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Andressa Gois

Professora Paloma Braga


❏ 1ª avaliação: 10 questões objetivas (5 pontos) e 2 questões subjetivas
(5 pontos) = Peso 5
- Título I: Das pessoas naturais, Cap. I e II, Art. 1 ao 39
- Resumo: Direitos da personalidade
- Resumo: Capítulo I - Autonomia Privada
- Resumo: Capítulo II - A pessoa humana e a dignidade.
❏ 2ª avaliação = Peso 5
- Título II: Das pessoas jurídicas, Cap I, II e III, Título III, Livro II

1ª AVALIAÇÃO

BREVE HISTÓRICO
★ O código civil de 1916 era muito individualista, patriarcal,
hierarquizado e patrimonialista (só se importava com bens e
patrimônios), fruto de inspiração nas lutas burguesas francesas.
★ O direito civil de hoje (2002) é constitucionalista, onde todas as
normas precisam passar pelo filtro da Constituição Federal. Hoje,
podemos dizer que o código pilariza-se no indivíduo.

Podemos dizer que o código civil permeia toda a nossa vida, desde o
nascimento (nascituro) até a morte (sucessões)
No que tange às nomenclaturas, varia de acordo com a área do direito:
1. Pessoa humana​: Constitucional
2. Pessoa natural​: Civil
3. Pessoa física​: Tributário

O CÓDIGO CIVIL
O maior código do nosso ordenamento é o código civil, possuindo mais de
2 mil artigos. É dividido em duas grandes partes:
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Direito Civil I 2019.1 - Professora Paloma

- Parte Geral​: Conceitos fundantes e fundamentais ao Direito Civil


(estuda-se em civil I e civil II)
- Parte Especial​: Parte mais especializada, tópicos como obrigações,
contratos, direito de família, sucessões, etc.
Por muito tempo existiu uma divisão dicotômica do Direito. O direito era
dividido amplamente entre Direito Público e Direito Privado, o Direito
público era aquele em que as relações eram mantidas com o Estado ou
por intermédio deste (Direito Constitucional, Direito Administrativo,
Processual, etc), Direito Privado era aquele relativo à vida privada das
pessoas, relações entre particulares (Direito Civil, Direito do Consumidor,
Direito empresarial..) Hoje em dia essa fronteira já está mais diluída,
existindo uma permeabilidade entre o Direito Público e o Privado, aspecto
relevante ao direito civil atual.

⇎ CAPÍTULO I - DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE

PERSONALIDADE CIVIL
Condição de ser pessoa

Art. 1​º:​ Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

Art. 2º​: A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida;


mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

● Pessoa​: Ser-humano vivo. (Dessa forma, o nascituro seria uma


expectativa de pessoa).
● Nascimento com vida​: Respiração extra-uterina. Na primeira
respiração ele adquire personalidade civil, não respirou, é
considerado natimorto. Não precisa ter forma humana, expectativa
longeva de vida ou mesmo o corte do cordão umbilical. respirou,
adquire personalidade.

● Nascituro: ​Já concebido, porém ainda não nascido. Sujeito de direito


despersonificado (não é pessoa ainda).

➔ Direitos do nascituro​: Expectativa de direito, expectativa de uma


personalidade civil. Os direitos do nascituro visam a sua proteção,
como por exemplo direito à herança, direito à vida (proibição do
aborto), prioridade em filas (para a gestante), alimentos gravídicos,
saúde...

CORRENTES DA AQUISIÇÃO DE PERSONALIDADE

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A corrente mais difundida e aceita é a corrente ​NATALISTA, que é alinhada


ao artigo do Código e entende a aquisição da personalidade civil através
do nascimento com vida.
Outra corrente, menos predominante é a corrente ​CONCEPCIONISTA​, que
indica que a personalidade civil é desde a concepção.

CAPAZ ≠ CAPAZ

❏ Capacidade de Direito e gozo​: (​Confunde-se com a personalidade


civil​) é a aptidão de ser titular de direitos e obrigações. Ex :​Art.
1º​:Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
NÃO EXISTE INCAPACIDADE DE DIREITO
❏ Capacidade de fato e exercício​: MEDIDA DA PERSONALIDADE.
Possibilidade de exercer pessoalmente (​por si mesmo​) seus direitos
e cumprir suas obrigações. Ex: ​Art. 3º: São absolutamente incapazes
de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16
(dezesseis) anos​. EXISTE INCAPACIDADE DE FATO/EXERCÍCIO

Ps. Eu posso ser capaz de direito, mas não capaz de fato, mas não o
contrário. Ex: Sou pessoa viva, portanto com personalidade civil, logo, sou
capaz de direito, porém tenho 15 anos, então não sou capaz de fato. O
mesmo vale para bebês, tecnicamente eles não deveriam ter obrigações,
mas alguns têm, como os herdeiros, por exemplo. E então possuem
capacidade de direito, mas não de fato.

