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MARCOS AURÉLIO
Relações jurídicas têm a obrigação de serem cumpridas. Toda relação jurídica é
uma relação social, mas nem toda relação social é uma relação jurídica. Em
alguns casos, o que no passado era uma relação social hoje virou uma relação
jurídica, como a legalização de união estável e do relacionamento homoafetivo.
O inverso também pode acontecer (deixa de ser relação jurídica e vira relação
social.
Miguel Reale escreveu Lições Preliminares do direito. Ele diz que relação
jurídica é uma espécie de relação social que, subsumida (incluir em algo mais
amplo/abrangente) ao modelo normativo instaurado pelo legislador, ganha status
de juridicidade (conformidade com o sistema jurídico vigente).
Elementos da relação jurídica:
Sujeitos – pessoas ou animais
Objeto – coisas ou bens
Vínculo de juridicidade – fatos jurídicos
PERSONALIDADE JURÍDICA/CIVIL: é quem pode ser sujeito de uma relação
jurídica, é a condição para você ser sujeito de uma relação.
É a aptidão para ser titular de direitos e deveres.
Quem tem? Depende, das particularidades do caso concreto, por exemplo
de qual sociedade estamos falando. Na nossa sociedade atual, todas as
pessoas humanas (1° artigo do código civil diz que todos têm direitos,
portanto possuem personalidade jurídica). Animais gradualmente estão se
tornando detentores de direitos.
Desde quando? A partir do nascimento com vida. Se a criança morre logo
após a morte e tem o pai falecido, os bens do pai falecido são herdados
pela mãe.
Dura até quando? Até a morte. Mas há dois tipos de morte: a real
(cessação da vida) e a morte presumida.
CAPACIDADE JURÍDICA: aptidão para o exercício pessoal e direto de seus
direitos e deveres.
O que distingue o capaz do incapaz é o discernimento/ tirocínio.
INCAPACIDADE JURÍDICA: quando não há maturidade suficiente. Não
tem capacidade de distinguir o certo do errado, podendo se colocar em risco.
- Absoluta (art 3°, CCB): necessitam de um representante (pais, tutor,
curador). Aqui estão os menores de 16 anos (entre 0 e 15 anos). Há outras
hipóteses de comprometimento das faculdades mentais, aqui entra o curador
como representante.
- Relativa (art 4°, CCB): entre 16 e 18 anos e necessitam de um assistente que
em regra geral são os pais e na falta desses, o tutor. Também podem fazer
parte dessa categoria os ébrios habituais e toxicômanos (dependentes de
álcool e drogas), que nesse caso teriam um curador como assistente. Depende
de uma avaliação individual de cada caso. Pródigo também se encontra como
incapacidade relativa, seria um distúrbio psicológico onde gastam sem limite,
compulsivamente, sem controle e sem necessidade (também precisam de um
curador)
Represente: se faz presente no lugar de, toma decisões por ele.
Assistente: dar assistência.
Formas de superação da incapacidade jurídica:
1) Maioridade civil – Art. 5°, “caput”, CCB: 18 anos. Mais comum. Ao
completar 18 anos o indivíduo em regra deixa de ser incapaz. Porém nem
todos os maiores de 18 anos são necessariamente juridicamente capazes. Para
ser presidente, por exemplo não basta ser maior de idade e capaz
juridicamente, deve-se ter mais de 35 anos.
2) Levantamento da curatela – Art 756, CPC. Mais rara. Quem não tem
capacidade jurídica absoluta ou relativa precisa fazer um processo de curatela
(declaração de incapaz) – pode ser um processo temporário. Para uma pessoa
interditada voltar a ter capacidade civil é necessário realizar o levantamento
de interdição/ levantamento de curatela. Só será possível se a causa da
interdição não existir mais. Pode ser solicitada pelo interdito, pelo curador ou
pelo MP.
3) Emancipação
a) Definição: é o ato pelo qual o menor se torna capaz.
b) Espécies:
Voluntária – Art. 5°, parágrafo único, inc I, CCB. A vontade dos
pais é indispensável para que a emancipação voluntária aconteça.
Idade mínima de 16 anos. Necessária uma escritura pública (no
cartório) para ser considerada válida. Somente os pais podem
assinar a emancipação voluntária, pois na visão judicial se um tutor
queira emancipar o tutorado para se “livrar” do compromisso como
tutor.
Judicial – Art 5°, parágrafo único, inc I, CCB. Se dá quando o
menor não tem seus pais e está sobre a tutela, acontece a partir de
uma sentença.
Legal – Art. 5°, parágrafo único, inc II a V, CCB: Decorre
diretamente de um ato previsto em lei como suficiente para
emancipar alguém. Exemplos válidos: casamento (pois interfere na
harmonia do que deve ter autorização dos pais; emprego público
efetivo, em, especial militares, pois para outros casos de empregos
públicos não pode ser efetivado antes dos 18; colação de grau em
nível superior antes dos 18, em casos de superdotados,
Independência financeira, a lei reconhece que o indivíduo menor de
18 anos que tenha um trabalho que lhe garanta subsistência, como
por exemplo youtuber, jogador de futebol.....
Emancipação é IRREVOGÁVEL.
