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DIREITO CIVIL

PRINCÍPIO DA ETICIDADE: O princípio da eticidade impõe a ética, a probidade nas relações


privadas, a boa-fé. Engana-se quem pensa que probidade é tema exclusivo do Direito
Administrativo. Não! Probidade é tema do Direito Civil também! E, assim, a eticidade está a
impor a boa-fé objetiva em todo o direito civil. Mesmo não expressa em áreas como a de
alimentos, regime de bens, obrigações, posse, propriedade, direitos reais, vizinhança,
sucessão... está, implicitamente, presente em tudo, porque a principiologia civilista impõe,
hoje, a boa-fé objetiva em tudo! Temos dois tipos de boa-fé: a subjetiva e a objetiva. A
subjetiva tem a ver com a intenção, com o que está interiorizado na mente do sujeito. A
objetiva, por sua vez, é aquele padrão comportamental ético exigido nas condutas dos
sujeitos. Então, principiologia relacionada à boa-fé é a boa-fé objetiva.

PRINCÍPIO DA SOCIALIDADE: Por meio desse princípio, nós temos uma transcendência do
egoísmo, da preocupação individualizada, para uma preocupação com o coletivo. Significa
dar à propriedade uma destinação, sem ficar sobressaindo o seu interesse individual. Então,
no âmbito urbano, por exemplo, dar a função social à propriedade significa cumprimento do
plano diretor. Tanto é verdade isso, que ocorre punição pelo descumprimento da função
social, por meio do fenômeno da desapropriação, que, além de estar na própria Constituição
Federal, é previsto no art. 1.228 do Código Civil.

PRINCÍPIO DA OPERABILIDADE OU CONCRETUDE: O art. 5º do Código Civil trata da


emancipação e estabelece essa possibilidade para os casos em que o menor com 16 anos
que tenha “economia própria” seja emancipado pela lei. Em 2002, o que era “economia
própria”? É só pensar quanto era o salário mínimo nesse ano: 200 reais? 250 reais? (não me
recordo, mas era por aí, rsrsrs) Se você coloca 250 reais na lei – é só um exemplo esdrúxulo,
para você entender –, hoje, poderíamos considerar esse valor como sendo “economia
própria”? Claro que não! Então, na verdade, você tem, aí, a interpretação do instituto
considerando o que a gente tem hoje. É uma expressão que se ajusta ao tempo e isso é
exatamente o que chamamos de cláusulas gerais, conceitos abertos.

DIREITO OBJETIVO X DIREITO SUBJETIVO (NO DIREITO CIVIL): Enquanto a expressão


direito objetivo exprime o conjunto das regras normativas que disciplinam um determinado
ordenamento, o direito subjetivo, por seu turno, diz respeito ao poder de exigir ou de pretender
de alguém um comportamento específico.

DIREITO POTESTATIVO: O direito potestativo é um direito que pode ser exercido pelo seu
titular independentemente da “oposição” de um terceiro; é o direito que pode ser
implementado mesmo contra vontade de alguém. É o caso, por exemplo, do direito de revogar
uma procuração dada, cabendo ao mandatário apenas aceitar tal condição. É uma
prerrogativa jurídica de impor a outrem, unilateralmente, a sujeição ao seu exercício; é um
ato unilateral. Podemos até já mencionar aqui que nem todo direito potestativo tem prazo, a
exemplo do divórcio, mas quando houver prazo, esse será decadencial.

O Código Civil é representado pela Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002 e passou a ter
vigência em 12 de janeiro de 2003.

PESSOA NATURAL

Quem é a pessoa natural? É o ser humano! Esse é a pessoa que a gente tanto fala, com
quem nos preocupamos hoje no estudo e interpretação do Direito Civil. Essa pessoa é tão
importante porque é ela o centro das relações jurídicas.

A pessoa natural e a pessoa jurídica podem tudo que a lei não proibir (Princípio da
Legalidade). Aliás, isso foi um fundamento para a admissão, no ordenamento jurídico, do
casamento e da união estável homoafetiva. Isso porque, embora a lei fale em “homem e
mulher”, não houve proibição casais homoafetivos, razão pela qual entendeu-se que há uma
permissão tácita. Esse foi o grande fundamento! Por isso, é possível o casamento
homoafetivo

O art. 2º do Código Civil estabelece que: A personalidade civil da pessoa começa do


nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. No
Brasil, considera-se “nascimento com vida” o funcionamento do aparelho cardiorrespiratório,
entrou ar nos pulmões, adquire a personalidade jurídica.

OBS: Personalidade Jurídica = Personalidade Civil

nasceu + respirou = certidão de nascimento


nasceu + respirou + morreu = certidão de nascimento e certidão de óbito
nasceu + não respirou = certidão de nascido morto (natimorto)

• Não se exige viabilidade: não é preciso a formação interna dos órgãos de maneira perfeita,
apta a propiciar a vida extrauterina. Por isso que os anencefálicos nascem, respiram, e,
mesmo tendo uma má formação cerebral adquirem personalidade jurídica, mesmo sabendo
que eles podem morrer imediatamente após o parto. O mesmo ocorre com pessoas com
microcefalia ou com uma formação interna dos órgãos que inviabilize a vida extrauterina.
• Não se exige sobrevida: sobrevida seria um lapso temporal mínimo fora do ventre materno
para adquirir personalidade. No Brasil, não temos isso. Nasceu e respirou, já ganha a
personalidade jurídica.
• Não se exige forma humana: é até um termo pejorativo, mas significa pessoas com
deformidades físicas – aquelas que destoam da forma tradicional humana também adquirem
a personalidade jurídica.

De acordo com a teoria natalista, o nascituro só se torna pessoa a partir do momento em que
adquire a personalidade jurídica, ou seja, com a respiração. Assim, para os defensores dessa
teoria, a ideia é a de que, não sendo pessoa, é coisa.
Já a teoria da personalidade condicional ou personalidade formal, a observa que o nascituro
seria uma “quase pessoa”. Ele pode receber direitos, mas estaria sob condição suspensiva
de nascer com vida. Se nasceu com vida, é pessoa. Se não, nunca foi. É um “meio termo”.
Confesso que acho estranha essa teoria.
A teoria concepcionista, por sua vez, diz que é pessoa desde a concepção. É uma que está
muito em voga, sendo abordada especialmente pelos doutrinadores mais modernos, como
Pablo Stolze, Cristiano Chaves e Flávio Tartuce. Esses professores defendem a concepção.

É importante mencionar que o STJ é concepcionista, uma vez que, por exemplo, ele
reconhece a possibilidade de dano moral ao nascituro. Por isso, melhor entender que, embora
a redação do art. 2º do CC não tenha sido alterada até o momento, há uma grande
possibilidade de alteração futura, porque a teoria natalista é considerada um pouco
ultrapassada nos dias de hoje. Então, embora o Código Civil aponte claramente para a
adoção da teoria natalista, o ordenamento jurídico como um todo, considerando o “todo”,
indica uma forte tendência para a adoção da teoria concepcionista.
Um tema muito recorrente de OAB é a Lei de Alimentos Gravídicos, e quem é o destinatário
desses alimentos? O nascituro, óbvio, pensando, então, em uma teoria concepcionista.

Nascituro: Aquele que tem vida intrauterina, que está no ventre materno,
independentemente do que se pensa a respeito da nidação ou do momento do coito.

Vale lembrar que, no mesmo momento em que se adquire a personalidade jurídica, se adquire
a capacidade de direito.

Quando a pessoa completa 18 anos, adquire a capacidade de fato. Capacidade de fato


também é chamada de capacidade de exercício. É um momento em que você vai exercer,
sozinho, os atos da vida civil. Exemplo: um menino de 10 anos de idade pode ter conta no
Banco do Brasil? Sim, porque ele tem personalidade jurídica e capacidade de direito. Ele
pode responder pelo prejuízo que causar? Sim, porque ele tem personalidade jurídica e
capacidade de direito. Embora, conforme o art. 928, CC, a responsabilidade seja subsidiária,
o menor de idade pode ser responsabilizado. O detentor de personalidade jurídica,
capacidade de direito e capacidade de fato é considerado plenamente capaz.

OBS: NÃO existe incapacidade de direito!


Plenamente Capaz: capacidade de direito + capacidade de fato
Incapaz: capacidade de direito

OBS: PESSOA COM DEFICIÊNCIA É CAPAZ! Pode casar, ter filhos, tomar decisões a
respeito da sua própria vida.

Dá só uma olhadinha nesse artigo do Estatuo da Pessoa com Deficiência:


Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para:
I – casar-se e constituir união estável; II – exercer direitos sexuais e reprodutivos; III – exercer
o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre
reprodução e planejamento familiar; IV – conservar sua fertilidade, sendo vedada a
esterilização compulsória; V – exercer o direito à família e à convivência familiar e
comunitária; e VI – exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante
ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.

Existem duas modalidades de incapacidade: ABSOLUTAMENTE INCAPAZ e


RELATIVAMENTE INCAPAZ.

Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de
16 (dezesseis) anos.

Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:

I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;

III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;

IV - os pródigos.

Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.

Sendo assim, hoje, uma pessoa com deficiência é considerada CAPAZ. Se ela não conseguir
manifestar sua vontade, seja por uma causa transitória (coma) ou por uma causa permanente
(uma doença degenerativa), ela será, na pior das hipóteses, relativamente incapaz.

Os absolutamente incapazes são representados e os relativamente incapazes são assistidos.

Uma nova modalidade de perda do poder familiar – muito cobrada em prova, por sinal:

Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:

I – castigar imoderadamente o filho;


II – deixar o filho em abandono;

III – praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;

IV – incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente;

V – entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção.

Parágrafo único. Perderá também por ato judicial o poder familiar aquele que:

I – praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar: a) homicídio, feminicídio ou
lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso envolvendo
violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher; b) estupro
ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão;

II – praticar contra filho, filha ou outro descendente: a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de
natureza grave ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso envolvendo violência
doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher; b) estupro, estupro de
vulnerável ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão.

OBS: Pródigo é o que gasta demais, o que não se importa em preservar o patrimônio.

Quando os incapazes praticam os atos representados, eles são válidos, porque temos um
suprimento da incapacidade pela representação. No entanto, quando o absolutamente incapaz
pratica o ato sem o representante, o ato é nulo, conforme art. 166, I do CC. Já quando o
relativamente incapaz pratica o ato sem o seu assistente, o ato é anulável conforme art. 171, I do
CC.

O incapaz pode ser responsabilizado subsidiariamente pelos atos lesivos praticados a terceiros
(art. 928 do CC). Veja que a responsabilidade será, portanto, subsidiária (responde, primeiramente,
o representante, apenas se ele não puder ou não tiver obrigação de responder por aquele ato, é
que se busca o incapaz).

Considerações Importantes: Eu posso me casar com 16 anos? Sim, mas preciso ter o
consentimento dos meus pais. Se eles negarem, eu posso ajuizar uma ação que supra esse
consentimento. Eu tenho capacidade de ser parte? Sim. Eu tenho capacidade de estar em juízo?
Não, porque só tenho 16 anos. Meus pais vão me representar em uma ação contra eles mesmos?
Não. Então, o juiz designa curador especial (via de regra, um defensor público) para me
representar. Esse curador especial é diferente do curador do direito de família. É um curador do
processo, apenas dos interesses processuais, mencionado no art. 72 do CPC.

Súmula n. 358 do STJ: O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade
está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos. Assim, não
tem essa história de deixar de pagar alimentos por ter alcançado a maioridade...
EMANCIPAÇÃO: A emancipação é uma forma de antecipar o momento de aquisição da
capacidade de fato, antes dos 18 anos.

O art. 5º do Código Civil estabelece que:

A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos
os atos da vida civil.

Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:

I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público,
independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver
dezesseis anos completos; II – pelo casamento; III – pelo exercício de emprego público efetivo; IV –
pela colação de grau em curso de ensino superior; V – pelo estabelecimento civil ou comercial, ou
pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos
completos tenha economia própria.

A emancipação voluntária é concedida pelos pais, direito no cartório, por meio de escritura pública
ao menor que tenha 16 anos. A emancipação voluntária é IRREVOGÁVEL! Não existe
desemancipação. Todavia, é possível a sua anulação.

