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TEORIA GERAL

DO DIREITO CIVIL
Profª Mª Nayara Milhomens
Introdução
 Apresentação
 Metodologia
 Avaliações (N1 e N2)
 Atividades
 Vade Mecum
 Doutrinas:
1. Manual de Direito Civil – Flávio Tartuce
2. Manual de Direito Civil - Volume Único - Rodolfo Pamplona Filho (Autor), Pablo
Stolze Gagliano (Autor)
3. Direito Civil Brasileiro - Vol. 1 - Parte Geral - Carlos Roberto Gonçalves
Ementa
 Formação histórica do direito civil brasileiro. Evolução do direito
civil. A publicização das relações privadas e o chamado direito
civil constitucional. O Código Civil de 1916 e o Código Civil de
2002: paralelos. Conceito filosófico e conceito jurídico de
pessoa. Pessoas naturais. Personalidade. Capacidade. Direitos
da personalidade. Ausência. Curadoria. Sucessão. Pessoas
jurídicas. Associações e fundações. Domicílio. Bens.
Classificação dos bens. Regime jurídico das benfeitorias.
Critério da essencialidade dos bens. Fatos jurídicos. A hipótese
legal e o suporte fático. Formação simples e complexa dos fatos
jurídicos. Existência e eficácia jurídica. Classificações dos fatos
jurídicos. Negócio jurídico. Representação. Condição, termo e
encargo. Defeitos. Invalidade. Atos jurídicos lícitos e atos ilícitos.
Prescrição e decadência. Prova.
Objetivos
 Iniciar no estudo e na análise das noções, categorias e princípios que
formam a doutrina do Direito Civil e dele permitam uma visão geral e
compreensiva;
 Orientar no conhecimento da técnica jurídica, isto é, na arte de
realizar o direito civil na solução dos problemas da vida real,
procurando integrar o conhecimento científico com a prática de
nossos tribunais. Para tanto, serão analisadas em aula decisões
selecionadas dos tribunais superiores pertinentes à matéria;
 Contribuir para a formação jurídica do aluno, por meio de uma
perspectiva interdisciplinar que possa facilitar a compreensão do
fenômeno jurídico;
 Suscitar a reflexão teórica sobre a importância do direito civil na
sociedade contemporânea, cujos problemas desafiam o paradigma
dominante e suscitam novas estruturas jurídicas de resposta.
Código Civil de 1916
 Caráter individualista e patrimonialista
 Direito da Família, Direitos Reais e
Direito das Obrigações e dos Contratos
Código Civil de 2002
O Código de 2002 se inspirou em
três grandes paradigmas: a função
social do Direito, a efetividade
(operacionalidade) e a boa-fé
objetiva.
Personalidade jurídica
 Todoaquele que nasce com vida torna-se uma
pessoa, ou seja, adquire personalidade. Esta
é, portanto, qualidade ou atributo do ser
humano. Pode ser definida como aptidão
genérica para adquirir direitos e contrair
obrigações ou deveres na ordem civil.
EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL
Morte Real

 Art. 6º A existência da
pessoa natural termina
com a morte; presume-se
esta, quanto aos
ausentes, nos casos em
que a lei autoriza a
abertura de sucessão
definitiva.
Morte Civil

 Antigamente existia o
instituto da Morte Civil
quando uma pessoa
continuava viva, mas,
para fins legais, era
tratada como “coisa”,
inapta a direitos e
deveres, em razão de
algum ato previsto e
estipulado em lei.
MORTE PRESUMIDA

 Art. 7 o Pode ser declarada a morte


presumida, sem decretação de
ausência:
 I - se for extremamente provável a
morte de quem estava em perigo de
vida;
 II - se alguém, desaparecido em
campanha ou feito prisioneiro, não
for encontrado até dois anos após o
término da guerra.