INCAPACIDADE CIVIL
Não possuir maturidade ou discernimento

❖ Absoluta​: Atualmente são absolutamente incapazes os menores


de 16 anos (impúberes).

Art. 3º: ​São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da


vida civil os menores de 16 anos.

Absolutamente incapazes não podem praticar os atos da vida civil,


alguém faz por ele. ​REPRESENTADO​.

Ps​. Antes, os deficientes eram incapazes de maneira absoluta e relativa,


com uma lista de especificando quais deficiências á qual incapacidade.
Porém após mudanças na letra da lei, agora são considerados plenamente
capazes.

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❖ Relativa​: Pessoas entre 16 e 18 anos, dependentes químicos,


pródigos (gastador compulsivo) e pessoas que por causa
permanente ou transitória não possa exercer a vontade.

Relativamente incapazes podem praticar os atos da vida civil, mas com


assistência, ou são incapazes somente a certos atos. Ex: Pródigos são
incapazes de movimentações financeiras, mas podem casar, por exemplo.
ASSISTIDOS.

Art. 4º: São incapazes relativamente a certos atos ou à maneira de os


exercer:
I - Os maiores de dezesseis e menores de dezoito;
II - Os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem
exprimir sua vontade;
IV - Os pródigos;
Parágrafo único: A capacidade dos indígenas será regulada por
legislação especial.
Ps. A capacidade dos indígenas ainda não foi regulada por legislação
especial, portanto, hoje eles são totalmente capazes.

R​elativamente ​In
​ capazes são A​ ​ssistidos
A​bsolutamente I​ n​ capazes são R​ ​epresentados

EMANCIPAÇÃO
Antecipação dos efeitos da maioridade
(Só existe emancipação de menores de idade, não existe emancipação de
deficiente, pródigo, etc.)
Art. 5​o​: A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa
fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.

Ps. ​No Código Civil de 1921 a maioridade era apenas aos 21 anos, e não aos
18 como hoje.

● TIPOS
- Emancipação Voluntária: ​Pais (ou apenas um deles na
falta do outro por morte ou impossibilidade jurídica) vão
voluntariamente ao cartório de tabelionato de notas
emancipar o adolescente.

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Art. 5º § I ​- ​pela concessão dos pais, ou de um deles na


falta do outro, mediante instrumento público,
independentemente de homologação judicial​, ​ou por
sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver
dezesseis anos completos;

- Emancipação Judicial: ​Na falta dos pais e sob a tutela


de um tutor, a emancipação pode ser feita apenas por
meio de uma concordância judicial.
Art. 5º § I ​- pela concessão dos pais, ou de um deles na
falta do outro, mediante instrumento público,
independentemente de homologação judicial, ​ou por
sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver
dezesseis anos completos;

- Emancipação Legal: ​Há algumas situações/hipóteses


em que o adolescente é emancipado automaticamente,
não dependendo de uma decisão judicial, são elas:
casamento, exercício de emprego público efetivo (não
faz mais sentido atualmente, visto que os concursos
exigem a maioridade de 18 anos), colação de grau em
ensino superior (muito improvável) ou quando o menor
tiver economia própria (comum com jovens artistas).
Art. 5º§ II, III, IV e V
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela
existência de relação de emprego, desde que, em
função deles, o menor com dezesseis anos completos
tenha economia própria.

GUARDA ≠ TUTELA ≠ CURATELA


1. Guarda = ​Responsável pelos cuidados.
2. Tutela = R
​ epresentante legal de um menor que não seus pais.
3. Curatela = ​Representante legal de um maior incapaz.
Ps​. Há, atualmente, a curatela voluntária, relativa aos bens de um indivíduo
com deficiência, não a sua pessoa. Funciona de maneira a iniciar e finalizar
por desejo deste enfermo ou deficiente físico.

EXTINÇÃO/FIM DA PERSONALIDADE CIVIL


A morte extingue a personalidade civil

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Art. 6​o​:​: ​A existência da pessoa natural termina com a morte; ​presume-se


esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de
sucessão definitiva.

● Morte Real ≠​ ​Morte Presumida


Morte real = ​Morte constatada, com atestado de óbito e
presença do corpo.
Morte presumida = ​Não há presença do corpo, logo, não há
certeza absoluta da morte.

COMO PRESUMIR A MORTE DE ALGUÉM?


