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PESSOAS
PROFESSORA: ROGERIA MARIA DA SILVA MHIRDAUI
. Capacidade
- Capacidade: Aptidão que a pessoa tem de adquirir e exercer Direitos. Divide-se em dois
tipos:
a) Capacidade de Direito: A pessoa adquire direitos, podendo ou não os exercer. Ganha-se
essa capacidade com o nascimento, e perde-se com a morte.
b) Capacidade de Exercício (ou de Fato): É a capacidade que tem a pessoa de exercer seu
próprio direito. Todas as pessoas têm capacidade de direito, mas nem todas possuem a
capacidade de exercício do direito.
- Incapacidade: Não estar apto ao exercício de seus direitos. Divide-se em dois tipos:
a) Absoluta (art. 3º CC): É a incapacidade que leva o sujeito a ter de ser representado, como
por exemplo, os menores de 16 anos; os que, por enfermidade ou deficiência mental, não
tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; os que, mesmo por causa
transitória, não puderem exprimir sua vontade.
b) Relativa (art. 4º CC): São relativamente incapazes os maiores de 16 anos e menores de
18 anos; os ébrios habituais, os viciados, e os que, por deficiência mental, tenham o
discernimento reduzido (causas transitórias ou permanentes); os excepcionais, sem
desenvolvimento mental completo; os pródigos; entre outros.
- Emancipação (art. 5 CC): A menoridade cessa aos 18, quando a pessoa fica habilitada à
prática de todos os atos da vida civil. Cessará, para os menores, a incapacidade:
a) pela concessão dos pais, se o menor tiver dezesseis anos completos;
b) pelo casamento;
c) pelo exercício de emprego público efetivo;
d) pela colação de grau em curso de ensino superior;
e) pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde
que o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
. Da Morte:
- Extinção da Personalidade Jurídica da Pessoa Natural (art. 6 CC): A existência da pessoa
natural termina com a morte. A morte pode ser:
. Real: É a morte encefálica (paralisação das atividades cerebrais). Sua prova se dá através
de atestado de óbito, e acarreta na extinção de todos os direitos e obrigações, bem como dá
início a transmissão de património (sucessão).
. Simultânea/Comoriência (art. 8º CC): Ocorre quando dois ou mais indivíduos falecem na
mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outro. É
importante para alguns casos no Direito Sucessório.
. Morte Civil (art. 1.816 CC): Ocorre quando o indivíduo é excluso de receber a herança,
como se ele ‘morto’ fosse antes da abertura da sucessão. Por exemplo, se um filho tenta
matar seu pai, ele será considerado indigno, de acordo com o Código Civil.
. Morte Presumida (art. 7º CC): Ocorre quando não é possível encontrar o cadáver para
exame, e nem há testemunhas que presenciaram ou constataram a morte, mas é
extremamente provável que a mesma tenha acontecido. A morte presumida pode ser:
A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de
esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do
falecimento.
b) com declaração: ocorre com o desaparecimento da pessoa, sem que seu paradeiro seja
conhecido. A primeira fase, nesse processo, é a curadoria dos bens ausentes (na ordem de
cônjuge, ascendente/descendente, e qualquer pessoa indicada pelo juiz). Após 1 ano em tal
situação, ou, se ele deixou representante ou procurador, tendo passado 3 anos, poderão os
interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão. Assim,
chega-se na segunda fase, a sucessão provisória, que dura 10 anos. A sentença que
determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito 180 dias após de publicada
pela imprensa. Então, inicia-se a última fase, que é a sucessão definitiva, quando o ausente
é presumido morto.
. Individualização da Pessoa:
- Individualização da Pessoa Natural: É a identidade da pessoa natural. Pode ser dividida em
3 aspectos:
. Nome: Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome – simples ou
composto – e o sobrenome (art. 16 CC), além da possibilidade do agnome. Com a nova lei
aprovada em 2022 (lei 14.382/22), pode-se alterar o nome mais facilmente, sem motivação,
desde que maior de idade.
Nomes idênticos (homonímia) são proibidos dentro do núcleo familiar. Por exemplo, o caso
de irmãos (gêmeos ou não), cuja regra prevê a inserção de duplo prenome quando nomes
idênticos, ou o uso do agnome quando o nome do registrando for igual ao nome de um de
seus familiares.
Quanto a proteção do nome (arts. 17 ao 19 CC): “O nome da pessoa não pode ser
empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo
público, ainda quando não haja intenção difamatória; Sem autorização, não se pode usar o
nome alheio em propaganda comercial; O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza
da proteção que se dá ao nome.”
O nome não é tratado como propriedade por ser inalienável. Por tanto, considera-se como
direito de personalidade.
. Estado: Qualificação civil para produzir efeitos jurídicos.
- Político: Cidadania, nacionalidade, naturalidade.
- Físico/Individual: Idade, sexo, capacidade civil.
- Familiar: Parentesco (em linha reta, colateral ou por afinidade), situação conjugal.
. Domicílio (arts. 70 ao 78 CC): O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece
a sua residência com ânimo definitivo. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências,
onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. É também
domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde é
exercida. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá
domicílio para as relações que lhe corresponderem. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural,
que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada. Muda-se o domicílio,
transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar (a prova da intenção
resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde
vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança).
Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: Da União, é o Distrito Federal; dos Estados e
Territórios, as respectivas capitais; do Município, o lugar onde funcione a administração
municipal; das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas
administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será
considerado domicílio para os atos nele praticados; E se a administração tiver a sede no
estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas
por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela
corresponder.
Têm domicílio necessário o incapaz (domicílio do seu representante ou assistente), o
servidor público (o lugar em que exercer permanentemente suas funções), o militar (onde
servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar
imediatamente subordinado), o marítimo (onde o navio estiver matriculado) e o preso (lugar
em que cumprir a sentença).
O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem
designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou
no último ponto do território brasileiro onde o teve.
Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e
cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.
- Definição: São entidades que a lei confere personalidade, capacitando-os a serem sujeitos
de direitos e obrigações.
- Natureza jurídica:
. Teoria da ficção: A PJ não existe de fato, mas sim apenas na lei (ficção legal); dela, a teoria
da ficção doutrinária (é ficção criada pela doutrina);
. Teoria da realidade: A PJ é uma realidade viva, e não mera abstração. São suas subteorias:
- da realidade objetiva/orgânica: a vontade dá vida ao organismo (fator sociológico);
- da realidade jurídica/institucionalizada: são organizações sociais destinadas a um
serviço/ofício; de uma ideia socialmente útil (fator sociológico);
- da realidade técnica: a PJ é a forma encontrada pelo direito para reconhecer a existência
de grupos de indivíduos que se unem na busca de fins determinados (teoria adotada no
direito brasileiro).
- Pressupostos de existência: Pluralidade de pessoas, uma finalidade específica, objetivo
lícito.
- Requisitos para a constituição: Vontade humana (affectio societatis), elaboração e registro
de ato constitutivo e licitude de objetivo.
. Ato Constitutivo: É o documento que formaliza a criação de uma PJ (art. 45 CC) e traz todas
as informações básicas da instituição. Também define direitos, deveres, diretrizes e outras
características do negócio. Nele, está o estatuto (associações), contrato social (sociedades) e
a escritura pública/testamento (fundações).
. Registro (art. 46-47 CC): Para sociedades empresarias, o registro é na Junta Comercial.
Para demais sociedades, é no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas. Para sociedades
simples de advogados, na OAB. (art. 1.150; 144 da LRP; 15 e 16, § 3º da EOAB)
. algumas podem preceder de autorização governamental (art. 45); como empresas
estrangeiras, sociedades de exploração de energia elétrica e riquezas minerais, empresas
jornalísticas, etc.
. requisitos do registro (art. 46): I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e
o fundo social, quando houver; II - o nome e a individualização dos fundadores ou
instituidores, e dos diretores; III - o modo por que se administra e representa, ativa e
passivamente, judicial e extrajudicialmente; IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante
à administração, e de que modo; V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente,
pelas obrigações sociais; VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu
patrimônio, nesse caso.
. Encerramento (art. 51 CC): “Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a
autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, sendo extinta
após a conclusão.” Art. 45, parágrafo único: “Decai em 3 anos o direito de anular a
constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado
o prazo da publicação de sua inscrição no registro.”
. Sociedade irregular ou de fato (ou não personificada): É sociedade sem registro; há uma
apresentação direta, e os sócios são os subsidiários (art. 990).
- prova de existência: é necessária a escrita dos sócios, ou qualquer provas por terceiros.
- seu registro não retroage a efeitos pretéritos.
- aplica-se subsidiariamente as normas da sociedade simples (art. 986).
- Classificação da PJ:
. Nacionalidade: Nacional ou estrangeira;
. Estrutura interna: Corporação (universitas personarum, pessoa jurídica que tem como
elemento essencial o homem; visam objetivo interno para os membros) ou fundação
(universitas bonorum, pessoa jurídica que tem como elemento essencial o patrimônio; visam
objetivo externo);
- corporações podem ser: associações, que não tem fins lucrativos, ou sociedades (simples
ou empresariais), que visam o lucro.
