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LIVRO I – DAS PESSOAS

TÍTULO I – DAS PESSOAS NATURAIS

CAPÍTULO I – DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE

1 – Personalidade jurídica

Todo aquele que nasça com vida, se torna pessoa (ainda que este
nasça, respire por 2 segundos e logo faleça). Tal personalidade é, portanto, o
conceito básico que garante aos cidadãos os direitos fundamentais da ordem
cível e constitucional, ou seja, o direito de vida, liberdade e igualdade. Ou seja,
se o indivíduo nasceu, respirou e logo após faleceu, devem-se ter duas
certidões no mesmo dia, uma alegando o nascimento, e outra alegando o óbito.

2 – Capacidade jurídica e legitimação

O fato de o agente ser incapaz total ou parcialmente não o impede de


ser titular de seus direitos. Uma pessoa com deficiência mental, por exemplo,
pode herdar o patrimônio de seu antecessor.

Contudo, mesmo a pessoa portadora de deficiência tendo o direito de


herdar tal patrimônio, este não pode, sozinho, propor uma ação de defesa dos
bens, neste caso, deve obrigatoriamente ser assisto por uma pessoa de sua
confiança ou na ausência dessa denominação, o assistente deverá ser
indicado pelo juiz.

Observação: há casos excepcionais, no qual o sujeito que em tese seria


beneficiado, teve tais garantias bloqueadas, pela falta de legitimação (tutor
proibido de adquirir bens do titulado; o casado, exceto no regime de separação
absoluta de bens, de alienar imóveis sem a outorga do outro cônjuge, etc.)

TÍTULO II – DAS PESSOAS COMO SUJEITOS DE RELAÇÃO JURÍDICA

3 – Os sujeitos da relação jurídica


O direito subjetivo consiste numa relação jurídica que se estabelece
entre um sujeito ativo, titular desse direito, e um sujeito passivo. O sujeito da
relação jurídica é sempre o ser humano, na condição de ente social.

Por essa razão, animais, plantas e almas não podem ser beneficiadas
em testamentos, salvo que seja para outro indivíduo cuidar do animal ou da
planta mencionada no mesmo.

Tem-se, atualmente, “duas espécies de pessoas”, a pessoa natural ou


pessoa física (o ser humano em si) e a pessoa jurídica, pessoa moral e
pessoa coletiva (agrupamento de pessoas naturais com interesses em
comum).

“Art. 1° Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”.

4 – Começo da personalidade da pessoa natural

Mesmo que seja o nascimento com vida o marco inicial da


personalidade humana, há de se respeitar os direitos e garantias do nascituro
(criminalização do aborto e o direito do nascituro ter de receber a pensão
alimentícia e a pensão por morte (o nascituro deverá receber a pensão
alimentícia mesmo depois de morte de seu genitor Lei 11.804/08).

Às vezes, em casos excepcionais, se torna de suma importância saber


se a criança respirou ao menos uma vez antes de morrer, para que assim
possa-se discutir a respeito da herança. Tais informações sobre o caso serão
apuradas pela medicina, que hoje tem uma tecnologia avançada para saber se
houve circulação de ar pelos pulmões ou não antes de a criança vir a óbito.

Há três teorias que procuram explicar e justificar a situação jurídica do


nascituro. A natalista, a da personalidade condicional e a concepcionista.
A teoria adotada pelo Código Civil é a natalista (embora o STF não tenha
uma posição definida a respeito das teorias, ora a natalista, ora a
concepcionista) teoria esta que afirma que a personalidade civil somente se
inicia com o nascimento com vida. No entanto, como antes mencionado, há
uma proteção aos nascituros, desde a concepção, pois desde esse momento já
começa a formação do novo ser.
Atenção: deve-se distinguir a situação do nascituro da do indivíduo
não concebido (concepturo). Este, se nascer, poderá somente na hipótese de
pertencer à prole eventual de pessoas designadas pelo testador e vivas ao
abrir-se a sucessão (CC, art. 1799, I), adquirir um direito surgido anteriormente.

Para a Escola do Direito Natural, os direitos da personalidade são


inatos (que pertence desde seu nascimento) e inerentes (que existe como
característica essencial) ao ser humano, independentemente do que prescreve
o direito positivo. É garantido, portanto, ao nascituro, o direito à vida e uma
gestação saudável.

“CC, art. 1800, § 3°. Se nascer com vida adquire personalidade jurídica
material, mas se tal não ocorrer nenhum direito patrimonial terá”.

Para José Carlos Moreira Alves, o nascituro pode sim ser mencionado
em um testamento, conquanto, só poderá exercer o benefício se nascer com
vida.

Mesmo sem o STF expor um esclarecimento à cerca das teorias, o STJ


em julgamentos posteriores, tem acolhido a teoria concepcionista,
reconhecendo ao nascituro o direito à reparação do dano moral.

LIVRO II – DAS INCAPACIDADES

5 – Conceito de incapazes

No direito brasileiro não existe incapacidade de direito, porque todos se


tornam, ao nascer, capazes de adquirir direitos. Há, portanto, somente
incapacidade de fato ou de exercício.

O atual Código Civil deixa explícito que apenas os menores de 16 anos


se “enquadram” como absolutamente incapazes, que são os indivíduos que
não podem de maneira alguma ter atos referente à vida cível (casar, adotar,
escrever testamento, etc.)