Por a
​ usência ​ou i​ ndícios

AUSÊNCIA: D ​ esaparecimento sem deixar vestígios.


INDÍCIOS: ​Art. 7​o​:​: Pode ser declarada a morte presumida,
sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em
perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito
prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término
da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses
casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as
buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data
provável do falecimento.
Nos casos de indícios, é um juiz que vai declarar a morte do
indivíduo, não um médico (casos de morte real).

● Comoriência: ​Se 2 ou mais pessoas morrerem na


mesma ocasião sem dar pra saber quem morreu
primeiro, presume-se que foram mortes simultâneas.
Art. 8º​: Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma
ocasião, não se podendo averiguar se algum dos
comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão
simultaneamente mortos.

● E AS SUCESSÕES?
Em caso de sumiço sem deixar vestígios (ausência),
sucede-se etapas para o início das sucessões (heranças).
Inicialmente, um juiz decreta a ausência e nomeia um
curador para cuidar dos bens (cônjuges, pais,
descendentes.), em seguida, 1 ou 3 anos depois, 1 em

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casos normais e 3 em casos de ter deixado um curador,


passa-se a fazer a sucessão provisória. Se após 180 dias a
pessoa continuar ausente, começará o inventário e a
partilha provisória (nesse momento os parentes
ascendentes e descendentes têm acesso aos bens), se
este ausente não tiver ascendentes nem descendentes
vivos, parentes colaterais cuidarão dos bens, mas ficarão
sujeitos à penhora caso o ausente retorne. Por fim, dá
mais 10 anos para a pessoa aparecer, e caso ainda sim
não retorne, há a partilha definitiva e a morte presumida.

⇎ CAPÍTULO II - DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE

DIREITOS DA PERSONALIDADE
Toda pessoa é dotada de personalidade e, direito a personalidade
São os direitos característicos relativos às características próprias das
pessoas, tais como integridade física (vida, corpo, partes do corpo),
integridade intelectual (liberdade de expressão, autorias científicas e
artísticas), integridade moral (intimidade, vida privada, honra, imagem e
nome). Direitos da personalidade são ILIMITADOS, mesmo os
não-expressos na lei, podem utilizar-se das sanções aplicadas ao ferir os
outros.
Ps​. Nascituros são protegidos em alguns direitos da personalidade, tal
como a vida.

Art. 11º​: Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da


personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis​, não podendo o seu
exercício sofrer limitação voluntária​.

Art. 21º​: A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz,​ a


requerimento do interessado​, adotará as providências necessárias para
impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.

➢ CARACTERÍSTICAS

1. Extrapatrimoniais​:​ Não possuem conteúdo econômico, não passível


de precificação/monetarização.
2. Intransmissíveis:​ Não posso transmitir/dar a outro, não cabe cessão.
(Não se transmite nem pós morte, em sucessão)
3. Inalienáveis:​ Não pode ser vendido/cedido.
4. Impenhoráveis:​ Não pode ser penhorado (bloqueado judicialmente
e posteriormente podendo até ser vendido). Há exceções no que

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dizem respeito a manifestação econômica desse direito, tais como


direitos autorais ou direito de imagem, em que os créditos (lucros)
gerados pela cessão de uso podem ser penhorados.
5. Indisponíveis:​ O conceito de “dispor” indica que se algo é seu, pode
ser feito o que lhe convir, porém no caso dos direitos da
personalidade, eles são indisponíveis.
6. Irrenunciáveis:​ Não cabe rejeição aos direitos.

1. Inatos​: Todas as pessoas já nascem com eles.


2. Absolutos​: Exercidos em face de qualquer pessoa, qualquer um que
ferir poderá sofrer as sanções. (Tecnicamente não existem direitos
absolutos, pois este seria um direito que prevaleceria sobre os outros
em qualquer circunstância, o que não é o caso, absoluto no sentido
de ser justo e democrático, o​ poníveis-erga omnes​).
3. Vitalícios: ​Acompanham o ser-humano durante toda a sua vida.
4. Imprescritíveis: N​ ão os perde por falta de exercício. A proteção
destes direitos não tem prazo. (A proteção não tem prazo, mas a
reparação por ferí-los sim, e essa reparação é só até 5 anos)

Art. 12º:​. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da


personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras
sanções previstas em lei.
Parágrafo único. ​Em se tratando de morto, terá legitimação para
requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou
qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.

Ps. Como citado acima, os direitos da personalidade de um morto


precisam ser respeitados como respeito á sua memória e aos seus
parentes.

