamente clandestina, pois
sem a autorização do poder público. Durante as inspeções ordinárias, o poder público nunca encontrou
indícios de venda de fogos de artifício, tampouco o fato foi alguma vez noticiado à municipalidade. Certo
dia, grande explosão e incêndio ocorreram no comércio, causados pelos fogos de artifício, que atingiram
a casa de João, morador vizinho à mercearia, que sofreu danos morais e materiais. João ajuizou ação
indenizatória em face do Município, alegando que incide sua responsabilidade objetiva por omissão.
No caso em tela, valendo-se da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o magistrado deve julgar:

(A) procedente o pedido, pois se aplica a teoria do risco administrativo, de maneira que não é necessária a
demonstração do dolo ou culpa do Município, sendo devida a indenização;

(B) procedente o pedido, pois, diante da omissão específica do Município, aplica-se a teoria do dano in re
ipsa, devendo o poder público arcar com a indenização, desde que exista nexo causal entre o incêndio e os
danos sofridos por João;

(C) procedente o pedido, diante da falha da Administração Municipal na fiscalização de atividade de risco,
qual seja, o estabelecimento destinado a comércio de fogos de artifício, incidindo a responsabilidade civil
objetiva;

(D) improcedente o pedido, pois, apesar de ser desnecessária a demonstração de violação de um dever
jurídico específico de agir do Município, a responsabilidade civil originária é da sociedade empresária Alfa,
de maneira que o Município responde de forma subsidiária, caso a responsável direta pelo dano seja
insolvente;

(E) improcedente o pedido, pois, para que ficasse caracterizada a responsabilidade civil do Município, seria
necessária a violação de um dever jurídico específico de agir, seja pela concessão de licença para
funcionamento sem as cautelas legais, seja pelo conhecimento do poder público de eventuais irregularidades
praticadas pelo particular, o que não é o caso.

Comentários

cj.estrategia.com | 47
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Gabarito: Letra E

Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal:

Para que fique caracterizada a responsabilidade civil do Estado por danos decorrentes do comércio de
fogos de artifício, é necessário que exista a violação de um dever jurídico específico de agir, que
ocorrerá quando for concedida a licença para funcionamento sem as cautelas legais ou quando for de
conhecimento do poder público eventuais irregularidades praticadas pelo particular. STF. Plenário. RE
136861/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/3/2020
(repercussão geral – Tema 366) (Info 969).

Por outro lado, podemos concluir que a alternativa C está incorreta uma vez que não houve falha da
Administração em fiscalizar a atividade. De acordo com o enunciado da questão “durante as inspeções
ordinárias, o poder público nunca encontrou indícios de venda de fogos de artifício, tampouco o fato foi
alguma vez noticiado à municipalidade”.

O fundamento legal da responsabilidade objetiva do Estado se encontra no art. 37, §6º, CF:

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços


públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

O dispositivo citado estabeleceu a responsabilidade civil objetiva do Estado, sendo que este fica obrigado a
reparar os danos causados pelos seus agentes, atuando nesta qualidade, independentemente de
demonstração de culpa.

A responsabilidade objetiva decorre da teoria objetiva, também conhecida como teoria do risco. Essa teoria
abarca duas espécies, quais sejam, a teoria do risco administrativo e a teoria do risco integral.

A teoria do risco, como gênero, estabelece que o Estado, em razão das suas atividades, deve arcar com um
risco maior, respondendo quando verificado o dano na prática. Essa responsabilidade independe da
demonstração de culpa ou dolo do agente ou de culpa do serviço, tendo em vista que decorre diretamente
dos riscos assumidos pela Administração.

A teoria do risco administrativo, adotada como regra no ordenamento jurídico brasileiro, responsabiliza o
Ente Público de forma objetiva pelos danos que seus agentes causarem, atuando nesta qualidade, a
terceiros. No entanto, admite a exclusão da responsabilidade em determinadas situações em que seja
verificada a exclusão de algum dos elementos desta responsabilidade, tais como a culpa exclusiva da vítima,
a culpa exclusiva de terceiro, o caso fortuito e a força maior.

Portanto, as alternativas A e B estão incorretas, haja vista que é admitida a exclusão da responsabilidade do
Município.

cj.estrategia.com | 48
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

De igual forma, a alternativa D está incorreta ao afirmar que o Município responde de forma subsidiária,
caso a responsável direta pelo dano seja insolvente. Conforme visto, neste caso admite-se a exclusão da
responsabilidade do ente público.

A teoria do risco integral, por outro lado, estabelece que a responsabilidade do Estado também é objetiva,
porém, não admite exclusão da responsabilidade. Verificado o dano e o nexo causal, surge para a
Administração Pública o dever de indenizar o particular. Trata-se da responsabilidade absoluta do Estado
pelos danos causados no território nacional, tendo em vista que parte da premissa do Estado como
“garantidor universal”.

3. (FGV / TJ-PR / 2021) João cumpria pena em regime fechado no sistema penitenciário do Estado Alfa
e conseguiu fugir, em verdadeira fuga cinematográfica feita com helicóptero blindado, que o resgatou
quando tomava banho de sol. Seis meses após sua fuga, João se associou a outros criminosos e entrou na
casa de Antônio, cometendo crime de latrocínio e ceifando a vida de sua nova vítima.

Os filhos de Antônio buscaram a Defensoria Pública e ajuizaram ação indenizatória em face do Estado Alfa,
com base em sua responsabilidade civil objetiva, pleiteando reparação por danos morais decorrentes da
morte de seu pai. Alegam os autores que ocorreu omissão do Estado Alfa por não prover medidas eficazes
de segurança carcerária.

Na hipótese narrada, de acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal e o Art. 37, § 6º, da
Constituição da República de 1988, a responsabilidade civil objetiva do Estado Alfa:
(A) não está caracterizada, diante da excludente de responsabilidade civil consistente em força maior que
deu causa ao ato ilícito de latrocínio praticado por João;
(B) não está caracterizada, diante da ausência de nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta
praticada por João;
(C) não está caracterizada, diante da ausência de comprovação do elemento subjetivo do dolo ou culpa do
agente público diretor do sistema prisional;
(D) está caracterizada, diante de sua omissão in vigilando, que permitiu a fuga de João do sistema carcerário,
causa eficiente da morte da vítima Antônio;
(E) está caracterizada, independentemente da demonstração do dolo ou culpa por parte dos agentes
públicos responsáveis por prover a segurança do estabelecimento prisional.

Comentários

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. No caso específico dos atos ilícitos praticados por
foragidos do sistema penitenciário, o STJ entendeu que não há responsabilidade civil do Estado. Isso porque
a fuga acarreta o rompimento do nexo de causalidade, de modo que apenas restaria configurada a
responsabilidade civil do Estado caso demonstrado o nexo de causalidade imediato entre o momento da
fuga e a conduta praticada.

Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não se caracteriza a responsabilidade civil
objetiva do Estado por danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do sistema

cj.estrategia.com | 49
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

prisional, quando não demonstrado o nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta
praticada.

STF. Plenário. RE 608880, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Alexandre de Moraes,
julgado em 08/09/2020 (Repercussão Geral – Tema 362) (Info 993).

No caso do enunciado, os fatos se deram 06 (seis) meses após a fuga, não havendo que se falar em
responsabilidade do Estado.

4. (FCC / TJ-MS / 2020) Em conhecido acórdão proferido em regime de repercussão geral, versando
sobre a morte de detento em presídio − Recurso Extraordinário nr 841.526 (Tema 592) = o Supremo
Tribunal Federal confirmou decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, calcada em doutrina que,
no tocante ao regime de responsabilização estatal em condutas omissivas, distingue-a conforme a
natureza da omissão. Segundo tal doutrina, em caso de omissão específica, deve ser aplicado o regime de
responsabilização
a) integral; em caso de omissão genérica, aplica-se o regime de responsabilização objetiva.
b) objetiva; em caso de omissão genérica, aplica-se o regime de responsabilização subjetiva.
c) subjetiva; em caso de omissão genérica, aplica-se o regime de responsabilização objetiva.
d) objetiva; em caso de omissão genérica, não há possibilidade de responsabilização.
e) subjetiva apenas em relação ao agente, exonerado o ente estatal de qualquer responsabilidade; em caso
de omissão genérica, aplica-se o regime de responsabilização objetiva do ente estatal.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Ver comentários à alternativa B.

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Para o STJ, tal como para a 2ª corrente doutrinária, a
responsabilidade civil do Estado por omissão deve ser sempre subjetiva, fundamentada na teoria da culpa
anônima. O STF, por sua vez, distingue o seu posicionamento em duas situações. Quando se tratar de uma
omissão específica, a responsabilidade seria objetiva, enquanto no caso das omissões genéricas, a
responsabilidade deve ser subjetiva com base na culpa anônima.

A omissão especifica se caracteriza nos casos em que a Administração Pública possui um dever específico de
agir para evitar o dano. Essa hipótese tem sido reconhecida de forma recorrente nos casos em que o Estado
possui o lesado sob a sua guarda ou custódia, tais como os estudantes em escolas públicas e os presos sob
custódia do Estado. Essa responsabilidade por pessoas sob sua guarda somente pode ser excluída se
comprovado que o Estado não tinha como evitar o dano, sendo que esse ônus da prova cabe à Administração
Pública.

JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR OMISSÃO


A responsabilidade civil do Estado por omissão deve ser subjetiva, com fundamento da culpa
STJ
anônima.
 Omissão específica: responsabilidade objetiva.
STF

cj.estrategia.com | 50
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

 Omissão genérica: responsabilidade subjetiva, com base na culpa anônima.

A alternativa C está incorreta. Ver comentários à alternativa B.

A alternativa D está incorreta. Ver comentários à alternativa B.

A alternativa E está incorreta. Ver comentários à alternativa B.

5. (CESPE / TJ-PA / 2019) Segundo o entendimento majoritário do STJ, no caso de ação indenizatória
ajuizada contra a fazenda pública em razão da responsabilidade civil do Estado, o prazo prescricional é
a) decenal, como previsto no Código de Processo Civil, em detrimento do prazo trienal previsto pelas normas
de direito público.
b) quinquenal, como previsto pelas normas de direito público, em detrimento do prazo decenal contido no
Código de Processo Civil.
c) trienal, como previsto pelo Código de Processo Civil, em detrimento do prazo quinquenal contido no
Código Civil.
d) quinquenal, como previsto pelas normas de direito público, em detrimento do prazo trienal contido no
Código Civil.
e) trienal, como previsto no Código Civil, em detrimento do prazo quinquenal contido no Código de Processo
Civil.

Comentários

A alternativa A está incorreta. O Código de Processo Civil não dispõe sobre prazo prescricional. A prescrição
é a extinção da pretensão de ressarcimento pelo decurso do tempo fixado na lei. A prescrição da ação de
reparação proposta pela vítima em face do Ente Público é de 5 (cinco) anos, a teor do art. 1º, do Decreto
20.910/32, art. 2º do Decreto-Lei 4.597/42 e art. 1º-C da Lei 9.494/97).

Decreto 20.910/1932:

Art. 1| As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer
direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza,
prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem.

A alternativa B está incorreta. Ver explicação da alternativa A.

A alternativa C está incorreta. Ver explicação da alternativa D.

A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. A prescrição é a extinção da pretensão de


ressarcimento pelo decurso do tempo fixado na lei. A prescrição da ação de reparação proposta pela vítima
em face do Ente Público é de 5 (cinco) anos, a teor do art. 1º, do Decreto 20.910/32, art. 2º do Decreto-Lei
4.597/42 e art. 1º-C da Lei 9.494/97).

Decreto 20.910/1932:

cj.estrategia.com | 51
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Art. 1| As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer
direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza,
prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem.

No entanto, havia divergência com relação a este prazo. Parcela da doutrina vinha questionando se este
prazo não foi reduzido para 3 (três) anos em virtude da vigência do Código Civil de 2002 (art. 206, §3º, V). O
panorama da discussão era o seguinte:

a) Primeira posição: o prazo é de cinco anos, tendo em vista que o Decreto 20.910/32, recepcionado
com força de lei, e a lei 9.494/97 são leis especiais em relação ao Código Civil, sabendo-se que a lei
especial prevalece em face da lei geral;
b) Segunda posição: o prazo a ser aplicado deveria ser de 3 (três) anos, tendo em vista que o Código
Civil é lei posterior. Além disso, deveria ser realizada uma interpretação sistemática e histórica, pois
a finalidade do Decreto 20.910/32 era proteger a Administração, uma vez que o prazo prescricional
geral das ações de ressarcimento na época era de 20 anos, sendo que o decreto previu o prazo de
cinco anos para favorecer a Administração Pública.

Atualmente, essa finalidade perdeu a razão de existir, tendo em vista que o prazo prescricional geral da ação
de ressarcimento é de três anos (art. 2006, §3º, V, CC), devendo ser aplicado o prazo mais favorável ao Ente
Público. Inclusive, este é o sentido do art. 10 do Decreto 20.910/32, estabelecendo que o disposto nos artigos
daquele ato normativo não altera as prescrições de menor prazo, constantes das leis e regulamentos, as
quais ficam subordinadas às mesmas regras.

Após divergência entre a 1ª e a 2ª Turma, a 1ª seção do STJ definiu a tese aplicável ao caso:

 A prescrição das pretensões de reparação civil em face da Fazenda Pública é de cinco anos, tendo em
vista o caráter de especialidade do Decreto 20.910/32 sobre o Código Civil (EREsp1.081.885/RR).

 Além disso, também é de 5 anos o prazo prescricional das pretensões de ressarcimento em face das
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos (art. 1º-C, lei 9.494/97).

A alternativa E está incorreta. Ver explicação ad alternativa D.

6. (CONSULPLAN / TJ-MG – Titular de serviços de notas e de registros / 2019) A responsabilização


objetiva do Estado torna a culpa como não pressuposto para sua caracterização, o que desonera, neste
aspecto, o lesado quanto a tal evidência. No que diz respeito ao direito de regresso pela Administração
Pública, é correto afirmar que:
a) A solução do intento de reparação regressiva pelo Estado pode operar-se pela via administrativa mediante
acordo entre as partes > o que não macula o dever de guarda do interesse público > ou pela via judicial.
b) O ingresso judicial de pedido de indenização em caráter regressivo pelo Estado somente ocorrerá nas
hipóteses em que não haja logrado êxito na reparação pelas vias administrativas coercitivas, a exemplo de
constatada insuficiência patrimonial.
c) A lei ordinária delegou a Constituição Federal competência para legislar acerca dos prazos prescricionais
para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que provoquem prejuízos ao erário, bem como
para seu respectivo ressarcimento.

cj.estrategia.com | 52
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

d) Quando necessário o manejo de ação judicial pelo Estado para obtenção da reparação, pela via do
regresso, opera-se a inversão do ônus probatório, face ao interesse público do Estado na reconstituição do
erário no quantitativo despendido pela sua responsabilização objetiva.

Comentários

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. A reparação do dano pelo agente público que atuou
com culpa ou dolo pode ser viabilizada pela via administrativa ou judicial. A Administração Pública, em um
primeiro momento, instaura processo administrativo em contraditório para averiguar a culpa do agente.
Constatada a responsabilidade subjetiva, o pagamento poderá ser realizado de forma espontânea ou pela
via judicial à escolha da Administração.

A alternativa B está incorreta. Não há obrigatoriedade de ser buscada a indenização contra o particular
primeiro na via administrativa. A Administração pode optar pela melhor forma de cobrança.

A alternativa C está incorreta. Lei ordinária não delega competência para a Constituição Federal que, de
acordo com a atual fase do Constitucionalismo, é superior aos demais atos normativos, sendo fundamento
de validade destes.

A alternativa D está incorreta. Não há inversão do ônus da prova na ação de regresso, vige a regra geral do
Código de Processo Civil.

7. (CESPE / TJ-SC / 2019) De acordo com o entendimento majoritário e atual do STJ, a responsabilidade
civil do Estado por condutas omissivas é
a) objetiva, bastando que sejam comprovadas a existência do dano, efetivo ou presumido, e a existência de
nexo causal entre conduta e dano.
b) objetiva, bastando a comprovação da culpa in vigilando e do dano efetivo.
c) subjetiva, sendo necessário comprovar negligência na atuação estatal, o dano causado e o nexo causal
entre ambos.
d) subjetiva, sendo necessário comprovar a existência de dolo e dano, mas sendo dispensada a verificação
da existência de nexo causal entre ambos.
e) objetiva, bastando que seja comprovada a negligência estatal no dever de vigilância, admitindo-se, assim,
a responsabilização por dano efetivo ou presumido.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Para o STJ, tal como para a 2ª corrente doutrinária, a responsabilidade civil
do Estado por omissão deve ser sempre subjetiva, fundamentada na teoria da culpa anônima.

A alternativa B está incorreta. Ver explicação da alternativa A.

A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Para o STJ, tal como para a 2ª corrente doutrinária, a
responsabilidade civil do Estado por omissão deve ser sempre subjetiva, fundamentada na teoria da culpa
anônima.

cj.estrategia.com | 53
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

A alternativa D está incorreta. Ver explicação da alternativa C.

A alternativa E está incorreta. Não há responsabilização por dano presumido, para que haja
responsabilização do ente estatal sob qualquer modalidade (objetiva ou subjetiva) deve ser demonstrado o
dano efetivo.

8. (CESPE / TJ-PR / 2019) Considerando a jurisprudência do STJ, julgue os seguintes itens, relativos à
responsabilidade civil do Estado.
I O Estado responde civilmente por danos decorrentes de atos praticados por seus agentes, mesmo que eles
tenham agido sob excludente de ilicitude penal.
II A despeito de situações fáticas variadas no tocante ao descumprimento do dever de segurança e vigilância
contínua das vias férreas, a responsabilização da concessionária é uma constante, passível de ser elidida
somente quando cabalmente comprovada a culpa exclusiva da vítima.
III A responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é subjetiva, devendo ser comprovados
concomitantemente a negligência na atuação estatal, o dano e o nexo de causalidade entre o evento danoso
e o comportamento ilícito do poder público.
Assinale a opção correta.
a) Apenas os itens I e II estão certos.
b) Apenas os itens I e III estão certos.
c) Apenas os itens II e III estão certos.
d) Todos os itens estão certos.

Comentários

A assertiva I está CORRETA. A Administração Pública pode responder civilmente pelos danos causados por
seus agentes, ainda que estes estejam amparados por causa excludente de ilicitude penal (REsp
1266517/PR).

A assertiva II está ERRADA. Na edição nº 61 da Jurisprudência em teses do STJ, entendimento nº 12, dispor
exatamente como foi redigida a questão, é certo que existem outras cláusulas que excluem a
responsabilidade civil do Estado, tal como a culpa de terceiro, caso fortuito e a força maior. Por este motivo,
houve alteração do gabarito, tendo em vista que essa assertiva que tinha sido considerada correta em um
primeiro momento. Veja como está redigida a jurisprudência em teses do STJ:

“A despeito de situações fáticas variadas no tocante ao descumprimento do dever de segurança e vigilância


contínua das vias férreas, a responsabilização da concessionária é uma constante, passível de ser elidida tão
somente quando cabalmente comprovada a culpa exclusiva da vítima. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C
do CPC/73 – Tema 517 – AgRg no AREsp 676392/RJ).

A assertiva III está CORRETA. Polêmica! O STJ e o STF divergem neste caso:

JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR OMISSÃO

cj.estrategia.com | 54
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

A responsabilidade civil do Estado por omissão deve ser subjetiva, com fundamento da culpa
STJ
anônima.
 Omissão específica: responsabilidade objetiva.
STF
 Omissão genérica: responsabilidade subjetiva, com base na culpa anônima.

A banca adotou a posição do STJ.

Portanto,

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Apenas as assertivas I e III estão corretas.

9. (CESPE / TJ-BA / 2019) A respeito da responsabilidade civil do Estado, julgue os itens a seguir.
I O Estado é responsável pela morte de detento causada por disparo de arma de fogo portada por visitante
do presídio, salvo se comprovada a realização regular de revista no público externo.
II O Estado necessariamente será responsabilizado em caso de suicídio de pessoa presa, em razão do seu
dever de plena vigilância.
III A responsabilidade do Estado, em regra, será afastada quando se tratar da obrigação de pagamento de
encargos trabalhistas de empregados terceirizados que tenham deixado de receber salário da empresa de
terceirização.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item III está certo.
c) Apenas os itens I e II estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.

Comentários

A assertiva I está ERRADA. Mesmo se comprovada revista regular o Estado deverá responder civilmente no
caso, tendo em vista a sua responsabilidade objetiva. O Estado só deixa de responder se comprovar que não
poderia ter evitado o dano:

STF: É objetiva a responsabilidade da adm. por morte de detento pois se trata de omissão específica de
observância do dever do art. 5º, XLIX, CF e do dever de custódia. Poderá ser excluída se comprovar que a
morte ocorreria de qualquer maneira, pois exclui o nexo causal e a responsabilidade objetiva do Estado é
fundamentada na teoria do risco administrativo (RE 841526/RS, rel. Min. Luiz Fux, 30.3.2016).

A assertiva II está ERRADA. O Estado não responde se comprovar que não tinha como evitar o dano:

STF: O Estado responde objetivamente pelo suicídio do detento, tendo em vista o seu dever de zelar pela
integridade física e moral dos presos (art. 5º, XLIX, CF) e em virtude do seu dever de custódia. No entanto, o

cj.estrategia.com | 55
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Estado poderá excluir a sua responsabilidade se comprovar (e o ônus o prova lhe pertence) que não tinha
como evitar a morte do detento. O Min. Luiz Fux exemplificou esta hipótese:

a) Se o detento que cometeu suicídio já vinha apresentando indícios de que poderia tirar a própria vida,
o Estado deve ser responsabilizado, tendo em vista que o evento era previsível;
b) Se o preso nunca havia demonstrado a ideação suicida, o Estado não deve ser responsabilizado, uma
vez que o evento foi um ato repentino e imprevisível.

STF. 2l Turma. ARE 700927 AgR.

A assertiva III está CORRETA. Assunto tratado na aula de contratos administrativos. A lei 8.666/93 não
estabelece responsabilidade da Administração Pública pelos encargos trabalhistas que o particular
contratado deixou de adimplir. Em verdade, o art. 71, §1º estabelece que a inadimplência do contratado
quanto às verbas trabalhistas não transfere a responsabilidade pelo pagamento à Administração Pública.

O STF, em julgado com repercussão geral reconhecida (RE 760931), confirmou a tese, estabelecendo que a
condenação da Administração Pública como responsável subsidiária pelos encargos trabalhistas não
adimplidos pela empresa de terceirização contratada não é automática, depende da demonstração de sua
culpa in elegendo ou culpa in vigilando, que decorre de sua obrigação em fiscalizar o contratado (RE 760931
ED).

Portanto,

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Apenas a assertiva III está correta.

10. (CESPE / TJ-BA / 2019) Determinado taxista dirigia embriagado quando colidiu contra o prédio de
determinada secretaria estadual, que foi danificado com a batida. Nessa situação hipotética, conforme o
entendimento do STJ, o estado federado prejudicado deverá propor ação de ressarcimento
a) no prazo prescricional de cinco anos, em razão de previsão expressa no Decreto Federal n.| 20.910/1932.
b) no prazo prescricional de três anos, com base no Código Civil.
c) em prazo indeterminado, ante a imprescritibilidade das ações de ressarcimento ao erário público.
d) no prazo prescricional de cinco anos, com base em aplicação analógica do Decreto Federal n.|
20.910/1932.
e) no prazo prescricional de cinco anos, por aplicação expressa da Lei Federal n.| 9.784/1999, que regula o
processo administrativo no âmbito federal.

Comentários

A alternativa A está incorreta. O STJ já se posicional no sentido de que esse prazo é de 5 (cinco) anos, em
razão do princípio da isonomia, uma vez que o prazo prescricional para que o particular busque indenização
em face da Administração é quinquenal, na forma do art. 1º, Decreto 20.910/32.

cj.estrategia.com | 56
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Ainda que se adote o entendimento de que o prazo é de 5 anos, o fundamento não é disposição expressa do
decreto 20.910/32, o que não existe, mas sim a interpretação analógica do seu art. 1º. Por isso a alternativa
está errada.

A alternativa B está incorreta. o STJ já se posicional no sentido de que esse prazo é de 5 (cinco) anos, em
razão do princípio da isonomia, uma vez que o prazo prescricional para que o particular busque indenização
em face da Administração é quinquenal, na forma do art. 1º, Decreto 20.910/32.

A alternativa C está incorreta. São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática
de ato doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa (RE 852475/SP). Já as demais ações de
ressarcimento, inclusive por ato de improbidade praticado de forma culposa, são prescritíveis.

Como o caso é de ressarcimento por ilícito civil, não há que se falar em imprescritibilidade.

A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. O STJ já se posicional no sentido de que esse prazo é
de 5 (cinco) anos, em razão do princípio da isonomia, uma vez que o prazo prescricional para que o particular
busque indenização em face da Administração é quinquenal, na forma do art. 1º, Decreto 20.910/32.

