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Direito Empresarial
Prof.ª Cristiane Pauli
Prof. Douglas Azevedo
Prof.ª Luciana Aranalde
1ª Fase | 36° Exame da OAB
Direito Empresarial
Direito Empresarial
Sumário
Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para
a 1ª Fase OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso,
recomenda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente.
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1ª Fase | 36° Exame da OAB
Direito Empresarial
1. Parte geral
1.1.1. Empresa
O Direito Empresarial historicamente é organizado a partir de três grandes fases.
A 1ª fase é a fase do Direito Mercantil, no final da Idade Média (a partir do século XII),
quando os usos e costumes eram concebidos nos estatutos das Corporações de Ofício,
verdadeiras jurisdições privadas de direito consuetudinário e corporativista. Trata-se da chamada
Teoria das Corporações de Ofício. É nessa fase que são criados os primeiros títulos de créditos
e alguns protótipos de sociedades e de contratos.
A 2ª fase do Direito Comercial, já na Idade Moderna, é marcada pelas inspirações
advindas da codificação napoleônica. No Brasil, o Código Comercial (1850) marcou a fase da
Teoria dos Atos de Comércio. O Direito Comercial era destinado a todos os comerciantes e em
razão da Codificação, assumiu um papel autônomo em relação ao Direito Civil. Destaca-se que
os comerciantes eram considerados exclusivamente aqueles que os atos de comércio eram
aqueles que possuíam a função comum de intermediação na efetivação da troca.
A 3ª fase corresponde a fase atual, chamada de Teoria da Empresa. Com a criação da
figura do empresário, passa-se do Direito Comercial ao Direito Empresarial. A inspiração foi o
Código Civil Italiano de 1942. A Teoria da Empresa passa a ser disciplinada com a redação do
Art. 966 do Código Civil, que preconiza que é considerado empresário aquele que exerce
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou
de serviços.
1.1.2. Empresário
Atualmente, existe no ordenamento jurídico duas categorias que são enquadradas no
conceito de empresário: a) o Empresário Individual; e b) a Sociedade Empresária.
Extinção da EIRELI: A Lei 14.195/2021 revogou tacitamente o artigo 980-A do CC e foi
somente A MP 1.085/2021 que revogou de forma expressa o dispositivo, extinguindo, portanto,
a EIRELI.
O Empresário Individual é uma pessoa natural, porém, de natureza jurídica. Como indica
o seu próprio nome, representa um tipo empresarial onde não é admitida a existência de um
sócio. Seu modelo já não é tão corriqueiro tendo em vista que a escolha atrai a obrigação da
responsabilidade direta e ilimitada. Ou seja, o CPF e o CNPJ acabam interpenetrando-se.
A responsabilidade do Empresário Individual é direta e ilimitada. O Enunciado 5 das
Jornadas de Direito Comercial veio a indicar que primeiramente deve o Empresário responder
com os bens da empresa, depois com os particulares.
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homologar a separação judicial do empresário e o ato de reconciliação não podem ser opostos
a terceiros, antes de arquivados e averbados no Registro Público de Empresas Mercantis".
Por fim, um empresário pode ser representado pela Sociedade Empresária, que será
estudada com maiores detalhamentos na Seção 2. Contudo, para fins de caracterização, tem-se
que possui natureza jurídica de pessoa jurídica. Os sócios podem ser pessoa natural ou jurídica
e a responsabilidade dos sócios é subsidiária e limitada, ilimitada ou mista, a depender do tipo
societário eleito.
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Obviamente tal regra é considerada apenas em relação às dívidas que podem ser
negociadas, o que não se aplica no caso das dívidas de natureza tributária e trabalhista. Nesses
casos devem ser observadas as previsões do Art. 133 do Código Tributário Nacional e do Art.
448 da Consolidação das Leis Trabalhistas.
É lícito e usual que esses contratos venham com a previsão de uma cláusula de não
concorrência. Em referência a isso, inclusive, o Art. 1.147 do Código Civil indica que “não
havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao
adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência”. Nada impede de ser previsto um
prazo menor, valendo esse regramento no silêncio.
Por fim, vale mencionar o caso de sub-rogação nos contratos de exploração, pelo Art.
1148 do Código Civil, que indica que "salvo disposição em contrário, a transferência importa a
sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se
não tiverem caráter pessoal". Refere ainda que nada impede que os terceiros rescindam o
contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa,
ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante.
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Importante que se saiba que é a Lei 8.934/1994 que dispõe sobre o Registro Público de
Empresas Mercantis e Atividades Afins. O registro nas Juntas Comerciais possui um principal
interesse: o da publicidade dos atos e, portanto, qualquer pessoa pode consultar os contratos e
documentos lá arquivados.
De acordo com o Art. 36 da Lei 8934/1994, o registro do Contrato Social deve dar em até
trinta dias contados de sua assinatura. Caso feito nesse prazo, os efeitos retroagem. Se fora do
prazo, o arquivamento só possui eficácia a partir do despacho de concessão. O mesmo texto é
trazido pelo Art. 998 do Código Civil.
O pedido de inscrição deve ser acompanhado do instrumento autenticado do contrato, e,
de acordo com o Cödigo Civil, "se algum sócio nele houver sido representado por procurador, o
da respectiva procuração, bem como, se for o caso, da prova de autorização da autoridade
competente (letra do parágrafo primeiro do Art. 998).
A Escrituração (Arts. 1.179 - 1.195, Código Civil) é outra obrigação legal estendida aos
empresários e está prevista no Art. 1.179 do Código Civil. A Lei impõe a obrigação do empresário
de manter a escrituração contábil dos resultados dos negócios que participa. A escrituração tem
uma função interna ou administrativa, na medida em que possibilita:
• Verificar os resultados do negócio;
• Fundamentar ações corretivas visando aumento/diminuição dos lucros/prejuízos;
• Posicionar os sócios acerca do desempenho da sociedade empresária.
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1.2.1. Especificidades
Constituída a sociedade pela formalização e assinatura do contrato social, devem os
sócios proceder ao registro do ato constitutivo da sociedade no órgão competente (Cartório ou
Junta, a depender do objeto social), para que ela adquira personalidade jurídica (art. 985 do
Código Civil) e possa dar início às suas atividades (art. 967 do Código Civil).
De acordo com o art. 998 do CC, o prazo para a efetivação do registro do ato constitutivo
da sociedade é de 30 dias após sua constituição (ver também art. 36 da Lei 8.934/1994).
Complementando a regra acima transcrita, dispõem seus parágrafos: “o pedido de
inscrição será acompanhado do instrumento autenticado do contrato, e, se algum sócio nele
houver sido representado por procurador, o da respectiva procuração, bem como, se for o caso,
da prova de autorização da autoridade competente” (§ 1º); e “com todas as indicações
enumeradas no artigo antecedente, será a inscrição tomada por termo no livro de registro próprio,
e obedecerá a número de ordem contínua para todas as sociedades inscritas” (§ 2º).
A constituição das sociedades empresárias, do tipo limitada, para o correto registro
perante o Registro Público de Empresa, deve conter, OBRIGATORIAMENTE o instrumento de
contrato social, em três vias, assinado por todos os sócios ou seus procuradores.
No caso do instrumento de constituição social que será levado a registro conter
representação por procurador, é obrigatório exigir a respectiva procuração com poderes
específicos para o ato, bem com a aprovação prévia do órgão governamental competente,
quando for o caso. É preciso estar devidamente consignado no corpo do instrumento de
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Uma das principais funções do capital social é a de mensurar a contribuição dos sócios,
de modo a funcionar como um fundo de garantia dos credores – e assenta-se na ideia da
limitação da responsabilidade dos sócios.
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Lembre-se que as pessoas jurídicas de direito público estão submetidas a regime distinto
das pessoas jurídicas de direito privado, na medida em que têm suas regras sujeitas ao direito
administrativo, submetendo-se ao princípio da estrita legalidade.
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Quanto às pessoas jurídicas de direito privado é importante saber que não se limitam
àquelas previstas no art. 44, do Código Civil, podendo existir outras, tais como, os sindicatos, as
confederações, as federações, dentre outras.
Assim prevê o art. 1.024 do Código Civil: Os bens particulares dos sócios não podem
ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais.
Isso se dá em virtude da autonomia patrimonial das sociedades, a qual determina que a
responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais será subsidiária, podendo também ser
limitada a depender do tipo societário. Essa concepção tornou-se ainda mais forte a partir da
edição da Lei da Liberdade Econômica (Lei 13.874/2019) a partir da inclusão do art. 49-A ao
Código Civil.
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Art. 50, § 1º, CC. Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização
da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de
qualquer natureza.
No abuso por desvio de finalidade a personificação existe para um fim ilícito, como
acontece quando a atividade da pessoa jurídica é em si lícita, mas seria ilícita se exercida pelo
sócio, ou seja, a pessoa jurídica é usada para encobrir a ilicitude da ação dos sócios.
Não é Desvio de Finalidade:
Art. 50, § 5º, CC. Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da
finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica.
Confusão Patrimonial:
Art. 50, § 2º, CC. Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato
entre os patrimônios, caracterizada por:
I - Cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou
vice-versa;
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de
valor proporcionalmente insignificante; e
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.
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Assim prevê o art. 1.032 do CC: “a retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime, ou
a seus herdeiros, da responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois anos após
averbada a resolução da sociedade; nem nos dois primeiros casos, pelas posteriores e em igual
prazo, enquanto não se requerer a averbação”.
Assim, há quem alegue que a desconsideração da personalidade jurídica não poderia, por
exemplo, atingir um sócio que já se retirou da sociedade há mais de dois anos. No entanto, o
STJ já decidiu que a regra do art. 1.032 do CC não tem aplicação quando se trata de
desconsideração da personalidade jurídica, conforme é possível verificar no REsp 1.269.897-SP
(STJ, Relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, DJe 23/11/09) e .REsp 1.312.591-RS.
(STJ, Relatora Ministro Luis Felipe Salomào, Quarta Turma, Dje 11/05/2013).
Dica: A desconsideração da personalidade jurídica NÃO SE CONFUNDE com a
despersonalização da pessoa jurídica, esta atinge a validade do ato constitutivo, ao passo que a
desconsideração objetiva atingir o patrimônio dos sócios, tratando-se de um ato momentâneo.
2. Sociedade Simples
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Art. 1.059. Os sócios serão obrigados à reposição dos lucros e das quantias retiradas, a
qualquer título, ainda que autorizados pelo contrato, quando tais lucros ou quantia se
distribuírem com prejuízo do capital.
O capital funciona como uma garantia dos credores, bem como é o que viabiliza a
realização do objeto social e define as relações de poder dos sócios no controle da sociedade,
da mesma forma que define a responsabilidade de cada sócio.
Quanto ao valor do capital social o debate sobre a necessidade ou não de haver um capital
social mínimo para constituição de uma determinada sociedade é antigo, havendo ordenamentos
jurídicos que fazem essa exigência. Existem diversos fundamentos acerca da exigência de um
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capital mínimo, como por exemplo: cumprimento das funções de garantia e produtividade. No
Brasil não se exige capital social mínimo para a constituição de sociedades.
A exigência de adequação do capital social ao objeto social pode ser extraída de uma
interpretação dos arts. 173 da Lei 6.404/1976 (“a assembleia geral poderá deliberar a redução
do capital social se houver perda, até o montante dos prejuízos acumulados, ou se julgá-lo
excessivo”) e 1.082, II, do CC (“pode a sociedade reduzir o capital, mediante a correspondente
modificação do contrato: (...) II – se excessivo em relação ao objeto da sociedade” (princípio da
congruência).
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Verifica-se que as sociedade simples (e isso vale também para as demais sociedades
contratuais), não podem ser administradas por pessoa jurídica, já que o dispositivo usa a
expressão pessoas naturais para se referir aos administradores.
Também não podem administrar a sociedade as pessoas mencionadas no art. 1.011, § 1º
do Código Civil: “não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei especial,
os condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou
por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a
economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da
concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto
perdurarem os efeitos da condenação”.
Caso o contrato social não designe expressamente seus administradores, aplica-se o art.
1.013 do Código Civil: “a administração da sociedade, nada dispondo o contrato social, compete
separadamente a cada um dos sócios”. Dispõem seus parágrafos: §1º: “se a administração
competir separadamente a vários administradores, cada um pode impugnar operação pretendida
por outro, cabendo a decisão aos sócios, por maioria de votos”; §2º. “responde por perdas e
danos perante a sociedade o administrador que realizar operações, sabendo ou devendo saber
que estava agindo em desacordo com a maioria”. E, ainda, o art. 1.014 do Código Civil que prevê
que “nos atos de competência conjunta de vários administradores, torna-se necessário o
concurso de todos, salvo nos casos urgentes, em que a omissão ou retardo das providências
possa ocasionar dano irreparável ou grave”.
Nada impede que os sócios, embora não tenham designado o administrador no próprio
contrato social, façam-no em ato separado posteriormente. Nesse caso, deve-se atentar apenas
para a imprescindibilidade de averbação do ato no órgão de registro da sociedade, em
obediência ao art. 1.012 do Código Civil: “o administrador, nomeado por instrumento em
separado, deve averbá-lo à margem da inscrição da sociedade, e, pelos atos que praticar, antes
de requerer a averbação, responde pessoal e solidariamente com a sociedade”.