Os maiores de 16 e menores de 18; os érbios (viciados em álcool)


habituais e os viciados em tóxico (drogas ou entorpecentes); aqueles que, por
causa transitória ou permanente não puderem exprimir sua vontade; e os
pródigos (os que gastam dinheiro de forma descontrolada, pondo em risco o
patrimônio de sua família) são os intitulados relativamente incapazes, que
podem reivindicar seus direitos e garantias desde que assistidos por alguém de
sua escolha ou, na ausência ou impossibilidade desta, a nominação será
realizada por juiz competente.

“Art. 4, CC, A capacidade dos indígenas será regulamentada por lei


especial”.

Conforme exposto, uma pessoa com deficiência é plenamente capaz,


salvo se esta não puder expor sua vontade.

Há situações em que os incapacitados relativamente podem exercer


funções da vida civil sem a obrigatoriedade da assistência de seus
representantes legais. Ser testemunha, aceitar mandato, fazer testamento,
exercer empregos públicos para os quais não for exigida a maioridade, casar,
ser eleitor, celebrar contrato de trabalho, são alguns exemplos.

5.1 – Os maiores de 16 e menores de 18 anos

Podem aceitar mandato, fazer testamento, ser testemunha, etc. Não se


tratando de casos especiais, necessitam de assistência, sob pena de
anulabilidade do ato.

Em caso de processo do pai contra o filho, o juiz concederá ao jovem um


curador especial (CC, art. 1.692).

Há situações nas quais o menor de 18 e maior de 16 pode ser


beneficiado em casos especiais. No entanto, esse tratamento especial não será
procedente se o indivíduo agir de má fé, ou seja, se intitular maior de idade
quando na verdade não for (casos de contrato entre um adulto que não sabe
da identidade do menor, por exemplo).

Se não houver, portanto, malícia por parte do menor, anula-se o ato


para protegê-lo. A incapacidade só poderá ser argüida (indicada, explicitada)
pelo próprio menor ou por representante legal.
Os portadores de deficiência, considerados pessoas capazes pela Lei n.
13.146/2015, responderão com seus próprios bens pelos danos causados a
terceiros.

5.2 – Os érbios habituais e viciados em tóxico

Os viciados em tóxico que venham a sofrer redução da capacidade de


entendimento, podem ser, excepcionalmente, colocado sob curatela pelo juiz
(Lei n. 13.146/2015 art. 84 e parágrafos).

5.3 – Os que, por causa transitória ou permanente não puderem exprimir


sua vontade

Não se refere diretamente às pessoas portadoras de deficiência mental


permanentes, salvo se não puderem exprimir a sua vontade. Estes, como
relativamente incapazes.

Desse modo, é anulável, portanto, o ato jurídico exercido pela pessoa


de condição psíquica normal, mas que se encontrava completamente
embriagada no momento em que o praticou e que, em virtude dessa situação
transitória, não se encontrava em perfeitas condições de exprimir a sua
vontade.

5.4 – Os pródigos Pródigo (aquele que dissipa o seu patrimônio


desvairadamente)

Esse tópico é bastante criticado, pois, para alguns, essa limitação fere
os direitos individuais do cidadão. Contudo, entende-se que essa intervenção
é necessária para o próprio bem do indivíduo, pois se continuar daquela forma,
poderá a pessoa ser reduzida à miséria.

A interdição só interfere em atos de disposição e oneração de seu


patrimônio (emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou
ser demandado). Se não se tratar de nenhuma dessas situações, o pródigo
poderá administrar.

Não há limitações referentes à pessoa do pródigo, ou seja, quando não


se tratar de termos financeiros este terá plena capacidade (ser testemunha,
poder votar, autorizar o casamento dos filhos, exercer profissões desde que
não seja a de comerciante e até casar, somente neste último caso, a
assistência do curador se celebrar pacto antenupcial que acarrete alteração em
seu patrimônio).

5.5 – Curatela de pessoas capazes (deficientes) e incapazes

Lei n. 13.146/15, art. 84, § 1º:

“Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela,


conforme a lei”.

A expressão destacada refere-se à situação exclusiva de o portador de


deficiência NÃO conseguir exprimir sua vontade. Ou seja, não é pelo fato de
deter deficiência que ela será assistida, mas sim pelo motivo da mesma não
conseguir explanar seus desejos.

A pessoa com transtorno mental deve sofrer a mínima limitação


possível nos exercícios de seus direitos de natureza patrimonial e negocial,
considerando-se que a curatela é medida protetiva extraordinária.

Desse modo, a jurisprudência firmou-se no sentido de que a pessoa com


deficiência pode ser relativamente incapaz apenas para exercício de direitos
de natureza patrimonial e negocial.

É obrigatório o exame pessoal do interditando, em audiência, ocasião


em que será minuciosamente interrogado pelo juiz. É também obrigatória a
nomeação de perito médico para proceder ao exame do interditando. A
incapacidade relativa ou a deficiência como causa de interdição tem
natureza declaratória.