A alternativa E está incorreta. Ver comentários da alternativa D. A lei 9.784/1999 não possui disposição
acerca do prazo prescricional para a ação de ressarcimento.

11. (VUNESP / TJ-SP / 2018) Conforme o ordenamento jurídico pátrio, pode-se afirmar, sobre a
responsabilidade objetiva do Estado:
a) não há nexo causal entre a conduta da Administração e o dano decorrente de força maior, razão pela qual
em tal situação não se pode falar em dever de indenizar, ainda que provado que a culpa anônima do serviço
concorreu para o evento.
b) se lícito o ato do agente público que causou o dano, este só implicará dever de indenizar se for antijurídico,
ou seja, anormal e especial.
c) não haverá dever de indenizar nos casos em que o princípio da igualdade de todos na distribuição dos
ônus e encargos sociais deva ceder diante do interesse da continuidade do serviço ou da intangibilidade da
obra pública.
d) ela não se afasta pela culpa exclusiva da vítima, uma vez que é suficiente para sua caracterização o nexo
causal entre o ato do agente público e o dano.

Comentários

A alternativa A está incorreta. De acordo com o STJ, A responsabilidade civil do Estado por omissão deve ser
subjetiva, com fundamento da culpa anônima. Assim, demonstrado que um determinado serviço não foi
prestado ou foi prestado de forma insuficiente ou com atraso, caberá a responsabilização do Estado por
omissão, ainda que o evento seja decorrente de força maior, tendo em vista a conduta culposa Estatal que
concorreu para o evento danoso.

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Em casos específicos, o ordenamento jurídico


estabelece responsabilidade civil por atos lícitos.

cj.estrategia.com | 57
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Quanto ao Estado, conforme estudamos, o princípio da igualdade e a repartição dos encargos sociais
determinam que um pequeno grupo de pessoas não sofra sozinho os prejuízos decorrentes da atividade
estatal, que beneficia toda a coletividade. Se toda sociedade é beneficiada, deve também se responsabilizar
pelos danos.

A doutrina, todavia, somente admite a responsabilidade civil do Estado por ato lícito em duas situações:

a) Expressa previsão legal;


b) Sacrifício desproporcional ao particular: dano anormal e específico ou dano desproporcional
causado a vítima (ex.: ato administrativo que determina o fechamento do único acesso a uma rua de
lojas, inviabilizando a atividade econômica no local).

A alternativa C está incorreta. O interesse da continuidade do serviço e da intangibilidade da obra público


ensejam a continuação da prestação dessas atividades ainda que produzam dano a terceiro. No entanto,
esses danos devem ser indenizados tendo em vista o princípio da isonomia e da repartição dos encargos
sociais.

A atividade da Administração Pública beneficia toda a coletividade, pelo que não seria justo que a mesma
atividade prejudicasse apenas uma pessoa ou um grupo de pessoas. Se todos são beneficiados pela função
administrativa, todos devem também se responsabilizar pelos danos por ela causados. Assim, as reparações
devem ser realizadas pela Administração, cujo patrimônio pertence à coletividade.

A alternativa D está incorreta. A teoria do risco administrativo, adotada como regra no ordenamento jurídico
brasileiro, responsabiliza o Ente Público de forma objetiva pelos danos que seus agentes causarem, atuando
nesta qualidade, a terceiros.

No entanto, admite a exclusão da responsabilidade em determinadas situações em que seja verificada a


exclusão de algum dos elementos desta responsabilidade, tais como a culpa exclusiva da vítima, a culpa
exclusiva de terceiro, o caso fortuito e a força maior.

12. (CONSULPLAN / TJ-MG / 2018) Com relação à responsabilidade civil do Estado, assinale a
alternativa correta.
a) De acordo com o entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça, a responsabilidade do Estado
por dano ao meio ambiente decorrente de sua omissão no dever de fiscalização é de caráter e execução
solidários.
b) O Supremo Tribunal Federal, em sede de repercussão geral, assentou a tese de que, em razão da adoção
da teoria do risco integral, a morte de detento no interior do estabelecimento prisional gera responsabilidade
civil objetiva para o Estado.
c) O Supremo Tribunal Federal reconheceu a existência de repercussão geral e firmou a tese de que, na
hipótese de posse em cargo público determinada por decisão judicial, o servidor não faz jus à indenização,
sob fundamento de que deveria ter sido investido em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade
flagrante.
d) O Superior Tribunal de Justiça firmou o posicionamento de que o Estado é parte legítima para figurar no
polo passivo de ações indenizatórias e responde de forma solidária, nos casos de acidente de trânsito em

cj.estrategia.com | 58
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

face da má conservação das estradas, mesmo existindo autarquia responsável pela preservação das estradas
estaduais.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Dano ambiental: o STJ possui entendimento consolidado de que a
responsabilidade civil por dano ambiental é objetiva e informada pelo risco integral, seja para a
Administração Pública, seja para o particular, não importando se a poluição foi comissiva ou omissiva,
direta ou indireta (STJ, REsp 1374284/MG). Além disso, a responsabilidade é solidária entre todos os
participantes no dano. No entanto, a responsabilidade do Estado quando considerado poluidor indireto
(omissão em fiscalizar, por exemplo) é solidária, porém, de execução subsidiária, ou seja, somente haverá
execução contra o Estado após a tentativa frustrada de execução do particular que provocou o dano de
forma direta.

A alternativa B está incorreta. A responsabilidade é objetiva com fundamento no risco administrativo,


admitindo-se a comprovação de excludente de responsabilidade pelo Estado:

STF: É objetiva a responsabilidade da adm. por morte de detento pois se trata de omissão específica de
observância do dever do art. 5º, XLIX, CF e do dever de custódia. Poderá ser excluída se comprovar que a
morte ocorreria de qualquer maneira, pois exclui o nexo causal e a responsabilidade objetiva do Estado é
fundamentada na teoria do risco administrativo (RE 841526/RS, rel. Min. Luiz Fux, 30.3.2016).

A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. O STF e o STJ já firmaram jurisprudência definindo
que a nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público não gera direito à indenização, ainda
que a demora tenha origem em erro reconhecido pela própria Administração Pública, tendo em vista que
ensejaria o enriquecimento sem causa do candidato que não realizou efetivo exercício do cargo ou emprego
público. Excepcionalmente será reconhecido direito à indenização se comprovada arbitrariedade flagrante
da Administração (STF: RE 724347; STJ: REsp 1.238.344-MG).

A alternativa D está incorreta. De acordo com a doutrina, o Estado possui responsabilidade subsidiária e
objetiva pelos danos causados pela Administração indireta ou pelas concessionárias e permissionárias de
serviços públicos e não solidária. No mesmo sentido é a jurisprudência do STJ.

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça consolidou entendimento no sentido de que, embora a


autarquia seja responsável pela conservação e manutenção das rodovias, deve ser reconhecida a
responsabilidade subsidiária do Estado, pelos danos causados a terceiros, em decorrência de sua má
conservação, motivo pelo qual não há que se falar em extinção do processo, sem resolução do mérito, por
ilegitimidade passiva. (STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 203.785/RS).

Promotor

13. (CEBRASPE / Promotor - MP-TO / 2022) À luz da doutrina e da jurisprudência acerca da


responsabilidade civil do Estado, assinale a opção correta.

(A) É quinquenal o prazo de prescrição de todas as ações indenizatórias decorrentes de ato ilícito do Estado.

cj.estrategia.com | 59
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

(B) A responsabilidade civil do Estado é de natureza objetiva por condutas tanto comissivas quanto omissivas.

(C) Por ser expressão do poder soberano do Estado, o exercício da função normativa, particularmente na
produção de leis ordinárias pelo Congresso Nacional, não pode gerar responsabilidade civil do Estado.

(D) Ainda que um agente público atue protegido por causa excludente de ilicitude prevista na legislação
penal, seus atos podem gerar responsabilidade civil para o Estado.

(E) De situações nas quais tenha ocorrido caso fortuito ou força maior não pode surgir responsabilidade civil
do Estado por ato praticado por agente público.

Comentários

A alternativa D está correta e corresponde ao gabarito da questão.

A alternativa A está incorreta. A prescrição é a extinção da pretensão de ressarcimento pelo decurso do


tempo fixado na lei. A prescrição da ação de reparação proposta pela vítima em face do Ente Público é de 5
(cinco) anos, a teor do art. 1º, do Decreto 20.910/32, art. 2º do Decreto-Lei 4.597/42 e art. 1º-C da Lei
9.494/97).

Decreto 20.910/1932:

Art. 1| As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer
direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza,
prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem.

No entanto, havia divergência com relação a este prazo. Parcela da doutrina vinha questionando se este
prazo não foi reduzido para 3 (três) anos em virtude da vigência do Código Civil de 2002 (art. 206, §3º, V).

Atualmente, tendo em vista que o prazo prescricional geral da ação de ressarcimento é de três anos (art.
206, §3º, V, CC), entende-se que deve ser aplicado o prazo mais favorável ao Ente Público. Inclusive, este é
o sentido do art. 10 do Decreto 20.910/32, estabelecendo que o disposto nos artigos daquele ato normativo
não altera as prescrições de menor prazo, constantes das leis e regulamentos, as quais ficam subordinadas
às mesmas regras.

Ainda, de acordo com a jurisprudência do STJ:

As ações indenizatórias decorrentes de violação a direitos fundamentais ocorridas durante o regime


militar são imprescritíveis, não se aplicando o prazo quinquenal previsto no art. 1º do Decreto n.
20.910/1932 (STJ, Tese 1, Ed. 61).

A alternativa B está incorreta.

Para o STJ, a responsabilidade civil do Estado por omissão deve ser sempre subjetiva, fundamentada na
teoria da culpa anônima. O STF, por sua vez, distingue o seu posicionamento em duas situações. Quando se

cj.estrategia.com | 60
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

tratar de uma omissão específica, a responsabilidade seria objetiva, enquanto no caso das omissões
genéricas, a responsabilidade deve ser subjetiva com base na culpa anônima.

JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR OMISSÃO


A responsabilidade civil do Estado por omissão deve ser subjetiva, com fundamento da culpa
STJ
anônima.
 Omissão específica (omissão própria): responsabilidade objetiva.
STF
 Omissão genérica (omissão imprópria): responsabilidade subjetiva, com base na culpa
anônima.

A alternativa C está incorreta. O STF já decidiu que "cabe responsabilidade civil pelo desempenho
inconstitucional da função de legislar".

“Apesar da divergência quanto ao plano e quanto à carga eficacial da decisão de


inconstitucionalidade, a segunda corrente parece fazer mais sentido, à luz da teoria geral da
responsabilidade civil do Estado, mas com algumas considerações se fazendo necessárias tanto
sobre a inconstitucionalidade quanto sobre a decisão judicial pertinente. Inconstitucional é o ato
que não atende aos requisitos de validade inscritos na Constituição e cujas consequências podem
ou não ser a fulminação do ato. O STF (RE 226.643, RE 153.464, Inq 3.932) já se manifestou sobre
a viabilidade de responsabilizar o Estado por lei inconstitucional, desde que não haja modulação
dos efeitos da decisão, sendo este um critério crucial para o pleito indenizatório. Calham dois
arestos ilustrativos: no primeiro, o STF (RE 153.464) apreciou caso no qual fixou entendimento
de que "O Estado responde civilmente por danos causados aos particulares pelo desempenho
inconstitucional da função de legislar"; no segundo caso, também analisado pela Corte
Constitucional brasileira (RE 158.962), constou no teor da ementa que "Cabe responsabilidade
civil pelo desempenho inconstitucional da função de legislar".10

A alternativa D está correta. Conforme entende o STJ:

A Administração Pública pode responder civilmente pelos danos causados por seus agentes, ainda que
estes estejam amparados por causa excludente de ilicitude penal (REsp 1266517/PR).

A alternativa E está incorreta. A responsabilidade objetiva decorre da teoria objetiva, também conhecida
como teoria do risco. Essa teoria abarca duas espécies, quais sejam, a teoria do risco administrativo e a teoria
do risco integral.

a) Teoria do risco administrativo

10
https://www.migalhas.com.br/coluna/migalhas-de-responsabilidade-civil/341102/responsabilidade-civil-do-estado-por-leis-
inconstitucionais

cj.estrategia.com | 61
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Essa teoria, adotada como regra no ordenamento jurídico brasileiro, responsabiliza o Ente Público de forma
objetiva pelos danos que seus agentes causarem, atuando nesta qualidade, a terceiros.

No entanto, admite a exclusão da responsabilidade em determinadas situações em que seja verificada a


exclusão de algum dos elementos desta responsabilidade, tais como a culpa exclusiva da vítima, a culpa
exclusiva de terceiro, o caso fortuito e a força maior.

b) Teoria do risco integral

Já para a teoria do risco integral, a responsabilidade do Estado também é objetiva, porém, não admite
exclusão da responsabilidade. Verificado o dano e o nexo causal, surge para a Administração Pública o dever
de indenizar o particular.

Trata-se da responsabilidade absoluta do Estado pelos danos causados no território nacional, tendo em vista
que parte da premissa do Estado como “garantidor universal”.

Exemplos de situações em que é adotada a teoria do risco integral: dano decorrente de atividade nuclear (o
art. 21, XXIII, “d”, da CF), dano ambiental e danos decorrentes de ataques terroristas ou atos de guerra a
aeronaves brasileiras.

14. (FGV / Promotor - MP-GO / 2022) José foi condenado pela prática do crime de homicídio qualificado
à pena de dezoito anos de reclusão, que está sendo cumprida em estabelecimento prisional do Estado
Gama. Após diversas vistorias realizadas pelo Ministério Público, restou comprovado que permanecem,
há mais de três anos, problemas de superlotação e de falta de condições mínimas de saúde e higiene no
presídio, que causaram danos materiais e morais ao detento José. Alegando violação a normas previstas
na Constituição da República de 1988, na Lei de Execução Penal e na Convenção Interamericana de Direitos
Humanos, José ajuizou ação indenizatória por danos causados pelas ilegítimas e subhumanas condições a
que está submetido no cumprimento de pena em face do Estado Gama. Instado a lançar parecer no
processo, o promotor de justiça, com base na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, deve se
manifestar pela:

(A) procedência do pedido indenizatório, inclusive no que toca aos danos morais comprovadamente
causados em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento, pois é dever do
Estado Gama manter em seu presídio os padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento
jurídico;

(B) procedência do pedido, com base na responsabilidade civil subjetiva do Estado Gama, desde que
comprovado o dolo ou a culpa dos gestores públicos competentes para implementarem políticas públicas
que garantam os direitos humanos dos detentos, sendo possível a remição da pena como forma de
indenização;

(C) procedência parcial do pedido, de maneira que seja acatada a pretensão de ressarcimento pelos danos
materiais sofridos por José com nexo causal pela omissão específica do Estado Gama, mas seja rejeitada a
pretensão de reparação por danos morais, em razão do princípio da reserva do possível;

(D) improcedência do pedido, pois o Estado Gama não pode ser erigido a garantidor universal com violação
ao princípio da reserva do possível, mas deve proceder o promotor de justiça à extração de cópias do

cj.estrategia.com | 62
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

processo para fins de ajuizamento de ação civil pública visando à regularização das condições precárias de
encarceramento que violam direitos humanos;

(E) improcedência do pedido, pois a indenização não tem o condão de eliminar o grave problema prisional
globalmente considerado, que depende da definição e da implantação de políticas públicas específicas,
providências de atribuição legislativa e administrativa, não de provimentos judiciais, sob pena de violação ao
princípio da separação dos poderes.

Comentários

A alternativa A está correta e corresponde ao gabarito da questão.

De acordo com a jurisprudência do STF:

É dever do Estado manter em seus presídios padrões mínimos de humanidade previstos no


ordenamento jurídico (art. 5º, XLIX, CF). Desta forma, deve indenizar os presos pelos danos sofridos,
inclusive morais, desde que comprovados, em razão da falta ou insuficiência das condições legais de
encarceramento. Como é dever do Estado promover condições mínimas de humanidade, quando isto
não é implementado há omissão específica, sendo a responsabilidade objetiva (RE 580252, Relator(a):
Min. TEORI ZAVASCKI, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em
16/02/2017).

A alternativa B está incorreta. A responsabilidade do Estado é objetiva (ver comentários feitos na alternativa
A). Além disso, a remição não pode ser utilizada como forma de pagamento da indenização (hipótese
sugerida pelo Ministro Luís Roberto Barroso), tendo a maioria dos ministros decidido que o pagamento
somente será feito em pecúnia.

6. Aplicação analógica do art. 126 da Lei de Execuções Penais. Remição da pena como indenização.
Impossibilidade. A reparação dos danos deve ocorrer em pecúnia, não em redução da pena. Maioria.

A alternativa C está incorreta. A indenização por danos morais será cabível (ver comentários feitos na
alternativa A), e não se admite que seja invocado o princípio da reserva do possível neste caso. Nos termos
do que o STF decidiu, no julgamento do RE 580252:

3. "Princípio da reserva do possível". Inaplicabilidade. O Estado é responsável pela guarda e segurança


das pessoas submetidas a encarceramento, enquanto permanecerem detidas. É seu dever mantê-las
em condições carcerárias com mínimos padrões de humanidade estabelecidos em lei, bem como, se
for o caso, ressarcir danos que daí decorrerem.

A alternativa D está incorreta. O pedido deve ser julgado procedente, e não cabe falar, neste caso, que foi
violada a reserva do possível (ver comentários feitos nas alternativas A e C).

A alternativa E está incorreta. De acordo com o voto do Ministro Celso de Mello (RE 580252):

cj.estrategia.com | 63
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Não foi por outra razão que o Plenário desta Corte Suprema, no precedente que venho de referir (RE
592.581/RS), formulou tese – que guarda inteira pertinência com a controvérsia ora em exame – segundo
a qual se revela lícito ao Poder Judiciário “(...) impor à Administração Pública obrigação de fazer, consistente
na promoção de medidas ou na execução de obras emergenciais em estabelecimentos prisionais para dar
efetividade ao postulado da dignidade da pessoa humana e assegurar aos detentos o respeito à sua
integridade física e moral, nos termos do que preceitua o art. 5º, XLIX, da Constituição Federal, não sendo
oponível à decisão o argumento da reserva do possível nem o princípio da separação dos poderes”.

15. (FUNDEP / Promotor - MP-MG / 2021) Sobre o tema da responsabilidade civil do poder público,
analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA:

I. A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviço público pelos danos causados à vítima, conforme previsto na Constituição Federal,
subsume-se à teoria do risco administrativo, podendo ser excluída somente quando comprovada a existência
de caso fortuito ou força maior.

II. Ao apreciar o Tema nº 362, da repercussão geral, o Supremo Tribunal Federal assentou que a
responsabilidade civil do Estado por omissão no dever de vigilância, pelos danos decorrentes de crime
praticado por pessoa foragida do sistema prisional, é objetiva, sendo desnecessária a demonstração do nexo
causal direto entre o momento da fuga e a conduta praticada.

III. Conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal, em regime de repercussão geral, Tema nº 246, o
inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado transfere automaticamente ao
poder público contratante a responsabilidade pelo pagamento, em razão da responsabilidade solidária do
Estado, nos termos da Lei nº 8.666/93.

IV. O Estado possui o dever, imposto pelo sistema normativo, de manter em seus presídios os padrões
mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico, devendo ressarcir os danos, inclusive morais,
comprovadamente causados aos detentos pela falta ou insuficiência das condições legais de
encarceramento, nos termos do art. 37, § 6º, da CF/88.

A) As assertivas I, II, III e IV estão corretas.

B) As assertivas I, II, III e IV estão incorretas.

C) Apenas a assertiva I está correta.

D) Apenas a assertiva IV está correta

Comentários

A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Apenas a assertiva IV está correta.

Analisando as afirmativas do enunciado, tem-se o seguinte:

cj.estrategia.com | 64
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

(I) ERRADA. Existem outras causas excludentes de responsabilidade além da coisa fortuita e da força maior,
quais sejam: culpa exclusiva da vítima e culpa de terceiro. Além disso, há uma causa de redução da
responsabilidade estatal, a culpa concorrente.

A culpa concorrente não é uma hipótese de exclusão da responsabilidade do Estado, mas apenas de redução
desta. Isto porque não exclui o nexo de causalidade, tendo em vista que o Estado contribuiu para a ocorrência
do dano.

Ocorre, no entanto, que a vítima também contribuiu, com sua conduta, para que o dano ocorresse. Neste
caso, o Estado deve responder na medida da sua contribuição para o dano (art. 945, CC).

(II) ERRADA. O Estado não responde civilmente por atos ilícitos praticados por foragidos do sistema
penitenciário, salvo quando os danos decorrem direta ou imediatamente do ato de fuga (RE 608880 e AgRg
no AREsp 173291/PR). As Cortes reconheceram que não é possível verificar o nexo de causalidade entre o
dano e uma conduta estatal, ainda que omissiva.

(III) ERRADA. O STF11, ao julgar a ADC nº 16, declarou constitucional a norma do art. 71, §1º, definindo a
impossibilidade de transferência consequente e automática dos encargos trabalhistas não adimplidos pela
empresa contratada para a Administração Pública contratante.

O TST, adequando o seu entendimento ao julgado do STF, incluiu os incisos V e VI no enunciado nº 331 de
sua súmula de jurisprudência:

Súmula 331, TST:

(...)

V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente,


nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das
obrigações da Lei n.| 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das
obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida
responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas
pela empresa regularmente contratada.

VI = A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes


da condenação referentes ao período da prestação laboral.

11
(ADC 16, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em 24/11/2010, DJe-173 DIVULG 08-09-2011 PUBLIC 09-09-
2011 EMENT VOL-02583-01 PP-00001 RTJ VOL-00219-01 PP-00011)

cj.estrategia.com | 65
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Assim, a Administração Pública não pode mais ser responsabilizada subsidiariamente de


forma automática pelos encargos trabalhistas não adimplidos pelo particular contratado.
É necessária a comprovação da sua omissão culposa no cumprimento de suas obrigações
previstas na lei 8.666/93, especialmente as obrigações atinentes à fiscalização do
contrato.

O STF12, em novo julgado com repercussão geral reconhecida (RE 760931), confirmou a tese, estabelecendo
que a condenação da Administração Pública como responsável subsidiária pelos encargos trabalhistas não
adimplidos pela empresa de terceirização contratada não é automática, depende da demonstração de sua
culpa in elegendo ou culpa in vigilando, que decorre de sua obrigação em fiscalizar o contratado.

(IV) CORRETA. STF: É dever do Estado manter em seus presídios padrões mínimos de humanidade previstos
no ordenamento jurídico (art. 5º, XLIX, CF). Desta forma, deve indenizar os presos pelos danos sofridos,
inclusive morais, desde que comprovados, em razão da falta ou insuficiência das condições legais de
encarceramento. Como é dever do Estado promover condições mínimas de humanidade, quando isto não é
implementado há omissão específica, sendo a responsabilidade objetiva (RE 580252, Relator(a): Min. TEORI
ZAVASCKI, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 16/02/2017).

16. (CEBRASPE / Promotor - MP-AP / 2021) A respeito da responsabilidade civil do Estado, assinale a
opção correta.

A) Segundo o entendimento do STF, no caso de omissão da atuação estatal, a responsabilidade será sempre
subjetiva, ou seja, somente existirá quando demonstrado culpa ou dolo do agente estatal.

B) Segundo o STF e o STJ, o suicídio de pessoa em cumprimento de pena dentro de estabelecimento prisional
não enseja a responsabilidade civil do Estado, por consistir em ato de iniciativa exclusiva da própria vítima.

C) Para a configuração da responsabilidade civil do Estado por dano, é desnecessário que o ato lesivo seja
ilícito, bastando que haja nexo de causalidade entre a ação estatal e o dano anormal e específico, ou seja,
que o dano tenha ultrapassado os inconvenientes normais da vida em sociedade, em desfavor de pessoas
ou grupos determinados.

D) O poder público e os concessionários de serviços públicos respondem, objetiva e solidariamente, por


danos causados aos usuários.

E) A tese da reserva do possível é amplamente aceita pelos tribunais superiores, principalmente no contexto
de ações que busquem impor ao poder público a obrigação de efetivar políticas públicas previstas em lei.

12
RE 760931 ED, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Relator(a) p/ Acórdão: Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2019,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-194 DIVULG 05-09-2019 PUBLIC 06-09-2019.

cj.estrategia.com | 66
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Comentários

A alternativa A está incorreta.

JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR OMISSÃO


A responsabilidade civil do Estado por omissão deve ser subjetiva, com fundamento da culpa
STJ
anônima.
 Omissão específica (omissão própria): responsabilidade objetiva.
STF
 Omissão genérica (omissão imprópria): responsabilidade subjetiva, com base na culpa
anônima.