A diferença entre o administrador nomeado no contrato social e o administrador nomeado
em ato separado está no fato de que os poderes daquele, caso seja sócio, são, em tese,
irrevogáveis, salvo por decisão judicial que reconheça a ocorrência de justa causa para a
revogação. Já os poderes de administrador, não sócio ou de administrador designado em ato
separado, ainda que sócio, são revogáveis a qualquer tempo pela vontade dos demais, conforme
prevê o art. 1.019 do Código Civil: “são irrevogáveis os poderes do sócio investido na
administração por cláusula expressa do contrato social, salvo justa causa, reconhecida
judicialmente, a pedido de qualquer dos sócios. Parágrafo único. São revogáveis, a qualquer
tempo, os poderes conferidos a sócio por ato separado, ou a quem não seja sócio”.
Nota-se que sócio administrador contratualmente nomeado, possui uma espécie de
estabilidade, podendo representar aos demais sócios um grave comprometimento de seus
interesses. Para afastar essa estabilidade, a nomeação dos administradores pode ser
processada por ato separado. Esse termo, para efeito de eficácia externa, deverá ser averbado
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à margem da inscrição da sociedade. Importa mencionar que, ainda que nomeado administrador
no próprio contrato, o não sócio não está protegido contra a destituição
A atividade do administrador é personalíssima, não podendo outrem exercer suas
funções; o máximo permitido é a delegação de certas atividades a mandatários, nos termos do
art. 1.018 do Código Civil: “ao administrador é vedado fazer-se substituir no exercício de suas
funções, sendo-lhe facultado, nos limites de seus poderes, constituir mandatários da sociedade,
especificados no instrumento os atos e operações que poderão praticar”.
Teoria Orgânica: Prevê o art. 1.022, do CC que “a sociedade adquire direitos, assume
obrigações e procede judicialmente por meio de administradores com poderes especiais, ou, não
os havendo, por intermédio de qualquer administrador.”
Os administradores são os representantes legais da sociedade. De acordo com a teoria
orgânica, o administrador não é tecnicamente representante, mas presentante (órgão integrante
da própria sociedade, que externa a sua vontade, ou seja, torna-a presente). Não obstante, o art.
1.011, § 2º, do Código Civil dispõe que “aplicam-se à atividade dos administradores, no que
couber, as disposições concernentes ao mandato”.
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responsabilidade dos sócios da sociedade simples “pura”, nesse caso, igual a dos sócios de uma
sociedade em nome coletivo.
Essa cláusula de responsabilidade solidária é a prevista no art. 997, inciso VIII do Código
Civil, que estabelece a possibilidade de o contrato social prever “se os sócios respondem, ou
não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais”.
Art. 1.025. O sócio, admitido em sociedade já constituída, não se exime das dívidas sociais
anteriores à admissão.
Art. 1.032. A retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime, ou a seus herdeiros, da
responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois anos após averbada a
resolução da sociedade; nem nos dois primeiros casos, pelas posteriores e em igual prazo,
enquanto não se requerer a averbação.
Art. 1.026. O credor particular de sócio pode, na insuficiência de outros bens do devedor,
fazer recair a execução sobre o que a este couber nos lucros da sociedade, ou na parte
que lhe tocar em liquidação.
Esse dispositivo admite a penhora de quotas para execução de dívida particular de sócio,
nesses casos, aplica-se a regra do art. 861 do CPC.
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Assim consta no Manual de registro da sociedade limitada: “4.4.3. Retirada nos casos de
prazo determinado ou indeterminado.Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer
sócio pode retirar-se da sociedade: I - se de prazo indeterminado, mediante notificação aos
demais sócios, com antecedência mínima de sessenta dias, a contar da notificação do último
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sócio. Nesta hipótese, observar-se-á o seguinte: a) passado o prazo, deverá ser providenciado
arquivamento da notificação, que poderá ser por qualquer forma que ateste a cientificação
dos sócios; b) a junta anotará no cadastro da empresa a retirada do sócio; c) a sociedade deverá,
na alteração contratual seguinte, regularizar o quadro societário; e II - se de prazo determinado,
provando judicialmente justa causa”.
Ainda, deve-se observar o que trata o artigo 1.030 sobre a exclusão do sócio “Ressalvado
o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode o sócio ser excluído judicialmente, mediante
iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou,
ainda, por incapacidade superveniente.
Parágrafo único. Será de pleno direito excluído da sociedade o sócio declarado falido, ou
aquele cuja quota tenha sido liquidada nos termos do parágrafo único do art. 1.026”.
Em resumo, quanto à exclusão do sócio pode ser ordenada da seguinte orientação:
a) o sócio remisso, por iniciativa da maioria dos demais sócios, poderá ser excluído da
sociedade, exclusão essa que se realizará de forma extrajudicial;
b) o sócio declarado falido ou civilmente insolvente, na forma das respectivas leis de
regência, bem como o sócio cuja quota for liquidada nos termos do parágrafo único do art. 1.026
do Código, serão, de pleno direito, excluídos da sociedade, exclusão essa que se dá, portanto,
no plano extrajudicial;
c) o sócio que incorrer em falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, o
sócio declarado incapaz por fato superveniente, poderão ser excluídos por decisão da maioria
dos demais sócios, mas a exclusão far-se-á judicialmente
Nesses casos, observa-se quanto às quotas o que prevê o art. 1.031. “Nos casos em que
a sociedade se resolver em relação a um sócio, o valor da sua quota, considerada pelo montante
efetivamente realizado, liquidar-se-á, salvo disposição contratual em contrário, com base na
situação patrimonial da sociedade, à data da resolução, verificada em balanço especialmente
levantado. § 1° O capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se os demais sócios
suprirem o valor da quota; § 2° A quota liquidada será paga em dinheiro, no prazo de noventa
dias, a partir da liquidação, salvo acordo, ou estipulação contratual em contrário.”
Importante salientar ainda, que no que diz respeito à apuração de haveres o ideal é que
esteja disciplinado no próprio contrato social, estabelecendo:
a) O critério de apuração dos haveres (art. 606, CPC).
b) A forma e prazo de pagamentos dos haveres (art. 604, §1º a 3º, CPC).
c) Os direitos do sócio durante a apuração dos haveres (art. 608, parágrafo único, CPC).
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3. Sociedade Limitada
A aplicação supletiva das normas da sociedade anônima (art. 1.053, parágrafo único do
C.C) à sociedade limitada será feita quando o contrato social previr e se tratar de matéria que os
sócios podem contratar.
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A regência supletiva não pode ser absoluta, somando-se ao texto da lei da sociedade
limitada todo o texto das normas das sociedades simples ou todo o texto da lei das sociedades
anônimas. Tal forma de regência encontra seus limites no critério de compatibilidade, entendida
esta com a necessidade de se respeitar as questões ligadas à natureza e às finalidades
econômicas e empresariais das sociedades, bem como na necessidade de não lesar normas
gerais e abstratas não adstritas à vontade dos sócios.
Os limites de regência supletiva se aplicam tanto em relação à sociedade anônima como
em relação à sociedade simples. (...)
Tratando-se de direito disponíveis, reguláveis no contrato social por conta do
contratualismo da sociedade, as regras do contrato prevalecem em detrimento das normas de
regência supletiva, ainda que sobre a questão o capítulo da sociedade limitada seja omisso.
A regência supletiva não deve implicar a transformação do tipo societário. Assim, a
limitada não deve transformar-se em subespécie de sociedade anônima ou subespécie de
sociedade simples. Não pode ainda implicar a descaracterização, desnaturação, perda de
flexibilidade e adaptabilidade, que são as principais riquezas da sociedade limitada, juntamente
com a responsabilidade limitada dos sócios.
Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que,
além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:
I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas
naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;
II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;
III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer
espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária;
IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;
V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços;
VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e
atribuições;
VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;
VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais.
Cláusulas obrigatórias:
1. Qualificação dos sócios: Sócio incapaz, sócio impedido e sócios casados.
2. Qualificação da sociedade: Nome empresarial, objeto, sede e prazo.
3. Capital social: Funções, diferença para o patrimônio e ‘subcapitalização’.
4. Subscrição e integralização das quotas: Impossibilidade de contribuições em serviços.
5. Administração da sociedade: Administrador não sócio e conselho de administração.
6. Participação nos lucros e nas perdas: Quotas preferenciais.
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Art. 1.055. O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou
diversas a cada sócio.
Art. 1.005. O sócio que, a título de quota social, transmitir domínio, posse ou uso, responde
pela evicção; e pela solvência do devedor, aquele que transferir crédito.
§ 1º Pela exata estimação de bens conferidos ao capital social respondem solidariamente
todos os sócios, até o prazo de cinco anos da data do registro da sociedade.
a) Se o sócio integralizar sua quota com transferência de bens, estes devem ser
suscetíveis de avaliação pecuniária, além de o sócio responder pela evicção, isto é, caso a
sociedade perca esse bem posteriormente em razão de ele ser de outrem, o sócio que o havia
transferido terá que pagar a ela o seu valor (segundo doutrinadores, deveria o CC ter previsto
também a responsabilidade do sócio por eventuais vícios redibitórios da coisa).
b) Se o sócio integralizar sua quota com a transferência de créditos de sua titularidade,
responderá pela solvência do devedor, isto é, caso os créditos cedidos não sejam pagos pelos
seus devedores, o sócio que os cedeu terá que pagá-los.
c) Nas sociedades limitadas não é necessário laudo de avaliação dos bens usados para
integralização do capital social, e isso vale tanto para a constituição da sociedade quanto para
os casos de aumento do capital social.
d) A doutrina costuma destacar que os bens cedidos à sociedade a título de integralização
do capital social (i) devem estar relacionados ao objeto social, tendo utilidade direta ou indireta
para a atividade exercida pela sociedade, e (ii) devem ser aptos à execução por eventuais
credores sociais, de modo que não seria permitido integralizar quotas com bens impenhoráveis.
Art. 35, VII, ‘a’ da Lei 8.934/1994: o contrato social deve conter “a descrição e identificação
do imóvel, sua área, dados relativos à sua titulação, bem como o número da matrícula no registro
imobiliário”.
O arquivamento de contrato social com essa estipulação não é suficiente para transferir a
propriedade do imóvel do sócio para a sociedade. Deve-se observar o art. 64 da Lei 8.934/1994.
Após fazer o arquivamento do contrato social, pega-se a certidão da Junta Comercial para que
ela seja levada a registro no cartório de imóveis, e é isso o que operará a transferência de
titularidade do bem.
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O condomínio de quotas pode ser decorrente de ato inter vivos ou de sucessão causa
mortis. A quota terá mais de um dono, mas perante a sociedade, como ela é indivisível, apenas
um dos condôminos poderá exercer os direitos que ela confere, o condômino-sócio (condômino
escolhido ou inventariante).
Art. 1.057. Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente,
a quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não
houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social.
Parágrafo único. A cessão terá eficácia quanto à sociedade e terceiros, inclusive para os
fins do parágrafo único do art. 1.003, a partir da averbação do respectivo instrumento,
subscrito pelos sócios anuentes.
Contrato social:
• Quotas transferíveis/intransferíveis
• Transferência condicionada/incondicionada
• Direito de preferência aos sócios
• Silêncio:
IN 81 do DREI:
Item 4.4.2 do Manual de Registro da Sociedade Limitada: “Na omissão do contrato social,
a cessão de quotas de uma sociedade limitada pode ser feita por instrumento de cessão de
quotas, total ou parcialmente, averbado junto ao registro da sociedade, com a devida
repercussão no cadastro e independentemente de alteração contratual (Enunciado 225 das
Jornadas de Direito Civil”.
Notas:
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O sócio que cedeu suas quotas a outrem não fica automaticamente exonerado de
eventuais obrigações perante terceiros e perante a própria sociedade. Art. 1.003, parágrafo
único. “Até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, responde o cedente
solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha
como sócio”.
O sócio que ingressou na sociedade, por sua vez, não ficará responsável apenas pelas
obrigações sociais posteriores, mas também pelas anteriores à sua entrada (art. 1.025, CC).
Ao sócio que está em mora quanto à integralização de suas quotas, nos termos do art.
1.004 do Código Civil, dá-se o nome de sócio remisso, podendo os demais sócios, conforme
previsto na regra em comento, cobrar dele uma indenização por eventuais prejuízos que sua
mora tenha causado à sociedade.
Mas essa não é a única medida que os demais sócios podem tomar contra o remisso. Nos
termos do parágrafo único do art. 1.004, “verificada a mora, poderá a maioria dos demais sócios
preferir, à indenização, a exclusão do sócio remisso, ou reduzir-lhe a quota ao montante já
realizado, aplicando-se, em ambos os casos, o disposto no § 1º do art. 1.031”.
Assim, o sócio remisso pode ter sua participação na sociedade reduzida ao número de
quotas que ele efetivamente já integralizou, ou ainda ser excluído da sociedade, por deliberação
da maioria restante (ou seja, a exclusão é extrajudicial, sem necessidade de ação judicial).
Tratando-se de sociedade limitada, há regra especial sobre o sócio remisso, prevista no
art. 1.058 do Código Civil: “não integralizada a quota de sócio remisso, os outros sócios podem,
sem prejuízo do disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, tomá-la para si ou transferi-la a
terceiros, excluindo o primitivo titular e devolvendo-lhe o que houver pago, deduzidos os juros da
mora, as prestações estabelecidas no contrato mais as despesas”.
