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APOSTILA DE DIREITO CIVIL

PROFESSORA: LARA CASTRO


CONTATO: @LARADECASTRO_
Querido aluno(a),

Obrigada, de coração, por me escolher para ser a sua professora


de Direito Civil. Prometo retribuir tamanha confiança depositada em mim
ajudando você, incansavelmente, a entender a nossa matéria de Direito Civil
de um jeitinho leve e responsável, para garantir a sua aprovação na OAB.
Se, nesta trajetória, as angústias e inseguranças aí dentro de você
insistirem em aparecer, o que é natural, fique em paz. Eu, você e Deus
juntinhos, conseguiremos anestesiá-las, uma a uma, com muito estudo e
muita dedicação. Você jamais estará sozinho. Estarei com você até o fim e,
enquanto eu possuir energia e criatividade, não desistirei de te ajudar a
realizar o seu sonho de se tornar advogado(a).
A nossa matéria de Direito Civil possui 7 questões na prova da OAB,
e esta apostila foi estrategicamente feita para que você acerte todas.
-Mas, professora, Direito Civil é muito grande, como eu vou acertar
todas as questões?
Lá vem você com essa história de que Civil é grande. Preste
atenção: para passar na prova da OAB, você não precisa saber tudo de Direito
Civil, você precisa saber só o que a banca gosta de cobrar.
-Aí professora, mas como eu vou saber qual assunto a FGV cobra
mais na prova?
É aí que a sua professora fofa aqui entra. Durante a leitura da
apostila, eu vou indicar para você os conteúdos mais cobrados de Direito Civil
na prova da OAB. Por isso, leia-a, linha por linha, acreditando, fielmente, que
a leitura de cada página poderá fazê-lo atingir mais de 40 pontos na prova.
Se durante a leitura, surgir qualquer dúvida sobre a nossa matéria,
não hesite em me gritar, ok? Há muito, sala de aula para mim é motivo de
felicidade, mas eu só consigo ser feliz daqui se souber que você está
entendendo t-u-d-i-n-h-o que eu falo daí, combinado?
Anote aí meu instagram: @laradecastro_ e o meu email:
proflaracastro@gmail.com. Você pode usar qualquer um desses canais para
enviar as suas dúvidas e eu terei a maior alegria do mundo em te responder.
Para começarmos, além do seu compromisso, vamos precisar
também de um vade mecum atualizado e de uma caixa de lápis de cor.
-Mas, professora, eu não estou mais no jardim da infância, para
que lápis de cor?
Calma, criatura, confie em mim. Cada assunto de Direito Civil será
marcado no seu vade mecum com uma cor específica, para facilitar o seu
manuseio e, assim, já deixá-lo organizado para 2ª fase (sim, é óbvio que
você escolherá Direito Civil para 2ª fase, você não é nem bobo de escolher
outra matéria). Veja abaixo como será a nossa marcação:

Por fim, todas as vezes em que aparecer este desenho


na apostila são os olhinhos de Deus chamando a sua atenção para alguma
questão que já caiu na prova da OAB. Fique atento!
Feitas todas essas considerações, mãos à obra!
E lembre-se sempre do nosso grito de guerra: “QUANTO MAIS EU
ESTUDO, MAIS SORTE EU TENHO EM TUDO!”.
Com muito carinho,
Profª. Lara Castro.
Começaremos nosso estudo com a parte geral do Código Civil.
A parte geral do Código Civil estudada aqui na nossa apostila
englobará os temas abaixo tratados na seguinte ordem:

1.DA PERSONALIDADE JURÍDICA


2.DA CAPACIDADE
3.DA EMANCIPAÇÃO
4.DA MORTE
5.DOS DIREITOS DE PERSONALIDADE
6.DAS PESSOAS JURÍDICAS
7.DOS BENS
8. DO NEGÓCIO JURÍDICO
9.DA PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

Todos os artigos apontados na parte geral (tópico 1 ao 9) deverão


ser marcados no seu vade mecum com a cor amarela, ok? Vamos lá!

1. DA PERSONALIDADE JURÍDICA

Para o Direito Civil, todos os seres humanos são pessoas naturais


e nessa condição, são titulares de personalidade jurídica. Personalidade
jurídica, para sua prova de 1ª fase da OAB deverá ser encarada como
sinônimo de Capacidade de Direito (C.D). Logo, se toda pessoa natural possui
personalidade jurídica, ela também possui capacidade de direito (C.D)
Personalidade jurídica ou C.D, portanto, é a capacidade de SER
TITULAR de direito e deveres, conforme a definição trazida no Código Civilista
no artigo 1º CC que entende por pessoal natural “toda pessoa [...] capaz de
direitos e deveres na ordem civil.”
Como o próprio ser humano, a personalidade jurídica ou C.D tem
início com o nascimento com vida. Isso significa que, para a pessoa natural,
a personalidade jurídica vai se iniciaR com o nascimento + Respiração, sendo
a Teoria Natalista adotada para o referido raciocínio.
A partir da constatação supracitada, o nascituro (aquele que é um
feto e ainda há de nascer) não possui personalidade jurídica e nem C.D,
porquanto apenas já fora concebido, mas ainda não foi constatado o seu
nascimento com vida.
Em que pese o nascituro não possuir personalidade jurídica, ele
possui, desde a concepção (Teoria Concepcionista), direitos intrínsecos a
dignidade da pessoa humana, como por exemplo, direito à vida, direito ao
nome, etc.

Sobre isso, dispõe o artigo 2º do CC, senão vejamos:

Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do


nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde
a concepção, os direitos do nascituro.

Repare, portanto, que existe um “mas” no dispositivo de Lei. Isso


porque, apesar de ser reconhecida o início da personalidade jurídica com o
nascimento com vida, a Lei resguarda os direitos do nascituro desde a
concepção, conforme demonstrado em linhas pretéritas.

FICA A DICA: TEORIA NATALISTA> Personalidade Jurídica


TEORIA CONCEPCIONISTA> Direitos do nascituro

Logo, para a pessoa natural, a personalidade jurídica ou C.D então


vão se iniciaR com o nascimento + Respiração. Mas para a pessoa jurídica, é
diferente. Para a pessoa jurídica, a personalidade jurídica vai se iniciaR com
o Registro (ART. 45 CC) , mas esse assunto será detalhado mais adiante.
2. DA CAPACIDADE

O Direito Civil define dois conceitos de capacidade. São eles a


capacidade de direito (C.D), sinônimo de personalidade jurídica, que é a
aptidão genérica para ser titular de direitos e deveres e a capacidade de fato
(C.F.).
A capacidade de fato (C.F.), por outro lado, é a aptidão de EXERCER
sozinho direitos e deveres na esfera civil. Mas nem toda pessoa natural possui
capacidade de fato, uma vez que a mesma é adquirida, como regra, aos 18
anos de idade , conforme estabelece o artigo 5º, caput, do Código Civil:
Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos
completos, quando a pessoa fica habilitada à
prática de todos os atos da vida civil.

Assim aquele que ainda não possui capacidade de fato (C.F.), será
considerado incapaz e a lei civilista se atentou em trazer as exceções,
enumerando quem são as pessoas consideradas ABSOLUTAMENTE
INCAPAZES na esfera civil (sem qualquer capacidade de fato) e
RELATIVAMENTE INCAPAZES na esfera civil (aqueles com capacidade de fato
para certos atos).
Os artigos do CC que trazem o rol dos absolutamente e
relativamente incapazes sofreram grande impacto após a vigência do
Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146, de 2015) e merecem a
sua atenção para a prova da OAB.
Vejamos:

Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer


pessoalmente os atos da vida civil os menores de
16 (dezesseis) anos. (Redação dada pela Lei nº
13.146, de 2015)
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos
ou à maneira de os exercer: (Redação dada pela Lei
nº 13.146, de 2015)
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito
anos;
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os
que, por deficiência mental, tenham o
discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental
completo;
II - os ébrios habituais e os viciados em
tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
2015)
III - aqueles que, por causa transitória ou
permanente, não puderem exprimir sua
vontade; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
2015)
IV - os pródigos.

Como visto, os absolutamente incapazes são SOMENTE os


menores de 16 anos (menores impúberes). Se são absolutamente incapazes,
significa dizer que não conseguem sozinhos praticar os atos da vida civil,
necessitando para tanto de um REPRESENTANTE, sob pena de ser o ato nulo.
Os representantes dos absolutamente incapazes serão os seus
genitores (decorrente do poder familiar: pai e mãe) e na falta dos genitores
(ou porque os genitores morreram ou porque perderam o poder familiar), o
representante do absolutamente incapaz passa a ser um tutor.
Já com relação aos relativamente incapazes, para te ajudar a
memorizar, eles são aqueles maiores de 16 anos e menores de 18 anos
(menores púberes), bem como um grupo de pessoas chamados de VIDA
LOKA.
-Como assim, professora?
VIDA LOKA são aquelas pessoas que bebem demais (ébrios), usam
drogas demais (toxicômanos), gastam demais (pródigos) ou não conseguem
exprimir sua vontade por uma causa transitória ou permanente e todos eles
são relativamente incapazes.
Para facilitar a memorização, você pode lembrar para sua prova da
OAB, que todo VIDA LOKA sente uma dor muito forte e que por isso ele
precisará de um ASSISTENTE para praticar determinados atos da vida civil,
chamado curador (alguém que cura a sua dor), sob pena de ser o ato
anulável.
-Mas professora, há atos que podem ser praticados pelo menor
púbere sem o seu assistente e, ainda assim, serem atos válidos?
Claro que sim! Ser testemunha, fazer seu próprio testamento e
aceitar mandato. Anote aí, TTA:
Testemunha
Testamento
Aceitar mandato

FICA A DICA: Menor de 16 anos= menor impúbere


Maior de 16 anos e menor de 18 anos= menor púbere

E o deficiente, é o que? O deficiente é CAPAZ para prática dos atos


da vida civil (Deficiente é gente da gente), mas mesmo assim, ele poderá
nomear pessoas da sua confiança para apoiá-lo nas suas decisões (Tomada
de decisão Apoiada-Art. 1783-A).
Mas se a questão da sua prova falar em um deficiente que não
consegue exprimir sua vontade (está em coma, tomou anestesia geral, etc),
excepcionalmente, nesse caso ele será relativamente incapaz, não porque é
deficiente e sim porque é vida loka.
JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! André possui um transtorno
psiquiátrico grave, que demanda uso contínuo de medicamentos, graças aos
quais ele leva vida normal. No entanto, em razão do consumo de remédios
que se revelaram ineficazes, por causa de um defeito de fabricação naquele
lote, André foi acometido de um surto que, ao privá-lo de discernimento, o
levou a comprar diversos produtos caros de que não precisava. Para desfazer
os efeitos desses negócios, André deve pleitear
A) a nulidade dos negócios, por incapacidade absoluta decorrente de
enfermidade ou deficiência mental.
B) a nulidade dos negócios, por causa transitória impeditiva de
expressão da vontade.
C) a anulação do negócio, por causa transitória impeditiva de
expressão da vontade.
D) a anulação do negócio, por incapacidade relativa decorrente de
enfermidade ou deficiência mental.
GABARTITO: C

Por fim, o parágrafo único do art. 4º do Código Civil trata da


capacidade civil dos índios, a qual será regulada por legislação especial.

3. DA EMANCIPAÇÃO

Pois bem, você já percebeu que, em regra, a capacidade de fato


(C.F) é adquirida aos 18 anos. Mas aí eu te pergunto: é possível adquirir a
capacidade de fato antes de atingir 18 anos? SIM, nas hipóteses de
EMANCIPAÇÃO (antecipação da capacidade de fato) elucidadas no artigo 5º,
parágrafo único, do Código Civil, que são doutrinariamente divididas em
emancipação voluntária, judicial e legal:
Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos
completos, quando a pessoa fica habilitada à
prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a
incapacidade:
I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta
do outro, mediante instrumento público,
independentemente de homologação judicial, ou
por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor
tiver dezesseis anos completos; (EMANCIPAÇÃO
VOLUNTÁRIA E JUDICIAL).
II – pelo casamento; (EMANCIPAÇÃO LEGAL).
III – pelo exercício de emprego público efetivo;
(EMANCIPAÇÃO LEGAL).
IV – pela colação de grau em curso de ensino
superior; (EMANCIPAÇÃO LEGAL).
V – pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela
existência de relação de emprego, desde que, em
função deles, o menor com dezesseis anos
completos tenha economia própria. (EMANCIPAÇÃO
LEGAL).

Deve-se ressaltar que a emancipação é ato irrevogável e só cessa


a incapacidade em caso de emancipação voluntária, emancipação judicial e
emancipação legal (nos casos de casamento e estabelecimento comercial ou
civil) para menores púberes, ou seja, aqueles que possuam mais de 16 anos
e menos de 18. As demais hipóteses podem até acontecer com menores
impúberes, ou seja, menores de 16 anos, embora seja pouco provável na
prática.
Assim, mesmo sem ter atingido os 18 anos, ao emancipar, a pessoa
antecipa a capacidade de fato, tornando-se, portanto capaz e pode praticar
todos os atos da vida civil, que passam a ser válidos, independentemente de
participação do representante ou assistente.

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Alberto, adolescente, obteve


autorização de seus pais para casar-se aos dezesseis anos de idade com sua
namorada Gabriela. O casal viveu feliz nos primeiros meses de casamento,
mas, após certo tempo de convivência, começaram a ter constantes
desavenças. Assim, a despeito dos esforços de ambos para que o
relacionamento progredisse, os dois se divorciaram pouco mais de um ano
após o casamento. Muito frustrado, Alberto decidiu reunir algumas economias
e adquiriu um pacote turístico para viajar pelo mundo e tentar esquecer o
ocorrido. Considerando que Alberto tinha dezessete anos quando celebrou o
contrato com a agência de turismo e que o fez sem qualquer participação de
seus pais, o contrato é
A) válido, pois Alberto é plenamente capaz.
B) nulo, pois Alberto é absolutamente incapaz.
C) anulável, pois Alberto é relativamente incapaz.
D) ineficaz, pois Alberto não pediu a anuência de Gabriela.
GABARITO: A

4. DA MORTE

A morte encerra a pessoa natural e consequentemente encerra a


personalidade jurídica (art. 6º do CC). É considerada morta a pessoa que
perde a atividade cerebral (morte encefálica) e a morte poderá ser
classificada em morte real, por comoriência e morte presumida.
Na morte real, há a presença de um corpo morto e a morte é
atestada pelos médicos a partir do fim da atividade cerebral.
Já a morte por comoriência é a conhecida morte simultânea e está
tipificada no Art. 8º CC. Vejamos:
Art. 8° Se dois ou mais indivíduos falecerem na
mesma ocasião, não se podendo averiguar se
algum dos comorientes precedeu aos outros,
presumir-se-ão simultaneamente mortos.

Por fim, a morte presumida é aquela em que a morte é


reconhecida, mas sem a presença de um corpo morto.
A morte presumida poderá ser reconhecida SEM decretação de
ausência ou COM a decretação de ausência.
No que tange a morte presumida SEM decretação de ausência,
ocorrerá quando há notícia da pessoa desaparecida e:
1) for extremamente provável a morte de quem estava em perigo
de vida (art. 7º, inciso I, CC);
2) alguém desaparecer em campanha ou for feito prisioneiro e não
for encontrado em até 2 anos após o término da guerra (art. 7º, inciso II, do
CC).
Em ambos os casos, após esgotadas as buscas e averiguações,
será fixada data provável do falecimento em sentença judicial (parágrafo
único do art. 7º do CC).

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Cristiano, piloto comercial, está


casado com Rebeca. Em um dia de forte neblina, ele não consegue controlar
o avião que pilotava e a aeronave, com 200 pessoas a bordo, desaparece dos
radares da torre de controle pouco antes do tempo previsto para a sua
aterrissagem. Depois de vários dias de busca, apenas 10 passageiros foram
resgatados, todos em estado crítico. Findas as buscas, como Cristiano não
estava no rol de sobreviventes e seu corpo não fora encontrado, Rebeca
decide procurar um advogado para saber como deverá proceder a partir de
agora. Com base no relato apresentado, assinale a afirmativa correta.
A) A esposa deverá ingressar com uma demanda judicial pedindo
a decretação de ausência de Cristiano, a fim de que o juiz, em um momento
posterior do processo, possa declarar a sua morte presumida.
B) A esposa não poderá requerer a declaração de morte presumida
de Cristiano, uma vez que apenas o Ministério Público detém legitimidade
para tal pedido.
C) A declaração da morte presumida de Cristiano poderá ser
requerida independentemente de prévia decretação de ausência, uma vez
que esgotadas as buscas e averiguações por parte das autoridades
competentes.
D) A sentença que declarar a morte presumida de Cristiano não
deverá fixar a data provável de seu falecimento, contando-se, como data da
morte, a data da publicação da sentença no meio oficial.
GABARITO: C

Já a morte presumida COM decretação de ausência é disciplinada


pelos artigos 22 a 39 do Código Civil e ocorrerá quando não há notícia,
tampouco presença do ausente e a morte será decretada a partir de um
procedimento com 3 fases:
1ª FASE: curadoria dos bens do ausente;
2ª FASE sucessão provisória ;
3ª FASE sucessão definitiva;

1ª FASE: O ausente que desaparece de seu domicílio sem deixar


notícias pode deixar um representante ou procurador para administrar seus
bens OU não. No caso de o ausente não deixar ninguém para este fim ou o
representante ou procurador nomeado não manifestar interesse na função,
caberá ao juiz, a requerimento do Ministério Público ou de quem vier a se
interessar, nomear um curador para o ausente. Este curador irá administrar
a massa patrimonial deixada pelo ausente.
Há uma ordem de preferência que o magistrado deve seguir para
nomear o curador, sempre que não houver algum impedimento:
a) Cônjuge, desde que não separado judicialmente, nem separado de fato
por mais de 02 anos;
b) Os pais;
c) Os descendentes, sempre o mais próximo sendo preterido ao mais
remoto;
d) Pessoa a escolha do juiz.

2ª FASE: Caso o ausente tenha deixado algum procurador para


administrar seus bens, a sucessão provisória acontecerá após 03 anos da
arrecadação dos bens do ausente. Caso não tenha deixado ninguém para
administrar seus bens, ficando a cargo do juiz, portanto, nomear um curador
na ordem apresentada anteriormente, a sucessão provisória ocorrerá 01 ano
após a arrecadação dos bens do ausente.
A sucessão provisória apenas será declarada mediante
requerimento de algum dos interessados descritos no art. 27 do CC, senão
vejamos:

Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior,


somente se consideram interessados:
I - o cônjuge não separado judicialmente;
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou
testamentários;
III - os que tiverem sobre os bens do ausente
direito dependente de sua morte;
IV - os credores de obrigações vencidas e não
pagas.

Caso nenhum dos interessados requeira a declaração, caberá ao


Ministério Público fazê-lo.
A sentença que decretar a sucessão provisória só terá efeito 180
dias após sua publicação e, após o trânsito em julgado, será aberto o
testamento, se houver, bem como o inventário e a partilha dos bens, tudo
como se o ausente estivesse falecido (art. 28, caput, do CC).
Os ascendentes, descendentes e o cônjuge poderão tomar posse
dos bens do ausente, se ficar comprovada a qualidade de herdeiro desses.
Os demais herdeiros dependerão de garantia do juízo para ingressarem na
posse dos bens do ausente.
Importante frisar dois dispositivos de Lei relativos à sucessão
provisória. Um diz respeito ao caso de comprovação de falecimento do
herdeiro (caso em que será considerada aberta a sucessão em favor dos
herdeiros na data provável do óbito). O outro faz menção ao caso em que o
ausente reaparece, momento em que todos os seus bens lhe serão
devolvidos, ficando os herdeiros obrigados a assegurar tal restituição. São os
seguintes artigos:

Art. 35. Se durante a posse provisória se provar a


época exata do falecimento do ausente, considerar-
se-á, nessa data, aberta a sucessão em favor dos
herdeiros, que o eram àquele tempo.
Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a
existência, depois de estabelecida a posse
provisória, cessarão para logo as vantagens dos
sucessores nela imitidos, ficando, todavia,
obrigados a tomar as medidas assecuratórias
precisas, até a entrega dos bens a seu dono.

3ª FASE: Já a sucessão definitiva se dá 10 anos após o trânsito em


julgado da sentença que decretou a sucessão provisória.
A sucessão definitiva também poderá ser requerida passados 5
anos da data da última notícia do ausente, se este contava com oitenta anos
de idade ou mais, na data do requerimento.

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Gumercindo, 77 anos de idade,


vinha sofrendo os efeitos do Mal de Alzheimer, que, embora não atingissem
sua saúde física, perturbavam sua memória. Durante uma distração de seu
enfermeiro, conseguiu evadir-se da casa em que residia. A despeito dos
esforços de seus familiares, ele nunca foi encontrado, e já se passaram nove
anos do seu desaparecimento. Agora, seus parentes lidam com as
dificuldades relativas à administração e disposição do seu patrimônio.
Assinale a opção que indica o que os parentes devem fazer para receberem
a propriedade dos bens de Gumercindo.

A) Somente com a localização do corpo de Gumercindo será possível a


decretação de sua morte e a transferência da propriedade dos bens para os
herdeiros.

B) Eles devem requerer a declaração de ausência, com nomeação de curador


dos bens, e, após um ano, a sucessão provisória; a sucessão definitiva, com
transferência da propriedade dos bens, só poderá ocorrer depois de dez anos
de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão
provisória.