➢ CLASSIFICAÇÃO

1. Integridade física/Proteção do corpo​: Direito a vida e ao próprio


corpo.
Art. 13º​: ​Salvo por exigência médica,​ é defeso o ato de disposição do
próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade
física, ou contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de
transplante, na forma estabelecida em lei especial.
Voluntariamente não posso diminuir minha integridade física. Ex: Não
posso chegar ao médico solicitando a retirada voluntária da minha perna
porque eu quero.

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Art. 14º: ​É válida, c


​ om objetivo científico, ou altruístico​, a disposição
gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.

Pós morte, cabe a pessoa (por disposição escrita), ou a sua família a


decisão acerca da doação de órgãos, congelamentos, pesquisa, etc.
Respeito à ​Autonomia Privada.

Art. 15º​: Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida,
a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.

Uma pessoa com câncer no pulmão pode recusar-se a fazer a cirurgia de


transplante, por exemplo.

​2. Direito ao nome

Art. 16º​: Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o


prenome e o sobrenome.

Prenome é o nome principal (Andressa), o sobrenome também pode ser


chamado de patronímico ou apelido de família (Gois)

Há hipóteses de modificação do prenome, nas situações de ser o primeiro


ano após a maioridade (voluntariamente), erro gráfico evidente, exposição
do dono do nome ao ridículo, proteção de vítimas e testemunhas de
crimes, e, por jurisprudência, também em virtude da mudança de sexo. No
caso do sobrenome, a modificação só cabe á casos excepcionais.

Art. 17º​: O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em
publicações ou representações que a ​exponham ao desprezo público,
ainda quando não haja intenção difamatória.

A lei 6.015/73 regula de maneira mais específica o Direito ao Nome.

Art. 18º​: Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em


propaganda comercial.

Art. 19º:​ O pseudônimo adotado ​para atividades lícitas​ goza da proteção


que se dá ao nome.

Nomes artístico de atrizes, pseudônimo de escritores… protegidos. O nome


“artístico” do traficante da boca da esquina, não protegido.

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​3. Direito aos escritos e à imagem

Art. 20º​: Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da


justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a
transmissão da palavra, ou a publicação, exposição ou a utilização da
imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem
prejuízo da indenização que couber, ​se lhe atingirem a honra, a boa fama
ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.

Parágrafo único. ​Em se tratando de morto ou de ausente​, são partes


legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os
descendentes.

Senão para fins comerciais ou em depreciação, pode usar a imagem e os


escritos.
❖ Imagem retrato​: Representação física. Imagem, desenho, filmagem,
caricatura.

❖ Imagem atributo​: Reputação (forma com que a pessoa é vista na


sociedade, honra objetiva), algo que exponha a pessoa a desprezo
público, vergonha..

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RESUMO - Texto Direitos da Personalidade

No Direito brasileiro a personalidade jurídica é tradicionalmente


definida como um ​atributo jurídico​. O ordenamento brasileiro atribui
personalidade jurídica, em regra, a pessoas físicas, que passam a ser
consideradas sujeitos de direito. Entretanto, há ​casos jurisprudenciais de
atribuição de personalidade jurídica/civil também para pessoas jurídicas.
Para a doutrina tradicional, personalidade jurídica é a aptidão reconhecida
pela ordem jurídica a alguém para exercer direitos e contrair obrigações. A
quem o ordenamento atribui personalidade jurídica, são considerados
sujeitos de direito, mas ​nem todos os sujeitos de direito têm personalidade
e direitos de personalidade, relativos de maneira mais estrita a figura da
pessoa humana​.
Ou seja, os direitos da personalidade cabem aplicação somente a
seres humanos (pessoas físicas), inadmitindo seu uso a pessoas jurídicas.
Para este segundo grupo, cabe apenas uma ​aplicação por analogia​.
Com o passar do tempo, a personalidade vem sendo entendida mais
como um ​valor jurídico ou como ​princípio do que como atributo jurídico.
É como se houvesse uma distinção entre a ​explicação técnica para
personalidade jurídica e uma ​explicação natural​: A explicação técnica
limita-se a dizer sobre a capacidade de ter direitos e obrigações,
confundindo seu significado com o de capacidade jurídica, enquanto a
explicação natural o classifica como o conjunto de atributos humanos,
como a honra, a vida, a integridade física, etc.
Há, portanto, uma ​forte relação da explicação natural à ideia de
dignidade humana​, que se valoriza com o reconhecimento de um círculo
de direitos da personalidade. Para alguns autores, como o ​Pietro
Perlingieri​, a personalidade é um valor fundamental do ordenamento
jurídico, não podendo assim ser subdividida: Trata-se de um ​valor unitário​,
sem divisão em interesses, bens ou ocasiões, se a pessoa é um todo, a
personalidade (e os direitos a personalidade) também é. O princípio da
dignidade humana, presente no art. 1º da Constituição Federal, inerente a
todos os seres humanos e independente de suas ações os declarações,
associa-se a personalidade (e seus direitos) de maneira direta, pois o que é
tutelado pelo direito da personalidade não são situações existenciais
específicas, mas o valor da pessoa, a dignidade da pessoa. Algumas
correntes afirmam que os direitos da personalidade podem, inclusive, um
dia virem a se chamar ​direitos da dignidade​.