A alternativa B está incorreta. STF: O Estado responde objetivamente pelo suicídio do detento, tendo em
vista o seu dever de zelar pela integridade física e moral dos presos (art. 5| , XLIX, CF) e em virtude do seu
dever de custódia. No entanto, o Estado poderá excluir a sua responsabilidade se comprovar (e o ônus o
prova lhe pertence) que não tinha como evitar a morte do detento. O Min. Luiz Fux exemplificou esta
hipótese:

a) Se o detento que cometeu suicídio já vinha apresentando indícios de que poderia tirar a própria
vida, o Estado deve ser responsabilizado, tendo em vista que o evento era previsível;
b) Se o preso nunca havia demonstrado a ideação suicida, o Estado não deve ser responsabilizado,
uma vez que o evento foi um ato repentino e imprevisível.

STF. 2l Turma. ARE 700927 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/08/2012.

A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Em regra, a responsabilidade está vinculada aos
deveres jurídicos que, uma vez violados e verificado um prejuízo decorrente desta violação, enseja o dever
de reparação.

No entanto, em casos específicos, o ordenamento jurídico estabelece responsabilidade civil por


atos lícitos.

Quanto ao Estado, conforme estudamos, o princípio da igualdade e a repartição dos encargos sociais
determinam que um pequeno grupo de pessoas não sofra sozinho os prejuízos decorrentes da atividade
estatal, que beneficia toda a coletividade. Se toda sociedade é beneficiada, deve também se responsabilizar
pelos danos.

A doutrina, todavia, somente admite a responsabilidade civil do Estado por ato lícito em duas situações:

c) Expressa previsão legal;


d) Sacrifício desproporcional ao particular: dano anormal e específico ou dano desproporcional
causado a vítima (ex.: ato administrativo que determina o fechamento do único acesso a uma rua de
lojas, inviabilizando a atividade econômica no local).

cj.estrategia.com | 67
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Os danos normais e genéricos que decorram da conduta lícita do Estado são considerados dentro do
chamado risco social, ao qual estão sujeitos todos os cidadãos que vivem em sociedade, e não enseja o dever
de indenizar.

A alternativa D está incorreta. De acordo com a doutrina, o Estado possui responsabilidade subsidiária e
objetiva pelos danos causados pela Administração indireta ou pelas concessionárias e permissionárias de
serviços públicos, o que significa dizer que o Estado fica obrigado a reparar o dano após esgotadas as
tentativas de fazer com que a entidade administrativa ou concessionária faça o ressarcimento. No mesmo
sentido é a jurisprudência do STJ:

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça consolidou entendimento no sentido de que, embora a


autarquia seja responsável pela conservação e manutenção das rodovias, deve ser reconhecida a
responsabilidade subsidiária do Estado, pelos danos causados a terceiros, em decorrência de sua má
conservação, motivo pelo qual não há que se falar em extinção do processo, sem resolução do mérito, por
ilegitimidade passiva. (STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 203.785/RS).

A alternativa E está incorreta. Definir o mínimo existencial é de extrema importância no âmbito dos Direito
Sociais, haja vista a jurisprudência pacífica do STF no sentido de que a reserva do possível não se opõe à
necessidade de se garantir condições mínimas de existência e de dignidade:

A cláusula da reserva do possível, por isso mesmo, é inoponível à concretização do “mínimo


existencial”, em face da preponderância dos valores e direitos que nele encontram seu
fundamento legitimador.

(HC 172136, Relator(a): CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 10/10/2020, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-283 DIVULG 30-11-2020 PUBLIC 01-12-2020)

17. (MPE-GO / MPE-GO / 2019) Sobre a responsabilidade civil do Estado, assinale a alternativa
incorreta:
a) Segundo o STF, a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço
público, em relação a terceiros não usuários do serviço, é subjetiva.
b) No caso de posse em cargo público determinada por decisão judicial, entende o STF que o servidor não
faz jus á indenização sob fundamento de que deveria ter sido investido em momento anterior, salvo situação
de flagrante arbitrariedade.
c) Como regra, o Brasil adota a teoria do risco administrativo, segundo a qual é possível excluir a
responsabilidade diante da ausência de qualquer de seus elementos definidores.
d) É possível constatar divergência doutrinária quanto ao reconhecimento do caso fortuito como excludente
da responsabilidade objetiva, uma vez que parcela dos autores, para os quais ele não pode ser considerado
uma excludente, afirma que pouco importa perscrutar o porquê de o Estado ter praticado o ato.

Comentários

A alternativa A está incorreta e é o gabarito da questão. I - A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de
direito privado prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a terceiros usuários e não-usuários
do serviço, segundo decorre do art. 37, § 6º, da Constituição Federal. II - A inequívoca presença do nexo de

cj.estrategia.com | 68
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

causalidade entre o ato administrativo e o dano causado ao terceiro não-usuário do serviço público, é
condição suficiente para estabelecer a responsabilidade objetiva da pessoa jurídica de direito privado (RE
591874).

A alternativa B está correta. O STF e o STJ já firmaram jurisprudência definindo que a nomeação tardia de
candidatos aprovados em concurso público não gera direito à indenização, ainda que a demora tenha origem
em erro reconhecido pela própria Administração Pública, tendo em vista que ensejaria o enriquecimento
sem causa do candidato que não realizou efetivo exercício do cargo ou emprego público. Excepcionalmente
será reconhecido direito à indenização se comprovada arbitrariedade flagrante da Administração (STF: RE
724347; STJ: REsp 1.238.344-MG).

A alternativa C está correta. A teoria do risco administrativo, adotada como regra no ordenamento jurídico
brasileiro, responsabiliza o Ente Público de forma objetiva pelos danos que seus agentes causarem, atuando
nesta qualidade, a terceiros.

No entanto, admite a exclusão da responsabilidade em determinadas situações em que seja verificada a


exclusão de algum dos elementos desta responsabilidade, tais como a culpa exclusiva da vítima, a culpa
exclusiva de terceiro, o caso fortuito e a força maior.

A alternativa D está correta. Segundo alguns autores, relativamente ao caso fortuito, há divergência
doutrinária quanto ao seu reconhecimento como excludente da responsabilidade objetiva, apesar de a
doutrina majoritária o aceitar como excludente. Esses autores afirmam que ele não pode ser indicado como
excludente, já que pouco importa o porquê de o Estado praticar o ato; o que interessa para a
responsabilidade é que ele causou o dano, constituindo assim o nexo causal.

18. (FUNDAÇÃO CEFETBAHIA / MPE-BA / 2018) Com relação à responsabilidade civil do Estado pela
guarda e segurança das pessoas submetidas a encarceramento, com base na jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal, analise as assertivas e identifique com V as verdadeiras e com F as falsas.
( ) É de responsabilidade do Estado, nos termos do art. 37, i 6| , da Constituição Federal, a obrigação de
ressarcir os danos comprovadamente causados aos detentos custodiados em presídios, em decorrência da
falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento.
( ) O Estado responde pelos danos causados a detentos em decorrência da insuficiência das condições legais
de encarceramento, salvo os danos morais individuais decorrentes da superlotação carcerária, por ser um
problema de estrutura do sistema prisional, dependente de providências de atribuição legislativa e
administrativa, podendo o Judiciário apreciar o dano moral apenas em sua dimensão coletiva.
( ) Quanto à responsabilidade pelos danos causados aos detentos, em decorrência da superlotação
carcerária, a Corte Constitucional distingue o tratamento jurídico dado aos presos definitivos daquele
conferido aos provisórios, haja vista que esses últimos sujeitam-se ao chamado risco social.
( ) Trata-se de tema abrangido pelo art. 37, i 6| , da Constituição Federal, preceito normativo autoaplicável,
que não se sujeita à intermediação legislativa ou à providência legislativa.
( ) O Estado não pode invocar a reserva do possível para se eximir do dever de indenizar os danos pessoais
causados a detentos em estabelecimentos carcerários, salvo se comprovar a insuficiência de recursos
financeiros para eliminar o grave problema prisional globalmente considerado, dependente que é da
definição e implantação de políticas públicas específicas.

cj.estrategia.com | 69
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é


a) V F F V F
b) V F F V V
c) V V F V V
d) F V V F F
e) F V V F V

Comentários

A assertiva I é VERDADEIRA. STF: É dever do Estado manter em seus presídios padrões mínimos de
humanidade previstos no ordenamento jurídico (art. 5º, XLIX, CF). Desta forma, deve indenizar os presos
pelos danos sofridos, inclusive morais, desde que comprovados, em razão da falta ou insuficiência das
condições legais de encarceramento. Como é dever do Estado promover condições mínimas de humanidade,
quando isto não é implementado há omissão específica, sendo a responsabilidade objetiva (RE 580252,
Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em
16/02/2017).

A assertiva II é FALSA. Ver explicação da assertiva I.

A assertiva III é FALSA. O STF não fez qualquer distinção quando definiu a responsabilidade do Estado pelos
danos causados aos detentos decorrentes das más condições de encarceramento. Ver explicação da
assertiva I.

A assertiva IV é VERDADEIRA. A responsabilidade objetiva do Estado decorre diretamente do texto


constitucional, sendo desnecessária a sua regulamentação legislativa, embora esta não seja vedada, desde
que não restrinja o texto constitucional.

A assertiva V é FALSA. O erro está na segunda parte da assertiva, pois o Estado não pode alegar insuficiência
de recursos nesse caso (STF. RE 592581). De acordo com os Ministros, não cabe falar em falta de verbas, pois
o Fundo Penitenciário Nacional dispõe de verbas da ordem de R$ 2,3 bilhões, e para usá-los basta que os
entes federados apresentem projetos e firmem convênios para realizar obras. Mas, para Lewandowski, não
existe vontade para a implementação de políticas, seja na esfera federal ou estadual, para enfrentar o
problema.

Com isso, concluiu que a chamada cláusula da reserva do possível também não pode ser usada como
argumento para tentar impedir a aplicação de decisões que determinem a realização de obras emergenciais.

Portanto,

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão.

cj.estrategia.com | 70
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Defensor

19. (FCC / DPE-SC / 2021) Em observância à evolução da responsabilidade civil do Estado, as teorias
publicistas tiveram seus primeiros passos dados pela jurisprudência

(A) americana, com o caso Joseph.

(B) italiana, com o caso Bertz.

(C) francesa, com o caso Blanco.

(D) inglesa, com o caso Stuart.

(E) alemã, com o caso Berta.

Comentários

Gabarito: alternativa C.

A alternativa A está incorreta. A teoria da irresponsabilidade, adotada pelos Estados Unidos e Inglaterra, é
típica dos Estados absolutistas (soberanos), em que não havia qualquer limitação do poder estatal.

Essa teoria decorre do entendimento vigente à época de que o rei nunca cometia erros (the king can do not
wrong). Nesta fase, o Estado se confundia com o próprio monarca (“o estado sou eu”, Luis XIV), sendo
impossível a sua responsabilização, tendo em vista a impossibilidade de aquele governante cometer erros.

A alternativa B está incorreta. Ver comentários feitos na alternativa C.

A alternativa C está correta. Conforme ensina Di Pietro13:

“O primeiro passo no sentido da elaboração de teorias de responsabilidade do Estado segundo


princípios do direito público foi dado pela jurisprudência francesa, com o famoso caso Blanco,
ocorrido em 1873. (...). Entendeu-se que a responsabilidade do Estado não pode reger-se pelos
princípios do Código Civil, porque se sujeita a regras especiais que variam conforme as necessidades
do serviço e a imposição de conciliar os direitos do Estado com os direitos privados. A partir daí
começaram a surgir as teorias publicistas da responsabilidade do Estado: teoria da culpa do serviço

13
Direito administrativo / Maria Sylvia Zanella Di Pietro. – 33. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2020.

cj.estrategia.com | 71
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

ou da culpa administrativa e teoria do risco, desdobrada, por alguns autores, em teoria do risco
administrativo e teoria do risco integral.”

A alternativa D está incorreta. Ver comentários feitos na alternativa C.

A alternativa E está incorreta. Ver comentários feitos na alternativa C.

20. (FCC / DPE-GO / 2021) A passagem da doutrina da responsabilidade subjetiva para a da


responsabilidade objetiva do Estado, na Administração Pública, foi marcada pela teoria da
responsabilidade

(A) por culpa do patrão.

(B) pela falta do serviço.

(C) em razão do império.

(D) por fato de terceiro.

(E) por nexo de causalidade.

Comentários

A alternativa B está correta e corresponde ao gabarito da questão.

A alternativa A está incorreta. A teoria da irresponsabilidade é típica dos Estados absolutistas (soberanos),
em que não havia qualquer limitação do poder estatal.

Essa teoria decorre do entendimento vigente à época de que o rei nunca cometia erros (the king can do not
wrong). Nesta fase, o Estado se confundia com o próprio monarca (“o estado sou eu”, Luis XIV), sendo
impossível a sua responsabilização, tendo em vista a impossibilidade de aquele governante cometer erros.

A alternativa B está correta. Como era muito difícil para o particular demonstrar a culpa do agente público,
a teoria da responsabilidade subjetiva se mostrou praticamente ineficaz. Assim, evoluiu-se para a teoria da
culpa do serviço, também conhecida como culpa anônima.

Segundo a teoria da culpa do serviço (culpa anônima ou faute du service) não seria mais necessário
comprovar a culpa do agente público, bastava a demonstração de uma das seguintes situações:

d) serviço foi mal prestado (não funcionou);


e) serviço foi prestado de forma ineficiente (funcionou mal);
f) serviço prestado com atraso (funcionou com atraso).

Por isso se chama de culpa anônima, pois não precisa identificar o agente culpado nem demonstrar a sua
culpabilidade. Essa teoria é utilizada no Brasil em alguns casos de responsabilidade civil por omissão do
Estado.

cj.estrategia.com | 72
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

A alternativa C está incorreta. A teoria da culpa individual surgiu dentro da fase da responsabilidade subjetiva
do Estado. Defendia-se que a responsabilidade do Estado dependia da distinção entre atos de gestão e atos
de império, influenciada pela teoria do fisco.

Os atos de império são aqueles praticados pelo Estado na posição de supremacia em relação ao particular,
em virtude da sua soberania. Para esta teoria, não poderia haver responsabilização estatal por atos de
império.

Já os atos de gestão são aqueles praticados pelo Estado quando despido de sua autoridade, atuando em
posição de igualdade com o particular. Neste caso, haveria responsabilização do Estado com base no Direito
Civil, dependendo da demonstração da culpa (em sentido amplo: culpa ou dolo) do agente público.

A alternativa D está incorreta. A teoria do risco administrativo (adotada como regra no ordenamento jurídico
brasileiro, responsabiliza o Ente Público de forma objetiva pelos danos que seus agentes causarem, atuando
nesta qualidade, a terceiros). A teoria admite a exclusão desta responsabilidade em alguns casos. As cláusulas
de exclusão apontadas em geral são: a) culpa exclusiva da vítima; b) culpa de terceiro; c) caso fortuito e força
maior. Há ainda uma outra causa que, embora não exclua a responsabilidade, faz com que esta seja reduzida
proporcionalmente, qual seja, a culpa concorrente da vítima.

Culpa exclusiva de terceiro (fato de terceiro): trata-se do dano causado pelo fato de um terceiro que não
possui vínculo jurídico com o Estado. Neste caso, também não há nexo causal entre conduta estatal e o dano
sofrido pela vítima. A responsabilização deve ser buscada em face do terceiro que causou o dano. O Estado
somente será responsabilizado se houver comprovação de falta do serviço, conforme estudaremos na
responsabilidade estatal por omissão. Assim, se tinha conhecimento da probabilidade do dano e possuía o
dever de agir, porém, se omitiu, poderá ser responsabilizado.

A alternativa E está incorreta. Para configuração da responsabilidade objetiva, é necessária a verificação de


três elementos: a) conduta; b) dano; c) nexo causal.

Nexo causal: é o vínculo entre a conduta e o dano. A relação de causa e efeito entre a conduta estatal e a
lesão sofrida pela vítima. Para explicar o nexo causal, foram criadas algumas teorias:

iv) Teoria da equivalência das condições (equivalência dos antecedentes causais ou conditio sine
qua non): para essa teoria, os antecedentes que contribuírem de qualquer forma para a lesão
devem ser considerados equivalentes e ensejadores de responsabilização. Para excluir o nexo
causal, seria necessário verificar que eliminação hipotética da conduta da cadeia de ações
manteria o resultado inalterado. Qualquer outra conduta que, uma vez eliminada, alterasse o
resultado lesivo, seja o eliminando ou reduzindo, deveria ser considerada como causa da lesão.

Essa teoria é muito criticada, tendo em vista que produz um regresso infinito do nexo de causalidade, o que
acarreta segurança jurídica (ex.: se uma determinada pessoa foi assassinada por envenenamento de um pão,
seria o caso de responsabilizar o padeiro que, caso não tivesse fabricado o pão, não haveria assassinato).

v) Teoria da causalidade adequada: considera como causa do dano apenas a conduta que, em
abstrato, seja a mais adequada a causar a lesão. Rompeu com a equivalência dos antecedentes,
considerando como causa apenas o antecedente com maior probabilidade de produzir o
resultado danoso.

cj.estrategia.com | 73
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

A crítica que se faz a essa teoria é responsabilizar alguém por um mero juízo de probabilidade e não de
certeza.

Teoria da causalidade direta e imediata: também pode ser denominada de teoria da interrupção do nexo
causal. Para essa teoria, os antecedentes não se equivalem, sendo que apenas o evento que se vincular direta
e imediatamente ao dano será considerado a sua causa. Trata-se da teoria consagrada no art. 403 do CC.

21. (CESPE / DP-DF / 2019) No que diz respeito a desvio e excesso de poder e à responsabilidade civil
do Estado, julgue o item subsecutivo.
É possível responsabilizar a administração pública por ato omissivo do poder público, desde que seja
inequívoco o requisito da causalidade, em linha direta e imediata, ou seja, desde que exista o nexo de
causalidade entre a ação omissiva atribuída ao poder público e o dano causado a terceiro.

Comentários

A assertiva está CORRETA. A assertiva apenas disse que é possível a responsabilização da Administração por
ato omissivo quando demonstrado o nexo causal entre conduta e dano, o que está correto. Não foi feito
qualquer juízo de valor acerca dos elementos da responsabilidade necessários para sua configuração.

Por outro lado, também está correta ao adotar a teoria dos danos diretos e imediatos como explicação do
nexo causal. A teoria da causalidade direta e imediata, também denominada de teoria da interrupção do
nexo causal, estabelece que os antecedentes não se equivalem, sendo que apenas o evento que se vincular
direta e imediatamente ao dano será considerado a sua causa. Trata-se da teoria consagrada no art. 403 do
CC.

22. (FUNDEP / DPE-MG / 2019) Analise as afirmativas a seguir sobre a responsabilidade civil do Estado
e dos agentes públicos.
I. Fulano sofreu danos materiais decorrentes de uma ação estatal. Nesse caso, a ação de reparação de danos,
fundada no art. 37, §6º, CR/88 pode ser ajuizada conjuntamente contra a pessoa jurídica de direito público
e o agente público envolvido.
II. O servidor público não pode ser punido na esfera administrativa se foi absolvido no juízo criminal.
III. Pela má execução da obra, a administração pública responde objetivamente, ao passo que, pelo “só fato
da obra”, a responsabilidade é subjetiva.
IV. A responsabilidade civil de um servidor público e a de um empregado de empresa privada concessionária
de serviço público, ambos no exercício de suas funções, é objetiva e subjetiva, respectivamente.
Nesse contexto pode-se afirmar:
a) Estão corretas I e IV, apenas.
b) Estão corretas II e III, apenas.
c) Estão corretas I, II, III e IV.
d) Todos os itens estão incorretos.

Comentários

cj.estrategia.com | 74
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

A assertiva I está ERRADA. No caso da ação judicial de reparação, deve ser proposta diretamente contra o
Ente Público. Não cabe ao particular lesado escolher se propõe a ação de reparação contra o Estado ou o
servidor, também não cabendo a propositura da ação em litisconsórcio passivo entre o Ente Público e o
agente público.

A assertiva II está ERRADA. O STF possui entendimento pacífico de que a sentença proferida no âmbito
criminal somente repercute na esfera administrativa quando reconhecida: a) a inexistência material do
fato; ou b) a negativa de sua autoria. Assim, se a absolvição ocorreu por ausência de provas, a administração
pública não está vinculada à decisão proferida na esfera penal. STF. 2ª Turma. RMS 32357/DF, Rel. Min.
Cármen Lúcia, julgado em 17/3/2020 (Info 970).

A assertiva III está ERRADA.

RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANO DE OBRA PÚBLICA


Espécie de dano Solução
a) Executada diretamente pelo Poder Público: Responsabilidade
civil objetiva;
Má execução da obra b) Executada por particular contratado: Responsabilidade subjetiva
do particular e responsabilidade subjetiva e subsidiária do
Estado.
Responsabilidade objetiva do Estado com base na repartição dos riscos
“Simples fato da obra”
sociais.

A assertiva IV está ERRADA. A responsabilidade de ambos é subjetiva, conforme art. 37, §6º, CF:

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços


públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Portanto,

A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Todas as assertivas estão erradas.

23. (FCC / DPE-AM / 2018 – Reaplicação) Carlos, servidor público municipal que atua em hospital da
rede pública estadual, no exercício regular de sua função, aplicou determinada medicação em um
paciente, que, sendo alérgico à mesma, acabou vindo a óbito. No procedimento instaurado para apuração
de responsabilidades, restou comprovada a ausência de culpa de Carlos, eis que o mesmo apenas seguiu
a prescrição do médico responsável, também servidor do mesmo hospital. Inconformados, os familiares
do falecido solicitaram à Defensoria Pública a adoção das medidas judiciais cabíveis para a
responsabilização civil pelos danos sofridos. Diante da situação narrada,
a) cabe a responsabilização objetiva do Estado, independentemente da comprovação de dolo ou culpa de
quaisquer dos servidores, sendo esta última circunstância necessária apenas para fins de direito de regresso.
b) o Estado somente poderá ser civilmente responsabilizado pelos danos sofridos pelos familiares se
comprovada a prestação deficiente do serviço, com a necessária delimitação da parcela de culpa de cada um
dos envolvidos.

cj.estrategia.com | 75
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

c) descabe a responsabilização do Estado, eis que configurada culpa exclusiva do servidor, caracterizada por
imperícia ou imprudência, respondendo este diretamente pelos danos causados.
d) incide a responsabilidade subjetiva e exclusiva do Estado, com base na teoria do risco administrativo,
cabendo, para tanto, a demonstração de omissão no dever de fiscalizar a atuação de seus agentes.
e) o Estado e o servidor responsável pela prescrição do medicamento respondem, solidariamente e de forma
objetiva, pelos danos causados, salvo se presente causa excludente de responsabilidade civil como, por
exemplo, culpa de terceiro.

Comentários

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. O fundamento legal da responsabilidade objetiva do


Estado se encontra no art. 37, §6º, CF:

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços


públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

O dispositivo citado estabeleceu a responsabilidade civil objetiva do Estado, sendo que este fica obrigado a
reparar os danos causados pelos seus agentes, atuando nesta qualidade, independentemente de
demonstração de culpa.

Por outro lado, a Lei Maior definiu a responsabilidade civil subjetiva e regressiva dos agentes públicos, que
só responderão regressivamente, caso o Estado seja condenado, se demonstrada a culpa ou dolo em sua
atuação.

A alternativa B está incorreta. Ver explicação da alternativa A.

A alternativa C está incorreta. Ver explicação da alternativa A.

A alternativa D está incorreta. Ver explicação da alternativa A.

A alternativa E está incorreta. Ver explicação da alternativa A. O servidor responde apenas de forma
secundária (regressiva) se comprovado dolo ou culpa.

Procurador

24. (FCC / PGE-GO / 2021) Considere que esteja em curso uma epidemia viral em determinada região
do país, atingindo quase a totalidade de um estado da federação e, consequentemente, ocasionando a
ocupação de mais de 95% dos leitos hospitalares, públicos e privados. Nessa situação, um paciente que
fora internado na rede hospitalar pública, por outras razões, veio a contrair a doença, evoluindo a óbito.
Pretende a família da vítima ajuizar ação de indenização contra o estado responsável pela gestão da
unidade hospitalar, sendo necessária, para a procedência do feito,
A) a demonstração de que o paciente obedeceu às normas sanitárias do hospital, o que será suficiente para
configurar a culpa in vigilando da Administração em relação aos agentes que atuam no ambiente hospitalar.

cj.estrategia.com | 76
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

B) a demonstração do nexo de causalidade entre a omissão estatal e o falecimento do paciente,


demonstrando que a administração da unidade hospitalar falhou em adotar medidas de proteção capazes
de evitar o contágio.

C) o liame de causalidade entre o ato de terceiro, que não a vítima, e os danos por ela experimentados, sob
pena de se configurar hipótese de exclusão de responsabilidade.

D) a mera prova de que o paciente adentrou o hospital por outras razões, visto que se aplica, no caso, a
teoria da responsabilidade integral em relação à prestação de serviço público essencial.