C) Eles devem requerer a sucessão definitiva do ausente, pois ele já teria


mais de oitenta anos de idade, e as últimas notícias dele datam de mais de
cinco anos.

D) Eles devem requerer que seja declarada a morte presumida, sem


decretação de ausência, por ele se encontrar desaparecido há mais de dois
anos, abrindose, assim, a sucessão.

GABARITO: C

Se, antes de se passarem 10 anos da abertura da sucessão


definitiva, o herdeiro regressar, os seus bens lhe serão devolvidos da forma
que estiverem.
Se nenhum herdeiro requerer a sucessão definitiva ou o ausente
não regressar, os bens serão destinados ao domínio do Município ou do
Distrito Federal.

FICA A DICA: Morte presumida SEM decretação de ausência=COM notícia


Morte presumida COM decretação de ausência=SEM notícia

5. DIREITOS DA PERSONALIDADE

Os Direitos da Personalidade são direitos inerentes à pessoa


humana, afetos a sua imagem, voz, nome, honra, etc. Tais direitos ganharam
maior relevo após a égide da Constituição Federal de 1988, quando se elevou
a importância da dignidade da pessoa humana.
Os direitos da personalidade estão disciplinados nos artigos 11 a
21 do Código Civil. Vamos tratar de cada um deles?

Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os


direitos da personalidade são intransmissíveis e
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer
limitação voluntária.

Abaixo, seguem as características dos direitos da personalidade


que são relevantes para a sua prova da OAB:
intransmissibilidade (os direitos da personalidade são
personalíssimos, não podendo ser transmitidos para outra pessoa);
irrenunciabilidade (a pessoa não pode renunciar aos seus direitos
da personalidade);
não podem sofrer limitação, exceto por previsão legal.
indisponíveis (o titular dos direitos da personalidade não pode
dispor da forma como quiser dos seus direitos),
absolutos (oponíveis “erga omnes”),
extrapatrimoniais (não se pode quantificar um valor para a
dignidade da pessoa humana, mas isso não impede que a ofensa aos direitos
da personalidade esteja sujeita a indenização-Prazo prescricional para propor
ação de indenização-3 anos-Artigo 206 § 3º, V, CC);
vitalícios (perduram durante a vida do titular);
impenhoráveis (não estão sujeitos a penhora).

Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a


lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas
e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas
em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá
legitimação para requerer a medida prevista neste
artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente
em linha reta, ou colateral até o quarto grau.

Como mencionada acima, a característica da extrapatrimonialidade


dos direitos da personalidade não exclui a faculdade dada pelo art. 12 da CC
de que o titular dos direitos da personalidade reclame indenização pela lesão
e, até mesmo, pela ameaça à lesão aos direitos da personalidade.
Caso o titular dos direitos a personalidade já esteja morto, tem
legitimidade, NESTA ORDEM, o cônjuge sobrevivente ou qualquer parente em
linha reta ou colateral até o quarto grau para reclamar pelas perdas e danos.
Nesse o cônjuge sobrevivente ou qualquer parente em linha reta
ou colateral até o quarto grau agirá como substituto processual.
Há casos, porém, em que serão os próprios lesionados pelos danos
causados ao de cujus, de forma a atuarem em juízo em nome próprio. Trata-
se do dano em ricochete ou reflexo.

Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato


de disposição do próprio corpo, quando importar
diminuição permanente da integridade física, ou
contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será
admitido para fins de transplante, na forma
estabelecida em lei especial.
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou
altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo,
no todo ou em parte, para depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser
livremente revogado a qualquer tempo.

Os artigos 13 e 14 do CC tratam da integridade física da pessoa


humana, sendo claros em especificar uma das características do direito da
personalidade consistente na impossibilidade de disposição do próprio corpo.
Os dispositivos, porém, trazem exceções, estabelecendo a possibilidade de
disposição do corpo humana mediante orientação médica ou ainda para fins
de transplante, neste caso observadas as disposições de Lei específica sobre
a matéria (Lei nº 9.434 de 1997).

FICA A DICA: A expressão de vontade de disposição do próprio corpo para


fins de transplante pode ser revogada a qualquer tempo.

Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a


submeter-se, com risco de vida, a tratamento
médico ou a intervenção cirúrgica.

O art. 15 do CC ainda faz menção a integridade física da pessoa


humana, para trazer a lume questão relevante para a atividade médica.
Nenhuma intervenção a ser realizada por profissional médico poderá ocorrer
sem a anuência de pessoa ou de quem a represente.
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele
compreendidos o prenome e o sobrenome.
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado
por outrem em publicações ou representações que
a exponham ao desprezo público, ainda quando não
haja intenção difamatória.
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome
alheio em propaganda comercial.
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades
lícitas goza da proteção que se dá ao nome.

Os artigos 16, 17, 18 e 19 do CC fazem referência ao direito da


personalidade relativo ao nome. Sobre tais dispositivos do Código Civilista
algumas observações se fazem relevantes:
1. QUALQUER publicação ou representação que exponha outra pessoa ao
desprezo público É VEDADA, independentemente de haver ou não
intenção difamatória.
2. O nome só pode ser empregado em propaganda comercial se houver
autorização.
3. O pseudônimo só pode ser empregado para atividades LÍCITAS.

Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à


administração da justiça ou à manutenção da
ordem pública, a divulgação de escritos, a
transmissão da palavra, ou a publicação, a
exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa
poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem
prejuízo da indenização que couber, se lhe
atingirem a honra, a boa fama ou a
respeitabilidade, ou se se destinarem a fins
comerciais.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de
ausente, são partes legítimas para requerer essa
proteção o cônjuge, os ascendentes ou os
descendentes.

O art. 20 do CC faz referência às integridades intelectual e física da


pessoa humana, resguardando toda a produção escrita, falada e filmada
realizada. Assim, o titular dos direitos da personalidade tem resguardada sua
produção intelectual, em todas as suas vertentes, contra exposições que
exponham a pessoa humana contra a má fama, a desonra, a não
respeitabilidade, bem como seja utilizada de forma indevida para fins
comerciais.

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! A proteção da pessoa é uma


tendência marcante do atual direito privado, o que leva alguns autores a
conceberem a existência de uma verdadeira cláusula geral de tutela da
personalidade. Nesse sentido, uma das mudanças mais celebradas do novo
Código Civil foi a introdução de um capítulo próprio sobre os chamados
direitos da personalidade. Em relação à disciplina legal dos direitos da
personalidade no Código Civil, é correto afirmar que

A) havendo lesão a direito da personalidade, em se tratando de morto, não é


mais possível que se reclamem perdas e danos, visto que a morte põe fim à
existência da pessoa natural, e os direitos personalíssimos são
intransmissíveis.

B) como regra geral, os direitos da personalidade são intransmissíveis e


irrenunciáveis, mas o seu exercício poderá sofrer irrestrita limitação
voluntária.
C) é permitida a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte,
com objetivo altruístico ou científico, para depois da morte, sendo que tal ato
de disposição poderá ser revogado a qualquer tempo.

D) em razão de sua maior visibilidade social, a proteção dos direitos da


personalidade das celebridades e das chamadas pessoas públicas é mais
flexível, sendo permitido utilizar o seu nome para finalidade comercial, ainda
que sem prévia autorização.

GABARITO: C

Art. 21. A vida privada da pessoa natural é


inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado,
adotará as providências necessárias para impedir
ou fazer cessar ato contrário a esta norma.

Por derradeiro, mas sem menor importância, o art. 21 do CC vem


a tratar da vida privada da pessoa natural, sujeitando, por certo, a sua
violação à indenização proporcional à ofensa.

6. DAS PESSOAS JURÍDICAS

O Código Civil dispõe sobre a pessoa jurídica em seus artigos 40 a


69. Algumas informações importantes precisam ser gravadas pelo futuro
advogado:
a) As pessoas jurídicas podem ser de direito público, interno ou externo,
e de direito privado;
b) As pessoas de direito público terão maior relevo no estudo do Direito
Administrativo, ao passo as pessoas jurídicas de direito privado tem
maior relevância no âmbito do Direito Empresarial e Civil;
c) O instituto de desconsideração da personalidade jurídica disciplinado
pelo artigo 50 do Código Civil, tem forte incidência na prova da OAB e
sofreu alterações com a Lei de Liberdade Econômica (Lei nº 13.874,
de 2019)
d) A desconsideração da pessoa jurídica consiste no atingimento dos bens
dos sócios em caso de inadimplemento da pessoa jurídica (art. 50,
caput, CC);

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade


jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou
pela confusão patrimonial, pode o juiz, a
requerimento da parte, ou do Ministério Público
quando lhe couber intervir no processo,
desconsiderá-la para que os efeitos de certas e
determinadas relações de obrigações sejam
estendidos aos bens particulares de
administradores ou de sócios da pessoa jurídica
beneficiados direta ou indiretamente pelo
abuso. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019)

e) A desconsideração da personalidade jurídica no Direito Civil segue a


teoria maior (mais requisitos para o seu reconhecimento), sendo
necessário haver, além do inadimplemento da pessoa jurídica, o
reconhecimento da confusão patrimonial ou do abuso de poder;
f) A desconsideração da personalidade jurídica no Direito do Consumidor
segue a teoria menor (menos requisitos), sendo suficiente para o seu
reconhecimento o inadimplemento da pessoa jurídica;

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Paulo foi casado, por muitos


anos, parcial com Luana, até que um desentendimento deu início a um
divórcio litigioso. Temendo que Luana exigisse judicialmente metade do
seu vasto patrimônio, Paulo começou a comprar bens com capital próprio
em nome de sociedade da qual é sócio e passou os demais também para
o nome da sociedade, restando, em seu nome, apenas a casa em que
morava com ela. Acerca do assunto, marque a opção correta.
A) A atitude de Paulo encontra respaldo na legislação, pois a lei faculta a
todo cidadão especial de terceiros de má
B) É permitido ao juiz afastar os efeitos da personificação da sociedade
nos casos de desvio de finalidade ou confusão patrimonial, mas não o
contrário, de modo que não há nada que Luana possa fazer para retomar
os bens comunicáveis.
C) Sabendo-se que a “teoria da desconsideração da personalidade
jurídica” encontra aplicação em outros ramos do direito e da legislação, é
correto afirmar que os parâmetros adotados pelo Código Civil constituem
a Teoria Menor, que exige menos requisitos.
D) No caso de confusão patrimonial, gerado pela compra de bens com
patrimônio particular em nome da sociedade, é possível atingir o
patrimônio da sociedade, ao que se dá o nome de “desconsideração
inversa ou invertida, de modo a se desconsiderar o negócio jurídico,
havendo esses bens como matrimoniais e comunicáveis.
GABARITO: D

Um tema relevante para sua prova da OAB dentro de pessoas


jurídicas é a distinção entre associação e fundação:

Associação (artigos 53 a 60 do Fundação (artigos 62 a 69 do CC)


CC)
Conjunto de pessoas reunidas Conjunto de bens: constituição
para uma finalidade interna ou patrimonial feita por escritura
externa pública ou testamento
Sem fins econômicos Sem fins econômicos. Os fins a
que se destinam são fins FOFOS,
dispostos no parágrafo único do
artigo 62 do CC.
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor
fará, por escritura pública ou testamento, dotação
especial de bens livres, especificando o fim a que
se destina, e declarando, se quiser, a maneira de
administrá-la.
Parágrafo único. A fundação somente poderá
constituir-se para fins de:
I – assistência social;
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio
histórico e artístico;
III – educação;
IV – saúde;
V – segurança alimentar e nutricional;
VI – defesa, preservação e conservação do meio
ambiente e promoção do desenvolvimento
sustentável;
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de
tecnologias alternativas, modernização de sistemas
de gestão, produção e divulgação de informações e
conhecimentos técnicos e científicos;
VIII – promoção da ética, da cidadania, da
democracia e dos direitos humanos;
IX – atividades religiosas; e
X – (VETADO).

Quando os bens destinados para a criação de fundação forem


insuficientes e não dispuser de outra forma o seu instituidor, estes serão
destinados à outra fundação com finalidade igual ou semelhante (art. 63 do
CC).
JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Júlia, casada com José sob o
regime da comunhão universal de bens e mãe de dois filhos, Ana e João, fez
testamento no qual destinava metade da parte disponível de seus bens à
constituição de uma fundação de amparo a mulheres vítimas de violência
obstétrica. Aberta a sucessão, verificou-se que os bens destinados à
constituição da fundação eram insuficientes para cumprir a finalidade
pretendida por Júlia, que, por sua vez, nada estipulou em seu testamento
caso se apresentasse a hipótese de insuficiência de bens. Diante da situação
narrada, assinale a afirmativa correta.
A) A disposição testamentária será nula e os bens serão distribuídos
integralmente entre Ana e João.
B) O testamento será nulo e os bens serão integralmente divididos entre José,
Ana e João.
C) Os bens de Júlia serão incorporados à outra fundação que tenha propósito
igual ou semelhante ao amparo de mulheres vítimas de violência obstétrica.
D) Os bens destinados serão incorporados à outra fundação determinada
pelos herdeiros necessários de Júlia, após a aprovação do Ministério Público.
GABARITO: C

7. DOS BENS

Apesar de não ser um assunto de muita cobrança nas provas da


FGV, é importante que você consiga classificar os bens conforme sua natureza
jurídica. Segue tabela e informações que vão te ajudar em sua prova na
eventualidade de alguma questão sobre bens.

Bens imóveis (art. 79 a 81 do CC) Bens móveis (artigos 82 a 84 do CC)


Direitos reais sobre imóveis e as Energias que tenham valor
ações que os asseguram econômico
Direito à sucessão aberta Direitos reais sobre bens móveis e
ações correspondentes
As edificações que, separadas do Direitos pessoais de caráter
solo, mas conservando a sua patrimonial e respectivas ações
unidade, forem removidas para
outro local. Ex.: casas feitas de
container que podem ser
desafixadas do solo
Materiais provisoriamente separados Materiais destinados à construção
de um prédio para nele se quando ainda não empregados. Ex.:
reempregarem. Ex.: janela caminhão de areia para reforma.
removida provisoriamente em
reforma de casa.
Demolição de algum prédio

Bens fungíveis (art. 85 do CC) Bens consumíveis (art. 86 do CC)


Aqueles que podem ser substituídos Aqueles que tem sua própria
por outros da mesma espécie, substância destruída imediatamente
qualidade e quantidade após o uso. Ex.: alimento.

Bens divisíveis (artigos Bens singulares e


87 e 88 do CC) coletivos (artigos 89 a
91)
Aqueles que podem ser Aqueles que, embora
fracionados sem que a estão reunidos, são
sua substância se considerado por si sós,
altere, diminua de valor independentemente
ou prejudique o uso dos demais.
para o qual se destina.
OBS: podem se tornar
indivisíveis por previsão
de Lei.

Conceitos importantes! Universalidade de fato X Universidade de direito.

Universalidade de fato Universalidade de direito


Pluralidade de bens singulares Complexo de relações jurídicas de
pertencentes a uma mesma pessoa uma pessoa, dotadas de valor
que tenham destinação unitária, econômico.
podendo ser objeto de relações Ex.: espólio e a massa falida.
jurídicas próprias (art. 90 do CC).
Ex.: biblioteca e uma coleção de
moedas antigas.

Bens principais Bens acessórios Pertenças


Aqueles que existem por Aqueles cuja existência Bens que, apesar de
si sós. supõe a do principal. Ex.: não serem partes
Ex.: árvore, casa. produtos e frutos. integrantes, se
destinam, de modo
OBS: a título de duradouro ao uso,
esclarecimento é serviço ou
importante compreender aformoseamento de
que o que difere frutos e outro. Ex.: móveis
produtos é o fato de que guarnecem uma
aqueles serem renovados casa.
(ex.: juros, maça, etc.),
ao passo que esses não
se renovam com o tempo
(ex.: petróleo, etc.).
A FGV já cobrou várias questões relativas às benfeitorias. As
benfeitorias são melhoramentos ou acréscimos realizados no bem pela
intervenção humana. Podem ser úteis, necessárias e voluptuárias.

Úteis Necessárias Voluptuárias


Aquelas que aumentam Aquelas que tem por Aquelas utilizadas para
ao facilitam o uso do finalidade a o mero deleite ou
bem. conservação do bem ou recreio. Tornam o bem
Ex.: construção da evitar que ele se mais agradável ou
cobertura de uma deteriore. aumentam seu valor.
garagem. Ex.: reparo de um telha Ex.: construção de uma
danificada. piscina.

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB!: reparou um vazamento existente


na cozinha; levantou uma divisória na área de serviço para formar um novo
cômodo, destinado a servir de despensa; ampliou o número de tomadas
disponíveis; e trocou o portão manual da garagem por um eletrônico. Quando
Cláudia pediu o imóvel de volta, Ricardo exigiu o ressarcimento por todas as
benfeitorias realizadas, embora sequer a tenha consultado previamente sobre
as obras. Somente pode-se considerar benfeitoria necessária, a justificar o
direito ao ressarcimento,

A) o reparo do vazamento na cozinha.

B) a formação de novo cômodo, destinado a servir de despensa, pelo


levantamento de divisória na área de serviço.

C) a ampliação do número de tomadas.

D) a troca do portão manual da garagem por um eletrônico.

GABARITO: A

8. DO NEGÓCIO JURÍDICO

Eis aqui um assunto que merece a sua atenção!


A matéria afeta ao negócio jurídico tem sido exigida no Exame da
Ordem sob organização da FGV em praticamente todos os anos.
Aqui direcionaremos você ao que é importante: a) compreender a
escada elaborada por Pontes de Miranda; e b) conhecer e compreender os
diferentes defeitos do negócio jurídico.
O negócio jurídico nada mais é do que uma relação jurídica
estabelecida entre as partes por vontade dessas. Pontes de Miranda se
desincumbiu da tarefa de desvendar quando o negócio jurídico será
considerado existente, quando será tido como válido e quando será
considerado eficaz.
No campo da EXISTÊNCIA, o negócio jurídico vai existir quando
houver forma; agente, vontade; objeto (FAVO).
No campo da VALIDADE, o negócio jurídico será válido, porém,
apenas quando o agente for capaz; o objeto for lícito, possível
determinado ou determinável; a forma for prescrita ou não defesa em
Lei; e a vontade for livre, consciente e voluntária. Sobre os requisitos
de validade trata o art. 104 do CC, senão vejamos:

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:


I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou
determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.

Todavia, será considerado inválido o negócio jurídico quando:

Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:


I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu
objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as
partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei
considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-
lhe a prática, sem cominar sanção.

No campo da EFICÁCIA, por certo, diz respeito a produção de


efeitos pelo negócio jurídico. Aqui é importante conhecer os elementos
acidentais do negócio jurídico, os quais a condição, o termo e o encargo.
A condição subordina a eficácia do negócio jurídico a evento futuro
e incerto (art. 121 do CC). Ela pode ser suspensiva (hipótese em que, para
que o negócio jurídico tenha efeitos, deverá ser implementada primeiramente
a condição. Ex.: Dar-te-ei um carro se você passar no vestibular da UFG) ou
resolutiva (caso em que os efeitos do negócio jurídico cessarão quando
implementada a condição. Ex.: emprestar-te-ie o carro até que você termine
a faculdade).