Segundo o entendimento do STF: “O laudo em que se firmar a sentença


de interdição pode esclarecer o ponto, isto é, afirmar que a incapacidade
mental do interdito já existia em período anterior, e o juiz do mérito da questão
pode basear-se nisso para o fim de anular o ato jurídico praticado nesse
período pelo interdito. Trata-se de interpretação de um laudo a respeito de cuja
valorização o juiz forma livre convencimento”.
Em outras palavras, deve-se haver se necessário for, uma investigação
para se saber se a pessoa que atualmente foi constatada com deficiência
mental já tinha tal enfermidade no período em que fechou um ato negocial e
patrimonial, como um contrato, por exemplo.

Para Caio Mário da Silva Pereira, “enquanto não apurada a demência


pela via legal, a loucura é uma circunstância de fato a ser apreciada em cada
caso, e verificada a participação do alienado em um negócio jurídico, poderá
ser este declarado inválido”.

O STJ tem declarado a invalidade do ato ainda que a outra parte não
tenha agido de má fé (ou seja, que sabia da situação do outro agente) com a
retenção do bem até a devolução do preço pago, devidamente corrigido, e a
indenização das benfeitorias.

Art. 503, do Código Civil francês:

“Os atos anteriores á interdição poderão ser anulados, se a causa ou interdição


existia notoriamente à época em que tais fatos foram praticados”.

 Ainda que seja uma parte da legislação francesa, a jurisprudência


brasileira tem admitido essa linha de raciocínio.

A velhice, por si só, não é causa de limitação da capacidade, salvo se


motivar um ato patológico que afete o estado mental e, em consequência, prive
o interditado do necessário discernimento para gerir os seus negócios ou
cuidar de sua pessoa. Neste caso, a incapacidade advém do estado psíquico e
não da velhice.

O curador serve como um assistente, cuja função precípua seria auxiliar o


seu tutelado. No entanto, há casos em que o tutor tem legitimidade para
assumir integralmente as funções do seu curado, como, por exemplo, em
caso de coma do tutelado.

Art. 1.783-A do Código Civil:

“A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com


deficiência elege pelo menos duas pessoas idôneas, com as quais mantenha
vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de
decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhe os elementos e informações
necessários para que possa exercer sua capacidade”.

O artigo mencionado acima se aplica aos casos de pessoas que possuem


algum tipo de deficiência, mas podem, todavia, exprimir sua vontade.

5.6 – Situação jurídica dos índios

No tocante aos índios, hodiernamente, diferentemente do contexto histórico,


não mais são considerados como relativamente incapazes. Preceitua, com
efeito, o art 4°, parágrafo único que a “capacidade dos índios serão regulada
por lei especial” – neste caso, o diploma legal que atualmente regula a situação
jurídica dos indígenas no País é a Lei n. 6001/1973.

A legislação mencionada considera nulo os negócios realizados entre um


índio e um ente estranho à comunidade indígena, sem a presença da Funai,
salvo se o índio revelar consciência e conhecimento do ato praticado e, ao
mesmo tempo, tal ato não o prejudicar.

Ainda sobre a legislação indígena: estes não estão obrigados a inscrição


do nascimento, tal ato poderá ser feito em livro próprio do órgão federal de
assistência aos índios. O índio que vive nas comunidades não integradas à
civilização já nasce sob tutela.

5.6.1 – Requisitos para emancipação do índio

Lei n. 6.001/73:

“idade mínima de 21 anos; conhecimento da língua portuguesa; habilitação


para o exercício de atividade útil à comunidade nacional; razoável
compreensão dos usos e costumes da comunhão nacional”.

PS: Há de se observar que a legislação de tratamento ao índio só se aplica


àqueles que não estão integrados à comunhão social. Se este índio, por sua
vez, estiver emancipado, ele passa a ser um cidadão comum, perdendo assim,
suas garantias e direitos de índio.
6 – Modo de suprimento da incapacidade

Art. 115, Código Civil:

“os podres de representação conferem-se por lei ou pelo interessado”.

Art. 120 do mesmo diploma:

“Os requisitos e os efeitos da representação legal são estabelecidos nas


normas respectivas; os da representação voluntária são os da Parte Especial
deste código”.

A incapacidade absoluta acarreta a proibição total. Desse modo, os


atos jurídicos serão celebrados pelos representantes legais, sob pena de
nulidade.

A incapacidade relativa permite que o incapaz pratique atos da vida


civil, desde que assistido por seu representante legal, sob pena de
anulabilidade. No entanto, como dito antes, há situações em que o
relativamente incapaz pode praticar sem assistência. Quando a necessária a
assistência, ambos devem participar do ato (assinar). A ausência de uma da
assinatura das partes (seja do tutor, seja do tutelado) acarretará na nulidade do
ato.

7 – Sistema de proteção aos incapazes

Alguns exemplos da proteção assegurada pelo Código Civil aos incapazes:

1) não corre a prescrição contra os absolutamente incapazes (art. 198,I); 2) o


mútuo feito a menor não pode ser reavido (art. 588), salvo nos casos do art.
589; 3) pode o menor ou o interdito recobrar divida de jogo, que
voluntariamente pagou (art. 814 in fine), salvo se este se apresentar como
maior de idade, se isso acontecer, significa que o menor agiu de má fé,
com isso, perderá o benefício; 4) ninguém pode reclamar o que, por uma
obrigação anulada, pagou a um incapaz, se não provar que reverteu proveito
dele a importância paga (art. 181); 5) partilha em que há incapazes não pode
ser convencionada amigavelmente (art. 2015).