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3.12. Administração
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Depende da liberação dos sócios, de acordo com o art. 1.071, do Código civil: a aprovação
das contas da administração; a designação dos administradores, quando feita em ato separado;
a destituição dos administradores; o modo de sua remuneração, quando não estabelecido no
contrato; a modificação do contrato social; a incorporação, a fusão e a dissolução da sociedade,
ou a cessação do estado de liquidação; a nomeação e destituição dos liquidantes e o julgamento
das suas contas e o pedido de concordata.
3.14.1. Assembleia
Depreende-se do art. 1.078, do Código Civil que a assembleia deverá ser realizada pelo
menos uma vez ao ano, nos quatro meses seguintes ao término do exercício social, tendo como
objetivo:
A Lei 14.195/2021 trouxe em seu texto o art. 46. Através dele, as sociedades limitadas
passaram a ter o direito de emitir notas comerciais, que são as chamadas debentures da limitada.
Essa alteração irá auxiliar as sociedades a capitalizar e conseguir recursos em um curto
prazo, com o objetivo de financiar operações e gerar capital de giro através da emissão de títulos
de dívidas, uma alternativa ao financiamento bancário.
4. Sociedade Anônima
● Natureza capitalista;
● Essência empresarial;
● Identificação por denominação;
● Limitação de responsabilidade dos acionistas.
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A CVM é uma entidade autárquica federal de natureza especial, com qualidade de agência
reguladora (Art. 5º da Lei 6.385/1976).
A competência da CVM no controle e na fiscalização do mercado de capitais é exercida,
pode-se dizer, de três diferentes formas:
a) Regulamentar, uma vez que cabe à CVM estabelecer o regramento geral relativo ao
funcionamento do mercado de capitais, expedindo atos normativos para tanto;
b) Autorizante (registrária), uma vez que é a CVM que autoriza a constituição de
companhias abertas e a emissão e negociação de seus valores mobiliários;
c) Fiscalizatória, uma vez que a CVM deve zelar pela lisura das operações realizadas
no mercado de capitais, sendo investida, para tanto, de poderes sancionatórios.
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com a finalidade de manter um sistema que viabilize as operações de compra e venda de valores
mobiliários, com seu registro e divulgação.
Sendo a sociedade anônima uma sociedade institucional, e não contratual, ela se constitui
não por meio de um contrato social, mas de um ato institucional ou estatutário (estatuto social).
Ausente a contratualidade, a constituição da sociedade anônima deve seguir uma série
de requisitos formais previstos na legislação acionária, que variam conforme ela seja aberta ou
fechada.
De acordo com o art. 80 da LSA:
Caso a CVM aprove os documentos apresentados, com ou sem modificações, ela deferirá
o registro e terá início a segunda etapa desse procedimento constitutivo da companhia aberta,
por meio da colocação das ações junto aos investidores interessados, a fim de que estes possam
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Os serviços de underwriting podem ser por (i) melhor esforço, (ii) garantia de subscrição
parcial ou (iii) garantia de subscrição total.
Dispõe o art. 86 da LSA que “encerrada a subscrição e havendo sido subscrito todo o
capital social, os fundadores convocarão a assembleia geral que deverá: I – promover a
avaliação dos bens, se for o caso (artigo 8º); II – deliberar sobre a constituição da companhia”.
O quorum de instalação dessa assembleia inicial de fundação está previsto no art. 87 da
LSA: “a assembleia de constituição instalar-se-á, em primeira convocação, com a presença de
subscritores que representem, no mínimo, metade do capital social, e, em segunda convocação,
com qualquer número”.
Para que se aprove a constituição da companhia aberta, basta que não haja oposição de mais
da metade do capital social, nos termos do § 3º do art. 87 da LSA, que assim dispõe: “verificando-
se que foram observadas as formalidades legais e não havendo oposição de subscritores que
representem mais da metade do capital social, o presidente declarará constituída a companhia,
procedendo-se, a seguir, à eleição dos administradores e fiscais”.
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Caso a opção adotada seja a realização de assembleia de fundação, ela deverá submeter-
se ao mesmo procedimento da assembleia de fundação da companhia aberta, analisado no
tópico antecedente. É o que determina o § 1º do art. 88 da LSA: “se a forma escolhida for a de
assembleia geral, observar-se-á o disposto nos artigos 86 e 87, devendo ser entregues à
assembleia o projeto do estatuto, assinado em duplicata por todos os subscritores do capital, e
as listas ou boletins de subscrição de todas as ações”.
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Complementando essa regra do caput, estabelece o seu parágrafo único que “os
fundadores responderão, solidariamente, pelo prejuízo decorrente de culpa ou dolo em atos ou
operações anteriores à constituição”.
Isso mostra que a exigência de contratação de instituição financeira underwriter é
importante para dar mais segurança aos investidores.
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Art. 1.040. A sociedade em nome coletivo se rege pelas normas deste Capítulo e, no que
seja omisso, pelas do Capítulo antecedente.
Art. 1.041. O contrato deve mencionar, além das indicações referidas no art. 997, a firma
social.
§2º Nenhuma distribuição pública de valores mobiliários será efetivada no mercado sem
prévio registro na Comissão de Valores Mobiliários.
5.1.4. Dissolução
Art. 1.044. A sociedade se dissolve de pleno direito por qualquer das causas enumeradas
no art. 1.033 e, se empresária, também pela declaração da falência.
Utiliza tanto a Lei das S/A (art. 280) quanto o Código Civil (art. 1.090). Segundo a doutrina,
a sociedade em comandita por ações é uma sociedade empresária híbrida: tem aspectos de
sociedade em comandita e aspectos de sociedade anônima. Com efeito, a sociedade em
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comandita por ações, assim como as sociedades anônimas, tem o seu capital dividido em ações;
e, assim como as sociedades em comandita simples, possui duas categorias distintas de sócios,
uma com responsabilidade limitada e a outra com responsabilidade ilimitada
5.3.1. Nome empresarial
Lei da S/A - Art. 281. A sociedade poderá comerciar sob firma ou razão social, da qual só
farão parte os nomes dos sócios-diretores ou gerentes. Ficam ilimitada e solidariamente
responsáveis, nos termos desta Lei, pelas obrigações sociais, os que, por seus nomes,
figurarem na firma ou razão social.
Parágrafo único. A denominação ou a firma deve ser seguida das palavras "Comandita
por Ações", por extenso ou abreviadamente.
Art. 1.157. A sociedade em que houver sócios de responsabilidade ilimitada operará sob
firma, na qual somente os nomes daqueles poderão figurar, bastando para formá-la aditar
ao nome de um deles a expressão "e companhia" ou sua abreviatura.
Parágrafo único. Ficam solidária e ilimitadamente responsáveis pelas obrigações
contraídas sob a firma social aqueles que, por seus nomes, figurarem na firma da
sociedade de que trata este artigo.
Lei da S/A Art. 282. Apenas o sócio ou acionista tem qualidade para administrar ou gerir
a sociedade, e, como diretor ou gerente, responde, subsidiária mas ilimitada e
solidariamente, pelas obrigações da sociedade.
Art. 1.091. Somente o acionista tem qualidade para administrar a sociedade e, como
diretor, responde subsidiária e ilimitadamente pelas obrigações da sociedade.
§ 1º Se houver mais de um diretor, serão solidariamente responsáveis, depois de
esgotados os bens sociais.
§ 2º Os diretores serão nomeados no ato constitutivo da sociedade, sem limitação de
tempo, e somente poderão ser destituídos por deliberação de acionistas que representem
no mínimo dois terços do capital social.
§ 3º O diretor destituído ou exonerado continua, durante dois anos, responsável pelas
obrigações sociais contraídas sob sua administração.
Art. 1.092. A assembleia geral não pode, sem o consentimento dos diretores, mudar o
objeto essencial da sociedade, prorrogar-lhe o prazo de duração, aumentar ou diminuir o
capital social, criar debêntures, ou partes beneficiárias.
Art. 284. Não se aplica à sociedade em comandita por ações o disposto nesta Lei sobre
conselho de administração, autorização estatutária de aumento de capital e emissão de
bônus de subscrição.
5.4. Cooperativas
5.4.1. Tratamento constitucional: criação livre
Art. 1.096. No que a lei for omissa, aplicam-se as disposições referentes à sociedade
simples, resguardadas as características estabelecidas no art. 1.094.
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Art. 5°da Lei 5.764/1971 As sociedades cooperativas poderão adotar por objeto qualquer
gênero de serviço, operação ou atividade, assegurando-se-lhes o direito exclusivo e
exigindo-se-lhes a obrigação do uso da expressão "cooperativa" em sua denominação.
Parágrafo único. É vedado às cooperativas o uso da expressão "Banco".
5.4.8. Administração
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5.4.9. Fundos
5.4.10. Associados
O ingresso nas cooperativas é livre a todos que desejarem utilizar os serviços prestados
pela sociedade, desde que façam a adesão aos propósitos sociais e preencham as condições
estabelecidas no estatuto. A previsão legal está contida nos arts. 30 e 31, ambos da Lei nº
5.764/71.
Além disso, o órgão normativo respectivo pode restringir a admissão de associados às
pessoas que exerçam determinada atividade ou profissão, ou que estejam vinculadas a
determinada entidade.
É feita pelas pessoas que compõe a cooperativa e tem poderes para decidir os negócios
relativos ao objeto da sociedade e tomar resoluções convenientes ao desenvolvimento e defesa
desta. Ainda, suas deliberações vinculam a todos, mesmo que ausentes ou discordantes.
A dissolução poderá ser feita de forma voluntária (art. 63 da Lei 5.764/71) ou através de
medida judicial, a pedido de qualquer associado ou por iniciativa de órgão executivo federal.
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Prevê o artigo 986, primeira parte, do referido Código que: “enquanto não inscritos os atos
constitutivos, reger-se-á a sociedade”, logo, infere-se que a sociedade, ainda que irregular,
existirá de fato, porém não terá personalidade jurídica. Na sociedade em comum, a
responsabilidade dos sócios será solidária e ilimitada, de forma ampla, sendo excluído do
benefício de ordem, aquele que contratou, nos termos do art. 990, do Código Civil.
A matéria está disciplinada tanto na Lei 6.404/1976 quanto no Código Civil. Assim, se
numa determinada operação societária há a participação de uma sociedade anônima, aplicam-
se as regras previstas na LSA, em razão da especialidade desse diploma legislativo. Todavia, se
a operação não conta com a participação de uma sociedade anônima, aplicam-se as regras do
CC.
Enunciado 70 das Jornadas de Direito Civil: “As disposições sobre incorporação, fusão e
cisão previstas no Código Civil não se aplicam às sociedades anônimas. As disposições da Lei
6.404/1976 sobre essa matéria aplicam-se, por analogia, às demais sociedades naquilo em que
o Código Civil for omisso”.
5.6.1. Transformação
A transformação é operação pela qual a sociedade altera o seu tipo societário (por
exemplo: uma sociedade limitada que passa a ser uma sociedade anônima). Não há mudança
no quadro societário, no patrimônio e nas obrigações. Não há que se falar em sucessão, e os
bens continuam sob mesma titularidade, sendo preciso apenas averbar no órgão de registro novo
nome da sociedade.
esta compreendida como a resolução da função social para a qual foi criada a cooperativa em
decorrência da transformação do tipo de sociedade. O art. 1.113 do Código Civil de 2002 autoriza
o ato de transformação societária independentemente ‘de dissolução ou liquidação da
sociedade’, resguardando, apenas, a observância dos ‘preceitos reguladores da constituição e
inscrição do tipo em que vai converter-se’, de modo que a transformação do tipo societário
simples (classificação das cooperativas) não impõe a necessidade de liquidá-la, porque a pessoa
jurídica é uma só, tanto antes como depois da operação, mudando apenas o tipo (de cooperativa
para limitada, na hipótese)” (REsp 1.528.304 – RS).
5.6.4. Incorporação
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Como na incorporação não surge uma nova sociedade, apenas a sociedade incorporada
será extinta. A sociedade incorporadora continuará normalmente, mas com novo capital social
(em regra, há aumento de capital, mas ele pode continuar igual ou até mesmo sofrer diminuição,
porque “o art. 70, parágrafo único da IN 81 do DREI prevê que “não há vedação para a
incorporação de sociedade com o patrimônio líquido negativo”).
5.6.6. Fusão
A fusão determina a extinção das sociedades que se unem, para formar sociedade nova,
que a elas sucederá nos direitos e obrigações (art. 1.119 do CC e 228 da LSA). Ou seja, ao
contrário do que se dá na incorporação, ocorre a extinção de todas as sociedades envolvidas,
com o surgimento de uma nova sociedade.
Na primeira etapa do procedimento, cada sociedade envolvida na operação realizará uma
assembleia geral, a qual deverá aprovar a fusão e nomear os peritos que avaliarão os
patrimônios das outras sociedades
Na segunda etapa do procedimento, haverá uma assembleia conjunta, na qual deverão
ser aprovados os respectivos laudos (obviamente, os sócios só votarão os laudos das outras
sociedades, e não o da sociedade da qual fazem parte) e a constituição definitiva da nova
sociedade.
Como na fusão há a constituição de uma nova sociedade, ela deverá ser registrada na
Junta Comercial competente (art. 1.121 do CC e art. 228, §3º da LSA).