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Eduardo comprometeu-se a


transferir para Daniela um imóvel que possui no litoral, mas uma cláusula
especial no contrato previa que a transferência somente ocorreria caso a
cidade em que o imóvel se localiza viesse a sediar, nos próximos dez anos,
um campeonato mundial de surfe. Depois de realizado o negócio, todavia, o
advento de nova legislação ambiental impôs regras impeditivas para a
realização do campeonato naquele local. Sobre a incidência de tais regras,
assinale a afirmativa correta.
A) Daniela tem direito adquirido à aquisição do imóvel, pois a cláusula
especial configura um termo.
B) Prevista uma condição na cláusula especial, Daniela tem direito adquirido
à aquisição do imóvel.
C) Há mera expectativa de direito à aquisição do imóvel por parte de Daniela,
pois a cláusula especial tem natureza jurídica de termo.
D) Daniela tem somente expectativa de direito à aquisição do imóvel, uma
vez que há uma condição na cláusula especial.
GABARITO: D

O termo (art. 131 do CC) subordina a eficácia do negócio jurídico


a evento futuro e certo. Há o termo inicial e final. Ex.: vou te emprestar
minha casa de verão durante o período de férias de janeiro. Você pode usar
o local com sua família e amigos desde o dia 01 de janeiro de 2021 (termo
inicial – suspende o exercício, mas não a aquisição do direito) até o dia 20 de
janeiro de 2021 (termo final).
O encargo (art. 136 do CC), por sua vez, subordina a eficácia do
negócio jurídico à realização de um ônus àquele que venha a ser beneficiado
por ato gratuito. Ex.: doarei verbas ao hospital da cidade, se no local for
construída uma brinquedoteca para as crianças internadas. Nesse caso, a
construção da brinquedoteca é o encargo imposto para a hospital municipal.
Vale ressaltar que o encargo não suspende nem a aquisição, nem o exercício
do direito.
Feitas tais considerações sobre a escada Ponteana, cabe a nós
discorrer sobre os defeitos do negócio jurídico. Como a FGV cobra esse
assunto? Em geral, a banca conta uma história e pede para que o candidato
indique qual o defeito do negócio jurídico existente. Por isso importante
distinguir cada um deles.
Os defeitos dos negócios jurídicos que os tornam anuláveis serão
por você lembrados através da frase ARI 64 ( Agente Relaticavente Incapaz,
os 6 vícios: erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo e fraude contra
credores) e o prazo decadencial de 4 anos para anulação.
a) Do erro ou da ignorância (artigos 138 a 144 do CC)
Trata-se de uma falsa percepção da realidade tida pela própria
pessoa, sem qualquer interferência externa.
Ex.: Ana foi a uma exposição de utensílios antigos postos à venda
na Cidade de Goiás-GO. Lá encontrou um tacho de doce, o qual acreditava
ser de bronze, e o comprou sem perguntar sobre a qualidade do produto a
ninguém. Ao chegar em seu domicílio, em Goiânia-GO, descobriu que o tacho
não era de bronze.
Vejam que Ana teve um falsa percepção da realidade (acreditar
que o tacho era de bronze) sozinha.
Trata-se de defeito do negócio jurídico que gera a sua
anulabilidade, que pode ser requerida no prazo decadencial de 4 anos a
contar da data da celebração do negócio jurídico. (Art. 178, II, CC)

b) Do Dolo (artigos 151 a 155 do CC)


Trata-se, como o erro, também de uma falsa percepção da
realidade, mas agora provocado pela pessoa com quem se celebra o negócio
jurídico, ou por terceira pessoa.
Ex.: Ana foi a uma exposição de utensílios antigos postos à venda
na Cidade de Goiás-GO. Lá encontrou um tacho de doce muito bonito. Foi
informada por pessoa responsável pelo eventos que o tacho seria de bronze.
Ana, então, comprou o produto. Ao chegar em seu domicílio, em Goiânia-GO,
descobriu que o tacho não era de bronze.
Vejam que a falsa percepção da realidade foi instigada pela pessoa
com quem Ana celebrou o negócio jurídico.
Trata-se de defeito do negócio jurídico que gera a sua
anulabilidade, que pode ser requerida no prazo decadencial de 4 anos a
contar da data da celebração do negócio jurídico. (Art. 178, II, CC).
c) Estado de perigo (art. 156 do CC)
Ocorre quando alguém que, diante da necessidade de salvar a si
mesmo ou alguém de sua família de grave dano conhecido por outra pessoa,
assume uma obrigação excessivamente onerosa.
Ex.: João, querendo salvar o filho da morte, já que esse havia sido
picado por uma cobra, paga um milhão ao médico da rede pública de saúde
para que a criança pudesse receber o tratamento adequado.
Vejam que os funcionários do hospital público sabiam do mal que
acometia a criança e não poderiam cobrar o tratamento por se tratar de
serviço público gratuito, no entanto exigem do pai para salvamento da vida
do filho quantia em dinheiro para tanto.
Trata-se de defeito do negócio jurídico que gera a sua
anulabilidade, que pode ser requerida no prazo decadencial de 4 anos a
contar da data da celebração do negócio jurídico. (Art. 178, II, CC).
E se a pessoa que se pretende salvar não for da mesma família? O
juiz analisará caso a caso para dizer se restou ou não caracterizado o defeito
do negócio jurídico pelo estado de perigo.

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Durante uma viagem aérea, Eliseu


foi acometido de um mal súbito, que demandava atendimento imediato. O
piloto dirigiu o avião para o aeroporto mais próximo, mas a aterrissagem não
ocorreria a tempo de salvar Eliseu. Um passageiro ofereceu seus
conhecimentos médicos para atender Eliseu, mas demandou pagamento
bastante superior ao valor de mercado, sob a alegação de que se encontrava
de férias. Os termos do passageiro foram prontamente aceitos por Eliseu.
Recuperado do mal que o atingiu, para evitar a cobrança dos valores
avençados, Eliseu pode pretender a anulação do acordo firmado com o outro
passageiro, alegando
A) erro.
B) dolo.
C) coação.
D) estado de perigo.
GABARITO: D

d) Da lesão (art. 157 do CC)


Ocorre quando uma pessoa, por necessidade ou inexperiência,
assume obrigação desproporcional ao valor da prestação oposta.
Exemplo por necessidade: Mariana teve o nome negativado no SPC
por dívida de R$ 5.000,00. Por ansiar estar com o “nome limpo”, vendeu seu
carro, com valor de mercado de R$ 20.000,00, por apenas R$ 5.000,00.
Exemplo por inexperiência: Matheus muda-se para cidade do
interior de Goiás a trabalho. Chegando até lá, alugou local para residir, sendo
avençado o pagamento mensal de R$ 3.000,00. Algum tempo depois, ao
fazer amizades pela cidade, descobri que os imóveis similares ao seu são
alugados na região pela quantia mensal de R$ 1.000,00.
Trata-se de defeito do negócio jurídico que gera a sua
anulabilidade, que pode ser requerida no prazo decadencial de 4 anos a
contar da data da celebração do negócio jurídico. (Art. 178, II, CC).

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! A cidade de Asa Branca foi atingida


por uma tempestade de grandes proporções. As ruas ficaram alagadas e a
população sofreu com a inundação de suas casas e seus locais de trabalho.
Antônio, que tinha uma pequena barcaça, aproveitou a ocasião para realizar
o transporte dos moradores pelo triplo do preço que normalmente seria
cobrado, tendo em vista a premente necessidade dos moradores de recorrer
a esse tipo de transporte. Nesse caso, em relação ao citado negócio jurídico,
ocorreu
A) estado de perigo.
B) dolo.
C) lesão.
D) erro.
GABARITO: C

e) Fraude contra credores (Artigo 158 ao 165 do CC)


Acontece quando alguém, sabendo possuir obrigações a serem
adimplidas com outras pessoas, dilapida o próprio patrimônio, reduzindo-se
a insolvência, ANTES da propositura da ação.
Ex.: Leonardo tem bens móveis e imóveis, listados da seguinte
forma: casa em Goiânia-GO, casa de verão no Rio de Janeiro-RJ, um carro e
um montante em dinheiro depositado no banco. Mesmo sabendo possuir
dívidas monetárias com Alberto e Rogério, começa a transferir todos os seus
bens para o nome de seus dois filhos, Bruno e Guilherme, como forma de não
adimplir com os débitos mencionados, antes da propositura de ação.
Vejam que aqui há a necessidade de 02 elementos: o eventus
damni (insolvência) e o consilium fraudis (conluio para fraudar). No nosso
exemplo, pai e filhos em conluio fraudulento reduziram Leonardo à
insolvência, o impossibilitando de possuir patrimônio para arcar com os
débitos tidos para com Alberto e Rogério.
Trata-se de defeito do negócio jurídico que seja a sua
anulabilidade, que pode ser requerida no prazo decadencial de 4 anos a
contar da data da celebração do negócio jurídico. (Art. 178, II, CC).

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! João, credor quirografário de


Marcos em R$ 150.000,00, ingressou com Ação Pauliana, com a finalidade de
anular ato praticado por Marcos, que o reduziu à insolvência. João alega que
Marcos transmitiu gratuitamente para seu filho, por contrato de doação,
propriedade rural avaliada em R$ 200.000,00. Considerando a hipótese
acima, assinale a afirmativa correta.
A) Caso o pedido da Ação Pauliana seja julgado procedente e seja anulado o
contrato de doação, o benefício da anulação aproveitará somente a João,
cabendo aos demais credores, caso existam, ingressarem com ação individual
própria.
B) O caso narrado traz hipótese de fraude de execução, que constitui defeito
no negócio jurídico por vício de consentimento.
C) Na hipótese de João receber de Marcos, já insolvente, o pagamento da
dívida ainda não vencida, ficará João obrigado a repor, em proveito do acervo
sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu.
D) João tem o prazo prescricional de dois anos para pleitear a anulação do
negócio jurídico fraudulento, contado do dia em que tomar conhecimento da
doação feita por Marcos.
GABARITO: C

Não se pode confundir fraude contra credores com fraude à


execução:

Fraude contra credores Fraude à execução


Instituto do direito material Instituto do Direito Processual
Redução do devedor à insolvência Redução do devedor à insolvência
ANTES da existência de uma ação de NO CURSO de ação de execução.
execução ajuizada.

f) Coação (Artigo 151 ao 155 do CC)


Quando o negócio jurídico é celebrado através de uma ameaça
moral e psicológica, iminente e atual, grave e séria que gera dano a si, a
família, aos bens ou amigos.
Trata-se de defeito do negócio jurídico que gera a sua
anulabilidade, que pode ser requerida no prazo decadencial de 4 anos a
contar da cessação da coação. (Art. 178, I, CC).

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Lúcia, pessoa doente, idosa, com


baixo grau de escolaridade, foi obrigada a celebrar contrato particular de
assunção de dívida com o Banco FDC S.A., reconhecendo e confessando
dívidas firmadas pelo seu marido, esse já falecido, e que não deixara bens ou
patrimônio a inventariar. O gerente do banco ameaçou Lúcia de não efetuar
o pagamento da pensão deixada pelo seu falecido marido, caso não fosse
assinado o contrato de assunção de dívida. Considerando a hipótese acima e
as regras de Direito Civil, assinale a afirmativa correta.
A) O contrato particular de assunção de dívida assinado por Lúcia é anulável
por erro substancial, pois Lúcia manifestou sua vontade de forma distorcida
da realidade, por entendimento equivocado do negócio praticado.
B) O ato negocial celebrado entre Lúcia e o Banco FDC S.A. é anulável por
vício de consentimento, em razão de conduta dolosa praticada pelo banco,
que ardilosamente falseou a realidade e forjou uma situação inexistente,
induzindo Lúcia à prática do ato.
C) O instrumento particular firmado entre Lúcia e o Banco FDC S.A. pode ser
anulado sob fundamento de lesão, uma vez que Lúcia assumiu obrigação
excessiva sobre premente necessidade.
D) O negócio jurídico celebrado entre Lúcia e o Banco FDC S.A. é anulável
pelo vício da coação, uma vez que a ameaça praticada pelo banco foi iminente
e atual, grave, séria e determinante para a celebração da avença.
GABARITO: D

g) Simulação (art. 167 do CC):Trata-se de um acordo fraudulento


de vontades dos contratantes para lesar um terceiro ou conseguir efeito
diverso na esfera jurídica do negócio jurídico simulado. A simulação pode ser
absoluta ou relativa.
Nesse caso, o negócio jurídico será considerado NULO,
diferentemente dos demais defeitos do negócio jurídico.
Na simulação absoluta nunca foi celebrado qualquer negócio, mas
os contraentes fingem tê-lo celebrado para enganar alguém ou burlar a Lei.
Ex.: Emissão de títulos de crédito que nunca existiram pelo marido para lesar
esposa após a separação judicial.
A simulação relativa é aquela em que é realizado um negócio
jurídico diverso do formalizado. Assim, há o negócio jurídico aparente
(simulado), aquele que oculta; e o negócio jurídico dissimulado, aquele que
se ocultou. No entanto, o negócio dissimulado pode subsistir se forem válidas
a forma e substância. As três hipóteses de simulação relativa estão descritas
no artigo 167 do CC, sendo elas:
* simulação por interposta pessoa (relativa subjetiva): quando a
parte negociante não é a aquela que se pretende beneficiar ao final. Ex.: pai
pretende vender seus bens a um dos filhos sem a anuência dos demais; dessa
forma, os aliena a um vizinho que, posteriormente os venderá ao seu filho.
Vejam que não se simulou contrato diverso ao da compra e venda,
mas o objetivo pretendido não era a alienação dos bens ao vizinho, mas ao
filho, burlando a Lei.
* simulação por declaração não verdadeira (relativa objetiva): Ana
é casada em regime de comunhão universal de bens com Jorge. Ana gostaria
de dar um dos carros do casal à sua irmã, Luzia, no entanto, Jorge não
concordaria. Sabendo da falta de consentimento do marido, Ana e Luzia
forjam um contrato de compra e venda do veículo, mas na verdade Luzia
nada pagou a Ana.
Vejam que, apesar de o negócio aparente (contrato simulado) ser
um contrato de comprar e venda de veículo, houve a simulação do contrato
de doação entre as irmãs (contrato dissimulado). Houve prejuízo ao terceiro
de boa-fé, Jorge.
* simulação por data fictícia (relativa objetiva): é a realização de
negócio jurídico antedatado e pós-datado.

Há, por fim, a simulação inocente. Nela não é infringida a Lei ou


prejudicado terceiro.
Ex.: Alex, namorado de Júlia, pretende dar em doação à sua mãe,
Ângela, uma moto que possua. Como Júlia não gosta de Ângela, Alex simulou
um contrato de compra venda da moto com a mãe. Veja que a Lei não veja
a doação de Alex, nem mesmo há necessidade de anuência de Júlia. Neste
exemplo temos a chamada simulação inocente, usada para ocultar a
verdadeira natureza do negócio, sem prejuízo da Lei ou de terceiros.

FICA A DICA: Simulado: simulado é geralmente entendido como um treino


para uma prova final, certo? Ele parece ser a prova verdadeira, mas não é.
Assim, o negócio simulado é aquele que parece ser, o negócio aparente.
Dissimulado: uma pessoa dissimulada a aquela no fundo finge ser o que não
é. O dissimulado é aquele que se esconde atrás do que nunca foi. Assim, o
negócio jurídico dissimulado é o que está oculto.

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Arnaldo foi procurado por sua irmã


Zulmira, que lhe ofereceu R$ 1 milhão para adquirir o apartamento que ele
possui na orla da praia. Receoso, no entanto, que João, o locatário que
atualmente ocupa o imóvel e por quem Arnaldo nutre profunda antipatia,
viesse a cobrir a oferta, exercendo seu direito de preferência, propôs a
Zulmira que constasse da escritura o valor de R$ 2 milhões, ainda que a
totalidade do preço não fosse totalmente paga. Realizado nesses termos, o
negócio
A) pode ser anulado no prazo decadencial de dois anos, em virtude de dolo.
B) é viciado por erro, que somente pode ser alegado por João.
C) é nulo em virtude de simulação, o que pode ser suscitado por qualquer
interessado.
D) é ineficaz, em razão de fraude contra credores, inoponíveis seus efeitos
perante João
GABARITO: C

Como você pode perceber, em regra os defeitos fazem o negócio


jurídico ser anulável e sua anulabilidade poderá ser requerida no prazo
decadencial de 4 anos, com exceção da simulação, que faz o negócio jurídico
ser nulo.
Ocorre que o Código Civilista Brasileira ainda elucida outras
hipóteses declaradas em Lei que fazem o negócio jurídico ser anulável (Art.
171 CC).Veja:
Art. 171. Além dos casos expressamente
declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação,
estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.

Nesses outros casos em que a Lei dispuser que serão anuláveis


outros negócios jurídicos, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação,
não será de 4 anos e sim de 2 anos, conforme dispõem o artigo179 do CC.

Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado


ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-
se a anulação, será este de dois anos, a contar da
data da conclusão do ato.

ÚLTIMA COISA... PROMETO! É importante entender que, se o


menor púbere vier a celebrar um negócio jurídico mentindo ser plenamente
capaz ou simplesmente ocultando sua idade NÃO poderá se livrar da
obrigação:

Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos,


não pode, para eximir-se de uma obrigação,
invocar a sua idade se dolosamente a ocultou
quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de
obrigar-se, declarou-se maior.
9. DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA

Eu sei que deve bater um frio na espinha em pensar em prescrição


e decadência no meio de tanta matéria para estudar. Mas, calma! Vamos
focar no que a FGV tem cobrado. Tanto a prescrição como a decadência
revelam a atuação do transcorrer do tempo no Direito.
Primeiro é importante entender a diferença entre os dois institutos.
A prescrição consiste na perda da pretensão. Fica mantido intacto o direito,
mas o titular deste perde a oportunidade de perseguí-lo, assim, não tem mais
a possibilidade de ajuizar uma ação.
A prescrição pode ser alegada por qualquer das partes a quem
aproveita ou de ofício.
Na decadência, por seu turno, não se perde apenas a pretensão,
mas o direito em si. A decadência pode ser alegada pelas partes ou
reconhecida de ofício (artigos 210 e 211 do CC) a qualquer tempo.
É legal dar uma lida boa nos prazos prescricionais, elucidados no
artigo 206 do CC. Mas um que tem que estar na ponta da língua é o prazo
prescricional de 03 anos da reparação civil.

Art. 206. Prescreve:


§ 1º Em um ano:
I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de
víveres destinados a consumo no próprio
estabelecimento, para o pagamento da
hospedagem ou dos alimentos;
II - a pretensão do segurado contra o segurador,
ou a deste contra aquele, contado o prazo:
a) para o segurado, no caso de seguro de
responsabilidade civil, da data em que é citado para
responder à ação de indenização proposta pelo
terceiro prejudicado, ou da data que a este
indeniza, com a anuência do segurador;
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato
gerador da pretensão;
III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça,
serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela
percepção de emolumentos, custas e honorários;
IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação
dos bens que entraram para a formação do capital
de sociedade anônima, contado da publicação da
ata da assembléia que aprovar o laudo;
V - a pretensão dos credores não pagos contra os
sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o
prazo da publicação da ata de encerramento da
liquidação da sociedade.
§ 2º Em dois anos, a pretensão para haver
prestações alimentares, a partir da data em que se
vencerem.
§ 3º Em três anos:
I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios
urbanos ou rústicos;
II - a pretensão para receber prestações vencidas
de rendas temporárias ou vitalícias;
III - a pretensão para haver juros, dividendos ou
quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em
períodos não maiores de um ano, com capitalização
ou sem ela;
IV - a pretensão de ressarcimento de
enriquecimento sem causa;
V - a pretensão de reparação civil;
VI - a pretensão de restituição dos lucros ou
dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da
data em que foi deliberada a distribuição;
VII - a pretensão contra as pessoas em seguida
indicadas por violação da lei ou do estatuto,
contado o prazo:
a) para os fundadores, da publicação dos atos
constitutivos da sociedade anônima;
b) para os administradores, ou fiscais, da
apresentação, aos sócios, do balanço referente ao
exercício em que a violação tenha sido praticada,
ou da reunião ou assembléia geral que dela deva
tomar conhecimento;
c) para os liquidantes, da primeira assembléia
semestral posterior à violação;
VIII - a pretensão para haver o pagamento de título
de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as
disposições de lei especial;
IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador,
e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de
responsabilidade civil obrigatório.
§ 4º Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela,
a contar da data da aprovação das contas.
§ 5º Em cinco anos:
I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas
constantes de instrumento público ou particular;
II - a pretensão dos profissionais liberais em geral,
procuradores judiciais, curadores e professores
pelos seus honorários, contado o prazo da
conclusão dos serviços, da cessação dos
respectivos contratos ou mandato;
III - a pretensão do vencedor para haver do vencido
o que despendeu em juízo

E é importante ainda saber que, quando a hipótese não houver sido


especificada no artigo 206 do CC, será caso de aplicação do prazo geral de
prescrição que é de 10 anos.

Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando


a lei não lhe haja fixado prazo menor.

Ainda sobre a prescrição, alguns artigos do Código Civil são de


suma importância para a sua prova FGV. Eles tratam das hipóteses de
suspensão e interrupção da contagem do prazo prescricional:

Art. 197. Não corre a prescrição:


I - entre os cônjuges, na constância da sociedade
conjugal;
II - entre ascendentes e descendentes, durante o
poder familiar;
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores
ou curadores, durante a tutela ou curatela.
Art. 198. Também não corre a prescrição:
I - contra os incapazes de que trata o art. 3 o ;
II - contra os ausentes do País em serviço público
da União, dos Estados ou dos Municípios;
III - contra os que se acharem servindo nas Forças
Armadas, em tempo de guerra.
Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:
I - pendendo condição suspensiva;
II - não estando vencido o prazo;
III - pendendo ação de evicção.
Art. 200. Quando a ação se originar de fato que
deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a
prescrição antes da respectiva sentença definitiva.
Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um
dos credores solidários, só aproveitam os outros se
a obrigação for indivisível.

FICA A DICA: NÃO há interrupção ou suspensão na contagem dos prazos


decadenciais, como regra.
FICA A DICA: Os prazos prescricionais são SEMPRE contados em anos. Já os
decadenciais podem ser contados em outras frações de tempo (dias, meses,
anos).

ÚLTIMA COISA... PROMETO! A galera que representa pessoa


jurídica ou pessoa relativamente incapaz deve ficar atenta: serão
responsabilizados caso não aleguem a tempo a prescrição ou derem causa a
ela. Já o pessoal que continua ação judicial na condição de sucessor “pega o
bonde andando”: não há novo início da contagem do prazo prescricional.
Vejamos:

Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas


jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou
representantes legais, que derem causa à
prescrição, ou não a alegarem oportunamente.
Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa
continua a correr contra o seu sucessor.

Pronto! Finalizamos a Parte Geral do Código Civil.


Encontro você na próxima página para tratarmos sobre um assunto
novo e que a OAB ama cobrar: Obrigações.
Até lá!
A partir de agora, começaremos a aprender Direito Obrigacional,
um assunto que a OAB sempre cobra em suas provas e que já caiu mais de
30 vezes na prova. Você não pode ficar de fora, né?
Ah! Antes de começar, não esqueça de largar de lado o lápis de
cor amarelo e pegar imediatamente o lápis de cor vermelho. É que todos os
artigos apontados aqui sobre Obrigações deverão ser lidos por você e
marcados no seu código de vermelho.
Não desista! Eu permaneço daqui segurando a sua mão!
Bora lá!

10. DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

O direito das obrigações vai cuidar de uma relação entre dois ou


mais sujeitos de direito ligados por uma obrigação, ou seja, cada um deve ao
outro uma prestação (credor e devedor).
Tal prestação pode consistir em uma obrigação de:
De Dar;
De Fazer;
De não fazer.
Para acertar questões deste tema na prova, você precisará seguir
3 passos básicos.
1º PASSO: diagnosticar qual espécie de obrigação trata a questão
(de dar, de fazer e de não fazer);
2º PASSO: identificar quem é o devedor. Devedor é sempre aquele
que tem o DEVEr de cumprir a obrigação em questão;
3º PASSO: Lembrar que se há culpa do devedor, haverá sempre
perdas e danos;
Agora, vamos falar sobre cada tipo de obrigação, focando, claro,
naquilo que você, futuro(a) advogado(a) vai precisar para o seu Exame da
Ordem.

a) Obrigação de dar coisa certa (artigos 233 a 242 do CC)

Consiste, como o próprio nome diz, na obrigação de entregar a


outrem algo certo, determinado. Pode ocorrer tanto pela real obrigação de
dar, como pela obrigação de restituir algo.
O QUE A BANCA PODE COBRAR? É bem provável que a banca foque
nos casos de deterioração ou perdimento da coisa que precisaria ser entregue
ou restituída.
Na obrigação de dar coisa certa:
Se a coisa se PERDER- SEM CULPA DO DEVEDOR, antes da
tradição = a obrigação se resolve (inclusive com a devolução do valor);
Se a coisa se PERDER COM CULPA DO DEVEDOR = responderá
ele pelo equivalente + perdas e danos;

Se a coisa se DETERIORAR SEM CULPA DO DEVEDOR =


Abatimento ou resolve a obrigação;
Se a coisa se DETERIORAR COM CULPA DO DEVEDOR = Perdas e
danos e aceita como está ou o equivalente;
E se houver melhoramento na coisa antes da tradição? O
melhoramento pertence ao devedor, e este poderá cobrar a mais por ele ou
caso não seja aceito o aumento do preço, a obrigação se resolverá. Ex.: Bruno
deveria entregar uma vaca a Tiago. Antes da tradição a vaca teve um bezerro.
O bezerro é de Bruno e, caso Tiago o queira, deverá pagar a mais a Bruno.
JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Antônio, vendedor, celebrou
contrato de compra e venda com Joaquim, comprador, no dia 1º de setembro
de 2016, cujo objeto era um carro da marca X no valor de R$ 20.000,00,
sendo o pagamento efetuado à vista na data de assinatura do contrato. Ficou
estabelecido ainda que a entrega do bem seria feita 30 dias depois, em 1º de
outubro de 2016, na cidade do Rio de Janeiro, domicílio do vendedor.
Contudo, no dia 25 de setembro, uma chuva torrencial inundou diversos
bairros da cidade e o carro foi destruído pela enchente, com perda total.
Considerando a descrição dos fatos, Joaquim
A) não faz jus à devolução do pagamento de R$ 20.000,00.
B) terá direito à devolução de 50% do valor, tendo em vista que Antônio,
vendedor, não teve culpa.
C) terá direito à devolução de 50% do valor, tendo em vista que Antônio,
vendedor, teve culpa.
D) terá direito à devolução de 100% do valor, pois ainda não havia ocorrido
a tradição no momento do perecimento do bem.
GABARITO: D

Na obrigação de restituir coisa certa:


Se a coisa se PERDER SEM CULPA DO DEVEDOR=obrigação se
resolve;
Se a coisa se PERDER COM CULPA DO DEVEDOR= perdas e danos
+ equivalente;

Se a coisa se DETERIORAR SEM CULPA DO DEVEDOR = o credor


recebe do jeito que está;
Se a coisa se DETERIORAR COM CULPA DO DEVEDOR = perdas e
danos + equivalente;
E se houver melhoramento na coisa antes da restituição? Se a
melhora se deu sem qualquer ônus por parte do devedor, o credor não
precisará indenizá-lo e lucra. Se a melhorou trouxe gastos ao devedor, a
indenização seguirá a regra das benfeitorias.
Lembra que já falamos sobre Benfeitorias? Caso esteja com dúvida,
só retornar ao tópico relativos aos BENS.

Regra das Benfeitorias – POSSUIDOR DE BOA-FÉ


Úteis Tem direito à indenização. Caso não
indenizado, tem direito a retenção
da coisa.
Necessárias Tem direito à indenização. Caso não
indenizado, tem direito a retenção
da coisa.
Voluptuárias Poderá levantar as benfeitorias,
desde que não danifique a coisa, ou
poderá ser indenizado por elas,
desde que o proprietário as queira.

Regra das benfeitorias – POSSUIDOR DE MÁ-FÉ


Úteis Não tem direito à indenização, nem
à retenção.
Necessárias Tem direito à indenização, mas não
à retenção.
Voluptuárias Não tem direito à indenização, nem
a levantar a coisa.
b) Obrigação de dar coisa incerta (artigos 243 a 246 do CC)

Nesse caso, é importante que você compreenda que, apesar de


incerta, a coisa deve ser especificada pelo menos pela quantidade e pelo
gênero. Assim, por exemplo, pode ser avençado entre as partes a obrigação
de dar uma saca (quantidade) de feijão (gênero).
Como regra, caberá ao devedor escolher qual o bem será entregue
ao credor, exceto se convencionado de forma contrária entre as partes. No
entanto, cabendo a escolha ao devedor, este não poderá escolher nem o pior
bem, nem será obrigado a conceder o melhor ao credor.
Usando ainda nosso exemplo anterior: um produtor de várias
espécies de feijão pode escolher dar ao credor uma saca ou de feijão andú,
ou de feijão carioca, ou de feijão preto. Não estará o devedor obrigado a dar
a melhor safra de seu plantio, mas não poderá conceder o seu pior feijão ao
credor.
IMPORTANTE: O devedor NÃO poderá alegar a perda ou
deterioração da coisa antes de exercer seu direito de escolha, vez que ainda
há opções.

c) Obrigação de fazer (artigos 247 a 249 do CC).

O título é bem autoexplicativo, consistindo a obrigação de fazer


naquela em que alguém se obriga a fazer algo/prestar algum serviço a
outrem.
Na obrigação de fazer você deve se lembrar do show dos Barões
da Pisadinha que a sua professora AMA. Como assim? É que você tem que
distinguir entre a obrigação de fazer personalíssima, ou seja, aquela que não
pode ser exercida por mais ninguém, e aquela que não é, ou seja, que pode
ser exercida por outro profissional sem qualquer prejuízo.
Quando você compra um ingresso para o show dos Barões da
Pisadinha, você está disposto a ver Capital Inicial cantar no lugar? Pode vir o
rei Roberto Carlos? Claro que não. Nesse caso, temos uma obrigação
personalíssima. Nela o inadimplemento gera o dever de pagamento de perdas
e danos.
Raciocínio diferente é o feito acerca de uma pintura de uma casa,
que pode ser feita por outro profissional. Nesse caso, apenas se outro
profissional não puder realizar o trabalho, deverá o devedor pagar pelas
perdas e danos ante descumprimento da obrigação.

d) Obrigação de não fazer (artigos 205 e 215 do CC)

Na obrigação de não fazer, como o próprio nome revela, alguém se


obriga a outrem a deixar de fazer algo. Ex: vizinho que deve deixar de
construir mais um andar de sua residência, para não deixar com que seu
confrontante fique sem a luz solar em seu quintal.
Em caso de inadimplemento sem culpa do devedor (quem se obriga
a não fazer algo), a obrigação se resolve. Quando há inadimplemento por
culpa do devedor, há necessidade de pagamento de perdas e danos.

e) Das obrigações alternativas (artigos 252 a 256 do CC)

Na obrigação alternativa, cabe a uma das partes, como regra ao


devedor, escolher cumprir a obrigação por meio de uma espécie de obrigação
dentre duas ou mais. Ex.: Waldir deve entregar à Mariana ou 10 camisas
jeans ou 20 saias jeans.
Se o devedor não puder mais adimplir a obrigação por meio de uma
das opções, terá que escolher a outra. Ex.: Estando danificadas as 10 camisas
jeans, Waldir deverá adimplir a obrigação por meio da entrega das 20 saias
jeans.
Se todas as opções se tornarem impossíveis ao devedor por sua
culpa, deverá pagar o valor equivalente à última opção que se impossibilitou
acrescida de perdas e danos. Ex.: Estando danificadas as 10 camisas jeans,
posteriormente todas as saias jeans se rasgaram. Waldir deverá pagar À
Mariana o valor equivalente às 20 saias jeans, acrescido de perdas e danos.
Se todas as opções se tornaram impossíveis sem a culpa do
devedor, a obrigação se resolverá.
IMPORTANTE! A escolha também pode partir do credor ou de um
terceiro. Como assim de um terceiro? Um exemplo pode ajudar: quero dar
ao meu sobrinho de presente um vídeo-game, no entanto não pudemos
marcar um dia para a compra juntos. Fiz da seguinte forma: haviam 2 vídeo-
games de mesmo valor, dessa forma, combinei com o vendedor que eu
pagaria pelo produto e meu sobrinho passaria ao local para escolher qual dois
produtos gostaria de ter e o levaria consigo. Vejam: apesar de o contrato de
compra e venda ser entre mim e o vendedor, a escolha coube a um terceiro,
meu sobrinho.

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! No dia 2 de agosto de 2014, Teresa


celebrou contrato de compra e venda com Carla, com quem se obrigou a
entregar 50 computadores ou 50 impressoras, no dia 20 de setembro de
2015. O contrato foi silente sobre quem deveria realizar a escolha do bem a
ser entregue. Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta.
A) Trata-se de obrigação facultativa, uma vez que Carla tem a faculdade de
escolher qual das prestações entregará a Teresa.
B) Como se trata de obrigação alternativa, Teresa pode se liberar da
obrigação entregando 50 computadores ou 50 impressoras, à sua escolha,
uma vez que o contrato não atribuiu a escolha ao credor.
C) Se a escolha da prestação a ser entregue cabe a Teresa, ela poderá optar
por entregar a Carla 25 computadores e 25 impressoras.
D) Se, por culpa de Teresa, não se puder cumprir nenhuma das prestações,
não competindo a Carla a escolha, ficará aquela obrigada a pagar somente
os lucros cessantes.
GABARITO:B
f) Das obrigações divisíveis e indivisíveis (artigos 257 a 263 do CC)

Primeiro é importante que você se familiarize com os termos


pluralidade de credores e pluralidade de devedores, os quais querem
significar, respectivamente, mais de um credor e mais de um devedor, na
mesma obrigação.
Nesse contexto é que se faz relevante a distinção entre obrigações
divisíveis e indivisíveis.
As obrigações divisíveis são aquelas que podem ser divididas
dentre tantos quantos forem os credores, ou dentre tantos quantos forem os
devedores (art. 257 do CC). Do contrário, são as obrigações indivisíveis, seja
por sua natureza, por motivo de ordem econômica ou em razão do negócio
jurídico avençado (art. 258 do CC).

Obrigação Divisível Obrigação Indivisível


Se houver mais de um devedor, cada Se houver mais de um devedor,
um arca com sua quota parte cada um se obriga pela dívida toda
(art. 259, caput, CC).
Se só um apenas arcar com toda a
dívida, se sub-roga no direito de
credor.
Obrigações de pagar determinada Quando uma obrigação indivisível
quantia são divisíveis. for inadimplida e se resolver em
Assim, perdas e danos são SEMPRE perdas e danos, perderá tal
obrigações divisíveis. qualidade (porque, como já dito, as
perdas e danos consistem em
obrigação divisível).
Importante diferenciar (1) quando
há culpa de todos os devedores e
(2) quando a culpa de apenas um.
Quando a culpa por de todos (1),
todos arcarão com as perdas e
danos. Quando a culpa for de um
(2) somente o culpado arcará com
as perdas e danos.
Como você pode ver: o Direito Civil
é justo e lindo!

QUESTÕES RELEVANTES:
Se houver pluralidade de credores, cada um desses pode exigir a
dívida inteira. O(s) devedor(es) se desobrigará(ão) apenas se pagar a todos,
conjuntamente, ou a um dos credores o qual deverá dar um caução de
ratificação/anuência dos demais credores.
O credor que receber sozinho uma obrigação, deverá “dar
conta”/pagar a parte que cabia aos demais credores.
Caso um dos credores perdoe, transacione, nove ou compense a
sua parte da dívida, o restante da obrigação continua a existir para com os
demais. O mesmo ocorre em caso de confusão de patrimônio.

g) Das obrigações solidárias (artigos 264 a 285 do CC)

Posso te dizer que aqui temos um tema que a FGV adora cobrar e,
assim como os demais, vamos estruturar seu raciocínio para acertar todas as
questões relativas ao assunto.
Nas obrigações solidárias há uma espécie de teia do homem-
aranha: há uma única origem da teia (o punho do “nosso herói”) e vários
devedores, como se para cada relação entre credor e devedor houvesse uma
obrigação. Isso porque, cada devedor se obriga a toda a obrigação.
Já nas obrigações indivisíveis, há uma única obrigação, ficando os
devedores obrigados apenas de sua quota parte.
Obrigações Indivisíveis Obrigações Solidárias
São indivisíveis pela natureza, por São solidárias em razão da vontade
questões econômicas, por das partes expressa no negócio
convenção das partes no negócio jurídico ou por disposição de Lei.
jurídico.
Em caso de inadimplemento, o dever Em caso de inadimplemento, o dever
de pagar perdas e danos desnatura de pagar perdas e danos não
a obrigação indivisível para divisível. desnatura da obrigação solidária.
Cada devedor se obriga apenas por Cada devedor se obriga pela
sua quota- parte. obrigação inteira.

A solidariedade pode ser ativa (quando da pluralidade de credores)


ou passiva (quando a pluralidade de devedores), sendo o efeito o mesmo: na
obrigação solidária ativa cada um dos várias credores pode exigir a obrigação
inteira do(s) devedor(es); já na solidariedade passiva qualquer dos vários
devedores têm o dever de pagar toda a obrigação ao(s) devedor(es).
A FGV tem maior predileção pela solidariedade passiva. Vamos
destacar alguns artigos mais recorrentes?

Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade


em favor de um, de alguns ou de todos os
devedores.
Parágrafo único. Se o credor exonerar da
solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a
dos demais.
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro
tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a
sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do
insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no
débito, as partes de todos os co-devedores.
Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores,
contribuirão também os exonerados da
solidariedade pelo credor, pela parte que na
obrigação incumbia ao insolvente.

FICA A DICA: EXONERAR NÃO É PERDOAR! Quando um credor exonera


um devedor de uma obrigação não significa que ele está perdoando-o,
significa apenas que ele esta exonerando do dever de pagar a dívida
toda, a o dever de pagar a sua quota parte permanece.
FICA A DICA: INSOLVENTE QUEM PAGA É A GENTE! Se algum devedor
foi considerado insolvente, isso significa que ele não possui dinheiro, e
que, portanto, não adianta cobrar dele. Logo, quem vai pagar a quota
parte do insolvente são os demais devedores, inclusive os exonerados.

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Paulo, João e Pedro, mutuários,


contraíram empréstimo com Fernando, mutuante, tornando-se, assim,
devedores solidários do valor total de R$ 6.000,00 (seis mil reais). Fernando,
muito amigo de Paulo, exonerou-o da solidariedade. João, por sua vez,
tornou-se insolvente. No dia do vencimento da dívida, Pedro pagou
integralmente o empréstimo. Considerando a hipótese narrada, assinale a
afirmativa correta.

A) Pedro não poderá regredir contra Paulo para que participe do rateio do
quinhão de João, pois Fernando o exonerou da solidariedade.

B) Apesar da exoneração da solidariedade, Pedro pode cobrar de Paulo o valor


de R$ 3.000,00 (três mil reais).

C) Ao pagar integralmente a dívida, Pedro se sub-roga nos direitos de


Fernando, permitindo-se que cobre a integralidade da dívida dos demais
devedores.

D) Pedro deveria ter pago a Fernando apenas R$ 2.000,00 (dois mil reais),
pois a exoneração da solidariedade em relação a Paulo importa,
necessariamente, a exoneração da solidariedade em relação a todos os
codevedores.
GABARITO: B

BORA DESCOMPLICAR! O artigo 282 do CC vai dizer que o credor pode, por
qualquer motivo, desobrigar/perdoar um dos devedores. Nesse caso, a
solidariedade vai continuar para os demais devedores.

O artigo 283 do CC diz que quando um dos devedores adimplir com


toda a obrigação, poderá exigir dos demais co-devedores a sua quota-parte.
Na sua parte final, explica que se um dos co-devedores se tornar insolvente,
a quota-parte desse será dividida entre os demais devedores, inclusive com
aquele que foi desonerado/desobrigado/perdoado da obrigação solidária, nos
termos do art. 284 do CC.

h) Transmissão das Obrigações

A obrigação pode ser transmitida de 3 formas: pela cessão de


crédito, assunção de dívida ou pela cessão de posição contratual.
A cessão de crédito consiste na concessão que alguém faz do
crédito que possui a outrem. Ex.: Mariana possui uma confecção e produz
roupas jeans. Ela vendeu suas peças a uma loja situada no Setor da 44 em
Goiânia pela quantia de R$ 10.000,00, a ser paga no prazo de 30 dias. Neste
meio tempo, Mariana precisa adquirir tecido jeans para a confecção com a
loja de tecidos Tec. Para tanto, oferece como pagamento o crédito que possui
com a loja de roupas para que Tec a forneça os tecidos, realizando assim uma
cessão de crédito.
Na cessão de crédito NÃO há necessidade de anuência do devedor
(no nosso exemplo, a loja da 44), mas este deverá ser informado para pagar
corretamente, ou seja, não mais à Mariana, mas sim a loja de tecidos Tec. E
se mesmo ciente a loja da 44 não pagar à Tec e sim à Mariana? Aqui vigora
a regra de que o mal pagador paga 2 vezes.
Já na assunção de dívida, alguém assume o débito que pertence a
outrem. Ex.: os pais assumem o débito que o filho.
Nesse caso, há a necessidade de anuência do credor, isso porque
não é interessante para o credor que o devedor originário seja substituído
por alguém insolvente ou com menos recursos para adimplir com a dívida.
Por último temos a cessão de posição contratual. Tal modalidade
de transmissão das obrigações é a única não prevista no código civilista, mas
é consagrada pela doutrina e pela jurisprudência. Aqui temos a transmissão
de toda a obrigação e não apenas dos créditos ou débitos.
Ex.: vamos nos valer de parte do nosso exemplo primeiro? Mariana
assumiu o compromisso de confeccionar várias roupas jeans para várias lojas
na região metropolitana, mas percebeu que não será capaz de adimplir com
todas as obrigações. Sua irmã Lorena também possui uma confecção de
jeans. Assim, Mariana acordar com algumas dessas lojas a cessão de posição
contratual, de forma que a sua confecção deixasse de confeccionar para tais
lojas, passando a obrigações, com todas as suas características, prazos, etc.,
para sua irmão Lorena. Veja: Lorena não vai herdar apenas um crédito ou
um débito, mas toda uma obrigação contratual, com prazos, tipos de tecido,
corte, etc.

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Bruno cedeu a Fábio um crédito


representado em título, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), que
possuía com Caio. Considerando a hipótese acima e as regras sobre cessão
de crédito, assinale a afirmativa correta.
A) Caio não poderá opor a Fábio a exceção de dívida prescrita que, no
momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra Bruno, em
virtude da preclusão.
B) Caso Fábio tenha cedido o crédito recebido de Bruno a Mário e este,
posteriormente, ceda o crédito a Júlio, prevalecerá a cessão de crédito que
se completar com a tradição do título cedido.
C) Bruno, ao ceder a Fábio crédito a título oneroso, não ficará responsável
pela existência do crédito ao tempo em que cedeu, salvo por expressa
garantia.
D) Conforme regra geral disposta no Código Civil, Bruno será obrigado a
pagar a Fábio o valor correspondente ao crédito, caso Caio torne-se
insolvente.
GABARITO: B

11. DA TEORIA DO PAGAMENTO (ARTIGOS 304 A 333 DO CC).

Quem nunca ouviu dizer que o mal pagador paga duas vezes?
Pagar, todos sabemos bem o que é, faz parte do nosso cotidiano efetuar
pagamentos. Mas é importante saber como pagar.
Nesse ponto o Código Civil é bastante didático, explicando (1)
quem deve pagar (artigos 304 a 307 do CC); (2) quem deve receber (artigos
308 a 312 do CC); (3) o objeto do pagamento e a sua prova (artigos 313 a
326 do CC); (4) o lugar do pagamento (artigos 327 a 330 do CC); (5) o tempo
do pagamento (artigos 331 a 333 do CC).