E) a prova da culpa específica do agente público responsável pela gestão da unidade hospitalar, de modo a
configurar culpa in eligendo da Administração pública.

Comentários

A alternativa B está a correta, sendo, portanto, nosso gabarito. Na jurisprudência dos tribunais superiores
também há relativa divergência. Para o STJ, a responsabilidade civil do Estado por omissão deve ser sempre
subjetiva, fundamentada na teoria da culpa anônima. O STF, por sua vez, distingue o seu posicionamento em
duas situações. Quando se tratar de uma omissão específica, a responsabilidade seria objetiva, enquanto no
caso das omissões genéricas, a responsabilidade deve ser subjetiva com base na culpa anônima.

Para configuração da responsabilidade civil do Estado, neste caso, é necessário demonstrar os requisitos da
responsabilidade civil por omissão. A banca entendeu que deveria ser aplicada a responsabilidade subjetiva,
com base na culpa anônima. De acordo com esta teoria, além de demonstrar a conduta omissiva estatal, o
dano e o nexo de causalidade, deve haver a demonstração de uma das seguintes situações:

a) serviço foi mal prestado (não funcionou);


b) serviço foi prestado de forma ineficiente (funcionou mal);
c) serviço prestado com atraso (funcionou com atraso).

Por isso se chama de culpa anônima, pois não precisa identificar o agente culpado nem demonstrar a sua
culpabilidade.

A alternativa A está incorreta. Ver resolução da alternativa B.

A alternativa C está incorreta. Em verdade, conforme observamos, não é necessária a demonstração de um


ato em si. A omissão também poderá configurar responsabilidade civil do Estado, nos casos admitidos pela
jurisprudência. Assim, o erro da alternativa está em afirmar a necessidade de demonstração de um ato de
terceiro.

A alternativa D está incorreta. A responsabilidade objetiva decorre da teoria objetiva, também conhecida
como teoria do risco. Essa teoria abarca duas espécies, quais sejam, a teoria do risco administrativo e a teoria
do risco integral.

A teoria do risco, como gênero, estabelece que o Estado, em razão das suas atividades, deve arcar com um
risco maior, respondendo quando verificado o dano na prática. Essa responsabilidade independe da

cj.estrategia.com | 77
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

demonstração de culpa ou dolo do agente ou de culpa do serviço, tendo em vista que decorre diretamente
dos riscos assumidos pela Administração.

a) Teoria do risco administrativo

Essa teoria, adotada como regra no ordenamento jurídico brasileiro, responsabiliza o Ente Público de forma
objetiva pelos danos que seus agentes causarem, atuando nesta qualidade, a terceiros.

No entanto, admite a exclusão da responsabilidade em determinadas situações em que seja verificada a


exclusão de algum dos elementos desta responsabilidade, tais como a culpa exclusiva da vítima, a culpa
exclusiva de terceiro, o caso fortuito e a força maior.

b) Teoria do risco integral

Já para a teoria do risco integral, a responsabilidade do Estado também é objetiva, porém, não admite
exclusão da responsabilidade. Verificado o dano e o nexo causal, surge para a Administração Pública o dever
de indenizar o particular.

Trata-se da responsabilidade absoluta do Estado pelos danos causados no território nacional, tendo em vista
que parte da premissa do Estado como “garantidor universal”.

A teoria do risco administrativo foi adotada como a regra do ordenamento jurídico brasileiro. No
entanto, excepcionalmente, o ordenamento jurídico admite a aplicação da teoria do risco
integral, como nos danos ambientais e nucleares.

No caso, não se aplica a teoria do risco integral, pois não se enquadra nas hipóteses excepcionais do
ordenamento jurídico.

A alternativa E está incorreta. Conforme observado, a responsabilidade civil do estado por omissão é
informada pela teoria da culpa anônima, não sendo necessário identificar dolo ou culpa do agente público
nem mesmo culpa in eligendo por parte da Administração, bastando a demonstração de que a) serviço foi
mal prestado (não funcionou); b) serviço foi prestado de forma ineficiente (funcionou mal); c) serviço
prestado com atraso (funcionou com atraso).

25. (CEBRASPE / PGE-AL / 2021) Em determinado estado da Federação, um preso ajuizou ação contra
o Estado, requerendo indenização por ressarcimento de danos, inclusive morais, em razão da insuficiência
de condições legais de encarceramento. Nessa situação hipotética, a ação poderá ser julgada

a) improcedente, pois o Estado seria responsável apenas em caso de falta total de condições legais de
encarceramento.

b) procedente quanto aos danos materiais, se for provado o nexo causal das alegações, e improcedente
quanto aos danos morais.

c) improcedente, pois, conforme a jurisprudência do STF, não há responsabilidade do Estado por


insuficiência ou falta de condições carcerárias.

cj.estrategia.com | 78
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

d) improcedente quanto ao dano moral individual, pois a sua possibilidade só se configuraria no âmbito
coletivo.

e) procedente quanto aos danos materiais e morais, se ficar provado o nexo causal das alegações.

Comentários

A alternativa E está correta e corresponde ao nosso gabarito

Conforme a jurisprudência do STF:

STF: É dever do Estado manter em seus presídios padrões mínimos de humanidade previstos no
ordenamento jurídico (art. 5º, XLIX, CF). Desta forma, deve indenizar os presos pelos danos sofridos,
inclusive morais, desde que comprovados, em razão da falta ou insuficiência das condições legais de
encarceramento. Como é dever do Estado promover condições mínimas de humanidade, quando isto
não é implementado há omissão específica, sendo a responsabilidade objetiva (RE 580252, Relator(a):
Min. TEORI ZAVASCKI, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em
16/02/2017).

A alternativa A está incorreta porque não se exige a falta total de condições legais de encarceramento. O
que se exige é a falta ou insuficiência das condições legais, podendo ser total ou parcial.
A alternativa B está incorreta porque a pretensa indenização abrange tanto os danos materiais quanto os
danos morais.
A alternativa C está incorreta e prevê exatamente o contrário do entendimento proferido pelo STF no
julgamento do RE 580252.
A alternativa D está incorreta vez que a decisão do STF não prevê que só será cabível o dano moral coletivo.
A Corte prevê, apenas, que o dano moral será devido, sem distinguir se individual ou coletivo.
26. (VUNESP / PGM-Jundiaí / 2021) No que diz respeito à responsabilidade do Estado por atos
legislativos, é correto afirmar que

(A) com base no princípio da separação de poderes, o STF já assentou que o Estado não pode ser
responsabilizado por atos legislativos.

(B) o Supremo Tribunal Federal adotou o entendimento de que lei declarada inconstitucional em ação direta
não enseja a responsabilidade estatal.

(C) o fundamento jurídico que autoriza a condenação do Estado por atos legislativos é a teoria do risco
integral.

(D) a responsabilidade estatal por atos legislativos somente é admitida quando haja previsão de indenização
expressa na própria norma.

(E) há possiblidade de responsabilizar o Estado em decorrência da edição de lei de efeitos concretos que
cause prejuízos a terceiros.

cj.estrategia.com | 79
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Gabarito: E

Comentários

A alternativa A está incorreta. O STF admite a responsabilidade por ato legislativo.

"ADMINISTRATIVO. CRUZADOS NOVOS BLOQUEADOS. MP N. 168/90. LEI N. 8.024/90.


CORREÇÃO MONETÁRIA. BTNF. DANO MORAL. RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATO LEGISLATIVO.
AUSÊNCIA DE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI. NÃO-CABIMENTO. 1.
Consolidado está, no âmbito do STJ, o entendimento de que a correção dos saldos bloqueados
transferidos ao Bacen deve ser feita com base no BTNF. Precedentes. 2. Apenas se admite a
responsabilidade civil por ato legislativo na hipótese de haver sido declarada a
inconstitucionalidade de lei pelo Supremo Tribunal Federal em sede de controle concentrado. 3.
Recurso especial provido."

(RESP 571645, rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, SEGUNDA TURMA, DJ


DATA:30/10/2006)

A alternativa B está incorreta. STF já decidiu "Cabe responsabilidade civil pelo desempenho inconstitucional
da função de legislar".

“Apesar da divergência quanto ao plano e quanto à carga eficacial da decisão de


inconstitucionalidade, a segunda corrente parece fazer mais sentido, à luz da teoria geral da
responsabilidade civil do Estado, mas com algumas considerações se fazendo necessárias tanto
sobre a inconstitucionalidade quanto sobre a decisão judicial pertinente. Inconstitucional é o ato
que não atende aos requisitos de validade inscritos na Constituição e cujas consequências podem
ou não ser a fulminação do ato. O STF (RE 226.643, RE 153.464, Inq 3.932) já se manifestou sobre
a viabilidade de responsabilizar o Estado por lei inconstitucional, desde que não haja modulação
dos efeitos da decisão, sendo este um critério crucial para o pleito indenizatório. Calham dois
arestos ilustrativos: no primeiro, o STF (RE 153.464) apreciou caso no qual fixou entendimento
de que "O Estado responde civilmente por danos causados aos particulares pelo desempenho
inconstitucional da função de legislar"; no segundo caso, também analisado pela Corte
Constitucional brasileira (RE 158.962), constou no teor da ementa que "Cabe responsabilidade
civil pelo desempenho inconstitucional da função de legislar".14

A alternativa C está incorreta. A teoria do risco integral não admite excludente de responsabilidade.

A alternativa D está incorreta. Não há tal exigência.

14
https://www.migalhas.com.br/coluna/migalhas-de-responsabilidade-civil/341102/responsabilidade-civil-do-estado-por-leis-
inconstitucionais

cj.estrategia.com | 80
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

A alternativa E está correta e é o gabarito da questão.

27. (FUNDEP / PGM-CONTAGEM-MG / 2019) Analise a situação a seguir. Dirigindo a serviço um veículo
oficial, um motorista servidor público municipal colide em um carro particular, ocasionando estragos em
ambos os carros, sem que haja vítimas. Nessa situação hipotética, analisando a responsabilidade civil do
estado em relação ao particular, é correto afirmar:
a) Não se aplica a responsabilidade objetiva prevista no art. 37, i 6| , da Constituição da República, pois o
dano não foi causado por um ato administrativo, mas sim por um fato.
b) A responsabilidade é subjetiva e recai sobre o servidor público motorista, que agiu com imprudência e
imperícia no desempenho da função.
c) O município responde de maneira objetiva pelo prejuízo decorrente da colisão, sofrido pelo particular
podendo cobrar do servidor o valor desembolsado em ação de regresso.
d) Aplica-se a teoria do risco administrativo, pois o servidor condutor do veículo estava dirigindo a serviço e
não pode ser responsabilizado pelo exercício de suas funções.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Não importa se o caso é de ato ou fato administrativo. Importa perceber que
houver conduta do agente público que causou o dano (nexo causal). Presentes esse elementos, a
responsabilidade é objetiva.

A alternativa B está incorreta. A Lei Maior definiu a responsabilidade civil subjetiva e regressiva dos agentes
públicos, que só responderão regressivamente, caso o Estado seja condenado, se demonstrada a culpa ou
dolo em sua atuação.

O enunciado não deu elementos aptos a demonstrar a responsabilidade subjetiva do agente público. Além
disso, para que possa sofrer a ação regressiva, é necessário que o Estado seja condenado por decisão
transitada em julgado e tenha efetivamente pago a indenização.

A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. O fundamento legal da responsabilidade objetiva do


Estado se encontra no art. 37, §6º, CF:

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços


públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Para configuração da responsabilidade objetiva, é necessária a verificação de três elementos: a) conduta; b)


dano; c) nexo causal.

No caso, estão presentes os elementos da responsabilidade civil do Estado, devendo este responder
objetivamente pelos danos.

A alternativa D está incorreta. A Lei Maior definiu a responsabilidade civil subjetiva e regressiva dos agentes
públicos, que só responderão regressivamente, caso o Estado seja condenado, se demonstrada a culpa ou
dolo em sua atuação, ou seja, o servidor responde sim pelo exercício de suas funções.

cj.estrategia.com | 81
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Quanto à teoria do risco administrativo, de fato é a teoria aplicável ao caso e consiste na responsabilização
do Ente Público de forma objetiva pelos danos que seus agentes causarem, atuando nesta qualidade, a
terceiros, admitindo a exclusão da responsabilidade em determinadas situações em que seja verificada a
exclusão de algum dos elementos desta responsabilidade, tais como a culpa exclusiva da vítima, a culpa
exclusiva de terceiro, o caso fortuito e a força maior.

28. (VUNESP / PGM-GUARATINGUETÁ-SP / 2019) Considere que Mário, habitante do Município Y, no


dia 01 de setembro de 2016, trafegava obedecendo às regras de trânsito em uma estrada da cidade às 19
horas quando seu veículo se chocou com um animal de grande porte que estava no meio da pista. Em
decorrência do acidente, Mário ficou tetraplégico. De acordo com o entendimento do Superior Tribunal
de Justiça, é correto afirmar que
a) Mário não poderá mais ajuizar ação de responsabilidade civil em face do Município, pois o prazo
prescricional para tal demanda é de 03 (três) anos que começou a correr na data do acidente.
b) se configura a responsabilidade civil do Estado por omissão, havendo nexo causal entre o acidente e a
conduta estatal, consubstanciada no dever de fiscalizar as estradas e de impedir que animais fiquem soltos
em suas imediações e invadam a pista.
c) se trata de hipótese de caso fortuito e, consequentemente, o Município Y não poderá ser responsabilizado
pelo acidente sofrido por Mário.
d) o Município Y não poderá ser responsabilizado pelo acidente sofrido por Mário, pois o ente público não
possui meios eficazes de impedir a passagem de um animal nas estradas.
e) se configura hipótese de força maior, excludente do nexo causal, e o Município Y não será responsabilizado
pelo acidente sofrido por Mário.

Comentários

A alternativa A está incorreta. A prescrição é a extinção da pretensão de ressarcimento pelo decurso do


tempo fixado na lei. A prescrição da ação de reparação proposta pela vítima em face do Ente Público é de 5
(cinco) anos, a teor do art. 1º, do Decreto 20.910/32, art. 2º do Decreto-Lei 4.597/42 e art. 1º-C da Lei
9.494/97).

Decreto 20.910/1932:

Art. 1| As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer
direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza,
prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem.

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Reconhecido que o acidente ocorreu em Rodovia
Federal, em razão da presença de animal transitando na pista, situação que denotaria negligência na
manutenção e fiscalização pelo DNIT, além de não haver nos autos quaisquer indícios de culpa exclusiva da
vítima e de força maior. Não há que se falar no afastamento da Responsabilidade Civil do Ente Estatal, isso
porque é dever do Estado promover vigilância ostensiva e adequada, proporcionando segurança possível
àqueles que trafegam pela rodovia. Trata-se, desse modo, de valoração dos critérios jurídicos concernentes
à utilização da prova e à formação da convicção, e não de reexame do contexto fático-probatório dos autos.
Assim, há conduta omissiva e culposa do Ente Público, caracterizada pela negligência, apta a responsabilizar

cj.estrategia.com | 82
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

o DNIT, nos termos do que preceitua a teoria da Responsabilidade Civil do Estado, por omissão (AgInt no
AgInt no REsp. 1.631.507/CE).

A alternativa C está incorreta. Ver comentários da alternativa B.

A alternativa D está incorreta. Ver comentários da alternativa B.

A alternativa E está incorreta. Ver comentários da alternativa B.

29. (VUNESP / PGM-SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP / 2019) Sobre a responsabilidade civil do Estado,
assinale a alternativa que está de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.
a) Nas ações indenizatórias decorrentes da responsabilidade civil objetiva do Estado, é obrigatória a
denunciação à lide.
b) A responsabilidade civil pelo dano ambiental é subjetiva e subsidiária, mormente quando há omissão do
dever de controle e de fiscalização por parte do ente público.
c) O Estado responde subjetivamente pela integridade física de detento em estabelecimento prisional.
d) O Estado responde civilmente por atos ilícitos praticados por foragidos do sistema penitenciário, ainda
que os danos não decorram direta ou imediatamente do ato de fuga.
e) Em caso de ato ilícito cometido por agente público, o termo inicial do prazo prescricional para ajuizamento
de ação indenizatória em face do Estado se dá a partir do trânsito em julgado da sentença penal
condenatória.

Comentários

A alternativa A está incorreta. O entendimento majoritário é de que a denunciação à lide do agente público
é vedada, uma vez que promoveria uma ampliação subjetiva e objetiva do processo. Subjetiva, pois seria
acrescentada uma nova parte e objetiva, pois seria acrescentada uma nova discussão de mérito, qual seja, a
culpa do agente.

No entanto, a par de não existirem decisões recentes sobre o tem nos Tribunais Superiores, o STJ já decidiu
pela possibilidade de denunciação à lide do agente público, deixando claro que se trata de uma faculdade da
Administração Pública, e não de uma obrigação, podendo optar por ingressar com uma ação de regresso
autônoma.

Logo, adotando-se qualquer dos dois entendimentos acima a alternativa estaria errada.

A alternativa B está incorreta. O STJ possui entendimento consolidado de que a responsabilidade civil por
dano ambiental é objetiva e informada pelo risco integral, seja para a Administração Pública, seja para o
particular, não importando se a poluição foi comissiva ou omissiva, direta ou indireta (STJ, REsp
1374284/MG). Além disso, a responsabilidade é solidária entre todos os participantes no dano. No entanto,
a responsabilidade do Estado quando considerado poluidor indireto (omissão em fiscalizar, por exemplo) é
solidária, porém, de execução subsidiária, ou seja, somente haverá execução contra o Estado após a
tentativa frustrada de execução do particular que provocou o dano de forma direta.

cj.estrategia.com | 83
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

A alternativa C está incorreta. É objetiva a responsabilidade da adm. por morte de detento pois se trata de
omissão específica de observância do dever do art. 5º, XLIX, CF e do dever de custódia. Poderá ser excluída
se comprovar que a morte ocorreria de qualquer maneira, pois exclui o nexo causal e a responsabilidade
objetiva do Estado é fundamentada na teoria do risco administrativo (RE 841526/RS, rel. Min. Luiz Fux,
30.3.2016).

A alternativa D está incorreta. O Estado não responde civilmente por atos ilícitos praticados por foragidos
do sistema penitenciário, salvo quando os danos decorrem direta ou imediatamente do ato de fuga (AgRg
no AREsp 173291/PR).

A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. O termo inicial da prescrição para o ajuizamento de
ações de responsabilidade civil em face do Estado por ilícitos praticados por seus agentes é a data do trânsito
em julgado da sentença penal condenatória (AgRg no REsp 1536911/PE).

30. (IBFC / PGM-CABO DE SANTO AGOSTINHO-PE / 2019) A Responsabilidade Civil do Estado tem suas
principais diretrizes estabelecidas pela Constituição Federal. Sobre o assunto, assinale a alternativa
correta.
a) Pessoas jurídicas de direito privado não podem responder objetivamente pelos danos que causarem a
terceiros
b) Não há hipótese de responsabilidade do Estado por erro judiciário
c) O ordenamento pátrio adota a teoria da culpa administrativa para a Responsabilidade Civil do Estado
d) É assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa

Comentários

A alternativa A está incorreta. De acordo com o art. 37, §6º, CF, estão sujeitas à responsabilidade objetiva
as seguintes pessoas:

a) Pessoas jurídicas de direito público (Entes Federados, autarquias e fundações públicas de direito
público);
b) Pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos (empresas públicas e sociedades
de economia mista quanto prestadoras de serviços públicos e concessionárias ou permissionárias de
serviços públicos).

A alternativa B está incorreta. Em regra, prevalece o entendimento doutrinário e jurisprudencial pela


ausência de responsabilidade civil do Estado por atos tipicamente jurisdicionais

Entretanto, é apontada uma situação excepcional, em que será possível a responsabilidade civil do estado
por ato jurisdicional: trata-se da situação prevista no art. 5º, LXXV, da CF, que dispõe o seguinte:

Art. 5º (...) LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar
preso além do tempo fixado na sentença;

Desta forma, o dispositivo aponta duas hipóteses em que o estado pode ser condenado a indenizar o
particular por ato jurisdicional, havendo mais uma apontada pela doutrina:

cj.estrategia.com | 84
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

a) Erro judiciário;
b) Prisão além do tempo fixado em sentença;
c) Demora na prestação jurisdicional.

A alternativa C está incorreta. A teoria adotada como regra no ordenamento jurídico brasileiro é a teoria do
risco administrativo, que responsabiliza o Ente Público de forma objetiva pelos danos que seus agentes
causarem, atuando nesta qualidade, a terceiros.

No entanto, admite a exclusão da responsabilidade em determinadas situações em que seja verificada a


exclusão de algum dos elementos desta responsabilidade, tais como a culpa exclusiva da vítima, a culpa
exclusiva de terceiro, o caso fortuito e a força maior.

A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. A ação judicial de regresso a ser proposta em face do
agente público causador do dano possui os seguintes requisitos:

a) Condenação transitada em julgado do Ente Público;


b) Efetivo pagamento de indenização à vítima;
c) Culpa ou dolo do agente público.

31. (CESPE / PGE-AM / 2018) A respeito do entendimento do STJ sobre a responsabilidade civil do
Estado, julgue o item seguinte.
A existência de causa excludente de ilicitude penal não impede a responsabilidade civil do Estado pelos danos
causados por seus agentes.

Comentários

A assertiva está CORRETA. A Administração Pública pode responder civilmente pelos danos causados por
seus agentes, ainda que estes estejam amparados por causa excludente de ilicitude penal (REsp
1266517/PR).

Isto porque para a responsabilização penal exige-se uma culpabilidade muito mais acentuada do que a
responsabilidade cível, além de sempre depender da demonstração do dano ou culpa do autor do fato, o
que não ocorre na responsabilidade objetiva do Estado.

32. (VUNESP / UNIFAI – Procurador / 2019) Suponha que João, servidor público, estava conduzindo
durante o horário de expediente veículo oficial quando colidiu, culposamente, com o carro de Maria. Com
o objetivo de receber indenização pelos prejuízos suportados, Maria ajuizou ação em face do Município,
na qual lhe é reconhecido o direito ao recebimento de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), correspondente à
quantia gasta com o conserto do automóvel. Considerando que o ato praticado por João não está tipificado
como crime ou improbidade administrativa, assinale a alternativa correta.
a) A pretensão de ressarcimento do Município em face de João prescreve em 5 (cinco) anos.
b) A pretensão de ressarcimento do Município em face de João prescreve em 3 (três) anos.
c) A pretensão de ressarcimento do Município em face de João é imprescritível.
d) A pretensão de ressarcimento do Município em face de João prescreve em 10 (dez) anos.

cj.estrategia.com | 85
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

e) O Município não dispõe de pretensão de ressarcimento em face de João.

Comentários

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. A banca adotou o entendimento do STJ quanto ao
prazo prescricional da ação de regresso.

No entanto, há divergência entre os juristas. Parcela da doutrina entende ser de 3 (três) anos, na forma do
art. 206, i 3| , V, CC.

Por outro lado, o STJ já se posicional no sentido de que esse prazo é de 5 (cinco) anos, em razão do princípio
da isonomia, uma vez que o prazo prescricional para que o particular busque indenização em face da
Administração é quinquenal, na forma do art. 1º, Decreto 20.910/32.

O aluno deve tomar cuidado nas provas objetivas e, nas provas discursivas, explicar os dois entendimentos.

A alternativa B está incorreta. Ver comentários da alternativa A.

A alternativa C está incorreta. São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática
de ato doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa (RE 852475/SP). Já as demais ações de
ressarcimento, inclusive por ato de improbidade praticado de forma culposa, são prescritíveis.

Como o caso é de responsabilidade por ilícito civil comum, a ação de ressarcimento é prescritível.

A alternativa D está incorreta. Ver comentários da alternativa A.

A alternativa E está incorreta. a Lei Maior definiu a responsabilidade civil subjetiva e regressiva dos agentes
públicos, que só responderão regressivamente, caso o Estado seja condenado, se demonstrada a culpa ou
dolo em sua atuação.

33. (CESPE / TCE-RO – Procurador do MPC / 2019) Considere as seguintes situações hipotéticas.
I João, agente de uma fundação pública de direito público, no exercício de suas funções, causou dano a
terceiro.
II Pedro, agente de sociedade de economia mista exploradora de atividade econômica, no exercício de suas
funções, causou dano a terceiro.
III Antônio, agente de empresa privada prestadora de serviços públicos, no exercício de suas funções, causou
dano a terceiro.
Assinale a opção que apresenta, na ordem em que aparecem, as formas de responsabilidades das referidas
pessoas jurídicas pelos danos causados por João, Pedro e Antônio.
a) objetiva / objetiva / objetiva
b) objetiva / objetiva / subjetiva
c) objetiva / subjetiva / objetiva
d) subjetiva / objetiva / objetiva

cj.estrategia.com | 86
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

e) subjetiva / subjetiva / objetiva

Comentários

A alternativa A está incorreta. Ver comentários da alternativa C.