Nos casos em que o menor de 18 anos e maior de 16 tiver interesse


contrário ao seu responsável legal, a este será “disponibilizado” pelo Ministério
Público, um curador especial (art. 1.692).

8 – Cessação da incapacidade

8.1 – Maioridade (antes a maioridade se dava aos 21 anos)

O legislador entendeu que os jovens de hoje amadurecem mais cedo,


tendo em vista o mundo globalizado.

O indivíduo que é capaz de exprimir sua vontade tem a cessação da


incapacidade ao atingir a maioridade (seja essa incapacidade absoluta, menor
de 16 anos; seja essa incapacidade relativa, maior de 16 e menor de 18).

A pessoa que nasce no dia 29 de fevereiro de um ano bissexto atingirá a


maioridade no dia 1º de Março.

Quando se fala em maioridade, é preciso entender que se trata de


natureza civil, pois há outras ocasiões (leis especiais) em que não é
obrigatória a maioridade para exercer o ato (voto facultativo a partir dos 16
anos, alistamento no exército facultativo aos 17 anos, por exemplo).

8.2 – Emancipação

Parágrafo único do art. 5º do Código Civil:

“I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante


instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por
sentença do juiz, ouvido o autor, se o menor tiver dezesseis anos completos;

II – pelo casamento;

III – pelo exercício de emprego público efetivo;

IV - peça colação de grau em curso de ensino superior;


V – Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de
emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos
completos tenha economia própria”.

Ainda sobre essa questão, há 3 tipos de emancipação: a voluntária, a


judicial e legal.

A emancipação voluntária dar-se pela autorização/consentimento dos pais


(ou familiar responsável), se o menor 16 anos completos. Deve ser outorgada
por ambos os pais, ou de um na ausência do outro. Se não tiver a assinatura
de ambos, ou a justificativa da falta de um, o caso é julgado
improcedente.

A emancipação judicial é a deferida por sentença, ouvido o tutor, em favor


do tutelado que já completou 16 anos. Tais emancipações devem ser
registradas em livro próprio do 1° Ofício do Registro Civil da comarca do
domicílio do menor. Antes desse registro, não produzirão efeito.

A emancipação legal é a que decorre de determinados fatos previstos em


lei, como consta no dispositivo legal retrotranscrito. Diferentemente da
emancipação judicial, neste caso, a emancipação ocorre imediatamente após o
ato (casamento, obtenção de emprego público efetivo, colação de grau, etc). A
viuvez ou separação judicial não é motivo para por fim na emancipação, mas a
anulabilidade do casamento sim (salvo se contraiu de boa fé).

OBS 1: a emancipação só deve ser outorgada se houver interesse do menor.


Portanto, não é permitido que os responsáveis o obriguem visando benefícios
próprios. Não é permitido também que os pais “voltem atrás” da decisão
de emancipar o filho, uma vez emancipado, só poderá se desfazer em caso
se nulidade do ato.

OBS 2: Atualmente, não se é permitido sob nenhuma circunstância se casar


antes da idade núbil (16 anos), diferentemente da legislação anterior, que
permitia em caso de gravidez da absolutamente incapaz.

 As regras sobre a capacidade da Parte Geral do Código Civil são de


caráter geral e, por isso, subordinam-se às regras especiais. Exemplo:
mesmo emancipado, o agente não pode tirar a CNH, que exige
obrigatoriamente a idade de 18 anos ou mais.
 Lembrar da divergência de pensamentos acerca da emancipação
advinda do adentramento em emprego público.
1. Vicente Raó: defende que não só os cargos efetivos deveriam ser
emancipados, estagiários comissionistas e contratados deveriam
também ter tal direito
2. Salvo Venosa: expõe que diferentemente do casamento, quando o
funcionário público é demitido, este deveria imediatamente também
perder sua emancipação.
3. Já para Caio Mario: em qualquer caso a emancipação é irrevogável, ou
seja, não se pode subtrair-la de volta, contrariando a Idea de Venosa.
Silvio Rodrigues compactua da ideia de Caio Mário.
 A idade exigida para ingressar no emprego público é de no mínimo 18
anos. Contudo, embora raramente aconteça, há a possibilidade de se
conseguir tal cargo aos 16 anos completos.

TÍTULO III – EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE NATURAL

9 – Modos de extinção

Somente com a morte real se termina a existência da pessoa natural.

A morte real é a morte propriamente dita, que determina o fim da


pessoa humana. Pode ser atestada por certidão de óbito ou por ação
declaratória de morte presumida (a certidão de óbito só pode ser
realizada se o corpo do falecido for encontrado, ou seja, em casos de
desaparecimento não se tem uma certidão de óbito, e sim uma ação
declaratória de morte presumida). Mesmo com a cessação da existência da
pessoa post mortem, o militar e servidores públicos ainda podem ser
promovidos depois de suas mortes.

Morte simultânea ou comoriência é aquela onde pelo fato acontecido


determina-se que dois ou mais indivíduos morreram na mesma hora – mas
não necessariamente no mesmo lugar (acidente de carro onde ambas as
pessoas morreram e não se tem a pretensão de determinar qual delas
faleceu primeiro, por exemplo). Contudo, se há a necessidade de descobrir
quem morreu primeiro (cunho testamental) é feito exames para descobrir tal
fato. Exemplo: marido e mulher morrem em um acidente de carro, estes,
não tinham filhos, e com o exame laboratorial feito, é constatado que o
homem morreu primeiro do que sua mulher, com isso, os bens do falecido
homem é passado para a mulher, mas que também vem a óbito, e por isso
tais bens são passados para sua mãe, que ainda esta viva. Se houver,
contudo, um laudo médico que indique o momento exato da morte dos
envolvidos, essa definição se muda, deixa de ser morte simultânea e passa
a ser morte real.