Na emancipação judicial, quem emancipa é o juiz, mediante ação judicial proposta com essa
finalidade, quando o menor possuir 16 anos, ouvido o tutor e o Ministério Público (art. 178 CPC).
Importante destacar que o tutor é proibido de emancipar o menor sob sua responsabilidade.
Apenas quem pode emancipar o tutelado é o juiz, por meio de um processo judicial específico
para isso, que terminará com uma sentença.

A emancipação legal, como o próprio nome diz, se dá em virtude da lei, dos casos previstos em
lei, que são: • Pelo casamento; • Pelo exercício de emprego público efetivo; • Pela colação de grau
em curso de ensino superior; • Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de
relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha
economia própria. Esses casos de emancipação legal NÃO estão sujeitos à homologação pelo
juiz para produzir efeitos. No máximo, no caso da economia própria, é possível pedir uma
declaração do juiz de que já está emancipado, mas isso também não é obrigatório, apenas para
fins probatórios.

O casamento de pessoas com menos de 16 anos era permitido em casos de gravidez. Porém,
agora, não se pode mais se casar com menos de 16 anos em NENHUMA HIPÓTESE. A idade núbil
mínima é 16 anos.

A morte põe fim à pessoa natural e, logicamente, à personalidade jurídica.

A) MORTE REAL: É a morte em que temos o corpo morto. Havendo um corpo morto, o médico
atesta a morte por meio do atestado de óbito, e, a partir daí, é emitida a certidão de óbito (que
possui natureza declaratória). A morte real se verifica pela morte encefálica, até mesmo para fins
de transplante. Nas localidades em que não houver médico para atestar a morte, esta poderá ser
certificada por duas testemunhas que tenham presenciado ou verificado o evento morte, de
acordo com a Lei de Registros Públicos.

B) COMORIÊNCIA: É a morte simultânea. Exemplo: o avião cai e todos os corpos são encontrados
sem vida. Não sabemos precisar quem morreu primeiro, por isso presume-se que a morte se deu
de forma simultânea. A morte simultânea é aquela ocorrida na mesma condição de tempo. Não
precisa ser no mesmo lugar! Havendo um terremoto, por exemplo, é possível aplicar a comoriência
mesmo que as mortes tenham ocorrido a quilômetros de distância uma da outra, se não for
possível aferir o momento exato do falecimento. A comoriência só é relevante para fins de direito
sucessório, porque os comorientes não serão considerados herdeiros entre si.

C) MORTE CIVIL: Corresponde a uma pena de banimento. É a pior pena que uma pessoa pode ter,
porque a pessoa passa a ser tratada como morta, mesmo estando viva. No Brasil, não existe
morte civil como pena.

D) MORTE PRESUMIDA: Ocorre quando não há um corpo morto presente. Pode ser com ou sem
declaração de ausência.

A morte presumida é muito cobrada em prova e pode ser dividida em duas modalidades:

• SEM DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA

• COM DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA

Assim, a morte presumida sem declaração de ausência é a situação em que não há o corpo morto,
mas se tem notícia da pessoa e uma probabilidade alta de morte.

Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I – se for
extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II – se alguém, desaparecido
em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida
depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do
falecimento.

Acerca da morte presumida com declaração de ausência é a situação de alguém que despareceu
do domicílio sem deixar notícia. Veja que não há provável morte, mas, a princípio, apenas um
desaparecimento. Se, com o tempo, a pessoa não voltar, vai aumentando a chance de morte.

Se o sujeito, no momento do desaparecimento, já contava com 80 anos de idade e há 05 anos não


se tinha notícias a seu respeito, poder-se-á proceder diretamente à sucessão definitiva.

Art. 77 da Lei de Registros Públicos – sepultamento somente com certidão de óbito – atestado de
óbito por médico ou duas testemunhas que presenciaram ou verificaram a morte. Lembre-se se que
pessoas cujas mortes foram violentas não podem ter o corpo cremado.

LINDB E PRINCÍPIOS DO DIREITO CIVIL


A LINDB, Lei de Introdução às Normas do Direito, (antes denominada Lei de Introdução ao Código
Civil - LICC) não faz parte do Código Civil, embora esteja anexa a ele.

A LINDB trata acerca dos seguintes assuntos:

a) Vigência e eficácia das normas jurídicas;

b) Conflito de leis no tempo;

c) Conflito de leis no espaço;

d) Critérios hermenêuticos;

e) Critérios de integração do ordenamento jurídico;

f) Normas de direito internacional privado (arts. 7º a 19)

g) Normas de direito público (arts. 20 a 30)

Fontes do Direito:

• Fontes Formais – constam expressamente na LINDB e dividem-se em primarias (leis), e


secundárias (analogia, costumes e princípios gerais do direito);

• Fontes Informais – não estão previstas na LINDB: doutrina, jurisprudência e equidade.

“Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de direito.” São os denominados métodos de integração normativa (fontes
formais secundárias/indiretas/mediatas)

Segundo o CPC, art. 140, “O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obs-

curidade do ordenamento jurídico”.

Analogia

Consiste em aplicar a uma dada situação que não está prevista em lei uma norma jurídica próxima
ou um conjunto de normas jurídicas que possuem sintonia com aquele caso. Como exemplo
temos a aplicação das regras do casamento para a união estável.

Costumes

São as práticas reiteradas no tempo. A repetição de usos de comportamentos, capaz de gerar a


convicção interna no individuo de uma necessidade jurídica de sua obediência.

Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua
celebração.
Princípios Gerais do Direito

São três os princípios consagrados no CC, conforme se extrai da sua exposição de motivo:

• Princípio da Eticidade (valorização da ética e boa-fé);

• Princípio da Socialidade (corolário do princípio da função social da propriedade, dos contratos);

• Princípio da Operabilidade (simplicidade e efetividade, alcançada através das cláusulas gerais).

Equidade

A equidade não está prevista na LINDB como forma de integração de lacunas legais, mas o art.
140, parágrafo único, do CPC prevê que “O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em
lei”. Desse modo, entende-se que o sistema jurídico admite a equidade como mecanismo de
integração, quando indicado pela própria norma, ou seja, somente em caso de previsão legal (CDC,
art. 7º).

Lei:

Lei é a norma jurídica. Fonte primária e direta do direito.

Vigência, Vigor, Eficácia e Validade da Lei

A vigência é tempo de duração de uma norma jurídica, o lapso temporal no qual a lei pode produzir
efeitos, no qual a lei possui vigor. Tem seu início com a publicação (ou decorrido o prazo da
vacatio legis) e persiste até a sua revogação ou extinção.

• Vigência: período entre a entrada em vigor e a revogação da lei.

• Vigor: força vinculante, está ligada ao ao princípio da obrigatoriedade, vincula todos os fatos e
pessoas à norma agendi (lei). A ultratividade é o fenômeno em que uma norma, mesmo ser ter
vigência (em razão de sua revogação), possui vigor (continua a reger certos fatos).

• Eficácia: é a aptidão da norma para produzir efeitos. Pode ser social, técnica ou jurídica.

• Validade: norma válida é a que foi formada, originada e elaborada por órgão competente, com a
obediência ao devido processo legal legislativo. No âmbito formal, a lei válida é a que obedece a
todos os parâmetros legais de formação e do processo legislativo. No âmbito material, lei válida
é a que está adequada e conforme os preceitos da Constituição Federal.

Assim, normas sem vigência podem ainda estar em vigor. Trata-se do fenômeno da ultratividade,
que nada mais é do que a possibilidade material e concreta de uma lei revogada ainda produzir
efeitos
Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de
oficialmente publicada.

§ 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia 3 meses
depois de oficialmente publicada.

§ 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o
prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.

§ 4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.

A correção a que se refere o § 3º, será apenas no que tange a erros de redação/ortografia.
Mudanças de mérito não são admitidas, pois estas demandam uma nova lei com adequado
trâmite legislativo (deliberações, discussão, etc.).

Se a lei for omissa quanto ao início da vigência, aplica-se a regra geral do artigo 1º, entra em vigor
45 dias após ser publicada. No entanto, se a lei dispuser a data de vigência, prevalece a norma
específica.

O período entre a publicação da lei e o início de vigência é denominado de vacatio legis

Não se aplica o prazo de vacatio legis da LINDB:

• Para os atos administrativos, pois estes entram em vigor na data da publicação no órgão oficial.
Pois, neste momento, presume-se a ciência do destinatário.

• Para a vacatio constitutionis, isso porque as EC entram em vigor na data de sua publicação, salvo
se houver previsão expressa em outro sentido, como, por exemplo, o sistema tributário nacional
possuiu uma vacância prevista no art. 34 do ADCT.

A revogação somente pode ser expressa ou tácita, razão pela qual, caso a Lei nova estabeleça
disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não há revogação nem modificação da
lei anterior.

“ninguém se escusa de cumprir a lei alegando que não a conhece”. Trata-se do Princípio da
Obrigatoriedade da lei. A norma jurídica, geral e abstrata, quando publicada e vigente, obriga a
todos os membros da coletividade ou comunidade que a ela se submete, sem qualquer distinção.

Repristinação da Lei

“Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a
vigência”
No direito brasileiro, a repristinação não é automática, devendo constar expressamente da lei
revogadora a restauração da vigência da lei revogada.

Eficácia da Lei no Tempo

A lei em vigor (vigência) terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito
adquirido e a coisa julgada. As situações jurídicas já consolidadas sob a vigência da lei antiga
devem ser preservadas pela nova legislação.

A regra no ordenamento jurídico brasileiro é a irretroatividade da lei (leis são editadas para reger
fatos posteriores a sua vigência).

A distinção entre ato jurídico perfeito e direito adquirido: o direito adquirido resulta diretamente
da lei, já o ato jurídico perfeito decorre da vontade das partes, que a exterioriza de acordo com a
lei, por exemplo, um contrato. Tais atos jurídicos são protegidos por mudanças supervenientes da
lei.

Eficácia da Lei no Espaço - Regras sobre Direito Internacional Privado

O conflito de leis no espaço ocorre quando certas relações jurídicas transcendem a ordem jurídica
interna e se interconectam com leis estrangeiras, autônomas e independentes. O que exigirá a
definição de qual desses ordenamentos jurídicos regerá o fato e suas consequências ou efeitos
jurídicos.

NÃO se aplica às normas de direito estrangeiro contrarias às normas de índole constitucional.

Em regra, o elemento de conexão adotado pela LINDB é o estatuto pessoal (art. 7º). Desse modo,
a lei do país do domicílio da pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.

O critério do estatuto pessoal tem exceções:


• Relações jurídicas cujo objeto seja imóvel: utiliza-se o critério real para a aplicação da lei do
lugar da coisa para regular as relações de posse e propriedade sobre imóveis (princípio da
territorialidade, caso de jurisdição exclusiva);

• Obrigações: utiliza-se da regra conducista, que determina a aplicação do lugar em que foi
constituída para as relações obrigacionais (art. 9º); *

• Sucessão: utiliza-se da norma mais favorável em relação aos bens de estrangeiro morto, situado
do Brasil, em favor do cônjuge e dos filhos (art. 10, § 1º).

No caso de sucessão por morte ou por ausência, segue a regra acima disposta, sendo aplicável,
a lei do país em que o defunto ou o desaparecido tenha domicílio, qualquer que seja a natureza e
a situação dos bens. Aplica-se a teoria da unidade sucessória. A sucessão será regida pela lei do
local de domicílio do falecido. Não são relevantes a nacionalidade e o local da situação dos bens.
A sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício
do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais
favorável a lei pessoal do de cujus.

Competência e Jurisdição:

É competente a autoridade judiciária brasileira (na realidade, possui jurisdição) quando for o réu
domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação. Nesses casos, a jurisdição é
concorrente com outros países estrangeiros. Nessas hipóteses, se houver jurisdição prestada no
estrangeiro, a sentença será válida e eficaz no Brasil após ser homologada pelo STJ. Não há
litispendência entre as ações no Brasil e no estrangeiro.

Casamento: Regras sobre Direito Espacial:

O art. 7º da LINDB adota o critério do estatuto pessoal (lei do domicílio da pessoa) para questões
relativas a direito de família. Se os cônjuges forem estrangeiros, o casamento poderá celebrar-se
perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. Em. De igual
maneira, é possível o casamento de brasileiros no exterior, com a aplicação da lei brasileira, se
celebrado perante autoridade consular brasileira (LINDB, art. 18), devendo ambos nubentes ser
brasileiros.