A alternativa B está incorreta. Ver comentários da alternativa C.

A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. De acordo com o art. 37, §6º, CF, estão sujeitas à
responsabilidade objetiva as seguintes pessoas:

a) Pessoas jurídicas de direito público (Entes Federados, autarquias e fundações públicas de direito
público);
b) Pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos (empresas públicas e sociedades
de economia mista quanto prestadoras de serviços públicos e concessionárias ou permissionárias de
serviços públicos).

Perceba que a situação das empresas estatais é peculiar e varia a depender da atividade explorada:

EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA


Prestadora de serviços públicos Responsabilidade objetiva
Exploradora de atividade econômica Responsabilidade subjetiva

No caso da questão, João integra pessoa jurídica de Direito Público (resp. objetiva), Pedro integra empresa
estatal exploradora de atividade econômica (resp. subjetiva) e Antônio pessoa privada prestadora de
serviços públicos (resp. objetiva).

A alternativa D está incorreta. Ver comentários da alternativa C.

A alternativa E está incorreta. Ver comentários da alternativa C.

34. (VUNESP / CM-INDAIATUBA-SP – Procurador / 2019) Fulano dos Santos foi visitar sua sogra em
Indaiatuba e deixou o carro estacionado na rua. Quando retornou, o carro não estava mais lá. Ele acionou
a polícia, que registrou a ocorrência e desde então não mais teve notícias do paradeiro de seu veículo.
Diante disso, assinale a alternativa correta
a) O Estado responde por omissão na segurança pública, pois não evitou a ocorrência do crime.
b) O Município de Indaiatuba deve indenizá-lo, pois o furto foi praticado no Município.
c) Não cabe indenização porque a responsabilidade, nos casos de omissão, é de natureza subjetiva, devendo
ser comprovada a culpa do ente público.
d) O Estado e o Município respondem objetivamente e de forma solidária pelo furto do veículo.
e) Somente o Estado deve responder de forma objetiva, pois há nexo de causalidade entre a falha na
segurança pública, que é de responsabilidade do Estado, e o crime que vitimou Fulano dos Santos.

Comentários

cj.estrategia.com | 87
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

A alternativa A está incorreta. Para o STJ, tal como para a 2ª corrente doutrinária, a responsabilidade civil
do Estado por omissão deve ser sempre subjetiva, fundamentada na teoria da culpa anônima. O STF, por sua
vez, distingue o seu posicionamento em duas situações. Quando se tratar de uma omissão específica, a
responsabilidade seria objetiva, enquanto no caso das omissões genéricas, a responsabilidade deve ser
subjetiva com base na culpa anônima.

A omissão especifica se caracteriza nos casos em que a Administração Pública possui um dever específico de
agir para evitar o dano. Essa hipótese tem sido reconhecida de forma recorrente nos casos em que o Estado
possui o lesado sob a sua guarda ou custódia, tais como os estudantes em escolas públicas e os presos sob
custódia do Estado. Essa responsabilidade por pessoas sob sua guarda somente pode ser excluída se
comprovado que o Estado não tinha como evitar o dano, sendo que esse ônus da prova cabe à Administração
Pública.

Em qualquer dos casos, é necessária a comprovação do nexo causal, o que não há nesta situação, tendo em
vista que o dano ocorreu por culpa de terceiro ou caso fortuito.

A alternativa B está incorreta. Não foi adotada, como regra, a teoria do risco integral no ordenamento
brasileiro. Para esta teoria, a responsabilidade do Estado também é objetiva, porém, não admite exclusão
da responsabilidade. Verificado o dano e o nexo causal, surge para a Administração Pública o dever de
indenizar o particular.

Trata-se da responsabilidade absoluta do Estado pelos danos causados no território nacional, tendo em vista
que parte da premissa do Estado como “garantidor universal”.

No caso, haverá exclusão da responsabilidade pela demonstração da culpa de terceiro ou caso fortuito, o
que descaracteriza o nexo causal.

A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Para o STJ, tal como para a 2ª corrente doutrinária, a
responsabilidade civil do Estado por omissão deve ser sempre subjetiva, fundamentada na teoria da culpa
anônima. O STF, por sua vez, distingue o seu posicionamento em duas situações. Quando se tratar de uma
omissão específica, a responsabilidade seria objetiva, enquanto no caso das omissões genéricas, a
responsabilidade deve ser subjetiva com base na culpa anônima.

Qualquer dos entendimentos adotado, deveria ser comprovada a culpa anônima do Ente Público, uma vez
que a omissão do Município, no caso, é genérica e não específica, o que torna a alternativa correta.

A alternativa D está incorreta. Nenhum dos dois Entes Federados deve responder pelo dano, conforme
explicação da alternativa A.

A alternativa E está incorreta. Nenhum dos dois Entes Federados deve responder pelo dano, conforme
explicação da alternativa A.

35. (CESPE / MPC-PA – Procurador do MPC / 2019) A respeito da responsabilidade civil extracontratual
do Estado, assinale a opção correta à luz do entendimento da doutrina e dos tribunais superiores.
a) Conforme entendimento do STF, a responsabilidade civil do Estado por atos de notários e oficiais de
registro que, nessa qualidade, causarem danos a terceiros é direta, primária e objetiva.

cj.estrategia.com | 88
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

b) De acordo com o entendimento doutrinário predominante, o direito brasileiro acolheu a teoria da


irresponsabilidade do Estado.
c) A culpa concorrente da vítima, o fato de terceiro e a força maior são causas excludentes do nexo de
causalidade.
d) Não há responsabilidade civil do Estado por danos decorrentes de atos normativos, mesmo quando se
tratar de leis de efeitos concretos.
e) Segundo entendimento do STJ, a imprescritibilidade da pretensão de recebimento de indenização
decorrente de atos de tortura ocorridos durante o regime militar de exceção não alcança as ações por danos
materiais.

Comentários

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão.” Repercussão geral constitucional que assenta a tese
objetiva de que: o Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que,
no exercício de suas funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o
responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa (RE 842846).

A alternativa B está incorreta. A teoria da irresponsabilidade era marca dos estados absolutistas e nunca
chegou a ser adotada no Brasil.

A alternativa C está incorreta. A culpa concorrente não é uma hipótese de exclusão da responsabilidade do
Estado, mas apenas de redução desta. Isto porque não exclui o nexo de causalidade, tendo em vista que o
Estado contribuiu para a ocorrência do dano.

Ocorre, no entanto, que a vítima também contribuiu, com sua conduta, para que o dano ocorresse. Neste
caso, o Estado deve responder na medida da sua contribuição para o dano (art. 945, CC).

A alternativa D está incorreta. A doutrina e a jurisprudência possuem entendimento pacífico de que, em


regra, não há responsabilidade civil do Estado por atos legislativos. O principal fundamento para esta
conclusão é que as leis são atos de caráter geral, abstrato e erga omnes, não ensejando a produção de
efeitos individualizados. São atos dirigidos à sociedade ou a uma comunidade específica, e não direcionados
a particulares individualizados.

Entretanto, a doutrina aponta três casos em que os atos legislativos podem acarretar a responsabilização
estatal: a) leis inconstitucionais; b) leis de efeitos concretos; e c) omissão legislativa.

A alternativa E está incorreta. As ações indenizatórias decorrentes de violação a direitos fundamentais


ocorridas durante o regime militar são imprescritíveis, não se aplicando o prazo quinquenal previsto no art.
1| do Decreto n. 20.910/1932 (AgRg no REsp 1479984/RS). Não há qualquer distinção entre dano moral ou
material. A imprescritibilidade se aplica para qualquer dano sofrido.

36. (FAFIPA / PGM-FOZ DO IGUAÇU-PR / 2019) Assinale a alternativa CORRETA, em relação à


responsabilidade civil do Estado.
a) A responsabilidade objetiva do Estado existe em qualquer hipótese de dano, inclusive decorrente de força
maior e caso fortuito.

cj.estrategia.com | 89
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

b) Na hipótese de falha do serviço público prestado pelo Estado, é desnecessária a comprovação do nexo de
causalidade entre a ação omissiva atribuída à Administração Pública e o dano causado a terceiro.
c) As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
d) De acordo com a teoria do risco integral, para configuração da responsabilidade estatal, é imprescindível
a existência da ilicitude do ato lesivo.
e) O prazo de prescrição do direito de obter indenização pelos danos causados por agentes de pessoa jurídica
de direito privado prestadoras de serviços públicos é de dez anos.

Comentários

A alternativa A está incorreta. A teoria do risco administrativo, adotada como regra no ordenamento
jurídico brasileiro, responsabiliza o Ente Público de forma objetiva pelos danos que seus agentes causarem,
atuando nesta qualidade, a terceiros.

No entanto, admite a exclusão da responsabilidade em determinadas situações em que seja verificada a


exclusão de algum dos elementos desta responsabilidade, tais como a culpa exclusiva da vítima, a culpa
exclusiva de terceiro, o caso fortuito e a força maior.

A alternativa B está incorreta. Em qualquer caso deve ser demonstrado o nexo de causalidade entra a
conduta do agente público e o dano sofrido pela vítima.

A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. É o que dispõe o art. 37, §6º, CF:

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços


públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

A alternativa D está incorreta. para a teoria do risco integral, a responsabilidade do Estado também é
objetiva, porém, não admite exclusão da responsabilidade. Verificado o dano e o nexo causal, surge para a
Administração Pública o dever de indenizar o particular.

Trata-se da responsabilidade absoluta do Estado pelos danos causados no território nacional, tendo em vista
que parte da premissa do Estado como “garantidor universal”, ou seja, não importa se o ato do agente
público foi lícito ou ilícito.

A alternativa E está incorreta. A prescrição é a extinção da pretensão de ressarcimento pelo decurso do


tempo fixado na lei. A prescrição da ação de reparação proposta pela vítima em face do Ente Público é de 5
(cinco) anos, a teor do art. 1º, do Decreto 20.910/32, art. 2º do Decreto-Lei 4.597/42 e art. 1º-C da Lei
9.494/97).

Decreto 20.910/1932:

cj.estrategia.com | 90
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Art. 1| As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer
direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza,
prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem.

37. (CESPE / PGM-BOAVISTA-RR / 2019) Julgue o item a seguir, acerca das disposições constitucionais
a respeito de direito administrativo.
Um município poderá ser condenado ao pagamento de indenização por danos causados por conduta de
agentes de sua guarda municipal, ainda que tais danos tenham decorrido de conduta amparada por causa
excludente de ilicitude penal expressamente reconhecida em sentença transitada em julgado.

Comentários

A assertiva está CORRETA. A Administração Pública pode responder civilmente pelos danos causados por
seus agentes, ainda que estes estejam amparados por causa excludente de ilicitude penal (REsp
1266517/PR).

38. (NC-UFPR / PGM-CURITIBA-PR / 2019) O Brasil é um país pioneiro na matéria responsabilidade civil
do Estado. Ainda que por força jurisprudencial e doutrinária, o tema desenvolveu-se sobremaneira no país.
As lacunas do ordenamento positivo formal, todavia, acabaram por propiciar certa insegurança,
decorrente da variedade de teses e teorias que são encontradas nessa seara. Considerando esse contexto,
assinale a alternativa correta.
a) Tanto a doutrina como a jurisprudência não estão pacificadas, no Brasil, no tocante ao estabelecimento
do regime jurídico da responsabilidade civil estatal por omissão, que ora é entendida como objetiva, ora
como subjetiva.
b) A responsabilidade civil do Estado no Brasil é matéria tradicionalmente regulada tanto pela Constituição
da República quanto pela Lei Nacional de Responsabilidade Civil do Estado.
c) A teoria do risco administrativo não foi recepcionada pela Constituição da República de 1988.
d) O texto da Constituição da República veda expressamente a responsabilidade civil do Estado por atos
legislativos.
e) As pessoas jurídicas prestadoras de serviços públicos respondem subjetivamente por suas ações se
tiverem personalidade de Direito privado.

Comentários

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. Em primeiro lugar, as correntes doutrinárias acerca
da responsabilidade civil do Estado por omissão são as seguintes:

CORRENTES DOUTRINÁRIAS: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR OMISSÃO


A responsabilidade deve ser objetiva, tendo em vista que o art. 37 §6º, CF, não faz
1ª Corrente
distinção entre condutas comissivas e omissivas;
Responsabilidade subjetiva com presunção de culpa do poder público, tendo em vista que,
2ª Corrente na omissão, o Estado não causa o dano, mas atua de forma ilícita (com culpa),
descumprindo o dever legal de evitar o dano;

cj.estrategia.com | 91
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Faz distinção entre omissão genérica e omissão específica. No primeiro caso, a


3ª Corrente responsabilidade deve ser subjetiva. Já no segundo caso, a responsabilidade deve ser
objetiva, tendo em vista o dever de agir para da Administração para evitar o dano.

Já na jurisprudência dos tribunais superiores também há relativa divergência. Para o STJ, tal como para a 2ª
corrente doutrinária, a responsabilidade civil do Estado por omissão deve ser sempre subjetiva,
fundamentada na teoria da culpa anônima. O STF, por sua vez, distingue o seu posicionamento em duas
situações. Quando se tratar de uma omissão específica, a responsabilidade seria objetiva, enquanto no caso
das omissões genéricas, a responsabilidade deve ser subjetiva com base na culpa anônima.

A alternativa B está incorreta. Não existe uma “lei nacional de responsabilidade civil do Estado”, a matéria é
regulamentada diretamente pela Constituição Federal, por leis esparsas e pela jurisprudência.

A alternativa C está incorreta. A teoria do risco administrativo foi adotada como regra no ordenamento
jurídico brasileiro e responsabiliza o Ente Público de forma objetiva pelos danos que seus agentes causarem,
atuando nesta qualidade, a terceiros.

No entanto, admite a exclusão da responsabilidade em determinadas situações em que seja verificada a


exclusão de algum dos elementos desta responsabilidade, tais como a culpa exclusiva da vítima, a culpa
exclusiva de terceiro, o caso fortuito e a força maior.

A alternativa D está incorreta. Não há qualquer menção no texto constitucional acerca da responsabilidade
civil do Estado por atos legislativos.

A alternativa E está incorreta. A responsabilidade é objetiva. De acordo com o art. 37, §6º, CF, estão sujeitas
à responsabilidade objetiva as seguintes pessoas:

a) Pessoas jurídicas de direito público (Entes Federados, autarquias e fundações públicas de direito
público);
b) Pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos (empresas públicas e
sociedades de economia mista quanto prestadoras de serviços públicos e concessionárias ou
permissionárias de serviços públicos).

39. (IADES / AL-GO – Procurador / 2019) Considerando a jurisprudência sedimentada do Superior


Tribunal de Justiça (STJ) quanto à responsabilidade civil do Estado, assinale a alternativa correta.
a) Em se tratando de indenização por danos decorrentes de responsabilidade contratual, os juros moratórios
fluem a partir da ocorrência do evento danoso, tanto para os danos morais quanto para os materiais.
b) O valor arbitrado, a título de danos morais, não pode ser revisto pelo STJ em face de a Corte ter vedação
de reanálise de matéria fática.
c) O prazo prescricional trienal contido no Código Civil de 2002 é aplicado nas ações indenizatórias ajuizadas
contra a Fazenda Pública, em detrimento do prazo quinquenal previsto no Decreto n| 20.910/1932.
d) A responsabilidade civil do Estado pela morte de detento em delegacia, presídio ou cadeia pública é
objetiva, pois deve o Estado prestar vigilância e segurança aos presos sob a respectiva custódia.

cj.estrategia.com | 92
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

e) Nas ações de indenização fundadas na responsabilidade civil objetiva do Estado, com base no i 6| do
art. 37 da Constituição Federal de 1988, é inadmitida a denunciação da lide do agente público supostamente
responsável pelo ato lesivo.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Esta regra vale apenas para a responsabilidade extracontratual (art. 398 do
Código Civil - CC). Havendo violação de dever contratual, o contratante lesado precisa de início pedir
judicialmente o reconhecimento deste descumprimento pela outra parte. Por isso somente partir da citação
inicial é que começarão fluir os juros de mora:

CC, art. 405 Contam-se os juros de mora desde a citação inicial.

A alternativa B está incorreta “Consoante cediço no STJ, o quantum indenizatório, estabelecido pelas
instâncias ordinárias para reparação do dano moral, pode ser revisto tão-somente nas hipóteses em que a
condenação se revelar irrisória ou exorbitante, distanciando-se dos padrões de razoabilidade, o que não
se evidencia no presente caso, no qual arbitrado o valor de R$ 18.000,00 (dezoito mil reais), em razão da
injusta agressão física sofrida pelo autor em casa de diversões noturna. Aplicação da Súmula 7/STJ.” (REsp
1102479/RJ, Rel. Ministro MARCO BUZZI, CORTE ESPECIAL, julgado em 04/03/2015, DJe 25/05/2015).

A alternativa C está incorreta. A prescrição das pretensões de reparação civil em face da Fazenda Pública é
de cinco anos, tendo em vista o caráter de especialidade do Decreto 20.910/32 sobre o Código Civil
(EREsp1.081.885/RR).

A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. STF: É objetiva a responsabilidade da adm. por morte
de detento pois se trata de omissão específica de observância do dever do art. 5º, XLIX, CF e do dever de
custódia. Poderá ser excluída se comprovar que a morte ocorreria de qualquer maneira, pois exclui o nexo
causal e a responsabilidade objetiva do Estado é fundamentada na teoria do risco administrativo (RE
841526/RS, rel. Min. Luiz Fux, 30.3.2016).

A alternativa E está incorreta. O entendimento majoritário é de que a denunciação à lide do agente público
é vedada, uma vez que promoveria uma ampliação subjetiva e objetiva do processo. Subjetiva, pois seria
acrescentada uma nova parte e objetiva, pois seria acrescentada uma nova discussão de mérito, qual seja, a
culpa do agente.

No entanto, a par de não existirem decisões recentes sobre o tem nos Tribunais Superiores, o STJ já decidiu
pela possibilidade de denunciação à lide do agente público, deixando claro que se trata de uma faculdade da
Administração Pública, e não de uma obrigação, podendo optar por ingressar com uma ação de regresso
autônoma.

A banca adotou o entendimento do STJ.

40. (FCC / PGM-CARUARU-PE / 2019) A respeito da responsabilidade extracontratual do Estado,


considere:

cj.estrategia.com | 93
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

I. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
contra o responsável apenas nos casos de dolo comprovado em ação específica.
II. O dever de indenizar pode decorrer de atos que, ainda que lícitos, causem a determinadas pessoas um
ônus maior do que o imposto aos demais membros da coletividade, com base na noção de solidariedade
social.
III. A teoria do risco administrativo admite o afastamento da responsabilidade estatal, em razão de
circunstâncias excludentes.
IV. As sociedades de economia mista exploradoras de atividade econômica respondem objetivamente por
danos que seus agentes nesta qualidade causarem, por força do art. 37, § 6°, da Constituição Federal.
Está correto o que se afirma APENAS em:
a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) II e IV.
e) III e IV.

Comentários

A assertiva I está ERRADA. É possível também o direito de regresso contra os agentes causadores do dano
em caso de culpa:

Art. 37, §6º, CF:

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços


públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

A Lei Maior definiu a responsabilidade civil subjetiva e regressiva dos agentes públicos, que só responderão
regressivamente, caso o Estado seja condenado, se demonstrada a culpa ou dolo em sua atuação.

A assertiva II está CORRETA. Em casos específicos, o ordenamento jurídico estabelece responsabilidade civil
por atos lícitos.

Quanto ao Estado, conforme estudamos, o princípio da igualdade e a repartição dos encargos sociais
determinam que um pequeno grupo de pessoas não sofra sozinho os prejuízos decorrentes da atividade
estatal, que beneficia toda a coletividade. Se toda sociedade é beneficiada, deve também se responsabilizar
pelos danos.

A doutrina, todavia, somente admite a responsabilidade civil do Estado por ato lícito em duas situações:

a) Expressa previsão legal;

cj.estrategia.com | 94
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

b) Sacrifício desproporcional ao particular: dano anormal e específico ou dano desproporcional


causado a vítima (ex.: ato administrativo que determina o fechamento do único acesso a uma rua de
lojas, inviabilizando a atividade econômica no local).

A assertiva III está CORRETA. A teoria do risco administrativo adotada como regra no ordenamento jurídico
brasileiro, responsabiliza o Ente Público de forma objetiva pelos danos que seus agentes causarem, atuando
nesta qualidade, a terceiros.

No entanto, admite a exclusão da responsabilidade em determinadas situações em que seja verificada a


exclusão de algum dos elementos desta responsabilidade, tais como a culpa exclusiva da vítima, a culpa
exclusiva de terceiro, o caso fortuito e a força maior.

A assertiva IV está ERRADA. Perceba que a situação das empresas estatais é peculiar e varia a depender da
atividade explorada:

EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA


Prestadora de serviços públicos Responsabilidade objetiva
Exploradora de atividade econômica Responsabilidade subjetiva

Portanto,

A alternativa C está correta e é o gabarito da questão.

41. (CESPE / PGM-JOÃO PESSOA-PB / 2018) João foi furtado nas dependências de uma entidade que é
pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público, a qual deixou de agir com o cuidado
necessário à vigilância. Nessa situação hipotética, considerando-se os dispositivos constitucionais e o
entendimento do STF, a entidade
a) deverá ser responsabilizada civilmente, com base na legislação civilista, pelo dano suportado por João.
b) deverá ser responsabilizada civilmente, de forma objetiva e nos termos da CF, pelo dano suportado por
João.
c) deverá ser responsabilizada civilmente, de forma subjetiva e nos termos da CF, pelo dano suportado por
João.
d) não deverá ser responsabilizada civilmente, porque a segurança pública é dever do Estado.
e) não deverá ser responsabilizada civilmente nos termos da CF, porque não integra a administração pública.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Ver explicações da alternativa B.

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. O STF decidiu que pessoa jurídica de direito privado
prestadora de serviço público é objetivamente responsável por crime de furto praticado em suas
dependências. O caso envolveu a DERSA (Desenvolvimento Rodoviário S/A), empresa responsável por
rodovia que determinou a parada de um caminhão ao ser constatado excesso de peso na balança. Neste
período em que o caminhão ficou parado, a carga foi furtada, o que, segundo o STF, enseja a

cj.estrategia.com | 95
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

responsabilidade objetiva da prestadora de serviços (STF. 1ª Turma. RE 598356/SP, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 8/5/2018. Info 901).

A alternativa C está incorreta. Ver explicações da alternativa B.

A alternativa D está incorreta. Ver explicações da alternativa B.

A alternativa E está incorreta. Ver explicações da alternativa B.

Delegado

42. (AOCP / Delegado – PC-PA / 2021) Determinado delegado de polícia, agindo imprudentemente,
disparou sua arma de fogo ao manuseá-la dentro da própria delegacia, ferindo um particular que ali
estava. Nessa situação hipotética, no que concerne à responsabilidade civil do Estado, assinale a
alternativa correta.

A) Em eventual ação contra o Estado, o particular deverá provar a imprudência do delegado para que seja
ressarcido dos danos experimentados.

B) Como agiu imprudentemente, o delegado responderá diretamente ao particular pelos prejuízos causados,
excluindo a responsabilidade civil do Estado.

C) A prescrição para as ações de reparação civil contra o Estado ocorre em três anos.

D) O Estado responde civilmente em razão da conduta culposa de seu agente, aplicando-se ao caso a teoria
do risco administrativo.

E) Como se trata de conduta comissiva de agente público, qualificada pelo elemento culpa, aplica-se ao caso
a teoria da responsabilidade subjetiva do Estado.

Gabarito: D

Comentários

A alternativa A está incorreta. Não há necessidade de se comprovar a imprudência. A responsabilidade é


objetiva, ou seja, independe da comprovação de dolo ou culpa.

A alternativa B está incorreta. A responsabilidade do Estado é objetiva e primária. O servidor responde


apenas em ação regressiva, quando há dolo ou culpa, na forma do art. 37, §6 da Constituição Federal.

A alternativa C está incorreta. Segundo o STJ, o prazo é de 05 anos.

Tema Repetitivo 553 STJ

cj.estrategia.com | 96
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Aplica-se o prazo prescricional quinquenal - previsto do Decreto 20.910/32 - nas ações


indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública, em detrimento do prazo trienal contido do
Código Civil de 2002.

A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Aplica-se a teoria do risco administrativo e o Estado
responde de forma objetiva pelos danos causados por seus agentes.

A alternativa E está incorreta. A responsabilidade, como vimos, é objetiva e com fundamento na teoria do
risco administrativo.