. Função (ou orbita de atuação): Pública (de direito interno ou externo) ou privada.
Bens
. Conceitos:
- Coisa ≠ Bem: Bens são valores materiais ou imateriais, enquanto as coisas são bens
materiais.
- Patrimônio: Direitos sobre os bens (possui valor econômico).
. Há ainda a esfera jurídica, que diz que bens inalienáveis (como a honra) integram o
patrimônio.
- Relação Jurídica: Ocorre entre dois ou mais sujeitos e o(s) objeto(s).
. Classificação:
. Bens em si mesmos considerados
- Moveis e imóveis:
. Imóveis (bem de raiz): Art. 79: “São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar
natural ou artificialmente.” Podem ser imóveis: por natureza; por acessão natural; por
acessão artificial e; por determinação legal (herança e direitos a imóveis; ver art. 80 e 81).
Portanto, a herança é alienável, de forma solene cessão de herança).
. Móveis: Art. 82: “São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção
por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.” Podem
ser móveis: por natureza (dividem-se em semoventes, como animais, e propriamente ditos,
como objetos inanimados); por antecipação (bens incorporados a imóveis que podem ser
separados e convertidos em móveis, como frutos ou safras) e; por determinação legal
(energia, direitos a móveis e direitos pessoais de caráter patrimonial; ver art. 82).
- Fungíveis e infungíveis:
. Art. 85: “São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie,
qualidade e quantidade.” Ou seja, os infungíveis são aqueles insubstituíveis, únicos. Podem
ser: por natureza; por convenção (vontade das partes, como por exemplo, o dinheiro, que é
um bem fungível, porém pode tornar-se infungível uma moeda rara para um colecionador,
um simplesmente algo comum, mas de valor pessoal).
- Consumíveis e inconsumíveis:
. Art. 86: “São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria
substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação.” Estes bens que ao
serem consumidos são destruídos são consumíveis de fato, e se destinados a alienação, são
consumíveis de direito. Por exemplo, os livros nas prateleiras de uma livraria são
consumíveis (juridicamente) por se destinarem à alienação, e nas estantes de uma biblioteca,
serão inconsumíveis, porque aí se acham para serem lidos e conservados.
. Usufruto só ocorre com bens inconsumíveis. Caso contrário, ocorre “usufruto impróprio”,
ou ainda “quase usufruto” (ver art. 1.392, § 1º). Além disso, um bem consumível (por
natureza) pode se tornar inconsumível por vontade das partes (por convenção), como uma
garrafa de uma bebida rara.
- Divisíveis e indivisíveis:
. Art. 87: “Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância,
diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.” Podem ser: por
natureza; por convenção (ver art. 1.320) e; por determinação legal (por exemplo, nos arts.
1.386, 1.421, 1.791).
. Os imóveis rurais não podem ser divididos em frações inferiores ao módulo regional (lei
6766/79, Lei do Parcelamento do Solo Urbano).
- Singulares e coletivos:
. Art. 89: “São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si ,
independentemente dos demais.”
. Bens coletivos (também chamados de Universais ou Universalidades): Podem ser
universalidade: de fato (pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa,
tenham destinação unitária, mas ainda p; art. 90) e; de direito (complexo de relações
jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico, como herança, patrimônio, etc; art.
91).
. A distinção entre a universalidade de fato e a de direito é que a primeira se apresenta como
um conjunto ligado pelo entendimento particular (decorre da vontade do titular), enquanto
a segunda decorre da lei.
. Bens reciprocamente considerados
- Bens principais e acessórios: Art. 92: “Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou
concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal.” Por exemplo, a
árvore é acessória em relação ao solo. Há diversos tipos de acessórios:
. Frutos e produtos: Frutos são as utilidades que uma coisa periodicamente produz. Nascem
e renascem da coisa, sem acarretar-lhe a destruição. Podem ser: naturais (dependem da
força da natureza, como frutas e filhotes); industriais/artificiais (dependem da intervenção
do homem) e; civis (rendimentos produzidos pela coisa, como os juros e os aluguéis).
Diferentemente dos frutos, os produtos não se reproduzem periodicamente, então implicam
na diminuição de quantidade e qualidade, como metais sendo extraídos de uma mina (ver
art. 1.394). Há casos em que os produtos são considerados frutos, como no usufruto de uma
mina, onde os minerais serão considerados frutos, e não produtos (ver arts. 1.214 e 1.232)
(ver art. 176, monopólio de recursos minerais do Estado e art. 26 CF).
. Pertenças: Art. 92: “São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se
destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.” Por
exemplo, o trator de uma fazenda ou a mobília de uma casa, que lhe são acessórios, porém,
não são partes integrantes.
Art. 94: “Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as
pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das
circunstâncias do caso.” Por exemplo, na venda de um imóvel, a mobília, a princípio, não
estará inclusa. Isso vai a contrario sensu do padrão, onde o bem acessório segue o principal.
. Benfeitorias: São melhorias feitas em propriedades de terceiros. Quem deve restituir um
bem tem direito ao reembolso das despesas nele realizadas.
Art. 96: “As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.”
Art. 453/454:“As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção,
serão pagas pelo alienante. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido
feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida.”
Art. 578: “Salvo disposição em contrário, o locatário goza do direito de retenção, no caso de
benfeitorias necessárias, ou no de benfeitorias úteis, se estas houverem sido feitas com
expresso consentimento do locador.”
Art. 1.219/1.220 “O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias
necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-
las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo
valor das benfeitorias necessárias e úteis; Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente
as benfeitorias necessárias [...].”
Ver também arts. 1.221 e 1.222.
. Bens públicos e privados: Quanto a sua titularidade, os bens reciprocamente considerados
podem ser públicos ou privados. Bens públicos são bens de domínio de PJ de direito público
interno. Segundo o art. 99, eles podem ser:
- Bem público de uso comum:
. Seu uso pode ser gratuito ou retribuído (oneroso; art. 103). Seu uso também pode ser
limitado. Rios, mares, estradas e praça são exemplos de bem de uso comum.
. São inalienáveis, exceto em caso de desafetação (tornar bem público de uso comum ou
especial em dominical; art. 100).
- Bem público de uso especial:
. São bens que servem ao próprio Estado, como edifícios de serviço público. Assim como
os bens públicos de uso comum, são inalienáveis.
- Bem dominicais:
. São patrimônio privado de pessoa pública, como terras devolutas, estradas de ferro,
oficinas e fazendas pertencentes ao Estado.
. São bens disponíveis e alienáveis (art. 101). A lei 8666/93 exige interesse público e
autorização legislativa para a venda ou doação, enquanto a lei 9636/98 exige autorização do
Presidente quanto a imóveis da União.
. Bens públicos não estão sujeitos a usucapião (prescrição aquisitiva), tolerando mera
detenção (art. 102; súmula 619 STJ). Na ausência da lei, os bens do domínio privado do Estado
submetem-se ao direito privado.
. Res nullius: É “coisa de ninguém”; propriedade sem dono. Apenas bens móveis possuem
essa característica. Terras devolutas são bens dominicais do Estado.
Fatos
. Da invalidade: Pode haver o negócio jurídico nulo (nulidade absoluta; onde ocorre a
declaração de nulidade; plano de existência e/ou validade, nulo de pleno direito; matéria de
ordem pública; art. 166) ou o negócio jurídico anulável (nulidade relativa/anulabilidade;
passível de ação constitutiva negativa, que é a extinção de relação jurídica; não declarável de
ofício; prazo decadencial de 4 anos, art. 178).
* Art. 166: “É nulo o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente
incapaz; II - for ilícito, impossível ou indeterminável; III - o motivo determinante, comum a
ambas as partes, for ilícito; IV - não revestir a forma prescrita em lei; V - for preterida
solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; VI - tiver por objetivo fraudar
lei imperativa; VII - a lei o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.” Art.
167: “É nulo o negócio jurídico simulado [...]”
* Art. 171: “Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio
jurídico: por incapacidade relativa do agente; por vício resultante de erro, dolo, coação,
estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.” [e fraude à execução]
. Vícios e defeitos do negócio jurídico:
. Vícios de vontade/consentimento:
1. Erro/ignorância (art. 138): Ninguém induz o sujeito a erro, é ele quem tem na realidade
uma noção falsa sobre determinado objeto ou pessoa. Podem causar a anulação se for um
erro substancial/essencial (art. 139). A anulação é impossível caso seja acidental.
- Art. 140: “O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão
determinante.” Ver também arts. 143 e 144.
- Do erro: Cognoscibilidade: É o conhecimento do erro, ou sua ignorância; Escusabilidade:
É o erro ser ou não perdoável.
2. Dolo (art. 145): A parte é induzida ao erro. Se for essencial (o erro é a causa do negócio),
é anulável. Se for acidental (o negócio poderia ser cumprido de outra forma), apenas é feita
a reparação dos danos (art. 146).
- Em caso de dolo de terceiro, se o beneficiado pelo dolo não tinha conhecimento dos fatos,
negócio não é anulável, mas a parte prejudicada poderá requer perdas e danos pelo terceiro
(art. 148).