A morte civil surgiu na idade média, se perdurando até a Idade


Moderna. Foi “criada” especialmente para os condenados a prisão perpétua
e para os que abraçam a profissão religiosa. As referidas pessoas eram
privadas de direitos civis e eram consideradas mortas para o resto mundo.

A morte presumida pode ser com ou sem declaração de ausência, é


aplicada quando se presume que a pessoa veio a óbito por estar em
situação de perigo (desabamento de um prédio e a pessoa estar soterrada
há 50 dias, por exemplo).

Art. 7°, Código Civil:

“I – se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de


vida; II – se alguém =, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não
for encontrado até dois anos após o término da guerra.

Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos


somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e
averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento”.

TÍTULO IV – INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL

10 – Modos de individualização

São os principais elementos de individualização da pessoa natural: o


nome, designação esta que distingue das demais e a identifica no seio da
sociedade; o estado (estado civil), que indica a sua posição na família e na
sociedade política; e o domicílio, que é sua sede jurídica.

10.1 – Nome

 Prenome é a primeira parte do nome, pode ser simples (Paulo) ou


composto (Paulo Elias). Tem a função de distinguir os membros da
família. Pode ser escolhido livremente pelos pais, desde que não
exponha o filho ao ridículo.
 Sobrenome é o nome obrigatório que indica filiação e que não pode ser
alterado, salvo em casos de erros de grafia e de expor o portador ao
ridículo. A pessoa já nasce com o apelido familiar herdado dos pais, não
sendo, pois, escolhidos por estes, como ocorre no prenome. Desde
2012 as mães solteiras cujos pais não “assumiram” seu(s) filho(s)
podem registrar suas crias nos cartórios sem a presença do nome do
genitor. Além disso, as mães (e os filhos maiores de 18 anos) podem ir
indicar o nome do suposto genitor no cartório, se este não se manifestar
ou omitir-se, poderá ser aberto um processo de investigação de
paternidade. Atualmente, portanto, o pai ou a mãe, isoladamente ou em
conjunto, devem proceder ao registro no prazo de 15 dias. Se um dos
dois não cumprir a exigência dentro desse período, o outro terá 45 dias
para realizar a declaração.

 Agnome é utilizado para homenagear um ente familiar, por exemplo:


Elias Martins Neto.

 Axíônimo é designação que se dá à forma cortês de tratamento ou à


expressão de reverência, como por exemplo: Exmo. Sr., Vossa
Santidade, etc.

 Alcunha é apelido depreciativo que se põe a alguém, geralmente tirado


de alguma particularidade moral ou física.

 Cognome é palavra que qualifica pessoa ou coisa, em regra usada


como sinônima de alcunha.
 Epíteto pode ser aposto ao nome como designação qualitativa, como D.
Pedro, “o justiceiro”, por exemplo.

 Hipocorístico é o diminutivo do nome, muito comum se usar os sufixos


“inho”, “inha”, que denota intimidade. Exemplo: “Tonyzinho, hey, hi!” –
Rayssa Leal.

“O nome é uma etiqueta, colocada em cada um de nós; ela dá a chave


da pessoa toda inteira” – Josserand.

Para Washington De Barros Monteiro, o “nome é a expressão mais


característica da personalidade, o elemento inalienável da individualidade da
pessoa, não se concebendo, na vida social, ser humano que não traga nome”.

O nome é composto pelo prenome e pelo sobrenome. Sendo estes,


impossibilitados de alteração, salvo em casos de expor o indivíduo ao ridículo,
erro de escrita ou de alteração do sexo.

O nome é um patrimônio privado, deste modo, é assegurado em lei,


proibindo sua violação, em casos de calúnia, difamação (art. 17, CC) ou
emprego em comerciais sem a devida autorização do titular (art. 18, CC). Não
só o prenome ou sobrenome é protegido pela lei, o pseudônimo (nome
qualquer escolhido pelo autor que optou por não usar seu nome civil) também
se adentra nesse aspecto (art. 19, CC).

10.1.1 – Natureza jurídica

Há uma divergência entre os autores sobre a natureza jurídica do nome.


Se tendo as seguintes teorias: (a) a da propriedade. (b) a da propriedade sui
generis; (c) a negativista; (d) a do sinal distintivo revelador da personalidade; e
(e) a do direito da personalidade.

A teoria que ganha doutrina majoritária é a mencionada no item (e),


pois é a mais aceita e que melhor define a natureza jurídica do nome, visto que
o define como o próprio nome diz “direito da personalidade”, ao lado de outros,
como o direito à vida, à honra, à liberdade, etc.
10.1.2 – Imutabilidade do nome

Como antes mencionado, o prenome é algo definitivo, de modo a evitar


eventuais alterações indesejáveis para a segurança das relações jurídicas.
Contudo, se é permitido à alteração deste em casos de erro claro de grafia, em
casos de expor seu titular ao ridículo, e ainda em casos do nome ser masculino
e a pessoa ser do sexo feminino.