43. (FGV / PC-RN / 2021) João cumpria pena em estabelecimento prisional do Estado Alfa quando foi
morto por estrangulamento praticado por outro apenado, sendo certo que, durante o homicídio, praticado
no horário de banho de sol, não interveio qualquer agente penitenciário, presente no local, para tentar
impedir a morte de João. A família do falecido João procurou a Defensoria Pública, que lhe esclareceu que
a Constituição da República de 1988, em seu artigo 5| , inciso XLIX, assegura aos presos o respeito à
integridade física e moral. Assim, seguindo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, os filhos de João:

A) não devem ajuizar ação indenizatória em face do Estado Alfa, porque o caso trata de culpa exclusiva de
terceiro, qual seja, o detento que praticou o homicídio;

B) não devem ajuizar ação indenizatória em face do Estado Alfa, porque não incide a responsabilidade civil
objetiva, e sim devem manejá-la em face diretamente dos agentes penitenciários que foram omissos;

C) devem ajuizar ação indenizatória em face do Estado Alfa, por sua responsabilidade civil subjetiva, sendo
inaplicável ação de regresso pelo ente federativo em face dos agentes públicos, diante da ausência de culpa
ou dolo;

D) devem ajuizar ação indenizatória em face do Estado Alfa, por sua responsabilidade civil objetiva pela
inobservância do seu dever específico de proteção previsto no citado artigo inciso da Constituição da
República de 1988;

E) devem ajuizar ação indenizatória em face do Estado Alfa, por sua responsabilidade civil subjetiva, diante
da omissão específica no cumprimento do dever previsto no citado artigo 5| , inciso XLIX, da Constituição da
República de desde que comprovada a existência do elemento subjetivo.

Gabarito: D

Comentários

A alternativa A está incorreta. O Estado deve ser responsabilizado. Não se trata de culpa exclusiva de
terceiro. No caso concreto há o dever de cuidado, previsto no art. 5º.

cj.estrategia.com | 97
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Constituição Federal – “Art. 5| da CF/88 - (...) XLIX - é assegurado aos presos o respeito à
integridade física e moral;"

A alternativa B está incorreta. A responsabilidade do Estado é objetiva, cabendo direito de regresso nos
casos de dolo ou culpa, na forma do art. 37, §6 da Constituição.

Constituição Federal – “Art. 5| da CF/88 - (...) XLIX - é assegurado aos presos o respeito à
integridade física e moral;"

Art.37, i 6| As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de


serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

A alternativa C está incorreta. A responsabilidade do Estado é objetiva, cabendo direito de regresso nos
casos de dolo ou culpa, na forma do art. 37, §6 da Constituição.

Constituição Federal – “Art. 5| da CF/88 - (...) XLIX - é assegurado aos presos o respeito à
integridade física e moral;"

Art.37, i 6| As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de


serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

A alternativa D está correta e é o gabarito da questão.

A alternativa E está incorreta. A responsabilidade do Estado é objetiva!

44. (FGV / PC-RN / 2021) João, que cumpria pena em estabelecimento prisional após ser condenado
pela prática de inúmeros homicídios, logrou êxito em fugir. Após alguns dias escondido na mata, invadiu
uma casa e matou três dos cinco integrantes da família que ali residia, sendo preso em flagrante delito. Os
sobreviventes ajuizaram ação de reparação de danos em face do Estado, argumentando com a omissão
dos seus agentes na manutenção da prisão de João e na sua não captura, de modo a evitar a ocorrência
dos fatídicos eventos. À luz da sistemática constitucional, no caso em tela, a responsabilidade
extracontratual do Estado:

A) não deve ser reconhecida, já que ausente o nexo causal entre a omissão e o dano, embora a
responsabilidade, nesses casos, seja objetiva, com base no risco administrativo;

B) deve ser reconhecida com base na teoria da responsabilidade objetiva, de contornos absolutos, que não
admite as excludentes do caso fortuito e da força maior;

C) deve ser reconhecida com base na teoria da falta administrativa, tendo em vista a flagrante omissão
detectada e o seu nexo causal com o dano perpetrado;

D) não deve ser reconhecida, já que o Estado não pode ser responsabilizado pelo dano causado por João, já
que com ele não mantinha vínculo funcional;

cj.estrategia.com | 98
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

E) deve ser reconhecida com base na teoria do risco integral, cujos elementos constitutivos estão
plenamente caracterizados.

Gabarito: A

Comentários

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. O STF entende que não há causalidade direta quando
não há relação lógica da evasão do presidiário e o cometimento do crime. No caso concreto, a ausência do
nexo causal é verificada pelo tempo em que o presidiário ficou escondido na mata. Vejamos o julgado do
Supremo Tribunal Federal:

EMENTA. CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ART. 37,


i 6| , DA CONSTITUIÇÃO. PESSOA CONDENADA CRIMINALMENTE, FORAGIDA DO SISTEMA
PRISIONAL. DANO CAUSADO A TERCEIROS. INEXISTÊNCIA DE NEXO CAUSAL ENTRE O ATO DA
FUGA E A CONDUTA DANOSA. AUSÊNCIA DE DEVER DE INDENIZAR DO ESTADO. PROVIMENTO
DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 1. A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito
público e das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público baseia-se no
risco administrativo, sendo objetiva, exige os seguintes requisitos: ocorrência do dano; ação ou
omissão administrativa; existência de nexo causal entre o dano e a ação ou omissão
administrativa e ausência de causa excludente da responsabilidade estatal. . 2. A jurisprudência
desta CORTE, inclusive, entende ser objetiva a responsabilidade civil decorrente de omissão, seja
das pessoas jurídicas de direito público ou das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras
de serviço público. 3. Entretanto, o princípio da responsabilidade objetiva não se reveste de
caráter absoluto, eis que admite o abrandamento e, até mesmo, a exclusão da própria
responsabilidade civil do Estado, nas hipóteses excepcionais configuradoras de situações
liberatórias como o caso fortuito e a força maior ou evidências de ocorrência de culpa atribuível
à própria vítima. 4. A fuga de presidiário e o cometimento de crime, sem qualquer relação lógica
com sua evasão, extirpa o elemento normativo, segundo o qual a responsabilidade civil só se
estabelece em relação aos efeitos diretos e imediatos causados pela conduta do agente. Nesse
cenário, em que não há causalidade direta para fins de atribuição de responsabilidade civil
extracontratual do Poder Público, não se apresentam os requisitos necessários para a
imputação da responsabilidade objetiva prevista na Constituição Federal - em especial, como
já citado, por ausência do nexo causal. 5. Recurso Extraordinário a que se dá provimento para
julgar improcedentes os pedidos iniciais. Tema 362, fixada a seguinte tese de repercussão geral:
F Nos termos do artigo 37, i 6| , da Constituição Federal, não se caracteriza a responsabilidade
civil objetiva do Estado por danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do sistema
prisional, quando não demonstrado o nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta
praticadaG .

(RE 608880, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: ALEXANDRE DE MORAES,


Tribunal Pleno, julgado em 08/09/2020, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO
DJe-240 DIVULG 30-09-2020 PUBLIC 01-10-2020)

cj.estrategia.com | 99
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

A alternativa B está incorreta. A teoria adotada é a do risco administrativo. Tal teoria, diferentemente da
teoria do risco integral, admite excludentes de responsabilidade. Temos como exemplos dessas excludentes:
caso fortuito, força maior, culpa exclusiva da vítima, culpa exclusiva de terceiro.

Atenção: Se a culpa for concorrente não temos excludente de responsabilidade! Nesse caso, tal fato será
levado em consideração no momento da fixação do valor da indenização.

A alternativa C está incorreta. Não se aplica a teoria da falta administrativa. Aplica-se a teoria do risco
administrativo. Ademais, exige-se para a sua caracterização a existência do nexo causal.

A alternativa D está incorreta. Se houvesse o nexo causal, o Estado seria sim responsável pelos danos
causados pelo presidiário, com fundamento na teoria do risco administrativo.

A alternativa E está incorreta. Como vimos na alternativa B, não se trata da teoria do risco integral, uma vez
que tal teoria não aceita as excludentes de responsabilidade.

45. (CESPE / POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO/ 2021) Acerca da responsabilidade civil do Estado, julgue
os itens que se seguem.

Conforme a teoria do risco administrativo, uma empresa estatal dotada de personalidade jurídica de direito
privado que exerça atividade econômica responderá objetivamente pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, resguardado o direito de regresso contra o causador do dano.

Comentários

A assertiva está ERRADA. A responsabilidade civil das empresas estatais exploradoras de atividade
econômica é subjetiva, não se enquadrando no art. 37, §6º, CF.

De acordo com o art. 37, §6º, CF, estão sujeitas à responsabilidade objetiva as seguintes pessoas:

a) Pessoas jurídicas de direito público (Entes Federados, autarquias e fundações públicas de direito
público);

Pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos (empresas públicas e sociedades de
economia mista quanto prestadoras de serviços públicos e concessionárias ou permissionárias de serviços
públicos).
46. (CESPE / POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO/ 2021) Acerca da responsabilidade civil do Estado, julgue
os itens que se seguem.

É subjetiva a responsabilidade civil do Estado decorrente de conduta omissiva imprópria, sendo necessária
a comprovação da culpa, do dano e do nexo de causalidade.

Comentários

cj.estrategia.com | 100
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

A assertiva está CORRETA. A banca cobrou a nomenclatura usada pelo autor Marçal Justen Filho15 para se
referir à omissão específica e genérica que caiu na última prova para Delegado da Polícia Federal. Segundo
o autor: "Os casos de ilícito omissivo próprio são equiparáveis aos atos comissivos, para efeito da
responsabilidade civil."

Ou seja, a omissão própria (no âmbito da responsabilidade civil do Estado) equipara-se à omissão específica,
que, por sua vez, é equiparada ao ato comissivo (ação). Por este motivo, atrai a responsabilidade objetiva.

Por outro lado, a omissão imprópria, equipara-se à omissão genérica, atraindo a responsabilidade subjetiva
do Estado.

Segundo o renomado autor16: "O grande problema são as hipóteses de ilícito omissivo impróprio, em que o
sujeito não está obrigado a agir de modo determinado e específico." Nesse caso, a responsabilidade do
Estado é subjetiva, devendo-se comprovar a culpa da Administração (culpa anônima).

Mas por que, então, omissão própria ou imprópria? Porque, quando o direito impõe ao Estado o dever de
agir de modo específico e determinado e este se omite, trata-se de uma omissão indevida em sentido
próprio. O simples ato de se omitir é, em si, ilícito.

Já omissão genérica é imprópria porque pode ou não haver uma omissão reprovável/ilícita do Estado.

Essa distinção foi adotada em julgado recente do STF, no voto do Min. Edson Fachin no RE 608.880/MS:

"É possível, na visão do professor paranaense, então, pensar em danos que decorrem diretamente de uma
infração a dever jurídico, que caracteriza hipótese de ilícito omissivo próprio. E também é possível pensar
em casos em que a norma visa a impedir a ocorrência de determinado resultado danoso, o qual viria a se
consumar em razão de ausência de ação de cautelas necessárias a tanto, caracterizando, assim, ilícito
omissivo impróprio."
47. INSTITUTO ACESSO / PC-ES – Delegado / 2019 – Concurso anulado) Sobre os elementos jurídicos da
responsabilidade civil do Estado, assinale a afirmação INCORRETA:
a) É cabível ação de regresso manejada pela Pessoa Jurídica de Direito Público, na hipótese de esta ser
condenada a ressarcir um particular, em razão de conduta culposa de agente gerador de dano a terceiro.
b) Os elementos comuns da responsabilidade civil objetiva e subjetiva são a ação do Estado, o nexo causal e
o dano.
c) Culpa é elemento subjetivo a ser verificado em ação de indenização quando se tratar de responsabilidade
subjetiva.

15
Justen Filho, MARÇAL. Curso de Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2018. P. 1307 a 1310

16
Idem.

cj.estrategia.com | 101
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

d) Na ação de reparação de danos, que tem por objeto a conduta comissiva de um agente do Estado, é
preciso que se comprove, além do nexo causal e dano, o elemento volitivo do agente do Estado.
e) Aplica-se a responsabilidade civil subjetiva do Estado na hipótese de dano físico em particular que estava
sob a custódia de um agente policial, e quando a alegação de dano físico decorreu de conduta omissiva do
referido policial.

Comentários

A alternativa A está correta. A Lei Maior definiu a responsabilidade civil subjetiva e regressiva dos agentes
públicos, que só responderão regressivamente, caso o Estado seja condenado, se demonstrada a culpa ou
dolo em sua atuação. A ação judicial de regresso a ser proposta em face do agente público causador do dano
possui os seguintes requisitos:

a) Condenação transitada em julgado do Ente Público;


b) Efetivo pagamento de indenização à vítima;
c) Culpa ou dolo do agente público.

A alternativa B está correta. Para configuração da responsabilidade objetiva, é necessária a verificação de


três elementos: a) conduta; b) dano; c) nexo causal. Na responsabilidade subjetiva, por sua vez, além desses
elementos, deve-se demonstrar culpa ou dolo do agente público.

A alternativa C está correta. Na responsabilidade subjetiva, devem ser demonstrados os seguintes


elementos:

a) Conduta: prática de um agente atuando nesta qualidade;


b) Dano: prejuízo patrimonial ou extrapatrimonial sofrido por terceiros;
c) Nexo causal: demonstração de que a conduta do agente foi determinante para a ocorrência do
prejuízo;
d) Culpa ou dolo do agente (elemento subjetivo).

A alternativa D está incorreta e é o gabarito da questão. O fundamento legal da responsabilidade objetiva


do Estado se encontra no art. 37, §6º, CF:

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços


públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

O dispositivo citado estabeleceu a responsabilidade civil objetiva do Estado, sendo que este fica obrigado a
reparar os danos causados pelos seus agentes, atuando nesta qualidade, independentemente de
demonstração de culpa.

A alternativa E está correta. Polêmica! O STJ e o STF divergem neste caso:

JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR OMISSÃO


A responsabilidade civil do Estado por omissão deve ser subjetiva, com fundamento da culpa
STJ
anônima.

cj.estrategia.com | 102
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

 Omissão específica: responsabilidade objetiva.


STF
 Omissão genérica: responsabilidade subjetiva, com base na culpa anônima.

A banca adotou a posição do STJ. Se tivesse adotado a posição do STF, a responsabilidade seria objetiva,
tendo em vista que se tratou de uma omissão específica:

STF: É objetiva a responsabilidade da adm. por morte de detento pois se trata de omissão
específica de observância do dever do art. 5º, XLIX, CF e do dever de custódia. Poderá ser excluída
se comprovar que a morte ocorreria de qualquer maneira, pois exclui o nexo causal e a
responsabilidade objetiva do Estado é fundamentada na teoria do risco administrativo (RE
841526/RS, rel. Min. Luiz Fux, 30.3.2016).

48. (CESPE / PC-SE – Delegado / 2018) Em fevereiro de 2018, o delegado de polícia de uma cidade
determinou a realização de diligências para apurar delito de furto em uma padaria do local. Sem mandado
judicial, os agentes de polícia conduziram um suspeito à delegacia. Interrogado pelos próprios agentes, o
suspeito negou a autoria do crime e, sem que lhe fosse permitido se comunicar com parentes, foi
trancafiado em uma cela da delegacia. A ação dos agentes foi levada ao conhecimento do delegado, que
determinou a abertura de processo administrativo disciplinar contra eles para se apurar a suposta ilicitude
nos atos praticados. Com referência a essa situação hipotética, julgue o item seguinte.
A apuração de eventual responsabilidade civil dos agentes dispensa a presença de conduta dolosa ou
culposa.

Comentários

A assertiva está ERRADA. O fundamento legal da responsabilidade objetiva do Estado se encontra no art.
37, §6º, CF:

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços


públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

O dispositivo citado estabeleceu a responsabilidade civil objetiva do Estado, sendo que este fica obrigado a
reparar os danos causados pelos seus agentes, atuando nesta qualidade, independentemente de
demonstração de culpa.

Por outro lado, a Lei Maior definiu a responsabilidade civil subjetiva e regressiva dos agentes públicos, que
só responderão regressivamente, caso o Estado seja condenado, se demonstrada a culpa ou dolo em sua
atuação.

49. (CESPE / PF - Delegado / 2018) Acerca da responsabilidade civil do Estado, julgue o item a seguir.
O Estado não será civilmente responsável pelos danos causados por seus agentes sempre que estes
estiverem amparados por causa excludente de ilicitude penal.

Comentários

cj.estrategia.com | 103
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

A assertiva está ERRADA. A Administração Pública pode responder civilmente pelos danos causados por seus
agentes, ainda que estes estejam amparados por causa excludente de ilicitude penal (REsp 1266517/PR).

50. (CESPE / PF - Delegado / 2018) Acerca da responsabilidade civil do Estado, julgue o item a seguir.
A responsabilidade civil do Estado pela morte de detento sob sua custódia é objetiva, conforme a teoria do
risco administrativo, em caso de inobservância do seu dever constitucional específico de proteção.

Comentários

A assertiva está CORRETA. STF: É objetiva a responsabilidade da adm. por morte de detento pois se trata de
omissão específica de observância do dever do art. 5º, XLIX, CF e do dever de custódia. Poderá ser excluída
se comprovar que a morte ocorreria de qualquer maneira, pois exclui o nexo causal e a responsabilidade
objetiva do Estado é fundamentada na teoria do risco administrativo (RE 841526/RS, rel. Min. Luiz Fux,
30.3.2016).

51. (FUMARC / PC-MG – Delegado / 2018) Sobre a responsabilidade do Estado por atos legislativos,
NÃO está correto o que se afirma em:
a) Sua aplicação não é admitida com relação às leis de efeitos concretos constitucionais.
b) É aplicável aos casos de omissão no dever de legislar e regulamentar.
c) É admitida com relação às leis declaradas inconstitucionais.
d) É aceita nos casos de atos normativos do Poder Executivo e de entes administrativos com função
normativa, mesmo em caso de vícios de inconstitucionalidade ou de ilegalidade.

Comentários

A alternativa A está incorreta e é o gabarito da questão. a doutrina e a jurisprudência possuem


entendimento pacífico de que, em regra, não há responsabilidade civil do Estado por atos legislativos. O
principal fundamento para esta conclusão é que as leis são atos de caráter geral, abstrato e erga omnes,
não ensejando a produção de efeitos individualizados. São atos dirigidos à sociedade ou a uma comunidade
específica, e não direcionados a particulares individualizados.

Entretanto, a doutrina aponta três casos em que os atos legislativos podem acarretar a responsabilização
estatal: a) leis inconstitucionais; b) leis de efeitos concretos; e c) omissão legislativa.

A alternativa B está correta. Ver explicação da alternativa A.

A alternativa C está correta. Ver explicação da alternativa A.

A alternativa D está correta. Ver explicação da alternativa A.

Outros

52. (VUNESP / TJ-GO – Titular de Serviços de Notas e Registros – Remoção / 2021) Suponha que
Maurício ajuizou uma ação com o objetivo de que o Estado X o indenizasse pelos danos materiais causados

cj.estrategia.com | 104
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

pelo 1| Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais da Comarca ABC, em virtude de erro na elaboração
de certidão de nascimento do seu filho, o que lhe causou prejuízos financeiros. Com base na situação
hipotética apresentada e na jurisprudência recente do Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que

(A) por se aplicar exclusivamente às normas do Código de Defesa do Consumidor, o delegado do serviço
público não pode alegar a ocorrência de caso fortuito e de força maior.

(B) Maurício errou ao ajuizar a ação indenizatória em face do Estado X, pois apenas o delegado do serviço
público é quem detém legitimidade passiva para figurar nesta ação.

(C) o Estado X responde, objetivamente, pelos atos do delegado do serviço público, que no exercício de suas
funções, tenha causado danos a Maurício, sendo necessário observar o dever de regresso contra o
responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa.

(D) já que os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, com intuito lucrativo, o Estado
X apenas pode ser responsabilizado subsidiariamente pelas ações do delegado do serviço público.

Comentários

A alternativa C está correta e corresponde ao gabarito da questão.

A alternativa A está incorreta. Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor aos serviços notariais e de
registro porque não existe vulnerabilidade na relação entre as partes.

A alternativa B está incorreta. O legitimado passivo será o Estado. Contra o delegado está assentado o dever
de regresso. Ver comentários feitos na alternativa C.

A alternativa C está correta. O STF definiu o tema em sede de Repercussão Geral, ao julgar o RE 842846
(Tema 777):

Repercussão geral constitucional que assenta a tese objetiva de que: o Estado responde,
objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de suas funções,
causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou
culpa, sob pena de improbidade administrativa. RE 842846, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno,
julgado em 27/02/2019, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-175 DIVULG 12-
08-2019 PUBLIC 13-08-2019.

A alternativa D está incorreta. Conforme comentários feitos na alternativa C, a responsabilidade do Estado


será objetiva. Além disso, os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, sem intuito
lucrativo.

1. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder
Público. Tabeliães e registradores oficiais são particulares em colaboração com o poder público que
exercem suas atividades in nomine do Estado, com lastro em delegação prescrita expressamente no
tecido constitucional (art. 236, CRFB/88). RE 842846, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno,

cj.estrategia.com | 105
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

julgado em 27/02/2019, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-175 DIVULG 12-
08-2019 PUBLIC 13-08-2019.

53. (VUNESP / TJ-GO – Titular de Serviços de Notas e Registros – Provimento / 2021) Assinale a
alternativa correta sobre a responsabilidade civil extracontratual do Estado pelos atos dos tabeliães e
registradores, que, no exercício de suas funções, causem danos a terceiros, segundo tese firmada pelo
Supremo Tribunal Federal no julgamento do Tema 777.

(A) o Estado responde, objetivamente, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de
dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa.

(B) o Estado responde, subjetivamente, assegurado o direito de regresso contra o responsável, nos casos de
dolo ou culpa.

(C) o Estado responde, subsidiariamente, pelos danos, uma vez comprovada a impossibilidade de pagamento
do Cartório, com o direito de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa.

(D) o Estado responde, objetivamente, facultado ao poder público exercer o direito de regresso contra o
responsável, nos casos de dolo ou culpa.

Comentários

A alternativa A está correta e corresponde ao gabarito da questão. De acordo com a decisão proferida pelo
STF (tema 777):

11. Repercussão geral constitucional que assenta a tese objetiva de que: o Estado responde,
objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de suas funções,
causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou
culpa, sob pena de improbidade administrativa.

RE 842846, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 27/02/2019, PROCESSO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-175 DIVULG 12-08-2019 PUBLIC 13-08-2019. Tema 777.

A alternativa B está incorreta. A responsabilidade do Estado será objetiva. Ver comentários feitos na
alternativa A.

A alternativa C está incorreta. A responsabilidade do Estado não será subsidiária, mas objetiva. Ver
comentários feitos na alternativa A.

A alternativa D está incorreta. O erro da assertiva está em afirmar que o direito de regresso é uma faculdade
do poder público. Conforme a tese fixada pelo STF, trata-se, neste caso, de um dever do Estado contra o
responsável. Ver comentários feitos na alternativa A.

cj.estrategia.com | 106
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

LISTA DE QUESTÕES
Magistratura

1. (FAURGS / TJ-RS / 2022) No tocante à responsabilidade extracontratual do Estado no Brasil,


assinale a afirmativa INCORRETA.

(A) Quando, juntamente com a conduta estatal, o cidadão lesado contribuir para o evento danoso, haverá
compensação das responsabilidades, na medida da participação do indivíduo e do Estado, aplicando-se o
princípio da proporcionalidade.

(B) Por responsabilidade objetiva, entende-se a desnecessidade de o lesado pela conduta estatal provar a
existência de culpa do agente ou a falha na prestação do serviço.

(C) No direito de regresso, em que fazem parte da relação jurídica o Estado e seu agente, aplica-se a
responsabilidade subjetiva, sendo necessária a caracterização do dolo ou culpa (do agente público).

(D) A Constituição Federal, em seu artigo 37, §6°, consagra a teoria do risco integral, com relação ao Estado,
segundo a doutrina dominante.

(E) As pessoas jurídicas de direito privado, prestadoras de serviço público, responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, de forma primária, sendo o Estado, neste caso, responsável
de forma subsidiária.

2. (FGV / TJ-AP / 2022) A sociedade empresária Alfa exercia a venda de produtos alimentícios em uma
mercearia, com licença municipal específica para tal atividade. No entanto, os proprietários do comércio
também desenvolviam comercialização de fogos de artifício, de forma absolutamente clandestina, pois
sem a autorização do poder público. Durante as inspeções ordinárias, o poder público nunca encontrou
indícios de venda de fogos de artifício, tampouco o fato foi alguma vez noticiado à municipalidade. Certo
dia, grande explosão e incêndio ocorreram no comércio, causados pelos fogos de artifício, que atingiram
a casa de João, morador vizinho à mercearia, que sofreu danos morais e materiais. João ajuizou ação
indenizatória em face do Município, alegando que incide sua responsabilidade objetiva por omissão.
No caso em tela, valendo-se da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o magistrado deve julgar:

(A) procedente o pedido, pois se aplica a teoria do risco administrativo, de maneira que não é necessária a
demonstração do dolo ou culpa do Município, sendo devida a indenização;

(B) procedente o pedido, pois, diante da omissão específica do Município, aplica-se a teoria do dano in re
ipsa, devendo o poder público arcar com a indenização, desde que exista nexo causal entre o incêndio e os
danos sofridos por João;

(C) procedente o pedido, diante da falha da Administração Municipal na fiscalização de atividade de risco,
qual seja, o estabelecimento destinado a comércio de fogos de artifício, incidindo a responsabilidade civil
objetiva;

cj.estrategia.com | 107
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

(D) improcedente o pedido, pois, apesar de ser desnecessária a demonstração de violação de um dever
jurídico específico de agir do Município, a responsabilidade civil originária é da sociedade empresária Alfa,
de maneira que o Município responde de forma subsidiária, caso a responsável direta pelo dano seja
insolvente;

(E) improcedente o pedido, pois, para que ficasse caracterizada a responsabilidade civil do Município, seria
necessária a violação de um dever jurídico específico de agir, seja pela concessão de licença para
funcionamento sem as cautelas legais, seja pelo conhecimento do poder público de eventuais irregularidades
praticadas pelo particular, o que não é o caso.