5.6.7. Cisão
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6. Contratos empresariais
O Código Civil de 2002 nos apresenta as normas básicas que regem os contratos, sejam
eles civis ou empresariais. Os vetores fundamentais a serem observados estão ali: liberdade
negocial, função social do contrato, boa-fé objetiva, probidade, lealdade, eticidade e assim
por diante. O estatuto material revogou grande parte do Código Comercial de 1850,
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circunstância que deixou as relações empresariais sem um conjunto normativo próprio. Todavia,
não foi apresentada uma seção específica para tratar dessas relevantes relações, mesmo que
nem todas as regras obrigacionais civis sejam monoliticamente aplicadas ao Direito Empresarial
e exista autonomia entre ambas.
Importante sinalar que o Código Civil foi parcialmente alterado pela Lei nº 13.874/2019,
chamada de “Lei da Liberdade Econômica”, a qual promoveu importantes mudanças, em boa
parte aplicáveis aos contratos empresariais1.
Ao fim, há que se destacar a existência de diversos diplomas legais na legislação
extravagante tratando de forma mais detalhada várias espécies de contratos estritamente
empresariais, como, por exemplo, contrato de franquia e contrato de leasing.
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1ª Fase | 36° Exame da OAB
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• Tipicidade: os contratos podem ser [a] típicos, que possuem formalidades, direitos e
obrigações disciplinados na lei, por normas cogentes ou supletivas, não se esgotando
nas previsões contratuais definidas pelas partes, os [b] atípicos, que são regidos
exclusivamente pelo convencionado no contrato, dentro dos limites legais e os [c]
mistos, que se situam na transição entre os típicos e atípicos, ou seja, as partes criam
um negócio contratual não tipificado em lei com o aproveitamento de normas de um
ou mais contratos típicos;
• Liberdade de contratação: [a] voluntários, nos quais as partes têm alternativa de não
contratar e [b] necessários, nos quais não existe a opção de não contratar, pelo menos
para uma das partes, como o contrato de seguro DPVAT;
• Ramo jurídico: [a] administrativo, no qual uma das partes será a pessoa jurídica de
direito público, com a primazia, portanto, do interesse público, [b] de trabalho,
caracterizado quando houver entre duas pessoas privadas a relação de prestação de
serviços pessoais, subordinados, não eventuais e mediante remuneração, [c] de
relação de consumo, formalizados entre consumidor e fornecedor, nos moldes
definidos pelos arts. 3º e 5º do Código de Defesa do Consumidor, [d] comercial ou
empresarial, quando as duas partes são empresários, e [e] civil, pacto em que nenhum
dos contratantes é pessoa jurídica de direito público, empregado, consumidor ou
empresário.
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efetivo prejuízo para a economia de mercado, pois o risco da atividade e a busca do lucro são
partes integrantes da relação comercial.
Como já referido, as normas gerais dos pactos empresariais estão estampadas no Código
Civil de 2002. Todavia, existem certas singularidades que precisam ser observadas para a
correta compreensão e interpretação dessa relação contratual. É o que nos ensina PAULA
FORGIONI (Teoria Geral dos Contratos Empresariais. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2010, pág. 29):
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1ª Fase | 36° Exame da OAB
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pela Segunda Seção desta Corte Superior, é aquele que última a atividade econômica, ou
seja, que retira de circulação do mercado o bem ou o serviço para consumi-lo, suprindo uma
necessidade ou satisfação própria, não havendo, portanto, a reutilização ou o reingresso dele
no processo produtivo. Logo, a relação de consumo (consumidor final) não pode ser
confundida com relação de insumo (consumidor intermediário). A partir dessa lição,
percebemos que eventualmente o empresário será tratado como consumidor, titular das
garantias e normas protetivas do Código de Defesa do Consumidor. Normalmente atuará como
“insumidor”, e assim as regras aplicáveis serão as do próprio pacto, sob o pálio das regras gerais
do Código Civil e da Constituição Federal.
Postas tais premissas, percebe-se que o dirigismo contratual praticado pelo atual
ordenamento jurídico (capitaneado pelos princípios da função social do contrato – artigo 421 – e
da probidade e boa-fé – artigo 422 – ambos do CC), atua de forma singular nas relações
empresariais pelo potencial efeito em toda a cadeia produtiva e econômica e o risco de irradiação
dos efeitos interventivos para o mercado, tão sensível a quaisquer alterações não previstas ou
precificadas. Justamente para definir melhor essa questão foi publicada a Lei nº 13.874/2019,
com as mudanças já destacadas.
Se existe a importante função social do contrato, não se pode olvidar também a função
social da empresa como um dos pilares do Direito Empresarial.
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1ª Fase | 36° Exame da OAB
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Tratando-se de contrato atípico, a criação e interpretação devem ser fundadas nas regras
ordinárias aplicáveis aos contratos em geral e nos demais preceitos legais criados para situações
semelhantes. Haverá maior prevalência, claro, do princípio da força obrigatória dos contratos
(pacta sunt servanda), notadamente por se tratar de relação empresarial, admitindo-se a
ingerência externa nas obrigações livremente pactuadas entre as partes somente em situações
excepcionais.
A esse respeito, oportuno ressaltar as considerações lançadas pelo Ministro Paulo de
Tarso Sanseverino quando do julgamento do REsp nº 1.158.815/RJ:
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código.
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Art. 481, CC. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir
o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
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a) Pacto de Retrovenda
→ Previsto nos artigos 505 a 508 do CC.
Já a compra e venda sob amostra (CC, art. 484) caracteriza-se pela manifestação de
vontade positiva do comprador a partir do exame de uma amostra do produto. Houve prévia
avaliação favorável, mas o contrato somente se aperfeiçoa com a constatação de que o produto
entregue possui as mesmas características da amostra previamente apresentada pelo vendedor,
configurando também uma condição suspensiva para o aperfeiçoamento do contrato.
c) Preempção ou Preferência
→ Prevista nos artigos 513 a 520 do CC.
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Assim, é o contrato no qual uma pessoa jurídica (arrendadora) arrenda a uma pessoa
física ou jurídica (arrendatária), por determinado tempo, um bem, móvel ou imóvel, de fabricação
nacional ou estrangeira (desde que autorizados pelo Conselho Monetário Nacional) comprado
pela primeira de acordo com as indicações da segunda.
O arrendador é o proprietário e possuidor indireto do bem (o que garante a viabilidade do
aforamento de reintegração de posse), sendo que a posse direta e o usufruto, durante a vigência
do contrato, são do arrendatário, o qual paga uma mensalidade para o exercício de tal direito. É
a marca central dessa espécie de operação e que a diferencia claramente de um financiamento
bancário, na qual o bem é de propriedade do mutuário, ainda que alienado, já no ato da compra.
No caso do leasing, o bem é adquirido pelo arrendador, que se torna seu proprietário. Este
concede o direito de uso do bem, mediante o pagamento de contraprestações, por um prazo
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a) Financeiro, puro ou bancário: o fabricante não figura como locador. Há uma empresa
que desempenha esse papel, que se dedica exclusivamente a adquirir bens fabricados por
terceiros para arrendá-los, através de redistribuição, a outra sociedade que necessite destes
bens.
b) Lease-back ou de retorno: forma eficiente para obtenção de capital de giro,
caracterizado quando uma sociedade proprietária de um bem o vende para outra empresa, e
esta última, ao adquirir o bem, em ato contínuo o arrenda para a vendedora. Existe então o
retorno do bem para a primeira empresa.
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A edição da Súmula 293 cancelou a de número 263, que deliberava em sentido oposto:
a cobrança antecipada do valor residual (VRG) descaracteriza o contrato de arrendamento
mercantil, transformando-o em compra e venda a prestação.
E quanto ao tema, lembremos o Enunciado 38 da I Jornada de Direito Comercial do CJF
(afastando preceito do CDC): “É devida a devolução simples, e não em dobro, do valor residual
garantido (VRG) em caso de reintegração de posse do bem objeto de arrendamento mercantil
celebrado entre empresários.”
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Contrato por meio do qual o devedor (fiduciante - empresa que busca crédito para obter o
bem desejado) obtém financiamento para a aquisição de bem durável de uma instituição
financeira credora (fiduciária - instituição financeira que concede o financiamento). A garantia do
pagamento será o próprio bem, pois o devedor aliena-o ao credor. A alienação fiduciária é,
portanto, um negócio jurídico onde o devedor negocia a transferência da propriedade junto ao
credor como forma de garantir uma dívida.
O Código Civil terá aplicação supletiva para casos não alcançados por legislação
específica. Para aclarar o conflito das leis restou lançado o artigo 1.368-A:
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7.4. Locação
A locação de prédio urbano com finalidade comercial está submetida à lei especial, Lei nº
8.245/1991, e assim seguiu mesmo com a edição do Código Civil de 2002, segundo define seu
art. 2.036: “A locação de prédio urbano, que esteja sujeita à lei especial, por esta continua a ser
regida.”
Todavia, algumas exceções são trazidas pela legislação especial, definindo a regulação
pelo Código Civil (art. 1º, parágrafo único).
Enfim, a seção III da Lei nº 8.245/91 está dedicada para a locação não residencial.
O ponto mais sensível da locação empresarial reside no direito de renovação do contrato,
porquanto é natural da atividade mercantil a realização de elevados investimentos na estrutura
física do espaço locado, bem como na construção de uma relação imaterial com a clientela.
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Começou com a Lei de luvas (Decreto 24.150 de 20 de abril de 1934), cuja sistemática
era a de proteção ao local onde o empresário estabelecia seu comercio. Assim a lei de locações
manteve o instituto prevendo a possibilidade da ação renovatória, submetida a uma série de
requisitos:
Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito a
renovação do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente:
I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado;
II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos
escritos seja de cinco anos;
III - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e
ininterrupto de três anos.
§ 1º O direito assegurado neste artigo poderá ser exercido pelos cessionários ou
sucessores da locação; no caso de sublocação total do imóvel, o direito a renovação
somente poderá ser exercido pelo sublocatário.
§ 2º Quando o contrato autorizar que o locatário utilize o imóvel para as atividades de
sociedade de que faça parte e que a esta passe a pertencer o fundo de comércio, o direito
a renovação poderá ser exercido pelo locatário ou pela sociedade.
§ 3º Dissolvida a sociedade comercial por morte de um dos sócios, o sócio sobrevivente
fica sub-rogado no direito a renovação, desde que continue no mesmo ramo.
§ 4º O direito a renovação do contrato estende-se às locações celebradas por indústrias e
sociedades civis com fim lucrativo, regularmente constituídas, desde que ocorrentes os
pressupostos previstos neste artigo.
§ 5º Do direito a renovação decai aquele que não propuser a ação no interregno de um
ano, no máximo, até seis meses, no mínimo, anteriores à data da finalização do prazo do
contrato em vigor.
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alegado ou não iniciar as obras determinadas pelo Poder Público ou que declarou
pretender realizar.
Forma de locação que foi consolidada na legislação brasileira em 2012, com a inserção
do artigo 54-A à lei de locações.
Com nítido caráter mercantil, o locador constrói ou promove substancial reforma em seu
imóvel com finalidade de atender exigências específicas da empresa locatária. Assim, torna-se
possível viabilizar projetos de empreendimentos imobiliários que atendam as normas
estabelecidas pelos futuros usuários, ao mesmo tempo em que evita a imobilização do capital
de giro da locatária. Há ampla liberdade de negociação, justamente em atenção à sofisticação
do pacto, valores envolvidos e das qualidades técnicas das partes envolvidas.
Nesse sentido, vale destacar a conclusão da II Jornada de Direito Comercial, no
Enunciado 67: “Na locação built to suit, é válida a estipulação contratual que estabeleça cláusula
penal compensatória equivalente à totalidade dos alugueres a vencer, sem prejuízo da aplicação
do art. 416, parágrafo único, do Código Civil.”
Em suma, o valor da cláusula penal está limitado pelo art. 54-A, § 2º, da Lei 8.245/91, mas
tal regra não é incompatível com o art. 416, parágrafo único, do Código Civil.
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1ª Fase | 36° Exame da OAB
Direito Empresarial
Tanto a confecção do contrato quanto a interpretação das suas cláusulas devem ter como
premissa os princípios maiores do sistema de Direito Empresarial, notadamente a autonomia da
vontade. Como já sinalamos nos tópicos anteriores, o controle judicial sobre cláusulas (em tese)
abusivas em contratos empresariais é mais restrito, pois as negociações são entabuladas entre
profissionais da área empresarial. E quanto maior a sofisticação da avença, menor o âmbito de
intervenção estatal, sendo aceita como válida até a chamada cláusula de raio, para obstar que o
lojista com empreendimento dentro do shopping instale empreendimento idêntico nas
proximidades.
Adiante, nessa espécie de locação, é muito usual a presença do 13º aluguel. O STJ (REsp
1409849/PR, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, DJe
05/05/2016) se pronunciou sobre a legalidade da cláusula, entendendo não ser abusiva a
previsão que estabelece a duplicação do valor do aluguel no mês de dezembro.
E se existe uma parcela variável, mostra-se necessária uma forma de fiscalizar a correção
desses pagamentos. A I Jornada de Direito Comercial do CJF pronunciou-se sobre o tema, no
Enunciado 30: “Nos contratos de shopping center, a cláusula de fiscalização das contas do lojista
é justificada desde que as medidas fiscalizatórias não causem embaraços à atividade do lojista.”