 Casos: Brumadinho e Eliza Samudio


Morte simultânea ou comoriência

 Art. 8º Se dois ou mais


indivíduos falecerem na
mesma ocasião, não se
podendo averiguar se
algum dos comorientes
precedeu aos outros,
presumir-se-ão
simultaneamente mortos.
Ausência

 Art. 22. Desaparecendo


uma pessoa do seu
domicílio sem dela haver
notícia, se não houver
deixado representante ou
procurador a quem caiba
administrar-lhe os bens, o
juiz, a requerimento de
qualquer interessado ou do
Ministério Público,
declarará a ausência, e
nomear-lhe-á curador.
Fases da declaração de ausência
1. curadoria dos bens do ausente: nesta fase, o legislador se preocupa com a
proteção dos bens do ausente. A curadoria tem, em regra, duração de 1 ano. Caso o
ausente tenha deixado procurador, o prazo passa a ser de 3 anos. Essa fase se
encerra, pela confirmação da morte do ausente; pelo seu retorno ou pela abertura
da sucessão provisória.
2. Na fase da sucessão provisória, os herdeiros podem entrar na posse dos bens do
ausente, desde que prestem garantia da restituição deles, em caso de retorno do
ausente. Essa fase, durará, em regra, 10 anos (contados do trânsito em julgado da
decisão que abre a sucessão provisória). O prazo se reduz para 5 anos, se o ausente
tiver mais de 80 anos e de mais de 5 anos datarem suas últimas notícias. Essa fase se
encerra pela pela confirmação de morte do ausente, pelo seu retorno ou pela
abertura da sucessão definitiva.
3. Sucessão definitiva: nesta que é a última fase, os herdeiros podem solicitar o
levantamento das garantias prestadas, adquirindo assim, o domínio dos bens
deixados. No entanto, o domínio será resolúvel, uma vez que, caso o ausente
retorne, terá seus bens de volta, porém, no estado em que se encontrarem. Todavia,
é importante ressaltarmos que o ausente só terá esse direito, se retornar em até 10
anos contados da abertura da sucessão definitiva, depois disso, não mais terá direito
aos bens.
Fases da ausência
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL
DIREITOS DA PERSONALIDADE
 São direitos subjetivos que tem por objeto os bens e valores essenciais da
pessoa, no seu aspecto físico, moral e intelectual.
 Características (Art 11, CC):
 - Intransmissíveis
 - Irrenunciáveis
 - Indisponíveis
 - Absolutos
 - Ilimitáveis
 - Imprescritíveis
 - Impenhoráveis
 - Não sujeitos a desapropriação
 - Vitalícios
ATOS DE DISPOSIÇÃO DO PRÓPRIO CORPO
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o
ato de disposição do próprio corpo, quando
importar diminuição permanente da integridade
física, ou contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será
admitido para fins de transplante, na forma
estabelecida em lei especial.
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou
altruístico, a disposição gratuita do próprio
corpo, no todo ou em parte, para depois da
morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser
livremente revogado a qualquer tempo.
Tratamento médico de risco

 Art. 15. Ninguém pode ser


constrangido a submeter-
se, com risco de vida, a
tratamento médico ou a
intervenção cirúrgica.
O direito ao nome
 Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele
compreendidos o prenome e o sobrenome.
 Art. 17. O nome da pessoa não pode ser
empregado por outrem em publicações ou
representações que a exponham ao desprezo
público, ainda quando não haja intenção
difamatória.
 Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o
nome alheio em propaganda comercial.
 Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades
lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
Proteção à palavra e à imagem

 Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou


à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da
palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma
pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da
indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a
respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
 Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas
para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
Proteção à intimidade

Art. 21. A vida privada da


pessoa natural é inviolável, e
o juiz, a requerimento do
interessado, adotará as
providências necessárias
para impedir ou fazer cessar
ato contrário a esta norma.
DAS PESSOAS JURÍDICAS

Pessoas jurídicas são entidades a


que a lei confere personalidade,
capacitando-as a serem sujeitos
de direitos e obrigações. A
principal característica das pessoas
jurídicas é a de que atuam na vida
jurídica com personalidade
diversa da dos indivíduos que as
compõem.
Sociedades irregulares ou de fato