Atualmente, pode-se acrescentar ao prenome um apelido notório, onde a


maioria dos indivíduos o conheça daquela forma. Exemplo: Luiz Inácio Lula da
Silva o nome “Lula” não era seu nome civil originário, no entanto, o agente em
questão acresceu esse apelido e hoje é conhecido por todos dessa forma. Vale
destacar que os apelidos públicos notórios também são protegidos pela lei.

Nessa mesma perspectiva, pode-se, também, alterar o nome de batismo


por um apelido público notório. Exemplo: Edson Arantes do Nascimento
poderá se chamar Pelé Arantes do Nascimento, se assim o quiser.

No que se refere à adoção, o adotante pode, se assim quiser, recorrer à


alteração do nome do adotado (tanto o prenome quanto o sobrenome).

A jurisprudência tem admitido, ainda, a alteração do prenome


estrangeiro que gere dificuldade de pronúncia ou que tem sentido pejorativo no
Brasil. Atenção: o que se é permitido nessa situação é a alteração do
prenome, e não a do sobrenome, pois os tribunais entendem que o sobrenome
denota a identidade familiar do indivíduo, logo, urge de se manter este.

OBS 1: Hodiernamente é permitida a alteração de nome, no primeiro ano após


os 18 anos completos, desde que não prejudique a família (se ultrapassar essa
data, a alteração ainda poderá ser feita, não mais administrativamente e sim
“por exceção e motivadamente).

OBS 2: Se o pedido de alteração se der com o a finalidade de acrescer o nome


da mãe ou do pai que antes não constava, o pedido deve ser atendido sem
maiores indagações, visto que a CF/88 assegura tal ato, no princípio da
isonomia. Permite-se ainda, a inversão dos nomes, Paulo Elias Martins Lopes
para Paulo Elias Lopes Martins, por exemplo.
OBS 3: Se o filho for maior de 16 anos, o acréscimo do patronímico exigirá
seu consentimento.

No que se refere à alteração do sobrenome, é mais complexo.


Segundo o STJ, “o nome pode ser modificado desde que motivadamente
justificado”. Tal ato só deve ser realizado em casos excepcionais (exemplos
desses casos excepcionais na página 170).

 Um enteado pode adquirir o sobrenome do padrasto ou madrasta se


assim concordarem.

A Lei n. 13.484/17 dispõe que a ratificação do registro, da averbação


(constar em um registro uma alteração ou cancelamento) ou da anotação será
feita pelo oficial “de ofício ou do requerimento do interessado, mediante petição
assinada pelo interessado, representante legal ou procurador,
independentemente de prévia autorização judicial ou manifestação do
Ministério Público, nos casos de:

I – erros que não exijam qualquer indagação para a constatação imediata


de necessidade de sua correção;

II – erro na transposição dos elementos constantes em ordens e mandados


judiciais, termos ou requerimentos, bem como outros títulos a serem
registrados, averbados ou anotados, e o documento utilizado para a referida
averbação e/ou retificação ficará arquivado no registro do cartório;

III – inexatidão da ordem cronológica e sucessiva referente à numeração do


livro, da folha, da página, do termo, bem como data do registro;

IV – ausência de indicação do Município relativo ao nascimento ou


naturalidade do registrado, nas hipóteses em que existir descrição precisa do
endereço do local de nascimento;

V- elevação de Distrito a Município ou alteração de suas nomenclaturas por


força de lei.
§ 5° - Nos casos em que a ratificação decorra de erro imputável ao oficial,
por si ou por menos prepostos, não será devido pelos interessados o
pagamento de selos e taxas.

10.1.2 .1 – Outras hipóteses de alteração de nome

(a) no casamento; (b) na adoção; (c) reconhecimento de filho; (d) na


união estável; (e) no abandono afetivo; (f) no divórcio; e (g) no transexualismo.

A/F/D –

No tocante ao casamento, diferentemente do contexto histórico.


Atualmente, se é voluntário a adoção do nome do esposo pela mulher nos
casos de casamento, a mesma voluntariedade se aplica em situação de
divórcio, a então divorciada pode optar por manter ou se desvincular do seu
nome de casada, salvo se o cônjuge for considerado culpado no ato de
separação judicial. O Nosso C.C. não disciplina o uso do nome do
companheiro.

O nome advindo do cônjuge não seria de natureza substitutiva, mas sim


em forma de acréscimo. Exemplo: Rayssa Almeida passa a se chamar Rayssa
Almeida Martins, e não Rayssa Martins.

Na união estável ou companheirismo, salvo em casos de


impossibilidade de casamento de algum dos agentes. A terceira turma do STJ
explana que a CF/88 trouxe um novo conceito de família, sob essa ótica,
deveria ser possível a alteração do nome nos casos de união estável mesmo
que não haja comprovação de impedimento legal para o casamento.

B–

Na adoção, o adotado não pode conservar seu sobrenome de pais de


sangue, pois o parentesco foi-se desligado. Além do sobrenome, pode, ainda,
os adotantes, facultativamente, mudarem o prenome do adota, ou seja,
diferentemente do sobrenome, a alteração do prenome não se faz obrigatória.
A multipaternidade (dois sobrenomes de duas famílias distintas num
único sujeito) pode ser admitida em casos excepcionais. Exemplo: Uma
menina perdeu os pais em um acidente de carro, após o ocorrido ela foi
adotada, passando a ter, agora o sobrenome de ambas as famílias (adotante e
biológica).