Prova:

A LINDB também disciplina a questão da prova de fatos ocorridos no exterior. O art. 13 dispõe
que a prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao
ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira
desconheça. Portanto, o ônus e os meios de prova são aqueles estabelecidos pela lei do país onde
o fato ocorreu. Não se admite, entretanto, prova cujo meio não é reconhecido pela legislação
brasileira.

O Direito Público e as Inovações:


Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação de
ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas
consequências jurídicas e administrativas.

Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar as
condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos
interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das
peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos.

Exemplo: no caso de invalidação de contrato administrativo, a autoridade pública julgadora que


determinar a invalidação, deverá definir, se serão ou não preservados os efeitos do contrato,
como, por exemplo, se os terceiros de boa-fé terão seus direitos garantidos. Deverá decidir, ainda,
se é ou não caso de pagamento de indenização ao particular que já executou as prestações,
conforme disciplinado pelo art. 59 da Lei n. 8.666/93.

O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de
dolo ou erro grosseiro.

As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos


responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado
o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Uma disposição legal que estipule responsabilidade do juiz por erro grosseiro (culpa) seria
inconstitucional por tolher, de forma desproporcional a independência judicial, afrontando a
separação de poderes.” Bem como pelo fato de que “a decisão judicial é naturalmente passível
de recurso. Assim toda decisão judicial que fosse reformada em instância superior, poderia, em
tese, ser considerada como errada.

No caso de invalidação de contrato administrativo, a autoridade pública julgadora que determinar


a invalidação deverá definir se serão ou não preservados os efeitos do contrato, como, por exemplo,
se os terceiros de boa-fé terão seus direitos garantidos. Deverá, ainda, decidir se é ou não o caso de
pagamento de indenização ao particular que já executou as prestações, conforme disciplinado pelo
art. 59 da Lei n. 8.666/93.

Anotações do Treinamento Intensivo:

• São considerados bens FUNGÍVEIS, os móveis que podem substituir-se por outros da mesma
espécie, qualidade e quantidade. Ex: um amaciante emprestado pro vizinho, ele irá te
devolver não necessariamente o mesmo amaciante, até porque este já foi usado, mas outro
da mesma espécie, qualidade e quantidade; mesma coisa com dinheiro emprestado, será
devolvido uma outra cédula ou moeda, porém com o mesmo valor.
• As regras em vigor no ordenamento jurídico civil consideram ABSOLUTAMENTE INCAPAZ de
exercer pessoalmente os atos da vida civil a pessoa menor de 16 anos.

• Com exceção dos casos previstos em lei, os DIREITOS DA PERSONALIDADE são


intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

• De acordo com o Código Civil, a ALTERAÇÃO DA FINALIDADE ORIGINAL DA ATIVIDADE


ECONÔMICA não constitui desvio de finalidade, nem autoriza, por si só, a desconsideração
da personalidade da pessoa jurídica. Já que, não constitui desvio de finalidade a mera
expansão ou a alteração da finalidade original da atividade econômica específica da pessoa
jurídica.

• São considerados ELEMENTOS ACIDENTAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO: o encargo, a condição e


o termo. Ex: só vou te doar esse terreno se você se casar (condição); só vou te doar esse
terreno nessa data específica (termo); só vou te doar esse terreno se você construir um
espaço para ajuda de pessoas necessitadas (encargo). Sendo assim, o termo é um evento
futuro e certo, condição é um evento futuro e incerto e o encargo é o modo ou ônus a ser
cumprido, em prol de uma liberalidade maior.

• Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva, sendo o negócio jurídico
considerado NULO.

• É ANULÁVEL o negócio jurídico por incapacidade relativa do agente ou por vício resultante
de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores. Se não for um desses
casos, e a dúvida for entre o negócio ser nulo ou anulável, provavelmente será nulo, por
eliminação.

• É NULO o negócio jurídico SIMULADO, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na
substância e na forma.

• De acordo com o Código Civil, a ANUÊNCIA DAS PARTES À CELEBRAÇÃO DOS NEGÓCIOS
JURÍDICOS em geral pode ocorrer pelo silêncio, quando as circunstâncias ou os usos o
autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.

• Para o Código Civil, a PERSONALIDADE CIVIL é adquirida a partir do nascimento com vida,
mas a lei põe a salvo os direitos do NASCITURO. A personalidade civil coincide com a
capacidade de direito.
• As pessoas jurídicas de direito privado, poderão realizar suas ASSEMBLEIAS GERAIS por
meios ELETRÔNICOS, inclusive para os fins de destituir os administradores e alterar o
estatuto, respeitados os direitos previstos de participação e manifestação.

• A existência legal das pessoas jurídicas de direito privado começa com a inscrição do ATO
CONSTITUTIVO no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou
aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar
o ato constitutivo. DECAI EM 3 ANOS o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas
de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua
inscrição no registro.

• O DOMICÍLIO da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ÂNIMO
DEFINITIVO. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à
profissão, o lugar onde esta é exercida. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não
tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada.

• Têm domicílio NECESSÁRIO o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.

• De acordo com o Código Civil, os vícios resultantes de erro, dolo, coação, estado de perigo,
lesão ou fraude contra credores ensejam a ANULABILIDADE do negócio jurídico, que se
sujeita a prazo decadencial. Esse prazo decadencial é de 4 anos.

• Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-
se a anulação, será este de 2 anos, a contar da data da conclusão do ato. Ex: a venda e bens
de ascendente para descendente, não é mencionado na lei, nesse caso, o prazo para pleitear
a anulação.

• O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la se transmitem com a herança.

• Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à


reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão
solidariamente pela reparação. Sendo que, nesse caso, um autor tem direito de regresso em
face do outro, caso venha a arcar sozinho com a reparação.

• A indenização mede-se pela extensão do dano, se houver excessiva desproporção entre a


gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização. Se o
devedor não puder cumprir a prestação na espécie ajustada, substituir-se-á pelo seu valor,
em moeda corrente.
• De acordo com o Código Civil, a prescrição pode ser renunciada, tácita ou expressamente,
diferentemente da decadência fixada em lei, que não admite renúncia.

• Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou. Ex:
foi celebrado um contrato de compra e venda entre Maria e José, ficando José obrigado a
dar uma moto ou um carro para sua credora Maria, se no contrato não disser quem vai
escolher o objeto de pagamento, em regra, quem escolhe é o próprio José, mas se o contrato
constar que Maria escolhe, então assim será.

• Interrompida pelo protesto, a prescrição não poderá ser interrompida por uma segunda vez.

• Os pais do incapaz respondem civilmente pela reparação de danos de forma objetiva. O


incapaz pode responder de forma subsidiária. O incapaz responde pelos prejuízo que causar,
se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de
meios suficientes.

• A ilicitude do motivo determinante do negócio jurídico enseja sua nulidade somente quando
for comum a ambas as partes.

• Na solidariedade passiva, se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros,


nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder a seu quinhão
hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.

• Na solidariedade passiva, se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos


devedores, este responderá por toda ela para com aquele que a pagar.

• A pretensão de reparação civil prescreve em 3 anos.

• De acordo com o Código Civil, a posse pode ser classificada em justa se não for violenta,
clandestina ou precária.

• O credor pignoratício, assim entendido como a pessoa que possui um título de penhor
instituído a seu favor, tem, entre outros, direito de promover a execução judicial ou venda
amigável, se lhe permitir expressamente o contrato, ou lhe autorizar o devedor mediante
procuração.
• Aquele que conversa em nome de outro e em cumprimento de suas instruções, a posse de
imóvel de propriedade desse outro (Caseiro), é considerado em relação ao imóvel, mero
detentor.

• Em regra, o credor do penhor, hipoteca, anticrese, não pode ficar com o bem dado em
garantia, caso a obrigação principal não seja cumprida. O devedor poderá dar o bem como
forma de pagamento da dívida, mas o credor não poderá automaticamente se apropriar
do bem em garantia, por iniciativa unilateral.

• De acordo com o Código Civil, a propriedade é direito real que se perde pela renúncia e
pelo abandono, entre outras causas (alienação, perecimento da coisa, desapropriação).

• O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades


econômicas e sociais.

• A respeito das garantias reais, dispõe o Código Civil que o pagamento de uma ou mais
prestações da dívida não importa exoneração correspondente da garantia, ainda que esta
compreenda vários bens, salvo disposição expressa no título ou na quitação.

• Maria e José herdaram de seus pais um imóvel indivisível e, atualmente, são os únicos
possuidores do bem (condomínio + composse). Segundo o Código Civil, Maria poderá
exercer sobre o imóvel atos possessórios, desde que estes não excluam os de José. Já que,
se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos
possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.

• A prescrição pode ser renunciada expressa ou tacitamente, mas apenas depois de se


consumar.

• A usucapião não pode recair sobre bens públicos, quaisquer que sejam.

• A usucapião não ocorre entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar. Já


que a prescrição não corre nessa condição

• De acordo com o Código Civil, ocorrendo o óbito da pessoa, sua herança transmite-se,
desde logo, aos herdeiros, legítimos e testamentários, independentemente da realização
ou conclusão do inventário. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos
herdeiros legítimos e testamentários.
RESUMO DE DIREITO CIVIL

A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo desde a
concepção, os direitos do nascituro.

Duas teorias acerca do início da personalidade:

Natalista:

• a personalidade tem início com o nascimento com vida;

• o direito do nascituro possui condição suspensiva;

• STF: o que se protege, na verdade, é uma expectativa de direito.

Concepcionista:

• A personalidade tem início com a concepção.

A capacidade é, assim, a medida da personalidade. Ou seja, a capacidade é a aptidão genérica


para ser titular de direitos e obrigações, como determina o art. 1o do CC/2002.

• Capacidade direito: Capacidade de ser sujeito de direito e deveres. Inicia-se com o nascimento
com vida.

• Capacidade de fato: Capacidade de exercício. Nem todas as pessoas a possuem.

Incapacidade é a ausência da capacidade de fato

Absoluta:

✓ menores de 16 anos

Relativa:

✓ maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

✓ ébrios habituais;

✓ viciados em tóxico;
✓ os que por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;

✓ pródigos.

O Estatuto da pessoa com deficiência (Lei n ̊ 13.146/2015) equiparou a pessoa com deficiência
mental aos plenamente capazes. Atenção! Se a pessoa com deficiência não puder expressar sua
vontade, ela pode ser enquadrada como relativamente incapaz.

Emancipação é a aquisição da plena capacidade antes da idade legal prevista. Tenha em mente
que emancipação e menoridade são coisas distintas. O menor emancipado continua sendo
menor, apesar de possuir plena capacidade civil. Tanto continua menor que a “capacidade penal”
ainda não lhe é plena, havendo aí situação de inimputabilidade decorrente da menoridade, ainda
que civilmente capaz ele seja.

✓ Cessará, para os menores, a incapacidade:


o Pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público,
independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver
dezesseis anos completos;

o Pelo casamento;

o Pelo exercício de emprego público efetivo;

o Pela colação de grau em curso de ensino superior;

o Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em
função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.

o A emancipação mais comum é a feita com a concessão dos pais.

O inc. I traz duas situações distintas. A primeira (“concessão dos pais”) é chamada de emancipação
voluntária; a segunda (“por sentença do juiz”) é chamada de emancipação judicial. As demais
hipóteses previstas nos outros incisos são causas especiais de emancipação.

Direitos de Personalidade:

• Absolutos: No sentido de que todos devem respeitar os direitos da personalidade; Cuidado! Pode
ser relativizado!

• Indisponíveis: Insuscetíveis de alienação;

• Irrenunciáveis: Insuscetíveis de renúncia ou limite;

• Imprescritíveis: Não deixam de existir pelo simples decurso do tempo;


• Intransmissíveis: Não são passíveis de transmissão;

• Extrapatrimoniais: Não compõem o patrimônio da pessoa;

• Inatos: Nascem com a pessoa e morrem com ela, independentemente de atuação.

Exceções: somente nos casos previstos em lei. Ex.: Doação de órgãos.

OBS: Os familiares do morto têm legitimidade para tutelar os direitos de personalidade do “de
cujus”. Legitimados: cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o
quarto grau.

✓ Hipóteses de proibição legal de disposição do próprio corpo:

o Quando importar diminuição permanente e;

o Contrariar os bons costumes

✓ É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo
ou em parte, para depois da morte.

✓ O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.