7.5. Factoring
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Direito Empresarial
incidência de taxas de juros e de serviços. Possibilita liquidez financeira imediata para empresas
e não deve ser confundida com a operação de crédito praticada por bancos.
Fran Martins assim o define: O Contrato de Faturização ou Factoring é aquele em que um
comerciante cede a outro os créditos, na totalidade ou em parte, de suas vendas a terceiros,
recebendo o primeiro do segundo o montante desses créditos, mediante o pagamento de uma
remuneração (Contratos e Obrigações Comerciais. Rio de Janeiro: Forense, 2002, 15ª Edição.
Pág. 469).
Ainda que o contrato de fomento mercantil se forme entre faturizador e faturizado (o
vendedor do título), é de suma importância também a figura do comprador originário, uma vez
que são os créditos que o vendedor tem contra esse que são cedidos. Dessarte, temos como
pressupostos sempre uma inicial venda à prazo e, havendo a cessão de crédito, o comprador
deve ser notificado da transação, para que efetue o pagamento do título ao faturizador.
Podemos então definir a operação em quatro etapas sucessivas: [1] empresa vende seu
bem ou serviço à prazo, gerando um crédito no valor correspondente; [2] a empresa (faturizada)
negocia este crédito com a faturizadora; [3] de posse desse crédito, a factoring informa o
comprador daquele bem ou serviço sobre o fato e a forma de cobrança; [4] findo o prazo do
negócio de origem, a empresa compradora pagará o valor deste crédito à faturizadora,
encerrando o processo.
Modalidades:
1. faturização interna: operações realizadas dentro do mesmo país ou região;
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Direito Empresarial
8.1. Franquia
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Direito Empresarial
Circular de Oferta de Franquia – COF (art. 2º): franqueador deve fornecer ao potencial
franqueado um documento escrita em língua portuguesa, de forma objetiva e acessível, contendo
os dados fundamentais do negócio (requisitos obrigatórios) para que ele tome ciência dos riscos
e custos inerentes ao negócio. O artigo 2º indica 23 (vinte e três) incisos que apresentam um
mapeamento geral do negócio a ser entabulado pelas partes. Deve ser disponibilizada ao
candidato a franqueado no mínimo 10 (dez) dias antes da assinatura do contrato ou pré-contrato,
ressalvada a possibilidade de licitação promovida por órgão ou entidade pública, caso em que a
COF será divulgada no início do processo de seleção. Ao contrário, as relações entre
franqueador e franquiado continuam regendo-se exclusivamente pelas cláusulas
contratualmente pactuadas. Tal legislação visa a assegurar transparência nas negociações que
antecedem a adesão do franquiado à franquia.
O contrato deve ser registrado no INPI para valer contra terceiros, como previsto na Lei
de Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/96), em seu art. 211: “O INPI fará o registro dos contratos
que impliquem transferência de tecnologia, contratos de franquia e similares para produzirem
efeitos em relação a terceiros.”
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Direito Empresarial
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Direito Empresarial
de 1/3 das comissões auferidas pelo representante nos três meses anteriores, além da
indenização.
Se a rescisão ocorrer por justo motivo, ou seja, motivada, não cabe nenhuma indenização.
São razões de rescisão do contrato por parte do representado (artigo 35 da Lei nº 4.886/65
(na grafia original da lei):
Art. 35. Constituem motivos justos para rescisão do contrato de representação comercial,
pelo representado:
a) a desídia do representante no cumprimento das obrigações decorrentes do contrato;
b) a prática de atos que importem em descrédito comercial do representado;
c) a falta de cumprimento de quaisquer obrigações inerentes ao contrato de representação
comercial;
d) a condenação definitiva por crime considerado infamante;
e) força maior.
O contrato pode ser firmado por prazo determinado ou indeterminado. Uma vez
prorrogado, torna-se a prazo indeterminado.
A Lei nº 8.420/92 inseriu na legislação original a vedação da cláusula del credere (art.
43). Esta cláusula corresponde à previsão contratual expressa que permita à parte representada
deduzir de comissões e vendas do representante comercial valores na hipótese de o negócio ser
cancelado ou desfeito. Há que se ter presente que a responsabilidade do representante
comercial deve ser limitada apenas à transação e a intermediação do negócio e nada mais,
lembrando que a representação comercial é atividade de meio na relação de venda. A
responsabilidade de aceitação da venda é do representado.
Havendo rescisão contratual imotivada, discute-se a pertinência de indenização, que
dependerá se o prazo do contrato é determinado ou se o contrato é por prazo indeterminado.
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8.3. Distribuição
Parágrafo único. O proponente pode conferir poderes ao agente para que este o
represente na conclusão dos contratos.
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Direito Empresarial
Como se vê, o Código Civil regula em conjunto com o contrato de agência, o que resulta
em certa celeuma. O contrato de distribuição típico (distribuição-aproximação) está associado ao
contrato de agência. Nesta modalidade há maior ingerência do fornecedor sobre as atividades
do distribuidor.
Tem como cláusulas (implícitas ou explícitas) a de exclusividade de distribuição (pela qual
o distribuidor não pode trabalhar para outros proponentes na zona de atuação) e de exclusividade
de zona (pela qual o proponente deve abster-se de realizar negócios na zona de atuação, a não
ser com os aproximados pelo distribuidor ou agente).
Para garantir o cumprimento dessas obrigações, a lei assegura ao distribuidor o direito à
remuneração pelos negócios realizados pelo proponente em desrespeito à cláusula de
territorialidade, conforme dispõe o art. 714 do Código Civil 4
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Direito Empresarial
d) rescisão (indenização).
Diferentemente, a concessão comercial da venda de automóveis, trata-se de contrato
típico, disciplinado especificamente pela Lei nº 6.729/79 – “Lei Ferrari” -, alterada pela Lei nº
8.132/90. A aludida lei tem seu âmbito de aplicação restrito às relações empresariais
estabelecidas entre produtores e distribuidores de veículos automotores de via terrestre, e
contempla as condições comerciais para concessão comercial de veículos automotores, sendo
taxativa em relação à:
a) delimitação de área geográfica para comercialização de veículos de uma marca
específica;
8.5. Comissão
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Direito Empresarial
8.6. Mandato
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Direito Empresarial
Dica: Conferido o mandato com a cláusula “em causa própria”, a sua revogação não terá
eficácia, nem se extinguirá pela morte de qualquer das partes (art. 685).
9. Títulos de crédito
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Direito Empresarial
Pode-se dizer, ainda, que a aplicação do Código Civil é apenas quando a lei cria um novo
título e não o disciplina exaustivamente, nem nomeia outra legislação cambial como fonte
supletiva para regê-lo.
O próprio conceito trazido pelo Código Civil de 2002 de que o título de crédito é um
documento necessário ao exercício do direito literal nele mencionado, é uma clara
referência ao princípio da cartularidade, que pressupõe para o exercício de qualquer direito
representado no título é imprescindível a sua posse legítima.
Assim, tem-se que o titular do crédito representado na cártula deve estar na posse
desta, sendo que este é, inclusive, o modo para comprovação da própria existência e
exigibilidade do crédito.
De acordo com esse princípio, o título de crédito vale pelo o que tem escrito nele, ou
seja, somente os atos que são lançados na própria cártula produzem efeitos jurídicos.
O princípio da literalidade concede segurança às partes da relação cambial da exata
correspondência entre o teor do título e o direito que ele representa. Assim, tem-se que o credor
pode exigir tudo o que estiver expresso na cártula, do mesmo modo que, o devedor tem o
direito de pagar somente o que estiver manifesto no título.
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Endosso, aval, protesto, saque e aceite são os principais institutos cambiários aplicáveis
aos títulos de crédito, assim, necessário estudar as particularidades de cada instituto referido.
9.1.3.1. Endosso
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Direito Empresarial
O endosso deve ser total ao valor da dívida do título, dessa forma, tem-se que é vedado
o endosso parcial, sendo considerado nulo. Ainda, o endosso não pode ser subordinado à
alguma condição, sendo que acaso esta exista, será considerada não escrita, conforme
disciplina o Art. 12 da Lei Uniforme de Genebra (LUG) e o Art. 912 do Código Civil.
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Direito Empresarial
apenas valerá como cessão civil de crédito. Por fim, tem-se que se presume realizado antes
do prazo para protesto, o endosso sem data.
9.1.3.5. Aval
O aval, por sua vez, é um ato cambiário pelo qual um terceiro, chamado aqui de avalista,
se responsabiliza pelo adimplemento da obrigação constante no título. Neste caso, o avalista
garante o cumprimento da obrigação do avalizado, respondendo, assim, de forma equiparada a
este. Tal instituto possui previsão no Art. 30 da LUG e no Art. 897 do Código Civil.
O aval deve ser realizado no anverso do título, bastando apenas a assinatura do
avalista, porém e caso o aval seja realizado no verso da cártula, além da assinatura do
avalista é necessária a menção expressa de que se trata de aval.
Os avais simultâneos, também chamado de coavais, ocorrem quando duas ou mais
pessoas avalizam um título conjuntamente, como forma de garantir a mesma obrigação cambial.
A responsabilidade assumida pelos avalistas nos avais simultâneos é solidária, razão pela qual,
o avalista que adimplir a obrigação integralmente ao credor, possui o chamado direito de
regresso contra aos demais coavalistas apenas em relação à sua parte. Ou seja, caso sejam
dois avalistas e um pagou a totalidade da dívida, surge a este o direito de regresso contra o
outro, apenas em relação a metade da dívida.
Já os avais sucessivos, também conhecidos como aval do aval, acontecem quando
alguém avaliza outro avalista. Nesta situação, todos os avalistas dos avalistas possuem a mesma
responsabilidade do avalizado, sendo que o avalista que pagar a totalidade da obrigação, possui
direito de regresso em relação ao total da dívida em face dos demais.
Ademais, importante referir sobre o aval parcial. Este ocorre quando o avalista se
responsabiliza por parte do adimplemento da obrigação constante no título, por conseguinte,
garantindo apenas uma parte do cumprimento da obrigação do avalizado.
Como regra, o aval parcial é vedado (Art. 897, parágrafo único do Código Civil). Contudo,
este é admitido caso haja expressa previsão legal na legislação especial. Neste sentido, temos
que a LUG prevê em seu Art. 30 a possibilidade de aval parcial para a Letra de Câmbio e a Nota
Promissória, enquanto a Lei do Cheque o prevê junto ao seu Art. 29.
Já quanto à Duplicata e considerando que sua legislação específica (Lei n. 5.474/1968) é
omissa quanto à possibilidade ou não de aval parcial, esta segue a regra geral do Código Civil,
ou seja, na Duplicata não é permitido o aval parcial.
9.1.4. Protesto
O protesto pode ser definido como o ato formal através do qual se atesta um fato relevante
para a relação cambial. O fato relevante pode ser a) a falta de aceite do título; b) a falta de
devolução do título ou, c) a falta de pagamento do título.
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1ª Fase | 36° Exame da OAB
Direito Empresarial
No caso de protesto por ausência de aceite, este somente poderá ser efetuado antes do
vencimento da obrigação e após o decurso do prazo legal para aceite ou devolução. Se o
protesto for feito após o vencimento da obrigação, somente será efetuado por falta de
pagamento. Vejamos o que disciplina o Art. 21 da Lei n. 9.492/1997.
O protesto, em regra, apenas é indispensável se o credor quiser executar os
codevedores do título, como por exemplo, os endossantes, razão pela qual se diz que o
protesto garante o direito de regresso em face dos devedores indiretos do título. Por outro
lado, caso o credor deseje executar apenas o devedor principal do título, o protesto se torna
desnecessário.
9.1.4.1. Saque
O saque é a emissão de um título de crédito, ou seja, é a sua criação. Assim, quem realiza
a emissão do título é chamado de sacador. Nas diferentes espécies de títulos de créditos típicos
ou nominados, a figura do saque pode dar origem a situações jurídicas distintas, o que
estudaremos mais tarde.
9.1.4.2. Aceite
O aceite é o ato por meio do qual o sacado assume a obrigação cambial, se tornando o
devedor principal do título. O aceite ocorre apenas em títulos típicos ou nominados que
estruturam uma ordem de pagamento, como é o caso da Letra de Câmbio e da Duplicata.
O aceite pode ser facultativo, como é o caso que ocorre na Letra de Câmbio, sendo que
após realizado o aceite, ele se torna irretratável ou obrigatório, como ocorre na Duplicata, salvo
exceções que serão tratadas em ponto específico.
Pelo fato de o aceite na Duplicata ser obrigatório, ele pode ser expresso (ordinário) ou
presumido (por presunção). Além disso, na Letra de Câmbio o aceite pode ser limitativo, por meio
do qual o sacado aceita apenas parte do valor do título ou, modificativo, que ocorre quando o
sacado altera alguma condição de pagamento do título.
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1ª Fase | 36° Exame da OAB
Direito Empresarial
sentido, o Art. 3º da LUG admite que a letra seja sacada: a) à ordem do próprio sacador; b)
sobre o próprio sacador; e c) por ordem e conta de terceiro.