C-

O reconhecimento de filho faz com que este passe a pertencer o grupo


familiar do genitor ou genitora que o reconheceu, com direito de usar o apelido
familiar do referido grupo.

E–

No tocante ao abandono afetivo, o STJ entende que é caso corriqueiro


no Brasil, haja vista que o nome é o elemento individualizador da pessoa na
sociedade e na família.

G–

Ao que se refere ao transexual, hodiernamente, é julgado procedente a


permissão de alteração de nome aos casos dos transexuais, não se exindo,
para tanto, nada além da manifestação da vontade do agente. Não só se é
permitido à alteração do nome, mas também do sexo, propriamente dito (no
RG, por exemplo).

Se há, inclusive, a utilização do nome social, este, escolhido pelo travesti


ou transexual, que deve ser respeitado a todo o momento. Existe uma
distinção, entre transexuais, travestis e homossexuais. Aqueles acreditam
firmemente pertencer ao sexo oposto, logo, a constatação só deve ser
realizada por meio de avaliação psiquiatra.

Anteriormente, era utilizado o termo na opção de sexo nos registros a


alternativa “transexual” o que, posteriormente, foi alterado, pois expunha a
pessoa ao ridículo.

Atualmente, portanto, se há, inclusive, políticas públicas em benefício ao


transexual. Exemplo: o Sistema Único de Saúde (SUS) custeia a cirurgia de
alteração de sexo, com a argumentação de que se trata não apenas de uma
cirurgia de cunho estético, mas também de natureza psicológica.

10.2 – Estado (ou status)

É dividida sobre 3 aspectos: o individual ou físico, o familiar e o político.

Estado individual refere-se às particularidades do indivíduo na esfera


civil enquanto pessoa (preto, branco, alto, baixo, homem, mulher, maioridade,
menoridade, etc.).

Estado familiar é o que indica a situação na família, em relação ao


patrimônio (solteiro, casado, viúvo, divorciado) e ao parentesco, por
consangüinidade ou afinidade (pai, filho, irmão, sogro, cunhado, etc.). Malgrado
os autores em geral não considerem o estado de companheiro, a união estável
é reconhecida como entidade familiar pela CF/88.

Estado político refere-se aos direitos e obrigações do indivíduo perante


a sociedade política, sendo nacionais (natos ou naturalizados) ou estrangeiros

OBS: cidadania é diferente de nacionalidade. Quem não é eleitor não é


cidadão mesmo que este tenha nacionalidade brasileira, e é sobre esse status
que o tópico aborda, o status de cidadão.

As principais características ou atributos do estado são:

1) Indivisibilidade – ele é uno e indivisível. Assim, ninguém pode ser,


simultaneamente, casado e solteiro, maior e menor, brasileiro e
estrangeiro, salvo em casos de dupla nacionalidade.
2) Indisponibilidade – refere-se à mutação. O fato de um indivíduo não
poder ter dupla personalidade não afeta não afeta o fato de ele deixar de
ser solteiro, menor, etc. Esse princípio se diz respeito à alteração do
estado civil, ou seja, um indivíduo pode deixar de ser menor de idade,
pode deixar de ser casado, etc.
3) Imprescritibilidade – as ações de estado são imprescritíveis (que não
deixa de ter validade após determinado período de tempo) A pessoa só
deixa de ter estados após a sua morte. Portanto, se não se perde um
estado pela prescrição, por outro não se pode obtê-lo por usucapião
(que se obtém um bem pelo uso de determinado período de “uso”).

10.3 – Domicílio

Diferença entre residência, domicílio e residência:

Residência: exige o intuito de permanência, o indivíduo pode ter


várias residências;

Domicílio: local onde a pessoa estabelece sua residência definitiva,


ou a localidade onde a pessoa exerça atividades profissionais, em caso de o
indivíduo deter mais de uma residência, poderá este, deter mais de um
domicílio (se assim preferir), pois o CC admite a pluralidade domiciliar. Para
tanto, basta que tenha diversas residências onde alternadamente viva, além
desta definição, há outra: “se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos,
cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem”.
É admitido, ainda, o domicílio sem residência fixa, como é o caso dos
andarilhos, ciganos e viajantes, nesses casos, o domicílio será o local onde
forem encontrados, configurando, portanto, o “domicílio ocasional”.

Moradia: deve constituir-se um local digno de habitação, sendo dever do


Estado assegurar sua ocorrência, dentro do que a reserva permite. Lugar onde
há a provisória ou permanente estadia (cada de praia, hotel, etc.).

Todo portador de direitos devem ter o domicílio, pois, caso haja


necessidade, este lugar será aquele que a justiça irá procurar o indivíduo, a fim
de responder obrigações.

As pessoas podem mudar de domicílio, desde que haja comprovações


de tal mudança. A matrícula do filho em escola de nova localidade, a
transferência da linha telefônica, a abertura de contas bancárias, posse em
cargo público, são alguns exemplos de “comprovações”.