 Sem o registro de seu ato constitutivo, a pessoa jurídica


será considerada irregular, mera associação ou sociedade
de fato, sem personalidade jurídica, ou seja, mera relação
contratual disciplinada pelo estatuto ou contrato social.
Grupos despersonalizados

 Nem todo grupo social constituído para a


consecução de fim comum é dotado de
personalidade. Alguns possuem características
peculiares à pessoa jurídica, mas carecem de
requisitos imprescindíveis à personificação.
DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA
 Em um primeiro momento, os fundadores
da sociedade (pessoa jurídica) não
respondem pelas obrigações desta, uma
vez que esta possui personalidade
distinta da de seus membros. No entanto,
em casos excepcionais e regulamentados
pelo Código Civil, há a possibilidade da
extensão das obrigações assumidas pela
pessoa jurídica aos bens particulares dos
administradores ou dos sócios por meio
da desconsideração da personalidade
jurídica.
DOS BENS

Bens são coisas materiais


ou concretas, úteis aos
homens e de expressão
econômica, suscetíveis
de apropriação
 Bens imóveis: que se não podem transportar, sem
destruição, de um lugar para outro lugar.
Bem móvel ou imóvel?
Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento
próprio, ou de remoção por força alheia, sem
alteração da substância ou da destinação econômico-
social.
 São fungíveis os móveis que  Bens infungíveis são
podem substituir-se por outros insubstituíveis,
da mesma espécie, qualidade personalizados ou
e quantidade. individualizados.
 Art. 86. São consumíveis os  Inconsumíveis são os bens que
bens móveis cujo uso podem ser usados
importa destruição imediata continuamente, sem destruição
da própria substância, sendo da substância.
também considerados tais os
destinados à alienação.
 Art. 87. Bens divisíveis são os  Indivisíveis
que se podem fracionar
sem alteração na sua
substância, diminuição
considerável de valor, ou
prejuízo do uso a que se
destinam.
 Art. 89. São singulares os  Bens coletivos são aqueles
bens que, embora reunidos, compostos de várias coisas
se consideram de per si , singulares, se consideram em
independentemente dos conjunto, formando um todo.
demais.
Art. 92. Principal é o bem que existe sobre
si, abstrata ou concretamente; acessório,
aquele cuja existência supõe a do principal.
FATOS JURÍDICOS (EM SENTIDO AMPLO)
 Fato jurídico em sentido amplo é todo acontecimento da vida que o
ordenamento jurídico considera relevante no campo do direito.
NEGÓCIO JURÍDICO
 Negócio jurídico é um ato, ou uma pluralidade de atos,
entre si relacionados, quer sejam de uma ou de várias
pessoas, que tem por fim produzir efeitos jurídicos,
modificações nas relações jurídicas no âmbito do direito
privado.

 No negócio jurídico, a manifestação da vontade tem


finalidade negocial, que abrange a aquisição,
conservação, modificação ou extinção de direitos.
Elementos do negócio jurídico

 Requisitos de existência
 Os requisitos de existência do negócio jurídico são os
seus elementos estruturais, sendo que não há
uniformidade, entre os autores, sobre a sua
enumeração:
 declaração de vontade (expressa, tácita ou presumida)
 finalidade negocial;
 idoneidade do objeto.
Requisitos de validade

São os elencados no art. 104 do CC, que dispõe:


“Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I — agente capaz;
II — objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III— forma prescrita ou não defesa em lei”.
ELEMENTOS ACIDENTAIS
 Além dos elementos estruturais e essenciais, que constituem
requisitos de existência e de validade do negócio jurídico, pode este
conter outros elementos meramente acidentais, introduzidos
facultativamente pela vontade das partes, não necessários à sua
existência. Aqueles são determinados pela lei; estes dependem da
vontade das partes.
 Uma vez convencionados, têm o mesmo valor dos elementos
estruturais e essenciais, pois que passam a integrá-lo de forma
indissociável. São três os elementos acidentais do negócio jurídico no
direito brasileiro:
 condição;
 termo; e
 encargo ou modo.
TERMO