É admitida a emissão da Letra de Câmbio e de qualquer outro título de crédito, em branco
ou incompleta, podendo ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto
da cártula, nos termos da Súmula 387 do Supremo Tribunal Federal. Vejamos:
Na Letra de Câmbio, o aceite é um ato facultativo para o sacado. Contudo, após realizado,
se torna irretratável. Assim, como o aceite é uma faculdade do sacado, ele pode simplesmente
recusá-lo, sem precisar se justificar. A recusa do aceite produz efeitos relevantes para o sacador
e para o tomador, uma vez que ocorrerá o vencimento antecipado do título. Com o vencimento
antecipado do título surge ao tomador a possibilidade de exigir o pronto pagamento do título do
sacador, eis que é codevedor da letra.
Ainda o sacado pode aceitar parcialmente a letra caso em que ocorrerá a recusa parcial
desta. Há duas espécies de aceite parcial: a) aceite limitativo, através do qual o sacado aceita
apenas parte do valor do título e, b) aceite modificativo, por meio do qual o sacado altera alguma
condição de pagamento do título, como por exemplo, o seu vencimento. Nos casos de aceite
parcial da letra, igualmente ocorre o vencimento antecipado do título, podendo o tomador
cobrar a totalidade do crédito do sacador.
Percebe-se assim, que ao emitir uma Letra de Câmbio o sacador corre o risco de que
antes mesmo do seu vencimento, ter que pagá-la, caso o sacado não aceite a letra, total ou
parcialmente. Contudo, há uma possibilidade para o sacado se prevenir quanto ao vencimento
antecipado da letra: colocar no título a cláusula não aceitável, conforme prevê o Art. 22 da LUG.
Como visto, a cláusula não aceitável impõe ao tomador a obrigação de só procurar o
sacado para o aceite na data do vencimento da cártula. Tal cláusula se perfaz em verdadeira
garantia ao sacador de que não será surpreendido com o vencimento antecipado do título.
No que se refere ao prazo de protesto da Letra de Câmbio, o Art. 44 da LUG nos traz
essa definição. Assim, temos dois prazos distintos para protesto: a) em caso de recusa de
aceite ou b) em caso de falta de pagamento. Relativo ao protesto por recusa de aceite, tem-
se que o protesto pode ser realizado ainda no prazo de apresentação do título ou até o
primeiro dia útil subsequente ao término do prazo ou da recusa, que gera o vencimento
antecipado. Já no segundo caso, protesto por falta de pagamento, o prazo é de até dois dias
úteis contados do vencimento do título.
Ressalta-se que caso o credor perca o prazo para realizar o protesto, em consequência
este perde o direito de cobrar os coobrigados.
No mais, o prazo prescricional para Ação de Execução da Letra de Câmbio é
determinado pelo Art. 70 da LUG, sendo: a) 3 (três) anos contra o devedor principal (sacado),
contados da data de vencimento; b) 1 (um) ano contra os codevedores (sacador e
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Verifica-se assim, que apesar de prescrita a Nota Promissória, perdendo, assim, sua
força executiva, o credor desta ainda pode requerer o seu pagamento no prazo de cinco anos
a contar do dia seguinte ao vencimento do título.
Já quanto ao prazo para interposição de Ação de Cobrança em face do sacador, este,
igualmente como ocorre na Letra de Câmbio, dependerá da causa que deu origem ao título,
podendo ser utilizado o prazo de dez anos, de acordo com o Art. 205 do Código Civil ou os
prazos fixados junto ao Art. 206 do mesmo diploma legal
Relativamente ao prazo para protesto da Nota Promissória, tem-se que é de dois dias
úteis após a recusa de pagamento ou do seu vencimento. Além disso, como já frisado
quando falamos sobre a Letra de Câmbio, para que possa ser vinculado os coobrigados, o
protesto é indispensável.
Ademais, e nos termos da Súmula 258 do Superior Tribunal de Justiça “a Nota
Promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão
da iliquidez do título que a originou”.
9.3.2. Duplicata
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9.4.1. Cheque
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Assim, caso o Cheque seja “da mesma praça”, o prazo para sua apresentação é de trinta
dias, caso for “de praças diferentes”, o prazo de apresentação será de sessenta dias. Tal prazo
é calculado a partir da emissão do título.
Dessa forma, caso o portador do Cheque perda o prazo para apresentação, como
consequência ele perderá o direito de executar os codevedores do título. Ainda, há um caso
excepcional em que a perda do prazo de apresentação além de retirar o direito de executar os
devedores, acarreta na perda do direito de executar o próprio emitente. Tal hipótese é prevista
no Art. 47, § 3º da Lei do Cheque e ocorre quando o emitente comprova que possuía fundos para
quitar o valor da cártula, durante o prazo de apresentação, mas que os perdeu por motivos
alheios à sua vontade.
O transcurso do prazo de apresentação, contudo, não impede que a cártula seja levada
ao banco sacado para ser descontado. A instituição financeira não pode mais processar e
receber o título apenas após o transcurso do seu prazo prescricional (Art. 35, parágrafo
único da Lei do Cheque).
Como sabemos o Cheque é um título de crédito, portanto, possui força executiva, sendo
considerado pela legislação processual civil como um título executivo extrajudicial (Art. 784,
inciso I do Código de Processo Civil).
Assim, em caso de seu não pagamento, o portador da cártula pode promover Ação de
Execução de Título Extrajudicial contra o emitente e demais eventuais codevedores do título.
O prazo para promover essa Ação de Execução do cheque é de 6 (seis) meses,
contados a partir do término do prazo de apresentação (Art. 59 da Lei do Cheque). Dessa
forma, evidencia-se que independente de quando o Cheque foi apresentado ao banco sacado, o
prazo de prescrição da ação de execução só se inicia após o término do prazo de apresentação.
No mais, frisa-se que por óbvio prescrito o Cheque, não poderá mais ser executado.
Contudo, é possível ainda a propositura de Ação de Enriquecimento Ilícito (ou Ação de
Locupletamento) contra o emitente e os demais coobrigados, conforme previsão do Art. 61 da
Lei do Cheque. Tal ação prescreve em dois anos, após a prescrição para propositura da Ação
de Execução do Cheque.
A Ação de Enriquecimento Ilícito - ou Ação de Locupletamento - é uma ação cambial,
que segue o rito ordinário de uma Ação de Conhecimento, tendo em vista que o Cheque
prescrito perde sua executividade. Contudo, o Cheque preserva suas características
intrínsecas de título de crédito, tal como sua autonomia e consequente inoponibilidade das
exceções pessoais ao terceiro de boa-fé.
No mais, o Cheque ainda pode ser cobrado via Ação de Cobrança, após terminado o
prazo de prescrição da Ação de Enriquecimento Ilícito - ou Ação de Locupletamento, desde que
seja comprovado o seu não pagamento e a relação causal que originou o título (Art. 62 da
Lei do Cheque).
Esta Ação de Conhecimento não configura uma ação cambial, sendo que nela o portador
do Cheque não mais se beneficia dos predicados decorrentes dos princípios cambiários.
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1ª Fase | 36° Exame da OAB
Direito Empresarial
Assim, nesta Ação o devedor do título pode discutir a causa que originou o Cheque e opor
quaisquer exceções contra o autor da demanda.
Ademais, cumpre mencionar que já é consolidada a jurisprudência no sentido de que é
totalmente cabível a propositura de Ação Monitória de Cheque prescrito. É neste sentido
que as Súmulas 299 e 503 do Superior Tribunal de Justiça foram editadas. Vejamos:
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1ª Fase | 36° Exame da OAB
Direito Empresarial
Lei n. 11.101/2005 -LRF, preceitua, inicialmente, em seu Art. 1º quem se sujeita a sua
disciplina, sendo estes o empresário individual e a sociedade empresária.
Percebe-se assim, que as regras da LRF não são aplicadas aos devedores civis,
sendo que em caso de ser caracterizada suas insolvências, estes devem ser submetidos às
regras do concurso de credores previstas no Código de Processo Civil. Além disso, a LRF
igualmente não se aplica à fundações, partidos políticos, organizações religiosas e
sociedades simples.
Ainda, o Art. 2º da LRF, preceitua as demais pessoas jurídicas que não se submetem ao
seu regime. Referente às empresas públicas e sociedades de economia mista tem-se que,
ainda que sejam exploradoras de atividade econômica, as regras da LRF não são à elas
aplicadas.
Já no que tange às instituições financeiras públicas ou privadas, cooperativas de
crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de Plano
de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras
entidades equiparadas à estas, a LRF não é aplicada pois se tratam de agentes
econômicos que atuam em mercados regulados e possuem legislações específicas que
disciplinam o tratamento jurídico concedido à suas insolvências, submetendo-se aos
procedimentos especiais de liquidação extrajudicial.
Ainda, insta indicar que com a alteração advinda no início de 2021, o produtor rural e as
cooperativas médicas podem pleitear Recuperação Judicial.
Em relação ao foro competente para julgar e processar os procedimentos
recuperacionais e falimentares, tem-se que é o juízo do local do principal estabelecimento
do devedor ou da filial da empresa que tenha sede fora do Brasil (Art. 3º, LRF). Importante
referir, que o local do principal estabelecimento do devedor nem sempre é o local da sede da
empresa, tendo em vista que considera-se como principal estabelecimento o que concreta
maior volume de negócios.
Dessa forma o que se tem é a criação do juízo universal, sendo que as obrigações do
empresário ou da sociedade empresária são atraídas para este juízo, não se falando mais em
relações jurídicas bilaterais, eis que se estabelece um foro comum, no qual, as relações
jurídicas da empresa não são mais consideradas como unidades esparsas, mas como
parte de um patrimônio.
Na LRF a atuação do Ministério Público ficou restrita às hipóteses expressamente
previstas em lei, como por exemplo, nos casos em que haja indícios de responsabilidade penal
do devedor (Art. 22, § 4º da LRF) e em que for determinada a alienação de bens do devedor (Art.
142, § 7º da LRF), entre outras.
Ademais, a decretação da Falência ou o deferimento da Recuperação Judicial suspende
o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor. Devemos ter
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Direito Empresarial
cuidado especial com a expressão “todas” utilizada no dispositivo legal, haja vista que algumas
ações não possuem seus trâmites suspensos. Tais informações possuem previsão no Art. 6º da
LRF.
Observa-se que as ações que demandam quantias ilíquidas têm prosseguimento no
juízo em que estiverem sendo processadas. O mesmo ocorre com as ações trabalhistas que
seguem seus trâmites até a apuração do respectivo crédito, o qual será incluído no Quadro
Geral de Credores com o valor determinado na sentença. Ainda, as execuções fiscais não são
suspensas com o deferimento da Recuperação Judicial, salvo por questão de concessão
de parcelamento pelo fisco.
Ainda, ressalta-se que o requerimento de Recuperação Judicial ou de Falência torna o
juízo prevento, isto é, previne a jurisdição para qualquer outro pedido dessa natureza,
relativo ao mesmo devedor.
A partir do Art. 7º ao Art. 20 da LRF temos o tratamento concedido para a verificação e
habilitação dos créditos nos processos recuperacionais e falimentares. O Art. 7º preceitua
que a verificação dos créditos será realizada pelo Administrador Judicial, a partir dos livros
contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e nos documentos que lhe forem
apresentados pelos credores. Após ser publicado o edital de decretação da Falência ou de
processamento da Recuperação Judicial, os credores possuem o prazo de 15 (quinze) dias
para apresentar suas habilitações ou divergências de crédito, diretamente ao Administrador
Judicial.
Após o término deste prazo, o Administrador Judicial possui o prazo de 45 (quarenta
e cinco) dias para confeccionar a sua Relação de Credores e posterior publicação de edital.
Além disso, no edital da Relação de Credores do Administrador Judicial deve constar o local, o
horário e o prazo comum em que os credores, o Comitê, o Ministério Público ou os sócios do
devedor podem ter acesso aos documentos que fundamentaram a elaboração desta relação.
O Art. 7º-A da LRF, incluído pela Lei n. 14.112 de 2020, disciplina que em processos
falimentares, após a realização das intimações e publicação do edital de decretação da
Falência, incumbe ao juiz a instauração - de ofício - para cada Fazenda Pública credora,
incidente de classificação de crédito público, determinando a intimação eletrônica da
Fazenda credora para que, no prazo de trinta dias, apresente ao Administrador Judicial ou ao
juízo - considerando o momento processual - a relação completa de seus créditos inscritos
em dívida ativa, acompanhada dos cálculos, da classificação e das informações sobre a
situação atual.
Além disso, o §1º do Art. 7º-A da LRF, dispõe que considera-se Fazenda Pública credora
aquela constante na relação presente no edital de decretação de Falência ou a que alegue
nos autos, após intimada, possuir crédito contra o falida. Ainda, os créditos não definitivamente
constituídos, não inscritos em dívida ativa ou com exigibilidade suspensa podem ser
informados em momento posterior (Art. 7º-A, §2º, LRF).
Após o encerramento do prazo para a Fazenda Pública apresentar seus créditos, o falido,
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os demais credores e o Administrador Judicial possuem o prazo de quinze dias para objeções
sobre os cálculos e a classificação dos créditos da Fazenda Pública (Art. 7º-A, §3º, I, LRF).
Findo tal prazo, a Fazenda Pública será intimada para, no prazo de dez dias, prestar
esclarecimentos sobre as eventuais objeções apresentadas (Art. 7º-A, §3º, II, LRF), ressalta-se
que os créditos serão objeto de reserva integral até o julgamento definitivo, quando
rejeitados os argumentos apresentados (Art. 7º-A, §3º, III, LRF).