Quem deve pagar? O pagamento deve ser feito pelo devedor. Mas
ele também pode ser feito por um terceiro interessado ou um terceiro não
interessado.
Sobre o devedor, todo mundo já sabia! Agora você precisa saber
quem esses terceiros sobre os quais nós falamos aqui.
Terceiro não interessado Terceiro interessado
Não participa do negócio jurídico e Não participa do negócio jurídico,
não se vincula, nem vincula seu mas se vincula e vincula seu
patrimônio à obrigação. patrimônio à obrigação. Ex.: fiador e
avalista.
Se adimplir com a obrigação em seu Se adimplir com a obrigação no lugar
nome no lugar do devedor terá do devedor terá direito não só ao
direito ao reembolso do valor pago. mero reembolso, mas sim a sub-
DETALHE! Se adimplir com a rogar-se no direito do credor.
obrigação antes do vencimento, só Como assim sub-rogar? Terá direito
terá direito ao reembolso quando a aos juros e demais consectários
obrigação se vencer. legais da obrigação, tal qual teria
direito o credor.

IMPORTANTE! Se o pagamento for feito sem o conhecimento do devedor,


ou sem a vontade desse, sem que o devedor não pudesse contestar o
pagamento, este não terá a obrigação de reembolsar o terceiro.

A quem se deve pagar? O pagamento deve ser feito em favor do


credor ou de quem o represente.
E se o pagamento for feito a quem parecia ser o credor, mas não
era? Nesse caso estamos falando do credor putativo, e o pagamento nessas
condições será considerado válido. Vamos a um exemplo para ficar mais
claro? Manoel, pai de Adriana, é credor de Vitória da quantia de R$ 400,00.
Manoel falece. Vitória, acreditando ser Adriana a única herdeira de Manoel,
paga a dívida devida a esta. No entanto, Manoel tinha outro filho que Vitória
desconhecia. Nesse caso Adriana é credora putativa e o pagamento de Vitória
é considerado válido.

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Jacira mora em um apartamento


alugado, sendo a locação garantida por fiança prestada por seu pai, José.
Certa vez, Jacira conversava com sua irmã Laura acerca de suas dificuldades
financeiras, e declarou que temia não ser capaz de pagar o próximo aluguel
do imóvel. Compadecida da situação da irmã, Laura procurou o locador do
imóvel e, na data de vencimento do aluguel, pagou, em nome próprio, o valor
devido por Jacira, sem oposição desta. Nesse cenário, em relação ao débito
do aluguel daquele mês, assinale a afirmativa correta.
A) Laura, como terceira interessada, sub-rogou-se em todos os direitos que
o locador tinha em face de Jacira, inclusive a garantia fidejussória.
B) Laura, como terceira não interessada, tem apenas direito de regresso em
face de Jacira.
C) Laura, como devedora solidária, sub-rogou-se nos direitos que o locador
tinha em face de Jacira, mas não quanto à garantia fidejussória.
D) Laura, tendo realizado mera liberalidade, não tem qualquer direito em face
de Jacira.
GABARITO: B

O que se deve pagar? O objeto do pagamento é sempre o que for


avençado entre as partes. Essa é a regra de ouro do artigo 313 do CC:

Art. 313. O credor não é obrigado a receber


prestação diversa da que lhe é devida, ainda que
mais valiosa.

Só para frisar bem: NINGUÉM É OBRIGADO A RECEBER


PRESTAÇÃO DIVERSA DA COMBINADA. Se quiser receber, ok, e neste caso
estaremos diante de uma dação em pagamento.

Outro artigo relevante diz respeito às prestações que envolvem


pagamento em dinheiro. Sobre elas trata o artigo 315 do CC

Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas


no vencimento, em moeda corrente e pelo valor
nominal, salvo o disposto nos artigos
subsequentes.
Como será dada a quitação? Sobre a quitação, são relevantes os
artigos 319 e 320 do CC. Vejamos:

Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação


regular, e pode reter o pagamento, enquanto não
lhe seja dada.
Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada
por instrumento particular, designará o valor e a
espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou
quem por este pagou, o tempo e o lugar do
pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu
representante.
Parágrafo único. Ainda sem os requisitos
estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de
seus termos ou das circunstâncias resultar haver
sido paga a dívida.

Para detalhar: o art. 319 do CC vai dizer que o devedor tem direito
ao recibo de quitação, caso contrário terá direito a reter o valor do
pagamento.
Já o art. 320 do CC explica como será confeccionado o recibo de
quitação, o qual deverá conter o valor, a espécie da dívida quitada, o nome
do devedor ou de quem pagou em seu lugar, a data e o local do pagamento,
sendo finalizado com a assinatura do credor ou de seu representante legal.

Onde pagar? Para falar do local do pagamento, é necessário que


você saiba distinguir entre dívida quesível (ou quérable) e dívida portável (ou
portable).
Dívida quesível Dívida Portável
Quando o pagamento ocorre no Quando o pagamento ocorre no
domicílio do devedor domicílio do credor
É A REGRA. Pode ser convencionado entre as
partes

FICA A DICA:
QUESÍVEL – Toc, toc...QUERO meu dinheiro!! (O credor vai até o domicílio do
devedor receber o dinheiro).
PORTÁVEL – Vem aqui! PORTO (de portar/ter em posse) seu recibo! (O credor
espera o devedor em sua casa para receber o dinheiro e entregar o recibo de
quitação).
E se forem escolhidos 2 ou mais lugares para o pagamento? Caberá ao credor
escolher o melhor lugar.

E quando devo pagar? O tempo do pagamento será aquele ajustado


entre as partes. Se as partes, no entanto, não houverem convencionado um
dia específico para o pagamento, o credor poderá exigir o que o devedor lhe
deve de imediato.
Isso é a regra. Mas pode ser que, mesmo havendo uma data certa
para o pagamento, o credor posso exigir antes do vencimento a obrigação.
Isso vai acontecer nas hipóteses expressas no artigo 333 do CC. Vejamos:

Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a


dívida antes de vencido o prazo estipulado no
contrato ou marcado neste Código:
I - no caso de falência do devedor, ou de concurso
de credores;
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem
penhorados em execução por outro credor;
III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes,
as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o
devedor, intimado, se negar a reforçá-las.
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver,
no débito, solidariedade passiva, não se reputará
vencido quanto aos outros devedores solventes.

12. PAGAMENTOS ESPECIAIS

É importante que você conheça as formas especiais de pagamento


antes de enfrentar o seu Exame da Ordem. Separei uma tabela para você
compreender de uma forma mais tranquila. Vamos lá?

Consignação em Pagamento com sub- Imputação do Dação em


pagamento (artigos rogação (artigos 346 pagamento pagamento
334 a 345 do CC) a 351 do CC) (artigos 352 a (artigos 356
355 do CC) a 359 do
CC)
O que é? É o O que é? Ocorre O que é? A O que é? O
pagamento quando o pagamento escolha recebiment
mediante depósito é realizado por realizada pelo o de
judicial ou em terceiro interessado, devedor sobre prestação
estabelecimento o qual se sub-roga qual dívida diversa
bancário da coisa nos direitos do pretende daquela
devida e na forma credor original. pagar. acordada
avençada entre as inicialmente
partes. .

Cabimento: Ocorre quando: Ocorre Ocorre


1. Se o credor 1. O credor paga quando: o quando:
não puder ou, a dívida do devedor tem Você sabe
sem justa devedor mais de um que, como
causa, comum; débito vencido regra, o
recusar 2. O adquirente para com o devedor não
receber o do imóvel mesmo credor. é obrigado a
pagamento, hipotecado receber
ou dar paga ao IMPORTANTE prestação
quitação da credor ! Se o devedor diversa
forma hipotecário, não indicar daquela
devida. bem como o qual das acordada
2. Se o credor terceiro dívidas (art. 313 do
não for, nem interessado pretende CC), mas,
mandar que paga para quitar, a caso queira,
receber a não ser imputação ele pode
coisa no privado do recairá sobre a receber
lugar, tempo direito sobre o dívida líquida coisa
e condição imóvel; que primeiro diversa sim.
devidos 3. Terceiro vencer. Se as Ex.: Ana
(dívida interessado dívidas sobre vendeu à
quesível); paga a dívida líquidas e Rosana uma
3. Se o credor pela qual era vencerem ao calça jeans
for incapaz ou podia ser mesmo tempo, para
de receber, obrigado, no a imputação receber a
for todo ou em far-se-á quantia de
desconhecido parte naquela que R$ 80,00,
, declarado Pode ainda ser for mais no entanto,
ausente, ou convencional: onerosa. aceitou
residir em 1. Quando o receber do
lugar incerto credor recebe Rosana um
ou de acesso o pagamento estojo de
perigoso ou de terceiro e maquiagem
difícil; expressament como forma
4. Se houver e lhe transfere de
dúvida sobre todos os seus pagamento.
quem deva direitos;
legitimament 2. Quando
e receber o terceira
objeto do pessoa
pagamento; empresta ao
5. Se prender devedor a
litígio sobre o quantia
objeto do precisa para
pagamento. solver a
dívida, sob a
condição
expressa de
ficar o
mutuante
sub-rogado
nos direitos do
credor
satisfeito.

Novação (artigos 360 Da compensação Confusão Remissão da


a 367 do CC) (artigos 368 a 380 (artigos dívida
do CC) 381 a 384 (artigos 385 a
do CC) 388 do CC)
O que é? É a extinção O que é? É o O que é? O que é? É
e substituição de uma abatimento de duas Forma de uma forma de
obrigação para a ou mais dívidas, extinção extinção da
criação de nova. uma pela outra. da obrigação
obrigação.
Ocorre quando: Ocorre quando: Ocorre Ocorre
1) Quando o duas pessoas forem quando: a quando: o
devedor ao mesmo tempo mesma credor perdoa
contrai com o credor e devedor pessoa é a dívida e o
credor nova uma da outra. ao mesmo devedor
dívida para IMPORTANTE! tempo aceita o
extinguir e NÃO haverá credora e perdão.
substituir a compensação se o devedora IMPORTANTE!
anterior; valor: na mesma Há a
2) Quando novo 1) For obrigação. necessidade
devedor proveniente de anuência
sucede ao de esbulho, do devedor,
antigo, ficando furto ou ou seja, ele
este quite com roubo; precisa
o credor 2) Se uma se aceitar o
(IMPORTANTE: originou de perdão.
NÃO se trata comodato,
de assunção depósito ou
de dívida, alimentos;
porque aqui, 3) Se uma for
diferente da coisa
transmissão impenhorácel.
das
obrigações,
surge uma
nova
obrigação);
3) Quando, em
virtude da
obrigação
nova, outro
credor é
substituído ao
antigo, ficando
o devedor
quite com este
(IMPORTANTE:
NÃO é o
mesmo que
cessão de
crédito, vez
que aqui,
diferente da
transmissão
das
obrigações,
surge uma
nova
obrigação).

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! João é locatário de um imóvel


residencial de propriedade de Marcela, pagando mensalmente o aluguel por
meio da entrega pessoal da quantia ajustada. O locatário tomou ciência do
recente falecimento de Marcela ao ler “comunicação de falecimento”
publicada pelos filhos maiores e capazes de Marcela, em jornal de grande
circulação. Marcela, à época do falecimento, era viúva. Aproximando-se o dia
de vencimento da obrigação contratual, João pretende quitar o valor
ajustado. Todavia, não sabe a quem pagar e sequer tem conhecimento sobre
a existência de inventário. De acordo com os dispositivos que regem as regras
de pagamento, assinale a afirmativa correta.
A) João estará desobrigado do pagamento do aluguel desde a data do
falecimento de Marcela.
B) João deverá proceder à imputação do pagamento, em sua integralidade,
a qualquer dos filhos de Marcela, visto que são seus herdeiros.
C) João estará autorizado a consignar em pagamento o valor do aluguel aos
filhos de Marcela.
D) João deverá utilizar-se da dação em pagamento para adimplir a obrigação
junto aos filhos maiores de Marcela, estando estes obrigados a aceitar.
GABARITO:C

13. DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES (ARTIGOS 389


A 420 DO CC)

Fala-se em inadimplemento quando não há o cumprimento da


obrigação, seja ela de pagar, dar coisa, certa, fazer ou não fazer.
Nesse caso, o devedor deverá arcar com as perdas e danos,
acrescida de juros, atualização monetária e os honorários advocatícios,
respondendo todos os bens do devedor.

IMPORTANTE! Em caso de inadimplemento em decorrência de caso


fortuito ou de força maior que o devedor não tenha dado causa, este, em
regra, não será responsabilizado, exceto se o devedor estiver em mora
(atrasado) caso em que responderá pelo inadimplemento decorrente de caso
fortuito ou força maior.
É relevante que você saiba de alguns conceitos fundamentais
relacionados ao tema. São eles:
a) Mora (artigos 394 a 401 do CC): é a demora no adimplemento
da obrigação. Pode ocorrer quando o credor deixa de pagar a
coisa ou o devedor deixa de receber na data e modo avençados.
Sobre a mora do devedor, alguns artigos do Código Civil são
relevantes:

Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que


sua mora der causa, mais juros, atualização dos
valores monetários segundo índices oficiais
regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado.
Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se
tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e
exigir a satisfação das perdas e danos.
Art. 396. Não havendo fato ou omissão imputável
ao devedor, não incorre este em mora.
Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva
e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito
em mora o devedor.
Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se
constitui mediante interpelação judicial ou
extrajudicial.
Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito,
considera-se o devedor em mora, desde que o
praticou.
Art. 399. O devedor em mora responde pela
impossibilidade da prestação, embora essa
impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força
maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo
se provar isenção de culpa, ou que o dano
sobreviria ainda quando a obrigação fosse
oportunamente desempenhada.
Se o devedor deu causa à mora, deverá responder pelos prejuízos
que causou, além das perdas e danos acrescidas dos consectários legais
(juros, correção monetária e honorários advocatícios).
Se por conta da mora a coisa se inutilizou ao credor, este poderá
rejeitá-la e exigir as perdas e danos. Ex.: Gissele fez encomenda de doces
junto à empresa Doces Mais Doces para a festa de aniversário de sua filha,
Ana, que ocorreria no dia 02/02/2020. A empresa devedora, no entanto,
deixou de realizar a entrega devida, vindo a deixar os doces na casa de
Gissele apenas no dia 03/02/2020 quando não havia mais festa nem
convidados. Nesse caso a coisa se tornou inútil a Gissele, que ao invés dos
doces poderá exigir as perdas e danos.
Se não houver culpa do devedor pela mora, ou esta se der como
fato fortuito ou de força maior, o devedor não arcará com as perdas e danos.

IMPORTANTE! Se o caso fortuito ou de força maior ocorrer quando


o devedor já estiver em mora, este responderá sim pelas perdas e danos.
Ex.: Adriano prometeu entregar um cavalo a João Paulo no dia 07/03/2020 e
não o fez. No dia 09/03/2020 um raio caio sobre o cavalo enquanto este
pastava, ceifando sua vida. Nesse caso, apesar do caso fortuito ou de força
maior, Adriano responderá pelas perdas e danos vez que já estava em mora
com a sua obrigação.

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Joana deu seu carro a Lúcia, em


comodato, pelo prazo de 5 dias, findo o qual Lúcia não devolveu o veículo.
Dois dias depois, forte tempestade danificou a lanterna e o parachoque
dianteiro do carro de Joana. Inconformada com o ocorrido, Joana exigiu que
Lúcia a indenizasse pelos danos causados ao veículo. Diante do fato narrado,
assinale a afirmativa correta.
A) Lúcia incorreu em inadimplemento absoluto, pois não cumpriu sua
prestação no termo ajustado, o que inutilizou a prestação para Joana.
B) Lúcia não está em mora, pois Joana não a interpelou, judicial ou
extrajudicialmente.
C) Lúcia deve indenizar Joana pelos danos causados ao veículo, salvo se
provar que os mesmos ocorreriam ainda que tivesse adimplido sua prestação
no termo ajustado.
D) Lúcia não responde pelos danos causados ao veículo, pois foram
decorrentes de força maior
GABARITO: C

Outras duas hipóteses merecem relevo: 1) quando não foi


avençado dada para pagamento; 2) quando a obrigação for originada de ato
ilícito. No primeiro caso, o credor pode cobrar a dívida a qualquer tempo, mas
a mora só se fará após interpelação judicial ou extrajudicial. No segundo caso,
vamos dar um exemplo: Guilherme furtou a quantia de R$ 2.000,00 de
Alcione. Assim, além de cumprir a pena devida pelo crime cometido, deverá
indenizar a vítima do valor subtraído. A mora de tal ressarcimento ocorrerá
desde a prática do delito.
E quando a mora é do credor?

Art. 400. A mora do credor subtrai o devedor isento


de dolo à responsabilidade pela conservação da
coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas
empregadas em conservá-la, e sujeita-o a recebê-
la pela estimação mais favorável ao devedor, se o
seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o
pagamento e o da sua efetivação.

Se a culpa da mora recair sobre o credor por este não ter recebido
a obrigação da forma e tempo avençados, o devedor não arcará com as
perdas e danos e seus consectários legais. Ainda importante frisar que se o
devedor precisar ter qualquer gasto para conservar a coisa durante a mora
do devedor, o credor deverá ressarcir o devedor pelas despesas de
conservação. Ex.: Magali se obrigou a entregar uma vaca a Antônio, mas este
não quis receber na data e modo avençados. Tendo a vaca adoecido durante
a mora de Antônio, Magali precisou arcar com as despesas para a melhora do
animal. Nesse caso, Antônio deverá ressarcir Magali das despesas que está
teve para conservar a vaca.
E como a mora é purgada? Quando a mora for do devedor, quando
este adimplir com a obrigação, arcando com as perdas e danos e demais
consectários legais. Quando for do credor, quando receber a obrigação,
sujeitando-se aos efeitos da sua mora.

b) Perdas e danos (artigos 402 a 405 do CC)

Repetimos por várias vezes o termo perdas e danos. Mas o que é?


É aquilo que, em decorrência da mora, perdeu-se (dano emergente) e o que
razoavelmente se deixou de ganhar (lucros cessantes).
Nas obrigações de pagar em dinheiro, as perdas e danos serão
pagas com juros de mora, atualização monetária e honorários advocatícios,
sem prejuízo das penas convencionadas previamente entre as partes (art.
404 do CC).

ARTIGO IMPORTANTE PARA A VIDA! Art. 405. Contam-se os juros


de mora desde a citação inicial.

c) Juros Legais (artigos 406 e 407 do CC)

É uma espécie de fruto. Consiste na remuneração paga por um


valor empregado. Seu valor pode ser assim convencionado entre as partes
ou estipulado pelo índice vigente no mercado.

d) Cláusula Penal (artigos 408 a 416 do CC)


É uma obrigação acessória estipulado entre as partes quando da
celebração do negócio jurídico principal ou em momento posterior. Consiste
em uma penalidade imposta para o caso de inadimplemento do devedor de
uma cláusula específica ou da obrigação inteira.
Por ser acessória, seu valor não pode ultrapassar a quantia
estipulada na obrigação principal. Pode ser compensatória ou moratória.

Cláusula penal compensatória Cláusula penal moratória


Estipulada quando há inexecução Estipulada quando há atraso no
total ou parcial da obrigação, como cumprimento da obrigação (mora).
forma de prefixar as perdas e danos. Fala-se aqui em inadimplemento
Fala-se aqui em inadimplemento relativo.
absoluto.

Ex.: Aline tomou emprestado de Elsa a quantia de R$ 10.000,00.


Ficou avençado entre as partes que, em caso de mora, Aline pagaria a quantia
originária, acrescida do valor de R$ 500,00 – Cláusula penal moratória.
Ex.: Ana deve entregar a Moana uma galinha. Ficou avençado entre
as partes que, em caso de não entrega, Moana pagaria a Ana a quantia de
R$ 40,00 – Cláusula Penal compensatória.

e) Arras ou sinal (artigos 417 a 420 do CC)

É uma espécie de entrada paga quando da celebração de um


negócio jurídico. Ela deverá ser incorporada ao valor principal, abatendo o
valor total da dívida, ou devolvida ou devedor quando adimplida ou resolvida
a obrigação.
Ex.: Marilse comprou um carro para sua filha Sandra, dando a
quantia de R$ 20.000,00 como sinal à vendedora, Suely. Os R$ 20.000,00,
na condição de arras, foram abatidos do valor total do veículo de R$
30.000,00, devendo Marilse arcar apenas com o que falta, R$ 10.000,00.

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Lucas, interessado na aquisição


de um carro seminovo, procurou Leonardo, que revende veículos usados. Ao
final das tratativas, e para garantir que o negócio seria fechado, Lucas pagou
a Leonardo um percentual do valor do veículo, a título de sinal. Após a
celebração do contrato, porém, Leonardo informou a Lucas que, infelizmente,
o carro que haviam negociado já havia sido prometido informalmente para
um outro comprador, velho amigo de Leonardo, motivo pelo qual Leonardo
não honraria a avença. Frustrado, diante do inadimplemento de Leonardo,
Lucas procurou você, como advogado(a), para orientá-lo. Nesse caso,
assinale a opção que apresenta a orientação dada.
A) Leonardo terá de restituir a Lucas o valor pago a título de sinal, com
atualização monetária, juros e honorários de advogado, mas não o seu
equivalente.
B) Leonardo terá de restituir a Lucas o valor pago a título de sinal, mais o
seu equivalente, com atualização monetária, juros e honorários de advogado.
C) Leonardo terá de restituir a Lucas apenas metade do valor pago a título
de sinal, pois informou, tão logo quanto possível, que não cumpriria o
contrato.
D) Leonardo não terá de restituir a Lucas o valor pago a título de sinal, pois
este é computado como início de pagamento, o qual se perde em caso de
inadimplemento.
GABARITO: B

Ufa! Terminamos Direito Obrigacional. Pegue um café, sente


direitinho aí na cadeira a bora falar agora de um assunto novo: CONTRATOS.
Espero você!
Assunto novo na área e agora é a vez de falarmos sobre Contratos.
Pare tudo o que você está fazendo aí para anotar esta informação: a OAB já
cobrou 34 questões sobre o referido assunto.
Então é hora de você pegar seu lápis de cor rosa para marcarmos
vários artigos no seu vade mecum sobre contratos.
Ah! Caso seu coração se angustie com alguma dúvida, não esqueça
que eu estou aqui, viu? Corra lá no meu instagram @laradecastro_ e me
mande o seu questionamento. Prometo que ainda hoje você terá uma resposta
minha!
Bora começar!