- Culpa in eligendo (a empresa é responsável pelo erro do funcionário), dolus bonus (dolo
tolerável; não há gravidade suficiente para viciar à vontade, como comerciantes que
exageram as qualidades das mercadorias que estão vendendo), dolus malus (dolo que vicia
o negócio jurídico), dolo positivo (comissivo), dolo negativo (omissivo; art. 147) e dolo
bilateral/recíproco (se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para
anular o negócio, ou reclamar indenização; art. 150).
3. Coação: É a ameaça que visa forçar o negócio jurídico. A ameaça deve ter “fundado temor
de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens” (e caso seja a
pessoa não seja um familiar, o juiz julgará o caso concreto; arts. 151 e 152).
- A ameaça pode ser física (vis absoluta) ou moral (vis compulsiva), sendo que apenas a
primeira elimina completamente à vontade (nulidade) e a segunda, relativamente
(anulabilidade).
- Art. 153: “Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o
simples temor reverencial.” Ver também art. 154 e 155.
4. Estado de perigo (art. 156): “Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido
da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra
parte, assume obrigação excessivamente onerosa.” Aqui, a prestação exorbitante é o
elemento objetivo, e a cognoscibilidade, subjetivo.
5. Lesão (art. 157): “Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação
oposta.” Aqui, a onerosidade excessiva é o elemento objetivo, e a inexperiência ou
necessidade, subjetivo. Na lesão, não é necessário o dolo.
. Art. 167: “É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido
for na substância e na forma.” Ou seja, se a simulação fora feita em algo não essencial ao
negócio, apenas essa simulação será invalidada, permanecendo o negócio em si (simulação
relativa). O negócio aparente será nulo, e o negócio dissimulado (ocultado) será válido. A
simulação relativa ocorre quando as partes pretendem realizar determinado negócio,
prejudicial a terceiro ou em fraude à lei, e, para escondê-lo ou dar-lhe aparência diversa,
realizam outro negócio. Pode ser (art. 167, § 1º): Subjetiva (aparentar conferir ou transmitir
direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se confere/transmite) ou objetiva
(contiver declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; os instrumentos
particulares forem antedatados, ou pós-datados).
Já na simulação absoluta, as partes na realidade não realizam nenhum negócio verdadeiro.
Apenas fingem, para criar uma aparência, uma ilusão externa, sem que na verdade desejem
o ato.
. Art. 110: “A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva
mental [(declaração de vontade com a intenção de não a cumprir)] de não querer o que
manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.” Ou seja, se a outra parte sabia
da reserva mental, equivale a simulação.
- Fraude contra credores: Acontece quando o devedor pratica atos com o objetivo de
prejudicar os direitos dos credores de receberem aquilo que lhes é garantido; é todo ato
suscetível de diminuir ou onerar o próprio patrimônio, reduzindo ou eliminando a garantia
que este representa para pagamento de suas dívidas, praticado por devedor insolvente, ou
por ele reduzido à insolvência. Ocorre a ineficácia subjetiva (ação fraudulenta para
prejudicar credores).
. Art. 158: “Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão [(perdão)] de dívida,
se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o
ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários [(os que não possuem prioridade
sobre os outros; que não tem garantia real sobre a dívida)], como lesivos dos seus direitos.”
. Art. 159: “Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente,
quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro
contratante.” Ocorre presunção relativa.
. Art. 161: “A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor
insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou
terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé.”
. Depende de ação anulatória (nulidade relativa), também chamada de ação
pauliana/revocatória.
. Possui prazo decadencial de 4 anos (art. 178, II).
. Requisitos/elementos:
- Elemento objetivo (eventos damni): É a própria insolvência, o ato prejudicial ao credor.
- Elemento subjetivo (consilium fraudis): É a má-fé; a intenção de prejudicar terceiro ou
a ciência de insolvência. Ocorre apenas em negócios onerosos.
. Súmula 195, STJ: “Em embargos de terceiro não se anula ato jurídico, por fraude contra
credores.” Embargo de terceiro é um procedimento disposto no CPC, que tem como objetivo
possibilitar que um terceiro, não parte do processo em questão, possa defender seus bens
que sejam indevidamente alvo de constrição dentro da demanda judicial.
- Fraude à execução: A alienação do bem será ineficaz e considerada fraude à execução se,
ao tempo da aquisição, tiver sido averbado no registro do bem eventual constrição ou
mesmo se tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência (art. 792 CPC)
. Súmula 375, STJ: “O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da
penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.”
. Ocorre a ineficácia (≠ anulabilidade) perante ao exequente (quem promove a ação; no
caso, o credor).
. Diferenças entre a fraude à execução e fraude contra credores:
- A fraude de execução é incidente do processo, regulado pelo direito público (CPC, art.
792); a fraude contra credores é defeito do negócio jurídico (vício social), disciplinado pelo
direito privado (CC, arts. 158 a 165).
- A fraude de execução pressupõe demanda em andamento, capaz de reduzir o alienante
à insolvência, sendo levada a efeito pelo devedor para lhe frustrar a execução; a fraude
contra credores caracteriza-se quando ainda não existe nenhuma ação ou execução em
andamento contra o devedor, embora possam existir protestos cambiários.
- Art. 165: “Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito
do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores. Parágrafo único. Se esses
negócios tinham por único objeto atribuir direitos preferenciais, mediante hipoteca, penhor
ou anticrese, sua invalidade importará somente na anulação da preferência ajustada.”
. Importante:
- A malicia supre a idade. Art. 180: “O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para
eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido
pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior.”
- Quem paga mal, paga duas vezes. Art. 181: “Ninguém pode reclamar o que, por uma
obrigação anulada, pagou a um incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a
importância paga.”
- Ninguém pode se beneficiar da própria torpeza.
. Efeitos da anulação:
- São efeitos de sentença.
- Inter partes (≠ erga omnes).
- Ex tunc, retroativo (≠ ex nunc, não retroage). Art. 182: “Anulado o negócio jurídico, restituir-
se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las,
serão indenizadas com o equivalente.”
. Prescrição e decadência:
- A prescrição extingue a pretensão de usar um direito. É descrita nos arts. 189 ao 206-A. Há
a prescrição extintiva (que foi descrita) e a aquisitiva (usucapião).
. Art. 1.244: “Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que
obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à usucapião.”
. Actio nata: O termo inicial do prazo prescricional é a data do nascimento da pretensão
resistida, o que ocorre quando se toma ciência inequívoca do fato danoso. Pode ser objetiva,
que se relaciona com o momento em que ocorre a violação do direito e se torna exigível a
prestação, ou subjetiva, que se relaciona com o momento em que a violação de direito
subjetivo passa a ser de conhecimento da parte que poderá exigir a prestação.
. Art. 27, CDC: “Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por
fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem
do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.”
. Prescrição Intercorrente (Art. 921): “Suspende-se a execução: III - quando não for
localizado o executado ou bens penhoráveis. § 1º Na hipótese do inciso III, o juiz suspenderá
a execução pelo prazo de 1 ano, durante o qual se suspenderá a prescrição. § 2º Decorrido o
prazo máximo de 1 ano sem que seja localizado o executado ou que sejam encontrados bens
penhoráveis, o juiz ordenará o arquivamento dos autos. § 3º Os autos serão desarquivados
para prosseguimento da execução se a qualquer tempo forem encontrados bens
penhoráveis. § 5º O juiz, depois de ouvidas as partes, no prazo de 15 (quinze) dias, poderá,
de ofício, reconhecer a prescrição no curso do processo e extingui-lo, sem ônus para as
partes.” E art. 924: “Extingue-se a execução quando: V - ocorrer a prescrição intercorrente.”
. Súmula 149, STF: “É imprescritível a ação [pretensão] de investigação de paternidade,
mas não o é a de petição de herança [que é de 10 anos].”
. Súmula 150, STF: “Prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação
[pretensão].”
. Enunciado 368, IV Jornada de Direito Civil do CJF: “O prazo para anular venda de
ascendente para descendente é decadencial de dois anos (art. 179 do CC).”
- A decadência é a extinção completa do direito. É descrita nos arts. 207 ao 211.
Art. 487, parágrafo único, CPC: “Ressalvada a hipótese do § 1º do art. 332 , a prescrição e a
decadência não serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade de
manifestar-se.”
Art. 240, CPC: “A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz
litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto
nos arts. 397 e 398 do CC.
§ 1º A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que
proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da ação.
§ 2º Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez) dias, as providências necessárias para
viabilizar a citação, sob pena de não se aplicar o disposto no § 1º.
§ 3º A parte não será prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço
judiciário.
§ 4º O efeito retroativo a que se refere o § 1º aplica-se à decadência e aos demais prazos
extintivos previstos em lei.”
RSRJ, 43/298, STJ: “Se o direito em discussão é indivisível, a interrupção da prescrição por
um dos credores a todos aproveita.”
- Art. 369, CPC: “As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os
moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos
fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz.”