Já os créditos incontroversos e exigíveis, serão imediatamente incluídos no Quadro
Geral de Credores, observada a sua classificação (Art. 7º-A, §3º, IV, LRF). Ademais, o juiz
antes de homologar o Quadro Geral de Credores, concederá prazo comum de dez dias para
que o Administrador Judicial e a Fazenda Pública se manifestarem sobre a situação atual do
crédito objeto de reserva, para que, findo o prazo, decidir acerca da necessidade de mantê-lo
(Art. 7º-A, §3º, V, LRF). Cumpre ressaltar que não há condenação em honorários
sucumbenciais neste incidente de habilitação de crédito da Fazenda Pública (Art. 7º-A, §8º,
LRF).
O Art. 8º da LRF, traz o prazo de 10 (dez) dias, contados da publicação do edital da
Relação de Credores do Administrador Judicial, para que os interessados apresentem,
diretamente ao juízo universal, eventuais impugnações de crédito contra a referida Relação de
Credores, apontando a ausência de qualquer crédito ou manifestando-se contra a legitimidade,
importância ou classificação de crédito relacionado. A impugnação de crédito será autuada
em apartado, sendo dirigida ao juiz por meio de petição, instruída com os documentos que o
impugnante considerar pertinente e com a indicação de provas consideradas necessárias (Art.
13, LRF).
Os requisitos necessários para que o credor realize sua habilitação de crédito -
diretamente ao Administrador Judicial - estão dispostos no Art. 9º da LRF.
Além disso, caso o credor perca o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar sua
habilitação de crédito ao Administrador Judicial, ele ainda poderá apresentá-la, contudo esta será
recebida como Habilitação Retardatária, possuindo alguns efeitos importantes (Art. 10, LRF).
A primeira consequência da Habilitação Retardatária que cumpre mencionar é que no caso de
Recuperação Judicial - salvo créditos derivados da relação de trabalho - os credores não terão
direito a voto nas deliberações da Assembleia Geral de Credores (Art. 10, §1º, LRF). Já na
Falência, os titulares de créditos retardatários perderão o direito a eventuais rateios
realizados, podendo ser requerido pelo credor a reserva do valor para satisfação do seu
crédito (Art. 10, §3º e §4º, LRF).
Ademais, caso quando houver a Assembleia Geral de Credores o valor do crédito
constante na habilitação retardatária não tenha sido incluído no Quadro Geral de Credores
homologado, o credor, assim como ocorre na Recuperação Judicial perderá o direito ao
voto.
No mais, cumpre ainda referir que as Habilitações Retardatárias que forem apresentadas
antes da homologação do Quadro Geral de Credores serão recebidas como impugnação
de crédito (Art. 10, §5º, LRF). Caso o Quadro Geral de Credores já tenha sido homologado, o
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Direito Empresarial
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1ª Fase | 36° Exame da OAB
Direito Empresarial
Na hipótese da letra d, o §1º do referido Art. prevê que será facultado às empresas em
dificuldade que preencham os requisitos legais para requerer a Recuperação Judicial
obter tutela de urgência cautelar, nos termos do Art. 305 e seguintes do Código de Processo
Civil, com o intuito de que sejam suspensas as execuções contra elas propostas pelo
prazo de até 60 (sessenta) dias, para tentativa de composição com seus credores, em
procedimento de mediação ou conciliação já instaurado perante o Centro Judiciário de Solução
de Conflitos e Cidadania (Cejusc) do Tribunal competente ou da câmara especializada,
observados, no que couber, os Arts. 16 e 17 da Lei nº 13.140/2015.
Além disso, são vedadas a conciliação e a mediação que versem sobre a natureza
jurídica e a classificação de créditos, bem como sobre critérios de votação na Assembleia
Geral de Credores (Art. 20-B, § 2º, LRF). Ainda, o § 3º do já referido Art. dispõe que em caso
de pedido de Recuperação Judicial ou Extrajudicial, de acordo com os critérios da LRF, o
período de suspensão previsto no § 1º deste Art. (60 (sessenta) dias) será deduzido do
período de suspensão previsto no Art. 6º da LRF (180 (cento e oitenta) dias).
O Art. 20-C inteligencia a imprescindibilidade da homologação pelo juízo competente do
acordo obtido por meio de mediação e conciliação, obtido nos termos da Seção II-A da LRF. A
LRF trata do Administrador Judicial e do Comitê de Credores nos Arts. 21 a 34.
Referente ao Administrador Judicial cumpre ressaltar que este é o principal auxiliar
do juiz na condução dos processos falimentares e recuperacionais. Além de desenvolver
diversas atividades de cunho administrativo (como veremos em breve), este ainda é o
responsável por representar legalmente a massa falida.
A lei aponta que a nomeação do Administrador Judicial deve ser dirigida à profissional
idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresa ou contador (Art.
21, LRF). Além disso, a nomeação para Administrador Judicial pode recair em pessoa jurídica,
devendo, para tanto, ser declarada no termo de compromisso, o nome do profissional
responsável pela condução do processo falimentar ou recuperacional.
O Administrador Judicial funciona como uma extensão do judiciário, sendo que sua
nomeação parte muito da confiança do magistrado, assim, caso o profissional deixe de cumprir
com seus prazos estabelecidos na legislação, ele será pessoalmente intimado para fazê-lo, no
prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de desobediência. Na hipótese de não cumprimento, o juiz
destituirá o Administrador Judicial e nomeará substituto (Art. 23).
Relativamente à remuneração do Administrador Judicial (Art. 24, LRF) tem-se que serão
observados os seguintes critérios: a) a capacidade de pagamento do devedor; b) o grau de
complexidade do trabalho e, c) os valores praticados no mercado para o desempenho de
atividades semelhantes.
Como regra geral tem-se que o valor pago a título de remuneração ao auxiliar do juízo
não poderá exceder 5% (cinco por cento) do valor devido aos credores submetidos à
Recuperação Judicial ou do valor de venda dos bens na Falência. Ademais, no caso de
microempresas, empresas de pequeno porte e produtor rural, o valor da remuneração não
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Direito Empresarial
Além das já citadas importantes inovações que a Lei 14.112 de 2020 trouxe à LRF, temos,
ainda, a criação do Capítulo IV-A que trata da “Insolvência Transnacional”.
O referido capítulo vai desde as disposições gerais até às disposições atinentes à
cooperação entre entes estatais, sendo que o Art. 167-A elenca os objetivos da insolvência
transnacional como mecanismo apto a efetiva: a) a cooperação entre juízes e outras autoridades
competentes do Brasil e de outros países em casos de insolvência transnacional; b) o aumento
de segurança jurídica para a atividade econômica e para o investimento; d) a administração justa
e eficiente de processos de insolvência transnacional, de modo a proteger os interesses de todos
os credores e dos demais interessados, inclusive do devedor; d) a proteção e maximização do
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Após ter concedida sua Recuperação Judicial, o devedor nela permanece até que sejam
cumpridas todas as obrigações previstas no Plano que se vencerem em até dois anos
depois da concessão da RJ, independentemente do eventual período de carência (Art. 61,
LRF). Durante este período, o descumprimento de qualquer obrigação prevista no Plano,
enseja a convolação da Recuperação Judicial em Falência (Art. 61, §1º, LRF).
No caso de descumprimento das obrigações após o período de dois anos, qualquer
credor poderá requerer a execução específica ou a Falência do devedor (Art. 62, LRF).
A Recuperação Judicial, em princípio, não retira do titular da empresa o direito de
administração dos bens. Nesse sentido, o Art. 64 da LRF preceitua as hipóteses em que devem
ser destituídos. Na eventualidade de ser declarada a destituição dos sócios
administradores, deve-se ser convocada a Assembleia Geral de Credores, a fim de deliberarem
sobre o nome do Gestor Judicial que assumirá a administração das atividades do devedor,
nos termos do Art. 65, da LRF. Ademais, o §1º do referido Art., indica que enquanto a
Assembléia Geral não tiver escolhido quem será o gestor judicial, deve o Administrador
Judicial exercer tal função.
A Lei n. 14.112/2020 inovou ao criar a “Seção IV-A - Do Financiamento do Devedor e
do Grupo Devedor durante a Recuperação Judicial”, incluindo dispositivos que irão abordar
o tema. Neste sentido, tem-se que o Art. 69-A disciplina a possibilidade do juiz autorizar, durante
a RJ, a celebração de contratos de financiamento com o devedor, garantidos pela oneração ou
pela alienação fiduciária de bens e direitos, seus ou de terceiros, pertencentes ao ativo não
circulante, para financiar as suas atividades e as despesas de reestruturação ou de preservação
do valor de ativos, após ouvido o Comitê de Credores. Essas modalidades de dip financing.
A “Seção IV-B - Da Consolidação Processual e da Consolidação Substancial”
emergiu com a nova redação dada pela Lei 14.112 de 2020 e surgiu com o objetivo de consolidar
algo que há tempos vinha sendo discutido pela jurisprudência, sendo que o Art. 69-G dispõe, em
breves linhas, que os devedores que atendam aos requisitos elencados pela LRF e que integrem
um grupo econômico poderão requerer a Recuperação Judicial na forma de consolidação
processual.
Neste caso, é incumbência de cada devedor apresentar - individualmente - a
documentação exigida no Art. 51 da LRF (Art. 69-G, §1º, LRF). A competência para deferir a
RJ é a do juízo do local do principal estabelecimento entre os dos devedores (Art. 69-G,
§2º, LRF). O §3º deste Art. dispõe que “exceto quando disciplinado de forma diversa, as demais
disposições da LRF aplicam-se aos casos de que trata esta Seção”.
No caso da documentação de cada devedor ser aprovada, será nomeado apenas um
Administrador Judicial para auxiliar o juiz na condução do processamento da RJ (Art. 69-H,
LRF).
A consolidação processual acarreta a coordenação de atos processuais, garantindo
a independência dos devedores, dos seus ativos e dos seus passivos (Art. 69-I, LRF). Além
disso, os meios de Recuperação serão propostos independentes por cada devedor, sendo
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estes serem específicos para a composição de seus passivos, admitindo-se, contudo, a sua
apresentação em plano único (Art. 69-I, §1º, LRF).
O Art. 69-J dispõe que é faculdade do juiz, em caráter excepcional, autorizar a
consolidação substancial de ativos e passivos dos devedores integrantes do mesmo
grupo econômico que estejam em RJ sob consolidação processual - independentemente
da realização de Assembleia Geral de Credores - no caso de ficar constatada a interconexão e
a confusão entre ativos ou passivos dos devedores, de modo que não seja possível
identificar a sua titularidade sem excessivo dispêndio de tempo ou de recursos,
cumulativamente com a ocorrência de, no mínimo, duas das seguintes hipóteses: a)
existência de garantias cruzadas; b) relação de controle ou de dependência; c) identidade
total ou parcial do quadro societário, e d) atuação conjunta no mercado entre os
postulantes.
Além disso, o Art. 73 da LRF dispõe algumas hipóteses em que será decretada a Falência
do devedor durante o processo de Recuperação Judicial. Tais regras tiveram alterações em suas
redações e acréscimos de possibilidades pelo Art. 1º do Projeto de Lei n. 4.458/2020.
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1ª Fase | 36° Exame da OAB
Direito Empresarial
A LRF disciplina a Recuperação Extrajudicial junto aos Arts. 161 a 167, sendo que logo
no Art. 161 dispõe que para que o devedor possa ser beneficiário deste instituto deve
preencher os requisitos do Art. 48.
Ademais, cumpre ressaltar que o preenchimento dos requisitos acima referidos é
indispensável apenas se o devedor pretender a homologação do Plano de Recuperação
Extrajudicial pelo Judiciário. Acaso o devedor apenas pretenda negociar com seus credores
uma saída para a crise em que se encontra, em forma de acordo privado, sem a necessidade
de intervenção do juízo, o preenchimento dos requisitos é dispensável (Art. 167, LRF).
O Art. 161, §4º da LRF dispõe que o pedido de homologação de Plano de Recuperação
Extrajudicial não obsta o prosseguimento das ações e execuções que tramitam em face
do devedor e nem impossibilita o pedido de decretação de Falência eventualmente
requerido pelos credores sujeitos ao Plano de Recuperação Extrajudicial.
Em relação ao Plano de Recuperação Extrajudicial, este não pode prever o
pagamento antecipado de dívidas e tampouco o pagamento desfavorável aos credores a
ele não sujeitos (Art. 161, §2º, LRF). Veja-se que tal disciplina possui como finalidade o
respeito ao princípio do par conditio creditorum. Além disso, apenas podem ser submetidos
ao Plano de Recuperação Extrajudicial os créditos constituídos até a data do pedido de
homologação em juízo (Art. 163, §1º, LRF).
O devedor pode requerer a homologação de Plano de Recuperação Extrajudicial,
obrigando a todos os credores a este submetidos, desde que seja assinado por credores
que representem mais da metade dos créditos de cada espécie por ele abrangidos. Nesta
hipótese, salienta-se, que já não se trata de mera faculdade do devedor a homologação
judicial do Plano, tendo em vista que sem ela, este não pode obrigar os credores que não
aderirem ao Plano, o seu cumprimento.