3. (FGV / TJ-PR / 2021) João cumpria pena em regime fechado no sistema penitenciário do Estado Alfa
e conseguiu fugir, em verdadeira fuga cinematográfica feita com helicóptero blindado, que o resgatou
quando tomava banho de sol. Seis meses após sua fuga, João se associou a outros criminosos e entrou na
casa de Antônio, cometendo crime de latrocínio e ceifando a vida de sua nova vítima.

Os filhos de Antônio buscaram a Defensoria Pública e ajuizaram ação indenizatória em face do Estado Alfa,
com base em sua responsabilidade civil objetiva, pleiteando reparação por danos morais decorrentes da
morte de seu pai. Alegam os autores que ocorreu omissão do Estado Alfa por não prover medidas eficazes
de segurança carcerária.

Na hipótese narrada, de acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal e o Art. 37, § 6º, da
Constituição da República de 1988, a responsabilidade civil objetiva do Estado Alfa:
(A) não está caracterizada, diante da excludente de responsabilidade civil consistente em força maior que
deu causa ao ato ilícito de latrocínio praticado por João;
(B) não está caracterizada, diante da ausência de nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta
praticada por João;
(C) não está caracterizada, diante da ausência de comprovação do elemento subjetivo do dolo ou culpa do
agente público diretor do sistema prisional;
(D) está caracterizada, diante de sua omissão in vigilando, que permitiu a fuga de João do sistema carcerário,
causa eficiente da morte da vítima Antônio;
(E) está caracterizada, independentemente da demonstração do dolo ou culpa por parte dos agentes
públicos responsáveis por prover a segurança do estabelecimento prisional.
4. (FCC / TJ-MS / 2020) Em conhecido acórdão proferido em regime de repercussão geral, versando
sobre a morte de detento em presídio − Recurso Extraordinário nr 841.526 (Tema 592) = o Supremo
Tribunal Federal confirmou decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, calcada em doutrina que,
no tocante ao regime de responsabilização estatal em condutas omissivas, distingue-a conforme a
natureza da omissão. Segundo tal doutrina, em caso de omissão específica, deve ser aplicado o regime de
responsabilização
a) integral; em caso de omissão genérica, aplica-se o regime de responsabilização objetiva.
b) objetiva; em caso de omissão genérica, aplica-se o regime de responsabilização subjetiva.
c) subjetiva; em caso de omissão genérica, aplica-se o regime de responsabilização objetiva.
d) objetiva; em caso de omissão genérica, não há possibilidade de responsabilização.

cj.estrategia.com | 108
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

e) subjetiva apenas em relação ao agente, exonerado o ente estatal de qualquer responsabilidade; em caso
de omissão genérica, aplica-se o regime de responsabilização objetiva do ente estatal.
5. (CESPE / TJ-PA / 2019) Segundo o entendimento majoritário do STJ, no caso de ação indenizatória
ajuizada contra a fazenda pública em razão da responsabilidade civil do Estado, o prazo prescricional é
a) decenal, como previsto no Código de Processo Civil, em detrimento do prazo trienal previsto pelas normas
de direito público.
b) quinquenal, como previsto pelas normas de direito público, em detrimento do prazo decenal contido no
Código de Processo Civil.
c) trienal, como previsto pelo Código de Processo Civil, em detrimento do prazo quinquenal contido no
Código Civil.
d) quinquenal, como previsto pelas normas de direito público, em detrimento do prazo trienal contido no
Código Civil.
e) trienal, como previsto no Código Civil, em detrimento do prazo quinquenal contido no Código de Processo
Civil.
6. (CONSULPLAN / TJ-MG – Titular de serviços de notas e de registros / 2019) A responsabilização
objetiva do Estado torna a culpa como não pressuposto para sua caracterização, o que desonera, neste
aspecto, o lesado quanto a tal evidência. No que diz respeito ao direito de regresso pela Administração
Pública, é correto afirmar que:
a) A solução do intento de reparação regressiva pelo Estado pode operar-se pela via administrativa mediante
acordo entre as partes > o que não macula o dever de guarda do interesse público > ou pela via judicial.
b) O ingresso judicial de pedido de indenização em caráter regressivo pelo Estado somente ocorrerá nas
hipóteses em que não haja logrado êxito na reparação pelas vias administrativas coercitivas, a exemplo de
constatada insuficiência patrimonial.
c) A lei ordinária delegou a Constituição Federal competência para legislar acerca dos prazos prescricionais
para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que provoquem prejuízos ao erário, bem como
para seu respectivo ressarcimento.
d) Quando necessário o manejo de ação judicial pelo Estado para obtenção da reparação, pela via do
regresso, opera-se a inversão do ônus probatório, face ao interesse público do Estado na reconstituição do
erário no quantitativo despendido pela sua responsabilização objetiva.
7. (CESPE / TJ-SC / 2019) De acordo com o entendimento majoritário e atual do STJ, a responsabilidade
civil do Estado por condutas omissivas é
a) objetiva, bastando que sejam comprovadas a existência do dano, efetivo ou presumido, e a existência de
nexo causal entre conduta e dano.
b) objetiva, bastando a comprovação da culpa in vigilando e do dano efetivo.
c) subjetiva, sendo necessário comprovar negligência na atuação estatal, o dano causado e o nexo causal
entre ambos.
d) subjetiva, sendo necessário comprovar a existência de dolo e dano, mas sendo dispensada a verificação
da existência de nexo causal entre ambos.

cj.estrategia.com | 109
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

e) objetiva, bastando que seja comprovada a negligência estatal no dever de vigilância, admitindo-se, assim,
a responsabilização por dano efetivo ou presumido.
8. (CESPE / TJ-PR / 2019) Considerando a jurisprudência do STJ, julgue os seguintes itens, relativos à
responsabilidade civil do Estado.
I O Estado responde civilmente por danos decorrentes de atos praticados por seus agentes, mesmo que eles
tenham agido sob excludente de ilicitude penal.
II A despeito de situações fáticas variadas no tocante ao descumprimento do dever de segurança e vigilância
contínua das vias férreas, a responsabilização da concessionária é uma constante, passível de ser elidida
somente quando cabalmente comprovada a culpa exclusiva da vítima.
III A responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é subjetiva, devendo ser comprovados
concomitantemente a negligência na atuação estatal, o dano e o nexo de causalidade entre o evento danoso
e o comportamento ilícito do poder público.
Assinale a opção correta.
a) Apenas os itens I e II estão certos.
b) Apenas os itens I e III estão certos.
c) Apenas os itens II e III estão certos.
d) Todos os itens estão certos.
9. (CESPE / TJ-BA / 2019) A respeito da responsabilidade civil do Estado, julgue os itens a seguir.
I O Estado é responsável pela morte de detento causada por disparo de arma de fogo portada por visitante
do presídio, salvo se comprovada a realização regular de revista no público externo.
II O Estado necessariamente será responsabilizado em caso de suicídio de pessoa presa, em razão do seu
dever de plena vigilância.
III A responsabilidade do Estado, em regra, será afastada quando se tratar da obrigação de pagamento de
encargos trabalhistas de empregados terceirizados que tenham deixado de receber salário da empresa de
terceirização.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item III está certo.
c) Apenas os itens I e II estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
10. (CESPE / TJ-BA / 2019) Determinado taxista dirigia embriagado quando colidiu contra o prédio de
determinada secretaria estadual, que foi danificado com a batida. Nessa situação hipotética, conforme o
entendimento do STJ, o estado federado prejudicado deverá propor ação de ressarcimento
a) no prazo prescricional de cinco anos, em razão de previsão expressa no Decreto Federal n.| 20.910/1932.
b) no prazo prescricional de três anos, com base no Código Civil.
c) em prazo indeterminado, ante a imprescritibilidade das ações de ressarcimento ao erário público.

cj.estrategia.com | 110
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

d) no prazo prescricional de cinco anos, com base em aplicação analógica do Decreto Federal n.|
20.910/1932.
e) no prazo prescricional de cinco anos, por aplicação expressa da Lei Federal n.| 9.784/1999, que regula o
processo administrativo no âmbito federal.
11. (VUNESP / TJ-SP / 2018) Conforme o ordenamento jurídico pátrio, pode-se afirmar, sobre a
responsabilidade objetiva do Estado:
a) não há nexo causal entre a conduta da Administração e o dano decorrente de força maior, razão pela qual
em tal situação não se pode falar em dever de indenizar, ainda que provado que a culpa anônima do serviço
concorreu para o evento.
b) se lícito o ato do agente público que causou o dano, este só implicará dever de indenizar se for antijurídico,
ou seja, anormal e especial.
c) não haverá dever de indenizar nos casos em que o princípio da igualdade de todos na distribuição dos
ônus e encargos sociais deva ceder diante do interesse da continuidade do serviço ou da intangibilidade da
obra pública.
d) ela não se afasta pela culpa exclusiva da vítima, uma vez que é suficiente para sua caracterização o nexo
causal entre o ato do agente público e o dano.
12. (CONSULPLAN / TJ-MG / 2018) Com relação à responsabilidade civil do Estado, assinale a
alternativa correta.
a) De acordo com o entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça, a responsabilidade do Estado
por dano ao meio ambiente decorrente de sua omissão no dever de fiscalização é de caráter e execução
solidários.
b) O Supremo Tribunal Federal, em sede de repercussão geral, assentou a tese de que, em razão da adoção
da teoria do risco integral, a morte de detento no interior do estabelecimento prisional gera responsabilidade
civil objetiva para o Estado.
c) O Supremo Tribunal Federal reconheceu a existência de repercussão geral e firmou a tese de que, na
hipótese de posse em cargo público determinada por decisão judicial, o servidor não faz jus à indenização,
sob fundamento de que deveria ter sido investido em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade
flagrante.
d) O Superior Tribunal de Justiça firmou o posicionamento de que o Estado é parte legítima para figurar no
polo passivo de ações indenizatórias e responde de forma solidária, nos casos de acidente de trânsito em
face da má conservação das estradas, mesmo existindo autarquia responsável pela preservação das estradas
estaduais.

Promotor

13. (CEBRASPE / Promotor - MP-TO / 2022) À luz da doutrina e da jurisprudência acerca da


responsabilidade civil do Estado, assinale a opção correta.
(A) É quinquenal o prazo de prescrição de todas as ações indenizatórias decorrentes de ato ilícito do Estado.
(B) A responsabilidade civil do Estado é de natureza objetiva por condutas tanto comissivas quanto omissivas.

cj.estrategia.com | 111
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

(C) Por ser expressão do poder soberano do Estado, o exercício da função normativa, particularmente na
produção de leis ordinárias pelo Congresso Nacional, não pode gerar responsabilidade civil do Estado.
(D) Ainda que um agente público atue protegido por causa excludente de ilicitude prevista na legislação
penal, seus atos podem gerar responsabilidade civil para o Estado.
(E) De situações nas quais tenha ocorrido caso fortuito ou força maior não pode surgir responsabilidade civil
do Estado por ato praticado por agente público.
14. (FGV / Promotor - MP-GO / 2022) José foi condenado pela prática do crime de homicídio qualificado
à pena de dezoito anos de reclusão, que está sendo cumprida em estabelecimento prisional do Estado
Gama. Após diversas vistorias realizadas pelo Ministério Público, restou comprovado que permanecem,
há mais de três anos, problemas de superlotação e de falta de condições mínimas de saúde e higiene no
presídio, que causaram danos materiais e morais ao detento José. Alegando violação a normas previstas
na Constituição da República de 1988, na Lei de Execução Penal e na Convenção Interamericana de Direitos
Humanos, José ajuizou ação indenizatória por danos causados pelas ilegítimas e subhumanas condições a
que está submetido no cumprimento de pena em face do Estado Gama. Instado a lançar parecer no
processo, o promotor de justiça, com base na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, deve se
manifestar pela:
(A) procedência do pedido indenizatório, inclusive no que toca aos danos morais comprovadamente
causados em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento, pois é dever do
Estado Gama manter em seu presídio os padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento
jurídico;
(B) procedência do pedido, com base na responsabilidade civil subjetiva do Estado Gama, desde que
comprovado o dolo ou a culpa dos gestores públicos competentes para implementarem políticas públicas
que garantam os direitos humanos dos detentos, sendo possível a remição da pena como forma de
indenização;
(C) procedência parcial do pedido, de maneira que seja acatada a pretensão de ressarcimento pelos danos
materiais sofridos por José com nexo causal pela omissão específica do Estado Gama, mas seja rejeitada a
pretensão de reparação por danos morais, em razão do princípio da reserva do possível;
(D) improcedência do pedido, pois o Estado Gama não pode ser erigido a garantidor universal com violação
ao princípio da reserva do possível, mas deve proceder o promotor de justiça à extração de cópias do
processo para fins de ajuizamento de ação civil pública visando à regularização das condições precárias de
encarceramento que violam direitos humanos;
(E) improcedência do pedido, pois a indenização não tem o condão de eliminar o grave problema prisional
globalmente considerado, que depende da definição e da implantação de políticas públicas específicas,
providências de atribuição legislativa e administrativa, não de provimentos judiciais, sob pena de violação ao
princípio da separação dos poderes.
15. (FUNDEP / Promotor - MP-MG / 2021) Sobre o tema da responsabilidade civil do poder público,
analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA:
I. A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviço público pelos danos causados à vítima, conforme previsto na Constituição Federal,
subsume-se à teoria do risco administrativo, podendo ser excluída somente quando comprovada a existência
de caso fortuito ou força maior.

cj.estrategia.com | 112
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

II. Ao apreciar o Tema nº 362, da repercussão geral, o Supremo Tribunal Federal assentou que a
responsabilidade civil do Estado por omissão no dever de vigilância, pelos danos decorrentes de crime
praticado por pessoa foragida do sistema prisional, é objetiva, sendo desnecessária a demonstração do nexo
causal direto entre o momento da fuga e a conduta praticada.
III. Conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal, em regime de repercussão geral, Tema nº 246, o
inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado transfere automaticamente ao
poder público contratante a responsabilidade pelo pagamento, em razão da responsabilidade solidária do
Estado, nos termos da Lei nº 8.666/93.
IV. O Estado possui o dever, imposto pelo sistema normativo, de manter em seus presídios os padrões
mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico, devendo ressarcir os danos, inclusive morais,
comprovadamente causados aos detentos pela falta ou insuficiência das condições legais de
encarceramento, nos termos do art. 37, § 6º, da CF/88.
A) As assertivas I, II, III e IV estão corretas.
B) As assertivas I, II, III e IV estão incorretas.
C) Apenas a assertiva I está correta.
D) Apenas a assertiva IV está correta
16. (CEBRASPE / Promotor - MP-AP / 2021) A respeito da responsabilidade civil do Estado, assinale a
opção correta.
A) Segundo o entendimento do STF, no caso de omissão da atuação estatal, a responsabilidade será sempre
subjetiva, ou seja, somente existirá quando demonstrado culpa ou dolo do agente estatal.
B) Segundo o STF e o STJ, o suicídio de pessoa em cumprimento de pena dentro de estabelecimento prisional
não enseja a responsabilidade civil do Estado, por consistir em ato de iniciativa exclusiva da própria vítima.
C) Para a configuração da responsabilidade civil do Estado por dano, é desnecessário que o ato lesivo seja
ilícito, bastando que haja nexo de causalidade entre a ação estatal e o dano anormal e específico, ou seja,
que o dano tenha ultrapassado os inconvenientes normais da vida em sociedade, em desfavor de pessoas
ou grupos determinados.
D) O poder público e os concessionários de serviços públicos respondem, objetiva e solidariamente, por
danos causados aos usuários.
E) A tese da reserva do possível é amplamente aceita pelos tribunais superiores, principalmente no contexto
de ações que busquem impor ao poder público a obrigação de efetivar políticas públicas previstas em lei.
17. (MPE-GO / MPE-GO / 2019) Sobre a responsabilidade civil do Estado, assinale a alternativa
incorreta:
a) Segundo o STF, a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço
público, em relação a terceiros não usuários do serviço, é subjetiva.
b) No caso de posse em cargo público determinada por decisão judicial, entende o STF que o servidor não
faz jus á indenização sob fundamento de que deveria ter sido investido em momento anterior, salvo situação
de flagrante arbitrariedade.
c) Como regra, o Brasil adota a teoria do risco administrativo, segundo a qual é possível excluir a
responsabilidade diante da ausência de qualquer de seus elementos definidores.

cj.estrategia.com | 113
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

d) É possível constatar divergência doutrinária quanto ao reconhecimento do caso fortuito como excludente
da responsabilidade objetiva, uma vez que parcela dos autores, para os quais ele não pode ser considerado
uma excludente, afirma que pouco importa perscrutar o porquê de o Estado ter praticado o ato.
18. (FUNDAÇÃO CEFETBAHIA / MPE-BA / 2018) Com relação à responsabilidade civil do Estado pela
guarda e segurança das pessoas submetidas a encarceramento, com base na jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal, analise as assertivas e identifique com V as verdadeiras e com F as falsas.
( ) É de responsabilidade do Estado, nos termos do art. 37, i 6| , da Constituição Federal, a obrigação de
ressarcir os danos comprovadamente causados aos detentos custodiados em presídios, em decorrência da
falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento.
( ) O Estado responde pelos danos causados a detentos em decorrência da insuficiência das condições legais
de encarceramento, salvo os danos morais individuais decorrentes da superlotação carcerária, por ser um
problema de estrutura do sistema prisional, dependente de providências de atribuição legislativa e
administrativa, podendo o Judiciário apreciar o dano moral apenas em sua dimensão coletiva.
( ) Quanto à responsabilidade pelos danos causados aos detentos, em decorrência da superlotação
carcerária, a Corte Constitucional distingue o tratamento jurídico dado aos presos definitivos daquele
conferido aos provisórios, haja vista que esses últimos sujeitam-se ao chamado risco social.
( ) Trata-se de tema abrangido pelo art. 37, i 6| , da Constituição Federal, preceito normativo autoaplicável,
que não se sujeita à intermediação legislativa ou à providência legislativa.
( ) O Estado não pode invocar a reserva do possível para se eximir do dever de indenizar os danos pessoais
causados a detentos em estabelecimentos carcerários, salvo se comprovar a insuficiência de recursos
financeiros para eliminar o grave problema prisional globalmente considerado, dependente que é da
definição e implantação de políticas públicas específicas.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é
a) V F F V F
b) V F F V V
c) V V F V V
d) F V V F F
e) F V V F V

Defensor

19. (FCC / DPE-SC / 2021) Em observância à evolução da responsabilidade civil do Estado, as teorias
publicistas tiveram seus primeiros passos dados pela jurisprudência
(A) americana, com o caso Joseph.
(B) italiana, com o caso Bertz.
(C) francesa, com o caso Blanco.
(D) inglesa, com o caso Stuart.
(E) alemã, com o caso Berta.

cj.estrategia.com | 114
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

20. (FCC / DPE-GO / 2021) A passagem da doutrina da responsabilidade subjetiva para a da


responsabilidade objetiva do Estado, na Administração Pública, foi marcada pela teoria da
responsabilidade
(A) por culpa do patrão.
(B) pela falta do serviço.
(C) em razão do império.
(D) por fato de terceiro.
(E) por nexo de causalidade.
21. (CESPE / DP-DF / 2019) No que diz respeito a desvio e excesso de poder e à responsabilidade civil
do Estado, julgue o item subsecutivo.
É possível responsabilizar a administração pública por ato omissivo do poder público, desde que seja
inequívoco o requisito da causalidade, em linha direta e imediata, ou seja, desde que exista o nexo de
causalidade entre a ação omissiva atribuída ao poder público e o dano causado a terceiro.
22. (FUNDEP / DPE-MG / 2019) Analise as afirmativas a seguir sobre a responsabilidade civil do Estado
e dos agentes públicos.
I. Fulano sofreu danos materiais decorrentes de uma ação estatal. Nesse caso, a ação de reparação de danos,
fundada no art. 37, §6º, CR/88 pode ser ajuizada conjuntamente contra a pessoa jurídica de direito público
e o agente público envolvido.
II. O servidor público não pode ser punido na esfera administrativa se foi absolvido no juízo criminal.
III. Pela má execução da obra, a administração pública responde objetivamente, ao passo que, pelo “só fato
da obra”, a responsabilidade é subjetiva.
IV. A responsabilidade civil de um servidor público e a de um empregado de empresa privada concessionária
de serviço público, ambos no exercício de suas funções, é objetiva e subjetiva, respectivamente.
Nesse contexto pode-se afirmar:
a) Estão corretas I e IV, apenas.
b) Estão corretas II e III, apenas.
c) Estão corretas I, II, III e IV.
d) Todos os itens estão incorretos.
23. (FCC / DPE-AM / 2018 – Reaplicação) Carlos, servidor público municipal que atua em hospital da
rede pública estadual, no exercício regular de sua função, aplicou determinada medicação em um
paciente, que, sendo alérgico à mesma, acabou vindo a óbito. No procedimento instaurado para apuração
de responsabilidades, restou comprovada a ausência de culpa de Carlos, eis que o mesmo apenas seguiu
a prescrição do médico responsável, também servidor do mesmo hospital. Inconformados, os familiares
do falecido solicitaram à Defensoria Pública a adoção das medidas judiciais cabíveis para a
responsabilização civil pelos danos sofridos. Diante da situação narrada,
a) cabe a responsabilização objetiva do Estado, independentemente da comprovação de dolo ou culpa de
quaisquer dos servidores, sendo esta última circunstância necessária apenas para fins de direito de regresso.

cj.estrategia.com | 115
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

b) o Estado somente poderá ser civilmente responsabilizado pelos danos sofridos pelos familiares se
comprovada a prestação deficiente do serviço, com a necessária delimitação da parcela de culpa de cada um
dos envolvidos.
c) descabe a responsabilização do Estado, eis que configurada culpa exclusiva do servidor, caracterizada por
imperícia ou imprudência, respondendo este diretamente pelos danos causados.
d) incide a responsabilidade subjetiva e exclusiva do Estado, com base na teoria do risco administrativo,
cabendo, para tanto, a demonstração de omissão no dever de fiscalizar a atuação de seus agentes.
e) o Estado e o servidor responsável pela prescrição do medicamento respondem, solidariamente e de forma
objetiva, pelos danos causados, salvo se presente causa excludente de responsabilidade civil como, por
exemplo, culpa de terceiro.