✓ Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a
intervenção cirúrgica.

Presunção de morte:

✓ Em realidade, o fim da pessoa significa o fim de sua capacidade. De acordo com o art. 6º do
CC/2002, ela termina, no caso da pessoa natural, com a morte.

✓ Quando haverá presunção de morte sem prévia declaração de ausência?

1. se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida (inc. i do art. 7º), como
nos casos de acidentes aéreos no mar, desaparecido durante uma nevasca numa expedição de
montanhismo, um jornalista em uma zona de distúrbio civil;

2. se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos
após o término da guerra (inc. II do art. 7º);

3. no caso de pessoas desaparecidas entre 02/09/1961 a 05/10/1988 (Regime Militar de


exceçãovigente no país, incluindo período pré-Golpe e pós-Golpe), sem notícias delas, detidas por
agentes públicos, envolvidas em atividades políticas ou acusadas de participar dessas atividades
(Lei nº. 9.140/1995).
OBS: O art. 6º é claro ao dispor que somente se permitirá a presunção de morte do ausente quando
da abertura da sucessão definitiva.

Domicílio:

✓ Domicílio voluntário: em regra, o domicílio é voluntário, salvo as exceções legais.

✓ Domicílio necessário/legal: é a situação em que a Lei determina um domicílio mesmo que a


pessoa queira ter outro. Quando isso acontece? Vejamos:
OBS: Se o servidor é deslocado temporariamente, seu domicílio não se altera.

Fato, ato e negócio jurídico:

Negócio Jurídico:
✓ Pressupostos de validade do negócio jurídico:

o agente capaz;

o objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

o forma prescrita ou não defesa em lei.

✓ Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios
jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre
imóveis de valor superior a 30 vezes o maior salário mínimo vigente no País.

✓ Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme:

✓ A boa-fé e

✓ Os usos do lugar de sua celebração.

Elementos:

✓ Estruturais (existência) – partes, vontade, objeto e forma.

✓ Essenciais (validade) – agente capaz; objeto lícito, possível, determinado ou determinável;


forma prescrita ou não defesa em lei.

✓ Acidentais (eficácia) – condição, termo e encargo.

OBS: É anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem,
celebrar consigo mesmo.

Condição, termo e encargo:

✓ Condição: subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.

✓ Termo: subordina o efeito do negócio jurídico a um evento futuro e certo.

✓ Encargo: impõe ao beneficiário de uma liberalidade uma dada obrigação.

OBS: O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.

OBS: O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito.

OBS: Caso se estabeleça encargo ilícito ou impossível, ele será simplesmente considerado não
escrito.
Exemplo: se estabeleço que doarei um carro a você SE você for aprovado na prova, sua aprovação
é uma condição para o negócio jurídico. Se estabeleço que doarei meu carro a você QUANDO você
fizer 18 anos, seu aniversário é um termo para o negócio jurídico. Se estabeleço que doarei o carro
a você DESDE QUE você o mantenha original, a manutenção da originalidade constitui um encargo
do negócio jurídico.

Defeitos do negócio jurídico:

✓ Vícios que provocam a anulabilidade do negócio jurídico.

✓ Prazo para se propor a anulação: 4 anos.

Erro:

o Engano, falsa percepção da realidade.

o Deve ser um erro substancial.

o Erro que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do
negócio

Dolo:

o Ação ou omissão em induzir, fortalecer ou manter o outro na falsa representação da realidade


para beneficiar a si ou a outrem.

o Dolo recíproco: • Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular
o negócio, ou reclamar indenização.

Coação:

o A vontade é viciada por medo de dano a si, à família, a outrem ou aos bens, a partir de uma
pressão física ou moral.
o Não se considera coação a ameaça:

• Do exercício normal de um direito;

• O simples temor reverencial.

Estado de perigo:

o Configura-se quando alguém assume obrigação excessivamente onerosa, premido da


necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte.

Lesão:

o Ocorre quando uma pessoa se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da


prestação oposta, sob premente necessidade, ou por inexperiência.

Fraude contra credores:

Ocorre quando o devedor maliciosamente aliena seu patrimônio para não pagar o credor.

o Ação Pauliana: Ação que busca anular a fraude contra credores.

o É NULO o negócio jurídico quando:

• Celebrado por pessoa absolutamente incapaz;

• For ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;

• O motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;

• Não revestir a forma prescrita em lei;

• For preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;

• Tiver por objetivo fraudar lei imperativa;

• A lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.

o É ANULÁVEL o negócio jurídico:

• Por incapacidade relativa do agente;

• Por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.

o Simulação

• É caso de nulidade absoluta.

• É praticado um negócio aparente para encobrir um negócio oculto.

• Subsistirá se for válido na substância e na forma.


Domicilio das Pessoas Jurídicas:

✓ União: o Distrito Federal.

✓ Estados e territórios: as respectivas capitais.

✓ Municípios: lugar onde funcione a administração municipal.

✓ Demais pessoas jurídicas: o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações,


ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.

✓ Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será
considerado domicílio para os atos nele praticados.

Prescrição:

✓ Extinção da pretensão de um direito em decorrência do transcurso do tempo previsto em lei.

✓ Admite causas: Impeditivas, suspensivas, interruptivas.

✓ Os prazos só podem ser criados por lei e são inalteráveis pela vontade das partes

✓ Os prazos prescricionais são sempre em anos. Se não houver a lei fixado prazo menor, a
prescrição ocorre em dez anos.

✓ Pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita, ou declarada de
ofício pelo juiz.

✓ Uma vez iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor a prescrição.

OBS: Não corre a prescrição: entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; entre
ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; entre tutelados ou curatelados e seus
tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela.

OBS: Também não corre a prescrição: contra os incapazes de que trata o art. 3°; contra os
ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios; contra os que se
acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra

Decadência:

✓ Perda do direito potestativo pela inércia do seu titular.

✓ Os prazos podem ser criados por lei e pela vontade das partes.

✓ Os prazos decadenciais podem ser em anos, meses e dias.

✓ Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, salvo a decadência convencional que somente
a parte a quem aproveita a pode alegar.
Responsabilidade Civil

Obrigação de indenizar:

1. ato ilícito;

2. dano;

3. nexo de causalidade.

OBS: Se o dano for atual, ele é chamado de dano emergente, ou dano positivo, ou seja, é o dano
que emerge do ato. Ao contrário, se forem danos futuros, eles são chamados de lucros cessantes,
ou dano negativo, ou seja, danos que cessam os lucros futuros. Trata-se da aplicação do instituto
das perdas e danos, instituto de Direito das Obrigações presente no art. 402.

OBS: Pela teoria da responsabilidade subjetiva, só é imputável, a título de culpa, aquele que
praticou o fato culposo possível de ser evitado. Não há responsabilidade quando o agente não
pretendeu e nem podia prever, tendo agido com a necessária cautela.
SUMÁRIO:

- Princípios
- Pessoa Natural
- LINDB
- Treinamento Intensivo (GRAN)
- Resumo (ESTRATÉGIA)
- Personalidade e Capacidade
- Ausência
- Domicílio
- Pessoas Jurídicas
- Bens
- Negócios Jurídicos
- Atos Jurídicos
- Prescrição e Decadência
DIREITO CIVIL
MÓDULO I
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB

Atualmente, a LINDB é recepcionada como Lei Ordinária. Ou seja, a LINDB é uma Lei ordinária
com status constitucional. Ainda assim, Lei Ordinária! A doutrina costuma chamá-la de norma
de sobredireito, pois que disciplina princípios, aplicação, vigência, interpretação e integração,
itens relacionados a todo o direito e não somente ao Código Civil. É uma Lei que disciplina as
Leis, a “lei das leis”.

Aplicação:

Para uma Lei ser criada há um procedimento próprio que está definido na Constituição Federal
(Processo Legislativo) e que envolve dentre outras etapas: a) a tramitação no legislativo; b) a sanção
pelo executivo; c) a sua promulgação; e d) a publicação (diferente de promulgação).

• A PROMULGAÇÃO é o nascimento da lei em sentido amplo, é ato solene que atesta a existência
da lei
• A PUBLICAÇÃO é a exigência necessária para a posterior entrada em vigor da lei

Vigência:

Art. 1°. Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias
depois de oficialmente publicada.

Mas, a lei pode indicar outro prazo de vigência, que pode ser inferior ou superior aos 45 dias citados
na LINDB. Se for constatado que a lei tem um prazo específico, dispondo em contrário à LINDB, esta
é que prevalecerá. Por exemplo, se o texto da lei falar que esta entrará em vigor 10 dias após a sua
publicação, assim acontecerá.

Art.1o. §1. Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se
inicia três meses depois de oficialmente publicada.

Modificações:

Art. 1o. §3o. Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada
a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova
publicação.

Há uma lei já publicada, mas que ainda não está em vigor e, portanto, ainda está no período de vacatio
legis. Se essa lei for republicada para correção (devido a erros materiais, omissões ou até mesmo
falhas de ortografia), o prazo recomeçará a ser contado a partir dessa nova publicação.

Porém, outra situação ocorre caso a vacatio legis já tenha sido superado, ou seja, já tenha transcorrido
o prazo de 45 dias, ou outro que a lei determine, estando, desta forma, a lei em sua plena vigência.
Nesse caso a correção a texto será considerada como lei nova.

Art. 1o. §4o. As correções a texto de lei já em vigor consideram-se Lei nova.

Fim da vigência:

Art. 2°. Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou
revogue.

Contagem do prazo de vacância:

Art. 8o §1o. A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de
vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em
vigor no dia subsequente a sua consumação integral.
Esse prazo não se interrompe, nem se suspende ou se protrai, de modo que se a data indicada pela
lei cair em feriado, sábado ou domingo, a vigência da norma se dá naquele dia, independentemente
de ser útil ou não.

Revogação é a supressão da força obrigatória da lei, retirando-lhe a eficácia — o que só pode


ser feito por outra lei, da mesma hierarquia ou de hierarquia superior. Em suma, a revogação
nada mais é que tornar sem efeito uma norma.

- Expressa (direta), quando expressamente o declare. A revogação está no texto da lei. A


revogação expressa é a mais segura, pois evita dúvidas e obscuridades.

- Tácita (indireta), em duas situações: quando seja com esta incompatível ou quando regule
inteiramente a matéria, mesmo não mencionando a lei revogada.

- Parcial, quando a nova lei torna sem efeito apenas uma parte da lei antiga, que no restante
continua em vigor. É a chamada derrogação.

- Total, quando a nova lei suprime todo o texto da lei anterior, ou seja, é feita uma nova lei sobre
o assunto. É a chamada ab-rogação.

Art. 2o. §1°. A lei posterior revoga a anterior quando (1) expressamente o declare, quando (2)
seja com ela incompatível ou quando (3) regule inteiramente a matéria de que tratava a lei
anterior.

Daí se depreende que a simples criação de uma lei com o mesmo assunto de uma lei já existente
(disposições gerais ou especiais) não revoga a eficácia da lei pretérita (da lei antiga). Nesse caso, a
revogação somente irá acontecer se houver incompatibilidade entre elas ou a regulação inteira da
matéria.

Ultratividade:

A ultratividade da lei ocorre quando uma norma possui vigor sem ser vigente. Nesse caso, a norma
produz efeitos mesmo depois de terminada sua vigência. Ou seja, a ultratividade ocorre após a
revogação da lei, mas os fatos ocorreram antes de a lei ser revogada.

Repristinação:

A repristinação significa restaurar o valor obrigatório de uma lei que foi anteriormente revogada. O
nosso ordenamento jurídico não aceita, em regra, a repristinação, exceto se houver disposição em
contrário. Se a Lei nova “B”, que revogou uma Lei velha “A”, for também revogada, posteriormente, por
uma Lei mais nova “C”, a Lei velha “A” não volta a valer automaticamente. Isso só irá acontecer se no
texto da Lei mais nova “C” estiver expresso que a Lei velha “A” volta a valer. Salvo disposição em
contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.
Obrigatoriedade da Lei:

O Direito brasileiro não adota a perspectiva, em regra, de que é possível alegar desconhecimento da
lei para justificar determinada conduta. A lei é imperativa e deixar de segui-la não é opção. Assim, a
ignorância da lei não escusa ninguém de seu cumprimento. Nesse sentido, o art. 3o da LINDB
estabelece com clareza solar que ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.
Há exceção à regra no que tange à aplicação da lei penal, no caso do art. 8o da Lei das Contravenções
Penais (“No caso de ignorância ou de errada compreensão da lei, quando escusáveis, a pena pode
deixar de ser aplicada”).