Além disso, o devedor pode requerer a homologação do Plano antes de atingir o quórum
de mais da metade dos créditos por ele abrangidos, desde que o apresente com a comprovação
de anuência de credores que representem pelo menos ⅓ de todos os créditos por ele
abrangidos e que se comprometa a atingir o quórum exigido através de adesão expressa, no
prazo improrrogável de noventas dias, contados da data do pedido, sendo lhe facultada a
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10.9. Falência
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Direito Empresarial
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da decretação da Falência até a sentença que extinguir suas obrigações (Art. 102, LRF). Já
no caso do falido ser condenado por crime falimentar e essa condenação tenha o efeito
específico de inabilitação para o exercício de atividade empresarial, esta se manterá por até
5 (cinco) anos após a extinção da punibilidade (Art. 181, §1º, LRF).
A regra geral contida na legislação estabelece que os contratos bilaterais não se
resolvem de imediato pela decretação da quebra, podendo ser cumpridos pelo
Administrador Judicial (Art. 117, LRF). O contratante pode entrar em contato com o
Administrador Judicial, no prazo de 90 (noventa) dias contados a partir da assinatura do termo
de compromisso do auxiliar, para que, no prazo de 10 (dez) dias, o Administrador Judicial
declare se irá cumprir o contrato ou não (Art. 117, §1º, LRF).
A partir da decretação da Falência, a administração dos bens do falido passa a ser
atribuição do Administrador Judicial, que deve, após assinar o termo de compromisso, efetuar
a arrecadação dos bens e documentos e fazer a avaliação destes, onde eles se encontrarem.
A fim de realizar as medidas acima, o AJ pode requerer ao juiz o que for necessário para tanto
(Art. 108, LRF).
A arrecadação dos bens do falido pode atingir bens de terceiros que estejam em sua
posse na data da decretação da Falência, sendo previsto, assim, a possibilidade dos titulares de
tais bens formularem pedidos de restituição. É o que preceitua o Art. 85 da LRF. Exemplos
desse caso, seriam os bens que estavam na posse do falido em virtude de contratos de
alienação fiduciária em garantia ou arrendamento mercantil.
Além disso, o parágrafo único do Art. 85 da LRF, prevê que também é possível o pedido
de restituição de bem que foi vendido a crédito ao falido e entregue a ele em até 15 (quinze)
dias antes do pedido de Falência, se ainda não alienado para terceiros.
Nesta senda, o Art. 86 da LRF inteligencia as possibilidades em que a restituição será
realizada em dinheiro. Ainda, o pedido de restituição deve ser fundamentado, individualizando,
de maneira específica, o bem reclamado, nos termos do Art. 87 da LRF. Oportuno destacar que
tal pedido suspende a disponibilidade do bem até o trânsito em julgado da ação (Art. 91,
LRF).
Caso o pedido de restituição seja julgado procedente, a entrega do bem ao
requerente deve ser realizada no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sendo tal determinado
na sentença que o reconhecer (Art. 88, LRF). No entanto, se a sentença negar a restituição, o
requerente poderá, se for o caso, ser incluído no Quadro Geral de Credores da falida (Art. 89,
LRF).
Além disso, a sentença do pedido de restituição, seja ela procedente ou improcedente, é
atacável por Apelação sem efeito suspensivo (Art. 90, LRF). No mais, o interessado pode
ajuizar embargos de terceiro, na eventualidade em que não se encaixar pedido de restituição
(Art. 93, LRF).
Evidencia-se, portanto, que o Art. 129 da LRF dispõe um rol taxativo de situações que
quando caracterizadas o ato será objetivamente ineficaz. Além disso, e conforme disciplina o
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parágrafo único do Art. 129, a ineficácia do ato pode ser declarada de ofício pelo juiz, alegada
em defesa ou pleiteada em ação própria ou incidentalmente no curso do processo
falimentar. No entanto, o Art. 131 prevê que no caso dos atos referidos nos incisos I, II, III e VI
do caput do Art. 129, terem sido previstos e realizados na forma definida no plano de
Recuperação Judicial ou Extrajudicial, eles não serão declarados ineficazes ou
revogados.
Já o Art. 130 da LRF prevê os casos em que para a revogação dos atos praticados pelo
falido é necessária a prova da intenção de prejudicar os credores, o conluio fraudulento
praticado entre o devedor e o terceiro com quem ele contratar e o efetivo prejuízo sofrido
pela massa falida. A ação própria para revogação de atos é chamada de ação revocatória, que
pode ter como o autor o Administrador Judicial, qualquer credor ou o Ministério Público, no prazo
de três anos contados da decretação da Falência, nos termos do Art. 132, da LRF.
A fase de realização do ativo é iniciada após a arrecadação dos bens do falido, se
realizando na alienação dos bens arrecadados (Art. 139, LRF), com a finalidade de angariar
valores a fim de propiciar o pagamento dos credores. Sabe-se que após o Administrador Judicial
assinar o termo de compromisso, o auxiliar possui o prazo de 60 (sessenta) dias para apresentar
o plano de venda dos ativos, devendo realizá-lo em prazo não superior a 180 (cento e oitenta)
dias contados da juntada do auto de arrecadação.
As modalidades de venda dos bens do falido estão previstas no Art. 140 da LRF, em
ordem de preferência, sendo elas: a) alienação da empresa, com a venda de seus
estabelecimentos em bloco; b) alienação da empresa, com a venda de suas filiais ou
unidades produtivas isoladamente; c) alienação em bloco dos bens que integram cada um
dos estabelecimentos do devedor ou, d) alienação dos bens individualmente
considerados. Além disso, o parágrafo §2º do referido diploma legal dispõe que a venda dos
bens pode iniciar antes mesmo da formação do Quadro Geral de Credores.
A alienação do ativo ocorrerá sob uma das modalidades típicas preceituadas no Art. 142,
da LRF, sendo através de leilão eletrônico, presencial ou híbrido; processo competitivo
organizado promovido por agente especializado e de reputação ilibada, cujo
procedimento deverá ser detalhado em relatório anexo ao plano de realização do ativo ou
ao plano de Recuperação Judicial, conforme o caso ou, qualquer outra modalidade, desde
que aprovada nos termos da LRF.
Como já exposto e a respeito da verificação e habilitação de créditos, temos que já na
decisão que decreta a quebra do devedor, o juiz toma duas medidas importantes para tanto, o
fato de ordenar ao falido que apresente, no prazo máximo de cinco dias, a sua relação nominal
de credores e a explicação sobre o prazo para as habilitações de crédito.
De acordo com o já estudado, a classificação dos créditos ocorre a fim de possibilitar a
reunião de credores de acordo com a similaridade de seus créditos, objetivando tratamento
idêntico perante a liquidação dos ativos no processo falimentar. Assim, objetiva-se atingir o
princípio do par conditio creditorum.
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deverá utilizá-la, atentando-se a sua função social e finalidade, sob pena de ter a titularidade
licenciada compulsoriamente (veremos tal ponto em breve).
Também é vital lembrar que, conforme o art. 5 da LPI, os bens tutelados pela lei são
equiparados a coisas móveis. Assim, mesmo bens incorpóreos como marcas e patentes
possuem proteção especial e podem ser comercializados.
11.2. Patentes
A patente consiste no direito temporário garantido pelo Estado ao titular para que possa
explorar economicamente um dos seguintes bens: invenção e modelo de utilidade. Em outras
palavras, quando você desenvolve um dos bens que a seguir iremos trabalhar, você possui um
determinado tempo para, exclusivamente, usufruir desta criação derivada do seu intelecto.
O art. 6 da LPI nos revela quem pode ser titular de uma patente (via de regra, o próprio
autor ou seus sucessores), já o art. 7 nos introduz uma importante noção sobre a LPI: não importa
quem foi o primeiro a criar algo, o dono será aquele que primeiro buscar a concessão da patente
junto ao INPI – por isso, lembrem: a busca da patente é ato constitutivo do direito.
Os artigos subsequentes nos trazem o conceito de modelo de utilidade e os requisitos da
patente de invenção e de modelo de utilidade:
Invenção: Art. 8º É patenteável a invenção que atenda aos requisitos de novidade,
atividade inventiva e aplicação industrial.
Modelo de utilidade: Art. 9º É patenteável como modelo de utilidade o objeto de uso
prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou
disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em
sua fabricação.
Importante: requisitos da patentiabilidade
1) novidade (art. 11 e 12);
2) atividade inventiva (art. 13 e 14);
3) aplicação industrial (art. 15);
4) ausência de impedimentos legais (art. 18).
Já o art. 10 nos ilustra o que não pode ser considerado uma invenção. São muitos
incisos, mas associem sempre a algo derivado da criatividade humana e com aplicação prática
na indústria. Por exemplo, descobrir algo é diferente de inventar algo. Na descoberta, o objeto já
existia. No ato de inventar, algo novo é criado. Obras artísticas são protegidas pela lei de direitos
autorais, e não pela LPI. Ainda, vale destacar que softwares independentes (aplicativos, por
exemplo) são protegidos pela lei de softwares, contudo, se estivermos falando de um software
acoplado em uma criação, esta poderá ser patenteada junto do software.
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Após concedida, a patente vigorará por: 20 anos, se for invenção, e 15 anos, se for modelo
de utilidade. Importante atentar que o prazo passa a contar da data do depósito, ou seja,
do dia em que houve o encaminhamento do pedido ao INPI, e não da concessão.
Os direitos concedidos ao titular da patente encontram-se no art. 41 e subsequentes.
Violação a estes direitos gerarão indenizações, cujo marco temporal vem previsto no art. 44 da
LPI.
Fala-se, ainda, em licença compulsória nos casos do art. 70, se preenchidos alguns
requisitos cumulativamente.
I - ficar caracterizada situação de dependência de uma patente em relação a outra (aquela
cuja exploração depende obrigatoriamente da utilização de patente anterior. Imaginem uma
invenção que é aplicada à uma linha de montagem recém inventada – temos duas patentes
distintas, mas a primeira depende da segunda para funcionar)
II - o objeto da patente dependente constituir substancial progresso técnico em relação à
patente anterior; e
III - o titular não realizar acordo com o titular da patente dependente para exploração da
patente anterior.
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Temos, como regra apresentada pelo art. 88 da LPI, que as patentes desenvolvidas
durante a vigência do contrato de trabalho pertencem ao empregador. Isto porque é o
empregador quem fornece os meios e recursos por meio dos quais o empregado desenvolve a
produção intelectual que resultará na patente. A remuneração do empregado, nesses casos, é o
próprio salário. Contudo, é importante atentarmos para um detalhe, caso o empregado
interrompa seu contrato de trabalho:
Art. 88, § 2º Salvo prova em contrário, consideram-se desenvolvidos na vigência do
contrato a invenção ou o modelo de utilidade, cuja patente seja requerida pelo empregado até 1
(um) ano após a extinção do vínculo empregatício.
Ainda sobre a remuneração, o empregador poderá conceder ao empregado, autor do
invento, participação nos ganhos econômicos resultantes da exploração da patente. Tal
participação, contudo, não conta como salário do empregado.
Já nas hipóteses em que o empregado desenvolver algo no seu âmbito particular, sem
utilização de recursos do empregador, a ele toca a propriedade da patente. Caso empregado e
empregador contribuam com recursos materiais, monetários, intelectuais etc., a patente
pertencerá a ambos.
11.6. Marca
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que buscam estes produtos/serviços. No Brasil, os sinais sonoros não são suscetíveis de registro
como marca. O mesmo ocorre com características de cheiro, gosto ou tato de que se revestem
os produtos os serviços.
Apenas podem ser registrados como marca no INPI os sinais visualmente perceptíveis.
Os signos não-visuais são tutelados pela disciplina jurídica da concorrência, se sua usurpação
servir de meio fraudulento para desviar clientela.
Para fins jurídicos, qualquer que seja o tipo de marca, a proteção é idêntica.
a) Novidade relativa: a marca precisa ser nova dentro da sua classe, quer dizer, seu
ramo de atividade. O INPI possui um alista com diversos segmentos mercadológicos e, ao fazer
o registro, o titular deve especificar a qual classe o produto pertence. Assim, a marca precisa ser
novidade dentro daquela classe, sendo perfeitamente possível marcas com o mesmo nome
coexistirem, contanto que em segmentos distintos.
Ex: desinfetante VEJA e revista VEJA. Não há como haver confusão entre os
consumidores.
b) Não colidência com marca de alto renome ou notória: a marca não pode incidir nas
hipóteses previstas nos artigos 125 e 126 da LPI (veremos a seguir).
c) Ausência de impedimento legal: o art. 124 da LPI apresenta um rol de diversos
incisos apontando o que não é registrável como marca. A ideia central do artigo é, por um lado,
proteger o consumidor, que não pode ser enganado, e, em um segundo momento, proteger o
titular legitimo de marca e evitar que este seja prejudicado. Assim, temos incisos versando, por
exemplo, da proibição da utilização de bandeiras na marca (o que passa a ideia de que o produto
foi fabricado em outro país), bem como vedação de marcas muito semelhantes ou idênticas à
marcas já registradas.
O que é uma marca de Alto Renome?
Art. 125. À marca registrada no Brasil considerada de alto renome será assegurada
proteção especial, em todos os ramos de atividade.
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1ª Fase | 36° Exame da OAB
Direito Empresarial
Art. 126. A marca notoriamente conhecida em seu ramo de atividade nos termos do art.
6º bis (I), da Convenção da União de Paris para Proteção da Propriedade Industrial, goza
de proteção especial, independentemente de estar previamente depositada ou registrada
no Brasil.
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Direito Empresarial
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