Procurador

24. (FCC / PGE-GO / 2021) Considere que esteja em curso uma epidemia viral em determinada região
do país, atingindo quase a totalidade de um estado da federação e, consequentemente, ocasionando a
ocupação de mais de 95% dos leitos hospitalares, públicos e privados. Nessa situação, um paciente que
fora internado na rede hospitalar pública, por outras razões, veio a contrair a doença, evoluindo a óbito.
Pretende a família da vítima ajuizar ação de indenização contra o estado responsável pela gestão da
unidade hospitalar, sendo necessária, para a procedência do feito,
A) a demonstração de que o paciente obedeceu às normas sanitárias do hospital, o que será suficiente para
configurar a culpa in vigilando da Administração em relação aos agentes que atuam no ambiente hospitalar.
B) a demonstração do nexo de causalidade entre a omissão estatal e o falecimento do paciente,
demonstrando que a administração da unidade hospitalar falhou em adotar medidas de proteção capazes
de evitar o contágio.
C) o liame de causalidade entre o ato de terceiro, que não a vítima, e os danos por ela experimentados, sob
pena de se configurar hipótese de exclusão de responsabilidade.
D) a mera prova de que o paciente adentrou o hospital por outras razões, visto que se aplica, no caso, a
teoria da responsabilidade integral em relação à prestação de serviço público essencial.
E) a prova da culpa específica do agente público responsável pela gestão da unidade hospitalar, de modo a
configurar culpa in eligendo da Administração pública.
25. (CEBRASPE / PGE-AL / 2021) Em determinado estado da Federação, um preso ajuizou ação contra
o Estado, requerendo indenização por ressarcimento de danos, inclusive morais, em razão da insuficiência
de condições legais de encarceramento. Nessa situação hipotética, a ação poderá ser julgada
a) improcedente, pois o Estado seria responsável apenas em caso de falta total de condições legais de
encarceramento.
b) procedente quanto aos danos materiais, se for provado o nexo causal das alegações, e improcedente
quanto aos danos morais.
c) improcedente, pois, conforme a jurisprudência do STF, não há responsabilidade do Estado por
insuficiência ou falta de condições carcerárias.
d) improcedente quanto ao dano moral individual, pois a sua possibilidade só se configuraria no âmbito
coletivo.

cj.estrategia.com | 116
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

e) procedente quanto aos danos materiais e morais, se ficar provado o nexo causal das alegações.
26. (VUNESP / PGM-Jundiaí / 2021) No que diz respeito à responsabilidade do Estado por atos
legislativos, é correto afirmar que
(A) com base no princípio da separação de poderes, o STF já assentou que o Estado não pode ser
responsabilizado por atos legislativos.
(B) o Supremo Tribunal Federal adotou o entendimento de que lei declarada inconstitucional em ação direta
não enseja a responsabilidade estatal.
(C) o fundamento jurídico que autoriza a condenação do Estado por atos legislativos é a teoria do risco
integral.
(D) a responsabilidade estatal por atos legislativos somente é admitida quando haja previsão de indenização
expressa na própria norma.
(E) há possiblidade de responsabilizar o Estado em decorrência da edição de lei de efeitos concretos que
cause prejuízos a terceiros.
27. (FUNDEP / PGM-CONTAGEM-MG / 2019) Analise a situação a seguir. Dirigindo a serviço um veículo
oficial, um motorista servidor público municipal colide em um carro particular, ocasionando estragos em
ambos os carros, sem que haja vítimas. Nessa situação hipotética, analisando a responsabilidade civil do
estado em relação ao particular, é correto afirmar:
a) Não se aplica a responsabilidade objetiva prevista no art. 37, i 6| , da Constituição da República, pois o
dano não foi causado por um ato administrativo, mas sim por um fato.
b) A responsabilidade é subjetiva e recai sobre o servidor público motorista, que agiu com imprudência e
imperícia no desempenho da função.
c) O município responde de maneira objetiva pelo prejuízo decorrente da colisão, sofrido pelo particular
podendo cobrar do servidor o valor desembolsado em ação de regresso.
d) Aplica-se a teoria do risco administrativo, pois o servidor condutor do veículo estava dirigindo a serviço e
não pode ser responsabilizado pelo exercício de suas funções.
28. (VUNESP / PGM-GUARATINGUETÁ-SP / 2019) Considere que Mário, habitante do Município Y, no
dia 01 de setembro de 2016, trafegava obedecendo às regras de trânsito em uma estrada da cidade às 19
horas quando seu veículo se chocou com um animal de grande porte que estava no meio da pista. Em
decorrência do acidente, Mário ficou tetraplégico. De acordo com o entendimento do Superior Tribunal
de Justiça, é correto afirmar que
a) Mário não poderá mais ajuizar ação de responsabilidade civil em face do Município, pois o prazo
prescricional para tal demanda é de 03 (três) anos que começou a correr na data do acidente.
b) se configura a responsabilidade civil do Estado por omissão, havendo nexo causal entre o acidente e a
conduta estatal, consubstanciada no dever de fiscalizar as estradas e de impedir que animais fiquem soltos
em suas imediações e invadam a pista.
c) se trata de hipótese de caso fortuito e, consequentemente, o Município Y não poderá ser responsabilizado
pelo acidente sofrido por Mário.
d) o Município Y não poderá ser responsabilizado pelo acidente sofrido por Mário, pois o ente público não
possui meios eficazes de impedir a passagem de um animal nas estradas.

cj.estrategia.com | 117
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

e) se configura hipótese de força maior, excludente do nexo causal, e o Município Y não será responsabilizado
pelo acidente sofrido por Mário.
29. (VUNESP / PGM-SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP / 2019) Sobre a responsabilidade civil do Estado,
assinale a alternativa que está de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.
a) Nas ações indenizatórias decorrentes da responsabilidade civil objetiva do Estado, é obrigatória a
denunciação à lide.
b) A responsabilidade civil pelo dano ambiental é subjetiva e subsidiária, mormente quando há omissão do
dever de controle e de fiscalização por parte do ente público.
c) O Estado responde subjetivamente pela integridade física de detento em estabelecimento prisional.
d) O Estado responde civilmente por atos ilícitos praticados por foragidos do sistema penitenciário, ainda
que os danos não decorram direta ou imediatamente do ato de fuga.
e) Em caso de ato ilícito cometido por agente público, o termo inicial do prazo prescricional para ajuizamento
de ação indenizatória em face do Estado se dá a partir do trânsito em julgado da sentença penal
condenatória.
30. (IBFC / PGM-CABO DE SANTO AGOSTINHO-PE / 2019) A Responsabilidade Civil do Estado tem suas
principais diretrizes estabelecidas pela Constituição Federal. Sobre o assunto, assinale a alternativa
correta.
a) Pessoas jurídicas de direito privado não podem responder objetivamente pelos danos que causarem a
terceiros
b) Não há hipótese de responsabilidade do Estado por erro judiciário
c) O ordenamento pátrio adota a teoria da culpa administrativa para a Responsabilidade Civil do Estado
d) É assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa
31. (CESPE / PGE-AM / 2018) A respeito do entendimento do STJ sobre a responsabilidade civil do
Estado, julgue o item seguinte.
A existência de causa excludente de ilicitude penal não impede a responsabilidade civil do Estado pelos danos
causados por seus agentes.
32. (VUNESP / UNIFAI – Procurador / 2019) Suponha que João, servidor público, estava conduzindo
durante o horário de expediente veículo oficial quando colidiu, culposamente, com o carro de Maria. Com
o objetivo de receber indenização pelos prejuízos suportados, Maria ajuizou ação em face do Município,
na qual lhe é reconhecido o direito ao recebimento de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), correspondente à
quantia gasta com o conserto do automóvel. Considerando que o ato praticado por João não está tipificado
como crime ou improbidade administrativa, assinale a alternativa correta.
a) A pretensão de ressarcimento do Município em face de João prescreve em 5 (cinco) anos.
b) A pretensão de ressarcimento do Município em face de João prescreve em 3 (três) anos.
c) A pretensão de ressarcimento do Município em face de João é imprescritível.
d) A pretensão de ressarcimento do Município em face de João prescreve em 10 (dez) anos.
e) O Município não dispõe de pretensão de ressarcimento em face de João.
33. (CESPE / TCE-RO – Procurador do MPC / 2019) Considere as seguintes situações hipotéticas.

cj.estrategia.com | 118
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

I João, agente de uma fundação pública de direito público, no exercício de suas funções, causou dano a
terceiro.
II Pedro, agente de sociedade de economia mista exploradora de atividade econômica, no exercício de suas
funções, causou dano a terceiro.
III Antônio, agente de empresa privada prestadora de serviços públicos, no exercício de suas funções, causou
dano a terceiro.
Assinale a opção que apresenta, na ordem em que aparecem, as formas de responsabilidades das referidas
pessoas jurídicas pelos danos causados por João, Pedro e Antônio.
a) objetiva / objetiva / objetiva
b) objetiva / objetiva / subjetiva
c) objetiva / subjetiva / objetiva
d) subjetiva / objetiva / objetiva
e) subjetiva / subjetiva / objetiva
34. (VUNESP / CM-INDAIATUBA-SP – Procurador / 2019) Fulano dos Santos foi visitar sua sogra em
Indaiatuba e deixou o carro estacionado na rua. Quando retornou, o carro não estava mais lá. Ele acionou
a polícia, que registrou a ocorrência e desde então não mais teve notícias do paradeiro de seu veículo.
Diante disso, assinale a alternativa correta
a) O Estado responde por omissão na segurança pública, pois não evitou a ocorrência do crime.
b) O Município de Indaiatuba deve indenizá-lo, pois o furto foi praticado no Município.
c) Não cabe indenização porque a responsabilidade, nos casos de omissão, é de natureza subjetiva, devendo
ser comprovada a culpa do ente público.
d) O Estado e o Município respondem objetivamente e de forma solidária pelo furto do veículo.
e) Somente o Estado deve responder de forma objetiva, pois há nexo de causalidade entre a falha na
segurança pública, que é de responsabilidade do Estado, e o crime que vitimou Fulano dos Santos.
35. (CESPE / MPC-PA – Procurador do MPC / 2019) A respeito da responsabilidade civil extracontratual
do Estado, assinale a opção correta à luz do entendimento da doutrina e dos tribunais superiores.
a) Conforme entendimento do STF, a responsabilidade civil do Estado por atos de notários e oficiais de
registro que, nessa qualidade, causarem danos a terceiros é direta, primária e objetiva.
b) De acordo com o entendimento doutrinário predominante, o direito brasileiro acolheu a teoria da
irresponsabilidade do Estado.
c) A culpa concorrente da vítima, o fato de terceiro e a força maior são causas excludentes do nexo de
causalidade.
d) Não há responsabilidade civil do Estado por danos decorrentes de atos normativos, mesmo quando se
tratar de leis de efeitos concretos.
e) Segundo entendimento do STJ, a imprescritibilidade da pretensão de recebimento de indenização
decorrente de atos de tortura ocorridos durante o regime militar de exceção não alcança as ações por danos
materiais.

cj.estrategia.com | 119
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

36. (FAFIPA / PGM-FOZ DO IGUAÇU-PR / 2019) Assinale a alternativa CORRETA, em relação à


responsabilidade civil do Estado.
a) A responsabilidade objetiva do Estado existe em qualquer hipótese de dano, inclusive decorrente de força
maior e caso fortuito.
b) Na hipótese de falha do serviço público prestado pelo Estado, é desnecessária a comprovação do nexo de
causalidade entre a ação omissiva atribuída à Administração Pública e o dano causado a terceiro.
c) As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
d) De acordo com a teoria do risco integral, para configuração da responsabilidade estatal, é imprescindível
a existência da ilicitude do ato lesivo.
e) O prazo de prescrição do direito de obter indenização pelos danos causados por agentes de pessoa jurídica
de direito privado prestadoras de serviços públicos é de dez anos.
37. (CESPE / PGM-BOAVISTA-RR / 2019) Julgue o item a seguir, acerca das disposições constitucionais
a respeito de direito administrativo.
Um município poderá ser condenado ao pagamento de indenização por danos causados por conduta de
agentes de sua guarda municipal, ainda que tais danos tenham decorrido de conduta amparada por causa
excludente de ilicitude penal expressamente reconhecida em sentença transitada em julgado.
38. (NC-UFPR / PGM-CURITIBA-PR / 2019) O Brasil é um país pioneiro na matéria responsabilidade civil
do Estado. Ainda que por força jurisprudencial e doutrinária, o tema desenvolveu-se sobremaneira no país.
As lacunas do ordenamento positivo formal, todavia, acabaram por propiciar certa insegurança,
decorrente da variedade de teses e teorias que são encontradas nessa seara. Considerando esse contexto,
assinale a alternativa correta.
a) Tanto a doutrina como a jurisprudência não estão pacificadas, no Brasil, no tocante ao estabelecimento
do regime jurídico da responsabilidade civil estatal por omissão, que ora é entendida como objetiva, ora
como subjetiva.
b) A responsabilidade civil do Estado no Brasil é matéria tradicionalmente regulada tanto pela Constituição
da República quanto pela Lei Nacional de Responsabilidade Civil do Estado.
c) A teoria do risco administrativo não foi recepcionada pela Constituição da República de 1988.
d) O texto da Constituição da República veda expressamente a responsabilidade civil do Estado por atos
legislativos.
e) As pessoas jurídicas prestadoras de serviços públicos respondem subjetivamente por suas ações se
tiverem personalidade de Direito privado.
39. (IADES / AL-GO – Procurador / 2019) Considerando a jurisprudência sedimentada do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) quanto à responsabilidade civil do Estado, assinale a alternativa correta.
a) Em se tratando de indenização por danos decorrentes de responsabilidade contratual, os juros moratórios
fluem a partir da ocorrência do evento danoso, tanto para os danos morais quanto para os materiais.
b) O valor arbitrado, a título de danos morais, não pode ser revisto pelo STJ em face de a Corte ter vedação
de reanálise de matéria fática.

cj.estrategia.com | 120
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

c) O prazo prescricional trienal contido no Código Civil de 2002 é aplicado nas ações indenizatórias ajuizadas
contra a Fazenda Pública, em detrimento do prazo quinquenal previsto no Decreto n| 20.910/1932.
d) A responsabilidade civil do Estado pela morte de detento em delegacia, presídio ou cadeia pública é
objetiva, pois deve o Estado prestar vigilância e segurança aos presos sob a respectiva custódia.
e) Nas ações de indenização fundadas na responsabilidade civil objetiva do Estado, com base no i 6| do
art. 37 da Constituição Federal de 1988, é inadmitida a denunciação da lide do agente público supostamente
responsável pelo ato lesivo.
40. (FCC / PGM-CARUARU-PE / 2019) A respeito da responsabilidade extracontratual do Estado,
considere:
I. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
contra o responsável apenas nos casos de dolo comprovado em ação específica.
II. O dever de indenizar pode decorrer de atos que, ainda que lícitos, causem a determinadas pessoas um
ônus maior do que o imposto aos demais membros da coletividade, com base na noção de solidariedade
social.
III. A teoria do risco administrativo admite o afastamento da responsabilidade estatal, em razão de
circunstâncias excludentes.
IV. As sociedades de economia mista exploradoras de atividade econômica respondem objetivamente por
danos que seus agentes nesta qualidade causarem, por força do art. 37, § 6°, da Constituição Federal.
Está correto o que se afirma APENAS em:
a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) II e IV.
e) III e IV.
41. (CESPE / PGM-JOÃO PESSOA-PB / 2018) João foi furtado nas dependências de uma entidade que é
pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público, a qual deixou de agir com o cuidado
necessário à vigilância. Nessa situação hipotética, considerando-se os dispositivos constitucionais e o
entendimento do STF, a entidade
a) deverá ser responsabilizada civilmente, com base na legislação civilista, pelo dano suportado por João.
b) deverá ser responsabilizada civilmente, de forma objetiva e nos termos da CF, pelo dano suportado por
João.
c) deverá ser responsabilizada civilmente, de forma subjetiva e nos termos da CF, pelo dano suportado por
João.
d) não deverá ser responsabilizada civilmente, porque a segurança pública é dever do Estado.
e) não deverá ser responsabilizada civilmente nos termos da CF, porque não integra a administração pública.

cj.estrategia.com | 121
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Delegado

42. (AOCP / Delegado – PC-PA / 2021) Determinado delegado de polícia, agindo imprudentemente,
disparou sua arma de fogo ao manuseá-la dentro da própria delegacia, ferindo um particular que ali
estava. Nessa situação hipotética, no que concerne à responsabilidade civil do Estado, assinale a
alternativa correta.

A) Em eventual ação contra o Estado, o particular deverá provar a imprudência do delegado para que seja
ressarcido dos danos experimentados.

B) Como agiu imprudentemente, o delegado responderá diretamente ao particular pelos prejuízos causados,
excluindo a responsabilidade civil do Estado.

C) A prescrição para as ações de reparação civil contra o Estado ocorre em três anos.

D) O Estado responde civilmente em razão da conduta culposa de seu agente, aplicando-se ao caso a teoria
do risco administrativo.

E) Como se trata de conduta comissiva de agente público, qualificada pelo elemento culpa, aplica-se ao caso
a teoria da responsabilidade subjetiva do Estado.

43. (FGV / PC-RN / 2021) João cumpria pena em estabelecimento prisional do Estado Alfa quando foi
morto por estrangulamento praticado por outro apenado, sendo certo que, durante o homicídio, praticado
no horário de banho de sol, não interveio qualquer agente penitenciário, presente no local, para tentar
impedir a morte de João. A família do falecido João procurou a Defensoria Pública, que lhe esclareceu que
a Constituição da República de 1988, em seu artigo 5| , inciso XLIX, assegura aos presos o respeito à
integridade física e moral. Assim, seguindo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, os filhos de João:

A) não devem ajuizar ação indenizatória em face do Estado Alfa, porque o caso trata de culpa exclusiva de
terceiro, qual seja, o detento que praticou o homicídio;

B) não devem ajuizar ação indenizatória em face do Estado Alfa, porque não incide a responsabilidade civil
objetiva, e sim devem manejá-la em face diretamente dos agentes penitenciários que foram omissos;

C) devem ajuizar ação indenizatória em face do Estado Alfa, por sua responsabilidade civil subjetiva, sendo
inaplicável ação de regresso pelo ente federativo em face dos agentes públicos, diante da ausência de culpa
ou dolo;

D) devem ajuizar ação indenizatória em face do Estado Alfa, por sua responsabilidade civil objetiva pela
inobservância do seu dever específico de proteção previsto no citado artigo inciso da Constituição da
República de 1988;

E) devem ajuizar ação indenizatória em face do Estado Alfa, por sua responsabilidade civil subjetiva, diante
da omissão específica no cumprimento do dever previsto no citado artigo 5| , inciso XLIX, da Constituição da
República de desde que comprovada a existência do elemento subjetivo.

cj.estrategia.com | 122
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

44. (FGV / PC-RN / 2021) João, que cumpria pena em estabelecimento prisional após ser condenado
pela prática de inúmeros homicídios, logrou êxito em fugir. Após alguns dias escondido na mata, invadiu
uma casa e matou três dos cinco integrantes da família que ali residia, sendo preso em flagrante delito. Os
sobreviventes ajuizaram ação de reparação de danos em face do Estado, argumentando com a omissão
dos seus agentes na manutenção da prisão de João e na sua não captura, de modo a evitar a ocorrência
dos fatídicos eventos. À luz da sistemática constitucional, no caso em tela, a responsabilidade
extracontratual do Estado:

A) não deve ser reconhecida, já que ausente o nexo causal entre a omissão e o dano, embora a
responsabilidade, nesses casos, seja objetiva, com base no risco administrativo;

B) deve ser reconhecida com base na teoria da responsabilidade objetiva, de contornos absolutos, que não
admite as excludentes do caso fortuito e da força maior;

C) deve ser reconhecida com base na teoria da falta administrativa, tendo em vista a flagrante omissão
detectada e o seu nexo causal com o dano perpetrado;

D) não deve ser reconhecida, já que o Estado não pode ser responsabilizado pelo dano causado por João, já
que com ele não mantinha vínculo funcional;

E) deve ser reconhecida com base na teoria do risco integral, cujos elementos constitutivos estão
plenamente caracterizados.

45. (CESPE / POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO/ 2021) Acerca da responsabilidade civil do Estado, julgue
os itens que se seguem.

Conforme a teoria do risco administrativo, uma empresa estatal dotada de personalidade jurídica de direito
privado que exerça atividade econômica responderá objetivamente pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, resguardado o direito de regresso contra o causador do dano.

46. (CESPE / POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO/ 2021) Acerca da responsabilidade civil do Estado, julgue
os itens que se seguem.

É subjetiva a responsabilidade civil do Estado decorrente de conduta omissiva imprópria, sendo necessária
a comprovação da culpa, do dano e do nexo de causalidade.

47. (INSTITUTO ACESSO / PC-ES – Delegado / 2019 – Concurso anulado) Sobre os elementos jurídicos
da responsabilidade civil do Estado, assinale a afirmação INCORRETA:
a) É cabível ação de regresso manejada pela Pessoa Jurídica de Direito Público, na hipótese de esta ser
condenada a ressarcir um particular, em razão de conduta culposa de agente gerador de dano a terceiro.
b) Os elementos comuns da responsabilidade civil objetiva e subjetiva são a ação do Estado, o nexo causal e
o dano.
c) Culpa é elemento subjetivo a ser verificado em ação de indenização quando se tratar de responsabilidade
subjetiva.

cj.estrategia.com | 123
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

d) Na ação de reparação de danos, que tem por objeto a conduta comissiva de um agente do Estado, é
preciso que se comprove, além do nexo causal e dano, o elemento volitivo do agente do Estado.
e) Aplica-se a responsabilidade civil subjetiva do Estado na hipótese de dano físico em particular que estava
sob a custódia de um agente policial, e quando a alegação de dano físico decorreu de conduta omissiva do
referido policial.
48. (CESPE / PC-SE – Delegado / 2018) Em fevereiro de 2018, o delegado de polícia de uma cidade
determinou a realização de diligências para apurar delito de furto em uma padaria do local. Sem mandado
judicial, os agentes de polícia conduziram um suspeito à delegacia. Interrogado pelos próprios agentes, o
suspeito negou a autoria do crime e, sem que lhe fosse permitido se comunicar com parentes, foi
trancafiado em uma cela da delegacia. A ação dos agentes foi levada ao conhecimento do delegado, que
determinou a abertura de processo administrativo disciplinar contra eles para se apurar a suposta ilicitude
nos atos praticados. Com referência a essa situação hipotética, julgue o item seguinte.
A apuração de eventual responsabilidade civil dos agentes dispensa a presença de conduta dolosa ou
culposa.
49. (CESPE / PF - Delegado / 2018) Acerca da responsabilidade civil do Estado, julgue o item a seguir.
O Estado não será civilmente responsável pelos danos causados por seus agentes sempre que estes
estiverem amparados por causa excludente de ilicitude penal.
50. (CESPE / PF - Delegado / 2018) Acerca da responsabilidade civil do Estado, julgue o item a seguir.
A responsabilidade civil do Estado pela morte de detento sob sua custódia é objetiva, conforme a teoria do
risco administrativo, em caso de inobservância do seu dever constitucional específico de proteção.
51. (FUMARC / PC-MG – Delegado / 2018) Sobre a responsabilidade do Estado por atos legislativos,
NÃO está correto o que se afirma em:
a) Sua aplicação não é admitida com relação às leis de efeitos concretos constitucionais.
b) É aplicável aos casos de omissão no dever de legislar e regulamentar.
c) É admitida com relação às leis declaradas inconstitucionais.
d) É aceita nos casos de atos normativos do Poder Executivo e de entes administrativos com função
normativa, mesmo em caso de vícios de inconstitucionalidade ou de ilegalidade.

Outros

52. (VUNESP / TJ-GO – Titular de Serviços de Notas e Registros – Remoção / 2021) Suponha que
Maurício ajuizou uma ação com o objetivo de que o Estado X o indenizasse pelos danos materiais causados
pelo 1| Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais da Comarca ABC, em virtude de erro na elaboração
de certidão de nascimento do seu filho, o que lhe causou prejuízos financeiros. Com base na situação
hipotética apresentada e na jurisprudência recente do Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que
(A) por se aplicar exclusivamente às normas do Código de Defesa do Consumidor, o delegado do serviço
público não pode alegar a ocorrência de caso fortuito e de força maior.
(B) Maurício errou ao ajuizar a ação indenizatória em face do Estado X, pois apenas o delegado do serviço
público é quem detém legitimidade passiva para figurar nesta ação.

cj.estrategia.com | 124
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

(C) o Estado X responde, objetivamente, pelos atos do delegado do serviço público, que no exercício de suas
funções, tenha causado danos a Maurício, sendo necessário observar o dever de regresso contra o
responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa.
(D) já que os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, com intuito lucrativo, o Estado
X apenas pode ser responsabilizado subsidiariamente pelas ações do delegado do serviço público.
53. (VUNESP / TJ-GO – Titular de Serviços de Notas e Registros – Provimento / 2021) Assinale a
alternativa correta sobre a responsabilidade civil extracontratual do Estado pelos atos dos tabeliães e
registradores, que, no exercício de suas funções, causem danos a terceiros, segundo tese firmada pelo
Supremo Tribunal Federal no julgamento do Tema 777.
(A) o Estado responde, objetivamente, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de
dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa.
(B) o Estado responde, subjetivamente, assegurado o direito de regresso contra o responsável, nos casos de
dolo ou culpa.
(C) o Estado responde, subsidiariamente, pelos danos, uma vez comprovada a impossibilidade de pagamento
do Cartório, com o direito de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa.
(D) o Estado responde, objetivamente, facultado ao poder público exercer o direito de regresso contra o
responsável, nos casos de dolo ou culpa.

GABARITO
Magistratura

1. D
2. E
3. B
4. B
5. D
6. A
7. C
8. B
9. B
10. D
11. B
12. C

Promotor

13. D
14. A
15. D
16. C
17. A

cj.estrategia.com | 125
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

18. A

Defensor

19. C
20. B
21. CORRETA
22. D
23. A

Procurador

24. B
25. E
26. E
27. C
28. B
29. E
30. D
31. CORRETA
32. A
33. C
34. C
35. A
36. C
37. CORRETA
38. A
39. D
40. C
41. B

Delegado

42. D
43. D
44. A
45. ERRADA
46. CORRETA
47. D
48. INCORRETA
49. INCORRETA
50. CORRETA
51. A

cj.estrategia.com | 126
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Outros

52. C
53. A

cj.estrategia.com | 127

Você também pode gostar