Direito Internacional Privado:

§1o. Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos
impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração.

§2o. O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou


consulares do país de ambos os nubentes.

A invalidade do casamento será regida pela lei do domicílio comum dos nubentes ou pela lei de seu
primeiro domicílio conjugal: §3°. Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de
invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal.

§4°. O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes
domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal.

§5o. O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de
seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao
mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros
e dada esta adoção ao competente registro.

§6o. O divórcio [consensual puro e simples] realizado no estrangeiro, se um ou ambos os


cônjuges forem brasileiros, será reconhecido [imediatamente] no Brasil, [independentemente
de homologação pelo] Superior Tribunal de Justiça.

§7°. Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro cônjuge e
aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda.

O domicílio da pessoa que não tiver residência fixa será o local em que ela for encontrada. É o caso
das pessoas sem-teto ou errantes, como os ciganos, naquela perspectiva meio novelesca: §8°.
Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência ou
naquele em que se encontre.

Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para
lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro
de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do
Consulado.

OBS: Cuidado com a Súmula 381 do STF. Ela afirma que “não se homologa sentença de divórcio
obtida, por procuração, em país de que os cônjuges não eram nacionais”.

Morte e sucessão:

Já relativamente à sucessão por morte ou por ausência, rege o art. 10 da LINDB: deve-se
obedecer à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a
natureza e a situação dos bens.

Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o
defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.

O §1o traz uma EXCEÇÃO, que diz respeito às situações em que houver bens no Brasil e havendo
também cônjuge ou filhos brasileiros. E veja que essa exceção é amparada inclusive pelo texto
constitucional. Com isso, nesse ponto, será analisada qual lei será mais favorável aos herdeiros
brasileiros – se a lei brasileira ou se a lei de onde era domiciliado o morto: §1o. A sucessão de bens
de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou
dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei
pessoal do de cujus.

OBS: A lei do domicílio do morto rege as condições de validade do testamento por ele deixado. Mas é
a lei do domicílio do herdeiro ou legatário que regula a capacidade para suceder.

OBS: O que determinará quem são os herdeiros será a lei de onde era domiciliado o defunto.

Competência processual:

Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil
ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação.

§ 1°. Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a imóveis
situados no Brasil.

§2°. A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e segundo a forma


estabelecida pele lei brasileira, as diligências deprecadas por autoridade estrangeira
competente, observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências.

Atos de outros países:

Estabelece o art. 17 que leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações
de vontade, não terão eficácia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional, a ordem
pública e os bons costumes. Trata-se de medida de proteção do ordenamento jurídico pátrio.
Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes
requisitos:

a) haver sido proferida por juiz competente;

b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;

c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no
lugar em que foi proferida;

d) estar traduzida por intérprete autorizado;

e) ter sido homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (Vide art.105, inc. I, alínea “i”, da
Constituição Federal).

OBS: A REGRA locus regit actum manda aplicar as leis do lugar em que forem celebrados os atos.
Essa regra é válida para obrigações constituídas entre presentes, ou seja, ambas as partes
comparecem pessoalmente ao ato. O princípio locus regit actum está relacionado ao PLANO DE
VALIDADE do negócio, relacionado ao ato de constituição da obrigação, ou seja, à sua FORMA.

Provas:

Não se admitem nos tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.

Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto
ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei
brasileira desconheça.

Direito Público:

Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por autoridade administrativa,
salvo os de mera organização interna, poderá ser precedida de consulta pública para
manifestação de interessados, preferencialmente por meio eletrônico, a qual será considerada
na decisão.

De modo a evitar que o julgador decida de maneira arbitrária, o art. 20 prevê que nas esferas
administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos
sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão. Por isso, na motivação,
deve-se demonstrar a necessidade e a adequação da medida imposta ou da invalidação de ato,
contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possíveis alternativas.

Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores
jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.

Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou


da invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face
das possíveis alternativas.
Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a
invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo
expresso suas consequências jurídicas e administrativas.

Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso,
indicar as condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem
prejuízo aos interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas
que, em função das peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos.

Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e
as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo
dos direitos dos administrados.

§ 1o Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, processo


ou norma administrativa, serão consideradas as circunstâncias práticas que houverem
imposto, limitado ou condicionado a ação do agente.

§ 2o Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração


cometida, os danos que dela provierem para a administração pública, as circunstâncias
agravantes ou atenuantes e os antecedentes do agente.

§ 3o As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na dosimetria das demais sanções
de mesma natureza e relativas ao mesmo fato.

De outro lado, na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração


cometida, os danos que dela provierem para a administração pública, as circunstâncias agravantes ou
atenuantes e os antecedentes do agente. Nesse sentido, prevê o §3o que as sanções aplicadas ao
agente serão levadas em conta na dosimetria das demais sanções de mesma natureza e relativas ao
mesmo fato. Ao que parece, a intenção aqui era evitar punições diversas por um mesmo ato.

Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou


orientação nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo
condicionamento de direito, deverá prever regime de transição quando indispensável para que
o novo dever ou condicionamento de direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e
eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais.

Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato,
contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado
levará em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança
posterior de orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas.

Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em
caso de dolo ou erro grosseiro.

Art. 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, poderá
impor compensação por benefícios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos resultantes do
processo ou da conduta dos envolvidos.
Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na aplicação do
direito público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade administrativa poderá,
após oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após realização de consulta pública, e
presentes razões de relevante interesse geral, celebrar compromisso com os interessados,
observada a legislação aplicável, o qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial.

Por fim, de maneira programática, o art. 30 exige que as autoridades públicas atuem para aumentar a
segurança jurídica na aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas
administrativas e respostas a consultas. Estendendo o raciocínio das Súmulas Vinculantes do STF,
esses instrumentos terão caráter vinculante em relação ao órgão ou entidade a que se destinam, até
ulterior revisão: Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica
na aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e
respostas a consultas. Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput deste artigo terão
caráter vinculante em relação ao órgão ou entidade a que se destinam, até ulterior revisão.

• A sucessão de bens estrangeiros que estejam no Brasil é regulada pela lei brasileira, a
menos que a lei do domicílio do de cujus (o morto), seja mais benéfica ao cônjuge e aos filhos
brasileiros.

Personalidade e Capacidade

A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a
concepção, os direitos do nascituro.

Os menores de 16 anos, segundo o art. 3o do Código Civil, têm personalidade, mas não têm plena
capacidade, são absolutamente incapazes.

A capacidade de direito é a capacidade potencial para que a pessoa exerça os atos da vida civil.
Assim, capacidade de direito é sinônimo de personalidade civil.

A capacidade de fato, por outro lado, é o poder efetivo de exercer plenamente os atos da vida
civil.

No caso de incapacidade absoluta, há a representação do incapaz pelos pais, tutores ou curadores.


São absolutamente incapazes apenas os menores de 16 anos, segundo o art. 3o do Código Civil.
Quais são as exceções a essa regra? Não há. Somente pode ser considerado absolutamente incapaz
o menor de 16 anos, e ponto. Sem exceção.

Na incapacidade relativa, por outro lado, a limitação é parcial. São relativamente incapazes:

I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;


III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;

IV - os pródigos.

Deficiência não significa que a pessoa não possa exprimir sua vontade. Segundo o art. 6o da Lei
13.146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência): “A deficiência não afeta a plena
capacidade civil da pessoa”. Ou seja, apenas se a pessoa com deficiência “por causa transitória ou
permanente, não puder exprimir sua vontade” é que ela será considerada relativamente incapaz.

A emancipação é a aquisição da plena capacidade antes da idade legal prevista. Isso ocorre nas
seguintes hipóteses do art. 5o do Código Civil:

I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público,
independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o
menor tiver dezesseis anos completos;

II - pelo casamento;

III - pelo exercício de emprego público efetivo;

IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;

V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde


que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.

A concessão dos pais citada no inc. I é a chamada emancipação voluntária. Sempre é necessário
ambos os pais para essa emancipação, exceto se um deles estiver morto, por exemplo. Sempre é
necessário que seja por escritura pública, feita em cartório.

A emancipação “por sentença do juiz” é a chamada emancipação judicial. No caso do menor sem pais
(ambos), sujeito à tutela, só pode ser emancipado mediante autorização judicial.

Em geral, para as demais situações, a doutrina também entende haver limite mínimo de emancipação
aos 16 anos. Isso porque, antes dessa idade, o menor ainda é absolutamente incapaz, firmando-se o
entendimento de que não se poderia emancipar o absolutamente incapaz, mas somente o
relativamente incapaz.

De qualquer forma, veja-se que o art. 5o do Código Civil exige, para a emancipação, que o menor
tenha ao menos 16 anos em quatro hipóteses: concessão pelos pais, sentença judicial, casamento e
estabelecimento civil ou comercial ou emprego privado. Por outro lado, há duas situações nas quais
não se exige textualmente que o menor tenha 16 anos completos: emprego público efetivo 1 e colação
de grau em ensino superior.

De acordo com o art. 6o do Código Civil a existência da pessoa natural termina com a morte, provada
mediante atestado de morte, segundo o art. 9o, inc. I, do Código Civil.

O art. 7o do Código Civil prevê as hipóteses em que a morte pode ser presumida:

I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;

II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos
após o término da guerra.
Exceto essas duas hipóteses, não se pode presumir a morte da pessoa sem o prévio procedimento de
ausência. Nos demais casos que não se encaixem nesses, é necessário se chegar a sucessão
definitiva para se presumir a morte daquele que desaparecera.

A comoriência ocorre se duas ou mais pessoas falecerem na mesma ocasião, não se podendo
afirmar qual morreu primeiro. Presume-se a morte simultânea entre elas (art. 8o do Código
Civil). O efeito principal é que não há transferência de direitos sucessórios entre os comorientes
(um não herda do outro).

Direitos de personalidade

O objetivo dos direitos de personalidade é a adequada proteção e tutela da pessoa humana.

A. Absolutos - Eficazes contra todos (erga omnes)

B. Indisponíveis - Insuscetíveis de alienação

C. Irrenunciáveis - Insuscetíveis de renúncia ou limite

D. Imprescritíveis - Não há prazo para sua utilização e não deixam de existir pelo simples
decurso do tempo

E. Extrapatrimoniais - Não compõem o patrimônio da pessoa

F. Inatos - Nascem com a pessoa e morrem com ela, independentemente de atuação

O art. 12 do Código Civil estabelece que o interessado pode exigir que cesse a ameaça ou lesão a seu
direito da personalidade e reclamar perdas e danos. E, no caso do morto, o parágrafo único explica
que cabe ao cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau,
exigir o cumprimento desses direitos.

A integridade física, como um direito da personalidade, é indisponível e irrenunciável. Assim, a


pessoa não pode dispor do próprio corpo de forma que prejudique sua integridade física.

O art. 13 do Código Civil determina que isso pode ocorrer apenas quando houver exigência
médica. Como, por exemplo, uma amputação por causa de uma diabete. Além disso, nos casos
de transplante de órgãos (art. 13, parágrafo único, do Código Civil) e de disposição gratuita do
próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte, com objetivo científico ou altruístico,
isso também pode ocorrer. O ato de disposição pode ser revogado a qualquer tempo (art. 14 do
Código Civil), claro.

Quanto ao nome, o direito ao nome abrange a proteção do prenome e do sobrenome (art. 16 do


Código Civil). Além disso, há proteção de apelidos ou pseudônimos socialmente reconhecidos,
desde que lícitos (art. 19). Além disso, o nome da pessoa não pode ser empregado por outrem
em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não
haja intenção difamatória (art. 17). Ou seja, não interessa se tem ou não intenção de prejuduciar,
se usou o nome e gerou desprezo, violou o direito da pessoa. Do mesmo modo, sem
autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.

Ausência

Esse processo de ausência ocorre quando a pessoa desaparece de seu domicílio sem deixar
representante ou dar notícias do paradeiro. A declaração de ausência passa por três fases.