 Termo é o dia ou momento em que começa ou se


extingue a eficácia do negócio jurídico, podendo
ter como unidade de medida a hora, o dia, o mês
ou o ano. Termo convencional é a cláusula
contratual que subordina a eficácia do negócio a
evento futuro e certo.
ENCARGO OU MODO

 Encargo ou modo é uma determinação que,


imposta pelo autor de liberalidade, a esta adere,
restringindo-a. Trata-se de cláusula acessória às
liberalidades (doações, testamentos), pela qual se
impõe uma obrigação ao beneficiário. É
admissível também em declarações unilaterais da
vontade, como na promessa de recompensa.
Erro ou ignorância

O erro consiste em uma falsa


representação da realidade. Nessa
modalidade de vício do
consentimento, o agente engana-se
sozinho.

O Código equiparou os efeitos do


erro à ignorância. Erro é a ideia falsa
da realidade.
Ignorância é o completo
desconhecimento da realidade.
DOLO
 Dolo é o artifício ou
expediente astucioso
empregado para induzir
alguém à prática de um ato
que o prejudique e
aproveite ao autor do dolo
ou a terceiro.
COAÇÃO
Coação é toda ameaça ou
pressão injusta exercida sobre
um indivíduo para forçá-lo,
contra a sua vontade, a praticar
um ato ou realizar um negócio.
O que a caracteriza
é o emprego da violência
psicológica para viciar a
vontade.
Requisitos da coação

 Verifica-se, assim, que nem toda ameaça configura a coação, vício do


consentimento.
 Para que tal ocorra, é necessário reunirem-se os requisitos estabelecidos
no dispositivo supratranscrito. Assim, a coação:
 a) deve ser a causa determinante do ato;
 b) deve ser grave;
 c) deve ser injusta;
 d) deve dizer respeito a dano atual ou iminente;
 e) deve constituir ameaça de prejuízo à pessoa ou a bens da vítima ou a
pessoa de sua família.
ESTADO DE PERIGO

 Segundo o art. 156 do CC,


“configura-se o estado de perigo
quando alguém, premido da
necessidade de salvar-se, ou a
pessoa de sua família, de grave
dano conhecido pela outra parte,
assume obrigação
excessivamente onerosa”.
Elementos do estado de perigo

 Uma situação de necessidade


 Iminência de dano atual e grave
 Nexo de causalidade entre a declaração e o perigo de
grave dano
 Incidência da ameaça do dano sobre a pessoa do próprio
declarante ou de sua família
 Conhecimento do perigo pela outra parte
 Assunção de obrigação excessivamente onerosa
LESÃO

 “Art. 157. Ocorre a lesão


quando uma pessoa, sob
premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a
prestação manifestamente
desproporcional ao valor da
prestação oposta.
FRAUDE CONTRA CREDORES

Fraude contra credores é todo


ato suscetível de diminuir ou
onerar seu patrimônio,
reduzindo ou eliminando a
garantia que este representa
para pagamento de suas
dívidas, praticado por devedor
insolvente ou por ele reduzido à
insolvência.
Representação

A representação é a atuação em nome de


outrem. Os direitos podem ser adquiridos
por ato do próprio interessado ou por
intermédio de outrem. Quem pratica o ato
é o representante. A pessoa em nome de
quem ele atua e que fica vinculada ao
negócio é o representado.
Dispõe o artigo 115 do CC que “os poderes de
representação conferem-se por lei ou pelo interessado”.
A representação, assim, pode ser:

a) LEGAL: o representante exerce uma atividade


obrigatória com a função de cuidar dos interesses das
pessoas incapazes. Ex: pais, tutores...

b) CONVENCIONAL ou VOLUNTÁRIA: tem por finalidade


permitir o auxílio de uma pessoa na defesa ou
administração de interesses alheios.
MANDADO = orDem
MANDATO = conTraTo

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