DIREITO CIVIL: OBRIGAÇÕES
PROFESSOR: ENDERSON DANILO SANTOS DE VASCONCELOS
Introdução
. Características da obrigação:
- envolve uma relação jurídica entre credor e devedor;
- é transitória (diferente do direito real);
- consiste em uma prestação positiva (fazer) ou negativa (não fazer);
- caso haja descumprimento, autoriza o credor a se satisfazer no patrimônio do devedor.
. Elementos:
- subjetivo (sujeito ativo e passivo);
- objetivo: há o objeto imediato (o ato da prestação; o “dar”, “fazer”, “entregar”) e o mediato
(o objeto da prestação, o bem em si).
. Princípios:
- eticidade (lealdade e confiança): é a boa-fé;
- sociabilidade (função social): Art. 421: “A liberdade contratual será exercida nos limites da
função social do contrato. Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão
o princípio da intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual.” (lei
13.874/19)
* segundo teoria alemã, a obrigação deve ser vista como um processo de colaboração
contínuo.
- equivalência (ou equivalência material): busca preservar o equilíbrio de direitos e deveres
no contrato, antes, durante e após sua execução.
. Fontes:
- lei, contrato, título de crédito;
- atos ilícitos e abuso de direito;
- atos unilaterais: promessa de recompensa (art. 854), gestão de negócios (art. 861),
pagamento indevido (art. 876) e enriquecimento sem causa (art. 884).
. Validade:
- Art. 104: “A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível,
determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei.”
- A obrigação deve ter uma prestação economicamente apreciável.
* princípio da responsabilidade material do devedor: ele apenas pagará com seu
patrimônio, exceto na pensão alimentícia, onde pode ocorrer prisão civil (art. 528, § 7º, CPC).
. Atos unilaterais:
São simples declarações de uma parte. Forma-se quando a contraparte assume o dever
obrigacional (≠ atos bilaterais).
1. Promessa de recompensa:
Art. 854: “Aquele que, por anúncios públicos, se comprometer a recompensar, ou gratificar,
a quem preencha certa condição, ou desempenhe certo serviço, contrai obrigação de cumprir
o prometido.”
Isso vale mesmo que a pessoa que realizar a solicitação não souber da recompensa.
Art. 856: “Antes de prestado o serviço ou preenchida a condição, pode o promitente revogar
a promessa, contanto que o faça com a mesma publicidade; se houver assinado prazo à
execução da tarefa, entender-se-á que renuncia o arbítrio de retirar, durante ele, a oferta.
Parágrafo único. O candidato de boa-fé, que houver feito despesas, terá direito a reembolso.”
Art. 857/858: “Se o ato contemplado na promessa for praticado por mais de um indivíduo,
terá direito à recompensa o que primeiro o executou. Sendo simultânea a execução, a cada
um tocará quinhão igual na recompensa; se esta não for divisível, conferir-se-á por sorteio, e
o que obtiver a coisa dará ao outro o valor de seu quinhão.”
Art. 859: “Nos concursos que se abrirem com promessa pública de recompensa, é condição
essencial, para valerem, a fixação de um prazo, observadas também as disposições dos
parágrafos seguintes. § 1º A decisão da pessoa nomeada, nos anúncios, como juiz, obriga os
interessados. § 2º Em falta de pessoa designada para julgar o mérito dos trabalhos que se
apresentarem, entender-se-á que o promitente se reservou essa função. § 3º Se os trabalhos
tiverem mérito igual, proceder-se-á de acordo com os arts. 857 e 858.”
Art. 860: “As obras premiadas, nos concursos de que trata o artigo antecedente, só ficarão
pertencendo ao promitente, se assim for estipulado na publicação da promessa.”
Art. 1.233/1.234: Quem achar coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono. Não o
conhecendo, fará por encontrá-lo, e se não o encontrar, entregará à autoridade competente.
Aquele que restituir a coisa achada terá direito a uma recompensa não inferior a 5% do seu
valor, e à indenização pelas despesas que houver feito com a conservação e transporte da
coisa, se o dono não preferir abandoná-la. Para a recompensa, considera-se o esforço
desenvolvido pelo descobridor para encontrar o dono, as possibilidades que teria este de
encontrar a coisa e a situação econômica de ambos.
2. Gestão de negócios:
Art. 861: “Aquele que, sem autorização do interessado, intervém na gestão de negócio
alheio, dirigi-lo-á segundo o interesse e a vontade presumível de seu dono, ficando
responsável a este e às pessoas com que tratar.”
Art. 862: “Se a gestão foi iniciada contra a vontade manifesta ou presumível do interessado,
responderá o gestor até pelos casos fortuitos [...]”
Art. 873: “A ratificação pura e simples do dono do negócio retroage ao dia do começo da
gestão, e produz todos os efeitos do mandato.”
3. Pagamento indevido:
É um tipo de enriquecimento sem causa (actio de in rem verso).
Art. 876: “Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir [...]”
Art. 940: “Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as
quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no
primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele
exigir, salvo se houver prescrição.”
Art. 42, parágrafo único, CDC: “O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à
repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de
correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.”
. Classificação da prestação: Pode ser uma prestação de dar coisa (certa ou incerta), ou; fazer
(tarefa) ou não fazer (abstenção).
. Obrigação de dar coisa certa: O credor não é obrigado a receber coisa diversa, ainda que
mais valiosa. Também incide aqui o princípio da gravitação universal (art. 233), exceto se
expresso o contrário.
- Do inadimplemento:
- perda da coisa certa antes da tradição (art. 234):
. sem culpa ou pendente condição suspensiva: se resolve o contrato (volta-se ao status quo
ante).
. com culpa: paga-se o equivalente + perdas e danos (ou seja, indenização material).
- deterioração de coisa certa antes da tradição:
. sem culpa (art. 235): resolve o contrato ou aceita coisa com abatimento no valor.
. com culpa (art. 236): paga-se o equivalente ou aceita coisa com abatimento no valor +
perdas e danos, em ambos os casos.
- perda de cosia certa que deveria restituir:
. sem culpa (art. 238): o credor sofre a perda (resolução do contrato).
. com culpa (art. 239): paga-se o equivalente + perdas e danos.
- deterioração de coisa certa que deveria restituir (art. 240):
. sem culpa: deve o credor receber o bem.
. com culpa: paga-se o equivalente + perdas e danos.
“Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não
mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e
acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o
devedor resolver a obrigação.
Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa
ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização.
Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio,
o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo
possuidor de boa-fé ou de má-fé. (arts. 1.219 ao 1.222)
Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto
neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé. (art. 1.214 ao 1.216)”
- Quanto aos frutos: O devedor possui os percebidos, enquanto é do credor os pendentes.
“Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser
restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também
restituídos os frutos colhidos com antecipação.
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem
como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu
de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.”
- Quanto a benfeitorias:
“Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e
úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o
puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das
benfeitorias necessárias e úteis.
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias;
não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as
voluptuárias.
Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se
ao tempo de a evicção ainda existirem.
Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem
o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará
pelo valor atual.”
* tema repetitivo 996, STJ, tese 1.2: “No caso de descumprimento do prazo para a entrega
do imóvel, incluído o período de tolerância, o prejuízo do comprador é presumido,
consistente na injusta privação do uso do bem, a ensejar o pagamento de indenização, na
forma de aluguel mensal, com base no valor locatício de imóvel assemelhado, com termo
final na data da disponibilização da posse direta ao adquirente da unidade autônoma.”
. Obrigação de fazer:
- inadimplemento se fungível:
. por culpa:
- 1: pode-se exigir o cumprimento forçado através de tutela específica (condenação do
devedor ao cumprimento de uma obrigação; art. 497 CPC) + multa cominatória (medida
coercitiva que tem por objetivo constranger o devedor ao cumprimento da obrigação
imposta). ou ainda obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.
- 2: cumprimento por terceiros. Art. 249: “Se o fato puder ser executado por terceiro, será
livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem
prejuízo da indenização cabível.”
- 3: perdas e danos. Se a prestação se tornar impossível por culpa do devedor, responderá
por perdas e danos.
Art. 499 e 500, CPC: “A obrigação somente será convertida em perdas e danos se o autor o
requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático
equivalente; A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa fixada
periodicamente para compelir o réu ao cumprimento específico da obrigação.”
. sem culpa:
- se resolve.
- inadimplemento se infungível (obrigação personalíssima ou intuitu personae):
. por culpa: exige-se o cumprimento forçado ou perdas e danos. sem culpa: resolve-se o
contrato.
. Obrigação simples, complexa e alternativa
- simples: 1 credor e 1 devedor.
- complexo: existe pluralidade subjetiva (credores e/ou devedores) e/ou objetiva (mais de
uma prestação)
. Obrigação alternativa
É quando se pode escolher dois objetos diferentes na prestação. Se não firmado o contrário,
a escolha cabe ao devedor.
Art. 252: “[...] § 1º Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação
e parte em outra. § 2º Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção
poderá ser exercida em cada período. § 3º No caso de pluralidade de optantes, não havendo
acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação.
§ 4º Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá
ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.”
“Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada
inexequível, subsistirá o débito quanto à outra.
Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não
competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se
impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar.
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por
culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra,
com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem
inexequíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização
por perdas e danos.
Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-
se-á a obrigação.”
. Obrigação solidária
- ocorre quando na mesma obrigação, há mais de 1 credor (solidariedade ativa) e/ou
devedor (solidariedade passiva), todos tendo direito ou sendo obrigados à dívida toda,
mesmo que tenha sido convertida em perdas e danos.
- não pode ser presumida: deve decorrer da vontade ou lei.
- avalistas e fiadores não se enquadram na obrigação solidária.
- qualquer credor pode exigir a dívida por inteiro de qualquer devedor, mas o devedor que
pagar por inteiro tem direito a exigir dos outros suas partes (mediante ação de regresso).
- Art. 266: “A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos cocredores ou
codevedores, e condicional, ou a prazo [termo], ou pagável em lugar diferente, para o outro.”
- Art. 270: “Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá
direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário,
salvo se a obrigação for indivisível.” [e quanto ao devedor herdeiro, apenas deve pagar sua
quota, através da herança; todos os herdeiros devedores são como um único devedor]
- Art. 272: “O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos
outros pela parte que lhes caiba.”
- Art. 273: “A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais
oponíveis aos outros.” [vide art. 201]
- Art. 274: “O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas
o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha
direito de invocar em relação a qualquer deles.” [vide art. 201: “Suspensa a prescrição em
favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível.”]
. sobre exceção pessoal, art. 281: “O devedor demandado pode opor ao credor as exceções
que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a
outro codevedor.”
- Remissão de devedor: Uma das partes pode receber remissão [perdão de dívida] do credor
(remissão parcial), mas sua solidariedade não é extinta. Por ex., se após o credor perdoar a
dívida de 1 de 3 devedores, e cobrar o total original da dívida dos outros 2, a solidariedade
dos 3 originais permanece, devendo aquele que recebeu o perdão da dívida colaborar ou
indenizar os outros. Porém, se os codevedores forem cobrados apenas pelo restante, não
podem tentar atingir o perdoado. Também pode haver remissão total (perdão da dívida).
- Renúncia de solidariedade: O credor pode renunciar a solidariedade de um ou mais
devedores (renúncia parcial), ficando estes apenas responsáveis por sua parte, e os outros
ainda solidários entre si pelo restante. Também pode renunciar de toda a solidariedade
(renúncia total).
- Agravo da dívida por culpa do devedor: Se a prestação se torna impossível por culpa de um
devedor, todos tem que pagar o equivalente, mas apenas o culpado pelas perdas e danos;
Todos respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra
um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida.
- Insolvência de um devedor: Caso um devedor fique insolvente, os outros respondem por
ele, dividindo entre si sua parte. Nesse caso, mesmo os exonerados/perdoados pelo credor
devem contribuir.
- Art. 285: “Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá
este por toda ela para com aquele que pagar.” Ou seja, se apenas um aproveitar da dívida,
este responderá por ela sozinho. Caso outro devedor solidário pague, tem ele o direito de
exigir ressarcimento. [muita gente dá como exemplo disso a relação de fiança, mas fiança n
é relação solidária, e sim subsidiária, pois é um contrato acessório]
. Adimplemento:
. Quem deve pagar:
- normalmente, o devedor realiza o pagamento. um 3º também pode pagar (desde que não
seja uma obrigação que apenas o devedor pode prestar (intuitu personae debitoris; obrigação
infungível).
- 3º interessado: pode realizar a quitação, independentemente de o credor aceitar ou
recusar. Nesse caso, há sub-rogação entre o credor e o 3º (ou seja, o 3º passa a ser o credor,
com todas as qualidades e vantagens em relação à dívida, contra o devedor principal e os
fiadores).
. caso o credor se recuse a aceitar o pagamento do devedor ou 3º interessado, eles podem
realizar pagamento em consignação (basicamente, é o pagamento “forçado”, indireto; arts.
334-345), que pode ser em consignação judicial (ação contra o credor para pagar) ou em
consignação extrajudicial (simples depósito bancário).
- 3º não interessado: pode querer pagar dívida, em seu nome e em nome do devedor, mas
apenas com sua permissão. Caso permitido e em nome do devedor, o credor não pode
recusar o pagamento, e há sub-rogação. Caso pague em seu próprio nome, tem o direito de
receber de volta do devedor, mas não há sub-rogação nos direitos do credor.
. Art. 306: “O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor,
não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir [refutar] a
ação.” Por exemplo, caso o devedor possuísse exceção pessoal (como uma dívida que o
credor possuía com ele) ou extintiva da obrigação (como prescrição), ele não precisa
reembolsar 3º que pagou sem seu consentimento, pois assim apenas teria desvantagem.
Aliás, normalmente é por esse tipo de exceção que o devedor pode negar pagamento por 3º.
* em qualquer caso de cobrança, apenas se pode cobrar após seu vencimento.
. Do objeto e da prova:
- o credor não precisa receber prestação diversa, mesmo que mais valiosa, e não é obrigado
a receber (nem o devedor a em partes ou em prestações, a menos que assim convencionado.
. dação em pagamento (art. 356-359): é o pagamento diferente do combinado no
contrato. Essa prestação diversa é feita somente com a vontade das partes e tem como efeito
o término da obrigação.
- dívidas em dinheiro só pode ser cobrada após o vencimento, em moeda corrente e pelo
valor nominal (vide art. 318)
- quem pagar tem direito a recibo de quitação, podendo não pagar enquanto não lhe ser
dado. Art. 320: fala sobre o comprovante de quitação, que de preferência, deve conter o
valor e a espécie da dívida quitada, nome do devedor (ou quem por este pagou), tempo e o
lugar do pagamento, e a assinatura do credor ou do seu representante.
- Art. 317: “Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o
valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido
da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.”
- nos débitos cuja quitação consista na devolução de título, caso o devedor perca este,
simplesmente pagará seu valor, mas poderá exigir declaração do credor que inutilize o título
desaparecido (art. 321).
- o pagamento da última prestação faz presumir que todas as parcelas anteriores foram
pagas, até prova contrária.
- o pagamento da divida principal faz presumir que os juros e encargos (que são acessórios
do principal) também foram quitados, exceto se o recibo da quitação especificou o contrário.
essa presunção admite prova em contrário (juris tantum, presunção relativa; seu contrário é
o juris et de jure, presunção absoluta, que não admite prova contrária).
- o título de quitação em posse do devedor firma a presunção relativa do pagamento. Caso
o credor alegue que não foi realizado o pagamento, mas o devedor possuir o título, terá o
credor 60 dias para provar que não foi pago.
- Art.325: “Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o pagamento e a quitação; se
ocorrer aumento por fato do credor, suportará este a despesa acrescida.”
. Do lugar:
- normalmente, se efetua o pagamento no domicílio do devedor (dívida quesível/ quérable;
SEU MADRUGA, COBRE O ALUGUEL!!!). Caso haja 2 ou mais lugares para o pagamento, o
credor escolhe onde realizar.
. dívida quesível/quérable: o credor procura o devedor para pagar.
. dívida portável/portable: o devedor procura o credor para pagar.
- se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em prestações relativas a imóvel,
far-se-á no lugar onde situado o bem.
- Art. 329: “Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no lugar
determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor.”
- Art. 330: “O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do
credor relativamente ao previsto no contrato.” Aqui, ocorre o instituto do supressio, que
significa a supressão de um direito (no caso, a renúncia do local de pagamento original), e o
surrectio, que é o nascimento de um novo direito (no caso, o de pagamento em outro local).
Um supressio sempre vem acompanhado de um surrectio, e eles provem de um costume ao
longo do tempo.
. Do tempo:
- a dívida é exigível de imediato e à vista, a menos que convencionado o contrário.
- Art. 332: “As obrigações condicionais cumprem-se na data do implemento (realização) da
condição, cabendo ao credor a prova de que deste teve ciência o devedor.”
- Art. 333: O credor pode cobrar dívida antes do vencimento ou antes do previsto em lei
caso:
I - haja falência do devedor, ou de concurso de credores;
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro
credor;
III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou
reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.
* em resumo, são fatos que geram insegurança no credor, que tem suas garantias de
receber a prestação reduzidas.
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, não se
reputará vencido quanto aos outros devedores solventes.
- sub-rogação legal (art. 346): decorre da lei (de pleno direito), em favor do:
I - do credor que paga a dívida do devedor comum;
II - do adquirente do imóvel hipotecado que paga a credor hipotecário, bem como do
terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel;
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo
ou em parte.
Ou seja, em geral, ocorre quando um interessado paga dívida de outrem, tomando lugar do
credor. Além disso, o sub-rogado apenas poderá exercer os direitos e as ações do credor até
à soma que tiver desembolsado para desobrigar o devedor, pois ter quitado a dívida inteira
ou parcialmente.
. Art. 351: “O credor originário, só em parte reembolsado, terá preferência ao sub-rogado,
na cobrança da dívida restante, se os bens do devedor não chegarem para saldar
inteiramente o que a um e outro dever.”
- sub-rogação convencional (art. 347): não decorre obrigatoriamente da lei, mas sim da
vontade dos interessados. São esses casos:
I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro [não interessado] e expressamente lhe
transfere todos os seus direitos;
II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob
a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.