A primeira é a curadoria de ausência, pela qual se arrecadam os bens que serão administrados por
um curador (art. 22 do Código Civil). Aqui, desde logo, já se declara a ausência. E quem será o
curador? O art. 25 do Código Civil estabelece que, primeiro, se nomeia o cônjuge ou companheiro do
ausente, desde que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da
declaração da ausência. Se o ausente não tiver cônjuge ou companheiro, ou se estiver separado
judicialmente, ou divorciado, ou separado de fato há mais de dois anos, a curadoria dos bens do
ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem. Na falta das pessoas mencionadas,
compete ao juiz a escolha do curador.

Decorrido um ano dessa declaração, ou três anos se ele deixou representante, os interessados
poderão requerer que se declare ausência e se abra a sucessão provisória. Sendo que são
considerados interessados, segundo o art. 27 do Código Civil:

I - o cônjuge não separado judicialmente;

II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;

III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte;

IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas.

Assim, é feita a partilha de forma provisória, de maneira que se aguarda o retorno do ausente por dez
anos.

A sucessão definitiva ocorre dez anos depois de julgado a sentença de abertura da sucessão
provisória. O art. 38 prevê uma exceção. É possível requerer a sucessão definitiva, também, provando-
se que o ausente conta com 80 anos, e que de cinco datam as últimas notícias dele. Ou seja, meu avô,
de 78 anos, desaparece; cinco anos depois (época na qual ele contará com 83 anos), já posso requerer
a sucessão definitiva dele, sem a provisória.

Se o presumivelmente morto não tiver herdeiros, seus bens passam ao domínio do Município ou do
Distrito Federal, incorporando-se ao domínio da União, quando situados os bens em território federal
(herança jacente, ante aos bens vagos).

Aguardam-se mais dez anos. Após esse prazo, encerra-se o processo e o ausente, se retornar, não
terá direito a nada.
Domicílio

Especificamente quanto à pessoa natural, o domicílio é o local onde ela estabelece residência com
ânimo definitivo, sua localização espacial. A residência é onde a pessoa se fixa, ainda que
temporariamente. Ou seja, o domicílio é mais do que a mera residência, é o lugar onde o direito prevê
que minhas relações jurídicas devem ser vinculadas. Se a pessoa tiver diversas residências, onde
alternadamente viva, considera-se seu domicílio quaisquer das residências. O parágrafo único do art.
72 ainda estabelece que se a pessoa exercer profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá
domicílio para as relações que lhe corresponderem.

O domicílio é obrigatório e mesmo os que não têm residência têm domicílio, como os sem-teto ou os
errantes. Utiliza-se o local onde for encontrada a pessoa como seu domicílio.

Podemos dividir o domicílio em voluntário e necessário/legal. O domicílio voluntário pode ser


estabelecido mediante contrato escrito, segundo o art. 78 do Código Civil. O domicílio
necessário ou legal é a situação em que a Lei determina um domicílio para a pessoa, vejamos
quando isso acontece:
OBS: Tanto os casamentos como a emancipação devem ser registradas em registro público.

OBS: A abertura da sucessão provisória do ausente ocorre 1 ano depois da arrecadação dos
bens (art. 26). Inicialmente, o juiz vai mandar arrecadar os bens do ausente e nomear um
curador, abrindo a sucessão provisória após um ano da arrecadação.

PESSOAS JURÍDICAS

As pessoas jurídicas podem ser de direito público (interno ou externo) e direito privado.
Segundo o art. 42 do Código Civil são pessoas jurídicas de direito público externo os Estados
estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público, como a
ONU, OMC, Mercosul. O Estado, nesse sentido, deve ser visto como ente jurídico dotado de
personalidade internacional.

Cuidado com art. 41, parágrafo único, do Código Civil. As pessoas jurídicas de direito público
interno que tiverem estrutura de direito privado serão regidas pelas regras do Direito Privado.
Ou seja, apesar de serem públicas são tratadas como se fossem privadas.

As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus
agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os
causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.

Importante destacar que a criação, organização e funcionamento das organizações religiosas não
podem sofrer intervenção estatal, segundo o art. 44, §1o, do Código Civil. Quanto aos partidos
políticos, seu funcionamento e organização serão definidos por lei específica.

Essa personificação, que é quando ocorre a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado,
ocorre com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro. Ou seja, a pessoa jurídica passa
a existir, como se fosse pessoa (no sentido do ser humano). Pode ser ainda que necessite de
aprovação do Poder Executivo, como exposto no art. 45 do Código Civil.

Mas o que é necessário para o registro? O art. 46 do Código Civil estabelece quais são os requisitos
gerais do registro:

I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver;

II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;


III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e
extrajudicialmente;

IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;

V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;

VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso.

Há situações em que existe mero agrupamento de pessoas e/ou bens, sem que chegue a constituir
pessoas jurídicas. Esses entes despersonificados, no entanto, possuem direitos e obrigações muito
semelhantes às pessoas jurídicas. Quem são esses entes despersonificados? São os abaixo listados,
cujo elemento de importância, no Direito Civil, é sua capacidade processual. Por isso, basta saber
quem representa o ente:

Desconsideração da personalidade jurídica:

Para se verificar se há possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica, é necessário se


verificar o abuso na utilização dessa personalidade jurídica. Esse abuso deve se caracterizar pelo
desvio de finalidade OU pela confusão patrimonial. Se não se caracterizar nem uma dessas
situações, não se pode desconsiderar a personalidade jurídica.

O desvio de finalidade é explicado no §1o do art. 50 do Código Civil. Segundo ele, desvio de finalidade
é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos
ilícitos de qualquer natureza. Enquanto isso, o §5o evidencia que não constitui desvio de
finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade econômica
específica da pessoa jurídica.

Quanto a confusão patrimonial, o §2o estabeleceu que se trata da ausência de separação de fato entre
os patrimônios, caracterizada por (I) cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do
sócio ou do administrador ou vice-versa; (II) transferência de ativos ou de passivos sem efetivas
contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e (III) outros atos de
descumprimento da autonomia patrimonial. Se levado ao pé da letra, o conceito de confusão
patrimonial tornaria praticamente impossível não haver desconsideração da personalidade jurídica. Um
sócio que toma um clipes de papel para ajuntar papeis pessoais estaria a confundir patrimônios. Por
isso, a norma prevê que deve haver relevância nos atos. Em caso de utilização do capital da
pessoa jurídica pelo sócio, para pagamento de dívidas pessoais, a conduta deve ser reiterada;
no caso de transferências patrimoniais, o valor não pode ser insignificante.

O que é a desconsideração inversa? Exemplo é quando um homem, prestes a se divorciar de


sua esposa, coloca todo o patrimônio comum numa pessoa jurídica na qual ele é sócio
minoritário. Nesse caso, eu desconsidero a personalidade do sócio e atinjo a pessoa jurídica.

O art. 50 do Código Civil adota a chamada Teoria Maior da desconsideração, ao passo que o Código
de Defesa do Consumidor, no seu art. 28, §5o, adota a Teoria Menor da desconsideração. Menor
porque tem menos requisitos (basta que a pessoa jurídica seja obstáculo ao ressarcimento de prejuízos
causados aos consumidores); maior porque exige mais requisitos (abuso de personalidade,
caracterizado pelo desvio de finalidade ou confusão patrimonial, com benefício direto ou indireto às
pessoas naturais). Menor porque está no menor Código (CDC tem 119 artigos); maior porque está no
maior Código (Civil tem 2.046 artigos). Não se esqueça! As provas a-d-o-r-a-m cobrar essa diferença!

Associações:
As associações são pessoas jurídicas de direito privado formadas para fins não econômicos,
conforme estabelece o art. 53 do Código Civil. Veja que nada impede que as associações desenvolvam
atividade econômica, desde que não haja finalidade lucrativa. Pode a associação ter lucro? Pode ela
exercer atividades produtivas? Pode, mas o objetivo da associação não pode ser a distribuição de lucro
social, exatamente o contrário de uma sociedade. Se há distribuição de lucro, portanto, trata-se de
uma sociedade, e não de uma associação.

Além disso, o parágrafo único do art. 53 prevê que não há, entre os associados, direitos e
obrigações recíprocos. Não confunda esse dispositivo com a possiblidade de haver direitos e
obrigações recíprocos entre o associado e a associação; não há entre os associados em si!

Esse Estatuto pode prever categorias de associados com vantagens especiais, mas todos eles devem
ter iguais direitos (art. 55 do Código Civil). Ainda vale lembrar que a destituição dos administradores e
alteração do estatuto é de competência privativa da assembleia geral, convocada especialmente para
esse fim.

Fundações:

A fundação é criada por escritura pública ou por testamento, dotando-a o instituidor de bens livres,
especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.

Na instituição da fundação, seu instituidor deve designar o patrimônio que a compõe. Quando, porém,
insuficientes os fundos para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro
modo não dispuser o instituidor, incorporados a outra fundação que se proponha a fim igual ou
semelhante.

É importante destacar que no caso de a fundação ser criada por ato entre vivos, o instituidor é
obrigado a transferir-lhe a propriedade sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados,
em nome dela, por mandado judicial.

Domicílio:

Com relação à pessoa jurídica, o Código Civil fixa algumas regras a respeito do domicílio no art. 75. O
domicílio é:

I - da União, o Distrito Federal;

II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;

III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;

IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e


administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.

Além disso, caso a pessoa jurídica tenha diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um
deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. Se a sede (administração ou diretoria)
ficar no exterior, o §2o estabelece que o domicílio da pessoa jurídica será, no tocante às obrigações
contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, situado no Brasil, a que ela
corresponder.

OBSERVAÇÕES (Associações e Fundações)

• A finalidade da associação deve ser não econômica, o que não a priva de levantar fundos para
sua própria manutenção.

Bens imóveis

A noção de bens imóveis está no art. 79 do Código Civil: o solo e tudo quanto se lhe incorporar
natural ou artificialmente. Ainda, consideram-se imóveis para os efeitos legais outros bens e direitos
relativos a imóveis, segundo os arts. 80 e 81:

I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;

II - o direito à sucessão aberta.

III - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas
para outro local;

IV - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.

São bens imóveis por sua natureza o solo, compreendendo as árvores e frutos pendentes, o
espaço aéreo e o subsolo. De maneira artificial temos como exemplo sementes, edifícios,
muros, entre outros.

Quanto ao direito à sucessão aberta destacado no inc. II do art. 80, podemos visualizar a herança,
que mesmo composta de bens móveis, será considerada imóvel. Isso quando já aberta a sucessão,
ou seja, quando a pessoa já tiver morrido.

Bens móveis

Já no conceito do art. 82 do Código Civil, são móveis os bens suscetíveis de movimento próprio,
ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-
social.

Ademais, ainda que não sejam visivelmente móveis, consideram-se móveis para os efeitos legais (bens
móveis por força de lei), segundo os arts. 83 e 84 do Código Civil:

I - as energias que tenham valor econômico;

II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;

III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.


IV - os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam
sua qualidade de móveis;

V - os materiais provenientes da demolição de algum prédio.

Apesar de não parecer, as energias com valor econômico são consideradas bens móveis. O gás,
que pode ser transportado por tubulação ou em botijão, a energia elétrica, a energia hidrelétrica etc.,
são exemplos desse caso.

Os materiais de construção, enquanto não empregados na construção de um prédio são


considerados bens móveis. Mas se esses materiais foram apenas retirados provisoriamente,
para depois serem recolocados, são bens imóveis.

A) Fungíveis e infungíveis: São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da
mesma espécie, qualidade e quantidade. Infungíveis, portanto, serão aqueles que, ao contrário,
possuem peculiaridades próprias que os tornam únicos, insubstituíveis. Atente, pois essa
classificação vale somente para os bens móveis, dado que os bens imóveis são,
essencialmente, infungíveis, já que não permitem sua substituição por outro de mesma espécie.

Bens corpóreos e incorpóreos:

Bens corpóreos, também chamados de materiais ou tangíveis, são os bens que têm existência
material, física; são, portanto, palpáveis aos sentidos humanos. Já os bens incorpóreos, chamados de
imateriais ou intangíveis, ao contrário, não têm existência material, física, ainda que possam ser
materializados, sem que, contudo, sua essência possa ser materializada. A matéria, nesse caso, é
mero instrumento do bem. São exemplos de bens corpóreos: os veículos automotores, uma residência,
uma pintura famosa, uma camiseta comum, uma maçã, um cavalo, uma coleção de livros etc.
Contrariamente, são bens incorpóreos: o direito autoral, os direitos de personalidade, o direito de ação,
a saúde, a intimidade, o crédito, o débito, a liberdade etc.