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Fica subentendido que ​os direitos da personalidade tem como


fundamento o princípio da dignidade da pessoa humana​, ao mesmo
tempo em que os direitos da personalidade são como uma ​materialização
do princípio da dignidade​, apesar de que o princípio da dignidade ter
muitos aspectos e os direitos da personalidade ​se referem apenas a alguns
deles​ (como os direitos econômicos e sociais por exemplo).
O conceito de ​mínimo existencial​, ou patrimônio mínimo também
se relaciona diretamente com o ideal de direitos da personalidade, visto
que, para realizar-se enquanto pessoa e não apenas como ser vivo o
mínimo para que se exista ​provém​ dos direitos da personalidade.
Há uma questão dicotômica acerca da ​origem dos direitos da
personalidade​. Uns, os ​jusnaturalistas​, afirmam que estes derivam de um
direito natural, pois teriam sido estabelecidos por uma vontade divina ou
lei da natureza, a qual todos os seres naturais deveriam cumprir; Outros, os
positivistas​, afirmam que os direitos da personalidade derivam da razão, e
portanto, do homem. ​A mais aceita é a positivista, associando-se ao
historicismo para afirmar que o reconhecimento da dignidade da pessoa e
dos direitos da personalidade foram fruto de lutas históricas e conquistas
preciosas merecidas de proteção​.
Os direitos da personalidade não são ​numerus clausus​, ou seja, o
catálogo continua em expansão, constituindo uma série aberta de vários
aspectos da personalidade. A medida em que a sociedade se torna mais
complexa e as violações às pessoas proliferam, novas situações demandam
proteção jurídica, e então, os direitos se expandem​, sendo a previsão legal
de alguns direitos da personalidade na Constituição Federal e no Código
Civil de 2002 apenas uma f​ orma de proteção mais rápida​.
Relativo a ​forma de proteção dos direitos de personalidade​, duas
correntes discutem entre si: a ​teoria monista aponta como um direito
geral que tem como conteúdo a pessoa humana em seus vários aspectos;
a ​teoria pluralista afirma que se trata de uma lista de direitos autônomos
entre si. Dentro da teoria pluralista há ainda os que defendem entre
concepção aberta ou fechada: a ​concepção aberta ​afirma que os direitos
da personalidade são exemplificativos, podendo estes extrapolarem as
acepções positivadas; já os que defendem a ​concepção fechada​/taxativa,
minimizam os direitos da personalidade apenas aos positivados. ​A
doutrina brasileira defende a concepção aberta.

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RESUMO - CAPÍTULO 1: Autonomia privada. Seus panoramas:


Considerações preambulares e históricas

Um movimento e um momento são tidos como ponto de partida


para a apreciação da autonomia privada: o ​Constitucionalismo e a
Revolução Francesa de 1789​. O constitucionalismo pode ser entendido
como um movimento que ​objetivou impedir o poder arbitrário​; ​a
Revolução Francesa um movimento sustentado nos princípios da
liberdade, igualdade e fraternidade​, cuja vitória da burguesia deu origem
ao Estado Liberal e todos os seus assentos em ​propriedade privada,
individualismo e proteção do indivíduo​.
De forma histórica, a Constituição da França de 1791 foi um marco do
cumprimento da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do
Cidadão, em que traçava a forma de organização do Estado e seus limites
ao mesmo tempo em que garantia um conjunto de direitos aos cidadãos.
Seguido a ​Constituição da França de 1791​, foram observadas
diferentes tendências e desdobramentos, como a instrumentalização do
Estado em busca de assegurar a liberdade e a igualdade dos cidadãos,
fenômeno de ​fetichismo das leis por Norberto Bobbio, o ​dogma da
vontade e o avanço da defesa da propriedade como condição para a
liberdade humana.
Como ​início a derrocada do liberalismo​, tendências a explorar as
liberdades e consequentemente agravar as injustiças sociais o
enfraqueceram. Em seguida, alguns anos depois, começa um movimento
pela formação de um Estado de Bem-Estar, como promotor do bem
comum e garantidor da justiça. Essa inclinação, mais vista a partir do
século XX, ganhou força com a ​Carta das Nações Unidas em 1945​,
mudando a mentalidade da época para uma ordem de valores com
princípios e regras em prol de uma sociedade plural.
No ​Estado liberal​, o público e o privado não se misturavam,
mantinham-se incomunicáveis. Na atualidade, não temos mais Estado e
sociedade civil em campos opostos e separados, temos hoje, inclusive,
pontos de interesse em comum.
Discute-se atualmente sobre a ​privatização do direito público e
publicização do direito privado​. A privatização do direito público é uma
intensificação do fenômeno de o Estado se utilizar de modelos e institutos
privados para a consecução de seus objetivos ou para a realização de suas
funções. De modo contrário, a publicização do direito privado se refere a