* Sub-rogação vs. cessão de crédito: Depende de pagamento? Sub-rogação sim, cessão de
crédito não. Visa lucro? Sub-rogação não (é gratuita), cessão de crédito sim (pode ser paga).
Depende da notificação do devedor? Sub-rogação não, cessão de crédito sim.
. Regras especiais de pagamento – pagamento indireto:
. Dação em pagamento (arts. 356-359): É o pagamento pelo devedor de prestação diferente
do originalmente combinado. Pode ocorrer apenas mediante a vontade das partes, e muda
apenas o objeto [mediato], não a obrigação em si [objeto imediato].
- Art. 358: “Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência importará
em cessão de crédito.”
Art. 359: “Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a
obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.”
. Novação (arts. 360-367): É a substituição uma obrigação por uma nova, extinguindo os
acessórios e garantias da dívida (a menos que estipulado o contrário), extinguindo-se a
obrigação original. Ocorre nos seguintes casos:
I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior
(objetiva);
II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor (subjetiva
passiva);
III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o
devedor quite com este (subjetiva ativa).
- Quanto a subjetiva passiva: A novação por substituição do devedor pode ser efetuada
independentemente de consentimento deste. E, se o novo devedor for insolvente, não tem
o credor, que o aceitou, ação regressiva contra o anterior, salvo se a substituição foi obtida
de má-fé por este.
- A novação extingue os acessórios e garantias da dívida (se não houve estipulação em
contrário; contudo, credor não pode estipular manter garantia de penhor, hipoteca ou
anticrese, se os bens pertencerem a 3º que não foi parte na novação).
- Art. 361: “Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito (mas inequívoco), a segunda
obrigação confirma simplesmente a primeira.” [ou seja, não há novação de fato]
- A novação exonera os devedores solidários que não participaram da novação, assim como
exonera o fiador que não consentiu com o devedor principal
- Não podem ser objeto de novação obrigações nulas ou extintas. [quem diria kkkkk]
. Inadimplemento:
- total/absoluto: a obrigação não foi cumprida nos termos corretos, e nem mais poderá ser
cumprida de maneira útil ao credor, respondendo por perdas e danos, mais juros e
atualização monetária segundo índices oficiais e honorários advocatícios.
- relativa/parcial (mora): é o cumprimento imperfeito, mas ainda útil ao credor; ocorre
quando o devedor não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo,
lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.
- pode ser uma violação negativa (descumprimento do contrato) ou uma violação positiva
(o cumprimento imperfeito do contrato, seja pelo cumprimento inexato ou de deveres
anexos, provindos da boa-fé; art. 422).
* pode decorrer de responsabilidade civil contratual ou delitual/extracontratual (ato
ilícito; infração ao dever legal; arts. 186/927). Como diferença, na 2ª, o ônus da prova cabe
ao credor, enquanto na contratual, ao devedor.
- em contratos benéficos: responde por simples culpa a quem o contrato aproveite, e por
dolo aquele a quem não favoreça.
- caso fortuito ou força maior: apenas responde se expressamente houver por eles
responsabilizado.
. Mora: É uma espécie de inadimplemento (relativo), onde o devedor não efetua o
pagamento ou credor não quer recebê-lo no tempo, lugar e forma estabelecidos,
respondendo por perdas e danos, juros, atualização monetária e honorários advocatícios.
- do momento: A mora de obrigação positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno
direito em mora o devedor (mora ex re, que independe de ação do credor). Não havendo
termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial (mora ex persona,
que depende da providência do credor); Nas obrigações provenientes de ato ilícito,
considera-se o devedor em mora desde que o praticou.
* Sumula 76, STJ: “A falta de registro do compromisso de compra e venda de imóvel não
dispensa a prévia interpelação [notificação premonitória] para constituir em mora o
devedor.”
- impossibilidade da prestação por caso fortuito: responde apenas se estes ocorrerem
durante a mora; salvo se provar isenção de culpa ou que o dano sobreviria ainda que a
obrigação fosse oportunamente desempenhada.
- da culpa: Não havendo fato ou omissão imputável, não incorre em mora. Enunciado 354,
IV JDC: “A cobrança de encargos e parcelas indevidas ou abusivas impede a caracterização da
mora do devedor.” Súmula 380, STJ: “A simples propositura da ação de revisão de contrato
não inibe a caracterização da mora do autor.”
- mora do credor: subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela conservação da
coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas em conservá-la, e sujeita-o a
recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o dia
estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação.
- mora simultânea: isenta a mora de ambos.
- purgação da mora: ocorre quando o devedor oferecer a prestação + prejuízos, e quando o
credor receber a prestação, + as consequências da mora (apenas se ainda houver utilidade
para ambos). É diferente da cassação de mora, que ocorre com a extinção da obrigação.
Introdução
. Conceitos:
É negócio jurídico bilateral ou plurilateral que visa a criação, modificação ou extinção de
deveres patrimoniais (em regra).
* patrimonialidade (regra) x existencialismo (ex.: casamento)
. Conceito pós-moderno:
- solidariedade social (função social).
* Art. 421: “A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato.”
- eficácia externa.
* terceiro cúmplice (responsabilidade extracontratual ou aquiliana): ao descumprir um
dever legal, ético e moral, violando direito de terceiro e lhe causando danos, comete ato
ilícito (art. 186).
. Classificação:
- quanto a prestação/efeitos: unilateral, bilateral (sinalagma) ou plurilateral (ex.: consórcio,
plano de saúde).
* bilateral imperfeito: um contrato unilateral passa a prever obrigação a outra parte;
acidentalmente se torna bilateral, mas aplica-se o regime dos bilaterais.
- oneroso ou gratuito/benéfico.
- consensual (convencionado anteriormente; existe independentemente de entrega da
prestação) ou real (apenas existe na sua efetivação, embora possa haver prévia promessa de
contratar).
- típico/nominado ou atípico/inominado
* contrato misto (típico + atípico) e atípico misto (típico + típico).
- paritários (as partes que discutem as condições dos contratos) ou de adesão (imposição do
conteúdo previamente estabelecido de apenas uma das partes.
* contrato-tipo (ou contrato de massa): subtipo do de adesão, onde a parte aderente ao
contrato prévio pode subscreve-lo.
- formal (escrito) ou informal (não escrito).
- solene (forma prevista em lei, sob pena de nulidade; ex.: escritura pública) ou não solene
(forma livre, exceto o vedado em lei).
* solenidade é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição,
transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a
30x o maior salário mínimo vigente.
- individuais (vontades individualmente consideradas) ou coletivos (envolvem pessoas
jurídicas privadas representantes de interesses de categorias profissionais).
- principal ou acessório (existência depende de outro).
* contratos acessórios podem ser preparatórios (mandato), integrativos (aceitação do
terceiro beneficiário na estipulação em seu favor) e complementares (adesão a um contrato
aberto). [Orlando Gomes]
* contrato derivado (ou subcontrato): tem por objeto direitos estabelecidos em outro
contrato (ex.: sublocação). Diferem dos acessórios por ter natureza autônoma.
* contratos coligados: dependência mútua entre si; interdependentes, ligados por clausula
acessória ou nexo funcional.
- pessoal (personalíssimo/intuito personae) ou impessoal.
- definitivo ou preliminar (tem por objeto a celebração de um contrato definitivo; proposta).
- de execução instantânea (se consumam num só ato, cumpridos imediatamente após a
celebração; nulidade ou resolução reconduz as partes ao estado anterior), de execução
diferida/retardada (devem ser cumpridos em um só ato futuro; a prestação de uma parte se
dá a termo) ou de execução continuada/ trato sucessivo (se cumprem por meio de atos
reiterado).
- cumulativo (prestações certas e determinadas) ou aleatório (indefinição/incerteza; álea).
* contrato aleatório por natureza (aleatório típico): a aleatoriedade é qualidade de sua
natureza (contratos de constituição de renda, jogo e aposta, e seguro).
* contrato aleatório pela vontade das partes (acidentalmente aleatório): a aleatoriedade é
resultado da criação da vontade das partes, que inserem o risco (em contratos
essencialmente comutativos) como meio para alcançar determinados objetivos.
* contrato emptio spei (compra e venda de esperança; art. 458): se vende a esperança do
proveito e não o resultado em si; embora o proveito não venha, o contratante continua
obrigado a pagar pelo contrato, pois o risco está na própria atividade, não havendo segurança
da realização do negócio.
* contrato emptio rei speratae (compra e venda da coisa esperada; art. 459): se vende
determinada coisa com a incerteza quanto à quantidade, dependendo de futura produção.
Se produzir mais do que o esperado ou menos, já há tem um preço fixo a pagar, independente
da variação (se a quantidade for zero, haverá restituição, pois há incerteza quanto à
quantidade e não à existência).
* contrato de risco (compra e venda de coisa exposta a risco; arts. 460/461): a coisa já
existe, mas encontra-se à mercê de risco (ou pode até já ter se consumado, desde que
desconhecido pelas partes). O alienante terá direito a todo o preço, ainda que deteriorada
no momento da venda.