14. CONTRATOS (ARTIGOS 421 A 926 DO CC)

O contrato é um acordo de vontades convencionado entre duas


partes.
Eu sei que estamos falando de uma gama grande de artigos e que
seu tempo é exíguo. Nossa função é tornar sua trajetória mais tranquila de
forma inteligente. Assim, vamos focar nos artigos que a FGV cobra com mais
frequência, o que NÃO te exime de dar uma lida em todos os artigos relativos
à matéria. Vamos lá?

a) Principais princípios contratuais

É preciso que você saiba alguns princípios relevantes relativo ao


direito contratual.
1) Princípio da autonomia da vontade: as partes são livres para
convencionar os contratos da forma que lhes aprouver. Vigora a regra
de que as partes podem tudo, exceto aquilo que a Lei venha a proibir
expressamente.

2) Princípio da obrigatoriedade (pacta sunt servanda): o contrato obriga


as partes. Assim, elas devem cumprir com o que foi avençado, sob
pena de arcar com as penas convencionadas e legais.

IMPORTANTE TEMA RELACIONADO AO COVID-19! A


obrigatoriedade dos contratos poderá ser relativizada pela teoria da
imprevisão (rebus sic stantibus). Se as condições para o cumprimento do
contrato não forem as mesmas convencionados há época da celebração
contratual, o contrato poderá ser revisado para que não onere
demasiadamente quaisquer das partes. Foi exatamente isso que aconteceu
em diversos contratos celebrados diante da pandemia do COVID-19, em que
as circunstâncias eram atípicas e ensejaram a revisão contratual, para não
onerar nenhuma das partes.

3) Princípio da eficácia relativa dos contratos: o contrato só tem eficácia


entre as partes que o celebraram, não podendo vincular terceiros que
nada tenham a ver com as cláusulas estabelecidas.
4) Princípio do valor social do contrato: apesar de o contrato ter eficácia
sobre entre as partes, principalmente após a égide da Constituição de
1988, é importante que o contrato possua um valor social, que
beneficie a sociedade.

b) Dos vícios redibitórios (artigos 441 a 446 do CC)

Consistem em vícios ou defeitos ocultos da coisa objeto do


contrato, que a tornam imprópria para uso a que se destina, ou diminuem
seu valor.
Vícios Defeitos
Aquilo que diminui o valor ou Aquilo que diminui o valor ou
inutiliza a coisa sem, no entanto, inutiliza a coisa, causando prejuízo à
causar prejuízo à integridade física integridade física do destinatário.
do destinatário.

Nesse caso, o adquirente pode receber a coisa com o abatimento


do valor, ou rejeitá-la exigindo perdas e danos.
Também é importante ver a situação do lado do alienante: se ele
conhecia o vício, arcará com as perdas e danos; se não conhecia, apenas
restituirá o valor recebido, acrescido das despesas contratuais.
O Código Civil trata dos prazos em que o devedor poderá reclamar
o vício ou defeito oculto nos artigos 445 e 446 do CC:

Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a


redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta
dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel,
contado da entrega efetiva; se já estava na posse,
o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
§ 1º Quando o vício, por sua natureza, só puder ser
conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do
momento em que dele tiver ciência, até o prazo
máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de
bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
§ 2º Tratando-se de venda de animais, os prazos
de garantia por vícios ocultos serão os
estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta,
pelos usos locais, aplicando-se o disposto no
parágrafo antecedente se não houver regras
disciplinando a matéria.
Art. 446. Não correrão os prazos do artigo
antecedente na constância de cláusula de garantia;
mas o adquirente deve denunciar o defeito ao
alienante nos trinta dias seguintes ao seu
descobrimento, sob pena de decadência.

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Juliana, por meio de contrato


de compra e venda, adquiriu de Ricardo, profissional liberal, um carro
seminovo (30.000km) da marca Y pelo preço de R$ 24.000,00. Ficou
acertado que Ricardo faria a revisão de 30.000km no veículo antes de
entregá-lo para Juliana no dia 23 de janeiro de 2017. Ricardo, porém,
não realizou a revisão e omitiu tal fato de Juliana, pois acreditava que
não haveria qualquer problema, já que, aparentemente, o carro
funcionava bem. No dia 23 de fevereiro de 2017, Juliana sofreu acidente
em razão de defeito no freio do carro, com a perda total do veículo. A
perícia demostrou que a causa do acidente foi falha na conservação do
bem, tendo em vista que as pastilhas do freio não tinham sido trocadas
na revisão de 30.000km, o que era essencial para a manutenção do
carro. Considerando os fatos, assinale a afirmativa correta.
A) Ricardo não tem nenhuma responsabilidade pelo dano sofrido por
Juliana (perda total do carro), tendo em vista que o carro estava
aparentemente funcionando bem no momento da tradição.
B) Ricardo deverá ressarcir o valor das pastilhas de freio, nada tendo a
ver com o acidente sofrido por Juliana.
C) Ricardo é responsável por todo o dano sofrido por Juliana, com a
perda total do carro, tendo em vista que o perecimento do bem foi
devido a vício oculto já existente ao tempo da tradição.
D) Ricardo deverá ressarcir o valor da revisão de 30.000km do carro,
tendo em vista que ela não foi realizada conforme previsto no contrato.
GABARITO: C
c) Da evicção (artigos 447 a 457 do CC)

Trata-se da perda da posse ou da propriedade de um bem por uma


pessoa em decorrência de uma decisão judicial ou apreensão administrativa.
Antes de te dar um exemplo para que você melhor compreenda, é
importante que você conheça os sujeitos que participam da evicção:
1) Alienante: é aquela que transmite a posse ou a propriedade do bem a
outrem;
2) Evicto: é aquele que adquire a posse ou propriedade do bem e a perda
pela decisão judicial.
3) Evictor: é o terceiro que promove a evicção.

Vamos ao nosso exemplo: Joaquim (alienante) vendeu um veículo


a José (evicto) pelo valor de R$ 40.000,00. Ocorre que Joaquim não era o
real proprietário do carro, sendo o automóvel em verdade de Heitor (evictor).
Sabendo da Heitor da alienação realizada sem a sua vontade, este reclama
judicialmente sua propriedade sobre o bem. O juiz reconhece a propriedade
do bem de Heitor e determina que Joaquim devolva o bem a este.

E agora? José ficará no prejuízo? Como regra, NÃO. Ele terá direito
a restituição do valor pago, que será realizada, obviamente, por Joaquim,
AINDA QUE A COISA ESTEJA DETERIORADA. Isso é o que dispõe o artigo 450
do CC:

Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem


direito o evicto, além da restituição integral do
preço ou das quantias que pagou:
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado
a restituir;
II - à indenização pelas despesas dos contratos e
pelos prejuízos que diretamente resultarem da
evicção;
III - às custas judiciais e aos honorários do
advogado por ele constituído.
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou
parcial, será o do valor da coisa, na época em que
se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no
caso de evicção parcial.

O evicto só não terá direito à restituição do preço que pagou se


sabia da possibilidade da evicção e mesmo sendo informado assumiu os
riscos.

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! José celebrou com Maria um


contrato de compra e venda de imóvel, no valor de R$100.000,00, quantia
paga à vista, ficando ajustada entre as partes a exclusão da responsabilidade
do alienante pela evicção. A respeito desse caso, vindo a adquirente a perder
o bem em decorrência de decisão judicial favorável a terceiro, assinale a
afirmativa correta.
A) Tal cláusula, que exonera o alienante da responsabilidade pela evicção, é
vedada pelo ordenamento jurídico brasileiro.
B) Não obstante a cláusula de exclusão da responsabilidade pela evicção, se
Maria não sabia do risco, ou, dele informada, não o assumiu, deve José
restituir o valor que recebeu pelo bem imóvel.
C) Não obstante a cláusula de exclusão da responsabilidade pela evicção,
Maria, desconhecendo o risco, terá direito à dobra do valor pago, a título de
indenização pelos prejuízos dela resultantes.
D) O valor a ser restituído para Maria será aquele ajustado quando da
celebração do negócio jurídico, atualizado monetariamente, sendo irrelevante
se tratar de evicção total ou parcial.
GABARITO: B

d) Formas de extinção do contrato

Distrato (artigos Cláusula Exceção do Resolução por


472 a 473 do CC) Resolutiva Contrato não Onerosidade
(artigos 474 a Cumprido Excessiva
475 do CC) (artigos 476 a (artigos 478 a
477 do CC) 480 do CC)
Ocorre o fim do É a prerrogativa É a prerrogativa Ocorre nos
contrato por que a parte de uma parte contratos de
vontade de uma lesada pelo tem de se negar prestação
das partes inadimplemento a cumprir sua continuada. É o
(resilição contratual tem parte no contrato caso em que, em
unilateral) ou de extinguir o se a outra não virtude de
pela vontade de contrato. cumpriu a que acontecimentos
ambas (distrato IMPORTANTE! lhe cabia ou se a extraordinários
propriamente A parte pode chances que não ou imprevistos, o
dito). No caso da tanto resolver o a cumpra. contrato se trata
resilição contrato como Ex.: Mariana excessivamente
unilateral há exigir seu prometeu oneroso a um
necessidade de cumprimento e o entregar seu das partes,
notificação da pagamento de celular a Virgínia podendo esta
outra parte. perdas e danos em troca da extinguir o
quantia de R$ contrato.
1.000,00. RECORDAR É
Sabendo que VIVER! Aqui
Mariana foi devemos
assaltada, sendo recordar a
levados dela cláusula rebus
todos os seus sic stantibus,
pertences, podendo, à
Virgínia se nega escolha da parte
a realizar o lesada, ao invés
pagamento. de se extinguir o
contrato, ser
este revisado.

e) Espécies de contrato

Como diz o próprio Código Civil, são várias as espécies de contrato,


mas, seguindo a nossa sistemática, a FGV tem concentrado suas forças
nesses últimos anos a dois contratos específicos: contrato de compra e venda
e contrato de doação. Por isso, a seguir, trataremos apenas dessas duas
espécies de contratos, mas isso não exime você de fazer a leitura das demais
espécies contratuais, ok?

1) Contrato de compra e venda (artigos 481 a 537 do CC)

A definição está no artigo 481 do CC, sendo o contrato de compra


e venda aquele pelo qual “um dos contratantes se obriga a transferir o
domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro”.
Artigo importante:

Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges,


com relação a bens excluídos da comunhão.

Alguns conceitos relevantes:


a) Retrovenda: é uma espécie de cláusula de arrependimento, em que o
vendedor pode, dentro de um prazo avençado entre as partes de até
3 anos, reaver a coisa vendida pelo mesmo preço que por ela recebeu
(artigos 505 a 508 do CC);
JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Flávia vendeu para Quitéria
seu apartamento e incluiu, no contrato de compra e venda, cláusula
pela qual se reservava o direito de recomprá-lo no prazo máximo de 2
(dois) anos. Antes de expirado o referido prazo, Flávia pretendeu
exercer seu direito, mas Quitéria se recusou a receber o preço. Sobre
o fato narrado, assinale a afirmativa correta.
A) A cláusula pela qual Flávia se reservava o direito de recomprar o
imóvel é ilícita e abusiva, uma vez que Quitéria, ao se tornar
proprietária do bem, passa a ter total e irrestrito poder de disposição
sobre ele.
B) A cláusula pela qual Flávia se reservava o direito de recomprar o
imóvel é válida, mas se torna ineficaz diante da justa recusa de
Quitéria em receber o preço devido.
C) A disposição incluída no contrato é uma cláusula de preferência, a
impor ao comprador a obrigação de oferecer ao vendedor a coisa, mas
somente quando decidir vendêla.
D) A disposição incluída no contrato é uma cláusula de retrovenda,
entendida como o ajuste por meio do qual o vendedor se reserva o
direito de resolver o contrato de compra e venda mediante pagamento
do preço recebido e das despesas, recuperando a coisa imóvel.
GABARITO: D

b) Preempção ou Preferência: definição é trazida no artigo 513 do CC.


Consiste na cláusula pela qual alguém assume a obrigação de dar
preferência a outrem na venda de determinada coisa (artigos 513 a
520 do CC).
JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Marcelo firmou com Augusto
contrato de compra e venda de imóvel, tendo sido instituindo no
contrato o pacto de preempção. Acerca do instituto da preempção,
assinale a afirmativa correta.
A) Trata-se de pacto adjeto ao contrato de compra e venda em que
Marcelo se reserva ao direito de recobrar o imóvel vendido a Augusto
no prazo máximo de 3 anos, restituindo o preço recebido e
reembolsando as despesas do comprador.
B) Trata-se de pacto adjeto ao contrato de compra e venda em que
Marcelo impõe a Augusto a obrigação de oferecer a coisa quando
vender, ou dar em pagamento, para que use de seu direito de prelação
na compra, tanto por tanto.
C) Trata-se de pacto adjeto ao contrato de compra e venda em que
Marcelo reserva para si a propriedade do imóvel até o momento em
que Augusto realize o pagamento integral do preço.
D) Trata-se de pacto adjeto ao contrato de compra e venda em que
Marcelo, enquanto constituir faculdade de
GABARITO: B

c) Venda com reserva de domínio: consiste no fato de vendedor


conservar para si a propriedade do bem até que o devedor realize todo
o pagamento. Nesse caso, fica o comprador com a posse direta do
bem, mas não detém a propriedade até o integral pagamento. Se não
houver pagamento a propriedade retorna plenamente ao vendedor
(artigos 521 a 582 do CC).
d) Compra e venda entre ascendente e descendente (artigo 496 CC): É
legítimo o contrato de compra e venda celebrado entre ascendente e
descendente se os demais descendentes e o cônjuge do alienante
expressamente houverem consentido, dispensando -se o
consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação
obrigatória. A ausência do consentimento quando era ele necessário
faz o negócio jurídico ser anulável no prazo de 2 anos.

FICA A DICA:O contrato de doação de ascendente para descendente


NÃO NECESSITA do referido consentimento, importando apenas em
adiantamento da legítima.

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Antônio, divorciado,


proprietário de três imóveis devidamente registrados no RGI, de
valores de mercado semelhantes, decidiu transferir onerosamente um
de seus bens ao seu filho mais velho, Bruno, que mostrou interesse na
aquisição por valor próximo ao de mercado. No entanto, ao consultar
seus dois outros filhos (irmãos do pretendente comprador), um deles,
Carlos, opôs-se à venda. Diante disso, bastante chateado com a
atitude de Carlos, seu filho que não concordou com a compra e venda
do imóvel, decidiu realizar uma doação a favor de Bruno. Em face do
exposto, assinale a afirmativa correta.
A) A compra e venda de ascendente para descendente só pode ser
impedida pelos demais descendentes e pelo cônjuge, se a oposição for
unânime.
B) Não há, na ordem civil, qualquer impedimento à realização de
contrato de compra e venda de pai para filho, motivo pelo qual a
oposição feita por Carlos não poderia gerar a anulação do negócio.
C) Antônio não poderia, como reação à legítima oposição de Carlos,
promover a doação do bem para um de seus filhos (Bruno), sendo tal
contrato nulo de pleno direito.
D) É legítima a doação de ascendentes para descendente,
independentemente da anuência dos demais, eis que o ato importa
antecipação do que lhe cabe na herança.
GABARITO: D
2) Da doação (artigos 538 a 564 do CC)

A doação é um ato de liberalidade por meio do qual alguém dispõe


de determinado bem em favor de outrem. Enquanto as partes no contrato de
compra e venda são vender (alienante), comprar (alienatário), no contrato
de compra e venda temos o doador (quem doa) e o donatário (quem recebe
a doação).
Alguns artigos importantes para você ler e marcar de rosa no seu
vade mecum:

Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo


aceita pelo seu representante legal.
Art. 543. Se o donatário for absolutamente incapaz,
dispensa-se a aceitação, desde que se trate de
doação pura.
Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes,
ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento
do que lhes cabe por herança.
Art. 545. A doação em forma de subvenção
periódica ao beneficiado extingue-se morrendo o
doador, salvo se este outra coisa dispuser, mas não
poderá ultrapassar a vida do donatário.
Art. 546. A doação feita em contemplação de
casamento futuro com certa e determinada pessoa,
quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a
um deles, a ambos, ou aos filhos que, de futuro,
houverem um do outro, não pode ser impugnada
por falta de aceitação, e só ficará sem efeito se o
casamento não se realizar.
Art. 547. O doador pode estipular que os bens
doados voltem ao seu patrimônio, se sobreviver ao
donatário.
Parágrafo único. Não prevalece cláusula de
reversão em favor de terceiro.
Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem
reserva de parte, ou renda suficiente para a
subsistência do doador.
Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte
que exceder à de que o doador, no momento da
liberalidade, poderia dispor em testamento.

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Marcelo, brasileiro, solteiro,


advogado, sem que tenha qualquer impedimento para doar a casa de
campo de sua livre propriedade, resolve fazê-lo, sem quaisquer ônus ou
encargos, em benefício de Marina, sua amiga, também absolutamente
capaz. Todavia, no âmbito do contrato de doação, Marcelo estipula
cláusula de reversão por meio da qual o bem doado deverá se destinar
ao patrimônio de Rômulo, irmão de Marcelo, caso Rômulo sobreviva à
donatária. A respeito dessa situação, é correto afirmar que
(A) diante de expressa previsão legal, não prevalece a cláusula de
reversão estipulada em favor de Rômulo.
(B) no caso, em razão de o contrato de doação, por ser gratuito,
comportar interpretação extensiva, a cláusula de reversão em favor de
terceiro é válida.
(C) a cláusula em exame não é válida em razão da relação de parentesco
entre o doador, Marcelo, e o terceiro beneficiário, Rômulo.
(D) diante de expressa previsão legal, a cláusula de reversão pode ser
estipulada em favor do próprio doador ou de terceiro beneficiário por
aquele designado, caso qualquer deles, nessa ordem, sobreviva ao
donatário.
GABARITO: A

Última coisa! Prometo... É importante que você saiba que a doação


pode ser revogada por não cumprimento do encargo ou e, caso de ingratidão
do donatário. As hipóteses de ingratidão estão descritas no artigo 557 do CC:

Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as


doações:
I - se o donatário atentou contra a vida do doador
ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele;
II - se cometeu contra ele ofensa física;
III - se o injuriou gravemente ou o caluniou;
IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os
alimentos de que este necessitava.

RECORDAR É VIVER! Você se lembra o que é encargo? É uma das


condições de eficácia do negócio jurídico. Tal figura é muito presente aqui,
no contrato de doação, vez que em determinado contratos de doação, para
que esta se implemente, é imposto ao donatário um determinado encargo.
Ex.: Maria Augusta doará quantia em dinheiro para o orfanato mantido por
Sílvia apenas de esta fizer uma sala de recreação para as crianças.

Acabamos Direito Contratual!


Eu sei, eu sei... a essa altura você deve estar começando a ficar
um pouco cansado. Sabe qual a solução? Descanse, mas não desista. A
solução para o cansaço não é desistir, é apenas descansar. Tire uns
minutinhos para tomar um ar puro, respirar fundo e volte com energia total
para continuarmos a nossa programação. Espero você para falarmos nas
próximas páginas de Responsabilidade Civil. Até lá!
Pensa em um tema beeeeem tranquilo de ser compreendido? Isso
mesmo, responsabilidade civil. A OAB já cobrou esse assunto cerca de 20
vezes e se ele aparecer na sua prova, apenas sorria, porque você,
certamente, acertará a questão.
Pegue o lápis de cor roxo para marcar os artigos relacionados a
responsabilidade civil, pregue na porta do seu quarto um bilhete dizendo: “Só
entre se estiver ocorrendo um incêndio”, largue o celular e vamos concentrar
que eu estou bem animada para te ensinar este conteúdo.
-Ah, professora, eu não estou animado não...
Não atormente minha alma com desânimo hora dessa. Imagine
você aprovado na prova da OAB, advogando no seu próprio escritório todo
de porcelanato, recebendo lá aquela pessoa que não acreditou em você.
Agora você animou, né? Sabia... eu te conheço. Bora, criatura!