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transferência de funções públicas em atribuição a particulares, como uma


terceirização dos serviços, como uma parceria público-privada em excesso.
O direito civil disciplina todas as relações da pessoa​, seja enquanto
ela mesma seja em relação a outras, naturais ou coletivas, seja em relação
a coisas. No modelo clássico do direito civil, a pessoa humana era a pessoa
abstrata, a família por exemplo, não era formada pela comunhão de laços,
mas, sobretudo, pelo negocismo patrimonial (caso de filhos espúrios fora
do casamento, por exemplo). ​Este retrato tem mudado com o tempo,
desmonetizando gradativamente a visão do direito civil à pessoa humana.

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RESUMO - CAPÍTULO 2: A pessoa humana e a dignidade: a pessoa


concreta e os direitos da personalidade

Traduzir a dignidade da pessoa humana é absorver as pessoas


enquanto ser e na dimensão do ser. E como a dignidade não pode ser
mensurada, é impossível admitir-se que uma pessoa tenha mais
dignidade que outra.
Após a Segunda Guerra, a dignidade surge como um consenso ético​.
A Constituição Federal de 1988 já no seu artigo 1º coloca a dignidade da
pessoa humana, explicitando que, antes da organização política, em
primeiro plano, vem a pessoa, que passa a ser sujeito e não objeto, fim e
não meio das relações jurídicas. A dignidade situa o ser humano no
epicentro de todo ordenamento​, como protagonista, tanto no âmbito do
direito público, como no âmbito do direito privado.
O conceito de dignidade evoluiu, passando de indivíduo abstrato
para focar no ser, como cidadão e pessoa, inserido em uma determinada
comunidade e na sua relação vertical com o Estado e horizontal com os
outros cidadãos​. A dignidade alcança a todos os setores da ordem jurídica
e ela estará violentada toda vez que a pessoa for reduzida à condição de
objeto. Uma relação de respeito recíproco constitui ​relação jurídica
fundamental.
Direitos da personalidade são ​direitos fundamentais do âmbito
privado.

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2ª AVALIAÇÃO

PESSOA JURÍDICA
Ficção jurídica titular de direitos e obrigações próprios, independente
dos de quem a criou.

Ps. Nem tudo que tem CNPJ é pessoa jurídica. Ex: MEI -
Microempreendedor individual. O MEI não tem obrigações e patrimônios
separados ao de seu microempreendedor, ou seja, não tem personalidade
jurídica própria.

Art. 40​. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de


direito privado.

Art. 41​. São pessoas jurídicas de​ direito público interno​:


I -​ a União;
II -​ os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III -​ os Municípios;
IV -​ as autarquias, inclusive as associações públicas;
V -​ as demais entidades de caráter público criadas por lei.

Ps. A união é uma pessoa jurídica, seria como uma grande empresa ou um
grande corpo humano, que vai se ramificando em órgãos e repartições
(ministérios, etc), estes (órgãos e repartições) não são pessoas jurídicas.
Essas autarquias e demais entidades de caráter público são
desmembramentos da administração pública direta​, tornando-se
administração pública indireta ​a fim de melhor exercer suas funções.
Estas possuem pessoa jurídica ex: INSS, Transalvador, UFBA etc.
Além de autarquias e entidades públicas, há também outras
representantes da administração pública indireta. As para fins econômicos
são: empresa pública (capital puramente público, tais como caixa
econômica e correios) e empresa mista (com capital misto entre público e
privado, mas com maioria de público, tais como petrobrás e banco do
brasil).

Art. 42. São pessoas jurídicas de ​direito público externo ​os Estados
estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito
internacional público

Art. 44​. São pessoas jurídicas de d


​ ireito privado​:
I - ​as associações;
II - a​ s sociedades;

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III -​ as fundações.
IV -​ as organizações religiosas;
V -​ os partidos políticos.
VI -​ as empresas individuais de responsabilidade limitada

Todas essas são empresas jurídicas de direito privado, mas somente


estudaremos as associações e fundações. As associações e fundações
estão juntas no conteúdo programático de Civil I e não em Empresarial,
como as outras, por conta de não terem vinculação obrigatória ao lucro,
são sem fins lucrativos. O que significa que, na hipótese de terem lucro,
estes não serão repartidos, distribuídos, entre sócios por exemplo.