. Dialogo das fontes: Ferramenta hermenêutica eficaz para dirimir os conflitos de normas; as
fontes não mais se excluem, mas se comunicam para melhor atender a unicidade do
ordenamento jurídico.
. Princípios:
- Autonomia privada.
* liberdade de contratar vs. liberdade contratual (forma).
- Função social dos contratos.
. preceito de ordem pública;
. eficácia interna;
• proteção dos vulneráveis; proteção a dignidade da pessoa humana; nulidade de
clausulas antissociais (abusivas);
• vedação a onerosidade excessiva: vedação ao desequilíbrio contratual, que pode levar
a anulação, revisão ou resolução;
• conservação dos contratos.
. eficácia externa.
* proteção de direitos difusos e coletivos;
* tutela externa de crédito/terceiro cumplice.
- Boa-fé objetiva:
. função de controle (art. 187): “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela
boa-fé ou pelos bons costumes.” Há responsabilidade objetiva no abuso de direito;
supressio/surrectio, tu quoque, exceptio non adimpleti contractus, venire contra factum
proprium (fato próprio; legítima expectativa; comportamento contraditório; dano/potencial
de dano; nexo causal); duty to mitigate the loss.
. função de integração (art. 422): “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na
conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.” Daí
decorrem os deveres anexos/laterais: cuidado, respeito, informação, lealdade, colaboração,
honestidade, razoabilidade (boa razão).
* violação positiva: quebra dos deveres anexos (adimplemento ruim).
* Incide em fase preliminar, de execução e posteriormente.
. função interpretativa (art. 113): “Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme
a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.”
- Força obrigatória dos contratos: Pacta sunt servanda.
- Relatividade contratual: O contrato só faz efeitos intra partes. São exceções:
* estipulação em favor de terceiro (arts. 436 a 438): “O que estipula em favor de terceiro
pode exigir o cumprimento da obrigação. Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se
estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la [...].”
* promessa de fato de terceiro (arts. 439 e 440): “Aquele que tiver prometido fato de
terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar. [...]”
* convenção coletiva: permissão que os sindicatos e associações tem de negociar relações
de trabalho ou de consumo com patrões/fornecedores, obrigando todos os trabalhadores
filiados ao sindicato/consumidores filiados às entidades, e não apenas os diligentes
signatários da convenção, mas sim todos aqueles que indiretamente estão ligados à esta
relação; muito presentes no Direito do Trabalho e do Consumidor.
* obrigações reais.
- Abandono afetivo: Acontece quando pais negligenciam a relação com seus filhos, faltando
com afeto e deveres (ver arts. 227 CF e 4º ECA).
- Ação monitória: É um procedimento especial de cobrança, no qual um credor pode cobrar
a dívida sem ter que passar pelo trâmite de uma ação de execução judicial. É regido pelos
arts. 700 a 702 do CPC. Art. 700, CPC: “A ação monitória pode ser proposta por aquele que
afirmar, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do
devedor capaz: [...]”
- Ação pauliana/revocatória: Consiste em uma medida jurídica movida por credores com a
intenção de anular determinado negócio jurídico realizado por devedores insolventes ou em
fraude em bens patrimoniais que seriam utilizados para pagamento de dívida numa ação de
execução.
- Ação renovatória: É a ação judicial proposta pelo inquilino contra seu locador para que um
contrato locação comercial seja renovado de modo forçado, mesmo contra a vontade do
locador, permitindo que o empresário (inquilino) permaneça conduzindo seu negócio
naquele ponto comercial. Está prevista na Lei 8.245/91.
- Afetação: É tornar bem do domínio privado do Estado em bem de domínio público. Tanto
a afetação como a desafetação podem ser expressas ou tácitas.
- Autarquia: Serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e
receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram,
para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.
- Avalista: Assume a obrigação de quitação em caso de não pagamento de empréstimo, mas
pode ser solicitado antes mesmo de cobrar o devedor original.
- Caso fortuito vs. força maior: O caso fortuito é algo imprevisível e inevitável, enquanto a
força maior é previsível e inevitável (ex.: enchente). O tema é bastante polêmico e a doutrina
possui diversos conceitos para cada um deles, e muitas vezes são consideradas expressões
sinônimas.
- Conhecimento e execução: Na fase/ação de conhecimento, o juiz recebe os elementos
jurídicos dos envolvidos na causa para reunir as informações necessárias para análise. A
fase/ação de execução é o cumprimento da decisão judicial.
- Contrato de mútuo: Art. 586: “O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é
obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade
e quantidade.” Já o comodato (art. 579) é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis.
Perfaz-se com a tradição do objeto.
- Contrato de depósito: Art. 627: “Pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto
móvel, para guardar, até que o depositante o reclame.”
- De pleno direito: Ocorre automaticamente por força de lei, não dependendo de
convalidação ou de decisão judicial para produzir efeitos.
- Dies a quo e dies ad quem: O termo inicial onde o prazo processual se inicia é denominado
de dies a quo, e o termo final, onde o prazo termina, é denominado dies ad quem.
Ultrapassando o dies ad quem ocorre a preclusão temporal, pois findou-se o prazo para a
prática dos atos processuais.
- Direito objetivo: São as normas criadas pelo Estado (normas agendi), cujo seus
descumprimentos, geralmente, acarretam em uma sanção.
- Direito subjetivo: É o poder que a ordem jurídica confere a alguém de agir e de exigir
determinado comportamento. Ou seja, basicamente os direitos subjetivos são aqueles em
que a pessoa tem a opção de realizar ou não.
- Distrato: Rescisão ou anulação de contrato anterior.
- Duty to mitigate the loss: Significa “o dever de mitigar o prejuízo”. É o dever do credor de
diminuir o próprio prejuízo para não aumentar o prejuízo do devedor. Enunciado 169, III
Jornada de Direito Civil: “O princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor a evitar o
agravamento do próprio prejuízo.” Vide art. 422.
- Eficácia subjetiva da sentença: *não entendi direito oq é, isso entendi: tem a ver com ações
coletivas: caso uma ação coletiva seja desfavorável, não fica o indivíduo impossibilitado de
reingressar por conta própria pelo seu direito individual.
- Esbulho vs. turbação: Esbulho é a perda total da posse, devido a violência ou
clandestinidade, viabilizando ação de reintegração de posse. Já a turbação é o esbulho
parcial, ou seja, é a perda de alguns poderes sobre a coisa (incômodo da posse), viabilizando
ação de manutenção de posse.
- Espada de Dâmocles: É uma alusão frequentemente usada para remeter a este conto,
representando a insegurança daqueles com grande poder (devido à possibilidade deste
poder lhes ser tomado de repente) ou, mais genericamente, a qualquer sentimento de
danação iminente.
- Espólio: É o conjunto de direitos e obrigações (patrimônio) deixados pelos de cujus, que
será representado por um administrador provisório, até que o inventariante tome posse dos
bens e posteriormente partilhe entre os herdeiros o património líquido.
Em linguagem contábil, bens e direitos são o “ativo”, e as obrigações são o “passivo”. O
patrimônio líquido é a diferença entre o ativo e o passivo. Em caso de pessoas vivas, é seu
patrimônio que responde pelas dívidas. Em caso de pessoas falecidas será o espólio. Não
existe herança de dívidas.
- “Et tu, Brute?”: “Até tu, Brutus?”.
- Evicção: É a perda de algo que nunca se teve. Ela ocorre na medida em que o juízo
reconhece que um bem adquirido não pertencia a quem o vendeu, mas sim a outrem.
- Ex tunc e ex nunc: São expressões que significam, respectivamente, “desde o início”
(retroagem) e “desde agora” (nunca retroagem).
- Exceção de contrato não cumprido (art. 476): “Nos contratos bilaterais, nenhum dos
contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.”
- Exceptio non adimpleti contractus: Nos contratos bilaterais nenhum dos contratantes
antes de cumprir a sua obrigação pode exigir o implemento da obrigação do outro.
- Expurgos inflacionários: Referem-se à não aplicação ou ao uso errôneo de índices de
correção monetária sobre os valores aplicados pelos correntistas durante determinados
períodos (no caso, enquanto duraram os planos econômicos implantados no Brasil entre o
meio dos anos 80 e o começo dos 90).
- Fato jurídico: Todo e qualquer acontecimento proveniente da ação do homem ou da
natureza, a que a lei confere consequências ou efeitos jurídicos.
- Fumus boni juris: Significa “fumaça do bom direito”; significa que o alegado direito é
plausível. É geralmente usada como requisito/critério para a concessão de medidas
liminares, cautelares ou de antecipação de tutela, bem como no juízo de admissibilidade da
denúncia ou queixa, no foro criminal.
- Fundamentação constitucional da função social: Art. 5º, XXIII: “A propriedade atenderá a
sua função social.” Art. 170 (princípios da ordem econômica), III: “Função social da
propriedade.” Art. 173, § 1º (estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia
mista e de suas subsidiárias), I: “Sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela
sociedade.” Art. 182, § 2º: “A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende
às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.” Art. 184:
“Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel
rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em
títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de
até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em
lei.” (vide Lei 8629/93)
- Herança Jacente: É a herança quando não houver herdeiro legítimo ou testamentário
notoriamente conhecido, ou quando for repudiada pelos herdeiros sucessíveis.