15. Da Responsabilidade Civil

Um dos temas mais próximos da realidade de todos, acredito eu


que seja a responsabilidade civil. Certamente você já sofreu ou já ouviu
alguém dizer que sofreu determinado dano sujeito à reparação.
Pois bem. A responsabilidade vem a disciplinar as hipóteses em
que houve um determinado dano decorrente de um ato e este deve ser
reparado por quem a provocou.
Assim, os elementos da responsabilidade civil são:
*Conduta
*Nexo Causal
*Dano
*Culpa
Vale ressaltar que para o Código Civil a regra é a responsabilidade
civil subjetiva, ou seja, a que depende de incidência de culpa para existir
responsabilização. Todavia, em caráter excepcional, há casos em que a Lei
autoriza a responsabilidade civil objetiva, que é a que independe de culpa
para existir responsabilização e são essas exceções que a prova gosta de
cobrar.
FICA A DICA: Nos casos de responsabilidade de ato praticado por
incapaz, do dono do animal, do empregador e de objetos lançados, a
responsabilidade civil é objetiva, ou seja, de toda forma haverá
responsabilização, ainda que não tenha existido culpa.
A FGV tem uma tendência de exigir alguns artigos específicos,
sobre os quais vamos nos debruçar de forma mais intensa. Mas isso não o(a)
exime de não ler dos demais dispositivos atinentes à matéria. Vamos ver de
onde a FGV tem retirado a maior parte de suas questões?

Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que


causar, se as pessoas por ele responsáveis não
tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de
meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste
artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se
privar do necessário o incapaz ou as pessoas que
dele dependem.

O artigo 928 do CC disciplina os casos em que pessoas incapazes


cometerão qualquer ilícito que desencadeará o dever de reparação civil por
meio de indenização. Nesse caso, como regra, caberá aos responsáveis pelo
incapaz o dever de indenizar. A obrigação apenas recairá sobre o próprio
incapaz se seus pais ou responsáveis não puderem fazê-lo.
JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Fernando, 15 anos, mora com seus
pais Ana e Aluísio, grandes empresários, titulares de vultoso patrimônio, e
utiliza com frequência as redes sociais. Em seu perfil pessoal em certa rede
social, realiza vídeos em que comenta a vida privada de seus colegas de
escola, ofendendo-os e atribuindo-lhes apelidos constrangedores. Sobre o
caso apresentado, em eventual ação de indenização por danos morais,
assinale a afirmativa correta.
A) Será responsável o menor, na forma subjetiva.
B) Apenas será responsável o menor caso este seja titular de patrimônio
suficiente, na forma objetiva.
C) Serão responsáveis os pais do menor, na forma subjetiva.
D) Serão responsáveis os pais do menor, caso este não tenha condições de
fazê-lo, na forma objetiva.
GABARITO: D

ATUALIDADE! Faz tempo que a FGV não tem exigido em seus


exames o teor do artigo 931 do CC. Mas, em decorrência do caso
contemporâneo da empresa responsável pela produção da cerveja Backer, é
importante memorar a redação do mencionado artigo:

Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei


especial, os empresários individuais e as empresas
respondem independentemente de culpa pelos
danos causados pelos produtos postos em
circulação.

Continuando aos artigos recorrentes:

Art. 932. São também responsáveis pela reparação


civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob
sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados,
que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus
empregados, serviçais e prepostos, no exercício do
trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou
estabelecimentos onde se albergue por dinheiro,
mesmo para fins de educação, pelos seus
hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos
produtos do crime, até a concorrente quantia.
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do
artigo antecedente, ainda que não haja culpa de
sua parte, responderão pelos atos praticados pelos
terceiros ali referidos.

É importante que você memorize os incisos de I a V dispostos no


artigo 932 do CC.

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! João, empresário individual, é


titular de um estabelecimento comercial que funciona em loja alugada em um
shoppingcenter movimentado. No estabelecimento, trabalham o próprio João,
como gerente, sua esposa, como caixa, e Márcia, uma funcionária contratada
para atuar como vendedora. Certo dia, Miguel, um fornecedor de produtos da
loja, quando da entrega de uma encomenda feita por João, foi recebido por
Márcia e sentiu-se ofendido por comentários preconceituosos e
discriminatórios realizados pela vendedora. Assim, Miguel ingressou com
ação indenizatória por danos morais em face de João. A respeito do caso
narrado, assinale a afirmativa correta.
A) João não deve responder pelo dano moral, uma vez que não foi causado
direta e imediatamente por conduta sua.
B) João pode responder apenas pelo dano moral, caso reste comprovada sua
culpa in vigilando em relação à conduta de Márcia.
C) João pode responder apenas por parte da compensação por danos morais
diante da verificação de culpa concorrente de terceiro.
D) João deve responder pelos danos causados, não lhe assistindo alegar culpa
exclusiva de terceiro.
GABARITO: D

Art. 935. A responsabilidade civil é independente da


criminal, não se podendo questionar mais sobre a
existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor,
quando estas questões se acharem decididas no
juízo criminal.
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá
o dano por este causado, se não provar culpa da
vítima ou força maior.

Sobre o artigo 935 do CC é importante distinguir duas situações.


Numa primeira, a vítima de um ato criminoso pode, antes do trânsito em
julgado da sentença penal condenatória, ajuizar ação cível para a reparação
dos danos provenientes do ato criminoso: neste caso, poderá ser discutida,
no curso da ação, a materialidade e a autoria dos fatos. Num segundo
contexto, após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, a
vítima pode requerer a indenização pelos danos ocasionados, sem contudo
poder discutir mais a autoria e a materialidade delitiva.
E o artigo 936 do CC vai tratar dos danos causados por animais. É
o caso do meu cachorro SALAME, lembra? Nesse caso, o seu dono deverá
ressarcir tais danos. Mas o artigo traz a responsabilidade também ao detentor
(adestrador, veterinário, etc), alguém que esteja com o animal por um curto
intervalo de tempo.

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Daniel, morador do Condomínio


Raio de Luz, após consultar a convenção do condomínio e constatar a
permissão de animais de estimação, realizou um sonho antigo e adquiriu um
cachorro da raça Beagle. Ocorre que o animal, muito travesso, precisou dos
serviços de um adestrador, pois estava destruindo móveis e sapatos do dono.
Assim, Daniel contratou Cleber, adestrador renomado, para um pacote de
seis meses de sessões. Findo o período do treinamento, Daniel, satisfeito com
o resultado, resolve levar o cachorro pa área de lazer do condomínio e,
encontrando coleira e a guia para que o Minutos depois, a moradora Diana,
com 80 (oitenta) anos de idade, chega à área de lazer com seu neto Theo.
Ao percebe presença da octogenária, o cachorro pula em suas pernas, Diana
perde o equilíbrio, cai e fratura o fêmur. Diana pretende ser indenizada pelos
danos materiais e compensada pelos danos estéticos. Com base no caso
narrado, assinale a opção correta.
A) Há responsabilidade civil valorada pelo critério subjetivo e solidária de
Daniel e Cleber, aquele por culpa na vigilância do animal e este por imperícia
no adestramento do Beagle pelo fato de não evitarem que o cachorro
avançasse em terceiros.
B) Há responsabilidade civil valorada pelo critério objetivo e extracontratual
de Daniel, havendo obrigação de indenizar e compensar os danos causados,
haja vista a ausência de prova de alguma das causas legais excludentes do
nexo causal, quais sejam, força maior ou culpa exclusiva da vítima.
C) Não há responsabilidade civil de Daniel valorada pelo critério subjetivo,
em razão da ocorrência de força maior, isto é, da chegada inesperada da
moradora Diana, caracterizando a inevitabilidade do ocorrido, com
rompimento do nexo de causalidade.
D) Há responsabilidade valorada pelo critério subjetivo e contratual apenas
de Daniel em relação aos danos sofridos por Diana; subjetiva, em razão da
evidente culpa na custódia do animal; e contratual, por serem ambos
moradores do Condomínio Raio de Luz.
GABARITO: B

Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação


de prestá-la transmitem-se com a herança.

O dever de reparar o dano se transmite com a herança, MAS


CUIDADO: somente até o limite da herança, não podendo alcançar os bens
dos herdeiros.
REGRA DE OURO: A indenização se mede pela extensão do dano
(art. 944 do CC). Assim, caberá ao magistrado fixar de forma equitativa a
indenização devida.

RECORDAR É VIVER! Não se esqueça: os danos podem ser


materiais, morais e estéticos. E o pagamento de cada tipo indenizatório é
independente.

Eu não disse que responsabilidade civil é um tema tranquilo?


Aposto que você nem viu o tempo passar...
Ei, não está na hora de pegar o instagram ainda não! Está
pensando que acabou? Nananinanão. Senta direitinho nessa cadeira aí (igual
um advogado senta) e vamos falar agora de Direitos reais.
Sem mais delongas, vamos diretinho começar a falar de Direitos
Reais e todos os artigos sobre o tema deverão ser lidos e marcados no seu
vade mecum de azul.
Mas antes, preciso falar rapidinho com voce. Eu estou sentindo
daqui que você, às vezes, tem vontade de desistir. Olhe para mim: está tudo
bem se sentir assim. Toda jornada desafiadora tem seus vales antes de
chegarem os picos. Quando essa sensação vier, feche os olhos e peça a Deus
para capacitar você. Eu peço todos os dias e Ele nunca me abandona, não
abandonará você também.
Se quiser conversar sobre essas sensações, você sabe que tem a
mim. Quando eu disse que não iria desistir de você e que estaríamos juntos
até o fim é para TUDO, ok? Dúvidas sobre Direito Civil, medo de não passar,
dificuldade em estudar, pode me gritar para falarmos sobre tudo isso. E
quando voce for aprovado, verá que tudo isso valeu a pena. Confie!
Agora vamos começar!

16. DOS DIREITOS REAIS

Antes de começarmos a falar sobre os direitos reais propriamente


ditos, necessário se faz que você tenha noção sobre o que vem a ser posse.
O Código Civil de 2002 adota a teoria de Savigny para conceituar
o que vem a ser posse. A posse consiste no ato de deter a coisa (corpus) e
agir com relação a ela como se dono fosse (animus).
É importante que se faça a distinção entre posse e detenção. Já
dispusemos a definição de posse acima, podendo ser acrescida a ela o que
diz o artigo 1.196 do CC que vem a dizer que é possuidor “todo aquele que
tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à
propriedade”.
São poderes inerentes da propriedade o GRUD:
Gozar
Reaver
Usar
Dispor
O possuidor, exerce alguns poderes da propriedade, geralmente o
gozar e o usar.
A detenção de alguém sobre alguma coisa acontece a partir de
uma relação de dependência econômica ou subordinação hierárquica, em que
alguém conserva a posse em nome de outro. Nos termos do artigo 1.198 do
CC, o detentor “achando-se em relação de dependência para com o outro,
conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens e instruções
suas”.
É o caso do caseiro, que não é possuidor, é apenas detentor que
conserva a posse em nome do proprietário do imóvel, e que por isso não pode
propor ações possessória e nem usucapir o bem, exceto se o vínculo de
subordinação estiver rompido.

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Jonas trabalha como caseiro da


casa de praia da família Magalhães, exercendo ainda a função de cuidador da
matriarca Lena, já com 95 anos. Dez dias após o falecimento de Lena, Jonas
tem seu contrato de trabalho extinto pelos herdeiros. Contudo, ele
permanece morando na casa, apesar de não manter qualquer outra relação
jurídica com os herdeiros, que também já não frequentam mais o imóvel e
permanecem incomunicáveis. Jonas decidiu, por sua própria conta, fazer
diversas modificações na casa: alterou a pintura, cobriu a garagem (que
passou a alugar para vizinhos) e ampliou a churrasqueira. Ele passou a dormir
na suíte principal, assumiu as despesas de água, luz, gás e telefone, e
apresentou-se, perante a comunidade, como “o novo proprietário do imóvel”.
Doze anos após o falecimento de Lena, seu filho Adauto decide retomar o
imóvel, mas Jonas se recusa a devolvê-lo. A partir da hipótese narrada,
assinale a afirmativa correta.
A) Jonas não pode usucapir o bem, eis que é possuidor de má-fé.
B) Adauto não tem direito à ação possessória, eis que o imóvel estava
abandonado.
C) Jonas não pode ser considerado possuidor, eis que é o caseiro do imóvel.
D) Na hipótese indicada, a má-fé de Jonas não é um empecilho à usucapião.
GABARITO: D
Outro conceito relevante é o da composse, disposto no art. 1.199
do CC. Ela ocorre quando a posse é exercida por mais de um possuidor ao
mesmo tempo, sem que a posse de um exclui a dos demais compossuidores.

Por fim, vamos a algumas classificações de posse:

Posse direta: é a posse exercida por Posse indireta: é a posse exercida


quem detém a coisa “em suas mãos” por quem cede o uso da coisa a
sob, seu poder. outrem.
Posse justa: é aquela que não é Posse injusta: aquela que detém
maculada por nenhum vício, ou seja, algum vício, seja a violência, seja, a
não é violenta, nem clandestina e precariedade, seja a
nem precária. clandestinidade.
Posse de boa-fé: aquela exercida por Posse de má-fé: exercida por aquele
quem desconhece o vício da coisa. que tem conhecimento dos vícios da
coisa e o ignora.
Posse nova: aquela exercida por Posse velha: aquela exercida por
tempo inferior a um ano e um dia. tempo igual ou superior a um ano e
um dia.
Posse de força nova (conceito Posse de força velha (conceito
processual): o tempo de até um ano processual): o tempo igual ou
e dia é contado do esbulho ou da superior a um ano e dia é contado do
turbação. esbulho ou da turbação.
Posse ad interdicta: aquela que não Posse ad usucapionem: aquela que,
se sujeita a usucapião, podendo ser pelo transcurso do tempo, pode
protegida pelos interditos estar sujeita à usucapião.
possessórios.
Posse pro diviso: aquela exercida Posse pro indiviso: aquela que é
por mais de um possuidor exercida em todas as suas
(compossuidores), mas há uma potencialidades por todos os
divisão de fato entre eles. possuidores ao mesmo tempo.

Exemplo posse direta e indireta: na alienação fiduciária, o possuidor


direto do bem é o devedor fiduciário, ao passo que o possuidor indireto é o
credor fiduciante.

Exemplos de posse injusta:


Precária: Dona Adelaíde tinha Vinícius como caseiro. Após a morte de dona
Adelaíde, aproveitando-se da confiança que tinha com a família, Vinícius
passa a exercer a posse sobre a casa da de cujus.
Violenta: Almeida, com uso de força, transpôs os limites da cerca que
separava seu lote do lote vizinho, e estendeu os limites de seu território,
exercendo posse violenta sobre a extensão de terras adjacente.
Clandestina: Osvaldo e Ana, durante a noite, de forma obscura e sem o
conhecimento imediato do proprietário, passaram a exercer posse sobre
o terreno de Valério.

Exemplo de posse pro diviso e posse pro indiviso:


Posse pro diviso: Num condomínio, os moradores dividem a área de lazer
entre si: área 1 para a casa 1, área 2 para a casa 2, e assim sucessivamente.
Posse pro indiviso: num outro condomínio, os moradores utilizam juntos toda
a área de lazer.
A classificação de posse que a OAB mais gosta de cobrar é a
relacionada a posse de boa fé e de má fé, oportunidade em que a banca
mistura direitos reais com benfeitorias.

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Mediante o emprego de violência,


Mélvio esbulhou a posse da Fazenda Vila Feliz. A vítima do esbulho,
Cassandra, ajuizou ação de reintegração de posse em face de Mélvio após
um ano e meio, o que impediu a concessão de medida liminar em seu favor.
Passados dois anos desde a invasão, Mélvio teve que trocar o telhado da casa
situada na fazenda, pois estava danificado. Passados cinco anos desde a
referida obra, a ação de reintegração de posse transitou em julgado e, na
ocas telhado colocado por Mélvio já se encontrava severamente danificado.
Diante de sua derrota, Mélvio argumentou que faria jus ao direito de retenção
pelas benfeitorias erigidas, exigindo que Cassandra o reembolsasse. A
respeito do pleito de Mélvio, assinale a afirmativa correta.
A) Mélvio não faz jus ao direito de retenção por benfeitorias, pois sua posse
é de má-fé e as benfeitorias, ainda que necessárias, não devem ser
indenizadas, porque não mais existiam quando a ação de reintegração de
posse transi em julgado.
B) Mélvio é possuidor de boa-fé, fazendo jus ao direito de retenção por
benfeitorias e devendo ser indenizado por Cassandra com base no valor delas.
C) Mélvio é possuidor de má-fé, não fazendo jus ao direito de retenção por
benfeitorias, mas deve ser indenizado por Cassandra com base no valor delas.
D) Mélvio é possuidor de má-fé, fazendo jus ao direito de retenção por
benfeitorias e devendo ser indenizado pelo valor atual delas.
GABARITO: A

Por fim, você deve saber um pouquinho sobre as ações


possessórias:
a) Interdito proibitório: protege contra a ameaça à posse;
b) Manutenção de posse: protege contra a turbação
(perturbação/incômodo) à posse;
c) Reintegração de posse: protege contra o esbulho (tomada) à posse.

IMPORTANTE! As ações possessórias podem ser utilizadas tanto


pelo proprietário como pelo possuidor, este para proteger a sua posse.

Vamos ingressar nos direitos reais? Os direitos reais, diferente dos


direitos obrigacionais (os quais tutelam uma relação entre dois ou mais
sujeitos de direito), vão cuidar da relação entre o sujeito de direito e a coisa.
A matéria está disciplinada nos artigos 1.225 a 1.510-E do CC.
Dentre os direitos reais enumerados no artigos 1.225 do CC alguns merecem
maior destaque vez que são mais exigidos na prova da FGV, são eles: a
propriedade, o penhor, a hipoteca, a anticrese e o direito de laje. Mas,
NOVAMENTE, isso não te exime da responsabilidade de ler todos os artigos
atinentes à matéria.

Sobre a propriedade: o conceito de proprietário está disciplinado


no art. 1.228 do CC, sendo ele aquele que “tem a faculdade de usar, gozar e
dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que
injustamente a possua ou detenha”.
Dentro da temática de propriedade, tem sido matéria recorrente
nas provas da FGV a usucapião. A usucapião é uma das formas de aquisição
da propriedade. Vamos enumerar as principais:

Usucapião Usucapião Usucapião Usucapião Usucapião


extraordinária rural (art. urbana (art. ordinária familiar (art.
(art. 1.238 do 1.239 do CC) 1.240 do CC) (art. 1.242 1.240-A do
CC) do CC) CC)
Posse Posse Posse Posse Posse
exercida de exercida de exercida de exercida de exercida de
forma mansa, forma forma forma forma
pacífica e mansa, mansa, mansa, mansa,
ininterrupta pacífica e pacífica e pacífica e pacífica,
pelo prazo de ininterrupta ininterrupta, ininterrupta, ininterrupta
15 anos, pelo prazo pelo prazo de com justo e exclusiva
independente de 5 anos 5 anos, por título e boa- pelo prazo de
de título de por quem quem não fé, pelo 2 anos, em
boa-fé. não seja seja prazo de 10 imóvel de até
proprietário proprietário anos. 250 metros
de nenhum de nenhum quadrados,
imóvel rural imóvel rural por quem,
ou urbano, ou urbano, não sendo
sob porção sob porção proprietário
de terra rural de terra de outro
não superior urbana não imóvel rural
a 50 superior a ou urbano,
hectares 250 metros dividia a
para quadrados propriedade
produção para com ex-
familiar e moradia. cônjuge ou
moradia. ex-
companheiro
que
abandonou o
lar. A posse
deve ser
destinada
para moradia
própria e
familiar.
O prazo O prazo
poderá ser poderá ser
reduzido para reduzido
10 anos se para 5 anos
comprovada se
que a função comprovada
social da a função
posse. social da
posse.

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Em janeiro de 2010, Nádia, unida


estavelmente com Rômulo, após dez anos de convivência e sem que
houvesse entre eles contrato escrito que disciplinasse as relações entre
companheiros, abandona definitivamente o lar. Nos dois anos seguintes,
Rômulo, que não é proprietário de outro imóvel urbano ou rural, continuou,
ininterruptamente, sem oposição de quem quer que fosse, na posse direta e
exclusiva do imóvel urbano com 200 metros quadrados, cuja propriedade
dividia com Nádia e que servia de moradia do casal. Em março de 2012,
Rômulo – que nunca havia ajuizado ação de usucapião, de qualquer espécie,
contra quem quer que fosse ‐ ingressou com ação de usucapião, pretendendo
o reconhecimento judicial para adquirir integralmente o domínio do referido
imóvel. Diante dessa situação hipotética, assinale a afirmativa correta.
A) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por Rômulo é
infundada, pois o prazo assinalado pelo Código Civil é de 10 (dez) anos.
B) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por Rômulo é
infundada, pois a hipótese de abandono do lar, embora possa caracterizar a
impossibilidade da comunhão de vida, não autoriza a propositura de ação de
usucapião.
C) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por Rômulo é
infundada, pois tal direito só existe para as situações em que as pessoas
foram casadas sob o regime da comunhão universal de bens.
D) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por Rômulo
preenche todos os requisitos previstos no Código Civil.
GABARITO: D
Ainda sobre a propriedade, relevante que o(a) futuro(a)
advogado(a) se atente para o conceito de multipropriedade, dado o fato de
ser instituto recente no Direito Civil.
Na multipropriedade várias pessoas são reconhecidas como
proprietárias de um só imóvel, conforme registro em cartório de imóveis, mas
cada um exercerá sua propriedade, usando e gozando de forma exclusiva da
coisa, numa fração de tempo específica. A matéria está disposta nos artigos
1.358-B a art. 1.358-U do CC.

Importante também que você se atente para os conceitos de


penhor, hipoteca e anticrese.