No que se refere a procedimentos, tais como registro, autorização e


anulação:

Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado
com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida,
quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo,
averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato
constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das
pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado
o prazo da publicação de sua inscrição no registro​.

Art. 46.​ O registro declarará:


I - ​a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social,
quando houver;
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos
diretores;
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente,
judicial e extrajudicialmente;
IV - ​se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que
modo;
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações
sociais;
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu
patrimônio, nesse caso.

No que concerne aos direitos da personalidade:


Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos
direitos da personalidade.

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Andressa Gois
Direito Civil I 2019.1 - Professora Paloma

ASSOCIAÇÕES
As associações são pessoas jurídicas constituídas pela união de
pessoas com um objetivo comum e não-econômico. (Art. 53)
Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. Todavia,
todos os associados têm vínculo com a associação (mas não são obrigados
a se associarem ou permanecerem associados. Para exclusão, há trâmites
específicos legais, tais como direito a contraditório).

No que se refere aos requisitos de uma associação:

Art. 54.​ Sob pena de nulidade, o ​estatuto das associações conterá​:


I -​ a denominação, os fins e a sede da associação;
II -​ os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados;
III -​ os direitos e deveres dos associados;
IV -​ as fontes de recursos para sua manutenção;
V - o modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos e
administrativos;
V–o ​ modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos;
VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a
dissolução.
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas
contas.

Art. 55​. Os associados devem ter ​iguais direitos​, mas o estatuto poderá
instituir categorias com vantagens especiais. ​Ex: associados do Bahia. Em
geral todos têm os mesmos direitos, mas há algumas vantagens para
quem paga mais caro.

Art. 56. A qualidade de associado é ​intransmissível​, se o estatuto não


dispuser o contrário.
Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do
patrimônio da associação, a transferência daquela não importará, de per si,
na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro,
salvo disposição diversa do estatuto.

Se um associado tiver colaborado na constituição da associação, por


exemplo, ele é como um associado-fundador. E em caso de dissolução da
associação, esta cota, esta parte devida será devolvida ou enviada para
outra entidade semelhante. E então seu “título” não será passado a seu
herdeiro, a não ser que o estatuto disponha.

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Andressa Gois
Direito Civil I 2019.1 - Professora Paloma

Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou


função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e
pela forma previstos na lei ou no estatuto.

FUNDAÇÕES
São pessoas jurídicas com base no patrimônio, pautadas em
finalidades sociais e sem fins lucrativos. Ou seja, a composição
institucional de um esforço, coletivo ou individual em prol do
desenvolvimento de atividade comunitária.

Art. 62​. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura
pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o
fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.

É o instituidor que define o objetivo, ou os objetivos da fundação e destina


o dinheiro inicial (este dinheiro inicial dotado será automaticamente da
fundação após a escritura pública). Após a instituição da fundação, o
instituidor não precisa necessariamente ficar custeando a fundação,
podendo arranjar outros meios de manutenção.

Uma fundação pode ser constituída para fins de assistência social,


conservação do patrimônio histórico/artístico, educação, saúde, segurança
alimentar/nutricional, defesa e preservação do desenvolvimento
sustentável, atividades religiosas e promoção da democracia e cidadania.
Há exceções, conforme avaliação da contribuição social.

Podem ser constituídas ​INTER VIVOS ou ​CAUSA MORTIS​, isto é, por vivos
mediante escritura pública, ou pós morte, em caso de testamento. Nesse
sentido, se o valor disposto para a instituição da fundação não for
suficiente, este será direcionado a outra fundação ou entidade com fim
semelhante.

Fundações não tem donos, são em tese, puramente patrimônio. Por conta
disso, elas são fiscalizadas pelo Ministério Público do estado em que estão
situadas. As empresas são fiscalizadas pelos sócios e as associações por
seus associados. Aqui, ​cabe ao MP garantir que os gestores usem os
recursos de forma adequada​.

Art. 65​. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio,


em tendo ciência do encargo, formularão logo, de acordo com as suas
bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o, em
seguida, à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz.

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Andressa Gois
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Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo


instituidor, ou, não havendo prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência
caberá ao Ministério Público.

Ou seja, é necessário que haja a elaboração de um Estatuto, a ser


aprovado, bem como suas alterações, que para que ocorram também
precisam de requisitos específicos.