- Herança Vacante: É a designação à herança jacente a fazenda pública se, ao cabo de todas
as diligências legais, não aparecerem herdeiros sucessíveis do morto. Será declarada como
tal apenas um ano depois da primeira publicação do edital convocatório, desde que não haja
herdeiro habilitado e habilitação pendente. Apenas é incorporada a herança definitivamente
e ipso facto ao patrimônio público após cinco anos da abertura da sucessão.
- Insolvente: É que ou aquele que não tem meios para pagar o que deve; inadimplente.
- Massa falida: Surge após a declaração de falência, na qual o falido perde o direito de
administrar e dispor de seus bens, sendo conferidos a um administrador, que representará
os bens ao tentar liquidar as dívidas contraídas, liquidando-os.
- Mora: Art. 394: “Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor
que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.”
- Nulidade de algibeira: É o caso em que a parte, embora tenha o direito de alegar a
nulidade, mantém-se inerte durante longo período, deixando para exercer seu direito
somente no momento em que melhor lhe convier.
- Organização não governamental (ONG): Não existe legalmente. Este é o nome genérico
para se referir a fundações e associações, as duas entidades privadas sem fins lucrativos.
- Prefeitura vs. município: Município é a pessoa jurídica do qual a prefeitura é órgão, e como
órgão público, não possui personalidade jurídica (mesmo que possua CNPJ).
- Penhor vs. penhora: Penhor é a transferência efetiva de um bem móvel para garantia de
pagamento de uma dívida (como a hipoteca, que ocorre com bens imóveis). Já a penhora é
um procedimento judicial de execução de bens, no qual estes são apreendidos para que o
devedor cumpra o pagamento de dívida.
- Prescrição quanto a paternidade e herança: A ação de investigação de paternidade é
imprescritível, porém, a ação de petição de herança prescreve. Súmula 149 STF: “É
imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a de petição de herança.”
Segundo a AREsp n° 479.648/MS STJ, o prazo para interposição da ação de petição de
herança é o de 10 anos, contados a partir da abertura da sucessão ou da data que o
requerente completar 16 anos.
- Presunção relativa e absoluta: A presunção relativa (juris tantum) aceita prova em
contrário, enquanto a presunção absoluta (juris et de jure), não.
- Princípio da autonomia da vontade: Representa a liberdade das partes em contratos,
emitindo regras que devem ser observadas. Da vontade derivada pelas partes, surge a
necessária força vinculante dos contratos representada pelo princípio do pacta sunt
servanda.
- Princípio da proteção simplificada do agraciado e a responsabilidade civil do generoso: O
direito civil protege tanto o agraciado quanto o generoso (partes mais ou menos beneficiadas
em um negócio jurídico), não favorece o agraciado e cede mais garantias ao generoso. Por
exemplo, art. 392: “Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a
quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos,
responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei.”
- Princípio da proteção simplificada do luxo: O direito civil protege bens de luxo, mas de
maneira mais simplificada. Por exemplo, art. 1.219: “O possuidor de boa-fé tem direito à
indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não
lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o
direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.”
- Período de vacância: Período entre a data da publicação de uma lei e o início de sua
vigência (vacatio legis). Caso não seja especificada, a data é de 45 dias.
- Princípio do adimplemento substancial: Fundamentado na boa-fé objetiva, afasta a
resolução do negócio quando o cumprimento foi realizado em grande monta, ou seja, se a
parte inadimplida é mínima em relação ao todo, visando impedir um desequilíbrio na
resolução de contratos. Todavia, não impede ação de cobrança do saldo em aberto ou de
eventual execução. A jurisprudência do STJ não é pacífica ao todo da matéria, mas tem a
aceitado. Todavia, não pode ocorrer em dívida alimentícia, e nem se aplica aos contratos de
alienação fiduciária em garantia regidos pelo Decreto-Lei 911/1969 (REsp 1.622.555).
- Procuração de analfabeto: “A única exigência é que seja assinado a rogo e subscrito por
duas testemunhas [‘não se faz necessária a juntada de documentos pessoais das
testemunhas’]. [...] Sendo o analfabeto capaz e livre for sua manifestação de vontade, nada
o impede de contratar ou outorgar procuração.” TJPR, Apelação Cível n° 0013971-
70.2020.8.16.0021.
CNJ: Procuração para advogado atuar em benefício de uma pessoa analfabeta não precisa
ser feita no cartório por instrumento público.
- Reserva de domínio (art. 521): “Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para
si a propriedade, até que o preço esteja integralmente pago.”
- Resultado prático equivalente: Art. 84 CDC: “ Na ação que tenha por objeto o cumprimento
da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou
determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do
adimplemento.”
- Retrovenda: Art. 505: “O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-
la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando
as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com
a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias.”
- Sentença declaratória: Declara a existência ou inexistência de uma relação jurídica. Ex:
reconhecimento da autenticidade de documento.
- Sentença constitutiva: Cria ou modifica uma relação jurídica. Há constituição de um novo
estado jurídico.
- Tarifa, taxa, tributo e preço público: A taxa é espécie tributária vinculada à atuação estatal,
devida mediante um agir do Estado em prol do contribuinte. Art. 145, CF: “A União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: II - taxas,
em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços
públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição.”
Já a tarifa/preço público é vínculo contratual e sujeita-se ao direito privado, ao passo que a
taxa configura tributo (ou seja, é compulsório e exigido apenas mediante expressa previsão
legal, sob regime de direito público).
Súmula 545, STF: “Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas,
diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia
autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu.” ADI 800, rel. min. Teori Zavascki:
“[...] Esse foi o critério para determinar, por exemplo, que o fornecimento de água é serviço
remunerado por preço público [...]”
- Teoria da aparência (ou aparência de direito): Situação que manifesta como verdadeira
uma situação jurídica não verdadeira, e que, por causa do erro escusável de quem, de boa-
fé, tomou o fenômeno real como manifestação de uma situação jurídica verdadeira.
- Teoria da imprevisão: Diz respeito à possibilidade de ocorrência de fatos novos que não
podiam ser previstos pelas partes nem podem ser imputados a elas, os quais trazem reflexos
para a execução do contrato. Abre a possibilidade de resolução ou revisão do contrato.
Art. 478: “Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das
partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude
de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do
contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.”
- Teoria da perda de uma chance: Se alguém faz com que outra pessoa perca uma
oportunidade de obter uma vantagem ou de evitar um prejuízo, esta conduta enseja
indenização pela oportunidade perdida. A chance é a possibilidade de um benefício futuro
provável. Vem do direito francês.
Vide REsp 1750233 (perda de uma chance vs. lucros cessantes): “[...] 6. Nos lucros cessantes
há certeza da vantagem perdida, enquanto na perda de uma chance há certeza da
probabilidade perdida de se auferir uma vantagem. Trata-se, portanto, de dois institutos
jurídicos distintos. [...] 8. Especificamente quanto à hipótese dos autos, o entendimento
desta Corte é no sentido de não admitir a indenização por lucros cessantes sem comprovação
e, por conseguinte, rejeitar os lucros hipotéticos, remotos ou presumidos, incluídos nessa
categoria aqueles que supostamente seriam gerados pela rentabilidade de atividade
empresarial que sequer foi iniciada.”
- Terras devolutas: São terras sem uso comum ou especial do Estado, e que não pertencem
a nenhum particular, em virtude de um título legítimo.
Art. 20, CF: “São bens da União: II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras,
das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação
ambiental, definidas em lei.” Art. 26: “Incluem-se entre os bens dos Estados: IV - as terras
devolutas não compreendidas entre as da União.”
- Usufruto: É o direito concedido (ao usufrutuário) de usar propriedade alheia. “O usufruto
pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis [...]. Salvo disposição em contrário, o
usufruto estende-se aos acessórios da coisa e seus acrescidos” (ver arts. 1.390 a 1394).
- Venda a non domino: Significa uma venda por quem não é o proprietário e, por isso
mesmo, jamais poderia dispor de um bem que não lhe pertence.
- Vício redibitório: É uma garantia que pode anular o contrato em razão de vício oculto,
independente qualquer outra previsão contratual.
- Venire contra factum proprium: É a vedação do comportamento contraditório, baseada no
pacta sunt servanda (pactos devem ser respeitados).
- “Água e energia são contas pessoais, diferente do IPTU, que é atrelado ao imóvel, e não
ao nome.”
- “Correção monetária e juros é acessório da dívida.”
- “Ninguém pode alegar desconhecimento da lei.”
- “O registro é a tradição do imóvel.”
- “Os animais são tratados como ‘coisa’ perante o direito.”
- “Presume-se sempre a boa fé.”
- “Quem cala, consente” (art. 111).
. Bibliografia:
- GONÇALVES, Carlos. Direito Civil Brasileiro - Teoria Geral das Obrigações - Volume 2 - 20ª
Edição 2023. (meio mid, na vdd, mas é oq tenho ;-;)