I: cônjuge
II: herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários
III. direito dependente da morte
IV: os credores de obrigações vencidas e não pagas.
d. Principais peculiares: i) herdeiros presumidos (exceto cônjuge,
companheiro, ascendentes e descendentes) devem prestar garantias para
entrar na posse dos bens do ausente (art. 30, CCB) e devem capitalizar 50
% doa frutos e rendimento dos bens (art. 33, CCB); ii) imitidos na posse,
os sucessores passar a representar ativa e passivamente o ausente (art. 32,
CCB)
Art. 30: pessoa desapareceu e era viúvo, deixando 3 filhos que são herdeiros
naturalmente e ele tinha 3 casinhas, cada um foi para uma. Os filhos tinham
liberdade de fazer o que quisessem com a casa, menos vender/se desfazer do
bem. Eles entram direto no processo. Se tivermos herdeiros colaterais (primos,
irmãos, sobrinhos, tios, amigos, ongs...) que estavam no testamento (caso haja) a
lei exige que essas pessoas deem um bem como garantia, ele ainda pode usar o
bem, mas não pode se desfazer dele. Mas a garantia que tem que ser dada pelo
herdeiro colateral deve ser de valor maior ou igual ao bem que lhe foi dado.
Art. 32:
Art. 33: obrigação de capitalizar, herdeiros colaterais devem guardar 50% do que
lucrarem com os bens que lhes foi dado, para caso de o ausente voltar. Se o
desaparecimento for voluntário não há necessidade de poupar esse dinheiro.
e. Término: i) pelo seu retorno do ausente ou de um representante seu; ii)
pela certeza de sua morte; iii) pela sucessão definitiva.
3° FASE: SUCESSÃO DEFINITIVA: é no início dessa fase que o juiz declara
morte presumida.
a. Finalidades: promover a transmissão definitiva dos bens do ausente a seus
sucessores e declarar morte presumida;
b. Momento em que pode ser requerida (arts. 37 e 38, CCB): 10 anos após o
trânsito em julgado da sentença que abriu a sucessão provisória (para
ausente que já conte 80 anos, basta que haja 5 anos desde as últimas
notícias suas);
A regra geral diz que só 10 anos depois do trânsito em julgado (quando não cabe
mais recurso na ação) da decisão que julgou a sucessão provisória, Trânsito em
julgado pode levar anos.
c. Legitimidade: as mesmas da sucessão provisória
d. Peculiaridade: i) podem os herdeiros não necessários levantar as garantias
ofertadas, bem como estão dispensados de capitalizar os frutos; ii) no caso
de retorno no ausente nos 10 anos seguintes à abertura de sucessão
definitiva, fará jus aos bens no estado em que se encontram, os sub-
rogados em seu lugar ou o preço recebido pelos herdeiros pelos bens
alienados depois daquele tempo (art. 39, CCB).
Como a morte foi presumida (não houve corpo) se depois de 10 anos da morte
presumida e da divisão de bens o ausente aparecer ele pode pegar os seus bens de
volta. A dica nesses casos é gastar o dinheiro em viagens, cursos, coisas
imateriais, pois daí o ausente não pode pegar de volta seu dinheiro.
Direitos da personalidade – direitos personalíssimos, podem ser chamados de
direitos fundamentais da pessoa humana
1. Conceito: são prerrogativas individuais, inerentes à pessoa humana, tendo
por objeto valores essenciais nos aspectos físico, moral e intelectual,
sendo sua observância essencial à realização do princípio da dignidade
humana. São os direitos mais essenciais para nos definir como pessoa
humana, são garantias indispensáveis à própria condição humana,
importantes para que as pessoas além de existirem, existam com
dignidade. Leva a vários debates como por exemplo, até onde vai o direito
à vida?
São aulas menos positivistas (baseadas nas leis) e mais filosóficas. Nem
todos os direitos fundamentais são direitos da pessoa humana, já que
muitos deles abrangem o coletivo.
2. Exemplos
3. Principais características:
indisponibilidade (no sentido de não poder dispor deles, não posso
abrir mão, ceder para outrem), algumas pessoas ganham dinheiro
vendendo sua imagem, nesses casos a pessoa não renunciou ao seu
direito, apenas permitiu que outras pessoas o usassem
momentaneamente.
Oponibilidade “erga omnes”: oponível contra todos. Quem tem de
respeitar sua integridade física? Todos! Portanto, o seu direito a
integridade física é oponível contra todos. À exemplo de dívidas,
ela poderá ser cobrada apenas do devedor e não de todos.
Vitaliciedade: Até a morte ou até após a morte. Certos direitos
continuam após a morte, pois o corpo morto tem direito à
dignidade (direito de imagem e integridade física).
EX: Direitos autorais (em caso de direitos autorais em livros, só
podem alterar o mesmo após 70 anos depois da publicação do
livro); direito de imagem.
Não limitação numérica: significa que não tem uma lista fechada
de direitos da personalidade. As leis trazem apenas alguns
exemplos de direitos da personalidade. Ex: a liberdade para nós é
um direito fundamental (art. 5° da CF), é um direito
personalíssimo, mas não é uma garantia universal, em alguns
lugares não é permitido expor que possui alguma religião que não
seja a oficial do país.