B) Consumíveis e inconsumíveis: São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição
imediata da própria substância. Os bens consumíveis são aqueles que no seu primeiro uso já serão
consumidos, ou seja, há destruição imediata da própria substância. É o caso de uma maçã, por
exemplo. Essa classificação só vale para bens móveis, já que os imóveis são de fato inconsumíveis.

Bens divisíveis:

Os bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição
considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. Além disso, os bens naturalmente
divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes. De outro
lado, bem indivisível é aquele que perde a identidade ou o valor, quando fracionado. A parte não é
capaz de manter as mesmas características do todo. Como um diamante, que perde parte do seu valor
se for dividido. Os bens indivisíveis por determinação legal são aqueles que a lei não admite divisão
(exemplos são a herança, as servidões, as hipotecas etc.). Ainda que divisível, podem as partes optar
pela indivisibilidade do bem, por numerosas razões.
Bens singulares e coletivos:

São bens singulares, ou individuais, os bens que são considerados independentes dos demais, mesmo
que possam ser reunidos, segundo o art. 89 do Código Civil. Podem os bens singulares serem simples
ou compostos. Simples são os bens singulares cujos elementos se ligam naturalmente, como ocorre
com uma árvore. Compostos são os bens singulares cujos elementos estão unidos pela vontade
humana, como um veículo.

O bem acessório é aquele cuja existência pressupõe a existência do principal. Ex: Exemplo é a
casa que se liga ao solo ou os pneus de um carro. No caso dos acessórios, em regra, segue-se um
antigo ditado jurídico: “o acessório segue o principal”, ou seja, o que acontece com o principal, acontece
também com o acessório. Assim, quando eu vendo o terreno, vendo a casa; quando vendo o carro,
vendo os pneus.

Quais são os acessórios?


Benfeitorias voluptuárias: as de mero deleite ou recreio, ou seja, para o prazer, que não aumentam
o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
Exemplificativamente, uma piscina residencial ou uma cornija de uma lareira.

Benfeitorias úteis: as benfeitorias que aumentam ou facilitam o uso do bem. Como, por exemplo, a
construção de uma calçada ou a colocação de telas na varanda em uma casa.

Benfeitorias necessárias: as benfeitorias que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
É o caso, por exemplo, da recolocação de uma viga deteriorada pela chuva, a reconstrução de um
muro ou a substituição da fiação elétrica de um apartamento.

Bens públicos

Os bens públicos são aqueles que pertencem às pessoas jurídicas de direito público interno,
além de serem de domínio nacional.

I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;

II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento


da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como
objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.

Por exclusão, todos os demais bens são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
Contundo, podem ser classificados como bens públicos aqueles pertencentes a pessoa jurídica
de direito privado que estejam afetados à prestação de serviços públicos.

Outra distinção é que OS BENS PÚBLICOS EM GERAL NÃO ESTÃO SUJEITOS A USUCAPIÃO,
conforme regra do art. 102 do Código Civil. Além disso, o art. 100 do Código Civil dispõe que OS BENS
PÚBLICOS DE USO COMUM DO POVO E OS DE USO ESPECIAL SÃO INALIENÁVEIS, enquanto
conservarem tal qualificação. Já OS BENS PÚBLICOS DOMINICAIS PODEM SER ALIENADOS,
observadas as exigências da lei, segundo dispõe o art. 101 do Código Civil. De qualquer forma, prevê
o art. 103 do Código Civil que o uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído,
conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.

OBSERVAÇÕES:

• Os bens singulares incluem os que se consideram de per si independentemente dos


demais, embora reunidos.

• Uma frota de veículos, quando coletivamente considerados, constituem uma


universalidade de fato. Como exemplo, pode-se citar uma galeria de obras de arte,
onde, dependendo da vontade de seu dono, pode ser vendida a totalidade da
universalidade, ou ainda, de acordo com o parágrafo único do art. 90, do CC/2002,
cada bem pode ser considerado individualmente e vendido separadamente. Vejamos:
Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que,
pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. Parágrafo único. Os bens
que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias.

Negócios Jurídicos

Requisitos de validade: Quando se fala na validade de um negócio jurídica, você vai analisar se os três
elementos essenciais de qualquer negócio jurídico estão presentes.

I - agente capaz;

II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

III - forma prescrita ou não defesa em lei.

A capacidade de agir é a aptidão a tutelar seus próprios interesses. O art. 105 do Código Civil
determina que a incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra em
benefício próprio. Igualmente, a incapacidade relativa de uma das partes não aproveita aos
cointeressados capazes, salvo se, nesse caso, for indivisível o objeto do direito ou a obrigação
comum.
Atente porque o art. 106 evidencia que a impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio
jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado. É
o caso enviar uma mensagem instantaneamente sem fios; antes da internet, impossível. E se eu
celebrei com você um contrato em 1860 estabelecendo isso? Era ele inválido naquela época, ou seja,
relativamente inválido, porque hoje valeria.

Não há defeito no negócio jurídico se uma pessoa manifesta a vontade de assumir determinada
obrigação quando na verdade não quer e se a outra parte desconhece essa sua intenção.

Exige-se escritura pública apenas para os negócios jurídicos que visem a constituição, transferência,
modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a 30 vezes o maior salário
mínimo.

Representação: O art. 118 prevê que o representante é obrigado a provar às pessoas com quem
tratar, em nome do representado, a qualidade de representante e a extensão de seus poderes. Se
não o fizer, responde pelos atos que a eles excederem. O art. 117 prevê que salvo se o permitir a lei
ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta
de outrem, celebrar consigo mesmo.

Condição, termo e encargo:

1 – Condição

Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes,
subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.

A condição não pode violar a lei, a ordem pública e os bons costumes. Ainda, são proibidas as
condições que privem de todo efeito o negócio jurídico, ou que o sujeitem ao puro arbítrio de uma
das partes.

A condição será resolutiva quando por fim ao negócio, extingui-lo. Assim, por exemplo, doarei
mensalmente a você uma quantia em dinheiro enquanto você estiver na faculdade. No momento
em que você sai da faculdade, resolve-se o negócio. A condição suspensiva, por sua vez, subordina a
eficácia do negócio. Assim, por exemplo, doarei uma quantia em dinheiro a você se você passar na
prova.

2 – Termo
O termo, por sua vez, é aquilo que chamamos de “prazo” (na verdade, o prazo é o espaço de tempo
entre o termo inicial – dies a quo – e o termo final – dies ad quem). É, portanto, um evento futuro e
certo. Pode o termo ser inicial (“início do prazo”) ou final (“fim do prazo”). Como se trata de evento
certo, o termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.

O termo pode ser fixado pelas próprias partes, termo convencional, ou mesmo previsto em lei,
termo legal.

3 – Encargo

O encargo, ou modo, fardo, ônus, por sua vez, impõe ao beneficiário de uma liberalidade uma dada
obrigação.

Por exemplo, eu doarei meu apartamento a você, desde que você cuide do cachorro da família até
sua morte; ou eu doarei um terreno para você para que seja edificado um museu; ou eu doarei meu
patrimônio a você com a obrigação de que você não derrube a casa de meus pais.

Caso se estabeleça encargo ilícito ou impossível, ele será simplesmente considerado não escrito. A
exceção fica para o caso de o encargo ilícito ou impossível constituir o motivo determinante da
liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico (art. 137).

Por isso, se estabeleço que doarei um carro a você SE você for aprovado na prova, sua aprovação é
uma condição para o negócio jurídico. Se estabeleço que doarei meu carro a você QUANDO você
fizer 18 anos, seu aniversário é um termo para o negócio jurídico. Se estabeleço que doarei o carro
a você DESDE QUE você o mantenha original, a manutenção da originalidade constitui um encargo
do negócio jurídico.

DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

Erro - O erro, ou ignorância, nada mais é do que “a falsa representação psicológica da realidade”, da
situação em face da qual a pessoa se encontra. O ato será anulável quando as declarações de vontade
emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face
das circunstâncias do negócio. o erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de
vontade, mas não comporta anulação.

Dolo - O dolo, em negócio jurídico, significa engano, embuste, traição, trapaça. Ou seja, o dolo nada
mais é do que induzir alguém em erro, resumidamente. No dolo, portanto, não se exige qualquer
sofisticação, basta ajudar o erro alheio que já se configura o dolo. Há linha tênue entre a propaganda
enganosa e a exaltação das qualidades do produto, de forma que o espalhafato e o exagero não são
dolo. Porém, conforme o art. 147 do Código Civil, nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio
intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado,
constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado. Também há
dolo no caso de colaboração de terceiros, como expõe o art. 148 do Código Civil. Assim, se ambos
sabiam do defeito, não é dolo invalidante, mas se caracteriza o dolo recíproco (bilateral), conforme
o art. 150 do Código Civil, pelo que ninguém pode reclamar do negócio.

Coação - Existe coação quando a vontade é viciada por medo de dano a si, à família, a outrem ou
aos bens, a partir de uma pressão física ou moral. Se a coação for contra terceiro, não pertencente
à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação. Há algumas
situações que não caracterizam coação, ainda que pareçam, conforme estabelece o art. 153 do
Código Civil: a ameaça do exercício normal de um direito e o simples temor reverencial. Se o
beneficiário sabia da coação, responde solidariamente com o coator, inclusive, diante do paciente
(coato ou coagido).

Estado de perigo - Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de


salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação
excessivamente onerosa. Tal qual a coação, o parágrafo único diz que pode haver estado de perigo a
uma pessoa que não seja de sua família. Nesse caso, o juiz decidirá segundo as circunstâncias do caso.
o bandido pode dizer que vai atear fogo na minha casa se eu não fizer tal coisa (coação), mas atear
fogo na minha casa nunca vai ser estado de perigo.

Lesão - Prestação manifestamente desproporcional/O negócio se deu por estado de necessidade ou


inexperiência. Veja que a apreciação da desproporção das prestações se dá segundo os valores
vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico. Assim, se é verificada desproporção de
valores durante a execução do contrato, por exemplo, não há que se falar em lesão. Pode haver
onerosidade excessiva, mas não lesão. A lesão independe de o lesador saber do estado de
necessidade ou inexperiência da contraparte. No estado de perigo, a desproporção da obrigação
origina-se exatamente porque eu sei que o outro precisa, sob risco de perder bem jurídico mais
importante a ela. Não será anulado o negócio jurídico, se for oferecido suplemento suficiente, ou se
a parte favorecida concordar com a redução do proveito, segundo o art. 157, §2o, do Código Civil.

Fraude contra credores - A fraude contra credores é um defeito do negócio jurídico que ocorre
quando o devedor maliciosamente aliena (diminui) seu patrimônio para não pagar o credor (ou
credores). Assim, eu devo pra você e doo uma casa a meu tio, achando que tinha ainda muito dinheiro.
Não tinha. Quando você me cobra, não tenho dinheiro e não pago. A doação é um ato fraudatório,
mesmo que eu mesmo não soubesse disso. Como desfazer o negócio fraudulento? Por meio da ação
anulatória, também chamada de ação revocatória ou ação pauliana. Imagine que Pedro presta um
serviço para João. Cobra o valor de R$ 10.000,00 para isso e não é pago. Pedro se torna credor de João
na quantia de R$ 10.000,00. Com o objetivo de não pagar a dívida, João doa seu único imóvel para seu
filho menor de idade, a fim de diminuir seu patrimônio de maneira fraudulenta. Então, para anular
essa doação maliciosa, Pedro (que não possui garantia real) ajuíza uma ação pauliana para que o
imóvel retorne ao patrimônio de João e satisfaça seu crédito.
INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO

Como regra, as nulidades podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público,
quando lhe couber intervir, segundo dicção do art. 168 do Código Civil. Por isso, segundo o parágrafo
único desse mesmo artigo, as nulidades devem ser pronunciadas de ofício pelo juiz, quando conhecer
do negócio jurídico.

Igualmente, não se permite que o negócio nulo convalesça pelo decurso do tempo (prescrição ou
decadência), segundo o art. 169 do Código Civil. Assim, não há prazo para reclamar das nulidades,
mesmo que se tenha passado já muito tempo do negócio jurídico viciado.

As nulidades se encontram nos arts. 166 e 167 do Código Civil, sendo que são imprescritíveis
(incaducáveis).

Quais são as hipóteses de nulidade?