Penhor (art. 1.431 a Hipoteca (art. 1.476 a Anticrese (art. 1.506 a


1.472 do CC) 1.505 do CC) 1.510 do CC)
Ocorre quando o Ocorre quando o Ocorre quando o
devedor cede em favor devedor garante uma devedor transfere ao
do devedor a posse obrigação tida com o credor a posse sobre o
direta de bem móvel credor por meio de um bem imóvel para que
como forma de garantia bem imóvel. Em caso este aproveite os frutos
de uma obrigação. de inadimplemento da e rendimentos da coisa
Assim, o bem fica na obrigação, o credor tem até que a dívida seja
posse direta do credor direito a solicitar a integralmente paga.
até o adimplemento da venda judicial do bem
obrigação garantida. para adimplir a
obrigação.
JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Quincas adentra terreno vazio e,
de forma pública, passa a construir ali a sua moradia. Após o exercício
ininterrupto da posse por 17 (dezessete) anos, pleiteia judicialmente o
reconhecimento da propriedade do bem pela usucapião. Durante o processo,
constatou-se que o imóvel estava hipotecado em favor de Jovelino, para o
pagamento de numerários devidos por Adib, proprietário do imóvel. Com
base nos fatos apresentados, assinale a afirmativa correta.
(A) A hipoteca existente em benefício de Jovelino prevalece sobre eventual
direito de Quincas, tendo em vista o princípio da prioridade no registro.
(B) A hipoteca é um impeditivo para o reconhecimento da usucapião, tendo
em vista a função social do crédito garantido.
(C) Como a usucapião é modo originário de aquisição da propriedade, a
hipoteca não é capaz de impedir a sua consumação.
(D) Quincas pode adquirir, pela usucapião, o imóvel em questão, porém ficará
GABARITO: C

Por fim, temos que destacar também o direito de laje. Este está
disciplinado nos artigos 1.510-A a 1.510-E do CC. Ocorre quando o
proprietário de um imóvel cede a outro a superfície superior ou inferior do
bem para que este seja proprietário, com título próprio, de uma unidade
específica.

Parabéns por ter vindo até aqui! Acabamos Direitos Reais. Agora
vamos entrar no tema que, para muitos, é sinônimo de amor, confusão e
baixaria: o tão adorado Direito de Família. Ate lá!
Acredite em mim: assim que você se tornar um advogado (a),
aparecerá uma prima sua que casou com um cafajeste querendo que você
faça o divórcio dela. Depois, aparecerá a vizinha querendo que você proponha
ação de alimentos, porque o ex marido dela não está pagando pensão. Sem
contar naquela sua amiga que vai casar e não sabe qual regime de bens
escolher. Para tudo isso, você precisará de Direito de Família e a OAB tem
sido bem previsível sobre esse assunto.
Então, pegue o lápis de cor verde para marcar os artigos
relacionados ao Direito de Família e vamos aprender esse tema que é tao
importante, para sua prova e para a prática da advocacia.
Juntinhos até o fim!

17. DIREITO DE FAMÍLIA

Eis aqui uma temática muito amada por todos. Assim, nosso
coração civilista se enche de alegria por tratar dessa matéria maravilhosa:
Direito de família. Mas é claro, vamos continuar nossa abordagem inteligente
e direcionada, o que não te exige de fazer uma leitura caprichada dos demais
dispositivos.
No tocante ao Direito de Família, o nosso foco será em algumas
questões importantes específicas: os regimes de bens, os alimentos e a
outorga conjugal. Mas você já sabe: isso não te exime de estudar as demais
temáticas!
Sobre os regimes de bens, você deve saber que o regime regra é
o da comunhão parcial. Todavia, as partes podem estipular outro regime
através de um pacto antenupcial, que deverá ser feito por escritura pública
sob pena de nulidade, mas caso o casamento não ocorra, o referido pacto
será ineficaz.
JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Arlindo e Berta firmam pacto
antenupcial, preenchendo todos os requisitos legais, no qual estabelecem o
regime de separação absoluta de bens. No entanto, por motivo de saúde de
um dos nubentes, a celebração civil do casamento não ocorreu na data
estabelecida. Diante disso, Arlindo e Berta decidem não se casar e passam a
conviver maritalmente. Após cinco anos de união estável, Arlindo pretende
dissolver a relação familiar e aplicar o pacto antenupcial, com o objetivo de
não dividir os bens adquiridos na constância dessa união. Nessas
circunstâncias, o pacto antenupcial é
A) válido e ineficaz.
B) válido e eficaz.
C) inválido e ineficaz.
D) inválido e eficaz.
GABARITO: A

Vamos as nossas tabelinhas para você memorizar as diferenças


entre os regimes de bens!

Comunhão Comunhão Participação Final Separação de


Parcial Universal nos Aquestos bens
Comunicam-se Comunicam-se É um regime Não há
os bens que os bens misto. Na comunicação dos
forem adquiridos passados, constância do bens. Pode ser
durante a união. presente e casamento convencionado
futuros vigora o regime entre as partes
de separação de ou imposto por
bens. Após a Lei (caso dos
dissolução da maiores de 70
união, aplica-se anos).
as regras da
comunhão
parcial de bens.
É o regime
residual.

IMPORTANTE! É de suma relevância que, no tocante ao regime de


comunhão parcial, você saiba quais bens estão excluídos e quais entram na
comunhão. Assim, seguem os artigos 1.656 a 1.661 do CC:

Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:


I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os
que lhe sobrevierem, na constância do casamento,
por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu
lugar;
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente
pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação
dos bens particulares;
III - as obrigações anteriores ao casamento;
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos,
salvo reversão em proveito do casal;
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos
de profissão;
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada
cônjuge;
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras
rendas semelhantes.
Art. 1.660. Entram na comunhão:
I - os bens adquiridos na constância do casamento
por título oneroso, ainda que só em nome de um
dos cônjuges;
II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou
sem o concurso de trabalho ou despesa anterior;
III - os bens adquiridos por doação, herança ou
legado, em favor de ambos os cônjuges;
IV - as benfeitorias em bens particulares de cada
cônjuge;
V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares
de cada cônjuge, percebidos na constância do
casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a
comunhão.
Art. 1.661. São incomunicáveis os bens cuja
aquisição tiver por título uma causa anterior ao
casamento.

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Aldo e Mariane são casados sob


o regime da comunhão parcial de bens, desde setembro de 2013. Em
momento anterior ao casamento, Rubens, pai de Mariane, realizou a doação
de um imóvel à filha. Desde então, a nova proprietária acumula os valores
que lhe foram pagos pelos locatários do imóvel. No ano corrente, alguns
desentendimentos fizeram com que Mariane pretendesse se divorciar de Aldo.
Para tal finalidade, procurou um advogado, informando que a soma dos
aluguéis que lhe foram pagos desde a doação do imóvel totalizava R$
150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), sendo que R$ 50.000,00 (cinquenta
mil reais) foram auferidos antes do casamento e o restante, após. Mariane
relatou, ainda, que atualmente o imóvel se encontra vazio, sem locatários.
Sobre essa situação e diante de eventual divórcio, assinale a afirmativa
correta.
A) Quanto aos aluguéis, Aldo tem direito à meação sob o total dos valores.
B) Tendo em vista que o imóvel locado por Mariane é seu bem particular, os
aluguéis por ela auferidos não se comunicam com Aldo.
C) Aldo tem direito à meação dos valores recebidos por Mariane, durante o
casamento, a título de aluguel.
D) Aldo faz jus à meação tanto sobre a propriedade do imóvel doado a
Mariane por Rubens, quanto sobre os valores recebidos a título de aluguel
desse imóvel na constância do casamento.
GABARITO: C
IMPORTANTE! No que concerne ao regime de comunhão universal,
atentem-se também par as hipóteses de hipóteses dos bens excluídos da
comunhão, conforme art. 1.668 do CC:

Art. 1.668. São excluídos da comunhão:


I - os bens doados ou herdados com a cláusula de
incomunicabilidade e os sub-rogados em seu
lugar;
II - os bens gravados de fideicomisso e o direito
do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a
condição suspensiva;
III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se
provierem de despesas com seus aprestos, ou
reverterem em proveito comum;
IV - as doações antenupciais feitas por um dos
cônjuges ao outro com a cláusula de
incomunicabilidade;
V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art.
1.659.

Sobre alimentos (artigos 1694 ao 1710 do CC), que é outro tema


importante para a sua aprovação na prova da OAB, vale ressaltar que são
prestações devidas para satisfação das necessidades pessoais daqueles que
não podem provê-las, observando o trinômio necessidade x possibilidade x
proporcionaldiade.
Os alimentos são personalíssimos, irrenunciáveis, recíprocos e
apenas os ascendentes, descendentes e os irmãos têm a obrigação de prestá-
los.
FICA A DICA: Para o CC, tios, sobrinhos e primos não são obrigados a prestar
alimentos.

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Salomão, solteiro, sem filhos, 65


anos, é filho de Lígia e Célio, que faleceram recentemente e eram divorciados.
Ele é irmão de Bernardo, 35 anos, médico bem-sucedido, filho único do
segundo casamento de Lígia. Salomão, por circunstâncias sociais, não
mantinha contato com Bernardo. Em razão de uma deficiência física, Salomão
nunca exerceu atividade laborativa e sempre morou com o pai, Célio, até o
falecimento deste. Com frequência, seu primo Marcos, comerciante e grande
amigo, o visita. Com base no caso apresentado, assinale a opção que indica
quem tem obrigação de pagar alimento a Salomão.
A) Marcos é obrigado a pagar alimentos a Salomão, no caso de necessidade
deste.
B) Por ser irmão unilateral, Bernardo não deve, em hipótese alguma,
alimentos a Salomão.
C) Bernardo, no caso de necessidade de Salomão, deve arcar com alimentos.
D) Bernardo e Marcos deverão dividir alimentos, entre ambos, de forma
igualitária.
GABARITO: C

Além disso, são legítimos os alimentos prestados pelos avós


(Alimentos avoengos), que possuem responsabilidade subsidiária e
complementar.
JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! João e Carla foram casados por
cinco anos, mas, com o passar dos anos, o casamento se desgastou e eles se
divorciaram. As três filhas do casal, menores impúberes, ficaram sob a
guarda exclusiva da mãe, que trabalha em uma escola como professora, mas
que está com os salários atrasados há quatro meses, sem previsão de
recebimento. João vinha contribuindo para o sustento das crianças, mas,
estranhamente, deixou de fazê-lo no último mês. Carla, ao procurá-lo, foi
informada pelos pais de João que ele sofreu um atropelamento e está em
estado grave na UTI do Hospital Boa Sorte. Como João é autônomo, não pode
contribuir, justificadamente, com o sustento das filhas. Sobre a possibilidade
de os avós participarem do sustento das crianças, assinale a afirmativa
correta.
A) Em razão do divórcio, os sogros de Carla são ex-sogros, não são mais
parentes, não podendo ser compelidos judicialmente a contribuir com o
pagamento de alimentos para o sustento das netas.
B) As filhas podem requerer alimentos avoengos, se comprovada a
impossibilidade de Carla e de João garantirem o sustento das filhas.
C) Os alimentos avoengos não podem ser requeridos, porque os avós só
podem ser réus em ação de alimentos no caso de falecimento dos
responsáveis pelo sustento das filhas.
D) Carla não pode representar as filhas em ação de alimentos avoengos,
porque apenas os genitores são responsáveis pelo sustento dos filhos.
GABARITO: B

Por fim, sobre outorga conjugal, o artigo 1647 do CC dispõe que o


cônjuge precisa da autorização do outro para a prática de certos atos.
Vejamos:
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum
dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no
regime da separação absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou
direitos;
III - prestar fiança ou aval;
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens
comuns, ou dos que possam integrar futura meação.

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Arnaldo, publicitário, é casado


com Silvana, advogada, sob o regime de comunhão parcial de bens. Silvana
sempre considerou diversificar sua atividade profissional e pensa em se
tornar sócia de uma sociedade empresária do ramo de tecnologia. Para
realizar esse investimento, pretende vender um apartamento adquirido antes
de seu casamento com Arnaldo; este, mais conservador na área negocial,
não concorda com a venda do bem para empreender. Sobre a situação
descrita, assinale a afirmativa correta.
A) Silvana não precisa de autorização de Arnaldo para alienar o apartamento,
pois destina-se ao incremento da renda familiar.
B) A autorização de Arnaldo para alienação por Silvana é necessária, por
conta do regime da comunhão parcial de bens.
C) Silvana não precisa de autorização de Arnaldo para alienar o apartamento,
pois se trata de bem particular.
D) A autorização de Arnaldo para alienação por Silvana é necessária e decorre
do casamento, independentemente do regime de bens.
GABARITO: B

Finalizamos Direito de Família com alegria!


Vamos juntinhos para o ultimo tema relacionado a nossa matéria:
Direito Sucessório. Respire fundo, tome uma água e volte firme, porque nós
só vamos parar quando você for aprovado!
Chegamos ao nosso último tema da apostila: Direito Sucessório.
Você lutou bravamente até aqui, página por página, artigo por artigo, e com
êxito, estamos finalizando nossa preparação para a sua aprovação.
Pegue o lápis de cor preto para marcarmos os artigos e já vou
logo adiantando: a OAB também é bem previsível nas questões sobre o
tema. Vamos garantir os seus 40 pontos, no mínimo. Bora!

18. DO DIREITO SUCESSÓRIO (ARTIGOS 1.784 A 2.027 DO


CC).

Calma, estamos acabando nossos apontamentos! Mas aqui peço


muito zelo a você quando da realização das questões relativas ao direito
sucessório. É a praxe da FGV contar uma história ao candidato para depois,
com base da história dada, vir a realizar um questionamento. Por isso é de
suma relevância que aqui você siga alguns passos para acertar a questão:
PASSO 01- Desenhe a linha sucessória da questão, deixando claro
quem é ascendente, descendente, quem morreu e deixou a herança, etc.
PASSO 02-Escreva no cantinho da prova a ordem de vocação
hereditária (art. 1824 do CC) que é composta pelo DAC + C4, lembrando que
os mais próximos antecedem aos mais remotos:
Descendente
Ascendente
Cônjuge ou companheiro
+
Colateral até o 4º grau: irmão, sobrinho, tio e primo.
Lembrando que nesta ordem de vocação hereditária, são
considerados herdeiros necessários somente os DAC: os descendentes, os
ascendentes e o cônjuge, nos termos do artigo 1.845 do CC, e eles tem direito
à metade da herança deixada pelo de cujus, chamada de parte legítima ou
só legítima (art. 1.846 do CC).
PASSO 03: Se a questão trouxer o regime de bens, atente-se para
ele. Se o regime de bens for qualquer um do grupo do “C” (“C”omunhão
parcial com bens particulares, separação “C”onvencional e regime “C”oisado-
participação final nos aquestos) o conjuge/companheiro “C”oncorrerá na
sucessão com os descendentes. Mas se o regime de bens for outro, o
cônjuge/companheiro não concorrerá na sucessão com os descendentes.
Último detalhe: na sucessão com os ascendentes, o cônjuge/companheiro
SEMPRE concorrem, independentemente do regime.

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Clara e Sérgio são casados pelo


regime da comunhão parcial de bens. Durante o casamento, o casal adquiriu
onerosamente um apartamento e Sérgio herdou um sítio de seu pai. Sérgio
morre deixando, além de Clara, Joaquim, filho do casal. Sobre os direitos de
Clara, segundo os fatos narrados, assinale a afirmativa correta.
A) Clara é herdeira do apartamento, em concorrência com Joaquim.
B) Clara é meeira no apartamento e herdeira do sítio, em concorrência com
Joaquim.
C) Clara é herdeira do apartamento e do sítio, em concorrência com Joaquim.
D) Clara é meeira no sítio e herdeira do apartamento, em concorrência com
Joaquim.
GABARITO: B

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Lúcia, sem ascendentes e sem


descendentes, faleceu solteira e não deixou testamento. O pai de Lúcia tinha
dois irmãos, que tiveram, cada qual, dois filhos, sendo, portanto, primos dela.
Quando do falecimento de Lúcia, seus tios já haviam morrido. Ela deixou
ainda um sobrinho, filho de seu único irmão, que também falecera antes dela.
Sobre a sucessão de Lúcia, de acordo com os fatos narrados, assinale a
afirmativa correta.
A) O sobrinho concorre com o tio na sucessão de Lúcia, partilhando-se por
cabeça.
B) O sobrinho representará seu pai, pré-morto, na sucessão de Lúcia.
C) O filho do tio pré-morto será chamado à sucessão por direito de
representação.
D) O sobrinho é o único herdeiro chamado à sucessão e herda por direito
próprio.
GABARITO: D

JÁ CAIU NA PROVA DA OAB! Antônio deseja lavrar um


testamento e deixar toda a sua herança para uma instituição de caridade que
cuida de animais abandonados. O único parente de Antônio é seu irmão João,
com quem almoça todos os domingos. Antônio não possui outros parentes
nem cônjuge ou companheiro. Antônio procura você na condição de advogado
e indaga se a vontade dele é tutelada pela lei. Diante da indagação de
Antônio, assinale a afirmativa correta.
A) Antônio pode deixar toda a herança para a instituição de caridade, uma
vez que seu irmão não é seu herdeiro necessário.
B) Antônio não pode testar em favor da instituição de caridade que cuida de
animais, uma vez que a herança cabe inteiramente a parente vivo mais
próximo, no caso, seu irmão.
C) Antônio pode deixar por testamento apenas metade da herança para a
instituição de caridade, uma vez que a outra metade pertence por lei a seu
irmão, a quem deve alimentos.
D) Antônio pode deixar para a instituição de caridade 3/4 de seu patrimônio,
uma vez que é preciso garantir no mínimo 1/4 da herança a seu irmão
bilateral.
GABARITO: A
Faz-se necessário que você também guarde o que vem a ser direito
de representação. Diz respeito ao direito dado a certos parentes de quem
morreu, para que sejam sucessores em direitos a respeito dos quais ele
sucederia, se vivo estivesse.
Ex.: Marco tem dois filhos, Lucimar e Paula. Lucimar tem uma filha,
Carolina. Marco falece e, antes de encerrado o processo de inventário,
Lucimar também vem a óbito. Herdarão os bens pertencentes a Marco tanto
Paula, na condição de filha, como Carolina, esta por representação.
Sobre o direito de representação, importante a leitura dos artigos
relativos a essa temática. Senão vejamos:

Art. 1.851. Dá-se o direito de representação,


quando a lei chama certos parentes do falecido a
suceder em todos os direitos, em que ele sucederia,
se vivo fosse.
Art. 1.852. O direito de representação dá-se na
linha reta descendente, mas nunca na ascendente.
Art. 1.853. Na linha transversal, somente se dá o
direito de representação em favor dos filhos de
irmãos do falecido, quando com irmãos deste
concorrerem.
Art. 1.854. Os representantes só podem herdar,
como tais, o que herdaria o representado, se vivo
fosse.
Art. 1.855. O quinhão do representado partir-se-á
por igual entre os representantes.
Art. 1.856. O renunciante à herança de uma pessoa
poderá representá-la na sucessão de outra.
Por fim, importante tratar sobre a sucessão testamentária e suas
modalidades. O testamento é um documento por meio do qual alguém
documenta seus bens e realizada a destinação destes para após de sua
morte. O testamento deve respeitar a legítima, assim, não pode atingir 50%
do patrimônio que é destinado aos herdeiros necessários. Existem os
seguintes tipos de testamento:

Público Cerrado Particular


Feito em cartório, na Feito em cartório, na É feito na presença de
presença de duas presença de duas três testemunhas, sem
testemunhas. Pode ser testemunhas. É registro em cartório.
consultado por mantido em segredo.
terceiros.

As disposições testamentárias podem ser alteradas a qualquer


tempo.
Por fim, (Prometo!) é importante que você se atente para os artigos
atinentes ao testamento das pessoas que não saibam assinar ou não possam
assinar; aos surdos e aos cegos:

Art. 1.865. Se o testador não souber, ou não puder


assinar, o tabelião ou seu substituto legal assim o
declarará, assinando, neste caso, pelo testador, e,
a seu rogo, uma das testemunhas instrumentárias.
Art. 1.866. O indivíduo inteiramente surdo,
sabendo ler, lerá o seu testamento, e, se não o
souber, designará quem o leia em seu lugar,
presentes as testemunhas.
Art. 1.867. Ao cego só se permite o testamento
público, que lhe será lido, em voz alta, duas vezes,
uma pelo tabelião ou por seu substituto legal, e a
outra por uma das testemunhas, designada pelo
testador, fazendo-se de tudo circunstanciada
menção no testamento.

Vejam que apenas aos cegos é dada a obrigatoriedade de


realização de testamento público.

Enfim, finalizamos o ciclo de estudos da nossa apostila.


Muito obrigada por ter me acompanhado nesta jornada, intensa, embora
necessária para a realização do seu sonho.
Confie no trajeto que fizemos até aqui, ele foi muito bem feito e já é
suficiente para a sua aprovação.
Eu permanecerei sempre aqui por você e para você e desejo, com toda
minha verdade, que no dia da sua prova, Deus sopre no seu coração a
resposta certa de cada questão, não como sorte ou acaso, mas como frutos
merecidamente colhidos por quem, como você, arduamente plantou.
Continue estudando, até passar, até dar certo, até conseguir. E quando
conseguir, eu estarei lá, para de pé e sorrindo, te aplaudir.
Um grande beijo,
Profª Lara Castro.

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