DOMICÍLIO
Mais amplo que o conceito de residência. Refere-se ao lugar onde a
pessoa desenvolve suas atividades habituais e/ou onde vive com ânimo
definitivo, isto é, vontade de permanecer.

Se a pessoa tiver várias residências, poderá ser considerada domicílio


qualquer uma delas.

Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência
habitual, o lugar onde for encontrada.

O objetivo do estabelecimento deste conceito está muito relacionado ao


procedimental/processual. Ex: caso haja citação judicial, poder encontrar o
indivíduo para citar, etc.

Art. 75​. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:


I -​ da União, o Distrito Federal;
II -​ dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III -​ do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas
diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu
estatuto ou atos constitutivos.

A pessoa jurídica não tem residência, somente domicílio. Domiciliada e


sediada.

Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o


marítimo e o preso.

Em se tratando do servidor público, o domicílio deles é onde exercem a


atividade permanente. O do militar, onde ele estiver servindo, o do
marítimo onde o navio tiver matriculado, o do preso é onde estiver
cumprindo sentença.

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Art. 78. ​Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar


domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles
resultantes.

Este artigo trata do foro de eleição, em que nos contratos pode-se escolher
outro lugar, que não o seu domicílio, para que se corram procedimentos
jurídicos. Se essa cláusula de foro não for estabelecida, será onde o réu
estiver domiciliado.

BENS
Todas as coisas com conteúdo/potencial econômico para um
patrimônio, podendo estas serem tangíveis, físicas, tais como carros,
casas, ou mesmo num plano intangível, como patentes, direitos
autorais…

Dos bens imóveis:

Art. 80.​ Consideram-se imóveis para os efeitos legais:


I -​ os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
II -​ o direito à sucessão aberta.

Art. 81. ​Não perdem o caráter de imóveis:


I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade,
forem removidas para outro local;
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se
reempregarem.

O conceito “sucessão aberta” diz respeito a quando, no exato momento da


morte, o direito da herança ainda não partilhada.

Ps. ​Não existe herança de pessoa viva (apesar de que ela pode ser
adiantada. Na prática, funciona como uma doação, e o filho deve prestar
contas após o falecimento). Assim, não se pode negociar herança de
pessoa viva. Antes da morte, o que existe é a expectativa de direito.
Ps.²​ Caso só haja um herdeiro, não se trata de partilha, mas adjudicação.

Os imóveis separados do solo são os imóveis para efeitos legais.

Dos bens móveis:

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Direito Civil I 2019.1 - Professora Paloma

Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de


remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação
econômico-social.

Ou seja, tudo aquilo que se mexe e/ou possa ser removido. Nesse sentido,
animais passaram a ser bens móveis.

Penhor é
​ o direito real sobre bens móveis.

Art. 83. ​Consideram-se móveis para os efeitos legais:


I -​ as energias que tenham valor econômico;
II - o​ s direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
III -​ os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.

Há ainda os ​bens fungíveis​, que podem ser substituídos por outros da


mesma espécie, qualidade e quantidade. Os ​bens consumíveis​, cujo uso
implica em sua destruição imediata. Os ​bens divisíveis​, que caso haja
divisão não implicará em diminuição considerável de valor ou prejuízo.

Os bens coletivos são chamados de ​universalidades​. Podem constituir


universalidade de fato (constituídas a partir da união física de bens) ou
universalidade de direito​ (trata também das relações jurídicas).

Art. 92. ​Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente;
acessório, aquele cuja existência supõe a do principal.

Art. 93. ​São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se
destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento
de outro.

Ou seja, podem existir pertenças do bem principal. Nesse contexto:

Art. 94. ​Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não
abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da
manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.

Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e


produtos podem ser objeto de negócio jurídico.

Benfeitorias

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Benfeitoria é toda obra realizada pelo homem na estrutura de um bem,


com o propósito de conservá-lo, melhorá-lo ou proporcionar prazer ao seu
proprietário.

Art. 96.​ As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.

Necessárias: Conservação do imóvel para que ele não se deteriore. Ex:


reparação de um telhado.
Úteis: Aumentam ou facilitam o uso do imóvel. Ex: construir uma
garagem.
Voluptuárias: Podem aumentar ou facilitar o uso do imóvel, mas a
intenção é torná-lo mais belo e agradável. Ex: obras de jardinagem.

Bens públicos

Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas


jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja
qual for a pessoa a que pertencerem.

Art. 99​. São bens públicos:


I -​ os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço
ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou
municipal, inclusive os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de
direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma
dessas entidades.

Art. 102​. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião

Os bens de uso comum do povo são inalienáveis, já os dominicais, podem


ser alienáveis.

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