10.3.1 – Espécies

O primeiro domicílio da pessoa é o domicílio de origem, que corresponde


o domicílio de seus pais. Mas dividem-se em (a) voluntário que pode ser ainda
geral (escolhido livremente) ou especial (fixado com base no contrato, sendo
denominado, conforme o caso, foro contratual ou de eleição); e (b) necessário
ou legal.

O domicílio voluntário geral ou comum é aquele que depende única e


exclusivamente da vontade do interessado, ou seja, qualquer pessoa que não
esteja sujeita ao domicílio necessário tem esse direito de escolha.

O domicílio voluntário especial pode ser o do contrato (diz respeito


aos termos de contrato, cujo domicílio é especificado no contrato) e o de
eleição (diz respeito às partes poderem modificar a competência em razão do
valor e território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e
obrigações).

OBS 1: o STJ tem considerado ineficaz a cláusula de eleição de foro, em


contratos de adesão: (a) “quando constitui um obstáculo à parte aderente,
dificultando-lhe o comparecimento em juízo”; (b) se é “abusiva, resultando
especial dificuldade da outra parte”; (c) se o outro contratante
“presumivelmente não pôde discutir a cláusula microscopicamente impressa de
eleição de foro”.

OBS 2: A mesma corte declara nula de pleno direito de cláusula abusiva, que
coloque o consumidor em desvantagem exagerada, ou seja, incompatível com
a boa-fé e a equidade.

Domicílio necessário ou legal é o determinado pela lei, por razão ou


condição. Incapaz – domicílio de seu representante; servidor público – lugar
onde exerce sua função; militar – onde servir; agente da marinha – onde seu
navio estiver matriculado; agente da aeronáutica – onde o comando estiver
subordinado; preso – onde cumprir sentença.

 No caso do menor, o domicílio se dá por dependência; o do preso é por


motivos de estado especial; e, as demais, por causa profissional ou
atividade exercida. Além de existem outras hipóteses de domicílio
necessário na lei civil: art. 1.569, art. 77 e RF. 159/81.

10.3.2 – Domicílio da pessoa jurídica


A pessoa jurídica não tem residência, mas sim estabelecimento, este,
trata-se de domicílio especial, que pode ser livremente escolhido. Se assim não
o for, o domicílio será o lugar onde “funcionam as respectivas diretorias e
administrações”.

O art. 75, § 1º do Código Civil admite a pluralidade de domicílios


dessas entidades: “Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em
lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele
praticados”.

Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á


por domicílio da pessoa jurídica o lugar do estabelecimento situado no Brasil
onde as obrigações foram escolhidas, correspondente a cada agência.

As pessoas jurídicas de cargos públicos devem ter domicílio à sede de


seu governo: EX: o presidente deve morar em Brasília, o Prefeito deve morar
na cidade em que houver mandato, etc.

11 – Atos do registro civil

No registro civil pode-se encontrar a história civil da pessoa, por assim


dizer, a biografia jurídica de cada cidadão (CPF, CNPJ, RG e certidões).

Surgiu, originalmente, na Idade Média, quando os Padres eram os


responsáveis pelo registro de nascimentos, casamentos e óbitos.

O registro civil interessa a todos: ao próprio registrado, ao Estado e a


terceiros que com ele mantenham relações.

Averbação é qualquer anotação feita à margem do registro, para indicar


as alterações ocorridas no estado jurídico do registrado (as sentenças que
decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação
judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal; os atos judiciais ou
extrajudiciais que declarem ou reconheçam filiação).

São obrigados a fazer a declaração de nascimento pela ordem: (a) os


pais; (b) o parente mais próximo; (c) os administradores de hospitais ou os
médicos e parteiras; (d) pessoa idônea da casa em que ocorrer o parto; e (e)
as pessoas encarregadas da guarda do menor.

Além dos agentes acima mencionados, em casos excepcionais, de


nascimento ou óbito dentro de uma aeronave, o comandante da mesma exerce
capacitação para assinar certidões do(s) evento(s) que ocorreram a bordo.

 Se houver declaração de pobreza judicialmente comprovada, o indivíduo


em questão será “livrado” da taxa de celebração de casamento e
certidões.

Os registros das sentenças declaratórias de reconhecimento, dissolução


e extinção bem como das escrituras públicas de contrato e distrato envolvendo
união estável devem constar:

1) data do registro; 2) prenome e sobrenome, datas de nascimento, profissão,


indicação da numeração das Cédulas de Identidade, domicílio e residência dos
companheiros; 3) prenome e sobrenome dos pais; 4) data e Registro Civil das
pessoas naturais em que foram registrados os nascimentos das partes, seus
casamentos e/ou uniões estáveis anteriores, assim como os óbitos de seus
outros cônjuges ou companheiros, quando houver; 5) data de sentença Vara e
o nome do Juiz que a proferiu, quando for o caso; 6) data da escritura pública
mencionando-se no último caso, o livro a página e o Tabelionato onde foi
lavrado o ato; e 7) regime dos bens do companheiros.

O provimento n. 52, de 14 de março de 2016, da Corregedoria Nacional


de Justiça, autoriza o registro automático, sem necessidade de permissão
judicial, de nascimento dos filhos de casais heterossexuais e homoafetivos
nascidos por meio de técnicas de reprodução assistida, como fertilização in
vitro e gestação por substituição (“barriga de aluguel”). Neste último caso, não
constará no registro civil da criança o nome da gestante.

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