A. Sujeito: celebrado por pessoa absolutamente incapaz

B. Objeto: quando tiver objeto (i) ilícito, (ii) impossível ou (ii) indeterminável

C. Causa: (i) o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito, ou (ii) tiver por objetivo
fraudar lei imperativa, ou (iii) for simulado

D. Forma: (i) não revestir a forma prescrita em lei ou (ii) for preterida alguma solenidade que a lei
considere essencial para a sua validade

E. Virtual: a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção)

Vale dizer que o ato praticado pelos absolutamente incapazes, caso seja de pequena monta, é
válido, ou os absolutamente incapazes não poderiam celebrar qualquer tipo de negócio. É só
imaginar uma pessoa com 13 anos. Quer dizer que a entrada de cinema que ela comprou é nula? Ou
a roupa pela qual pagou no shopping? Obviamente que não.

Se o objeto é ilícito (contrato de compra e venda de cocaína ou contrato de prestação de serviços


objetivando matar alguém), impossível (contrato de transporte de uma montanha) ou indeterminado
(cessão de direitos patrimoniais de jogador de futebol), o objeto do negócio é nulo.

Se eu adquiro seu carro para ir ao trabalho, para curtir o fim de semana, para usar como carro de fuga
num assalto a banco, para transportar tóxicos ilícitos pela fronteira terrestre brasileira ou para
atropelar um desafeto e simular um acidente, isso é completamente irrelevante para o negócio
jurídico entabulado, Normalmente. Porém, a razão, o motivo, pode ser relevante, quando o motivo
declarado for ilícito. Se o motivo for ilícito, é nulo, conforme determina o art. 166, inc. III do Código
Civil. O motivo determinante ilícito tem que ser comum aos contraentes. Ou seja, se um sabia e o
outro não, o motivo determinante não é ilícito, como nos exemplos que eu dei acima; se eu comprei
o carro para sequestrar pessoas, a compra e venda é válida, já que você não sabia disso. Igualmente,
se o objetivo é fraudar lei imperativa, o negócio jurídico é ilícito. É o caso em que eu faço um contrato
no qual eu e você loteamos as licitações que participaremos e deixaremos de participar, de modo a
obter da Administração Pública preços melhores. O Objetivo claramente é o de fraudar a Lei de
Licitações.

A simulação está contida no art. 167 do Código Civil que prevê a nulidade do negócio jurídico
simulado, mas estabelece que o negócio dissimulado subsiste, se válido for na substância e na forma.
Mas, quando haverá simulação? O § 1o do artigo traz, nos incisos, as situações de simulação, de
maneira exemplificativa:

I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se


conferem, ou transmitem (compra e venda de imóvel por “laranja”);

II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira (compra e venda de um


imóvel gratuitamente para o adúltero);

III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados (faço um recibo pós-datado,


para usar como prova, ou pagar menos tributos).

Se faço a doação de um valor que jamais saiu do meu patrimônio temos uma simulação absoluta. Fiz
essa doação apenas para poder argumentar na Receita Federal ou numa execução movida pelos
credores que estou sem dinheiro, que não tenho patrimônio. Eu, na realidade, escondo esse dinheiro,
mas ficticiamente ele saiu do meu patrimônio. Agora, se um homem simular a venda de seu imóvel
para sua amante, quando na verdade o deu, a simulação é relativa. O objetivo dele era evitar que a
esposa e os filhos tentassem retomar o bem doado (art. 555 do Código Civil), fingindo ter feito uma
venda.

Como saber que se está diante de uma nulidade virtual? A parte final do art. 167, inc. VII, do Código
Civil, esclarece que é nulo o negócio jurídico quando a lei lhe proibir a prática, sem cominar sanção.
Assim, se determinado ato for proibido, mas não houver sanção por sua prática, entende-se que ele
é nulo.

As anulabilidades são as invalidades menos graves vinculadas aos negócios jurídicos. A ação para
anulação de um ato jurídico é uma ação anulatória, ou seja, o ato é válido, mas pode ser invalidado
por uma decisão judicial. As ações anulatórias sujeitam-se a prazos decadenciais, e não prescricionais,
sempre. Ou seja, se o interessado não se mexer, o ato, que poderia ser invalidado, não poderá mais,
porque o direito potestativo de anular deixa de existir e o ato é convalidado pelo decurso do tempo.
Ao contrário das nulidades, as anulabilidades podem ser alegadas somente pelos interessados,
segundo o art. 177 do Código Civil. Por isso, segundo esse mesmo dispositivo, as anulabilidades não
podem ser pronunciadas de ofício pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico. E se a anulabilidade
tiver impacto em mais de uma pessoa? A ação de anulação aproveita exclusivamente aos que a
alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade do objeto.
Por isso, as anulabilidades caducam. O art. 178 do Código Civil estabelece 4 anos de prazo de
decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:

I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;

II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o
negócio jurídico;

III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.

É o caso do art. 496 do Código Civil (“É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os
outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido”). Qual é o
prazo para anular essa doação? O art. 496 não diz, mas ao art. 179 do Código Civil diz. No silêncio, o
prazo é de 2 anos.

Quais são as hipóteses de anulabilidade?

A. Sujeito: por incapacidade relativa do agente

B. Defeitos do negócio jurídico: por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão
ou fraude contra credores

O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua
idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se,
declarou-se maior.

OBSERVAÇÕES:

• Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o
representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.

• Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão
determinante.

• Os negócios celebrados pelas pessoas com deficiência são válidos, em regra, a despeito da
enfermidade.
• Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se
obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
• O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento da dívida ainda não
vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o
concurso de credores, aquilo que recebeu.

• De acordo com o CC/2002, um falso motivo em um contrato será irrelevante para a


perfeição do negócio jurídico, pois, ele apenas vicia a declaração de vontade, vícios dos
quais citam-se, por exemplo, o erro, dolo, etc., quando for expresso como razão
determinante, ou seja, um falso motivo apenas “danifica” o negócio jurídico quando for
declarado como sendo a razão que determina a sua existência. Vejamos: Art. 140. O falso
motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante.

• Quando se fala de erro de direito , significa dizer que há ignorância ou falso conhecimento
da norma jurídica ou das consequências da mesma. Sendo assim, o CC/2002 determina que
o negócio jurídico é ainda sim eficaz, ou seja, ainda gera efeitos, mas, poderá ser anulado
em caso de erro de direito, ou seja, quando o erro pode ser percebido por uma pessoa que
tenha capacidade normal de entender o perceber que há o erro, como determina o art. 138:
“São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro
substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das
circunstâncias do negócio”.

• Ação pauliana (também denominada revocatória) é uma ação que tem por finalidade tornar
ineficaz o ato ou negócio viciado por fraude contra credores, anula-se o negócio,
proporcionando que o bem negociado retorne à massa patrimonial do devedor,
beneficiando em síntese, todos os credores, como determinam os arts. 158 e 165 do
CC/2002, vejamos: art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de
dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda
quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus
direitos.

• A simulação absoluta se caracteriza pela declaração enganosa de uma vontade que exprime
um negócio jurídico bilateral ou unilateral, não havendo a intenção de realizar negócio
algum. Ou seja, o negócio é inteiramente simulado, quando as partes, na verdade, não
desejam praticar nenhum ato. Não existe negócio encoberto porque realmente nada existe.

• O protesto cambial é causa suficiente para a interrupção da prescrição da pretensão


creditícia.

• A coação é um tipo de defeito do negócio jurídico, em que a pressão física (coação absoluta),
ou moral (coação relativa) exercida sobre a pessoa, os bens e a honra de um contraente
para obrigá-lo ou induzi-lo a efetivar um negócio jurídico.
• O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito e, salvo disposição legal
ou convencional em contrário, computam-se os prazos, incluindo o dia do começo e
excluindo o do vencimento.

ATOS JURÍDICOS

O ato jurídico em sentido amplo é o fato jurídico cujo suporte fático deve ser manifestado
conscientemente por meio da vontade, com um objetivo possível e lícito. Assim, caso a pessoa não
exteriorize a vontade, não existe ato jurídico.

O elemento principal para diferenciar o ato ilícito em sentido amplo é a “vontade determinante da
conduta”. Essa conduta pode ser tanto uma ação como uma omissão. Segundo o art. 186 do Código
Civil: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Assim, toda vez que preenchidos esses quatro requisitos, você comete ato ilícito e responde, na forma
do art. 927 do Código Civil, pela indenização.

Abuso de direito: O abuso de direito é equiparado ao ato ilícito. O que é abuso de direito? O art. 187
do Código Civil assim o delimita: Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-
lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes.
Excludentes de responsabilidade: Há situações em que mesmo se verificando o cumprimento dos
quatro requisitos, não se falará em conduta ilícita. Isso ocorre em três situações: Legítima defesa,
Exercício regular de direito, Estado de necessidade.

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

Como a pacificação do social é um dos objetivos do Direito, o Código Civil adotou medidas para dar
limites ao conflito social. Além disso, simplificou a matéria. Por exemplo, não há prazo prescricional
que não em anos. Se o prazo em questão for em dias ou meses, certamente será decadencial; se for
em anos, pode ser prescricional ou decadencial.

Chamo atenção para o fato que somente nos direitos em que há prestação se pode falar em
prescrição. Nos direitos potestativos, que não trazem em si uma prestação, não há prescrição.
Portanto, todas as ações condenatórias – e somente elas – estão sujeitas à prescrição.

Uma vez que meu contrato de locação vai acabar, o que eu posso fazer? Uma ação renovatória. Uma
vez que meu casamento vai acabar, o que eu posso fazer? Uma ação de divórcio. E qual é o prazo
que eu tenho para fazer isso? Tenho prazo? Ou não?

Se você ler o art. 51o, §5o, da Lei 8.245/1991 vai ver que o prazo para renovar o contrato de locação
é de 6 meses a um ano antes de terminar o contrato em curso. Ou seja, se eu não constituo um novo
contrato de locação nesse período, perdi o prazo.

Que prazo é esse? Um prazo decadencial.

Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes (art. 192). Além disso, pode-
se renunciar à prescrição. De modo expresso ou tácito, mas a renúncia só valerá, sendo feita, sem
prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar, segundo o art. 191. Pode ainda ser feita
judicialmente ou extrajudicialmente, devendo ser inequívoca.

Uma vez iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor a prescrição, por
previsão expressa do art. 196. Assim, por exemplo, a morte da pessoa não suspende nem
interrompe a prescrição já em curso contra o falecido; se eu tinha três anos para cobrar, demorei
dois anos e 11 meses, tenho só um mês para cobrar dos herdeiros do morto.

Além disso, diz o art. 195 que os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os
seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem
oportunamente. Uma regra lógica. Imagine que uma pessoa cause um dano a meu filho de 16 anos.
Como ele é relativamente incapaz, não exerce os atos da vida civil pessoalmente, sendo por mim
assistido. Se ele tem um seguro para receber, tem o prazo de um ano para cobrar. Como eu não
entro com a ação, sei lá a razão, ele perde o prazo de um ano. Justo que ele perca uma indenização
por minha culpa? Não, pelo que ele, atingindo a maioridade, pode me responsabilizar por isso.

Estabelece o art. 197 do Código Civil que não corre a prescrição:

I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;

II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;

III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela.

Já o art. 198 do Código Civil prevê que não corre a prescrição:

I - contra os incapazes de que trata o art. 3o;

II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios;

III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.

Continua o art. 199 do Código Civil, destacando que não corre a prescrição:

I - pendendo condição suspensiva;

II - não estando vencido o prazo;

III - pendendo ação de evicção.

No impedimento, a prescrição nunca correu; na suspensão, ela começou a correr, mas parou. O
efeito é o mesmo: parar a fluência do tempo. É como se fosse uma corrida.

Extrema atenção, porque a interrupção da prescrição somente pode ocorrer uma vez (uma segunda
interrupção é, portanto, absolutamente ineficaz). Se eu protestei você, fazer um novo protesto não
vai interromper a prescrição de novo.

O art. 204 destaca que a interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; a mesma
regra vale quanto ao codevedor ou seu herdeiro, que não prejudica aos demais coobrigados.

Quais são os prazos prescricionais? Se não houver a lei fixado prazo menor, a prescrição ocorre em
dez anos, segundo o art. 205 do Código Civil.

A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de
terceiro, depois que a prescrição se consumar.

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